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olhar
que
cura
Um
olhar
que
cura
Terapia das
doenças
espirituais
ISBN 978-85-7677-119-7
08-07574 CDD-248.86
Imprimatur
Cuiabá, 28 de julho de 2008.
Apresentação................................................................. 7
Introdução...................................................................... 11
Capítulo I
Filáucia: a Mãe de Todas as Doenças................................ 17
Capítulo II
Uma Terrível Prole......................................................... 29
Capítulo III
Gastrimargia: Tirana de Todos os Mortais.......................... 41
Capítulo IV
Terapia da Gastrimargia: A Temperança............................ 59
Capítulo V
A Pornéia: o Pecado Contra o Próprio Corpo................... 81
Capítulo VI
Terapia da Pornéia: A Virtude da Castidade.................... 103
Capítulo VII
Filargíria e Pleonexia ..................................................... 129
Capítulo VIII
Terapia da Avareza....................................................... 145
Postscriptum................................................................ 159
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Te nemo amittit, nisi qui dimittit, et quia dimittit, quo it aut quo fugit
nisi a te placido ad te iratum?, Santo Agostinho, Confissões, 4, 9, 14.
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Filáucia1:.
a Mãe de Todas as Doenças
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Filáucia Virtuosa
De origem grega (philía + autós), a palavra filáucia designa
o amor que uma pessoa tem por si mesma, o amor-próprio.
A definição etimológica, no entanto, não é suficiente.
Ao afirmarmos que a filáucia é sinônimo de amor-próprio,
algumas pessoas poderiam ser induzidas a pensar erronea-
mente que se trata necessariamente de uma espécie de egoís-
mo. Mas não é assim.
O significado originário da palavra filáucia é positivo e
trata-se de uma virtude. O amor-próprio não é uma invenção
malévola do demônio ou do homem pecador. É isto mesmo:
o amor-próprio foi criado por Deus e pertence à natureza
sadia do homem, como Deus a sonhou.
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Filáucia Doente
A partir deste quadro positivo, compreendemos o que
há de errado conosco, uma vez que a doença é sempre a de-
sordem de algo positivo, ou seja, uma disfunção do organis-
mo saudável.
É muito importante, ao longo de todo este livro, nunca
perdermos de vista o fato de que a doença é sempre uma perver-
são da saúde. Por trás do pecado sempre existe uma realidade
positiva, um dom de Deus, que está sendo usado de forma pre-
judicial e destruidora. O mal é sempre a perversão de um bem.
O diabo não tem o poder de criar. Ele sabe apenas arre-
medar o Deus criador, e, ao perverter as coisas criadas, como
uma espécie de “macaco de Deus”3, imita grotescamente as
obras de Nosso Senhor.
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Amor de Si Contra Si
Ora, não é difícil perceber a loucura de quem se revolta
contra seu próprio criador. Tal atitude iguala-se a de uma
criança que dá socos e pontapés no pai, que, com mãos amo-
rosas, sustenta-a e impede que caia no precipício.
Na tentativa de expressar a loucura deste amor doen-
tio, São Máximo sintetizou, de forma bastante intuitiva, esta
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quer dizer sem lógica, sem sentido, como sem o Logos9 sem o
Verbo, sem a Palavra... sem Jesus.
Mas por que São Máximo insiste em afirmar que a fi-
láucia é um amor pelo corpo? Não há algo de pouco cristão
nesta aparente aversão platônica pelo corpo? Antes de res-
ponder a esta pergunta, se o leitor me permite, gostaria de
partilhar um acontecimento de minha história familiar.
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Notas
1. Devo grande parte do conteúdo deste capítulo ao exce-
lente estudo do jesuíta francês padre Irénée Hausherr sobre a fi-
láucia no pensamento de São Máximo o Confessor (Philautie. De
la tendresse pour soi à la charité selon saint Maxime le Confesseur) ao
qual tive acesso na tradução italiana feita pela monja de Bose, Lisa
Cremaschi, Philautía. Dall’amore di sé alla carità. Magnano: Edizioni
Qiqajon, 1999, p. 246.
2. “[Domine,] fecisti nos ad te et inquietum est cor nostrum,
donec requiescat in te”. Edição brasileira: Santo Agostinho, Confis-
sões. São Paulo: Paulus, 1997, p. 19.
3. O escritor inglês G. K. Chesterton (1874-1936) recorda o
fato de que a falsidade nunca é tão falsa como quando está bem
próxima da verdade. Por isto o Anticristo é uma imitação de Cris-
to, o macaco de Deus. “It is the fact symbolised in the legend of
Antichrist, who was the double of Christ; in the profound proverb
that the Devil is the ape of God. It is the fact that falsehood is ne-
ver so false as when it is very nearly true” (G. K. Chesterton, Saint
Thomas Aquinas: The Dumb Ox). Edição brasileira: São Francisco de
Assis e São Tomás de Aquino. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 267.
4. Questões Ambíguas , PG 91, 1164CD; Apud Irénée Hau-
sherr, op. cit., p. 88.
5. “Amante de si contra si” (καθ᾿ ἑαυτοῦ φίλαυτος). São
Máximo, Questões a Talássio, Prefácio, PG 90, 257B. Quando não
cito uma fonte impressa, a tradução portuguesa é minha e o texto
original, grego ou latino, pode ser encontrado em www.documen-
ta-catholica.eu (19/07/2008). Para os textos originais de Santo Agos-
tinho, acessar www.sant-agostino.it; e os de Santo Tomás: www.
corpusthomisticum.org.
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