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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRARIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

ELEMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS


E DE ESTÁTICA DAS ESTRUTURAS

NORMAN BARROS LOGSDON

CUIABÁ, MT. - 1989


SUMÁRIO

CONTEÚDO PÁGINA

1. RESUMO DE ALGUNS PRINCÍPIOS DA ESTÁTICA 1


1.1. SISTEMA DE UNIDADES 1
1.2. NOÇÕES SOBRE FORÇAS 2
1.3. DECOMPOSIÇÃO DE UMA FORÇA 3
1.4. EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO 5
1.5. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 7
2. APOIOS 9
2.1. APOIO MÓVEL 9
2.2. APOIO FIXO 10
2.3. ENGASTAMENTO MÓVEL 12
2.4. ENGASTAMENTO FIXO 12
2.5. ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS 13
2.6. CÁLCULO DAS REAÇÕES DE APOIO (ESTRUTURAS
ISOSTÁTICAS) 15
2.7. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 21
3. ESFORÇOS SOLICITANTES 23
3.1.CONCEITUAÇÃO 23
3.2. BARRAS, VIGAS E PILARES 25
3.3. CÁLCULO DE ESFORÇOS SOLICITANTES 26
3.4. DIAGRAMAS DE ESFORÇOS SOLICITANTES 31
3.5. PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS 40
3.6. RELAÇÕES DIFERENCIAIS ENTRE ESFORÇOS SOLICITANTES 46
3.7. TEOREMAS AUXILIARES PARA O TRAÇADO DE DIAGRAMAS
DE ESFORÇOS SOLICITANTES 48
3.8. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 64
4. ESTUDO ELEMENTAR DA RESISTÊNCIA 68
4.1. TRAÇÃO E COMPRESSÃO 68
4.2. CISALHAMENTO SIMPLES 72
4.3. FLEXÃO DE BARRAS COM SEÇÃO SIMÉTRICA 73
4.4. DEFORMAÇÃO POR FLEXÃO 79
4.5. FLAMBAGEM 88
4.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 95
5. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE SEÇÕES PLANAS 98
5.1. GENERALIDADES 98
5.2. DEFINIÇÕES 100

ii
CONTEÚDO PÁGINA

5.3. TABELAS DE CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE SEÇÕES


PLANAS 101
5.4. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 104
5.5. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 115
6. TEORIA DAS TRELIÇAS 117
6.1. GENERALIDADES 117
6.2. TIPOS DE TRELIÇAS 117
6.3. NOMENCLATURA UTILIZADA 121
6.4. CÁLCULO DE ESFORÇOS NAS BARRAS DE TRELIÇAS
ISOSTÁTICAS 122
6.5. DESLOCAMENTOS EM ESTRUTURAS LINEARES 140
6.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 153
7. BIBLIOGRAFIA 165

iii
PREFÁCIO

O objetivo deste trabalho é condensar, em um texto único, os conceitos básicos,


sobre Resistência dos Materiais e Estática das Estruturas, necessários ao curso de
Engenharia Florestal.

A necessidade, sobre o assunto, para o Engenheiro Florestal, é relativamente


pequena, limitando-se as estruturas isostáticas simples, como vigas, pilares e treliças
planas.

Desta forma, este trabalho não pretende esgotar o assunto, restringindo-se a estas
estruturas. Para melhor assimilação do assunto algumas demonstrações são simplificadas
pela omissão de alguns fenômenos, integrantes do problema em questão, sem, entretanto,
invalidar a teoria para o caso geral , outras não passam de mera mostra de cálculo.

iv
1

l. RESUMO DE ALGUNS PRINCÍPIOS DA ESTÁTICA

Uma estrutura é uma obra estática, isto é, não deve sofrer deslocamentos, por este motivo,
introduzir-se-á neste capitulo alguns dos princípios da estática, tais como: sistema de
unidades, noções sobre forças e equilíbrio de um corpo rígido.

1.1. SISTEMA DE UNIDADES

Neste curso adotar-se-á o SISTEMA INTERNACIONAL (MKS), por ser o sistema de


unidades oficial, vigente no pais, as unidades básicas deste sistema são:

Para as UNIDADES DE COMPRIMENTO o sistema utiliza o METRO (m) seus múltiplos


e submúltiplos:

Metro (m)
Centímetro (cm) Æ 1 cm = 10-2 m
Milímetro (mm) Æ 1 mm = 10-3 m = 10-1 cm
Quilômetro (km) Æ 1 km = 103 m = 105 cm = 106 mm

Para as UNIDADES DE MASSA o sistema utiliza o QUILOGRAMA (kg) seus múltiplos


e submúltiplos:

Quilograma (kg)
Grama (g) Æ 1 g = 10-3 kg
Tonelada (ton.) Æ 1 ton. = 103 kg = 106 g

Para as UNIDADES DE TEMPO o sistema utiliza o SEGUNDO (s) e seus múltiplos:

Segundo (s)
Minuto (min) Æ l min = 60 s
Hora (h) Æ 1 h = 60 min = 3600 s

A unidade de força, neste sistema, é obtida das anteriores. Sabendo-se que FORÇA É A
CAUSA DE UMA ACELERAÇÃO SOBRE UMA DETERMINADA MASSA (F = m.a),
a unidade de força é composta, produto de uma unidade de massa por uma unidade de
aceleração, resultando kg.m/s2 ao qual denomina-se NEWTON (N). Assim para
UNIDADES DE FORÇA o sistema utiliza o NEWTON (N) e seus múltiplos:

Newton (N) Æ 1 N = 1 kg.m/s2


Quilonewton (kN) Æ 1 kN = 103 N
Meganewton (MN) Æ 1 MN = 103 kN = 106 N
2

1.2. NOÇÕES SOBRE FORÇAS

A força mais conhecida é o PESO (P), definido como sendo A CAUSA DA


ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE (g = 9,81 m/s2) SOBRE UMA DETERMINADA
MASSA (P = m . g), TEM SEMPRE A DIREÇÃO VERTICAL E O SENTIDO PARA
BAIXO.

Em estruturas, em geral, as forças atuantes são originárias de pesos, entretanto sua direção
pode ser diferente da vertical, conforme exemplo representado na figura 01.

FIG. 01 - Força atuante, em direção diferente da vertical , originária de um peso

O peso de um corpo é na realidade a soma dos pesos de todas as suas moléculas, na prática,
entretanto, não existe interesse em se conhecer o peso de uma molécula, pois é quase
impossível se determinar quantas moléculas existem no corpo. Um valor mais acessível é o
PESO ESPECÍFICO (γ), definido como o PESO POR UNIDADE DE VOLUME (γ = P/V).
As unidades usuais do peso especifico são: N/m3 , N/cm3 , N/mm3 e etc..

Quando se estuda uma estrutura, as forças atuam distribuídas em uma certa área, assim
criou-se o conceito de PRESSÃO que é A FORÇA POR UNIDADE DE ÁREA (p = F/A),
ver figura 02. Um conceito semelhante é o de TENSÃO, que é a FORÇA (como reação
interna do material) POR UNIDADE DE ÁREA DA SEÇÃO TRANSVERSAL (σ = F/A),
ver figura 03. A unidade usual de pressão ou de tensão é o PASCAL (Pa) ou seu múltiplo o
MEGAPASCAL (MPa), definidos como:

Pascal (Pa) Æ 1 Pa = 1 N/m2


Megapascal (MPa) Æ 1 MPa = 106 Pa ⇒ 1 MPa = 106N/m2 = 1 N/mm2

FIG. 02 - Força por unidade de área (pressão)


3

FIG. 03 - Força por unidade de área da seção transversal (tensão)

Muitas vezes defronta-se com problemas onde uma das dimensões da área, onde se
distribui a força, é muito pequena em relação a outra. Nestes casos em vez de se usar o
conceito de pressão, é melhor, na prática, a utilização do conceito de CARGA
UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDA que é a FORÇA POR UNIDADE DE
COMPRIMENTO (p = F/L), a figura 04 é um exemplo de carga uniformemente
distribuída. As unidades usuais para carga uniformemente distribuída são: N/m, N/cm,
N/mm e etc..

FIG. 04 - Força distribuída por unidade de comprimento (carga uniformemente distribuída)

Outra ocorrência comum, na prática, aparece quando a área, onde se distribui a força, tem
as duas dimensões muito pequenas, em relação as demais dimensões do problema, neste
caso costuma-se utilizar a força como CARGA CONCENTRADA em apenas um ponto, a
figura 05 é um exemplo deste tipo de carregamento. As unidades usuais para carga
concentrada são as mesmas utilizadas para forças, isto é: N, kN e etc..

FIG. 05 - Força aplicada em um ponto (carga concentrada)

1.3. DECOMPOSIÇÃO DE UMA FORÇA

Um sólido submetido a um sistema de forças, não em equilíbrio, sofre uma aceleração em


uma determinada direção e sentido. Uma força que cause uma aceleração de mesma
4

magnitude direção e sentido que este sistema de forças é conhecida como RESULTANTE
DAS FORÇAS deste sistema, e, é a soma vetorial das forças deste sistema.

Algumas vezes, em estruturas, é conhecida a resultante das forças, porém o problema é


mais facilmente resolvido ao se conhecer um sistema de forças de direções ortogonais
conhecidas e de mesma resultante. Neste caso pode-se decompor a força nas direções
ortogonais desejadas, bastando para isto multiplicar esta força pelo coseno do ângulo que
ela forma com cada uma destas direções, obtendo as COMPONENTES desta força nas
direções consideradas.

Fx = F . cos α

( )
Fy = F. cos β ⇒ Fy = F. cos 90o − α ⇒ Fy = F.senα

FIG. 06 - Decomposição da força F em Fx e Fy

Note na figura 06, que:

Fx
cos α = ⇒ Fx = F . cos α
F
Fy
cos β = ⇒ Fy = F . cos β
F

Note ainda, que a força F é a soma vetorial de Fx e Fy.

FIG. 07 - Soma vetorial de Fx e Fy resultando F

A titulo de exemplo, pode-se decompor o carregamento da estrutura representada na figura


08, em duas forças, uma axial e outra normal ao eixo da estrutura, conforme segue:
5

FIG. 08 - Exemplo dado FIG. 09 - Decomposição do carregamento

L2 = 4,00 2 + 3,00 2 ⇒ L = 5,00m

4,00
cos β = = 0,80
5,00

3,00
cos α = = 0,60
5,00

Fa = F . cos α = 2000.0,60 = 1200 N

Fn = F . cos β = 2000 .0,80 = 1600 N

Resultando o carregamento equivalente da figura 10.

FIG. 10 - Carregamento equivalente ao do exemplo dado

1.4. EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO

Todo sólido submetido à ação de forças se deforma, entretanto, na prática, a natureza do


problema em estudo, muitas vezes permite abstração desta deformação e considerar o
6

sólido como um corpo rígido.

CORPO RÍGIDO É TODO SÓLIDO CAPAZ DE RECEBER FORÇAS SEM SE


DEFORMAR.

Seja um corpo rígido contido em um plano e cujos deslocamentos possíveis também


estejam contidos neste plano. Neste caso este corpo rígido estará em equilíbrio se e
somente se as três equações fundamentais da estática forem satisfeitas:

1 - A soma das componentes horizontais de todas as forças aplicadas a este corpo rígido é
nula.

∑F h =0

2 - A soma das componentes verticais de todas as forças aplicadas a este corpo rígido é
nula.

∑F v =0

3 - A soma dos momentos, em qualquer ponto do corpo rígido, oriundos de todas as forças
aplicadas a este corpo rígido, é nula.

∑M O =0

Sendo o MOMENTO (Mo) definido pelo PRODUTO DA FORÇA (F) PELA DISTÂNCIA
(z) DO PONTO CONSIDERADO (O) À LINHA DE AÇÃO DESTA FORÇA. Esta
distância é conhecida por BRAÇO DE ALAVANCA. As unidades usuais de momento são:
N.m, N.cm, N.mm e etc..

M O = F .z

O corpo rígido descrito acima é na realidade uma abstração, entretanto grande parte das
estruturas podem ser estudadas como um conjunto de estruturas menores que se
comportam da forma descrita acima, Estas estruturas são ditas ESTRUTURAS PLANAS
pois estão CONTIDAS EM UM PLANO COM DESLOCAMENTOS
EXCLUSIVAMENTE NESTE PLANO.

A titulo de exemplo, pode-se obter as forças Fl , F2 e F3 para que o corpo rígido da figura
11 esteja em equilíbrio.
7

FIG. 11 - Corpo rígido em equilíbrio

Aplicando-se as equações de equilíbrio, obtêm-se, as incógnitas Fl , F2 e F3.

∑F h =0+
→ ( )
∴ F1 − 1000 = 0 ⇒ F1 = 1000 N

∑F v = 0(+ ↑ )∴ F2 + F3 = 3000

∑M O =0 ∴ F1 .0 + F2 .0 + 3000.2,50 + 1000.0 − F3 .5,00 = 0


⇒ F3 = 1500 N

Substituindo-se o resultado de ∑M O = 0 , na equação ∑Fv = 0 , obtém-se:

F2 + F3 = 3000 ⇒ F2 + 1500 = 3000 ⇒ F2 = 1500

Assim, o corpo rígido representado na figura 11 estará em equilíbrio se Fl = 1000 N,


F2 = 1500 N e F3 = 1500 N, e ainda, nas direções e sentidos indicados na figura 11.

1.5. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1.5.1. Quais são as unidades básicas do sistema internacional?

1.5.2. Como é obtida a unidade de força no sistema internacional? Como é denominada


esta unidade?

1.5.3. O que é peso? Quais suas características? Quais as unidades utilizadas?

1.5.4. O que é peso especifico? Quais as unidades utilizadas?

1.5.5. O que é pressão? Quais as unidades utilizadas?

1.5.6. O que é tensão? O que a diferencia de pressão?

1.5.7. O que é carga uniformemente distribuída? Quais as unidades utilizadas?

1.5.8. O que é carga concentrada? Quais as unidades utilizadas?


8

1.5.9. O que é resultante de um sistema de forças?

1.5.10. Como se obtém a componente de uma força em determinada direção?

1.5.11. Decompor as forças representadas na figura 12, nas direções dos eixos x e y.

FIG. 12 FIG. 13

1.5.12. Obter um carregamento equivalente, ao representado na figura 13, de tal forma a


obter cargas axiais e normais ao eixo da estrutura.
9

2. APOIOS

Entende-se por APOIO, O ELEMENTO DE VINCULAÇÃO (vínculo) DA ESTRUTURA


PROPRIAMENTE DITA COM O SOLO OU QUALQUER OUTRO ELEMENTO DA
INFRAESTRUTURA (pilares, colunas etc.).

Existem vários tipos de apoio, sendo os mais utilizados: o apoio móvel, o apoio fixo, o
engastamento móvel e o engastamento fixo.

2.1. APOIO MÓVEL

Em um laboratório, um apoio móvel pode ser formado por dois berços (superior e inferior),
um rolo entre eles que permite a rotação e dois outros rolos nos quais se apoia o berço
inferior, permitindo a translação do conjunto sobre a superfície de apoio. O sistema possui
DOIS GRAUS DE LIBERDADE, isto é, ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO PARALELA À
SUPERFÍCIE DE APOIO. O sistema possui apenas uma REAÇÃO cuja direção é
PERPENDICULAR À SUPERFÍCIE DE APOIO e passa pelo centro do rolo que dá
formação a rótula.

A figura 14 representa este tipo de apoio, a figura 15 mostra sua representação esquemática
e a figura 16 sua forma mais comum em estruturas de madeira.

FIG. 14 - Apoio móvel (esquema de FIG. 15 - Apoio móvel (representação


laboratório) esquemática)
10

a) Perspectiva do apoio

b) Vista lateral c) Vista frontal


FIG. 16 - Apoio móvel (exemplo em estruturas de madeira)

2.2. APOIO FIXO

O apoio fixo difere do apoio móvel apenas por não permitir a translação pode ser montado
em laboratório, conforme representação da figura 17. O sistema possui somente UM
GRAU DE LIBERDADE, A ROTAÇÃO. Sua REAÇÃO é de direção desconhecida,
podendo ser decomposta em duas, uma PERPENDICULAR e outra PARALELA À
SUPERFÍCIE DE APOIO. A figura 18 mostra a representação esquemática deste apoio e a
figura 19 sua forma mais comum em estruturas de madeira.
11

FIG. 17 - Apoio fixo (esquema de FIG. 18 - Apoio fixo (representação


laboratório) esquemática)

a) Perspectiva do apoio

b) Vista lateral c) Vista frontal


FIG. 19 - Apoio fixo (exemplo em estruturas de madeira)
12

2.3. ENGASTAMENTO MÓVEL

Um engastamento móvel pode ser montado, em laboratório, conforme a representação da


figura 20. O sistema possui somente UM GRAU DE LIBERDADE, ou seja, A
TRANSLAÇÃO PARALELA À SUPERFÍCIE DE APOIO. Sua REAÇÃO é definida por
um momento, dito MOMENTO DE ENGASTAMENTO, que impede a rotação, e uma
REAÇÃO PERPENDICULAR À SUPERFÍCIE DE APOIO passando pelo eixo médio dos
rolos, que impede a translação na direção deste eixo.

O engastamento móvel pode ser representado de forma esquemática conforme a figura 21.
Em estruturas de madeira esse engastamento é pouco utilizado, podendo, entretanto, ser
associado à colocação da peça de madeira em um orifício, preparado com antecedência, em
um bloco de concreto, sem que ocorra aderência da madeira ao concreto.

FIG. 20 - Engastamento móvel (esquema de FIG. 21 - Engastamento móvel (re-


laboratório) presentação esquemática)

2.4. ENGASTAMENTO FIXO

O engastamento fixo é um tipo de apoio, que NÃO POSSUI GRAU DE LIBERDADE.


Sua REAÇÃO é definida através de três parâmetros: REAÇÃO PERPENDICULAR,
REAÇÃO PARALELA AO EIXO LONGITUDINAL DA PEÇA E MOMENTO DE
ENGASTAMENTO. As reações impedem as translações e o momento impede a rotação.

Este tipo de engastamento, em estruturas de madeira, pode ser conseguido pelo simples
embutimento da peça de madeira em um bloco de concreto, onde deverá existir a aderência
da peça ao concreto. Esta aderência é melhorada, na prática, pela colocação de pregos na
região, da peça, embutida no bloco de concreto.
13

FIG. 22 - Engastamento fixo (esquema de FIG. 23 - Engastamento fixo (repre-


laboratório) sentação esquemática)

2.5. ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS

Uma das condições para que uma estrutura seja segura, é que as condições de apoio sejam
estáveis. Entende-se por CONDIÇÃO DE APOIO ESTÁVEL, como regra e portanto
existindo exceções, ditos casos especiais, QUALQUER COMBINAÇÃO DE APOIOS
QUE FORNEÇA TRÊS OU MAIS REAÇÕES DE APOIO, a figura 24 apresenta alguns
exemplos de condição de apoio estável.

FIG. 24 - Exemplos de condição de apoio estável

Quanto a combinação de apoios, externamente, as estruturas podem sem ser:

ESTRUTURAS HIPOSTÁTICAS são as estruturas nas quais a COMBINAÇÃO DE


APOIOS É INSTÁVEL, portanto possuem em geral MENOS DE TRÊS REAÇÕES. Por
terem combinação de apoio instável NUNCA DEVEM SER UTILIZADAS.
14

FIG. 25 - Exemplos de estruturas hipostáticas

ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS ou ESTRUTURAS ESTATICAMENTE


DETERMINADAS são as estruturas cuja COMBINAÇÃO DE APOIOS É ESTÁVEL,
entretanto possuem APENAS TRÊS REAÇÕES, as quais podem ser OBTIDAS
ATRAVÉS DAS TRÊS EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO.

FIG. 26 - Exemplos de estruturas isostáticas

ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS ou ESTRUTURAS ESTATICAMENTE


INDETERMINADAS, são estruturas que possuem uma COMBINAÇÃO DE APOIOS
ESTÁVEL, porém com MAIS DE TRÊS REAÇÕES e portanto as três equações de
equilíbrio não são suficientes para obtê-las, assim NECESSITAM EQUAÇÕES
SUPLEMENTARES ORIUNDAS DA COMPATIBILIDADE DE DESLOCAMENTOS,
para obter suas reações. Este tipo de estrutura não será objeto de estudo deste cuirso.

FIG. 27 - Exemplos de estruturas hiperestáticas


15

2.6. CÁLCULO DAS REAÇÕES DE APOIO (ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS)

O cálculo das reações de apoio de uma estrutura isostática, como já foi visto, é feito com o
auxilio das três equações de equilíbrio (∑ ∑
Fh = 0 , Fv = 0 e ∑ M O = 0 ). A seguir é
apresentado um roteiro para se calcular as reações de apoio de uma estrutura isostática,
com relativa facilidade.

ROTEIRO PARA CÁLCULO DE REAÇÕES DE APOIO

1. Substituir os apoios por suas reações, utilizando-as como incógnitas. O sentido


das reações é adotado arbitrariamente.
2. Concentrar, se necessário, os carregamentos uniformemente distribuídos no
centro do trecho carregado e/ou decompor cargas inclinadas.
3. Aplicar as três equações de equilíbrio e resolver o sistema de equações
resultante obtendo as reações de apoio. Para facilitar os cálculos costuma-se
escolher um dos apoios, o que contiver maior número de reações, para se
aplicar a equação ∑ MO = 0.
4. Fornecer a solução em desenho, invertendo o sentido das reações que
resultarem negativas na resolução do sistema.

Para melhor entendimento do roteiro descrito, apresenta-se a seguir o cálculo das reações
de apoio para alguns exemplos.

EXEMPLOS - Calcular as reações de apoio, para as estruturas isostáticas, esquematizadas


na figura 28.

FIG. 28 - Exemplos - para cálculo das reações de apoio


16

a) O primeiro passo é substituir os apoios por suas reações, conforme figura 29, O sentido
destas reações são adotados arbitrariamente.

FIG. 29 - Substituição dos apoios por suas reações

O segundo passo que seria concentrar os carregamentos uniformemente distribuídos, neste


caso, não existe.

O terceiro passo é aplicar as três equações de equilíbrio. Para isto deve-se adotar,
arbitrariamente, o sentido positivo das forças ou dos momentos, estes sentidos estão
representados ao lado de cada uma das equações. O ponto adotado para explicar a equação
de momentos foi o ponto A.

∑F h =0 (
+
→ )
∴ −H A = 0 ⇒ H A = 0N

∑F v = 0(+ ↑ )∴ V A + V B − 20000 − 30000 = 0 ⇒ V A + V B = 50000

∑M A =0 ∴ H A .0 + V A .0 + 20000.1,00 + 30000.(1,00 + 1,50) +


− V B .5,00 = 0 ⇒ V B = 19000 N

Ainda no terceiro passo resolve-se o sistema de equações resultante, obtendo-se as reações


de apoio.

H A = 0N

V B = 19000 N

V A + VB = 50000 ⇒ V A + 19000 = 50000 ⇒ V A = 31000 N

O quarto passo é fornecer a solução em desenho. Como os resultados obtidos foram todos
positivos, e portanto, os sentidos inicialmente adotados estão corretos, não se deve inverter
nenhum dos sentidos iniciais na solução representada na figura 30.
17

FIG. 30 - Solução do item a do exemplo

b) O primeiro passo é substituir os apoios por suas reações, conforme a figura 31. O
segundo passo, necessário neste exemplo, é concentrar a carga uniformemente
distribuída no centro do trecho carregado, conforme a figura 32.

FIG. 31 - Substituição dos apoios por FIG. 32 - Concentração da carga uniforme-


suas reações mente distribuída

O terceiro passo é aplicar as equações de equilíbrio, conforme segue:

∑F h =0 (
+
→ )
∴ −H A = 0 ⇒ H A = 0N

∑F v = 0(+ ↑ )∴V A + VB − 10000 = 0 ⇒ V A + V B = 10000

∑M A =0 ∴ H A .0 + V A .0 + 10000.2,00 − V B .5,00 = 0
⇒ V B = 4000 N

Ainda no terceiro passo resolve-se o sistema de equações resultantes, obtendo-se as


reações de apoio.

H A = 0N

V B = 4000 N

V A + VB = 10000 ⇒ V A + 4000 = 10000 ⇒ V A = 6000 N


18

Finalmente, no quarto passo, apresenta-se a solução em desenho, conforme a figura 33.

FIG. 33 - Solução do item b do exemplo

c) Para este problema, a solução tem a mesma seqüência de operações do item anterior,
com a qual obtém-se:

FIG. 34 - Substituição dos apoios por suas FIG. 35 - Concentração da carga unifor-
reações memente distribuída

∑F h =0 (
+
→ )
∴ −H A = 0 ⇒ H A = 0N

∑F v = 0(+ ↑)∴VA + VB − 6000 − 20000 − 20000 = 0 ⇒ VA + VB = 46000

∑M A =0 ∴ H A .0 + V A .0 + 6000.1,00 + 20000.(1,00 + 1,50) +


+ 20000.(1,00 + 1,50 + 1,50 ) − VB .5,00 = 0
⇒ V B = 27200 N

Resultando, assim:

H A = 0N

V B = 27200 N

V A + VB = 46000 ⇒ V A + 27200 = 46000 ⇒ V A = 18800 N


19

FIG. 36 - Solução do item c do exemplo

d) Este problema, além de dispensar o segundo passo, tem como novidade o engastamento
fixo que possui um momento de engastamento como reação de apoio. Para este
problema tem-se:

FIG. 37 - Substituição do apoio por suas reações

∑F h =0 +
→( )
∴ − H A − 3000 = 0 ⇒ H A = −3000 N

∑F v = 0(+ ↑ )∴ V A = 0 ⇒ V A = 0 N

∑M A =0 ∴ H A .0 + V A .0 − M A − 3000.3,00 = 0
⇒ M A = −9000 N .m

Resultando:

H A = −3000 N (sentido contrário ao adotado)

VA = 0N

M A = −9000 N .m (sentido contrário ao adotado)


20

FIG. 38 - Solução do item d do exemplo

e) Este problema tem seqüência semelhante à do item anterior, obtendo-se:

FIG. 39 - Substituição do apoio por suas reações

∑F h =0 (
+
→ )
∴ −H A = 0 ⇒ H A = 0N

∑F v = 0(+ ↑ )∴ V A − 20000 = 0 ⇒ V A = 20000N

∑M A =0 ∴ H A .0 + V A .0 − M A + 20000.0,00 = 0
⇒ M A = 0 N .m
21

FIG. 40 - Solução do item e do exemplo

2.7. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

2.7.1. O que se entende por apoio? Quais os principais tipos de apoio?

2.7.2. Descreva o apoio móvel.

2.7.3. Descreva o apoio fixo.

2.7.4. Descreva o engastamento móvel.

2.7.5. Descreva o engastamento fixo.

2.7.6. Represente, esquematicamente, com suas reações de apoio: o apoio móvel, o apoio
fixo, o engastamento móvel e o engastamento fixo.

2.7.7. O que se entende por condição de apoio estável? Represente, esquematicamente,


algumas estruturas com condição de apoio estável.

2.7.8. O que são estruturas (externamente) hipostáticas? Represente, esquematicamente,


alguns exemplos.

2.7.9. O que são estruturas (externamente) isostáticas? Represente, esquematicamente,


alguns exemplos.

2.7.10. O que são estruturas (externamente) hiperestáticas? Represente, esquematicamente,


alguns exemplos.

2.7.11. Conforme a combinação de apoio, fornecer o tipo das estruturas representadas nas
figuras 41 a 49.
22

FIG. 41 FIG. 42

FIG. 43 FIG. 44

FIG. 45 FIG. 46

FIG. 47 FIG. 48 FIG. 49

2.7.12. Calcular as reações de apoio, das estruturas isostáticas do exercício anterior


(2.7.11).
23

3. ESFORÇOS SOLICITANTES

3.1. CONCEITUAÇÃO

Seja um corpo rígido em equilíbrio sob a ação de um sistema de forças (figura 50).

FIG. 50 - Corpo rígido em equilíbrio

Cortando-se este corpo rígido em uma seção qualquer, figura 51, obtém-se duas partes não
mais em equilíbrio.

FIG. 51 - Corte em uma seção do corpo rígido em equilíbrio


24

Conclui-se que a seção do corpo rígido, onde se fez o corte, transmitia esforços de uma
parte à outra, estes são usualmente ditos ESFORÇOS SOLICITANTES ou ESFORÇOS
SECCIONAIS.

Para impedir a translação na direção do eixo a-a, produzida por Fl, aparece na seção uma
força axial, dita FORÇA NORMAL (N), em sentido contrário a Fl.

Para impedir a translação na direção do eixo c-c, produzida pele resultante (F3+F2-F2-F4),
aparece una força transversal, dita FORÇA CORTANTE (V), em sentido contrário a esta
resultante.

Para impedir a rotação em torno do eixo b-b, produzida pelo momento oriundo de F3,
aparece na seção um momento, dito MOMENTO FLETOR (M), em sentido contrário ao
provocado por F3.

Para impedir a rotação em torno do eixo a-a, produzida pelo momento oriundo do binário
de F2, aparece na seção um momento, dito MOMENTO TORÇOR (T), em sentido
contrário ao binário de F2.

FIG. 52 - Esforços solicitantes na seção do corte

Assim, ESFORÇOS SOLICITANTES SÃO AS FORÇAS E MOMENTOS QUE


APARECEM NAS SEÇÕES DE CORPOS RÍGIDOS EM EQUILÍBRIO. As figuras 53 a
56 representam estes esforços, com a respectiva convenção de sinais.

FIG. 53 - Força normal - Convenção de sinais


25

FIG. 54 - Força cortante - Convenção de sinais

FIG. 55 - Momento fletor - Convenção de sinais

FIG. 56 - Momento torçor - Convenção de sinais

3.2. BARRAS, VIGAS E PILARES

De maneira geral, barras são componentes de estruturas nos quais as dimensões da seção
são nitidamente menores que o comprimento do eixo da peça. Quanto a transmissibilidade
de esforços solicitantes pode-se distinguir a barra simples, ou simplesmente BARRA, que é
o elemento estrutural que TRANSMITE APENAS um esforço, a FORÇA NORMAL, e a
barra geral, ou CHAPA, que é o elemento estrutural CAPAZ DE TRANSMITIR, FORÇA
NORMAL, FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR. Os exemplos mais comuns de
26

chapas, são as VIGAS e os PILARES, ambos tem as mesmas funções estruturais,


entretanto, em geral, as vigas são usadas horizontalmente e os pilares verticalmente.

3.3. CÁLCULO DE ESFORÇOS SOLICITANTES

Os esforços solicitantes que aparecem em estruturas planas são: Força Normal (de tração
ou de compressão), Força Cortante e Momento Fletor. O Momento Torçor só aparece em
estruturas espaciais.

O cálculo dos esforços solicitantes em determinada seção de uma estrutura plana, pode ser
realizado conforme o roteiro que se segue:

ROTEIRO PARA CÁLCULO DE ESFORÇOS SOLICITANTES EM


DETERMINADA SEÇÃO DE UMA ESTRUTURA PLANA

1. Cálculo das reações de apoio.


2. Cortar a estrutura, na seção, onde se deseja encontrar os esforços solicitantes,
colocando os esforços solicitantes, isto é, as incógnitas, com seu sentido
positivo.
3. Escolher uma das partes da estrutura, para os cálculos, e se necessário,
concentrar os carregamentos uniformemente distribuídos no centro dos trechos
carregados e/ou decompor cargas inclinadas.
4. Aplicar, na parte escolhida, as três equações de equilíbrio
( ∑ ∑
Fh = 0 , Fv = 0 e ∑ M O = 0 ) obtendo, da solução do sistema de
equações resultantes, os esforços solicitantes nesta seção, Para facilitar os
cálculos, costuma-se escolher o ponto de corte para aplicar a equação
∑ MO = 0.

Para melhor entendimento do método descrito, apresenta-se a seguir alguns exemplos.

EXEMPLO l: Calcular os esforços solicitantes na seção genérica C, da viga representada


na figura 57.

p = carga uniformemente distribuída

l = vão livre da viga

A = apoio fixo

B = apoio móvel

x = distância da seção genérica C ao apoio


fixo A
FIG. 57
27

a) Cálculo das reações de apoio

FIG. 58 - Substituição dos apoios por suas FIG. 59 - Concentração do carregamento


reações uniformemente distribuído

∑F h =0 +
→ ( )
∴ −H A = 0 ⇒ H A = 0N

∑F v = 0(+ ↑ )∴V A + V B − p.l = 0 ⇒ V A + V B = p.l

l p.l
∑M A =0 ∴ H A .0 + V A .0 + p.l. − VB .l = 0 ⇒ VB =
2 2

Resultando:

H A = 0N

p.l
VB =
2
p.l p.l
V A + V B = p.l = 0 ⇒ V A + = p.l ⇒ V A =
2 2

FIG. 60 - Reações de apoio para o exemplo 1


28

b) Corte da estrutura em C com seus esforços solicitantes, considerados positivos.

FIG. 61 - Corte da estrutura na seção C

c) Escolhendo-se a parte esquerda, da estrutura, e concentrando-se o carregamento


uniformemente distribuído, obtém-se o esquema apresenta do na figura 62.

FIG. 62 - Corte da estrutura na seção C

d) Aplicando-se as equações de equilíbrio, obtém-se:

∑F h =0 (
+
→ )
∴N = 0

= 0(+ ↑ )∴
p.l p.l
∑F v
2
− p.x − V = 0 ⇒ V =
2
− p.x

x p.l
∑M C =0 ∴ − M + V .0 + N .0 − p.x. +
2 2
.x = 0

p.l p.x 2
⇒M = .x −
2 2

Resultando, para a seção C:

l  p.x
N =0 V = p. − x  M= .(l − x )
2  2

EXEMPLO 2: Calcular os esforços solicitantes na seção genérica C, do pilar representado


na figura 63.
29

p = carga uniformemente distribuída

P = carga concentrada

l = altura do pilar

A = extremo livre do pilar

B = engastamento fixo

x = distância do extremo livre à seção genérica C


FIG. 63

a) Cálculo das reações de apoio

FIG. 64 - Substituição do apoio por suas FIG. 65 - Concentração do carregamento


reações uniformemente distribuído

Resultando:

FIG. 66 - Reações de apoio para o exemplo 2


30

b) Corte da estrutura em C com seus esforços solicitantes, considerados positivos.

OBS.: No caso deste exemplo, para a convenção do momento fletor M, é necessário se


convencionar ou "escolher" um "embaixo" para o pilar,

FIG. 67 - Corte da estrutura na seção C

c) Escolhendo-se a parte superior, do pilar, e concentrando-se o carregamento


uniformemente distribuído, obtém-se o esquema apresentado na figura 68.

FIG. 68

d) Aplicando-se as equações de equilíbrio, obtém-se:

∑F h (
=0 +
→ )
∴ −V − p .x = 0 ⇒ V = − p.x
31

∑F v = 0(+ ↑ )∴ − N − P = 0 ⇒ N = − P

x p.x 2
∑M C =0 ∴ M + N .0 + V .0 + p.x. + P.0 = 0 ⇒ M = −
2 2

Resultando, para a seção C:

p.x 2
N = −P V = − p .x M =−
2

3.4. DIAGRAMAS DE ESFORÇOS SOLICITANTES

Pode-se observar, a partir dos exemplos apresentados no item anterior, que pare cada seção
escolhida (diferentes valores de x) existirão determinados valores para os esforços
solicitantes. Para se calcular uma estrutura é necessário se ter uma visão destes esforços em
todas as seções da estrutura, pois o dimensionamento da estrutura deve ser tal que todas as
seções suportem os esforços que nela atuam.

A fim de permitir uma visão global, da variação dos diversos esforços solicitantes, é usual
traçar-se os DIAGRAMAS DE ESFORÇOS SOLICITANTES, que são diagramas que
REPRESENTAM A VARIAÇÃO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES AO LONGO DA
ESTRUTURA.

Estes diagramas são construídos sobre o eixo da estrutura, representando suas abscissas,
tendo em cada seção, representado nas ordenadas, o valor do esforço solicitante
considerado. O diagrama de Momento Fletor é sempre desenhado do lado tracionado da
estrutura dispensando-se a utilização de sinais. O mesmo não acontece com os diagramas
de força normal e força cortante, cujos sinais são indispensáveis. Quando, em determinado
trecho, o diagrama é constante é comum se usar um sinal de igual, sobre este trecho,
assinalando o valor do esforço solicitante sobre ele.

A titulo de exemplo, os diagramas de esforços solicitantes das estruturas apresentadas nos


exemplos do item anterior seriam:

EXEMPLO l:

FIG. 69
32

a) Diagrama de MOMENTO FLETOR (figura 70)

p.l p.x 2
A equação M = .x − caracteriza
2 2
uma parábola do segundo grau e, portanto, é
definida por três pontos:
• Para x = 0 (apoio A) ⇒ M = 0
l p.l 2
• Para x = (centro) ⇒ M =
2 2
• Para x = l (apoio B) ⇒ M = 0
FIG. 70

b) Diagrama de FORÇA NORMAL (figura 71)


A equação N = 0 caracteriza uma
constante, que independe de x:
Em todas as seções a Força Normal é nula.
FIG. 71

c) Diagrama de FORÇA CORTANTE (figura 72)

p .l
A equação V = − p .x caracteriza uma
2
reta e, portanto, é definida por dois pontos:
p .l
• Para x = 0 (apoio A) ⇒ V =
2
p .l
• Para x = l (apoio B) ⇒ V = −
2

FIG. 72

EXEMPLO 2:

FIG. 73 FIG. 74 FIG. 75 FIG. 76


33

a) Diagrama de MOMENTO FLETOR (figura 74)

p.x 2
A equação, M = − , do momento fletor, caracteriza uma parábola do segundo grau, e
2
portanto necessita três pontos para sua definição:

• Para x = 0 (extremo livre) ⇒ M = 0


l p.l 2
• Para x = (centro) ⇒ M = − (tração em cima)
2 8
p.l 2
• Para x = l (engastamento fixo) ⇒ M = − (tração em cima)
2

b) Diagrama de FORÇA NORMAL (figura 75)

A equação, N = − P , independe de x e portanto a força Normal assume o valor − P , de


compressão, em todas as seções da estrutura.

c) Diagrama de FORÇA CORTANTE (figura 76)

A equação, V = − p .x , da força a cortante, é equação de uma reta, e portanto definida por


dois pontos.

• Para x = 0 (extremo livre) ⇒ V = 0


• Para x = l (engastamento fixo) ⇒ V = − P

Para cada valor de l, ou para cada conjunto de valores de P e p, os exemplos apresentados


representam estruturas diferentes ou com carregamentos diferentes, respectivamente.
Assim os resultados destes exemplos podem ser utilizados em diferentes estruturas,
acentuando a viabilidade de se montar tabelas para os casos de ocorrência mais comum.
Para montagem destas tabelas deve-se ter em mente que sempre que houver alterações no
carregamento ocorrerão alterações nos diagramas, e portanto, as equações dos esforços
devem ser obtidas por trechos.

A seguir apresentam-se alguns diagramas, para os casos de ocorrência mais comum,


incluindo as equações de flechas (v), ou deslocamentos verticais, cuja determinação é feita
utilizando condições de contorno e a seguinte equação diferencial (ver item 4.4):

d 2v
E .I . = −M
dx 2
34

DIAGRAMAS E FÓRMULAS PARA O CÁLCULO DE VIGAS

a) Viga simplesmente apoiada - Carga uniformemente distribuída.

p .l
R =V =
2
l 
V x = p . − x 
2 
p .l 2
M máx ( no centro ) =
8
p .x
Mx = .(l − x )
2
5. p .l 4
v máx ( no centro ) =
384.E .I

vx =
p .x
24.E .I
(
. l 3 − 2.l.x 2 + x 3 )

FIG. 77

b) Viga simplesmente apoiada - Carga concentrada no centro.

P
R =V =
2
P .l
M máx ( no centro ) =
4
l P .x
M x ( para x≤ )=
2 2
l P
M x ( para x≥ ) = .(l − x )
2 2
P .l 3
v máx ( no centro ) =
48.E .I

v x ( para x≤
l
2
)=
P .x
48.E .I
(
. 3.l 2 − 4.x 2 )
v x ( para x≥
l
2
)=
P .(l − x )
48.E .I
[
. 3.l 2 − 4.(l − x )2 ]
FIG. 78
35

c) Viga simplesmente apoiada - Carga concentrada em qualquer ponto.

P.b
R1 = V1( máximo se a ≤ b ) =
l
P.a
R 2 = V 2 ( máximo se a ≥ b ) =
l
P.a.b
M máx ( sob a c arg a ) =
l
P.b.x
M x ( para x ≤ a ) =
l
a .(a + 2.b )
v máx ( em x= se a ≥ b ) =
3
P .a.b.(a + 2.b ). 3.a.(a + 2.b )
=
27.E .I .l
P.a 2 .b 2
v a ( sob a c arg a ) =
3.E .I .l

vx ( para x ≤ a ) =
P.b.x 2
6.E .I .l
(
. l − b2 − x 2 )
P.a.(l − x )
FIG. 79
v x ( para x ≥ a ) =
6.E .I .l
(
. 2.l.x − x 2 − a 2 )

d) Viga simplesmente apoiada - Carga uniforme parcialmente distribuída.

p.b
R1 = V1 ( máximo se a ≤ c ) = .(2.c + b)
2.l

p.b
R2 = V2 ( máximo se a ≥ c ) = .(2.a + b)
2.l

Vx ( para a ≤ x ≤ (a + b ) ) = R1 − p .(x − a )

R1  R 
M máx ( em x = a + ) = R1 . a + 1 
p  2. p 

M x ( para x ≤ a ) = R1 .x

p
M x ( para a ≤ x ≤ (a + b ) ) = R1 .x − .(x − a )2
2

M x ( para x ≥ (a + b ) ) = R2 .(l − x )

FIG. 80
36

e) Viga simplesmente apoiada - Carga uniforme parcialmente distribuída em um extremo.

p .a
R1 = V1 ( máximo ) = .(2.l − a )
2.l
p.a 2
R2 = V2 =
2.l

V x ( para x ≤ a ) = R1 − p .x
R1 R2
M máx ( em x = )= 1
p 2. p

x2
M x ( para x ≤ a ) = R1 .x − p.
2

M x ( para x ≥ a ) = R 2 .( l − x )

v x ( para x ≤ a)=

=
p .x
24.E .I .l
[
. a 2 .(2.l − a )2 − 2.a .x 2 .(2.l − a ) + l.a 3 ]
p.a 2 .(l − x )
FIG. 81
v x ( para x ≥ a ) =
24.E .I .l
[
. 4.x.l − 2.x 2 − a 2 ]

f) Viga simplesmente apoiada - Carga uniforme parcialmente distribuída nos dois


extremos.
p1 .a.(2.l − a ) + p 2 .c 2
R1 = V1 =
2.l
p 2 .c.(2.l − c ) + p1 .a 2
R2 = V2 =
2.l
V3 = Vx ( para a ≤ x ≤ (a + b ) ) = R1 − p1 .a

Vx ( para x ≤ a ) = R1 − p1 .x

V x ( para x ≥ (a + b ) ) = − R 2 + p 2 .(l − x )
R R12
M máx ( em x= 1 se R1 ≤ p1 .a ) =
p1 2. p1
R2 R 22
M máx ( em x = l − se R 2 ≤ p 2 .c ) =
p2 2. p 2
p1 .x 2
M x ( para x ≤ a ) = R1 .x −
2
p1 .a
M x ( para a ≤ x ≤ (a + b) ) = R1 .x − .(2.x − a)
2
p2 .(l − x)2
FIG. 82 M x ( para x ≥ (a + b) ) = R2 .(l − x) −
2
37

g) Viga simplesmente apoiada - Duas cargas concentradas iguais e simetricamente


localizadas.

R =V = P

M máx ( entre as c arg as ) = P .a

M x ( para x ≤ a ) = P .x

M x ( para x ≥ l − a ) = P .(l − x )

M x ( entre as c arg as ) = cons tan te = P.a

v máx ( no centro ) =
P .a
24.E .I
(
. 3.l 2 − 4.a 2 )
v x ( para x ≤ a)=
P .x
6.E .I
(
. 3.l.a − 3.a 2 − x 2 )
v x ( para a ≤ x ≤ (l − a ) ) =
P.x
6.E.I
(
. 3.l.x − 3.x 2 − a 2 )
FIG. 83

h) Viga simplesmente apoiada - Duas cargas concentradas iguais em qualquer posição.

P
R1 = V1( máximo se a ≤ b ) = .(l − a + b )
l
P
R 2 = V3 ( máximo se a ≥ b ) = .(l − b + a )
l

P
V2 = R1 − P = .(b − a )
l

M 1 ( máximo se a ≤ b ) = R1 .a

M 2 ( máximo se a ≥ b ) = R 2 .b

M x ( para x ≤ a ) = R1 .x

M x ( para a ≤ x ≤ (l − b ) ) = R1 .x − P .(x − a )

FIG. 84
38

i) Viga engastada - Carga uniformemente distribuída.

R = V = p .l

H = 0 ( zero )

V x = − p .x

p .l 2
M = M máx ( no extremo fixo ) =
2

p .x 2
Mx =−
2

p .l 4
v máx ( no extremo livre ) =
8.E .I

FIG. 85
vx =
p
24.E .I
(
. x 4 − 4.l 3 .x + 3.l 4 )

j) Viga engastada - Carga concentrada no extremo livre.

R =V = P

H = 0 ( zero )

V x = cons tan te = − P

M = M máx ( no extremo fixo ) = P .l

M x = − P .x

P .l 3
v máx ( no extremo livre ) =
3.E .I

FIG. 86
vx =
P
6.E .I
(
. 2.l 3 − 3.l 2 .x + x 3 )
39

k) Viga engastada - Carga concentrada em qualquer ponto.

R =V = P
V x ( para x ≤ a ) = 0 ( zero )

V x ( para x ≥ a ) = −P

M = M máx ( no extremo fixo ) = P.b


M x ( para x ≤ a ) = 0 ( zero )

M x ( para x ≥ a ) = − P.(x − a )

P .b 2
v máx ( no extremo livre ) = .(3.l − b )
3.E .I
P .b 3
v a ( sob a c arg a ) =
3.E .I
P .b 2
v x ( para x≤a)= .(3.l − 3.x − b )
6.E .I
P .(l − x )2
FIG. 87 v x ( para x≥a)= .(3.b − l + x )
6.E .I

l) Viga simplesmente apoiada com um balanço - Carga concentrada no extremo do


balanço.

P.a
R1 = V1 =
l
P
R 2 = V1 + V 2 = .(l + a )
l
V2 = P
M máx ( em x = l , x1 = 0 ) = P.a
P.a .x
M x ( entre os apoios ) = −
l
M x1 ( no balanço ) = − P.(a − x1 )
l P.a.l2
vmáx( entre os apoios em x = )= =
3 9. 3.E.I
P .a .l 2
= 0 ,06415.
E .I
P.a2
vmáx( no balanço em x1 = a ) = .(l + a)
3.E.I
v x ( entre os apoios ) =
P.a.x 2
6.E .I .l
. l − x2( )
FIG. 88 vx1 ( no balanço ) =
P.x1
6.E .I
(
. 2.a.l + 3.a.x1 − x12 )
40

NOTAÇÕES UTILIZADAS NOS DIAGRAMAS

H = reação de apoio (horizontal)


R = reação de apoio (vertical)
V = esforço cortante
p = cargas uniformemente distribuídas
M = momento fletor
P = carga concentrada
v = deslocamento vertical (flecha)
Zx (Zx1) = esforço solicitante (M, N, V ou v) a uma distância genérica x (x1)
Zmáx = esforço solicitante (M, N, V ou v) máximo
a, b, c e d = distâncias cotadas no desenho
E = módulo de elasticidade do material
I = momento de inércia, em relação a linha neutra da seção da viga.

OBS.: Os diagramas de FORÇA NORMAL, não foram representados nas tabelas por
serem todos nulos.

3.5. PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS

Os diagramas apresentados no item anterior, resolvem muitos problemas com os quais


defronta-se na prática, entretanto existem alguns casos onde somente estes diagramas não
resolvem o problema, nestes casos o Princípio da Superposição de efeitos é uma poderosa
arma.

O Principio da Superposição de Efeitos só pode ser aplicado a estruturas pouco


deformáveis, onde a configuração de equilíbrio com o carregamento pode ser considerada
igual a configuração antes do carregamento, nas quais as tensões são proporcionais às
deformações, e portanto teoria linear de primeira ordem. Estas condições são atendidas
pela maioria das estruturas, tendo por exceções principais as estruturas pênseis.

O Principio da Superposição de Efeitos rege que: se o carregamento de uma estrutura for


uma combinação linear de outros carregamentos, mais simples, os efeitos produzidos por
este carregamento, podem ser obtidos pela combinação linear equivalente dos efeitos dos
diversos carregamentos, mais simples, atuando isoladamente na estrutura.

A titulo de exemplo de aplicação deste princípio, a seguir, são resolvidos alguns exemplos:

EXEMPLO 1: Traçar os diagramas de Momento Fletor (M), Força Normal (N) e Força
Cortante (V) para a estrutura representada na figura 89.

FIG. 89 - Exemplo 1
41

O carregamento da figura 89 é uma combinação de dois carregamentos, cujos diagramas


encontram-se tabelados:

FIG. 90 - Decomposição do problema dado em problemas mais simples

RESOLUÇÃO DO PROBLEMA l: A solução do problema 1 é tabelada na aliena e (figura


81) dos diagramas fornecidos no item anterior.

P = 2000 N / m , a = 2 ,00m e l = 6 ,00m

p .a
R1 = V1 = .(2.l − a ) = 3333,33 N
2.l

p .a 2
R2 = V2 = = 666,67 N
2.l

R1 R12
M máx ( em x = = 1,67m ) = = 2777,77N .m
p 2. p

x2
M x ( em x = a = 2,00m ) = R1 .x − p. ou
2
M x ( x = 2,00m ) = R2 .( l − x ) = 2666,68N .m

Para a superposição necessita-se ainda:

M x ( para x = 3,00m ≥ a = 2 ,00m ) =

M x ( x = 3,00m ) = R2 .( l − x ) = 2000,00N .m

FIG. 91 - Problema 1

RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 2: A solução do problema 2 está tabelada, alínea b


(figura 78) dos diagramas apresentados no item anterior:
42

P = 20000 N e l = 6 ,00m

P
R =V = = 10000 N
2

P .l
M máx ( no centro ) = = 30000 N .m
4

Para a superposição necessita-se ainda:

l P.x
M x ( em x = 1,67 m < = 3,00m ) = = 16700 N .m
2 2

l P.x
M x ( em x = 2,00m < = 3,00m ) = = 20000N .m
2 2

FIG. 92 - Problema 2

SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS ( Resolução do Problema 0): Superpondo-se os efeitos


obtém-se:

FIG. 93 - Superposição de efeitos - Exemplo 1


43

FIG. 94 - Diagramas de esforços solicitantes - Exemplo 1

EXEMPLO 2: Traçar os diagramas de M, N e V para a estrutura representada na figura 95.

FIG. 95 - Exemplo 2

O carregamento da figura 95 é uma combinação de dois carregamentos, cujos diagramas


encontram-se tabelados.
44

FIG. 96 - Decomposição do problema dado em problemas mais simples

RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 1: A solução deste problema está tabelada, alínea a


(figura 77) dos diagramas fornecidos no item anterior, resultando:

P = 5000N / m e l = 5,00m

p .l
R =V = = 12500 N
2

p .l 2
M máx ( no centro ) = = 15625 N .m
8

Para a superposição necessita-se ainda:

l 
V x ( em x = 1,50m ) = p . − x  = 5000 N
2 

l 
V x ( em x = 3,50m ) = p . − x  = −5000 N
 2 

p.x
M x ( em x = 0,75m ) = .(l − x ) = 7968,75N .m
2

p.x
M x ( em x = 1,50m ) = .(l − x ) = 13125N .m
2

p.x
M x ( em x = 3,50m ) = .(l − x ) = 13125N .m
2

p.x
M x ( em x = 4,25m ) = .(l − x ) = 7968,75N .m
FIG. 97 2

RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 2: A solução deste problema está tabelada, alínea d


(figura 80) dos dia8ramas fornecidos no item anterior, resultando:
45

P = 2000N / m , a = 1,50m , b = 2,00m , c = 1,50m e

l = 5,00m

P.b
R1 = V1 = .(2.c + b ) = 2000 N
2.l

P.b
R2 = V2 = .(2.a + b ) = 2000 N
2.l

M x ( em x = a = 1,50m ) = R1 .x = 3000 N .m

R1  R 
M máx( em x = a + = 2,50m ) = R1. a + 1  = 4000N .m
p  2. p 

M x ( em x = a + b = 3,50m ) = R2 .(l − x ) = 3000N .m

Para a superposição, necessita-se ainda:

M x ( em x = 0 ,75m < a = 1,50m ) = R1 .x = 1500 N .m

Mx( em x = 4,25m > a + b = 3,50m ) = R2 .(l − x) = 1500N.m


FIG. 98

SUPERPOSIÇÃO DE EFEITOS ( RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 0): Superpondo-se os


efeitos obtém-se:

FIG. 99 - Superposição de efeitos - Exemplo 2


46

Resultando, para o exemplo dado, a seguinte solução:

FIG. 100 - Diagramas de esforços solicitantes - Exemplo 2

3.6. RELAÇÕES DIFERENCIAIS ENTRE ESFORÇOS SOLICITANTES

Considerando-se a carga p e os esforços solicitantes M, N e V como funções de uma


mesma abscissa x, pode-se obter relações entre estes esforços.

Seja o elemento de viga representado na figura 101, sujeito a uma carga distribuída p, não
singular dentro do elemento de comprimento dx.
47

FIG. 101 - Elemento de viga FIG. 102 - Concentrando-se p

Do equilíbrio horizontal do elemento, figura 102, resulta:

∑F h
+
= 0 →( )
∴ − N + (N + dN ) = 0

dN = 0 Eq. 01

Do equilíbrio vertical do elemento, figura 102, resulta:

∑ F = 0(+ ↑)∴V − p.dx − (V + dV ) = 0 ⇒ p.dx − dV = 0


v

dV
p=− Eq. 02
dx

Do equilíbrio de momentos, no ponto A, do elemento, figura 102, resulta:

dx
∑M A =0 ∴ M + p.dx.
2
+ (V + dV ).dx − (M + dM ) = 0
p 2
∴ .dx + V .dx + dV .dx − dM = 0
2

Desprezando-se os diferenciais de segunda ordem, obtém-se:

V .dx − dM = 0

dM
V= Eq. 03
dx

Derivando-se uma vez em x e substituindo-se o resultado da equação 02, obtém-se:

dV d 2 M
=
dx dx 2

d 2M
p=− Eq. 04
dx 2
48

3.7. TEOREMAS AUXILIARES PARA O TRAÇADO DE DIAGRAMAS DE


ESFORÇOS SOLICITANTES

Existem problemas para os quais o Principio da Superposição de Efeitos não é suficiente


para sua solução, nestes casos os teoremas, que serão apresentados a seguir, poderão ser
utilizados em conjunto com o cálculo dos esforços solicitantes em algumas seções
previamente determinadas, para o traçado de diagramas de esforços solicitantes.

TEOREMA 1 - Mudanças no carregamento, ao longo da estrutura, podem alterar as


equações dos esforços solicitantes e portanto podem provocar mudanças de curvas no
diagrama.

FIG. 103 - Mudanças no carregamento provocando mudanças de curvas

DEMONSTRAÇÃO - No item anterior notou-se que o carregamento está intimamente


dV d 2M
ligado aos esforços solicitantes ( p = − e p=− ). Assim, ocorrendo mudanças
dx dx 2
no carregamento p, poderão ocorrer alterações nos esforços solicitantes V e M e
consequentemente mudanças de curvas nos respectivos diagramas.

TEOREMA 2 - Em trechos, de estruturas, sem carregamento vertical, o diagrama de força


cortante, sob este trecho, apresentar-se-á constante, e o diagrama de momento fletor, linear.
49

FIG. 104 - Forma dos diagramas sob trechos de estrutura sem carregamento

DEMONSTRAÇÃO - Neste caso, basta fazer p=0 nas equações 02 e 04, do item anterior, e
integrá-las em x.

Integrando-se, uma vez em x, a equação 02, com p = 0 obtém-se:

dV
=0
dx

V = C1 = cons tan te

E portanto o diagrama de força cortante, sob o trecho sem carregamento, é constante.

Integrando-se, duas vezes em x, a equação 04, com p = 0 , obtém-se:

d 2M
=0
dx 2
dM
= C1
dx

M = C1 .x + C 2 = equação de uma reta

E portanto o diagrama de momento fletor sob o trecho sem carregamento, é linear.

TEOREMA 3 - Em trechos, de estruturas, sob carga vertical uniformemente distribuída o


diagrama de força cortante, sob este trecho, apresentar-se-á linear, e o diagrama de
momento fletor, parabólico, possuindo ainda, no ponto central do trecho, uma distância (d)
entre a parábola e a linha de fecho dada por:

p.a 2
d=
8

Onde:

d = distância entre a parábola e a linha de fecho, no ponto central;


p = carga uniformemente distribuída;
a = comprimento do trecho, sob o carregamento uniformemente distribuído.
50

FIG. 105 - Forma dos diagramas sob trechos de estruturas com carga uniformemente
distribuída

DEMONSTRAÇÃO - Neste caso, integrando-se em x as equações 02 e 04 do item


anterior, mantendo-se p = cons tan te , obtém-se as formas dos diagramas de V e M.

Integrando-se uma vez em x, a equação 02, obtém-se:

dV
= −p
dx

V = − p.x + C1 = equação de uma reta

E portanto o diagrama de força cortante, sob o trecho com carregamento uniformemente


distribuído, é linear.

Integrando-se duas vezes em x, a equação 04, obtém-se:

d 2M
= −p
dx 2

dM
= − p .x + C1
dx

p 2
M =− .x + C1 .x + C 2 = equação de uma parábola
2

E portanto o diagrama de momento fletor, sob o trecho com carregamento uniformemente


distribuído, é parabólico.

Associando-se os resultados ao trecho do diagrama de momentos fletores correspondente,


figura 105, obtém-se:
51

p 2
M1 = − .x + C1 .x + C 2 , na abcissa x
2

p
M3 = − .(x + a )2 + C1 .(x + a ) + C 2 , na abcissa (x + a )
2

− p  − p .a 2 
M 3 = x 2 .  + x.(− p .a + C1 ) +  + C1 .a + C 2 

 2   2 

2
p  a  a  a
M2 = − . x +  + C1 . x +  + C 2 , na abcissa x+ 
2  2  2  2

  − p .a 
2
− p  p .a a
M 2 = x 2 .  + x . − + C1  +  + C1 . + C 2 
 2   2   8 2 

 2 − p   2 − p  − p.a 2 
x .  + x.(C1 ) + (C2 ) + x .  + x.(− p.a + C1 ) +  + C1 .a + C2 

M1 + M3   2     2   2 
y= =
2 2

  − p .a 
2
− p  p .a a
y = x 2 .  + x. − + C1  +  + C1 . + C 2 
 2   2   4 2 

− p .a 2 p .a 2 p .a 2
d = M2 − y = + =
8 4 8

Assim, a distância (d) entre a parábola do diagrama de momento fletor, e a linha de fecho,
p .a 2
no ponto central, do trecho sob carga uniformemente distribuída, é dada por: d = .
8

TEOREMA 4 - Em seções, de estruturas, sob carga vertical concentrada, o diagrama de


força cortante, nesta seção, sofre um "salto" de valor idêntico à carga concentrada,
apresentando valores diferentes para a força cortante à esquerda e à direita da carga.

FIG. 106 - Forma do diagrama de força cortante em seção sob carregamento concentrado

DEMONSTRAÇÃO - Fazendo-se o equilíbrio vertical de um elemento de viga com carga


concentrada no centro, figura 107, obtém-se:
52

FIG. 107 - Elemento de viga

∑ F = 0(+ ↑)∴V − P − (V + dV ) = 0
v

dV = − P

E portanto o diagrama de força cortante, sob carga concentrada, sofre um "salto" no valor
da carga concentrada, pois:

Ve = V

V d = V + dV = V − P

V d − Ve = (V − P ) − V = − P

TEOREMA 5 - Em seções, de estruturas, onde ocorre um momento aplicado, o diagrama


de momento fletor sofre um "salto" no valor do momento aplicado, apresentando valores
diferentes para o momento fletor à esquerda e à direita do momento aplicado.

FIG. 108 - Forma do diagrama de momento fletor em seção de ocorrência de momento


aplicado

DEMONSTRAÇÃO - Fazendo-se o equilíbrio de momentos de um elemento de viga com


momento aplicado, figura 109, obtém-se:
53

FIG. 109 - Elemento de viga

∑M A =0 ∴ M + V .dx + M a − (M + dM ) = 0
∴ dM = V .dx + M a

Desprezando-se o infinitésimo V .dx , em relação a M a , obtém-se:

dM = M a

E portanto o diagrama de momento fletor, sob momento aplicado, sofre um "salto" no


valor do momento aplicado, pois:

Me = M

M d = M + dM = M + M a

M d − M e = (M + M a ) − M = M a

TEOREMA 6 - Em trechos, de estruturas, sob carregamento axial uniformemente


distribuído, o diagrama de força normal apresentar-se-á linear.

FIG. 110 - Forma do diagrama de força normal sob carga axial uniformemente distribuída

DEMONSTRAÇÃO - Fazendo-se o equilíbrio horizontal de um elemento de viga com


carga axial uniformemente distribuída, obtém-se:
54

FIG. 111 - Elemento de viga FIG. 112 - Concentrando-se p

∑F h ( +
= 0 → )
∴ − N − p.dx + (N + dN ) = 0

dN = p.dx

dN
=p Eq. 05
dx

Integrando-se una vez em x, resulta:

N = p .x + C1 = equação de uma reta

E portanto o diagrama de força normal, sob trechos com carga axial uniformemente
distribuída, é linear.

TEOREMA 7 - Em trechos, de estruturas, sem carregamento axial, o diagrama de força


normal apresentar-se-á constante. Em particular estruturas sem carregamento axial
apresentam diagramas de força normal nulo, bem como reações horizontais nulas.

FIG. 113 - Forma do diagrama de força normal sob trecho sem carga axial

FIG. 114 - Estrutura sem carregamento axial apresenta diagrama de força normal nulo e
reação no sentido axial também nula
55

DEMONSTRAÇÃO - Fazendo-se p = 0 , na equação 05, e integrando-se uma vez em x,


resulta:

dN
=0
dx

N = C1 = cons tan te

E portanto em trechos sem carga axial o diagrama de força normal apresenta-se constante.

Aproveitando-se o exemplo da figura 114, estrutura sem carregamento axial, pela


demonstração acima conclui-se que seu diagrama de força normal seria constante,
entretanto calculando-se o valor desta constante, na seção à esquerda do apoio móvel B,
nota-se que:

FIG. 115

∑F h ( +
= 0 → )
∴N = 0

Sendo N = cons tan te = 0 , o diagrama de força normal, em estruturas isostáticas sem


carregamento axial, é nulo.

Fazendo-se o equilíbrio horizontal, da estrutura representada na figura 114, obtém-se:

∑F h ( +
= 0 → )
∴H = 0

E portanto a reação no sentido axial, de estruturas isostáticas sem carregamento axial, é


nula.

TEOREMA 8 - Em seções, de estruturas, sob carga axial concentrada, o diagrama de


força normal sofre um "salto", nesta seção, no valor da carga, apresentando valores
diferentes para a força normal à esquerda e à direita da seção considerada.

FIG. 116 - Forma do diagrama de força normal sob carga axial concentrada
56

DEMONSTRAÇÃO - Fazendo-se o equilíbrio horizontal, de um elemento de viga com


carga axial concentrada no centro, figura 117, obtém-se:

FIG. 117 - Elemento de viga

∑F h ( +
= 0 → )
∴ − N − P + (N + dN ) = 0

E portanto o diagrama de força normal, sob a seção de aplicação da carga axial


concentrada, sofre um "salto" no valor da carga, pois:

Ne = N

N d = N + dN = N + P

N d − N e = (N + P ) − N = P

TEOREMA 9 - Estruturas simétricas com carregamentos simétricos, apresentarão:

FIG. 118 - Estrutura simétrica com carregamento simétrico


57

• Reações de apoio simétricas


• Diagrama de força normal simétrico
• Diagrama de momento fletor simétrico
• Diagrama de força cortante assimétrico

DEMONSTRAÇÃO - É evidente que a magnitude do esforço solicitante ou da reação em


pontos simétricos é a mesma, pois se a estrutura for simétrica e o carregamento simétrico
olhando-a pela frente ou por trás ver-se-á a mesma estrutura, isto é, na figura 118, por
exemplo, o ponto "A" dista do apoio esquerdo de "a" e olhando-a por trás, esta mesma
figura, ver-se-á a mesma estrutura da figura 118, onde agora é o ponto "B" que dista de "a"
do apoio esquerdo, desta forma os valores dos esforços solicitantes no ponto "B" serão os
mesmos do ponto "A".

Entretanto, os sinais destes valores podem se alterar, pois os mesmos foram


convencionados conforme o sentido do esforço.

Fazendo-se um corte na estrutura no ponto "A" e colocando-se seus esforços solicitantes,


figura 119.

FIG. 119 - Corte no ponto "A" (M, N e V > 0)

E fazendo-se o mesmo no ponto "B", nota-se que para que os esforços solicitantes
mantenham o mesmo sentido físico, o sinal da força cortante deve ser alterado.

FIG. 120 - Corte no ponto "B" (M e N > 0, mas v < 0)

Assim, nota-se que, em estruturas simétricas com carregamentos simétricos, os esforços


solicitantes em pontos simétricos ficarão:

• Força normal: de mesma magnitude e sinal


• Momento fletor: de mesma magnitude e sinal
• Força cortante: de mesma magnitude porém de sinal trocado

E portanto, conclui-se que, estruturas simétricas com carregamento simétricos,


apresentarão diagramas de:

• Força Normal simétrico


• Força Cortante assimétrico (troca sinal)
• Momento Fletor simétrico
58

Para se traçar diagramas, usando estes teoremas e calculando os esforços solicitantes em


seções predeterminadas, pode-se utilizar o seguinte roteiro:

ROTEIRO PARA TRAÇADO DE DIAGRAMAS DE ESFORÇOS


SOLICITANTES, SEM AUXÍLIO DAS TABELAS

1. Calcular as reações de apoio.


2. Determinar as seções onde devem ser obtidos os esforços solicitantes (Pontos
Chaves), que são: à esquerda e à direita de cargas concentradas ,
3. seções onde ocorrem mudanças de carregamento e as extremidades da estrutura.
4. Determinar os esforços solicitantes nestas seções, os pontos chaves, conforme
roteiro dado anteriormente (Roteiro para cálculo de esforços solicitantes em
determinada seção de um a estrutura plana, visto na página 26).
5. Iniciar o traçado dos diagramas, pilotando os resultados obtidos no passo
anterior.
6. Completar os diagramas utilizando os teoremas apresentados neste item.

A titulo de exemplo, pode-se resolver os seguintes exemplos:

EXEMPLO 1 - Traçar os diagramas de M, N e V da estrutura representada na figura 121.

FIG. 121 - Exemplo 1

a) Cálculo das reações de apoio.

O cálculo das reações fica simplificado, pois observa-se que:

• A estrutura e o carregamento são simétricos, portanto as reações são


simétricas.
• A estrutura não possui carregamento no sentido axial, portanto reação
neste sentido (horizontal) é nula.

FIG. 122 FIG. 123


59

Neste caso, as reações podem ser obtidas apenas com o auxilio da equação ∑F v =0.

∑ F = 0(+ ↑)∴V
v 1 + V1 − 4000 − 10000 − 4000 = 0 ⇒ 2.V1 = 18000 ⇒

V1 = 9000 N (sen tido adotado )

b) Determinar os "pontos chaves"

FIG. 124 - Escolha dos "Pontos Chaves"

Existem um total de seis seções, nas quais se deve obter os esforços solicitantes. Entretanto
da simetria da estrutura e carregamento sabe-se que:

• Ponto 6 é simétrico do Ponto l, assim: M 6 = M 1 , V6 = −V1 e N 6 = N1


• Ponto 5 é simétrico do Ponto 2, assim: M 5 = M 2 , V5 = −V2 e N 5 = N 2
• Ponto 4 é simétrico do ponto 3, assim: M 4 = M 3 , V4 = −V3 e N 4 = N 3

c) Determinar M, N e V nos pontos chaves.

Pelo exposto acima, basta determinar os esforços solicitantes nos pontos l, 2 e 3.

• Ponto 1 (parte esquerda)

∑ F = 0(→)∴ N
h
+
1 = 0N

∑ F = 0(+ ↑)∴V = 9000N


v 1

FIG. 125 ∑M 1 =0 ∴ M 1 = 0 N .m
60

• Ponto 2

FIG. 126 FIG. 127

∑F h (
+
= 0 → )
∴ N 2 = 0N

∑ F = 0(+ ↑)∴ 9000 − 4000 − V


v 2 = 0 ⇒ V 2 = 5000 N

∑M 2 =0 ∴ M 2 + 4000.1,00 − 9000.2,00 = 0 ⇒ M 2 = 14000 N .m

• Ponto 3 (parte esquerda)

FIG. 128 FIG. 129

∑F h (
+
= 0 → )
∴ N 3 = 0N

∑ F = 0(+ ↑)∴ 9000 − 4000 − V


v 3 = 0 ⇒ V3 = 5000 N

∑M 3 =0 ∴ M 3 + 4000.2 ,00 − 9000.3,00 = 0 ⇒ M 3 = 19000 N .m

Obtém-se, assim, para os seis "pontos chaves" os seguintes esforços solicitantes:

N1 = 0N N 2 = 0N N 3 = 0N N 4 = 0N N 5 = 0N N 6 = 0N

V1 = 9000 N V 2 = 5000 N V3 = 5000 N V 4 = −5000 N V5 = −5000 N V6 = −9000 N

M 1 = 0 N .m M 2 = 14000N.m M 3 = 19000N .m M 4 = 19000N .m M 5 = 14000N .m M 6 = 0 N .m


61

d) Traçar os diagramas de M, N e V

OBS.: Para se determinar o diagrama de


M, necessita-se obter mais um
ponto da parábola, normalmente se
usa o ponto central.

BC y
=
AB AD
1
AD = .AB
2
p .a 2
d= = 1000 N .m
8
14000 y
= ⇒
2 ,00 1,00
y = 7000 N .m
M = y + d = 8000 N .m

FIG. 130 - Diagramas de esforços solicitantes - Exemplo 1

EXEMPLO 2 - Traçar os diagramas de M, N e V para a estrutura representada na figura


131.

FIG. 131 - Exemplo 2

a) Cálculo das reações de apoio


62

FIG. 132

FIG. 132

∑F h (
+
= 0 → )
∴ −H = 0 ⇒ H = 0N

∑ F = 0(+ ↑)∴V −10000 = 0 ⇒ V = 10000N


v

∑M A =0 ∴ − M + 10000.3,00 = 0 ⇒ M = 30000 N .m

b) Determinar os "Pontos Chaves"

FIG. 133

c) Determinar M, N e V, nos "pontos chaves"

• Ponto 1 ( parte esquerda)

∑ F = 0(→)∴ N
h
+
1 = 0N

∑ F = 0(+ ↑)∴10000 − V
v 1 = 0 ⇒ V1 = 10000 N

FIG. 134
∑M 1 =0 ∴ M 1 + 30000 = 0 ⇒ M1 = −30000N .m
63

• Ponto 2 (parte esquerda)

∑F h ( +
= 0 → )
∴ N 2 = 0N

∑ F = 0(+ ↑)∴10000 − V
v 2 = 0 ⇒ V 2 = 10000 N

∑M 2 =0 ∴M 2 + 30000−10000.3,00 = 0 ⇒
M 2 = 0 N .m
FIG. 135

• Ponto 3 (parte direita)

∑ F = 0(→)∴ − N = 0 ⇒ N = 0 N
h
+
3 3

∑ F = 0(+ ↑)∴V = 0 N
v 3

∑M = 0 3 ∴ M = 0 N .m 3

FIG. 136

• Ponto 4 (parte direita)

∑ F = 0(→)∴ − N = 0 ⇒ N = 0 N
h
+
4 4

∑ F = 0(+ ↑)∴V = 0 N
v 4

∑M =0 4 ∴ M = 0 N .m 4
FIG. 137

Obtém-se, assim, para os quatro "pontos chaves" os seguintes esforços solicitantes:

N1 = 0N N 2 = 0N N 3 = 0N N 4 = 0N

V1 = 10000 N V 2 = 10000 N V3 = 0 N V4 = 0 N

M 1 = −30000 N .m M2 = 0N .m M3 = 0N .m M4 = 0N .m

d) Traçar os diagramas de M, N e V
64

FIG. 138 - Diagramas de esforços solicitantes - Exemplo 2

3.8. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

3.8.1. O que se entende por esforços solicitantes?

3.8.2. Quais são os esforços solicitantes? Conceitue-os sucintamente.

3.8.3. Esquematize a convenção de sinais dos esforços solicitantes.

3.8.4. O que se entende por barra? E por chapa?

3.8.5. O que se entende por viga? E por pilar?

3.8.6. Quais são os esforços solicitantes das estruturas planas?

3.8.7. Calcule os esforços solicitantes na seção "C", das estruturas, representadas nas
figuras 139 a 143.

FIG. 139 FIG. 140


65

FIG. 141 FIG. 142 FIG. 143

3.8.8. O que são diagramas de esforços solicitantes?

3.8.9. Como são construídos os diagramas de esforços solicitantes?

3.8.10. Utilizando os diagramas e fórmulas para o cálculo de vigas, trace os diagramas de


momento fletor (M), força normal (N) e força cortante (V), para as estruturas
representadas nas figuras 144 a 148.

FIG. 144 FIG. 145

FIG. 146 FIG. 147 FIG. 148

3.8.11. O que afirma o Principio da Superposição de Efeitos?

3.8.12. Em que condições pode ser aplicado o Principio da Superposição de efeitos?


66

3.8.13. Utilizando o Principio da Superposição de Efeitos, e os resultados do exercício

3.8.14. Trace os diagramas de M, N e V para as estruturas representadas nas figuras 149 a


152.

FIG. 149 FIG. 150

FIG. 151 FIG. 152

3.8.15. Faça um resumo dos teoremas auxiliares para o traçado de diagramas de esforços
solicitantes, apresentados no item 3.7.

3.8.16. De que forma é possível se traçar diagramas de M, N e V , sem o auxilio de


tabelas?

3.8.17. Trace os diagramas de M, N e V, das estruturas representadas nas figuras 139 a 143
e 153 a 156.
67

FIG. 153 FIG. 154

FIG. 155 FIG. 156


68

4. ESTUDO ELEMENTAR DA RESISTÊNCIA

O estudo da resistência, tem por finalidade a determinação da seção da peça componente


de uma estrutura, de modo que esta satisfaça certas condições relativas à segurança contra
ruptura e à deformação.

Iniciar-se-á aqui o estudo da resistência pela interpretação mais simples possível dos
fenômenos a ela relacionados.

4.1. TRAÇÃO E COMPRESSÃO

No ensaio de tração, figura 157, o corpo de provas é solicitado por uma força axial (F). A
máquina de ensaio permite aumentar esta força, gradativamente, até o valor da carga de
ruptura (Fr) que produz o rompimento do corpo de provas.

a) Esquema do ensaio b) Ruptura do corpo-de-prova


FIG. 157 - Esquema de um ensaio de tração em um corpo-de-prova de madeira
69

Dispondo-se de um grande número de ensaios de tração observa-se que:

1. A carga de ruptura (Fr) não depende do comprimento da barra (L) nem


da forma da seção.
2. A carga de ruptura (Fr) é proporcional à área da seção (A), sendo a
relação (Fr/A) um parâmetro característico do material.

A relação (Fr/A) é conhecida como TENSÃO DE RUPTURA e corresponde a força


transmitida por unidade de área no instante da ruptura.

Os ensaios de compressão em peças curtas, figura 158, permitem as mesmas observações


do ensaio de tração. Já nas peças mais compridas o problema de ruptura depende do
comprimento (L) e da forma da seção, tais peças sofrem perda de estabilidade lateral, ou
flambagem (ver item 4.5.).

a) Esquema do ensaio b) Ruptura do corpo-de-prova


FIG. 158 - Esquema de um ensaio de tração em um corpo-de-prova de madeira

Excluindo as peças compridas com força de compressão, o efeito da força normal (N) em
barras é interpretado pela seguinte hipótese de trabalho: a força normal, N , provoca uma
TENSÃO NORMAL, uniformemente distribuída na seção, dada por:

N
σ= Eq. 06
A

Sendo:

σ = tensão normal, na seção;


N = força normal, atuante na seção;
A = área da seção transversal.
70

As tensões serão positivas, quando de tração, e negativas se de compressão, conseqüência


imediata da convenção de sinais adotada para força normal.

Nas barras de uma estrutura não se pode aproveitar integralmente sua resistência, deve-se
deixar uma margem para evitar com segurança a ruptura. Desta consideração nasce a noção
de TENSÃO ADMISSÍVEL(fAdm) que é a tensão de ruptura minorada por um coeficiente
de segurança. Por exemplo a seção (A) de uma barra solicitada pela força normal (N) é
suficiente quando:

N
σ= ≤ f Adm Eq. 07
A

Além da resistência deve ser estudada a deformação das estruturas. As barras tracionadas
sofrem alongamentos e as comprimidas encurtamentos. Nos ensaios de tração e
compressão pode-se, através de extensômetros, ler a deformação (∆l) entre dois pontos
distantes de um comprimento (l). A relação(∆l/l) dita DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (ε),
representa o alongamento, ou encurtamento, por unidade de comprimento.

Traçando-se um gráfico de tensões contra deformações especificas, de um ensaio de tração,


ou compressão, obtém-se um diagrama como o da figura 159.

FIG. 159 - Diagrama "σ x ε" para ensaio de tração, ou compressão, em madeira

A observação dos ensaios de tração e compressão permite observar que:

3. O diagrama "σ x ε" apresenta um trecho linear OA , onde as tensões são


proporcionais as deformações, este trecho é limitado superiormente pela
TENSÃO NO LIMITE DE PROPORCIONALIDADE (σe). Um corpo
71

de prova submetido a um esforço normal N, cuja tensão σ = N A é


inferior a σe, quando retirado o esforço, assume um comportamento
elástico voltando a sua forma inicial, por este motivo diz-se que o trecho
OA corresponde a um REGIME ELÁSTICO. No caso da madeira o
limite de proporcionalidade, praticamente, coincide com o limite
elástico.
4. O diagrama "σ x ε" apresenta um trecho curvilíneo AC limitado
inferiormente pelo limite de proporcionalidade (σe) e superiormente pela
ruptura (fr). Um corpo de prova submetido a um esforço normal N, cuja
tensão σ = N A se posiciona entre σe e fr, quando retirado o esforço,
assume um comportamento inelástico não mais voltando a forma inicial
mas permanecendo deformado, por este motivo diz-se que o trecho AC
corresponde a um REGIME INELÁSTICO.

A segurança contra ruptura exige tensões admissíveis contidas sempre na zona de


proporcionalidade. Isto permite estabelecer um cálculo fácil dos alongamentos, ou
encurtamentos, encontrados em barras de estruturas. Expressando-se a proporcionalidade
entre σ e ε por um parâmetro E , dito MÓDULO DE ELASTICIDADE, ou, MÓDULO DE
YOUNG, obtém-se:

σ = E .ε
Eq. 08
σ
ε=
E

Substituindo-se ε por ∆l/l e σ por N/A, obtém-se:

∆l N
=
l E .A
Eq. 09
N .l
∆l =
E .A

Sendo:

σ = tensão atuante na barra;


ε = deformação especifica;
E = módulo de elasticidade do material;
∆l = deformação da barra;
N = força normal atuante na barra;
l = comprimento da barra, e
A = área da seção transversal da barra.
72

As equações 08 e 09 são formas de uma lei, válida para o regime elástico, conhecida por
LEI DE HOOKE. Note, da equação 08, que sendo ε = ∆l l isento de unidade, as unidades
de módulo de elasticidade são as mesmas de tensões.

4.2. CISALHAMENTO SIMPLES

O cisalhamento simples só tem interesse nas ligações de estruturas de madeira, visto que
na maioria das vezes o esforço cortante está agindo em conjunto com momentos fletores e
o tratamento que, aqui, será empregado não é suficiente para explicar o fenômeno, o qual
será estudado adiante, no item 4.3.

Do ensaio de cisalhamento, em peças de madeira, representado figura 160, observa-se que:

a) Corpo-de-prova b) Esquema do c) Ruptura da d) Corpo-de-prova


ensaio peça rompido
FIG. 160 - Esquema de ensaio de cisalhamento em um corpo-de-prova de madeira

1. Fazendo abstração do pequeno momento produzido, a carga de ruptura


(Fr) é proporcional a área cisalhante (Ac), sendo a relação (Fr/Ac),
conhecida como TENSÃO DE RUPTURA AO CISALHAMENTO, um
parâmetro característico do material, que corresponde a força
transmitida por unidade de área da seção cisalhante, no instante de
ruptura.

Esta observação é interpretada pela seguinte hipótese de trabalho: a força F, provoca uma
TENSÃO DE CISALHAMENTO, uniformemente distribuída na área da seção cisalhante,
dada por:

F
τ= Eq. 10
Ac

Sendo :

τ = tensão de cisalhamento;
F = carga aplicada, e
Ac = área da seção cisalhante.
73

4.3. FLEXÃO DE BARRAS COM SEÇÃO SIMÉTRICA

Estudar-se-á, agora, a flexão de vigas com seção simétrica, e, cujo "plano das forças" é o
plano de simetria da viga, figura 161. Apesar, do problema lançado, ser limitado, é o caso
mais freqüente em estruturas de madeira.

FIG. 161 - Flexão de viga com seção simétrica

A observação de vigas fletidas, com momento fletor positivo, permite observar que:

1. As fibras inferiores são esticadas e as superiores são comprimidas,


indicando que a região inferior da viga possui tensões de tração
(produzem alongamentos) e a superior tensões de compressão
(produzem encurtamentos).
2. Não ocorrendo força normal, a linha que une os centros de gravidade
das seções, em vigas de material homogêneo, não tem seu comprimento
alterado, indicando que nesta linha as tensões serão nulas. A linha de
tensões nulas é chamada de LINHA NEUTRA.

Estas informações permitem supor a seguinte hipótese de trabalho: o momento fletor


produz tensões linearmente distribuídas sobre a seção, ou seja:
σ = k .y

Com esta hipótese, fazendo-se o equilíbrio de uma seção submetida a momento fletor M,
figura 162, obtém-se:

a) Seção b) Diagrama linear de tensões


FIG. 162 - Seção submetida a momento fletor
74

Calculando-se o diferencial de momento fletor (dM), produzido pelas tensões (σ) atuantes
no diferencial de área (dA), a uma distância (y) do centro de gravidade (C.G.), obtém-se:

dM = σ .dA. y = k . y . y .dA = k . y 2 .dA

Integrando-se ao longo da seção, resulta:

∫ ∫
M = k . y 2 .dA = k . y 2 .dA
s s

Definindo-se:

∫ y .dA
2
I= Eq. 11
s

∫ ∫ r .dm , estudado na física,


2 2
O parâmetro I = y .dA , por analogia ao momento de inércia,
s
é conhecido por MOMENTO DE INÉRCIA, o qual, por depender apenas da seção, é uma
característica geométrica da seção.

E portanto o momento fletor é dado por:

M
M = k .I , e portanto k =
I

E a tensão, provocada pelo momento fletor, a uma distância (y) do centro de gravidade é
dada por:

M
σ= .y Eq. 12
I

Sendo:

σ = tensão normal na seção, devido a M, em um ponto distante do eixo x-x, que passa pelo
centro de gravidade, de "y";
I = momento de inércia da seção;
y = distância do ponto considerado ao eixo x-x que passa pelo centro de gravidade.

Para se estudar o efeito da força cortante (V), que em geral atua em conjunto com o
momento fletor (M), em vigas fletidas, separa-se um elemento de viga, entre as seções x e
x+dx e limitado por um plano y constante, figura 163.
75

a) Seção b) Elemento de viga c) Perspectiva do elemento


FIG. 163 - Elemento de viga entre as seções x e x+dx

As tensões normais σx e σx+dx, provocadas pelos momentos Mx e Mx+dx, nas seções x e


x+dx, produzirão es resultantes Tx e Tx+dx, no elemento considerado, assim:

Mx
σx = .y
I

M x + dx
σ x + dx = .y
I

y1 y1 y1
Mx M

T x = σ x .dA =
y

y
I I ∫
.y .dA = x . y .dA
y

y1 y1 y1
M x + dx M

T x + dx = σ x + dx .dA =
y

y
I I ∫
.y .dA = x + dx . y .dA
y

Definindo-se:

y1

S=
∫ y.dA
y
Eq. 13

y1

O parâmetro S = ∫ y.dA , por analogia ao momento M = F .z é conhecido por MOMENTO


y

ESTÁTICO, o qual, por depender apenas da seção, é outra característica geométrica da


seção.

Assim as resultantes Tx e Tx+dx, ficarão:

Mx
Tx = .S
I

M x+ dx
Tx+dx = .S
I
76

Isolando-se o elemento considerado, figura 164, com as resultantes Tx e Tx+dx, nota-se que
o elemento só estará em equilíbrio, na direção axial, se existir uma força aplicada no plano
y. Admitindo-se que esta força seja fornecida por tensões uniformes τh, então:

FIG. 164 - Elemento considerado em equilíbrio horizontal

∑F h ( +
= 0 → )
∴ T x + dx − T x − (τ h .b.dx ) = 0

Tx + dx − Tx
τh =
b.dx

Substituindo-se Tx+dx e Tx, obtidos anteriormente, resulta:

 M x + dx   M x 
 .S  −  .S 
 I   I  = (M S
τh = x + dx − M x ).
b.dx I .b.dx

Sendo:

M x + dx − M x = dM

Obtém-se:

dM S
τh = .
dx b.I

Aplicando a equação 03, do item 3.6, resulta:

V .S
τh =
b.I

Isolando-se um cubo de dimensões infinitesimais dx, limitado pelo plano y e pela seção x,
e sendo σ x+dx = σ x + dσ x , figura 165, obtém-se:
77

FIG. 165 - Cubo de dimensões infinitesimais

Da figura 165, nota-se que para ocorrer equilíbrio de momentos, devem existir forças Fl, F2
e F3, como as representadas nessa figura.

Equilibrando-se momentos no ponto A, obtém-se:

dx dx
− F3 .dx + F2 .dx − (σ x + dσ x ).dx 2 . = 0
∑MA = 0 ∴σ x .dx 2 .
2 2
dx
− F3 .dx + F2 .dx − dσ x .dx 2 . = 0
2

Desprezando-se os infinitésimos de ordem superior, resulta:

F2 = F3

Equilibrando-se momentos no ponto B, obtém-se:

dx dx
∴ (σ x + dσ x ).dx 2 .
∑ MB = 0 2
− τ h .dx 2 .dx + F1 .dx − σ x .dx 2 . = 0
2
dx
dσ x .dx 2 . − τ h .dx 2 .dx + F1 .dx = 0
2

Desprezando-se os infinitésimos de quarta ordem, resulta:

F1 = τ h .dx 2

Do equilíbrio vertical do elemento, obtém-se:

∑ F = 0(+ ↑)∴ F − F
v 1 2 =0

F1 = F2

Assim: F1 = F2 = F3 = τ h .dx 2

Admitindo-se que as forças F1, F2 e F3 sejam uniformemente distribuídas no elemento,


então:
78

F1 = τ 1 .dx 2

F2 = τ 2 .dx 2

F3 = τ 3 .dx 2

E portanto, ficou estabelecido, aqui, o TEOREMA DE CAUCHY, que afirma que as


tensões cisalhantes em planos perpendiculares são iguais, ou seja:

τ h = τ1 = τ 2 = τ 3

Suprimindo-se os índices das tensões cisalhantes, devido a igualdade destas, obtém-se:

τ = τ h = τ1 = τ 2 = τ 3

V .S
τ= Eq. 14
b.I

Até o momento, ficou estabelecido que o momento fletor produz um M diagrama linear de
M V .S
tensões normais σ = . y e que a força cortante produz tensões de cisalhamento τ = ,
I b.I
entretanto a distribuição das tensões ao longo da seção não ficou estabelecida.

Estudando-se a forma da distribuição, ao longo de uma seção retangular, das tensões de


cisalhamento τ, obtém-se:

FIG. 166 - Seção retangular

V .S
τ=
b.I

V = constante = força cortante na seção

b = constante = largura da seção


2
I = constante, pois I = y .dA
s
79

dA = b.dy

y1 y1 y1 y1
 y2 
S=
∫ y.dA = ∫
y y

y .b.dy = b. y .dy = b. + C 
y  2 
y

 y12   y2  b b
S = b. + C  −  + C  = − .y 2 + .y12

 2 
  
2  2 2

V .S V  b 2 b 2  V V
τ= = . − .y + .y1  = − .y 2 + .y12 ⇒ equação de uma parábola
b.I b.I  2 2  2.I 2.I

O ponto de máximo τ , será obtido por:

dτ d 2τ
=0 e <0
dy dy 2

dτ d  V 2 V 2 V
= − .y + .y1  = − . y
dy dy  2.I 2.I  I

dτ V
= 0 ⇒ − .y = 0 ⇒ y = 0 ⇒ posição do centro de gravidade
dy I

d 2τ d2  V 2 V 2 d  V  V
= − .y + .y1  =  − . y  = − < 0
dy 2 dy 2  2.I 2.I  dy  I  I

E portanto, a seção retangular, apresenta uma distribuição parabólica de tensões de


cisalhamento, cujo valor máximo se encontra no centro de gravidade. Assim o momento
estático que conduz a máxima tensão de cisalhamento é o de meia seção.

4.4. DEFORMAÇÃO POR FLEXÃO

Em uma viga solicitada por momento fletor positivo as fibras inferiores recebem tensões
de tração e se esticam, as superiores recebem tensões de compressão e se encurtam. A viga
toma uma forma curva, e os pontos que formavam, antes da deformação, o eixo da viga,
formarão, depois, uma curva denominada LINHA ELÁSTICA da viga, ou simplesmente
ELÁSTICA.

A finalidade deste estudo é obter um método que permite calcular s equação da elástica
v = v(x ) . A figura 167 mostra um elemento antes do carregamento (1 - 2 - 3 - 4) e na sua
posição deslocada e deformada (1' - 2' -3' - 4'), para perceber melhor a deformação o
desenho do elemento deformado foi repetido na posição não deslocada (1 - 2" - 3 - 4").
80

a) linha elástica da viga b) Posição do elemento antes e depois da


deformação
FIG. 167 - Deslocamento e deformação da viga fletida

Segundo a lei de Hooke, equação 08 item 4.1. , o alongamento ∆dx, do elemento, seria:

σ ∆dx σ σ
ε= ⇒ = ⇒ ∆dx = .dx
E dx E E

OBSERVAÇÃO: A distribuição linear de alongamentos, utilizada aqui, é conseqüência da


distribuição linear de tensões. Historicamente foi utiliza da a suposição de BERNOULLI-
NAVIER segundo a qual as seções planas permanecem planas após a deformação por
flexão.

Aplicando s equação 12, item 4.3., da tensão normal produzida por momento fletor (M),
obtém-se:

M
σ= .y
I

σ M
∆dx = .dx ⇒ ∆dx = . y .dx
E E .I

Assim, conforme a figura 167, tem-se:

dx ∆dx M
dϕ = = = .dx
r y E .I
81


E portanto, a curvatura da elástica k = , será:
dx

1 M
k= = Eq. 15
r E .I

Desta forma, a curvatura da elástica é proporcional ao momento fletor e inversamente


proporcional ao produto E.I, conhecido por RIGIDEZ CONTRA FLEXÃO.

Sabendo-se que, dada uma curva v = v(x ) , entre as derivadas de v(x ) e a curvatura k = 1 r
existe a relação:

d 2v
1 dx 2
=± 3
r   dv  2  2
1 +   
  dx  

2
 dv 
E, como na prática, os deslocamentos v são pequenos, o termo   pode ser desprezado
 dx 
em relação a unidade, resultando:

1 d 2v
=± 2
r dx

Na prática, consideram-se positivo os v para baixo, e positivas as curvaturas quando a


convexidade também é para baixo, figura 168. Assim, quando as curvaturas são positivas,
as segundas derivadas são negativas, e para se obter a convenção de sinal referida, deve-se
ter:

1 d 2v
=− 2
r dx

FIG. 168 - Convenção de sinais para a curvatura e para os deslocamentos


82

Aplicando, este resultado na equação 15, obtém-se a equação diferencial utilizada no


cálculo da linha elástica.

d 2v M
− 2
=
dx E .I

d 2v
E .I . = −M Eq. 16
dx 2

OBSERVAÇÃO: A equação 16, fornece um cálculo aproximado das flechas, não só pela
aproximação da equação da curvatura, mas principalmente pela não consideração da força
cortante no cálculo da flecha. Entretanto, como o cálculo das flechas tem por finalidade:

1. Evitar o efeito estético de uma flecha exagerada, a possibilidade de


vibrações de uma viga que apoia uma máquina, etc.. Portanto, para este
fim, basta um cálculo simples da flecha, pois não afeta a resistência da
peça não alterando portanto a sua segurança.
2. Servir de base pare calcular os esforços de sistemas hiperestáticos. Neste
caso as flechas deveriam ser bastante precisas, entretanto estes esforços
são funções de relações de flechas, na mesma viga, o que permite
considerar que um eventual erro sistemático será em grande parte
cancelado.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO - Calcular a equação da linha elástica, a posição da flecha


máxima, e a flecha máxima para a viga, de E.I constante, representada na figura 169.

FIG. 169 - Exemplo dado

Inicialmente calculam-se as reações de apoio, obtendo-se:

H A = 0N

V A = 2375N

V B = 4125
83

FIG. 170 - Reações de apoio

Calculando-se as equações de momento fletor, obtém-se:

• Para o trecho AB (0 ≤ x ≤ 3,00m )

x
∑ M =0 ∴ 2375.x − 500.x. − M = 0
2

M = −250.x 2 + 2375.x ( N .m se x em m )

FIG. 171

• Para o trecho BC (3,00 ≤ x ≤ 4,50m)

∑M =0 ∴ 2375.x − 1500.(x − 1,50) − M = 0

M = 875.x + 2250 ( N .m se x em m )

FIG. 172

• Para o trecho CD (4,50 ≤ x ≤ 6,00m)

∑M =0 ∴ M − 4125.(6,00 − x ) = 0

M = −4125.x + 24750 ( N .m se x em m )

FIG. 173
84

As condições de contorno para este problema serão:

• Em x = 0m

A flecha é nula, pois o ponto A (figura 170) é um apoio fixo.

v (0 ,00 m ) = 0

• Em x = 3,00 m

As flechas a esquerda e a direita são iguais, pois a elástica é continua (sem


descontinuidade).

v esq . (3,00 m ) = v dir . (3,00 m )

As derivadas primeira, a esquerda e a direita, da elástica são iguais, pois a elástica é


continua (não forma quina).

 dv esq .   dv 
  =  dir . 
 dx 
  x = 3 ,00 m  dx  x =3 ,00 m

• Em x = 4 ,50 m

Pelos mesmos motivos, apresentados para x = 3,00 m , tem-se:

v esq . (4 ,50 m ) = v dir . (4 ,50 m )

 dv esq .   dv 
  =  dir . 
 dx 
  x = 4 ,50 m  dx  x = 4 ,50 m

• Em x = 6 ,00 m

A flecha é nula, pois o ponto D (figura 170) é um apoio móvel.

v (6 ,00 m ) = 0

Por simplicidade de notação utilizar-se-á, para os trechos AB , BC e CD , as elásticas


v1 (x ), v 2 (x ) e v 3 (x ), respectivamente, assim, as condições de contorno serão:

v1 (0 ,00 m ) = 0

v1 (3,00 m ) = v 2 (3,00 m )
85

 dv1   dv 
  = 2 
 dx  x =3,00m  dx  x =3,00m

v 2 (4 ,50 m ) = v 3 (4 ,50 m )

 dv 2   dv 
  =  3 
 dx  x = 4 ,50m  dx  x = 4 ,50m

Aplicando-se a equação diferencial para o cálculo da linha elástica, equação 16, obtém-se:

d 2 v1
E .I . 2
= 250.x 2 − 2375.x
dx

d 2 v2
E .I . = −875.x − 2250
dx 2

d 2 v3
E .I . = 4125.x − 24750
dx 2

Integrando-se estas equações, uma vez, em x, obtém-se:

dv1 250 3 2375 2


E .I . = .x − .x + C1
dx 3 2

dv 2 875 2
E .I . =− .x − 2250.x + C 3
dx 2

dv3 4125 2
E .I . = .x − 24750.x + C 5
dx 2

Integrando-se mais uma vez, em x, obtém-se:

250 4 2375 3
E .I .v1 = .x − .x + C1 .x + C 2 ( v1 em m se E .I em N .m 2 )
12 6

875 3 2250 2
E .I .v 2 = − .x − .x + C 3 .x + C 4 ( v 2 em m se E .I em N .m 2 )
6 2

4125 3 24750 2
E .I .v 3 = .x − .x + C 5 .x + C 6 ( v3 em m se E .I em N .m 2 )
6 2

Aplicando-se as condições de contorno, obtém-se o seguinte sistema de equações:


86

C2 = 0

10125
3.C1 + C 2 − 3.C 3 − C 4 = −
2

C1 − C 3 = −2250

9 9
.C 3 + C 4 − .C 5 − C 6 = −151875
2 2

C 3 − C 5 = −50625

6.C 5 + C 6 = 297000

Cujo resultado será:

C1 = 9562,5 N .m 2 C 2 = 0 N .m 3

C 3 = 11812,5 N .m 2 C 4 = −1687,5 N .m 3

C 5 = 62437,5 N .m 2 C 6 = −77625N .m 3

Desta forma, obtém-se as seguintes elásticas:

• Para o trecho AB (0 ≤ x ≤ 3,00m )

250 4 2375 3 19125


v1 = .x − .x + .x ( m se E.I em N.m2 )
12.E .I 6.E .I 2.E .I

• Para o trecho BC (3,00 ≤ x ≤ 4,50m)

875 3 2250 2 23625 3375


v2 = − .x − .x + .x − ( m se E.I em N.m2 )
6.E .I 2.E .I 2.E .I 2.E .I

• Para o trecho CD (4,50 ≤ x ≤ 6,00m)


4125 3 24750 2 124875 77625
v3 = .x − .x + .x − ( m se E.I em N.m2 )
6.E.I 2.E.I 2.E.I E.I

Existindo ponto de máxima flecha, em cada um dos trechos considerados, então tem-
dv
se que = 0 neste ponto.
dx
87

• Para o trecho AB (0 ≤ x ≤ 3,00m )

dv1 250 3 2375 2 19125


E .I . = .x − .x + =0
dx 3 2 2

dv1
O trecho não possui ponto de máximo, pois as raízes da equação =0,
dx
x1 ≅ −2,609m , x 2 ≅ 3,226m e x 3 ≡ 13,634m , não pertencem ao trecho considerado.
Assim, a máxima flecha, neste trecho, ocorrerá em x = 3,00m e será:

250 2375 19125 39375


v1 = .(3,00)4 − .(3,00)3 + .(3,00) = ( m se E.I em N.m2 )
12.E.I 6.E.I 2.E.I 2.E.I

• Para o trecho BC (3,00 ≤ x ≤ 4,50m)

dv 2 875 2 23625
E .I . =− .x − 2250.x + =0
dx 2 2

dv 2
As raízes da equação = 0 são: x1 ≅ −8,369m e x 2 ≅ 3,226m . Assim, neste trecho,
dx
a máxima flecha ocorrerá em x ≅ 3,226m , pertencente ao trecho, e será:

875 2250 23625 3375


v2 = − .(3,226)3 − .(3,226)2 + .(3,226) − ⇒
6.E .I 2.E .I 2.E .I 2.E .I

19816
v2 ≅ ( m se E.I em N.m2 )
E .I

• Para o trecho CD (4,50 ≤ x ≤ 6,00m)

dv 3 4125 2 124875
E .I . = .x − 24750.x + =0
dx 2 2

dv 3
O trecho não possui ponto de máximo, pois as raízes da equação =0,
dx
x1 ≅ 3,607m e x 2 ≅ 8,393m , não pertencem ao trecho considerado. Assim a máxima
flecha, neste trecho, ocorrerá em x = 4,50m e será:

4125 24750 124875 77625


v3 = .(4,50)3 − .(4,50)2 + .(4,50) − ⇒
6.E.I 2.E.I 2.E.I E.I

15398
v3 ≅ ( m se E.I em N.m2 )
E.I
88

Assim, para a estrutura em questão, a flecha máxima ocorrerá em x ≅ 3,226m e será:

19816
v máx ≅ ( m se E.I em N.m2 )
E .I

4.5. FLAMBAGEM

A perda de estabilidade lateral, em peças comprimidas esbeltas, é conhecida por


FLAMBAGEM, na qual a peça flamba bem antes de atingir a carga de ruptura (Fr). A
carga aplicada no momento em que ocorre a flambagem é conhecida como CARGA
CRÍTICA (Fcr). A figura 174, apresenta algumas barras no momento da flambagem.

a) Barra bi-articulada b) Barra simplesmente c) Barra engastada d) Barra bi-engastada


engastada e articulada
FIG. 174 - Exemplos de flambagem

A natureza do fenômeno permite perceber, os seguintes pontos:

1. A teoria de primeira ordem, que permite, nos cálculos dos esforços,


confundir a forma inicial da estrutura com sua forma deslocada pelas
cargas, deve ser abandonada no estudo da flambagem.
2. A flambagem não é problema de resistência e sim de estabilidade
elástica. A carga crescente abandona, no valor da carga critica (Fcr), o
regime de equilíbrio estável e entra, em regime de equilíbrio instável, no
qual as flechas crescem com uma carga praticamente constante.
3. A ruptura da peça se dá, não por compressão, mas sim, por flexão.

Para se obter o valor da carga critica (Fcr), pode-se estudar o equilíbrio da barra em sua
posição deslocada.

Para o caso de uma BARRA BI-ARTICULADA, sujeita à compressão, figura 175, tem-se:
89

FIG. 175 - Barra bi-articulada

O deslocamento v, em uma abscissa x, provoca na barra um momento fletor M, dado por:

M = F .v

Aplicando-se a equação para o cálculo da elástica, equação 16, item 4.4., obtém-se:

d 2v
E .I . = − F .v
dx 2

d 2v F
2
+ .v = 0 Eq. 17
dx E .I

Cuja solução geral é:

v = C1 . sen(k .x ) + C 2 . cos(k .x )

E, portanto:

dv
= C1 .k . cos(k .x ) − C 2 .k . sen(k .x )
dx

d 2v
2
= −C1 .k 2 . sen(k .x ) − C 2 .k 2 . cos(k .x )
dx

As condições de contorno, para o problema, são:

1. Em x = 0, v = 0, pois é ponto de apoio


2. Em x = l , v = 0, pois é ponto de apoio
90

Para satisfazer a condição l, deve-se ter:

v(0) = C1 . sen(k .0) + C 2 . cos(k .0) ⇒ C 2 = 0

Assim, pode-se reduzir, as equações anteriores à:

v = C1 . sen(k .x )

dv
= C1 .k . cos(k .x )
dx

d 2v
2
= −C1 .k 2 . sen(k .x ) = −k 2 .v
dx

Aplicando-se na equação 17, obtém-se o parâmetro k.

d 2v F
+ .v = 0
dx 2 E .I

F
− k 2 .v + .v = 0
E .I

 F 
v. − k 2 + =0
 E .I 

F
k=
E .I

Para satisfazer a condição 2, deve-se ter:

 F 
v(l ) = C1 . sen .l  = 0
 E .I 
 

O que implica, para que exista a elástica no momento da flambagem, em:

 F 
sen .l  = 0
 E .I 
 

F
.l = n.π
E .I

Assim, a carga critica será a primeira ocorrência de elástica, ou seja, para n = 1 e portanto:
91

Fcr
.l = π
E .I

π 2 .E .I
Fcr =
l2

Para o caso de uma BARRA SIMPLESMENTE ENGASTADA, com as condições de


contorno, que se seguem, de forma análoga ao caso anterior, obtém-se:

FIG. 176 - Barra simplesmente engastada

• Em x = l , v = 0, pois é ponto de apoio


dv
• Em x = l , = 0, pois a rotação é nula no engastamento fixo
dx

π 2 .E .I
Fcr =
4.l 2

Para o caso de uma BARRA ENGASTADA E ARTICULADA, figura 177, de forma


análoga, obtém-se:

• Em x = 0, v = 0, pois é ponto de apoio


• Em x = l , v = 0, pois é ponto de apoio
dv
• Em x = l , = 0, pois a rotação é nula no engastamento fixo
dx
92

2.π 2 .E .I
Fcr =
l2

FIG. 177 - Barra engastada e articulada

Para o caso de uma BARRA BI-ENGASTADA figura 178, de forma análoga, obtém-se:

FIG. 178 - Barra bi-engastada

• Em x = 0, v = 0, pois é ponto de apoio


dv
• Em x = 0, = 0, pois a rotação é nula no engastamento móvel
dx
• Em x = l , v = 0, pois é ponto de apoio
dv
• Em x = l , = 0, pois a rotação é nula no engastamento fixo
dx

4.π 2 .E .I
Fcr =
l2
93

Utilizando-se o COMPRIMENTO DE FLAMBAGEM (lfl), apresentados nas figuras 175 a


178, em vez do comprimento da barra, a carga critica, para os casos apresentados, pode ser
obtida por:

π 2 .E .I
Fcr =
l 2fl

Sendo:

Fcr = carga critica de flambagem, também conhecida por CARGA DE EULER;


E = módulo de elasticidade do material;
I = momento de inércia da seção, e
lfl = comprimento de flambagem da barra.

Do conceito de carga critica, surge o conceito de TENSÃO CRÍTICA DE FLAMBAGEM


(σcr), ou seja, a tensão atuante na barra no momento da flambagem.

Fcr
σ cr =
A

π 2 .E .I
σ cr =
l 2fl .A

Definindo-se:

I I
i= ⇒ i2 =
A A

OBSERVAÇÃO: O parâmetro i, assim definido, é conhecido como RAIO DE


GIRAÇÃO, por analogia ao que se segue:

Seja uma área infinitesimal A, distante i, de um eixo x-x (figura 179). O momento de
inércia (I), desta área, em relação ao eixo será:

FIG. 179

∫y
2
I= .dA = i 2 .A
s
94

I
i2 =
A

I
i=
A

Onde, a distância i, mede um raio através do qual a área A gira em torno do eixo x-x.
Substituindo-se, e expressão do raio de giração, à tensão critica de flambagem resulta:

π 2 .E .i 2
σ cr =
l 2fl

Definindo-se:

l fl
λ=
i

l 2fl
λ2 =
i2

OBSERVAÇÃO: O parâmetro λ, assim definido, é conhecido como ÍNDICE DE


ESBELTEZ, por ser uma relação entre a altura da barra e características da seção,
exprimindo de alguma forma o quão delgada é a peça.

Com a utilização do índice de esbeltez, a tensão crítica de flambagem, resultará na


FÓRMULA DE EULER:

π 2 .E
σ cr = Eq. 19
λ2

Sendo:
σcr = tensão critica de flambagem;
E = módulo de elasticidade do material;
l fl
λ = índice de esbeltez, λ = ;
i
lfl = comprimento de flambagem da barra;
I
i = raio de giração, i = ;
A
I = momento de inércia da seção, e
A = área da seção transversal.

Cumpre ressaltar, aqui, algumas observações adicionais.

1. A fórmula de EULER, equação 19, só é válida para peças onde a


flambagem ocorra em regime elástico. De fato, pois a equação para
95

cálculo da linha elástica, utilizada para sua demonstração, se utiliza da


lei de Hooke, válida somente no regime elástico (ver item 4.4).
2. Do ponto de vista prático, o comprimento de flambagem (lfl) deve ser
escolhido com pessimismo para se ficar ao lado da segurança. Motivo
pelo qual a NBR-7190 (Cálculo e Execução de Estruturas de Madeira -
Norma Brasileira Registrada) adota para comprimento de flambagem o
dobro do comprimento da peça (lfl=2.l), quando simplesmente
engastada, e o comprimento da peça nos demais casos (lfl=l).

4.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

4.6.1. Qual a finalidade do estudo da resistência?

4.6.2. O que se entende por tensão de ruptura?

4.6.3. Qual a hipótese de trabalho utilizada para o efeito da força normal em barras de
estruturas? Existe alguma restrição? Caso afirmativo, qual?

4.6.4. O que se entende por tensão admissível?

4.6.5. Além da resistência, o que mais deve ser estudado em estruturas?

4.6.6. O que é deformação especifica? O que representa?

4.6.7. O que se entende por tensão no limite de proporcionalidade?

4.6.8. O que se entende por regime elástico? E regime inelástico?

4.6.9. No caso da madeira, existe relação entre o limite elástico e o limite de


proporcionalidade? Como?

4.6.10. O que se entende por módulo de elasticidade?

4.6.11. Quais as formas mais conhecidas da lei de Hooke?

4.6.12. Quais as unidades usuais da deformação especifica? E do módulo de Young?

4.6.13. O que se entende por tensão de ruptura ao cisalhamento? E por tensão de


cisalhamento?

4.6.14. Que observações pode-se tirar de vigas fletidas, com momento fletor positivo?

4.6.15. O que se entende por linha neutra?

4.6.16. Qual a hipótese de trabalho utilizada para exprimir o efeito do momento fletor
sobre vigas?

4.6.17. O que se entende por momento de inércia? Qual a analogia utilizada para sua
denominação?
96

4.6.18, Qual a tensão (σ) provocada por um momento fletor (M), em um ponto distante (y)
da linha neutra, quando não existe força normal?

4.6.19. O que se entende por momento estático? Qual a analogia utilizada para sua
denominação?

4.6.20. O que rege o teorema de Cauchy?

4.6.21. Qual o efeito produzido pela força cortante em vigas fletidas? Como ele é avaliado?

4.6.22. Como se distribuem as tensões de cisalhamento, em uma seção de viga fletida de


seção retangular? Onde se encontra seu valor máximo? Qual o momento estático
utilizado?

4.6.23. O que se entende por linha elástica?

4.6.24. Qual e suposição, histórica, de Bernoulli-Navier?

4.6.25. Como é conhecido o produto E.I, do módulo de elasticidade pelo momento de


inércia?

4.6.26. Qual a equação diferencial utilizada no cálculo da linha elástica?

4.6.27. Por que e equação, referida no exercício 4.6.26, fornece um cálculo aproximado?

4.6.28. Justifique porque o cálculo aproximado de flechas é normalmente aceito.

4.6.29. Obtenha a elástica, o ponto de flecha máxima e a flecha máxima, da estrutura


representada na figura 180.

FIG. 180 - Estrutura dada

4.6.30. O que se entende por flambagem?

4.6.31. O que se entende por carga critica de flambagem?

4.6.32. É possível utilizar a teoria de primeira ordem, no estudo da flambagem? Porque?

4.6.33. A flambagem é problema de resistência? Porque?


97

4.6.34. A ruptura de uma peça, esbelta, comprimida se dá por compressão? Caso negativo,
como ocorre?

4.6.35. Para barras de comprimento l, forneça os comprimentos de flambagem, para os


seguintes casos:
a) Barra bi-articulada
b) Barra simplesmente engastada
c) Barra engastada e articulada
d) Barra bi-engastada.

4.6.36. Para a barra, representada na figura 181, forneça as condições de contorno e, por
analogia a resultados anteriores, a carga critica de flambagem, bem como o
comprimento de flambagem.

FIG. 181 - Barra dada

4.6.37. Qual a forma geral da carga de Euler?

4.6.38. Como é definido raio de giração? Qual a analogia utiliza da para sua denominação?

4.6.39. Como é definido o índice de esbeltez? O que exprime?

4.6.40. O que se entende por tensão critica de flambagem?

4.6.41. Qual a fórmula de Euler para o cálculo da tensão critica de flambagem?

4.6.42. A fórmula de Euler é aplicável em qualquer problema de flambagem? Justifique.

4.6.43. Como a NBR-7190 (Cálculo e Execução de Estruturas de Madeira - Norma


Brasileira Registrada) adota o comprimento de flambagem? Qual o motivo?
98

5. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE SEÇÕES PLANAS

5.1. GENERALIDADES

Durante o cálculo de estruturas, o engenheiro se defronta com problemas de tensões, ou


seja os efeitos sobre o material causados por esforços solicitantes.

Pode-se mostrar (ver item 4.3.), por exemplo, que o momento fletor produz sobre
determinada seção uma distribuição linear de tensões normais, representada na figura 182,
dadas por:

M
σ = .y
I

Sendo:

σ = tensão normal atuante em um ponto afastado de "y" da linha neutra (linha de tensão
nula que geralmente passa pelo centro de gravidade da seção;
M = momento fletor atuante na seção;
I = momento de inércia da seção em relação à linha neutra, e
y = distância do ponto em estudo à linha neutra.

FIG. 182 - Distribuição de tensões produzida por momento fletor

Já a força cortante produz, em uma viga de seção retangular, um diagrama parabólico de


tensões cisalhantes (ver item 4.3), cujo valor máximo é dado por:

V .S
τ máx =
b.I

Sendo:

τmáx = máxima tensão de cisalhamento atuante na seção;


99

V = força cortante atuante na seção;


S = momento estático de meia seção em relação à linha neutra;
b = largura da seção na linha neutra;
I = momento de inércia da seção em relação à linha neutra.

FIG. 183 - Distribuição de tensões cisalhantes produzida por força cortante

Enquanto que a força normal de tração e mesmo a de compressão peças curtas e robustas
(ver item 4.1), produz um diagrama de tensões normais uniforme, representados nas
figuras 184 e 185, dado por:

N
σ=
A

Sendo:

σ = tensão normal atuante na seção;


N = força normal atuante na seção, e
A = área da seção.

FIG. 184 - Distribuição de tensões produzida por uma força normal de tração

FIG. 185 - Distribuição de tensões produzida por uma força normal de compressão

Quando a peça é esbelta (pequena largura e grande comprimento) a força normal de


compressão produz o fenômeno da FLAMBAGEM, isto é a perda de estabilidade lateral
100

devido a compressão. Demonstra-se (ver item 4.5) que, neste caso, a tensão critica de
flambagem, ou seja, a tensão na iminência da flambagem é dada por:

π 2 .E
σ cr =
λ2

Sendo:

σcr = tensão critica de flambagem;


E = módulo de elasticidade do material, e
λ = índice de esbeltez.

O índice de esbeltez λ, por sua vez é dado por:

l fl
λ=
i

Sendo:

λ = índice de esbeltez;
lfl = comprimento de flambagem da peça, o qual depende do esquema estático, isto é, das
vinculações com o meio exterior, e
i = raio de giração

Desta forma torna-se obrigatório, ao calculista de estruturas, o perfeito conhecimento das


características geométricas de seções planas, bem como obte-las.

5.2. DEFINIÇÕES

As características geométricas de uma seção conhecidas como área da seção transversal,


momento estático, momento de inércia e raio de giração são definidas por:

• Área da seção transversal

A=
∫ dA
seção
Eq. 20

• Momento estático

y1
S=
∫ y.dA
y
Eq. 21

• Momento de inércia

∫y
2
I= .dA Eq. 22
seção
101

• Raio de giração

I
i= Eq. 23
A

5.3. TABELAS DE CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE SEÇÕES PLANAS

A seguir são apresentados os valores das características geométricas, para as seções mais
comuns.

a) Seção retangular

A = b.h

b.h 2 h.b 2
S x− x = S y− y =
8 8

b.h 3 h.b 3
I x− x = I y− y =
12 12
h b
i x− x = i y− y =
12 12
menor l arg ura
i min =
FIG. 186 12

b) Seção quadrada

A = a2

a3
S x− x = S y− y =
8

a4
I x− x = I y− y =
12
a
i x − x = i y − y = i min =
12
FIG. 187
102

c) Seção circular

π .d 2
A=
4

d3
S x− x = S y− y =
12

π .d 4
I x− x = I y− y =
64
d
i x − x = i y − y = i min =
4
FIG. 188

d) Seção triangular

b.h
A=
2
4 h.b 2
S x− x = .b.h 2 S y− y =
81 24

b.h 3 h.b 3
I x− x = I y− y =
36 48

2 .h 6
i x− x = ≅ 0,236.h i y− y = .b
6 12
i min = menor entre i x − x e i y− y
FIG. 189

e) Seção semicírculo

π .d 2
A=
8

S x − x ≅ 0 ,00858.d 3 d3
S y− y =
24
π 8  4 π 4
I x− x =  − .r I y− y = .r
 8 9.π  8
d
i x − x = i min ≅ 0,2643.r i y− y =
4
FIG. 190
103

f) Seção setor circular

2 sen 2
c = .r .
w ( ) A=
w 2
.r
3 w 2
2

I x− x =
8 r4
. . sen 2 w
9 w
( )
2
I y− y =
r4
8
.[w − sen(w)]

S a −a =
2 3
3
( )
.r . sen w
2 I a −a =
r4
.[w + sen(w)]
8
FIG. 191
OBS.: w em radianos

g) Seção composta

1. A primeira etapa do cálculo, das características geométricas da seção composta,


é identificar os elementos que a compõem e obter, para cada
elemento, Ai , I ix − x e I i y − y .
2. Em seguida deve-se adotar um sistema de eixos auxiliar OXY, identificar, neste
sistema de eixos, a posição do centro de gravidade de cada elemento (xi e yi) e
obter o centro de gravidade da seção composta por:
n n

∑ i =1
x i .Ai ∑ y .A
i =1
i i

xg = e yg = n
n

∑Ai =1
i ∑A
i =1
i

3. Finalmente, em relação aos eixos x-x e y-y, que passam pelo centro de
gravidade da seção composta, calculam-se as características geométricas da
seção composta por:
n
A= ∑Ai =1
i

n n
S x− x = ∑ ∆y .A ( meia
i =1
i i seção ) S y− y = ∑ ∆x .A ( meia
i =1
i i seção )

n n n n
I x− x = ∑ i =1
I ix − x + ∑
i =1
∆y i2 .Ai I y− y = ∑i =1
I iy− y + ∑ ∆x
i =1
2
i .Ai

I x− x I y− y
i x− x = i y− y =
A A
i min = menor valor entre i x − x e i y − y , sempre que existir ao menos um eixo
de simetria.
104

NOTAÇÕES:

a, b, h, d, c e r = distâncias cotadas nas figuras;


A = área da seção transversal;
Sx-x = momento estático, em torno do eixo x-x, para meia seção;
Sy-y = momento estático, em torno do eixo y-y, para meia seção;
Ix-x = momento de inércia, em torno do eixo x-x;
Iy-y = momento de inércia, em torno do eixo y-y;
ix-x = raio de giração, em torno do eixo x-x;
iy-y = raio de giração, em torno do eixo y-y;
imin = raio de giração mínimo;
Sa-a = momento estático, da seção, em torno do eixo a-a;
Ia-a = momento de inércia, da seção, em torno do eixo a-a;
xg e yg = coordenadas do centro de gravidade, da seção composta, em relação aos
eixos adotados X e Y;
xi e yi = coordenadas do centro de gravidade do elemento i, em relação aos eixos X
e Y;
Ai = área da seção transversal do elemento i;
I ix − x e I i y − y = momentos de inércia do elemento i em relação aos eixos passando pelo
centro de gravidade do elemento e paralelos aos eixos x-x e y-y,
respectivamente;
∆xi e ∆yi = distâncias entre os centros de gravidade da seção composta e do elemento
i, sobre os eixos x-x e y-y, respectivamente.

5.4. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

A titulo de exemplo, pode-se resolver os seguintes problemas:

EXEMPLO l: Calcular as características geométricas da seção representada na figura 192.

FIG. 192 - Exemplo 1

A solução deste problema é simples aplicação de resultados tabelados (alínea e, seção


semicírculo).

• Posição do centro de gravidade e dos eixos x-x e y-y.

4.r 4.10
yg = = ≅ 4 ,24cm
3.π 3.π
105

FIG. 193

• Área da seção transversal (A)

π .d 2 π .20 2
A= = ⇒ A ≅ 157cm 2
8 8

• Momentos estáticos, em torno dos eixos x-x e y-y, para meia seção (Sx-x e Sy-y).

S x− x ≅ 0,00858.d 3 ≅ 0,00858.203 ⇒ S x − x ≅ 69cm 3

d 3 203
S y− y = = ⇒ S y − y ≅ 333cm 3
24 24

• Momentos de inércia, em torno dos eixos x-x e y-y (Ix-x e Iy-y)

π 8  4 π 8  4
I x− x =  − .r =  − .10 ⇒ I x− x ≅ 1098cm 4
 8 9.π   8 9.π 

π 4 π
I y− y = .r = .10 4 ⇒ I y − y ≅ 3927cm 4
8 8

• Raios de giração, em torno dos eixos x-x e y-y e raio de giração mínimo (ix-x, iy-y e
imin)

i x− x = imin ≅ 0,2643.r ≅ 0,2643.10 ⇒ i x− x ≅ 2,6cm

imin ≅ 2,6cm

d 20
i y− y = = ⇒ i y − y = 5,0cm
4 4
106

EXEMPLO 2: Calcular as características geométricas da seção composta, representada na


figura 194.

FIG. 194 - Exemplo 2

A seção em questão é uma seção composta por dois elementos. Neste caso, o primeiro
passo para se obter es características geométricas da seção é obter para cada um de seus
elementos as seguintes características: Ai , I ix − x e I i y − y .

ELEMENTO 1 A1 = b.h = 12.3 = 35cm 2

b.h 3 12.33
I1x − x = = = 27cm 4
12 12

h.b 3 3.123
I1y − y = = = 432cm 4
12 12
FIG. 195

ELEMENTO 2
A2 = b.h = 6.16 = 96cm 2

b.h 3 6.163
I 2 x− x = = = 2048cm 4
12 12

h.b 3 16.63
I 2 y− y = = = 288cm 4
12 12

FIG. 196

Em um segundo passo deve-se encontrar a posição do centro de gravidade, pelo qual


passam os eixos x-x e y-y, da seção composta. Para isto adotam-se arbitrariam ente um sist
ema de coordenadas OXY.

A posição do centro de gravidade é obtida por:


107

∑ x .A
i =1
i i
6.36 + 6.96
xg = = = 6cm
2 36 + 96
∑A
i =1
i

∑ y .A
i =1
i i
17 ,5.36 + 8.96
yg = = ≅ 10 ,59cm
2
36 + 96
∑A
i =1
i

FIG. 197

FIG. 198 - Posição do centro de gravidade e dos eixos x-x e y-y.

Finalmente calculam-se as características geométricas da seção composta em relação aos


eixos x-x e y-y que passam pelo seu centro de gravidade.

• Área da seção transversal (A)

2
A= ∑A = A +A
i =1
i 1 2 = 36 + 96 ⇒ A = 132cm 2

• Momento estático, para meia seção, em torno do eixo x-x (Sx-x)

FIG. 199 FIG. 200


108

Neste caso o cálculo de Sx-x pode ser feito para a metade inferior (figura 199) ou para a
metade superior (figura 200). Por qualquer dos cálculos, o resultado será o mesmo.

Fazendo-se o cálculo pela metade inferior, obtém-se:

1
S x− x = ∑ ∆y .A ( meia
i =1
i i seção ) = ∆y a .Aa

10,59
∆y a = ≅ 5,295cm
2

Aa = 6.10,59 ≅ 63,54cm 2

S x − x = ∆y a .Aa = 5,295.63,54 ⇒ S x − x ≅ 336,5cm 3

Fazendo-se o cálculo pela metade superior obtém-se:

2
S x− x = ∑ ∆y .A ( meia
i =1
i i seção ) = ∆y a .Aa + ∆y b .Ab

3,00
∆y a = (16 − 10,59) + ≅ 6,91cm
2

 16 − 10,59 
∆y b =   ≅ 2,705cm
 2 

Aa = A1 = 12.3 ≅ 36cm 2

Ab = 6.(16 − 10,59) ≅ 32,46cm 2

S x − x = ∆y a .Aa + ∆y b .Ab = 6,91.36 + 2,705.32,46 ⇒ S x − x ≅ 336,5cm 3

• Momento estático, para meia seção, em torno do eixo y-y (Sy-y)

FIG. 201 FIG. 202


109

Neste caso o cálculo de Sy-y pode ser f eito para a metade esquerda (figura 201) ou para a
metade direita (figura 202). Em ambos o resultado será o mesmo e obtido por:

2
S y− y = ∑ ∆x .A ( meia
i =1
i i seção ) = ∆x a .Aa + ∆x b .Ab

6
∆x a = = 3cm
2
3
∆y b = = 1,5cm
2

A1
Aa = = 6.3 = 18cm 2
2

A2
Ab = = 3.16 = 48cm 2
2

S y − y = ∆x a .Aa + ∆x b .Ab = 3.18 + 1,5.48 ⇒ S y − y = 126cm 3

• Momento de inércia, em torno do eixo x-x (Ix-x)

FIG. 203

n n
I x− x = ∑I
i =1
ix − x + ∑ ∆y
i =1
2
i .Ai

 3,00 
∆y1 = (16,00 − 10,59) +   ≅ 6,91cm
 2 

A1 = 36cm 2

I 1x − x = 27cm 4
110

 16,00 
∆y 2 = 10,59 −   ≅ 2,59cm
 2 

A2 = 96cm 2

I 2 x − x = 2048cm 4

[( ) (
I x − x = [27 + 2048] + 6,912 .36 + 2,59 2 .96 ⇒ )] I x − x ≅ 4438cm 4

• Momento de inércia, em torno do eixo y-y (Iy-y)

FIG. 204

Neste caso, os centros de gravidade dos elementos, estão sobre o eixo y-y, assim as
distancias ∆xl e ∆x2 são nulas.

∆x1 = ∆x 2 = 0,00cm

Ficando-se:

2 2 2 2
I y− y = ∑
i =1
I iy− y + ∑
i =1
∆x i2 .Ai = ∑
i =1
I iy− y + 0 = ∑I
i =1
iy− y = I 1y − y + I 2 y − y

I 1y − y = 432cm 4

I 2 y − y = 288cm 4

I y − y = I 1 y − y + I 2 y − y = 432 + 288 ⇒ I y − y = 720cm 4

• Raio de giração, em torno do eixo x-x (ix-x)

I x− x 4438
i x− x = = ⇒ i x − x ≅ 5,8cm
A 132
111

• Raio de giração, em torno do eixo y-y (iy-y)

I y− y 720
i y− y = = ⇒ i x − x ≅ 2,3cm
A 132

• Raio de giração mínimo

Quando a seção tem ao menos um eixo de simetria, x-x ou y-y, os momentos principais de
inércia são iguais aos momentos de inércia Ix-x e Iy-y. Desta forma o raio de giração mínimo
será o menor entre ix-x e iy-y.

i min = i y − y ( no caso ) ⇒ i min ≅ 2,3cm

OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

Uma análise das equações apresentadas na alínea g, da tabela para cálculo das
características geométricas de seções composta, permite tecer algumas observações que
facilitarão o cálculo:

1. Seções com um eixo de simetria terão seu centro de gravidade neste


eixo. Por exemplo, se o eixo y-y for eixo de simetria (figura 205) e o
sistema de coordenada adotado contiver este eixo, as coordenadas x , do
centro de gravidade do elemento i, serão nulas (x3 = x4 = 0) ou terão, em
elementos simétricos, coordenadas de sinais contrários (xl = −x2)


n
anulando xi .Ai e assim xg = 0.
i =1

x1 = − x 2 , A1 = A2 e x 3 = x 4 = 0

∑ x .A
i =1
i i
x1 .A1 + x 2 .A2 + x 3 .A3 + x 4 .A4
xg = = ⇒
4 A1 + A2 + A3 + A4
∑A
i =1
i

x1 .A1 + (− x1 ).A1 + 0.A3 + 0.A4


xg = ⇒ xg = 0
FIG. 205 A1 + A1 + A3 + A4

2. Seções com dois eixos de simetria terão seus centros de gravidade no


cruzamento destes eixos.
3. Algumas seções podem ser tratadas como composta por uma seção
maciça e um "buraco", diminuindo o número de elementos e com isso
facilitando o cálculo. Nestes casos o "buraco" deve ser considerado
112

como um elemento de área negativa e consequentemente de momento


 
de inércia negativo  I =
 ∫ y 2 .dA, se dA < 0 então I < 0  .
seção 

FIG. 206

4. Um caso particular, da aplicação destas observações, é o caso de uma


seção composta que pode ser tratada como uma seção maciça e um
"buraco" na qual os centros de gravidade da seção composta, da seção
maciça e do "buraco" coincidem (figura 207), neste caso as
características geométricas ficarão:

FIG. 207

n
A= ∑A
i =1
i ∴ A = A1 − A2

n
S x− x = ∑ ∆y .A ( meia
i =1
i i seção ) ∴ S x − x = S 1x − x − S 2 x − x

n
S y− y = ∑ ∆x .A ( meia
i =1
i i seção ) ∴ S y − y = S1y − y − S 2 y − y

n n
I x− x = ∑ i =1
I ix − x + ∑ ∆y
i =1
2
i .Ai ∴ I x − x = I 1x − x − I 2 x − x
113

n n
I y− y = ∑
i =1
I iy− y + ∑ ∆x
i =1
2
i .Ai ∴ I y − y = I 1y − y − I 2 y − y

I x− x I y− y
i x− x = i y− y =
A A
i min = menor valor entre i x − x e i y − y .

EXEMPLO 3 - Calcular as características geométricas da seção representada na figura 208.

FIG. 208

Neste caso o primeiro passo é o cálculo das características geométricas ( Ai , S ix − x , S i y − y ,


I ix − x e I i y − y ) dos elementos que compõem a seção composta.

ELEMENTO 1 (Seção maciça)

A1 = b.h = 10,6.23 ⇒ A1 ≅ 244cm 2

b.h 2 10,6.23 2
S 1x − x = = ⇒ S1x − x ≅ 701cm 3
8 8

h.b 2 23.10,6 2
S1y − y = = ⇒ S1 y − y ≅ 323cm 3
8 8

b.h 3 10,6.23 3
I 1x − x = = ⇒ I 1x − x ≅ 10748cm 4
12 12

h.b 3 23.10,6 3
I 1y − y = = ⇒ I 1y − y = 2283cm 4
12 12

ELEMENTO 2 (Buraco)

A2 = b.h = 6.11 ⇒ A2 ≅ 66cm 2


114

b.h 2 6.112
S 2x− x = = ⇒ S 2 x − x ≅ 91cm 3
8 8

h.b 2 11.6 2
S 2 y− y = = ⇒ S 2 y − y ≅ 50cm 3
8 8

b.h 3 6.113
I 2x− x = = ⇒ I 2 x − x ≅ 6668cm 4
12 12

h.b 3 11.6 3
I 2 y− y = = ⇒ I 2 y − y = 198cm 4
12 12

Como neste exemplo, a seção composta possui dois eixos de simetria, o seu centro de
gravidade se encontra no cruzamento destes eixos. O mesmo acontece com seus elementos.
E, ainda, os centros de gravidade dos elementos e o da seção composta coincidem, assim es
características geométricas da seção composta serão:

• Área da seção transversal (A)

A = A1 − A2 = 244 − 66 ⇒ A ≅ 178cm 2

• Momento estático, para meia seção, em torno do eixo x-x ( Sx-x)

S x − x = S1x − x − S 2 x − x = 701 − 91 ⇒ S x − x ≅ 610cm 3

• Momento estático, para meia seção, em torno do eixo y-y (Sy-y)

S y − y = S1y − y − S 2 y − y = 323 − 50 ⇒ S y − y ≅ 273cm 3

• Momento de inércia, em torno do eixo x-x (Ix-x)

I x − x = I 1x − x − I 2 x − x = 10748 − 666 ⇒ I x − x ≅ 10082cm 4

• Momento de inércia, em torno do eixo y-y (Iy-y)

I y − y = I 1y − y − I 2 y − y = 2283 − 198 ⇒ I y − y ≅ 2085cm 4

• Raio de giração, em torno do eixo x-x (ix-x)

I x− x 10082
i x− x = = ⇒ i x − x ≅ 7 ,5cm
A 178

• Raio de giração, em torno do eixo y-y (iy-y)

I y− y 2085
i y− y = = ⇒ i y − y ≅ 3,4cm
A 178
115

• Raio de giração mínimo (imin)

Neste caso, a seção tem eixo de simetria e portanto os momentos principais de inércia são
iguais aos momentos de inércia Ix-x e Iy-y. Assim o raio de giração mínimo é o menor entre
ix-x e iy-y.

i min = menor valor entre i x − x e i y − y ⇒ i min = 3,4cm

5.5. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

5.5.1. Quais são e como são definidas as características geométricas de uma seção?

5.5.2. Obtenha as características geométricas das seções representadas nas figuras 209 a
217.

FIG.209 FIG.210 FIG.211

FIG.212 FIG.213 FIG.214

FIG.215 FIG.216 FIG.217


116

5.5.3. Mostrar que o momento de inércia, de um quadrado, em torno de seu eixo diagonal é
igual ao momento de inércia em torno dos eixos x-x e y-y.
Sugestão: Para obter o momento de inércia em torno do eixo diagonal, calcule uma
seção composta por dois triângulos.

I1−1 = I x − x = I y − y ?

FIG. 218

5.5.4. Uma seção com um eixo de simetria permite afirmar o que em relação a seu centro
de gravidade? E com dois eixos de simetria?

5.5.5. Calcular as características geométricas da seção representada na figura 219.

FIG. 219

5.5.6. Calcular as características geométricas das seções representadas nas figuras 220 a
222.

FIG. 220 FIG. 221 FIG. 222


117

6. TEORIA DAS TRELIÇAS

6.1. GENERALIDADES

Treliças são estruturas formadas por barras ligadas pelas extremidades, formando um
conjunto rígido, que mantém sua geometria durante o carregamento. Os pontos de união
das barras, denominados NÓS DA TRELIÇA, são admitidos como articulações perfeitas
(rótulas), em cálculo, embora a ligação tenha alguma rigidez.

As cargas, em uma treliça, são sempre aplicadas a seus nós, evitando o aparecimento de
momentos fletores em suas barras, que assim ficarão sujeitas somente a esforços axiais
(força normal).

As treliças são utilizadas para os mesmos propósitos das vigas, com a vantagem de
alcançarem vãos muito maiores, visto que sendo as barras da treliça sujeitas unicamente a
esforços axiais podem utilizar toda a resistência do material, ao passo que as vigas sendo,
em geral, fletidas usam somente parte desta resistência, conforme se nota na figura 223.

a) Tensões normais em uma viga fletida b) Tensões normais em uma barra de uma
treliça
FIG. 223 - Utilização da resistência do material por uma viga fletida e por uma barra de
treliça

6.2. TIPOS DE TRELIÇAS

Existem TRELIÇAS PLANAS (treliças cujas barras e cujo carregamento estão em um


único plano) e TRELIÇAS ESPACIAIS (treliças cujas barras e cujo carregamento se
encontram dispostos em diversos planos), entretanto, na maioria dos casos, as treliças
espaciais podem ser reduzidas a um sistema de treliças planas. Assim, neste curso estudar-
se-ão apenas as treliças planas.
118

FIG. 224 - Redução de uma treliça espacial em treliças planas

a) Quanto a estabilidade geométrica

Quanto a estabilidade geométrica, internamente, as treliças podem ser:

TRELIÇAS HIPOSTÁTICAS, são treliças geometricamente instáveis e portanto nunca


devem ser utilizadas.

b < 2.n − 3

Onde:

b = número de barras;
n = número de nós.

FIG. 225 - Treliça hipostática

TRELIÇAS ISOSTÁTICAS, são treliças geometricamente estáveis e estaticamente


determinadas, ou seja, os esforços nas barras são determinados apenas com a aplicação das
equações fundamentais da estática (∑ ∑
Fh = 0 e Fv = 0 ).
119

b = 2.n − 3

Onde:

b = número de barras;
n = número de nós.

FIG. 226 - Treliça isostática

TRELIÇAS HIPERESTÁTICAS, são treliças geometricamente estáveis, mas


estaticamente indeterminadas, ou seja, para se determinar os esforços nas barras, além das
equações fundamentais da estática, são necessárias equações suplementares advindas da
compatibilidade de deslocamentos. As treliças hiperestáticas não serão objeto de estudo
deste curso.

b > 2.n − 3

Onde:

b = número de barras;
n = número de nós.

FIG. 227 - Treliça hiperestática

b) Quanto a lei de formação

Quanto a lei de formação as treliças isostáticas podem ser:

SIMPLES, são as treliças formadas a partir de três barras, ligadas em triângulo, juntando-
se a estas duas novas barras para cada novo nó. A figura 228 apresenta algumas treliças
isostáticas simples.

COMPOSTAS, são as treliças formadas pela ligação de duas ou mais treliças simples, por
meio de rótulas ou barras bi-rotuladas. A figura 229 apresenta algumas treliças isostáticas
compostas.

COMPLEXAS, são as treliças que não obedecem às regras de formação das anteriores. A
figura 230 apresenta alguns exemplos de treliças isostáticas complexas.
120

a) TRELIÇA HOWE - muito utilizada na


construção de pontes de madeira ou aço.

b) TRELIÇA PRATT ou N - utilizada na


construção de pontes de madeira ou aço.

c) TRELIÇA WARREN - também


utilizada na construção de pontes de
madeira ou aço.

d) TRELIÇA HOWE DE CONTORNO


TRIANGULAR - muito utilizada na
construção de telhados.

e) TRELIÇA PRATT DE CONTORNO


TRIANGULAR - utilizada na
construção de telhados.

f) TRELIÇA BELGA DE CONTORNO


TRIANGULAR - também utilizada na
FIG. 228 - Exemplos de treliças isostáticas construção de telhados.
simples

a) TRELIÇA PONCELEAU ou
FINK - utilizada na construção de
telhados.

b) PÓRTICO TRELIÇADO TRI-


ARTICULADO - utilizado na
OBS.: Neste caso a "Chapa construção de galpões industriais.
Terra" age como barra É comum, nestes galpões, utilizar-
bi-rotulada se na vedação lateral telhas de
fibrocimento ou chapas de madeira
compensada.
FIG. 229 - Exemplos de treliças isostáticas compostas
121

a) TRELIÇA DE SHUKHOV

b) TRELIÇA DE DIAGONAIS
CONVERGENTES

FIG. 230 - Exemplos de treliças isostáticas complexas

6.3. NOMENCLATURA UTILIZADA

É comum, utilizar-se, para as barras das treliças, a seguinte nomenclatura:

• Banzo superior - Barras do contorno superior da treliça.


• Banzo inferior - Barras do contorno inferior da treliça.
• Montantes - Barras verticais, e as vezes perpendicular ao banzo superior, internas da
treliça.
• Diagonais - Barras inclinadas e internas da treliça.
• Diagonal (ou montante) de apoio - São as diagonais (ou montantes) da treliça que
fazem parte de seu contorno e situam-se sobre um apoio.

A figura 231 exemplifica esta nomenclatura, mostrando também um caso no qual não é
possível identificar os banzos superior e inferior (item d).

FIG. 231 - Nomenclatura utilizada nas treliças


122

6.4. CÁLCULO DE ESFORÇOS NAS BARRAS DE TRELIÇAS ISOSTÁTICAS

Para obtenção dos esforços normais nas barras de treliças isostáticas planas existem
métodos analíticos e métodos gráficos. Entre os primeiros destacam-se o MÉTODO DE
RITTER e o MÉTODO DOS NÓS (Equilíbrio de nós) e entre os métodos gráficos
destacam-se o EQUILÍBRIO GRÁFICO DOS NÓS e o PLANO CREMONA.

a) Método de Ritter

O método de Ritter é indicado quando se deseja determinar esforços em poucas barras da


treliça, consiste em "cortar" a treliça, por três barras não concorrentes, substituindo estas
barras pelos esforços normais (incógnitas) no sentido positivo (tração) e equilibrar uma das
partes da estrutura. Conforme as equações utilizadas no equilíbrio o método se subdivide
em MÉTODO DOS MOMENTOS e MÉTODO DAS CORTANTES.

O MÉTODO DOS MOMENTOS é indicado quando as três barras por onde se fará o corte
são concorrentes duas a duas. Neste caso, no ponto de interseção de duas barras, faz-se o
equilíbrio de momentos em uma das partes da estrutura obtendo-se o esforço normal na
terceira barra.

EXEMPLO 1 - Calcular os esforços normais nas barras 2-4, 2-5 e 3-5 (N2-4, N2-5 e N3-5) da
treliça representada na figura 232.

FIG. 232 - Exemplo 1

Calculando-se as reações de apoio, obtém-se:


123

FIG. 233 - Reações de apoio e posição do corte I-I

Cortando-se a estrutura, corte I-I, e colocando-se os esforços normais com seu sentido
positivo, tração, obtém-se:

FIG. 234 - Corte da estrutura

Fazendo-se o equilíbrio de momentos no nó 5, ponto de interseção das barras 2-5 e 3-5,


para a parte esquerda da estrutura, pode-se obter o esforço na barra 2-4, isto é, N2-4, como
segue:

∑M 5 =0 ∴12000 .3,00 − 2000 .3,00 − 4000 .1,50 + N 2 − 4 .r1 = 0


−24000
⇒ N 2− 4 =
r1

O valor de rl é obtido através de relações geométricas, assim:

Do triângulo formado pelos nós l, 6 e 7, obtém-se:


124

2 ,00
tgα = ≅ 0 ,444 ⇒ α ≅ 23 o 57' 45"
4 ,50

Do triângulo formado pelos nós 1 e 5 e pelo ponto A, obtém-se:

r1
sen α = ⇒ r1 = 3,00. sen α ⇒ r1 ≅ 1,218m
3,00

Obtendo-se para N2-4:

−24000 −24000
N 2− 4 = ⇒ N 2−4 = ⇒ N 2 − 4 ≅ −19704 N (compressão)
r1 1,218

Fazendo-se o equilíbrio de momentos no nó l, ponto de interseção das barras 2-4 e 3-5,


para a parte esquerda da estrutura, pode-se obter o esforço na barra 2-5, isto é N2-5, como
segue:

−6000
∑M 1 =0 ∴ 4000 .1,50 + N 2 −5 .r2 = 0 ⇒ N 2 −5 =
r2

O valor de r2 é obtido através de relações geométricas, assim:

Os triângulos 1,2,3 e 2, 3, 5 são iguais, pois têm dois lados iguais (1,50m e r3) e um ângulo
igual (90°). Desta forma, do triângulo formado pelos nós 1 e 5 e pelo ponto B, obtém-se:

r2
sen α = ⇒ r2 = 3,00. sen α ⇒ r2 ≅ 1,218m
3,00

Obtendo-se, para N2-5:

−6000 −6000
N 2 −5 = ⇒ N 2 −5 = ⇒ N 2 − 4 ≅ −4926 N (compressão)
r2 1,218

Fazendo-se o equilíbrio de momentos no nó 2, ponto de interseção das barras 2-4 e 2-5,


para a parte esquerda da estrutura, pode-se obter o es forço na barra 3-5, isto é, N3-5, como
segue:

15000
∑M 2 =0 ∴12000 .1,50 − 2000 .1,50 − N 3−5 .r3 = 0 ⇒ N 3−5 =
r3

O valor de r3 é obtido através de relações geométricas, assim:

Do triângulo formado pelos nós 1,2 e 3, obtém-se:

r3
tgα = ⇒ r3 = 1,50.tgα
1,50
125

Do triângulo formado pelos nós 1,6 e 7, obtém-se:

2 ,00
tgα = ≅ 0 ,444 ⇒ α ≅ 23 o 57' 45"
4 ,50

Assim:

r3 = 1,50.tgα = 1,50.0 ,444 ⇒ r3 ≅ 0 ,667 m

Obtendo-se, para N3-5:

15000 15000
N 3−5 = ⇒ N 3− 5 = ⇒ N 3−5 ≅ 22500 N (tração)
r3 0 ,667

O MÉTODO DAS CORTANTES, por outro lado, é indicado para se obter os esforços
normais em um montante e/ou uma diagonal em treliças de banzos paralelos. Neste caso,
faz-se o equilíbrio vertical em uma das partes, após o "corte", da estrutura.

EXEMPLO 2 - Calcular os esforços normais nas barras 5-6 e 5-8 (N5-6 e N5-8) da treliça
representada na figura 235.

FIG. 235 - Exemplo 2

Calculando-se as reações de apoio, obtém-se:


126

FIG. 236 - Reações de apoio e posições dos cortes I-I e II-II

Cortando-se a estrutura, cortes I-I e II-II, e colocando-se esforços normais com seu sentido
positivo, tração, obtém-se:

FIG. 237 - Corte I-I da estrutura

FIG. 238 - Corte II-II da estrutura


127

Fazendo-se o equilíbrio vertical da parte esquerda da estrutura, no corte I-I, obtém-se o


esforço na barra 5-6, isto é, N5-6, como segue:

∑ F = 0(+ ↑)∴ −10000 + N


v 5− 6 = 0 ⇒ N 5−6 = 10000 N (tração)

Fazendo-se o equilíbrio vertical da parte esquerda da estrutura, no corte II-II, obtém-se o


esforço na barra 5-8, isto é, N5-8, como segue:

∑ F = 0(+ ↑)∴ −10000 − N


−10000
v 5−8 . cos α = 0 ⇒ N 5 −8 =
cos α

O ângulo α é obtido de relações geométricas, assim:

comprimento da diagonal = 3 2 + 3 2 ≅ 4,243m

3,00
cos α = ⇒ cos α ≅ 0,707
4,243

Obtendo-se, para N5-8:

−10000 −10000
N 5 −8 = = ⇒ N 5−8 ≅ −14144 N (compressão)
cos α 0,707

b) Método dos nós

O método dos nós, também conhecido por EQUILÍBRIO DE NÓS, é o método analítico
mais indicado quando se deseja obter os esforços normais em todas as barras da treliça.
Consiste do equilíbrio de cada nó isoladamente, através das equações ∑F x =0 e

∑F y = 0 . Para que o método fique mecânico pode-se utilizar o seguinte roteiro:

ROTEIRO PARA CÁLCULO DOS ESFORÇOS NAS BARRAS DE UMA


TRELIÇA PELO MÉTODO DOS NÓS.

1. Cálculo das reações de apoio


2. Cálculo dos comprimentos das barras e dos ângulos entre as barras da treliça
3. Cálculo dos esforços nos nós
3.1. Isolar um nó, para o qual concorrem apenas duas barras, substituindo cada
barra por seu esforço normal (incógnita) admitido como sendo de tração
(saindo do nó). Em seguida, adotar um sistema de coordenar x, y com
origem no nó e aplicar as equações de equilíbrio ∑F x =0 e ∑F y =0,
obtendo os esforços nas barras. O sinal do esforço obtido indica se a força
é de tração (sinal +) ou de compressão (sinal -).
3.2. Isolar outro nó, em uma das barras do nó anterior e para o qual concorram
apenas duas novas barras. Repetir para este nó as mesmas operações
128

descritas no passo 3.1, aproveitando os resultados do nó anterior e obtendo


os esforços nestas duas novas barras.
3.3. Repetir o passo 3.2, até que terminem os nós ou que se conheçam, por
simetria, os esforços nas outras barras.
4. Fornecer a solução

EXEMPLO 3 - Calcular os esforços, normais em todas as barras da treliça representada na


figura 239.

FIG. 239 - Exemplo 3

Conforme se viu anteriormente, a treliça é uma estrutura formada por nós e barras, na qual,
cada barra possui uma única força normal. Separando-se os elementos da treliça e
colocando-se os esforços normais, no sentido positivo, obtém-se o esquema da figura 240,
que será bastante útil no entendimento dos cálculos expostos a seguir.

FIG. 240 - Treliça: um conjunto de elementos em equilíbrio

Calculando-se as reações de apoio, obtém-se:


129

FIG. 241 - Reações de apoio

O cálculo dos comprimentos das barras e dos ângulos entre as barras da treliça, é feito
através de relações geométricas e da aplicação do teorema de Pitágoras, obtendo-se, para o
exemplo dado:

FIG. 242 - Comprimentos das barras e ângulos entre as barras

• Cálculo dos esforços no Nó 1

∑F x ( )
= 0 ⇒ N 1−3 + N 1− 2 . cos 23 o 57' 45" = 0 ⇒

N 1−3 = −0,9138.N 1− 2

∑F y ( )
= 0 ⇒ 12000 − 2000 + N 1− 2 . cos 66 o 2'15" = 0 ⇒

N 1− 2 = −24622 N (compressão)

Substituindo-se na outra equação:

FIG. 243 - Nó 1 N 1−3 = −0,9138.(− 24622) ⇒ N 1−3 ≡ 22500 N (tração)


130

• Cálculo dos esforços no Nó 3

∑F x = 0 ⇒ N 3−5 − 22500 = 0 ⇒

N 3−5 = 22500 N (tração)

∑F y = 0 ⇒ N 2 −3 = 0 N

FIG. 244 - Nó 3

• Cálculo dos esforços no Nó 2

∑F x ( )
= 0 ⇒ N 2− 4 + 24622 + N 2−5 . cos 47 o 55' 30" +
− 4000. cos(66 2'15" ) = 0 ⇒
o

N 2− 4 + 0,6701.N 2−5 = −22997

∑F y ( )
= 0 ⇒ −4000. cos 23 o 4' 30" +
( )
− N 2−5 . cos 42 o 4' 30" = 0 ⇒

N 1− 2 = −4924 N (compressão)

Substituindo-se na equação ∑F x = 0 , obtém-se:

N2-3 não foi representado, pois


N 2− 4 + 0,6701.(− 4924) = −22997 ⇒
N2-3=0N
N 2− 4 ≡ −19697 N (compressão)
FIG. 245 - Nó 2

• Cálculo dos esforços no Nó 5

∑F x ( )
= 0 ⇒ N 5−7 − 22500 + 4924. cos 23 o 57' 45" = 0 ⇒

N 5−7 ≅ 18000 N (tração)

∑F y ( )
= 0 ⇒ N 4−5 − 4924. cos 66 o 2'15" = 0 ⇒

N 4−5 = 2000 N (tração)


FIG. 246 - Nó 5
131

• Cálculo dos esforços no Nó 4

∑F x ( )
= 0 ⇒ N 4−6 + 19697 + N 4−7 . cos 65 o 35' 46" +
− 4000. cos(66 2'15" ) − 2000. cos(66 2'15" ) = 0 ⇒
o o

N 4−5 + 0,4132.N 4−7 ≅ 17260

∑F y ( )
= 0 ⇒ −4000. cos 23o 57' 45" − 2000. cos 23o 57' 45" + ( )
(
− N 4−7 . cos 24 o 24'14" = 0 ⇒ )
N 4−7 = −6021N (compressão)

Substituindo-se na equação ∑F x = 0 , obtém-se:

N 4−5 + 0,4132.(− 6021) ≅ 17260 ⇒

FIG. 247 - Nó 4 N 4−6 ≡ −14772 N (compressão)

• Cálculo dos esforços no Nó 6

∑F = 0 ⇒ N
x ( o
6−8 .cos 23 57' 45" ) + 14772.cos(23 57' 45") = 0 ⇒
o

N 6−8 ≅ −14772 N (compressão)

∑F y = 0 ⇒ −4000 − N 6 − 7 + 14772. cos 66o 2'15" + ( )


− N 6 −8 . cos(66 2'15" ) = 0 ⇒
o

( )
N 6−7 + N 6−8 . cos 66 o 2'15" = 1999

Substituindo-se o valor de N6-8, obtém-se:

( )
N 6−7 + (− 14772). cos 66 o 2'15" = 1999 ⇒

FIG. 248 - Nó 6 N 6−7 ≡ 7998 N (tração)

Neste ponto, por simetria, conhece-se, em função dos resultados obtidos, os esforços em
todas as barras da treliça. Sendo comum fornecer a solução, em forma de tabela, como
segue:
132

TAB. 1 - TABELA DE ESFORÇOS NORMAIS (EXEMPLO 3)

TIPO BARRA FORÇA NORMAL


N (N)
1-2 -24622
2-4 -19697
BANZO 4-6 -14772
SUPERIOR 6-8 -14772
8-10 -19697
10-12 -24622
1-3 22500
3-5 22500
BANZO 5-7 18000
INFERIOR 7-9 18000
9-11 22500
11-12 22500
2-3 Zero
4-5 2000
MONTANTES 6-7 7998
8-9 2000
10-11 Zero
2-5 -4924
DIAGONAIS 4-7 -6021
7-8 -6021
9-10 -4924
CONVENÇÃO DE SINAIS
(−) Barra comprimida
(+) Barra tracionada

c) Equilíbrio gráfico dos nós

O equilíbrio gráfico dos nós, é um método gráfico para se deter minar os esforços normais
nas barras de uma treliça. Este método é equivalente ao método dos nós, exposto
anteriormente, tendo como diferença ser o equilíbrio de cada nó feito graficamente, em
escala, traçando-se o polígono de forças e impondo seu fechamento. Os esforços normais
são medidos, em escala, no desenho e seu sinal é obtido da comparação entre o sentido
obtido no desenho e o sentido do esforço positivo (saindo do nó). É usual, na aplicação
deste método, fazer todos os equilíbrios em uma única folha, na qual, desenha-se
inicialmente a treliça, em escala, possibilitando, por paralelismo, obter a direção de cada
força normal.

EXEMPLO 4 - Obter graficamente os esforços, normais, em todas as barras da treliça


representada na figura 249. As reações de apoio foram obtidas analiticamente.
133

FIG. 249 - Exemplo 4, já com suas reações de apoio

• Cálculo dos esforços no nó 1

FIG. 250 - Equilíbrio gráfico do nó 1

• Cálculo dos esforços no nó 3

FIG. 251 - Equilíbrio gráfico do nó 3


134

• Cálculo dos esforços do nó 2

FIG. 252 - Equilíbrio gráfico do nó 2

• Cálculo dos esforços do nó 5

FIG. 253 - Equilíbrio gráfico do nó 5

• Cálculo dos esforços no nó 4

FIG. 254 - Equilíbrio gráfico do nó 4


135

• Cálculo dos esforços no nó 6

FIG. 255 - Equilíbrio gráfico do nó 6

Os demais esforços, por simetria, são conhecidos e o resultado pode ser apresentado
conforme a figura 256.

FIG. 256 - Solução do exemplo 4

O erro gráfico cometido neste método é desprezível, frente a magnitude dos esforços
normais nas barras, no caso do exemplo observou-se, em relação ao exemplo 3, um erro
máximo de 2,22%.

d ) Plano Cremona

O Plano Cremona, é o método gráfico mais utilizado para determinação de esforços em


treliças, consiste no equilíbrio gráfico dos nós em um único desenho, sem isolar cada nó. O
método segue um roteiro bem determinado, descrito a seguir:

ROTEIRO PARA O TRAÇADO E INTERPRETAÇÃO DO PLANO


CREMONA

1. Cálculo das reações de apoio;


136

2. Desenhar a treliça em escala e adotar um sentido de caminhamento, este


procedimento é útil para a seqüencialização e interpretação do Plano Cremona;
3. Enumerar, seguindo o sentido de caminhamento, os campos entre duas forças
(ou barras). É comum utilizar-se letras maiúsculas para enumerar os campos
entre forças externas e letras minúsculas para os campos entre forças (barras)
internas;
4. Adotar uma escala de forças;
5. Traçar o polígono de forças externas, em escala, neste passo pode-se verificar,
através do fechamento do polígono de forças, se o cálculo das reações de apoio
está correto, entretanto a equação ∑ M O = 0 , não é verificada;
6. Traça-se o Plano Cremona, lembrando que para mudar de um campo á outro
existe uma força de direção definida pela barra da treliça entre os campos;
7. Verifica-se, através do erro de fechamento, a qualidade do Plano Cremona,
refazendo-o se necessário. Aceita-se, na prática, um erro não superior a 5%;
8. Finalmente, procede-se a LEITURA DOS ESFORÇOS obtidos no Plano
Cremona. Para isto cada barra é associada aos campos que a ladeiam (par de
letras):
8.1. A MAGNITUDE, OU VALOR, DO ESFORÇO é a distância, na escala de
forças, entre o par de letras, no Plano Cremona, que representam os campos
que ladeia a barra;
8.2. O SENTIDO, OU SINAL, DO ESFORÇO é obtido aplicando-se a seguinte
seqüência de operações:
a) Fixa-se, no desenho da treliça, um dos nós da barra que se deseja obter o
sentido;
b) Aplica-se, nesta barra (ainda no desenho da treliça), o sentido da força
de tração (saindo do nó, previamente fixado);
c) Aplica-se, ao nó previamente fixado (ainda no desenho da treliça), o
sentido de caminhamento (adotado em 2.) e observa-se a seqüência do
par de letras que representam os campos que ladeiam a barra;
d) Aplica-se, agora no Plano Cremona, a seqüência do par de letras (obtida
em 8.2.c) definindo um sentido para o esforço na barra (da letra inicial à
final);
e) Finalmente, compara-se o sentido do esforço, obtido em 8.2.d (no Plano
Cremona), com o da força de tração, definida em 8.2.b (no desenho da
treliça), se forem iguais a força na barra é de tração (sinal +), se
diferentes a força é de compressão (sinal −).

OBS.: Quando a treliça e o carregamento são simétricos é possível traçar-se o


Plano Cremona apenas para meia treliça. Entretanto, a verificação, através do erro
de fechamento, da qualidade do Plano Cremona, depende de cada caso.

Para melhor entendimento do método, apresentam-se a seguir alguns exemplos, para os


quais as reações de apoio foram previamente obtidas, analiticamente.
137

FIG. 257 - Exemplo 5 (Plano Cremona)


138

FIG. 258 - Exemplo 6 (Plano Cremona)


139

FIG. 259 - Exemplo 7 (Plano Cremona)


140

FIG. 260 - Exemplo 8 (Plano Cremona)

6.5. DESLOCAMENTOS EM ESTRUTURAS LINEARES

Obtidos os esforços nas barras de uma treliça, a verificação da resistência, destas barras, à
tração ou à compressão é imediata (ver item 4.1). Além da resistência, o estudo dos
deslocamentos (flechas) causados pelas deformações das diversas barras da treliça, se faz
necessário.
141

O caminho mais simples para se obter os deslocamentos é através do Principio dos


Trabalhos Virtuais.

Na exposição sobre o assunto aparecem termos, cujos significados devem ser


compreendidos à prióri. Como, por exemplo, a palavra VIRTUAL que significa:
"susceptível de exercer-se, embora não esteja em exercício".

Por DESLOCAMENTO VIRTUAL entende-se um deslocamento hipotético infinitesimal,


de um ponto ou sistema de pontos materiais. O deslocamento é suposto infinitesimal de
modo a não alterar a configuração estática e geométrica do sistema e das forças que nele
atuam, não violando as condições de equilíbrio a que tais forças obedecem. Além disso o
deslocamento virtual é causado por uma ação externa qualquer, cuja origem não é objeto
de discussão. Cumpre ressaltar, todavia, que a ação externa causadora do deslocamento
virtual é independente das forças externas que mantém a estrutura em equilíbrio.

O estudo sobre o assunto será apresentado em etapas. Inicialmente estudar-se-á o Principio


dos Trabalhos Virtuais aplicado a corpos rígidos ideais, comentando-se, em seguida, sua
aplicação aos corpos deformáveis, chegando-se a sua aplicação às treliças, motivo pelo
qual se iniciou o estudo e, finalmente, generalizando sua aplicação a estruturas formadas
por chapas.

a) Princípio dos trabalhos virtuais aplicado a corpos rígidos ideais

O Principio dos Trabalhos Virtuais, quando aplicado a corpos rígidos ideais, afirma que: "a
condição necessária e suficiente para o equilíbrio é ser nula a soma dos trabalhos virtuais
de todas as "forças" externas, em todos os deslocamentos virtuais independentes,
compatíveis com as ligações do sistema".

A assertiva do principio, assenta-se em que: se o corpo rígido está em equilíbrio então:

∑F h =o

∑F v =o

∑M o =o

Os deslocamentos independentes de um corpo rígido são: translação horizontal (α),


translação vertical (β) e rotação (γ).

Assim o trabalho realizado pelas forças externas (Text) será:

Text = ∑α .F +∑ β .F +∑γ .M
h v o

Text = α . ∑F h ∑ F + γ .∑ M
+β . v o
142

Text = 0 Eq. 24

A equação 24, conduz à assertiva do princípio, descrita anteriormente.

Por outro lado, o trabalho total (T) é a soma dos trabalhos das forças externas (Text) e das
forças internas (Tint).

T = Text + Tint Eq. 25

Entretanto, o trabalho das forças internas, que causariam deformações no corpo, é nulo,
pois corpos rígidos não se deformam sob a ação de um sistema de forças, então:

Tint = 0

T = Text + Tint = 0

T =0 Eq. 26

Podendo-se dizer, de forma geral, que: "Corpos em equilíbrio terão nulo, seu trabalho
total".

b) Princípio dos trabalhos virtuais aplicado aos corpos deformáveis

Para os corpos deformáveis, o principio, afirma que: "em estruturas deformáveis em


equilíbrio, a soma dos trabalhos virtuais das "forças" externas em um deslocamento virtual
compatível com as suas ligações, é igual ao trabalho virtual interno, realizado pelos
esforços internos na deformação dos elementos da estrutura".

Esta assertiva tem por fundamentação as equações 25 e 26 e ainda o fato de que o trabalho
das forças internas, que procura impedir o desloca mento, se opõe ao trabalho das forças
externas. Assim os sentidos destes trabalhos são opostos, o que implica a alteração da
equação 25, para:

T = Text − Tint

Aplicando-se a equação 26, pois a estrutura está em equilíbrio, obtém-se:

T = Text − Tint = 0

Text = Tint Eq. 27

A equação 27, conduz à assertiva do principio descrita anteriormente.

c) Aplicação do princípio dos trabalhos virtuais às treliças

Seja uma treliça em equilíbrio sob a ação de um sistema de forças, a deformação de cada
barra, tracionada ou comprimida, desta treliça será dada, segundo a lei de Hooke, por:
143

N i .l i
∆l i =
Ei .Ai

Sendo:

∆li = deformação da barra i;


Ni = força normal atuante na barra i;
li = comprimento da barra i;
Ei = módulo de elasticidade da barra i, e
Ai = área da seção transversal da barra i.

Se determinado nó da treliça sofrer um deslocamento (v), causado por uma força externa
(Fv), aplicada a este nó com a direção e sentido do deslocamento. Para equilibrar esta força
aparecerão nas barras da treliça esforços (Nvi). Nesta situação o trabalho das forças
externas será:

Text = Fv .v

e o trabalho interno, realizado por cada barra, será:

Ti = N vi .∆l i

N vi .N i .l i
Ti =
Ei .Ai

ficando o trabalho interno, de todas as barras, de:


N vi .N i .l i
Tint =
i =1
Ei .Ai

Aplicando-se o Principio dos Trabalhos Virtuais, na forma da equação 27, obtém-se:

Text = Tint


N vi .N i .l i
Fv .v =
i =1
Ei .Ai

Sabendo-se que os esforços (Nvi) nas barras são proporcionais à força (Fv) aplicada, então:

N vi = N i .Fv

n
(N .F ).N .l
Fv .v = ∑i =1
i v
Ei .Ai
i i
144


N i .N i .l i
Fv .v = Fv .
Ei .Ai
i =1


N i .N i .l i
v= Eq. 28
i =1
Ei .Ai

Sendo:

v = deslocamento (flecha) de um nó da treliça;


N i = esforço, na barra i, devido a um carregamento unitário, na posição e direção de v;
N i = esforço, na barra i, devido ao carregamento da treliça, em equilíbrio;
li = comprimento, da barra i;
Ei = módulo de elasticidade, da barra i;
Ai = área da seção transversal, da barra i, e
n = número de barras da treliça.

Desta forma, para se obter o deslocamento (flecha) em um determinado nó, de uma treliça,
pode-se utilizar o seguinte roteiro:

ROTEIRO PARA CÁLCULO DA FLECHA EM UM NÓ DE UMA


TRELIÇA

1. Obter os esforços ( N i ), nas barras da treliça para o carregamento dado.


2. Obter os esforços ( N i ), nas barras da treliça para um carregamento unitário,
aplicado ao nó considerado e com a direção do deslocamento (v) desejado.
3. Aplicar a equação 28, obtendo o valor do deslocamento (v) desejado.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO - Calcular o deslocamento vertical do nó 7, da treliça


representada na figura 261. A figura 262 fornece as áreas das seções transversais das barras
e respectivos módulos de elasticidade. A figura 263 fornece os comprimentos das barras.

FIG. 26l - Exemplo dado


145

FIG. 262 - Área e Módulo de Elasticidade das barras

FIG. 263 - Comprimentos das barras

O primeiro passo, na resolução do problema, é obter os esforços ( N i ), nas barras da treliça


para o carregamento dado. Estes esforços podem ser obtidos, por exemplo, através de um
Plano Cremona (ver figura 259), cujos resultados são apresentados na figura 264.

FIG. 264 - Esforços nas barras devido ao carregamento dado

Em seguida, devem ser obtidos os esforços ( N i ), nas barras da treliça para um


carregamento unitário aplicado ao nó 7, na direção do deslocamento desejado. Estes
esforços podem ser obtidos, através do Plano Cremona representado na figura 265.

Finalmente, aplicando-se a equação 28, com o auxilio da tabela 2, obtém-se o


deslocamento (v) desejado.
146

FIG. 265 - Cálculo dos esforços, devido ao carregamento unitário


147

TAB. 2 - TABELA AUXILIAR PARA O CÁLCULO DA FLECHA

Comprimento Módulo de Área Esforços N i .N i .l i


Tipo Barra Ai E i .Ai
Elasticidade
li (mm) Ei (MPa) (mm2) N i (N) Ni (mm)
1-2 1641 9231 9600 -24400 -1,23 0,556
2-4 1641 9231 9600 -19500 -1,23 0,444
Superior
Banzo

4-6 1641 9231 9600 -14600 -1,23 0,333


6-8 1641 9231 9600 -14600 -1,23 0,333
8-10 1641 9231 9600 -19500 -1,23 0,444
10-12 1641 9231 9600 -24400 -1,23 0,556
1-3 1500 9231 7200 22200 1,12 0,561
3-5 1500 9231 7200 22200 1,12 0,561
Inferior
Banzo

5-7 1500 9231 7200 17800 1,12 0,450


7-9 1500 9231 7200 17800 1,12 0,450
9-11 1500 9231 7200 22200 1,12 0,561
11-12 1500 9231 7200 22200 1,12 0,561
2-3 667 9231 7200 0 0,00 0,000
Montantes

4-5 1333 9231 7200 2000 0,00 0,000


6-7 2000 9231 7200 8000 1,00 0,241
8-9 1333 9231 7200 2000 0,00 0,000
10-11 667 9231 7200 0 0,00 0,000
2-5 1641 9231 3600 -5000 0,00 0,000
Diagonais

4-7 2007 9231 7200 -6000 0,00 0,000


7-8 2007 9231 7200 -6000 0,00 0,000
9-10 1641 9231 3600 -5000 0,00 0,000
n


N i .N i .l i
v= = 6,051 mm
i =1
E i .Ai

d) Aplicação do princípio dos trabalhos virtuais às estruturas formadas por chapas

Em sua forma geral, o cálculo do deslocamento (v) de um determinado ponto de uma


estrutura, assume a forma da equação 29. Esta equação, advém da aplicação do Principio
dos Trabalhos Virtuais às estruturas formadas por chapas, cuja dedução será, aqui, omitida.

N .N V .V M .M
v=
∫ E.A dx + ∫ c. G.A dx + ∫
Estrutura Estrutura
E .I
Estrutura
dx Eq. 29

(I) ( II ) ( III )

Sendo:

v = deslocamento (flecha) de um determinado ponto da estrutura;


148

M, N e V = diagramas de: momento fletor, força normal e força cortante, para o


carregamento aplicado à estrutura;
M , N e V = diagramas de: momento fletor, força normal e força cortante, para uma
carga unitária aplicada na posição e direção do deslocamento (v) desejado;
E = módulo de elasticidade;
A = área da seção transversal;
G = módulo de elasticidade transversal, e
I = momento de inércia da seção.

A equação 29, para treliças fica reduzida à equação 28, vista anteriormente, pois em
treliças as integrais (II) e (III) se anulam por ser V=0 e M=0. Discretizando-se, então, a
integral (I), obtém-se:


N .N N i .N i .l i
v=
∫ E .A
Estrutura
dx =
i =1
E i .Ai

Para o cálculo de deslocamentos verticais, em vigas, a integral (I) se anula, pois N=0, e a
integral (II) pode ser desprezada, frente a magnitude dos resultados obtidos da integral
(III). Assim, a flecha (v) em determinada seção de uma viga, cuja rigidez contra flexão
(E.I) é constante, é dada por:

M .M
v=
∫ E .I
Estrutura
dx

1
v=
E .I ∫ M .M .dx
Estrutura
Eq. 30

O cálculo da integral, constante da equação 30, pode ser feito a través da tabela para
integrais de produtos de duas funções (tabela 3), tornando-se relativamente simples.

Assim o cálculo de flechas, em vigas de seção constante de um mesmo material, pode ser
realizado através do seguinte roteiro:

ROTEIRO PARA CÁLCULO DA FLECHA EM DETERMINADA


POSIÇÃO DE UMA VIGA DE SEÇÃO CONSTANTE

1. Traçar o diagrama de momento fletor (M), para o carregamento dado.


2. Traçar o diagrama de momento fletor ( M ), para um carregamento unitário,
aplicado na posição e com a direção do deslocamento (v) desejado.
Utilizando-se a tabela para integrais de produtos de duas funções (tabela 3)
calcular: ∫ M .M .dx
Estrutura
3. Aplicar a equação 30, obtendo o valor do deslocamento (v) desejado.
149

TAB. 3 - INTEGRAIS DE PRODUTOS DE DUAS FUNÇÕES


l

∫ f ( x ).ϕ( x ).dx
0
Número I II III IV V
ϕ( x )
Número

f(x)

1 1 1 1 1 1
l. .a.α l. .a.α l. .a.(2.α + β ) l. .a.γ l. .a.α
2 3 6 3 4
2 1 1 1 1 1
l. .b.α l. .b.α l. .b.(α + 2.β ) l. .b.γ l. .b.α
2 6 6 3 12
3 1
1 1 l. .[a.(2.α +β) + 1 1
l. .(a + b ).α l. .(2.a + b).α 6 l. .(a + b ).γ l. .(3.a + b).α
2 6 3 12
+ b.(α + 2.β )]
4 1 1 1 1 1
l. .a.α l. .a.α l. .a.(3.α + β ) l. .a.γ l. .a.α
3 4 12 5 5
5 1 1 1 1 1
l. .b.α l. .b.α l. .b.(α + 3.β ) l. .b.γ l. .b.α
3 12 12 5 30
6 2 5 1 7 3
l. .a.α l. .a.α l. .a.(5.α +3.β) l. .a.γ l. .a.α
3 12 12 15 10
7 2 1 1 7 2
l. .b.α l. .b.α l. .b.(3.α +5.β) l. .b.γ l. .b.α
3 4 12 15 15
8 2 1 1 8 1
l. .c.α l. .c.α l. .c.(α + β ) l. .c.γ l. .c.α
3 3 3 15 15
9 1 1 1 15 7
l. .c.α l. .c.α l. .c.(α + β ) l. .c.γ l. .c.α
2 4 4 12 48
10 1
1 2 −ξ l. .c.[α..(2−ξ) + 1+ξ −ξ 2 1+ ξ + ξ 2
l. .c.α l. .c.α 6 l. .c.γ l. .c.α
2 6 3 3
+ β .(1 + ξ )]
11 1 1 1 2 1
l. .a.α l. .a.α l. .a.(4.α + β ) l. .a.γ l. .a.α
4 6 20 15 6
12 1 1 1 2 1
l. .b.α l. .b.α l. .b.(α + 4.β ) l. .b.γ l. .b.α
4 20 20 15 60
l

∫ [ϕ( x )] .dx
2 l.α 2 1
l. .α 2
1
(
l. .α2 +α.β +β2
3
) l.
8 2

1
l. .α 2
0 3 15 5
ou o ponto significa que a tangente à curva é horizontal
150

EXEMPLO DE APLICAÇÃO - Calcular a flecha (deslocamento vertical), na seção sob a


carga concentrada, para a viga representada na figura 266.

FIG. 266 - Exemplo dado

O primeiro passo, na resolução do problema, é traçar o diagrama de momento fletor (M)


para o carregamento dado, conforme figura 267.

FIG. 267 - Diagrama de momento fletor (M), para o carregamento dado

O segundo passo, na resolução do problema, é traçar o diagrama de momento fletor ( M )


para um carregamento unitário, na posição e direção da flecha desejada, conforme
representação na figura 268.

O terceiro passo, na resolução do problema, é calcular, utilizando a tabela 3, a integral, ao


longo da estrutura, do produto M .M , para isto deve-se separar a estrutura em trechos, de
forma a se obter produtos constantes da tabela 3.

6 ,00 m 3 ,00 m 4 ,50 m 6 ,00 m

∫ M .M .dx = ∫ M .M .dx = ∫ M .M .dx + ∫ M .M .dx + ∫ M .M .dx


Estrutura 0 ,00 m 0 ,00 m 3 ,00 m 4 ,50 m
151

FIG. 268 - Diagrama de momento fletor ( M ), para o carregamento unitário

• Trecho AB

FIG. 269 - Decomposição, para o trecho AB , em produtos tabelados

Calculando-se, com o auxilio da tabela 3, estas integrais de produtos, obtém-se:

3 ,00 m
 1   1 
∫ M .M .dx = 3,00. 3 .0,75.4875 + 3,00. 3 .0,75.562,5 ≅ 4078N .m
3

0 ,00 m
(1.II) (1.IV)
152

• Trecho BC

FIG. 270 - Produto tabelado, para o trecho BC

Calculando-se, com o auxilio da tabela 3, a integral deste produto, obtém-se:

4 ,50m
1
∫ M .M .dx = 1,50. 6 .[0,75.(2.4875 + 6187,5) + 1,125.(4875 + 2.6187,5)] ≅ 7840N .m
3

3,00m
(3.III)

• Trecho CD

FIG. 271 - Produto tabelado, para o trecho CD

Calculando-se, com o auxilio da tabela 3, a integral deste produto, obtém-se:

6 ,00 m
1
∫ M .M .dx = 1,50. 3 .1,125.6187,5 ≅ 3480N .m
3

4 ,50 m
(1.II)

E portanto, ao longo da estrutura, obtém-se:

6 ,00 m

∫ M .M .dx = 4078 + 7840 + 3480 ≅ 15398N .m


3

0 ,00 m

E finalmente, aplicando-se, a equação 30, obtém-se a flecha desejada.

1
v=
E .I ∫ M .M .dx
Estrutura

1
v= .15398 ≅ 0,0068m
2269000
153

v ≅ 6,8mm

Note que o resultado, aqui obtido, confere com o do mesmo exemplo, quando obtido
através da equação da linha elástica, apresentado no item 4.4.

6.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

6.6.1. O que são treliças?

6.6.2. O que se entende por nós de uma treliça? Como são admitidos no cálculo?

6.6.3. Como devem ser aplicadas as cargas em uma treliça? Qual o motivo?

6.6.4. Para que propósitos são utilizadas as treliças? Qual a vantagem? E por que motivo?

6.6.5. O que são treliças planas? E treliças espaciais?

6.6.6. Por que, em geral, se dá mais ênfase ao estudo das treliças planas que ao das treliças
espaciais?

6.6.7. Quanto a estabilidade geométrica, internamente, como podem ser as treliças planas?

6.6.8. O que são treliças hipostáticas?

6.6.9. O que são treliças isostáticas?

6.6.10. O que são treliças hiperestáticas?

6.6.11. Quanto a lei de formação, como podem ser as treliças isostáticas planas?

6.6.12. O que se entende por treliças simples? Esquematize alguns exemplos.

6.6.13. O que se entende por treliças composta? Esquematize alguns exemplos.

6.6.14. O que se entende por treliças complexas? Esquematize alguns exemplos.

6.6.15. Qual a nomenclatura utilizada para as barras de uma treliça? Apresente esta
nomenclatura em alguns esquemas de treliças.

6.6.16. Quais os métodos mais utilizados para se obter os esforços nas barras de uma
treliça?

6.6.17. Para as treliças, representadas nas figuras 272 e 273, obtenha os esforços nas barras
indicadas, nestas figuras, em negrito. Utilize o método de Ritter.

6.6.18. Obtenha, pelo método dos nós, os esforços em todas as barras das treliças
representadas nas figuras 272 e 273.
154

FIG. 272 FIG. 273

6.6.19. Obtenha, através do equilíbrio gráfico dos nós, os esforços em todas as barras das
treliças representadas nas figuras 272 e 273. Aproveite os resultados do exercício
6.6.18. e obtenha o erro médio cometido em seu método gráfico.

6.6.20. Obter os esforços nas barras das treliças representadas nas figuras 274 a 281,
traçando os respectivos Planos Cremona com auxilio do sentido de caminhamento,
da escala de forças, do campo "A e do ponto "A" ( correspondente ao campo "A"),
indicados nestas figuras.

6.6.21. Obtenha o erro médio cometido nos Planos Cremona das figuras 274 e 277
(exercício 6.6.20) em relação aos resultados do exercício 6.6.18.

6.6.22. O que se entende pela palavra virtual? E por deslocamento virtual?

6.6.23. O que afirma o Principio dos Trabalhos Virtuais, quando aplicado aos corpos
rígidos ideais?

6.6.24. O que se pode dizer a respeito do trabalho total dos corpos em equilíbrio?

6.6.25. O que afirma o Principio dos Trabalhos Virtuais, quando aplicado aos corpos
deformáveis?

6.6.26. Qual o procedimento utilizado para se obter o deslocamento de um nó de uma


treliça?

6.6.27. Calcule os deslocamentos vertical e horizontal do nó 9 da treliça representada na


figura 272. Aproveite os resultados obtidos no exercício 6.6.20, As características
das barras, desta treliça, são fornecidas na tabela 4.

6.6.28. Calcule o deslocamento vertical, do nó 5 da treliça representada na figura 273.


Aproveite os resultados obtidos no exercício 6.6. 20. As características das barras,
desta treliça são fornecidas na tabela 5.
155

FIG. 274 - Treliça, Plano Cremona e Esforços nas Barras


156

FIG. 275 - Treliça, Plano Cremona e Esforços nas Barras


157

FIG. 276 - Treliça, Plano Cremona e Esforços nas Barras


158

FIG. 277 - Treliça, Plano Cremona e Esforços nas Barras


159

FIG. 278 - Treliça, Plano Cremona e Esforços nas Barras


160

FIG. 279 - Treliça, Plano Cremona e Esforços nas Barras


161

FIG. 280 - Treliça, Plano Cremona e Esforços nas Barras


162

FIG. 281 - Treliça, Plano Cremona e Esforços nas Barras


163

TAB. 4 - CARACTERÍSTICAS DAS BARRAS DA TRELIÇA

Comprimento Área da seção Módulo de


Tipo Barra da barra transversal da barra Elasticidade
li (mm) Ai (mm2) Ei (MPa)
2-4 1521 9600 7750
Superior

4-6 1521 9600 7750


Banzo

6-8 1521 9600 7750


8-9 1521 9600 7750
1-3 1677 9600 7750
Inferior

3-5 1677 9600 7750


Banzo

5-7 1677 9600 7750


7-9 1677 9600 7750
1-2 2000 7200 7750
Montantes

3-4 1500 7200 7750


5-6 1000 7200 7750
7-8 500 7200 7750
2-3 1953 7200 7750
Diagonais

4-5 1677 7200 7750


6-7 1521 7200 7750

6.6.29. Qual o procedimento utilizado para se obter a flecha em determinada seção de uma
viga, através do Principio dos Trabalhos Virtuais?

6.6.30. Calcule a flecha, na seção "C", das vigas representadas nas figuras 282 e 283.

FIG. 282 FIG. 283


164

TAB. 5 - CARACTERÍSTICAS DAS BARRAS DA TRELIÇA

Comprimento Área da seção Módulo de


Tipo Barra da barra transversal da barra Elasticidade
li (mm) Ai (mm2) Ei (MPa)
Banzo Diagonais
Superior de apoio

1-2 5000 24000 14844

6-8 5000 24000 14844

2-4 3000 15000 14844

4-6 3000 15000 14844

1-3 3000 15000 14844


Inferior

3-5 3000 15000 14844


Banzo

5-7 3000 15000 14844


7-8 3000 15000 14844

2-3 4000 1552 210000


Montantes

4-5 4000 1552 210000


6-7 4000 1552 210000
Diagonais

3-4 5000 19500 14844

4-7 5000 19500 14844


165

7. BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - Cálculo e execução de


estruturas de madeira - NBR 7190. Rio de Janeiro. ABNT. 1982. 23 p.

__________ - Símbolos gráficos para projetos de estruturas (simbologia) - NBR 7808. Rio
de Janeiro. ABNT. 1983. 14 p.

ANTUNES, J. C. O. S. & ANTUNES, M. H. C. C. - Exercícios de estática das estruturas.


4a edição. São Carlos. Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo
(EESC-USP). 1976 (Publicação no 194).

DARKOV, A. & KUZNETSOV, V. - Structural Mechanics. Moscow. Mir Publishers. 703


p.

SCHIEL, F. - Introdução à resistência dos materiais. Fascículos I, II e III. 6a edição. São


Carlos. Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo (EESC-USP).
1976 (Publicação no 125). 382 p.

SILVA JR., J. F. - Tabelas para o cálculo de estruturas pelo método da energia de


deformação. São Paulo. Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). 1952 (Publicação no
451).

STAMATO, M. C. - Deslocamentos em estruturas lineares. 4a edição. São Carlos. Escola


de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo (EESC-USP). 1976. 118 p.

WOLFF, I. - O princípio dos trabalhos virtuais e o infinitamente pequeno. In: Jornadas


Sul-americanas de Engenharia Estrutural, 3as. Porto Alegre. 1952

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