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O Amor no Fedro, de Platão
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Cristian Abreu de Quevedo
Resumo
Este texto apresenta uma breve análise sobre o entendimento do amor na obra Fedro, de
Platão. Destaca uma diferença primordial entre aquele que ama no sentido filosófico e
por isso divino, daquele que ama no sentido estrito do prazer e por isso com a sabedoria
mortal.
Sócrates, repudiando o discurso de Lísias, que dizia que “se deve prestar
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favor a quem não ama do que a um apaixonado ”, propõe primeiro que se defina o que é
o amor, sua natureza e seus defeitos, para averiguar se este traz vantagens ou prejuízos.
Sócrates define o amor como desejo . O desejo faz parte de dois princípios
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que nos conduzem: o desejo inato do prazer e o outro a opinião que pretende chegar ao
que seria melhor. Quando nos deixamos guiar pelo prazer, sem deliberação, chamamos
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Trabalho feito para a Semana Acadêmica do Curso de Filosofia da Universidade de Passo Fundo, em
maio de 2007.
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Formado em Filosofia – Licenciatura Plena pela UPF e Bacharelando no mesmo Curso pela mesma
Universidade.
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Fedro, 227d.
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Idem, 237e.
de intemperança. Quando nos utilizamos da opinião do que seria melhor, baseada na
[...] Quando o desejo, que não é dirigido pela razão, esmaga em nossa alma
promete, e quando ele se lança com toda força que os desejos intemperantes
inconvenientes a alguém que concede favores a quem ama e a quem não ama. Eros é um
deus e não pode ser dito mal, como fora a idéia de Lísias em seu discurso. A idéia
central do discurso de Lísias é a de que quem ama, está fora de si. É, portanto,
considerado um louco.
quando a profetisa de Delfos é inspirada pelos deuses, ela entra em delírio e presta
favores a Grécia em tal estado. Quando os profetas estão lúcidos, fazem coisas que não
empreendendo uma crítica aos poetas, que não sabem na verdade o que falam, e isto se
dá no mesmo nível da crítica aos políticos. Evidentemente que isto também serve para
justificar o amor como parte da loucura divina, uma vez que isto é, algo bom.
não algo “baixo”. O que condena é o amor que se confunde com o prazer. O amor do
qual Platão escreve é aquele belo, ordenado e racional. É a alma que se autocontrola e
ordena a si mesma.
início das coisas, em oposição ao corpo, que é inerte. Trata-se da noção de principio
A noção de que a alma move tudo, desde a vontade, o juízo e até a emoção
bem como um todo, o Eros, como desejo da alma, só pode ser um desejo do bem. Platão
não considera que somente o corpo possua desejos e emoções, em razão de que sem a
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É a alma que é a fonte das paixões e dos desejos. Platão introduz o mito da
[...] A alma pode ser comparada com uma força natural e ativa, constituída
cavalos e os cocheiros das almas divinas são bons e de boa raça, mas os dos
outros seres são mestiços. O cocheiro que nos governa rege uma parelha na
qual um dos cavalos é belo e bom, de boa raça, enquanto o outro é de raça
contemplado e por se debruçarem umas às outras, perdem as penas de suas asas e caem.
Esse alimento é o que conduz as almas para longe das baixas paixões.
Devido a algum tipo de erro, a alma se enche de impurezas e tornando-se pesada e sem
asas, cai:
[...] Uma lei estabelece que no primeiro nascimento terreno, a alma não entra
todas estas situações, praticou a justiça mortal terá a melhor sorte. Quem não
amor filosófico, recuperam suas asas com mais rapidez, com a condição de escolherem
uma vida filosófica. Quanto às outras almas, muitos são os destinos e castigos impostos.
Uma alma que nunca viu a verdade não pode tomar forma humana. Somente a alma do
filósofo possui asas, pois a sua memória lembra das Verdades Eternas.
baixas e más paixões que o corpo, como prisão, dispõe. Como este discurso trata do
pois ela nos remete à relação da natureza humana com a natureza divina. Sendo O
essencial é mostrar como estamos sujeitos às corrupções que a vida terrena nos oferece,
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A imagem da parelha alada nos ajuda a compreender esta relação. Nas
almas dos deuses não há discordância entre os cavalos e o condutor. Já na alma humana
filosófico que se inicia com o amor de uma beleza individual. Esse amor que reconhece
a sombra da Forma da beleza através do olho do corpo, mas que o faz lembrar da
O corcel indócil do amante diz inúmeras coisas para o cocheiro e este pede
um instante de prazer. O corcel do amado nada diz, tomando, sem saber por que, o
amante nos braços e cobrindo-o de beijos. Ele não tem ânimo para abdicar o que o
amigo lhe pede, mas o bom corcel e o bom cocheiro resistem, utilizando da razão e da
compostura e:
[...] Se a melhor parte da alma sair vitoriosa e os conduzir a uma vida bem
estes mesmos prazeres, mas raramente, porque esses mesmos prazeres não
terão aprovação da alma. Terão uma afeição que os ligará, mas que será
sempre menos forte do que aquela que liga os que verdadeiramente amam.
[...]. (256d-e).
que se destaca neste trecho. De modo que um amor que não visa uma vida virtuosa,
pode levar os dois a uma vida só de prazeres, e que, num momento de descuido, pode
fazem de tudo para unirem-se e não concebem a idéia de deixar seus corações abrirem-
se ao ódio.
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Nos jogos olímpicos, o vencedor recebia o prêmio após a terceira vitória.
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Quando os que amam virtuosamente terminam sua jornada terrena, as
almas deixam seus corpos, com novas asas, e, assim, ganham sua recompensa pelo seu
deliro (ou delírio) amoroso. Esta é a lei divina que não permite que aqueles que iniciam
uma jornada juntos caiam na escuridão subterrânea, pois esses passam uma vida feliz
numa eterna união. E em virtude do amor que os uniu, recebem juntos as suas asas.
saberá querer o amado como um escravo. Aquele que ama com sabedoria divina faz
ambos, amante e amado, crescerem na razão, juntos. É este amor divino em que se
alicerça o amor daquele que ama com paixão. Não uma beleza no sentido de uma
sabedoria (a verdade) y o bem como Formas supremas, ou, mais bem, como
Bibliografia
Pará, 1974.
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O sentido originário pode-se conferir em: [...] porque las alturas de la filosofia sólo las puedem escalar
dos que van juntos, enamorados que han sublimado su deseo em la ocupación común de la dialética
(conversación o discusión). La Belleza se sitúa al mismo nivel de la sabiduría (la verdad) y el bien como
Formas supremas, o, más bien, como aspectos de una Forma suprema única. Pero, en cuanto Belezza, ella
proporciona un vínculo con el mundo sensible que faltaba en el escenario más austero del Fedón. El
Banquete y el Fedro presentan otro aspecto del impulso ascendente, no la curiosidad meramente
intelectual, sino el éros – una pasión, incluso una locura, pero indudablemente divina-. […]. (GUTHRIE,
W. K. C. p. 409).
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Anexo
Ilustração do Primeiro Discurso (237b241d)
Desejo
Ilustração do Segundo Discurso (244a245c)
Loucura
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Este anexo é baseado no fornecido pelo modelo que consta na pg. 412 do livro Historia de la filosofia
griega V de GUTHRIE, W. K. C.
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