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Concerto de Ispinho e fulô.

A Cia. Do Tijolo em curta temporada, apresentou no Centro Cultural São


Paulo no espaço cênico Ademar Guerra entre os dias 11 de fevereiro a 06
de março, o espetáculo Concerto de Ispinho e Fulô, ganhador de dois
prêmios em 2009- Premio CTP, na categoria projeto sonoro e o premio
Shell na categoria de música.

O espetáculo trata da vida e obra de Patativa do Assaré, um poeta de


oralidade nascido em Cariri, sertão do Ceará. Seus poemas retratam a
miséria, a seca e a desigualdade. Enxergando somente de um olho e tendo
estudado por seis meses foi capaz de guardar todos os seus poemas na
memória mesmo aos seus noventa anos de idade.

Foi o primeiro a denunciar o massacre do Sítio Caldeirão ou sitio da Santa


Cruz do deserto, uma comunidade liderada pelo beato José Lourenço
onde se assemelhava ao movimento de canudos. Eram encarados como
“socialistas periculosos” e por esse motivo foram atacados de forma cruel,
por uma ação liderada pela polícia e exército do Ceara, centenas de
pessoas, totalmente desarmadas, entre elas sessenta crianças foram
mortas, um genocídio que nenhum livro de história conta.

Os atores exploram esse universo com muita música, poesia e cordelismo.


Fogem do didático e adotam um tempo/espaço próprio. Indo da narrativa
ao lírico, questionam a própria ação do artista que representa um papel
pelo qual ele nunca passou. A Cia. Do Tijolo trás a tona possibilidades do
fazer teatral em um coletivo, onde público ganha lugar na encenação.

A relação dos atores com a platéia foge do convencional, desde o


momento quando o iluminador Fábio Retti entrega em algumas cenas os
refletores pean bean que estavam na arquibancada, aparentemente sem
nenhuma utilidade, como a única luz possível na cena, fazendo do público
operadores da luz; até o momento em que é servido café, cachaça e
cajuína,em uma menção as bebidas características do nordeste e a platéia
é convidada para cantar o nome de sua cidade natal.

A instalação é demarcada por panos brancos, no chão há vários elementos


que se movem e ganham novo sentido a cada cena, enxadas, tijolos
baianos, muitos sinos de metal (conhecidos tipicamente como chocalho
de boi), entre outros; O figurino com alguns detalhes em crochê dá um
tom rústico e simplório aos personagens dos mais variados possível.

E é com muito riso e emoção do inicio ao fim que o espetáculo termina,


transformando o som de atores, platéia e sinos, em uma grande entoada
que canta a possibilidade de um mundo melhor.

Cristina Fernandes

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