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Lá, no pêlo de cobre do Alazão, Estará morta. A água inda lhe banha
o Bilro-de-ouro fia a Lã-vermelha. as entranhas, a Escama sulfurosa:
Um Pio-de-metal é o Gavião Conchas castanhas cercam-lhe a mucosa
e são mansas as Cabras e as Ovelhas. e a Noite, nessa luz, desce e se estanha.
Lá, é fogo e limalha a Estrela-esparsa: De onde vem essa Luz? O Inferno pinga!
o Sol-da-morte luz no sol do Sangue, Não há lua que vença esta Catinga
mas cresce a Solidão e sonha a Garça. e, morto o Sol, a terra vai sonhar!
Meu sangue, do pragal das Altas Beiras, Aqui morava um Rei, quando eu menino:
boiou no Mar vermelhas Caravelas: vestia ouro e Castanho no gibão.
À Nau Catarineta e à Barca Bela Pedra da Sorte sobre o meu Destino,
late o Potro castanho de asas Negras. pulsava, junto ao meu, seu Coração.
E aportou, Rosas de ouro, azul Chaveira, Para mim, seu cantar era divino,
Onça-malhada a violar Cadelas, quando, ao som da Viola e do bordão,
depôs sextantes, Astrolábios, velas, cantava, com voz rouca, o Desatino,
no planalto da Pedra sertaneja. o sangue, o riso e as mortes do Sertão.
Hoje, jogral Cigano e tresmalhado, Mas mataram meu Pai. Desde esse dia
vaqueiro de seu Couro cravejado, eu me vi como cego sem meu Guia,
com Medalhas de prata a faiscar, que se foi para o Sol, transfigurado.
bebendo o Sol de fogo e o Mundo oco, Sua Efígie me queima. Eu sou a Presa,
meu coração é um almirante louco ele a Brasa que impele ao Fogo, acesa,
que abandonou a profissão do Mar. Espada de ouro em Pasto ensangüentado.
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A seqüência numérica é a mesma do CD A poesia
viva de Ariano Suassuna, com música de Antônio
Madureira, gravado pela Ancestral com apoio do
SESC. Comparando-se ao livro
ILUMINOGRAVURAS, há pequenas divergências
quanto a termos/expressões dos poemas.