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Taba de Corumbê.
Mauá – SP - Brasil
da cidade
Danilo Bueno
encruzilhada
de escrita feita de
grafia ilegível
o que se escreveu
para ninguém,
mas tão preciso
entre paredes,
sem ruídos
o canto, seu trabalho
à leitura do vazio
extremo
sepultado contra
o ar (que o conserva
contexto e
exposto) à erva
sem idioma
ou métrica
deixe falar o vento
cantando dentro
Fabiano Calixto
quantos
tons têm a máquina de moldar, nesta
passagem, nota musicais no vácuo
desta composição?
- me esqueço até do futebol -
(todos
os rostos compõem um ícone
ímpar
de único tom).
Deise Assumpção
rodoviária
decibéis de cansaço, pressa, espera
concha acústica reescritura
de antigos versos
pequenas árvores
seivam as raízes das primitivas
espectros de futuro e passado
compromissando o Paço
velhos bancos
de reclinar o dorso
furtar beijos de namorados
agora duras muretas-nádegas
de envergar o tronco
olhos-inverno contornando arbustos
que às suas costas engendram flores
Guilherme Vidotto
de Grieg
a manhã de “peer gynt”
com estribilho
distante
de um trem
de inverno
uma corrente de ar
seca - para quem nota
detrás do bosque
coxins de orvalho
na memória da xícara
somente no vôo
o pássaro
entende o homem e a estrela
da manhã
ainda fresca
a camomila de outro poema
lâmpada de sódio se aproxima
Iracema M. Regis
Um débil lamento
sangra a vastidão
num sambinha de uma nota só
Foge –
a bateria parou?
chegou a dispersão?
Na S. Gerônimo –
palco da Marquês de Sapucaí
o amolador de facas,
tesouras e alicates sopra
veementemente
a sua velha gaita de fole.
Necrópole
Adriana Bechelli
tenho tremor
minhas mãos suam
e ao redor uma névoa
pairando no ar
olhos,
e nos meus olhos
choro
uma sensação de perda
(lembrança)
perto de mim
cemitério
asas de um anjo
voam e não se limitam...
passante
Jorge de Barros
ignoro os gestos
entre outros gestos
do pregador de pulmões ávidos
que grita impávido
sua corneta apocalíptica
recuso o passe
que me oferecem
com um muxoxo
pois tenho pressa e não tenho troco
evito as pausas
não me questionem
não me perturbem
pois vou pra longe
tudo é urgente
eu não completo, eu não contemplo
apenas passo
Amém índios.
Sarah Helena
Porta aberta
sigo a fada
seguem comigo
passos leves
fosforescências
cimento branco e calmo
sentar e abrir o vinho
“To be or not to be”
caminho em busca
do sono do meu amigo
tantas camas de pedra
me perco
(triste não ter onde chorar)
nomes em porcelana
tão frio
caminho cabisbaixa
sai a lua
surpreendida
entre fantasmas
que olham a vista
no gramado...
cidade menina
Corrita Melão
corpo caulim
opulente
revestida num tímido verde
entre argamassa
seios serranos
insinuantes,
produzindo seiva-vida
mãos suaves
- serpente arrasta
o indesejável –
divide Cidade Menina
surgem mansardas
entrelaçadas
nos cachos
volúpia
sensação
da rolimã
deslizando
por entre suas negras
coxas roliças
prospera pequenina
silhueta de grande mulher.
Cascata
Cleide Borges
marca
o silêncio de alguns
e dor de outros
paz imposta
num gramado
íngreme
subida às visitas
pupilas de adeus
a capela inspira
conforto
a fé abalada
abrigos serenos
dialogam
lote 2
quadra C
platéia em flores
dos poros exalam
um coro de amor
brota a vigília
néctar de saudade
cala a sintaxe
arbocíclica
Cecília Camargo
altiva
senhora de si
suas vestes
marcam o tempo
cobre-se de verde
mescla-se de rosa-carmim
muda para castanho
traveste-se de branco
testemunha
o nascente, o poente
e a brisa
que passa ligeira
sua passagem
sombra
ar fresco
alheia às buzinas
e ao corre-corre
acha graça
dos pequenos perdidos
à sua volta
Meu Poema da Praça
Aristides Theodoro
II