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Resumo

Este artigo pretende localizar historicamente o surgimento da


adolescência como um fenômeno da modernidade. Seguindo esse trajeto,
destaca e desenvolve os conceitos psicanalíticos relacionados à adolescência,
tais como: Recalque, complexo de Édipo, Supereu, Eu ideal e Ideal do eu.

Adolescência, O que vem a ser?


Um vir-a-ser?1
Eliana Harfush Midlej2

Vou começar fazendo uma digressão: passando pela infância para


chegar à adolescência, passeando pela história para chegar à
psicanálise.Escolhi esse caminho para que possamos pensar um pouco essa
idéia, amplamente difundida na produção psicanalítica inclusive, de que a
adolescência é um fenômeno da modernidade.
Para esse percurso vou me basear na obra do historiador francês
Philippe Ariès, mais especificamente no seu trabalho História Social da
Criança e da Família.Com ele constatamos que a adolescência é impensável
antes do século XX.Mas isso não foi só com a adolescência, sua antecessora a

1
Trabalho apresentado em encontro das “Reuniões Psicanalíticas”, São Paulo, 2002.
2
Psicanalista, editora da Textura, revista de psicanálise.Co-autora do livro “Temas da Clínica
Psicanalítica”.Ed.Experimento: São Paulo, 1998.

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infância, só passou a existir como conceito, como fase da vida, a partir do
século XVII.
Na Idade Média a duração da infância reduzia-se ao tempo em que “o
filhote do homem conseguia bastar-se”, diz Ariès.Assim que a criança
adquiria algum desembaraço físico, ela era logo misturada aos adultos.Isso
quando sobrevivia, pois a morte era muito freqüente e a vida da criança não
valia lá grandes coisas em tempos medievais.De criancinha ela se
transformava num pequeno adulto, sem passar pela etapa da juventude.
Só em épocas anteriores à Idade Média, e nas sociedades ditas
primitivas, as comunidades eram organizadas por classes de idade, e por ritos
de passagem.Nessas sociedades antigas, cada criança tinha sua função.E a
educação, o trabalho e a sexualidade, eram transmitidos por um ritual de
iniciação.
Na Idade Média toda aprendizagem era feita pelo convívio com os
adultos.Nas raras vezes em que iam à escola, as crianças eram misturadas aos
adultos, aliás, o fato mesmo de ir à escola já fazia dela um adulto.
Fazendo um trajeto pela iconografia da época, o historiador nos mostra
que as crianças vestiam-se como adultos, participavam dos jogos, das festas e
dos trabalhos.
Quanto a sexualidade, não se cultivava o pudor junto às crianças,
podemos dizer que isso não constituía um problema na educação delas.Até
que vieram os moralistas – reformadores religiosos, educacionais e políticos
que mudaram consideravelmente o rumo da história.Foram os verdadeiros
responsáveis pela separação das crianças do mundo adulto.Voltaram-se
diretamente para a vida da criança.Antes de qualquer coisa, voltaram-se
literalmente para a vida dela, negligenciada até então quanto a sua
sobrevivência.Os moralistas preocuparam-se com a saúde da criança, mas

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também com a educação, a espiritualidade; e finalmente, fazendo jus ao nome,
preocuparam-se com a moral.E com a moral sexual.
A relação entre sexualidade e infância era coisa que não merecia
atenção.Até que surgem os moralistas e advertem: é preciso amar, cuidar,
educar, mas também vigiar a criança. A noção de inocência vem daí :
correlata, portanto, da noção de moral.
A família deixa de ser apenas uma instituição dos direitos privados -
preocupada acima de tudo com a transmissão dos direitos e dos nomes - e
passa a preocupar-se com suas crianças.Sob a influência dos moralistas, a
família tira a criança da sociedade dos adultos.E colocam-na numa espécie de
quarentena.
Essa quarentena foi a escola.Quarentena é resguardo, defesa, proteção;
mas é também o isolamento temporário ao qual se submetem os que estiveram
expostos a uma moléstia.E a epidemia que os moralistas pareciam ter
descoberto, foi a do desejo.Não nos esqueçamos: quarentena é também um
período de abstinência sexual.
A infância erigida como imagem de inocência, deixa aí recalcada uma
sexualidade.
Fonte de inquietude a partir do século XVII, a criança será mantida
confinada nos internatos por mais dois séculos.Nesse período, a categoria de
juventude confunde a criança e o jovem.Não os distinguiam muito, exceto na
primeira infância.
Ainda no século XVIII os jovens – por volta dos quinze anos, ou até
menos – já estavam combatendo, levando exércitos a batalhas, comandando
navios (era época do conscrito, ou alistamento), até impérios eles
comandavam.

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Somente podemos falar em adolescência no século XX, mais
exatamente a partir da Primeira Guerra Mundial.Há autores, contudo, que
consideram que a adolescência é um fenômeno que só pode ser pensado
depois da Segunda Guerra Mundial.De todo modo, é curioso que as
referências ao advento da adolescência estejam ligadas a períodos bélicos.
Seja numa guerra, ou em outra, a juventude passou a ser idealizada
como depositária dos atributos de força física, coragem, vigor, esperança e
alegria.Veio com a responsabilidade de reascender uma sociedade que a essas
alturas se considerava envelhecida.
É aí que a juventude torna-se adolescência.Transforma-se num
fenômeno caracterizado como a abertura de um tempo que não existia na
cultura.Daí em diante a adolescência se expandiria cada vez mais, empurrando
a infância para trás e a maturidade para frente.
A adolescência ergueu-se num ideal: o de ser um tempo feliz.A vida
adulta foi empurrada para frente, adiada, procrastinada; dando lugar à
adolescência que viria a se constituir como um tempo de suspensão - até então
inexistente- entre a infância e a maturidade.
A minha idéia é poder pensar com vocês como a abertura de um tempo
marcado para ser feliz, um tempo idealizado, irá se constituir também como
um mandato, uma nova injunção social exatamente nos moldes do supereu.
Acho que assim encerramos a nossa digressão histórica, afinal ela já
nos deu dois bons ingredientes para entrarmos na psicanálise.Um é o recalque:
recalque da sexualidade infantil, através da idéia de inocência da criança.O
outro é a procrastinação, ou adiamento.
O recalque e a procrastinação são elementos que estão na cultura, e que
estão no Édipo, mais exatamente no final dele.O final do Édipo é uma
composição do recalque (recalque do desejo incestuoso e renúncia do objeto

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desse desejo) com uma aquisição.Aquisição do tipo viril ou do tipo
feminino.Aquisição que em verdade é uma aposta. Aposta de que no futuro,
quando chegar o momento certo, ou seja, na puberdade, se terá acesso à
sexualidade.
Lacan diz que se sai do Édipo com os títulos de propriedade no
bolso.Títulos que irão se manter em reserva, muito bem guardados durante a
latência, até que chegue a puberdade.
Freud diz que a criança ao sair do Édipo, detém com ela todas as
condições para no futuro se servir da sexualidade.
É verdade que as coisas não ocorrem assim tão tranqüilamente na hora
de usar esse crédito adquirido no Édipo.Quando a neurose eclode, diz Lacan,
algumas irregularidades se percebem nesses títulos...
Nem tudo que se leva do Édipo é crédito: há culpa pelo desejo
incestuoso – apesar da renúncia – e há débito também.Contrai-se no Édipo a
dívida simbólica.No final do complexo está também o supereu. O supereu é o
herdeiro do Édipo, diz Freud.
Mas quando chega a puberdade, o sujeito quer saber do seu crédito, do
que lhe fora prometido, ou seja, a sexualidade.Do ponto de vista da fisiologia
está tudo pronto, há aí um corpo maduro.
A sexualidade que na infância estava no campo do jogo, daquilo que
não conta, ou de um faz de conta - na puberdade passa a ser pra valer.
É o momento da assunção do sexo.Momento propício para a neurose
eclodir.Hora de deparar-se com a castração, de ver o que dá para fazer com
ela, apesar dela.
Reconhecer-se homem ou mulher.É o que se impõe na puberdade.
E o reconhecimento não se dá sem um Outro.O adolescente dirige a
seus pais e/ou aos representantes destes, a pergunta: “Sou um adulto?”, “Posso

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desfrutar da minha sexualidade?”. E o que vem como resposta a essas
perguntas é algo como: “Espera, ainda não é hora...”. Esta resposta, ou
melhor, esta “não-resposta”, é o que constitui o fenômeno da adolescência
como um plus em toda a problemática da puberdade.
O adolescente vinha da latência. O corpo da latência é um corpo
tranqüilo, que não incomoda. “ De repente ele se vê habitado na puberdade
por um corpo”, diz Charles Melman.E esse corpo lhe parece um tanto
invasivo. O corpo da adolescência grita, ao contrário do corpo da latência que
é um corpo silencioso.
A adolescência exige um reapossar-se do corpo, uma revalidação
deste.Aí é que o olhar do Outro, adulto no caso, entra como suporte.Esse aval
deve ser tanto imaginário quanto simbólico, pois quando um adolescente pede
um reconhecimento do seu corpo ele quer saber do seu estatuto biológico, da
sua imagem narcísica (esta é a dimensão do eu ideal) e ele quer saber também
se ele é um adulto capaz de realizações sexuais, amorosas e sociais
(dimensão do ideal do eu). Afinal, esses são os valores que lhe foram
transmitidos na infância e são todos esses estatutos que estão em jogo.

João, um paciente imerso numa adolescência prolongada (sim, porque


hoje no auge da modernidade, somos até capazes de arriscar que a
adolescência começa com a puberdade, mas nunca seremos capazes de saber
quando ela termina!), estava vivendo uma crise sexual Não se sentia seguro
para estar com uma garota, também estava inseguro com o início da vida
profissional.Olha-se no espelho, vira-se para o irmão mais velho que estava ao
seu lado e pergunta: “Aquele que você vê lá, é o mesmo que você vê
aqui?”.Queria se ver através do olhar do irmão. Ele duvidava do seu corpo, se
ele já era suficientemente crescido.Essa não foi a única vez que, diante do

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espelho, a sua imagem lhe causa estranheza. Estava freqüentando uma
academia, acreditava que para estar com uma mulher precisava se
preparar.Um dia olha-se no espelho e vê que estava ficando
musculoso.Angustia-se com isso.Dessa vez não tinha o olhar do irmão para
lhe dar o reconhecimento que precisava.Foi aí que procurou análise.

A adolescência reedita o estádio do espelho - quando a criança conta


com o olhar materno para reconhecer a integridade do seu corpo, da sua
imagem.A adolescência vai além do estádio do espelho - óbvio, afinal estamos
falando de uma ressignificação - e promove uma espécie de curto - circuito
entre o eu ideal e o ideal do eu.
O adolescente espera que venha do Outro um olhar, uma palavra que dê
um reconhecimento claro de que é um adulto.Ao invés disso vem uma
resposta evasiva, algo como: “ Espera, ainda não é a hora...”
Inúmeros sintomas podem decorrer daí, e são responsáveis por produzir
toda uma fenomenologia adolescente:
• O enfear-se, o esconder-se atrás das roupas; as marcas que fazem no
corpo: as tatuagens, os piercings.Uma garota que põe um piercing no umbigo,
por ex, não quer dizer exatamente que ela só olha para o próprio umbigo,
muito pelo contrário, pode querer dizer que ela quer ser olhada pelo Outro,
espera que este tenha algo a dizer sobre ela.
•O laço com os pares. No grupo pode estar o reconhecimento de que se
é um adulto.Os sinais de admissão na vida adulta ali são mais claros.Sinais
estabelecidos por eles próprios como uma espécie de código.Estabelecidos por
um consenso ou pelo líder do grupo.Essa é a gênese da formação de um grupo,
de uma “galera”, mas é também a origem da formação dos bandos, ou das

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gangs.Nestes últimos a transgressão, a violação à lei pode vir como uma
forma extremada de se impor como um adulto.E de se impor diante de um
adulto.Pela violência, pelo medo que é capaz de causar, dá prova de ser
adulto.Prova dada ainda que seja à força, na marra.
•A toxicomania, que na sua dimensão extrema busca um gozo
absoluto, podendo chegar à passagem ao ato. Ou em doses menores como um
apelo, um pedido de ajuda, de que o Outro, adulto, leia e interprete o seu ato:
acting-out.
•Fenômenos psicóticos, também encontram aí um momento propício
para emergir.Aliás, não só a psicose como fenômeno, mas como estrutura.A
emergência da psicose se dá num momento de chamado à função paterna.E a
assunção da sexualidade, de uma realização amorosa ou profissional opera
como um chamado à função paterna.Chamado que o psicótico não pode
atender.
Mas os casos que me inspiraram neste trabalho não se confundem com a
psicose e nem com a delinqüência.Tratam-se de exemplos que tive na clínica e
que estão mais para inibição e angústia.

Maria, uma garota tímida, queixava-se por não sair de casa, dizia não ter
para onde ir.As baladas vespertinas que ela freqüentava não permitiam mais
sua entrada, pois ela acabara de completar dezesseis anos.
À tarde não podia mais entrar.As casas limitavam a idade em quinze
anos.
À noite ela ainda não podia entrar.Só com dezoito anos.Reclamava
então: ”Eles criam o gosto na gente e depois tiram. E aí a gente fica sem ter o
que fazer. Esperando ter dezoito...”.

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Esperando no limbo.A adolescência é essa espécie de limbo,zona de
indefinição, congelamento, onde o adolescente parece muito crescido para
uma série de coisas e pouco crescido para outras tantas. Para falar em termos
lacanianos, Goza, que é impossível!

Visitava-me uma garota que estava sofrendo muito com a escolha


profissional.Estava fazendo cursinho para o vestibular.Inibida, não conseguia
escolher.Nem estudar conseguia.Não abria a boca na sala de aula, escondia
toda a sua beleza por trás de cabelos desleixados e de roupas frouxas.Com o
decorrer da análise foi se reapossando da sua beleza, da sua
segurança.Começa a namorar.Retoma aos poucos sua concentração e seu
ânimo pelos estudos.A proximidade da inscrição no vestibular, no entanto,
deixa-a confusa, Até então estava entusiasmada com o jornalismo.Sua
inclinação por essa profissão estava motivada pela transferência que tinha com
um professor - jornalista de formação - e também pelo pai de uma amiga -
jornalista bem sucedido - que ela muito admirava. Nas vésperas da inscrição
tinha incertezas, precisava de uma confirmação do pai. Aflita chamou por ele
e perguntou: “Pai o que eu faço?”, ele disse: “Espere você não precisa saber
agora, você tem muito tempo para saber”.E completa: “Veja, eu até hoje não
estou muito certo do que eu escolhi. Não sei se queria, ou se quero ser um
engenheiro, como tenho sido...”.

Uma série de conseqüências decorre dessa frase que ouve do pai.Mergulha


num período de angústia seguido por uma série de atuações.Soma-se a esse
episódio, o fora que leva do namorado.A partir disso, começa a faltar à
análise.Inscreve-se num vestibular, numa opção antes nunca cogitada. Não
fala com o seu pai da sua intempestiva mudança de carreira.Também faltou à

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análise no dia que fez a inscrição. Num ato falho, revela o seu acting-out: O
telefone do meu consultório toca.Eu que atendo a ligação.Era ela. Perguntava
por Atílio, esse é o nome do seu pai.Reconhece a minha voz.Embaraçada diz
que ligou para o meu consultório por engano.Estava ligando para o escritório
do pai.Era o seu pedido de ajuda que vinha de forma enviesada.O destinatário
era o pai, mas poderia ser eu.

O supereu exprime-se sob a forma do imperativo categórico


(kantiano)..Portanto ele não se limita a dar um conselho: “Sejas assim” (como
o seu pai). Acima de tudo o supereu proíbe: “Não sejas assim como o seu
pai”, ou ainda: “Não faças tudo o que ele faz; muitas das coisas são reservadas
apenas a ele”.E essa garota pareceu descobrir como fala o supereu.

A espera, pivô da adolescência, atualiza o imperativo e faz a sua versão


particular da injunção. É por isso que quando o pai da nossa adolescente lhe
diz, “Você não precisa (ainda) ser um adulto”, essa espera, esse ainda que
pretendia aliviar a barra para a garota, acaba por desabar sobre ela, na forma
de: “Espera! Ainda não é hora de ser um adulto”, “Não faça tudo o que um
adulto faz, muitas das coisas são reservadas apenas a ele”, em última instância
seria: “Você não pode ser um adulto”.É a injunção que se sobrepõe.Bem ao
gosto do supereu!
Para finalizar com uma espécie de licença poética, vou lançar mão de um
ícone da adolescência.Trata-se de Holden.O nosso herói, personagem hoje
cinqüentão, do belo livro “O Apanhador no Campo de Centeio”.
Holden Cauldfield, tem 16 anos.Com o ano bombado na escola, acabaria
por ser expulso do internato onde estudava na Pensilvânia.Depois das férias
do Natal não poderia mais voltar a freqüentar o colégio.Arrastava os últimos

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dias do ano letivo e enquanto isso sofria com o fato de ter que dar a notícia aos
pais, ao chegar em Nova York, cidade onde moravam.Uma briga com seu
companheiro de quarto (estava inconformado com o fato do colega ter ficado
com a garota que ele gostava) precipita a sua saída da escola.Na verdade não
foi exatamente uma saída, mas uma fuga.
Chega a Nova York, e incógnito passa os dias que antecederiam a sua
chegada oficial. Três dias que parecem ser uma eternidade.Numa vertiginosa
narrativa em primeira pessoa, o personagem vive situações
insólitas.Perambula pelas ruas, vaga pelas noites e noitadas, gasta toda a
mesada que lhe restara.No seu ato mais arrojado, uma noite entra no
apartamento dos pais escondido para falar com sua irmãzinha.Acorda-a, ela
fica muito feliz com a chegada dele, conta novidades, riem juntos.Mas quando
ela percebe que ele chegou em casa antes do dia esperado, conclui que ele fora
expulso da escola.Muda o tom da conversa e do alto dos seus seis anos,
pergunta seriamente ao irmão: “De que você gosta na vida, o que você quer
ser na vida?”.Ele demora pra responder, dá respostas evasivas, seu
pensamento vai longe. Firme ela insiste na pergunta. E ele diz: “Sabe aquela
canção ‘Se alguém agarra alguém atravessando o Campo de Centeio?’” Ela
diz: “Não é se alguém agarra alguém..., é ‘se alguém encontra alguém
atravessando o campo de Centeio’”. “Pensei que era ‘Se alguém agarra
alguém’, insiste ele: “Seja lá como for, fico imaginando uma porção de
garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio.Milhares
de garotinhos e ninguém por perto – que dizer ninguém grande - a não ser
eu.E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que eu tenho que
fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair num abismo.Quer dizer, se
um deles começar a correr sem olhar para onde está indo, eu tenho que

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aparecer de algum canto e agarrar o garoto.Só isso que eu ia fazer o dia todo.
Ia ser só o apanhador no campo de Centeio”.

Os personagens dos nossos sonhos, já nos advertia Freud, quem são,


senão nós mesmos? Não poderíamos pensar que na fantasia de Holden ele é ao
mesmo tempo essa porção de garotinhos correndo nas proximidades de um
abismo, e o adulto que terá que contê-los?

Bibliografia

Lacan, Jacques.O Seminário, livro 5: as formações do inconsciente, (1957-


1958).Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
Rassial, Jean-Jacques.O adolescente e o psicanalista.Rio de Janeiro:
Compainha de Freud, 1999.
Melman,Charles.In: Rassial,Jean-Jacques Ibid
Freud, Sigmund.A Dissolução do Complexo de Édipo (1924), vol. XIX in
Obras Completas, Ed. Standard Brasileira.Rio de Janeiro: Imago, 1980.
Calligaris, Contardo.A Adolescência.São Paulo: Publifolha, 2000.
Salinger, J.D. O Apanhador no Campo de Centeio.Rio de Janeiro: Editora do
Autor,1965.
Ariès, Philippe.História Social da Criança e da Família.Rio de janeiro:LTC
Editora,1981.

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