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DEFENSORIA PÚBLICA D A UNIÃO

RUA QUITANDINHA, Nº 21 – SALA 11 – VILA GALVÃO – GUARULHOS/SP


FONE: (11)2455.2756 – E-MAIL: DPU.GUARULHOS@DEFENSORIAPUBLICA.GOV.BR

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 6ª VARA DA SUBSEÇÃO


JUDICIÁRIA DE GUARULHOS/SP.

“São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União:


I - receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de
jurisdição, contando-se-lhe em dobro todos os prazos. (...)”
(destacamos)
LC 80/94, art. 44, I (Lei Orgânica da Defensoria Pública da
União)

Processo nº: 2003.61.19.001616-6


PAJ nº. 2009/019-0

SANDRA APARECIDA SOARES MARQUES, já devidamente


qualificada nos autos do processo em epígrafe, assistida pela Defensoria Pública da União, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 5º, LV, da Constituição Federal, e no
artigo 403, §3º do Código de Processo Penal, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS DE DEFESA nos
seguintes termos:

1. - DA REALIDADE FÁTICA:

A acusada foi denunciada e está sendo processada como incursa nas penas

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dos artigos 171, caput, e §3º do Código Penal. Narra a peça acusatória, em síntese, que a acusada, teria
obtido vantagens econômicas ilícitas, em prejuízo do Instituto Nacional de Seguridade
Social, mediante a utilização de dados falsos constantes da Carteira de Trabalho de
SATICO MIKUNO em relação a vínculo empregatício inexistente no sistema de
benefícios do INSS.

Alegações finais apresentadas pelo Ministério Público Federal requerendo a


condenação de SANDRA APARECIDA SOARES MARQUES.

Não merecem ser acolhidas as alegações do órgão ministerial, conforme os argumentos


abaixo.

2.- DO MÉRITO:

2.1 – Do estrito cumprimento do dever legal

Conforme se extrai da instrução processual, a acusada apenas atuou no


estrito cumprimento do dever legal, causa excludente da antijuridicidade, previsto no artigo 23, III do Código
Penal.

Desta forma, não há nos autos qualquer prova ou mesmo indício que
demonstre que a ré desobedeceu o procedimento instituído pelo Instituto Nacional de Seguridade Social no
momento da concessão do benefício.

Como narrado pela ré em seu interrogatório, esta seguiu com extremo rigor a
orientação fornecida pela gerência da agência, seus superiores hierárquicos, agindo de acordo com a
orientação vigente à época dos fatos.

Em face às alegações do ilustre e digno Ministério Público Federal, cumpre


mencionar que, foram realizadas as devidas consultas ao CNIS, meio de apurar eventual irregularidade na

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documentação apresentada quando do requerimento do benefício, assim como a Carteira de Trabalho da co-
ré, informações esta que apresentavam a credibilidade necessária para a concessão do benefício.

Não pode a ré ser responsabilizada por erros constantes no banco de dados


do CNIS, assim como por registros fraudulentos na Carteira de Trabalho de VALERIA. Não havendo
irregularidade aparente, quando confrontadas os dois registros, o benefício há de ser concedido, conforme
orientação da gerência do INSS.

Desta forma, é nítido que se encontrava a acusada em estrito cumprimento


do dever legal, causa excludente da antijuridicidade, prevista no artigo 23, III do Código Penal.

2.2 – Da atipicidade da conduta

Pelo princípio da eventualidade, cumpre mencionar que caso Vossa


Excelência não reconheça o estrito cumprimento de dever legal, deve-se reconhecer a inexistência de dolo na
conduta, elemento essencial no tipo penal.

Cumpre mencionar que os funcionários autárquicos encontram-se


vinculados às orientações da referida autarquia, não havendo liberdade de atuação conforme os seus próprios
desígnios.

Desta forma, se a acusada seguiu as diretrizes apontadas por seus superiores


hierárquicos, não pode se considerar que haja dolo de fraudar o Instituto Nacional de Seguridade Social em
sua conduta, pois resta demonstrado a obediências aos regulamentos da época dos Fatos. Inexistindo dolo,
não há que se falar em fato típico, pois é parte integrante do tipo em questão.

Ademais, cabe esclarecer que a base de dados do CNIS – Cadastro Nacional


de Informações Sociais é mantido e atualizado pelo Dataprev, de forma que a acusada não tinha meios para
alterar o já registrado neste cadastro, assim como não teve qualquer envolvimento com qualquer informação
inverídica registrada na Carteira de Trabalho da co-ré.

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Isto posto, não há nos autos prova que demonstre dolo da acusada em
fraudar o INSS, assim como não há qualquer indício que haja recebimento de vantagem econômica indevida
por parte da ré SANDRA APARECIDA SOARES MARQUES.

Destarte, restando cristalino a ausência de dolo em fraudar a Previdência


Social, poderia entender este digno juízo pela ocorrência de culpa, na modalidade de negligência, haja vista
que as informações apresentadas para o INSS no momento de requerimento do benefício não condiziam com
a verdade.

No entanto, cumpre ressalvar que não há lugar para discussão de culpa no


caso em tela, seja na forma de imperícia, imprudência ou negligência, haja vista a impossibilidade de punição
da conduta a título de culpa.

Destarte, inexistindo o dolo, é medida de justiça a absolvição da acusada,


nos termos do artigo 386 do Código de Processo Penal.

2.3 - Da fixação da pena-base no mínimo legal

Caso Vossa Excelência entenda pela condenação da acusada, cumpre a


defesa pleitear pela aplicação da pena base, haja vista as circunstâncias que podem influenciar na fixação da
pena-base:

Bitencourt1 define culpabilidade como “o elemento de mediação ou de


determinação da pena”. O autor considera importante que o magistrado tenha em mente o real significado do
elemento culpabilidade, para que não incorra em erros como afirmar que “o agente agiu com culpabilidade,
pois tinha consciência da ilicitude do que fazia”.

É certo que a culpabilidade é fator de determinação ou graduação da pena.

1
. BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2002.

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Refere-se ao grau de reprovabilidade da conduta, de acordo com as condições pessoais do agente e das
características do crime. Assim, torna-se viável a transcrição do entendimento jurisprudencial:

TJSC: “O grau de culpabilidade do agente deve ser aferido de acordo com o índice de
reprovabilidade, não só em razão de suas condições pessoais, como também em vista da
situação de fato em que ocorreu sua conduta” (JCAT 75/602) (grifo nosso).

Quanto à personalidade, esta não deve ser considerada prejudicial ao


acusado, haja vista inexistirem nos autos qualquer indício que demonstre a dedicação ao crime.

Como se não bastasse, além de envolver os fatores sociais inerentes a cada


pessoa, a análise da culpabilidade envolve também fatores subjetivos que não podem deixar de ser
considerados.

Segundo Alfred Adler, alguns dos fatores que contornam a personalidade


são: a posição do sujeito, a quantidade de afeto que recebeu da família, as doenças que eventualmente
abalaram o seu desenvolvimento, a sua aparência, a avaliação subjetiva que dela se faz, a educação e o
sentido social, que diz respeito à importância que se dá aos outros.2

Cumpre salientar que toda análise aprofundada da culpabilidade do réu


costuma ser evitada pelos magistrados, pois são inúmeros os processos, morosa a justiça, e a clássica lição do
memorável Ruy Barbosa já dizia que “justiça lenta, não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”.

Porém, tratar todos os agentes que cometem determinado crime como sendo
“iguais” também não deixa de ser uma injustiça.

Já contra-argumentando o que poderá ser alegado na sentença por Vossa


Excelência, não há como fazer prova de aspectos subjetivos, psicológicos, inerentes a cada pessoa.

2
ADLER, ALFRED. A ciência da natureza humana. 6.ed. Trad. Godofredo Rangel e Anísio Teixeira. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1967.

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Analisando as circunstâncias do crime, juntamente com a personalidade e


conduta social do acusado , verifica-se que não há motivos para se elevar a pena-base.

Sendo as consequências do crime referentes à maior ou menor intensidade


da lesão produzida ao bem jurídico em decorrência da infração penal, observa-se que o prejuízo causado com
a prática do delito em foco foi mínimo, o que se deve levar em consideração na dosimetria da pena.

No que tange aos motivos do crime, estes são normais à espécie e não há
nada relevante a influenciar negativamente no cálculo da pena.

Assim sendo, analisando todas as circunstâncias judiciais presentes no artigo


59 do Código Penal, chega-se à conclusão de que a pena mínima é suficiente.

2.5 - Da substituição da pena

No que se refere à substituição da pena, a sanção penal aplicada em caso


concreto não afasta a incidência do artigo 44, do Código Penal, possibilitando assim a substituição de
eventual pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos, haja vista que o crime não foi cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa, a acusada não é reincidente em crime doloso; e a pena restritiva de direito é
suficiente para que a acusada entenda o caráter ilícito do fato.

Dessa forma, torna-se medida de justiça a substituição da pena privativa de


liberdade por uma restritiva de direitos, uma vez que a acusada preenche os requisitos do referido artigo.

3 - DO PEDIDO
Pelo exposto, requer-se, nos termos acima:

a) a absolvição da acusada;
b) a aplicação da pena-base no seu mínimo legal;

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c) a substituição de eventual pena privativa de liberdade por uma pena


restritiva de direitos.

Termos em que
Pede Deferimento.

Guarulhos, 25 de novembro de 2009.

Andre Luis Rodrigues


Defensor Público Federal

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