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FICHA-RESUMO
Introdução Geral:
O livro Síntese de uma História das Idéias Jurídicas, não tem como
objetivo fundamentar todas as construções teóricas através da analise pura da obra dos
pensadores das sociedades ocidentais, mas sim de dar uma síntese das mesmas, expondo
alguns conceitos como justiça, direito natural, dignidade humana, legalidade positiva,
liberdade e igualdade, isto através de uma forma o mais didática.
(...) a proposta é de ser uma “síntese” didática, devendo ser valorizada pela
tentativa de refletir uma historicidade diferenciada, estruturada não mais na
mera erudição informativa e na apologia da autoridade de grandes juristas,
mas, no fundo, em realçar a relação dialética da criação e do
desenvolvimento de idéias jurídicas com o modo de vida material e com a
representação social no tempo histórico em que viveram alguns dos mais
destacados intérpretes de Direito. (Wolkmer, Antonio Carlos. Síntese de
uma História das Idéias Jurídicas, Florianópolis, Fundação Boiteux, pág.08)
Introdução.
É esse traço forte pela especulação e pela metafísica que iria diferenciar os
gregos dos romanos, povos com preocupações mais práticas, objetivas e
instrumentais. Nesse aspecto, Ernest Barker reconhece que a genialidade
helênica não se inclinava para a especificidade do mundo jurídico, o que
explica seu descaso pelos “remédios legais” e pela “aplicação coercitiva das
leis”, atendo-se muito mais a uma discussão sobre os princípios e os
fundamentos da idéia da justiça como universalidade. (Wolkmer, Antonio
Carlos. Síntese de uma História das Idéias Jurídicas, Florianópolis,
Fundação Boiteux, pág.14)
Com certeza, uma das mais notáveis reflexões sobre um direito justo,
provêm da cultura helênica, isso, através de literatura e de dramaturgia de críticos como
Sófocles, Ésquilo e Eurípedes.
Porém, antes de adentrar no pensamento destes autores supracitados, o
enfoque vai para os sofistas, os primeiros a apresentar certa resistência a leis injustas.
Ora, vê-se aqui um atrito entre a justiça natural, com um sentido ético,
divino, e a justiça por convenção, a natural vai servir de subterfúgio para justificar a rebeldia,
“(...) em nome de uma lei mais alta, contra as convenções e as leis da sociedade.” ( SABINE,
George Historia das teorias políticas, pág.41)
jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos; nem eu creio que teu édito
tenha força bastante para conferir a um mortal o poder de infringir as leis
divinas, que nunca foram escritas, mas são irrevogáveis; não existem a partir
de ontem, ou de hoje; são eternas, sim! e ninguém sabe desde quando
vigoram! Tais decretos, eu, que não temo o poder de homem algum, posso
violar sem que por isso me venham a punir os deuses! (Sófocles, Antígona
pág.167-168)
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Não resta dúvida de que, naquele momento histórico, para uma grande
potência imperialista como Roma, um tal Direito sistematizado, funcional e
amplo desempenhava um papel considerável, já que era uma das mais
importantes forças agregadoras do império. Essa fusão do ideário grego do
Direito natural superior e universal com a praticidade de uma legalidade
material, garantida pelo poder da Civitas, é o que se encontrará em Cícero,
um dos vultos mais expressivos da cultura jus filosóficos romana.
(KAUFMANNI Arthur; HASSEMER, Winfried pág. 74; WOLKMER,
Antonio Carlos. Síntese de uma História das Idéias Jurídicas, Florianópolis,
Fundação Boiteux, pág.30)
Marco Túlio Cícero é muitas vezes dito como sem originalidade e que
nada agregou ao pensamento filosófico, mas na realidade ele foi um autor muito eclético que
soube sistematizar e divulgar temas como a filosofia dos gregos de uma forma coalescente
com a realidade pratica dos romanos, e a sua sapiência na oratória jurídica e a de um homem
político, levaram Cícero a “ ocupar-se freqüentemente de problemas filosóficos do Direito e
do Estado, Atal ponto que se pode considerá-lo como o primeiro autêntico filosófico do
Direito” (FASSÔ, Guido. Historia De La filosofia Del Derecho pág. 94-95. cfr. também:
BITTAR, Eduardo. ALMEIDA, Guilherme A. de. Curso de Filosofia do Direito.pág. 130-
131).
As suas doutrinas, sobre ética e filosofia jurídica (justiça, lei natural),
estão expostas em obras como De Officis, De Republica, e De Legibus, através da técnica do
dialogo, fruto da sua inspiração por Platão, onde ele faz uma declaração com princípios anti-
positivista sobre o conhecimento jurídico que devia ser encontrado na filosofia do direito, e
não no edito do pretor ou na legislação das XII Tábuas, desta forma Cícero defende uma reta
razão, no qual a conduta humana deve se apoiar.
Está lei que Cícero fala não é posta por uma autoridade humana, esta é
a vontade de Deus, que é eterna e que governa o universo pela sua sapiência no comando e na
proibição.
Então o conhecimento que Cícero expõe sobre a filosofia do direito,
irá servir de base para a criação da teoria do direito natural e de um humanismo igualitário,
pode-se concluir então “que as idéias ciceronianas sobre a Justiça e sobre o Direito Natural
fluam ‘dos gregos para os antigos cristãos, e depois para os grandes escolásticos medievais. ’”
Introdução.
em dois grandes grupos: um, o dos que vivem segundo o homem; o outro, o
daqueles que vivem segundo Deus. Misticamente, damos aos dois grupos o
nome de cidades, que é o mesmo que dizer sociedades de homens. Uma
delas está predestinada a reinar eternamente com Deus; a outra, a sofrer
eterno suplício com o diabo.
Mesmo que Santo Agostinho não tenha sido um filosofo do direito, ele
fornece grandes pensamentos na relação Estado e Igreja, os fundamentos da lei natural e
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positiva e na legitimidade dos governantes. Diz que o estado possui limites que a igreja não
tem conhecimento, e que este só poderá integrar-se a cidade de deus através da subordinação,
em todos os assuntos, a Igreja, já que o cristianismo vem para harmonizar com as idéias de lei
eterna, natural e humana.
A primeira lei é a eterna que é a expressão da razão e vontade divina
“ o direito positivo se baseia no Direito natural, que por sua vez é um aspecto da lei eterna.”,
no mais Santo Agostinho expõe que justiça provém da crença, veneração e adoração a Deus e
dar a igreja o lugar que lhe é digno na comunidade, e tudo isto está contido no conceito de
justiça.
A sua obra que mais expressa este pensamento foi a Suma Teológica,
e a parte jurídica dela está em duas partes importantes, o Tratado das leis e o Tratado da
Justiça. Santo Tomás de Aquino desenvolve uma grande doutrina jurídica sobre a natureza
das leis e uma distinção geral em lei eterna, lei natural, lei humana e lei divina.
A lei é algo que pertence a razão e faz os homens bons através da
virtude.
“uma igualdade fundamental nas relações entre os homens, e exigir que essa
igualdade seja restabelecida, quando violada.” Outro fator a considerar é que
“a igualdade da justiça não é um dado subjetivo, mas pode ser fixada
objetivamente.” (MONTORO, André. Introdução à Ciência do Direito
p.159.)
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Introdução.
Introdução.
“Na forma das idéias modernas acerca do Estado do Direito, não deve ser
desconsiderado o legado clássico do pensamento greco-romano. Igualmente,
não se pode desconhecer as teses de intérpretes de que as origens do mundo
moderno prendem-se às transformações trazidas pela Igreja Romana
Ocidental (unidade e independência desencadeadas por Gregório VII,
perante imperadores, reis e senhores feudais) entre fins do século XI e no
inicio do século XII. Entretanto, o direcionamento que aqui se assume é pelo
discurso analítico, levando-se em conta as raízes históricas dos valores
político-jurídico e das instituições modernas irão constituir-se num período
compreendido entre o século XIV e o XVI. Em tal cenário, instauraram-se a
dissolução das instituições ate então hegemônicas (Igreja Romana), o
aumento do poder real com o surgimento das monarquias nacionais (França,
Inglaterra), o enfraquecimento do papado, a emergência do reformismo
filosófico, o aparecimento cultural do humanismo renascentista e a
secularização da política.” (Wolkmer, Antonio Carlos. Síntese de uma
História das Idéias Jurídicas, Florianópolis, Fundação Boiteux, pág.99)
Adverte Wemer Sombart que, por trás de todo burguês, esconde-se a alma
de um perfeito empresário capitalista que, por ser um tipo de pessoa; não se
confunde com uma classe social: “o dinheiro era seu fim, a criação de
empresas, seu meio; especulava e calculava, e finalmente também se
apoderaram de sua pessoa, as virtudes burguesas [...]. (SOMBART, Werner.
El Burguês p.115, 163-164; Wolkmer, Antonio Carlos. Síntese de uma
História das Idéias Jurídicas, Florianópolis, Fundação Boiteux, p.103)
Mas para muitos o grande pensador desta escola foi Francisco Suarez,
retomando a tripartição tomística que distingue a lei eterna, da lei natural e da lei humana, ele
identifica também a normatividade como manifestação divina e por abordar a questão do
poder político como vontade natural do povo e como manifestação social da comunidade,
mesmo com a origem em Deus, Suarez é visto como precursor do contratualismo.
garantia dos direitos naturais, de maneira que sua falta de proteção [...] ou
sua violação direta por parte do Estado haveria de constituir uma quebra do
contrato social que deixaria os súditos em liberdade de desobedecer e opor-
se ao poder.
monárquico, da prioridade as leis civis emanadas do Estado soberano e por ele positivadas, já
que as leis da natureza só obrigam em foro interno, já que não há uma autoridade coercitiva,
então só as leis positivadas podem garantir o bem maior, para Hobbes, que é a vida.
Assim, partindo para o lado liberal, a viés de Hobbes, está John
Locke, que chega ao ápice da sua produção filosófico-política com a obra, Dos Tratados
sobre o Governo, onde discute sobre o estado de natureza, contrato social, governo civil, a
propriedade e o Direito Natural, o estado de natureza de Locke, que é bem diferente do de
Hobbes, não é um estado de licenciosidade já que o homem segue a razão e cada homem pode
punir quem viola a lei da natureza (razão), os indivíduos possuem o direito a vida, ao trabalho
e a propriedade. O poder político é a vontade da maioria da sociedade civil, e o contrato social
vem como limite do poder do estado, para assim garantir os direitos naturais individuais.
das ciências naturais”. Não se inspiraram em Descartes, mas buscaram elementos advindos do
empirismo de Newton, “cujo método não era a dedução pura, mas a análise” rigorosamente
científica.
A filosofia política e jurídica de Rousseau contida em O Contrato
Social está exposta ao longo de quatro livros, subdivididos, cada qual, em diversos capítulos.
No primeiro livro, Rousseau descreve o estado de natureza, a necessidade de se remontar à
primeira convenção, a formação do pacto social, à força legitimadora da “vontade geral” e a
aquisição da liberdade civil. Certamente, a tese central da obra está no capítulo VI, em que
Rousseau discorre sobe a necessidade de se deixar o “estado de natureza”, criando clausulas
que assegurem:
à sociedade uma tal forma que o homem recupere nela a própria natureza, ou
seja, encontrar uma forma de estado em que a lei civil tenha o mesmo valor
que a natural, e em que os direitos subjetivos civis sejam a restituição ao
indivíduo, convertido em cidadão, de seus direitos inatos. (FASSÕ, Guido,
p. 243).
Vale lembrar, uma vez mais, que a teoria jurídica no século XIX é
marcada, principalmente, ora pelo exegetismo francês, ora pelo pandectismo germânico, sem
desconsiderar igualmente as incursões analítica dos ingleses.
A influência francesa engendrada pelo caráter sagrado do Código Napoleônico favorece o
espírito para um rigoroso positivismo, enquanto na Alemanha, a reação à codificação de tipo
francês volta-se para a sistematicidade das construções conceituais romanísticas. Não é de se
estranhar que, num cenário dominado pelo positivismo jurídico formalista, diversas reações
sociais e políticas provenientes da sociedade começassem a afetar o discurso e a prática dos
juristas. O desenvolvimento do capitalismo, os novos interesses e conflitos das massas
populares e os progressos científicos gerados pela etapa posterior da revolução industrial
impulsionaram o surgimento de interpretações que questionavam o rigor conceitualista e o
distanciamento da teoria jurídica da dinâmica social.
Não resta dúvida que se for reestruturar uma filosofia jurídica levando
em conta o pensamento de Marx, alguns aportes temáticos não podem ser deixados de lado,
como a questão da propriedade, a instrumentalização ideológica da lei e a crítica dos direitos
do homem. É evidente, como assinala Carl Friedrich, que “o rechaço radical da propriedade
representa uma posição de máxima importância na relação com a Filosofia do Direito, pois a
propriedade representou um papel central no desenvolvimento desta” filosofia durante os
séculos precedentes. Igualmente, a temática da dimensão ideológica da lei como deformação
ldealista da liberdade e da igualdade assume relevância e não deixa de estar presente numa
filosofia jurídica abstrata de natureza burguesa.
De qualquer forma, a partir da crítica radical marxista aos da direitas
do homem de matriz abstrata, individualista e universal, é possível repensar uma concepção
de filosofia jurídica que se ocupe da realidade social e de uma práxis capaz de contemplar a
emancipação do ser humano.É o que se verá no momento seguinte, quando da apreciação da
obra “A Questão Judaica”.
Assim, a atribuição dos direitos gerais do homem não deve ser em razão de
professar o judaísmo (ou o cristianismo), pois isso seria privilégio, não
cabendo aos seus adeptos, receber ou outorgar direitos do homem. Na
fundamentação dessa negativa de: concessão de direitos; Marx reproduz os
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Conclusão.
Conclusão Pessoal.
com toda a sua sapiência jurídica deixa-nos uma grande obra tanto para os que estão entrando
na vida jurídica, através da introdução a historia jurídica, como para os que já estão no ramo,
através de uma grande síntese, facilitando a busca para trabalhos acadêmicos, podendo, quiçá,
ser considerado um grande índice da historia jurídica.