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CÍNTIA

Qua, 10 de Junho de 2009 02:20 7 Comentários Literatura - Contos - Ficção

Essa manhã acordou com a respiração corrigida. Já não continuaria procurando o amor
como único e benévolo fim. Mais de quarenta anos de saídas frustradas, de encontros
desentendidos. O relógio às seis, o banho, o xampu para favorecer os cabelos ralos e
assim disfarçar a pouca condescendência social às bainhas enrugadas de fêmeas
proscritas.
Longe deveriam ficar agora as masturbações insuficientes, um ex-marido inesxperto e
milhares de indicações cristãs obedecidas com submissão até a fartura. Não! Se ela
não tinha sido vencida pela vida, menos vencidas estavam suas misturas hormonais...
"Ai! se existisse um Deus, ele desceria agora para fazer amor comigo", pensava entre
inspirações prósperas e exalações débeis ante a derrota do prazer perdido.
Acariciou a capa do livro como se o couro fosse nada menos que a própria pele do
Marquês. Sabia ler, entre a tinta e o papel moderno, os desejos furtivos, as salivas
oferecidas ao fulgor da matéria. Talvez algum dia tentasse o prazer masturbando-se
com o lombo de A philosophie dans lhe boudoir.
Essa noite sonhou novamente com ele. Uma silhueta perdida nos séculos mal
remendados. Sonhou com um pênis leve, quase anti-gravitacional, que a elevava
entusiasta, mas, mudo de sêmen no endométrio do instinto perturbado pela
imortalidade. Talvez fosse isso o que seus dedos procuravam desesperados,
enterrados no claustro ainda não despojado pela luz de um orgasmo. Nenhum muro,
daquele espaço, gozava de estar desenhado por tintas materiais de traço nenhum.
O espelho continuava vigiando-a, ela vigiava-se no espelho. Coincidiam os eventos.
Aquela mobília, perfeitamente restaurada, era quem a propagava como ninguém o
tinha feito, finalmente como uma fêmea escrava de movimentos pornográficos. E não
era apenas porque nesse instante fluía nela uma jornada de auto satisfação, e o
espelho, não pudendo ser de outra forma, a representava desnuda e sem o mais novo
déficit de vergonha. Não, não era por isso. Sentira a mesma sensação, um dia depois
da missa, quando decidira comprar algo na loja de moveis usados do orfanato. Isso,
qualquer tipo de ajuda vale "Alimenta o próximo que ele te alimentará", pensara no
momento de topar com aquela penteadeira.
A peça de mobília havia chamado sua atenção desde o começo, parecia, sem duvida,
muito antiga, de outra época, de outro espaço. Envolvida num halo de divindade que,
ao mesmo tempo, ia de encontro às sensações que o reflexo de sua imagem lhe
produzia, embora não fosse um fato mágico ou misterioso, simplesmente aquele
móvel tinha qualquer coisa diferente. Talvez pertencesse a alguma poderosa rainha
quem lhe tivesse transferido todas suas excentricidades inclusive nas gavetas,
verdadeiros cofres que tinham oferecido a Cíntia aquela chave desinteressada como
presente que ninguém nunca tinha lhe oferecido na vida porque dentro do móvel
encontrou um livro e dentro do livro se fazia realidade um Marquês.
E nem pensou em devolvê-lo. Alem do valor material que tal antiguidade pudesse ter,
Cíntia estava descobrindo com a leitura, um portal para algum lugar desconhecido do
seu ser e não iria insistir na procura utópica daquilo, que intuía, tinha sido negado ao
comprar para si, um passo terrenal distante dos prazeres pagãos. Então retirou a mão
do púbis e apoiou de lado a cabeça no travesseiro.
Olhou a Bíblia, tantas vezes admirada com ternura, esse livro levava nas páginas a
lealdade inalterável de uma mulher entregue aos circuitos da salvação.
"¿Para quê? ¿Existira realmente inferno mais penoso que este que me leva consigo
todas as noites... sozinha, sozinha e constrangida?"
Certamente os evangelhos não poderiam devolver-lhe a fé perdida, justamente porque
eles tinham lhe roubado o direito e a vivacidade do útero e os eflúvios do sexo, e
despojado a alma de qualquer lembrança que justificasse uma existência de prudência
e bons costumes.
Outro sábado, outro conjunto de horas e minutos perdidos. Muito cedo para ir ate o
templo lugar ao que jamais retornaria. Muito tarde para ir ate o escritório. Perfeito
demais para revelar uma felicidade que não possuía.
Jogou a bata sobre a cama, junto de outras sete toalhas deixadas ali durante dias. A
água do chuveiro lhe trouxe as sensuais carícias recebidas durante a vigília. "Deseja e
alcançaras" gritava sua pele adocicada pelo sabão "Deseja, Cíntia, deseja e alcançaras"
Seria possível uma rebelião assim? Seria seu corpo capaz de submeter-se por primeira
vez às razões da ignorância? Talvez a tentativa fosse suficiente, pelo menos ate sentir-
se cômoda de novo ainda diante das críticas que não podia desfazer enquanto
continuasse escrava de frustração sexual.
"Quantos? Quantos homens serão necessários para eliminar da minha cabeça essa
loucura? Três seriam o suficiente? Três juntos... Não, seria demais. Por quê? Por quê
não? Por acaso não sou eu a dona e senhora, imperatriz e única ama desta pouca coisa
com a qual nada aprendi em toda minha vida? Sim Cíntia! Então meu corpo é meu?
Sim é."
_ Jorge, você poderia subir um instante? a descarga do banheiro não esta funcionando.
_ Pois não, dona Cíntia, num minuto estou lá.
O porteiro, sim, definitivamente! Se pretendia eliminar de sua vida toda falácia que
todas as velhas resignadas a afundar-se sob velas em cada celebração santa
soubessem que ela tinha decidido arder no fogo.
_ Estou indo, me aguarda só um instante, ainda não estou pronta.
Tirou a roupa. Era muito melhor ir de frente, pétrea. Não esconder mais nenhum
detalhe pessoal. As comissuras dos lábios de Jorge fizeram o mesmo movimento que
as charneiras da porta. A nudez de Cíntia incinerou seus olhos, talvez por isso os
fechou imediatamente.
_ Desculpa, desculpa, me perdoe... de verdade ... Perdoe Cint... Cint... A senhora me
perdoa.
Jorge disse envergonhado é que nem todas as utopias se conquistam sem um pouco
de inocência.
_ Desculpa? Por quê, Jorge? Ah, já entendi. Devo desculpar por você não ter me
apertado entre seus braços imediatamente depois que a porta se abriu? Por favor,
entra e não fecha a porta, por favor.
_ Como você falou?, é para não fechar a p ...?
_ Obedeça, por favor. Será que você nunca sentiu a cócega dos sentimentos
reprimidos? Para que você entenda melhor, homem, isso é o que eu pretendo tirar de
você, apenas cócegas. Além disso, não negara que em cada oportunidade que lhe foi
possível você roçou minhas coxas com seu membro no elevador. Ah, seu atrevido!
Lembro ainda da graça que você achava do vermelho em meu rosto.
_ Não minha senhora, não, por favor, não me diga isso, tudo isso foi um mal-
entendido.
_ Ouça-me aqui Jorge, nunca mais me chame de senhora. Eu sou Cíntia! Uma mulher
que deseja e espero que você seja cavalheiro o suficiente para saciar meus desejos,
encosta em mim seu corpo e destrói os poucos vestígios de vontade abstêmia que
encontrar. Venha, venha e me faça conhecer, de uma vez, esse mau-trato tão
proveitoso para os idílios efêmeros e voluptuosos. Venha Jorge! Será que não sente
seu próprio instinto crescer embaixo do macacão? Não? Pois eu sim estou vendo e
grita meu nome, exige que lhe permita introduzir-me a maior quantidade de ilustração
possível.
Os bons costumes foram quase sempre vencidos por aqueles melhor educados em
benefício do homem, por isso Jorge tirou as presas o macacão, liberando gotas de suor
em todas direções. Distribuiu força em tirar as botas, a camiseta apertada já inundada
de cheiro masculino. Pêlos brotaram em cada poro de sua pele oliva. Apartou a franja
azeviche do seu rosto. Puxou a mulher pelos cabelos e introduziu com força o dedo
indicador até a garganta. As náuseas lubrificaram a pele o suficiente para continuar em
destinos mais úteis. A vagina de Cíntia contraiu-se tanto que Jorge foi obrigado a
separar aquelas pernas virginal com leves pontapés nos tornozelos femininos.
Cíntia fixou o olhar na porta do elevador. Acompanhou a luz acesa de cada numero de
andar por onde o aparelho passava, e cada vez que o nove se iluminava, seu estímulo
erupcionava.
Que delícia seria que alguém visse daquela degustação de prazer!

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