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Poemas Insanos.

1Entregue ao fundo do fundo de uma questão


indissolúvel
No instante oculto onde nada há que deva ser dito
Este silêncio dobra a esquina do final dos tempos
Este desejo quase inerte de estar com a mente torta.

2 A hora já passou e não morrestes


Aberta a janela do quarto, a chuva intermitente lá
fora.
Esteves por um fio como de costume
Viver ainda é lamentavelmente mais sinistro do que o
fim.

Ordinário tu te levantas da cama como um qualquer


Lavas o rosto e não encontras o reflexo no espelho
Teu pensamento que singra o mundo dos mortos no
escuro
Teu pensamento que incendeia a lassidão deste
quarto vazio.

3Ontem os homens comeram o pão que o diabo


amassou
Passaram por aqui algumas abelhas combalidas
O zunido constante torturava os meus tímpanos febris
Quando ignorei a mulher que procurava o meu corpo
no escuro.

Um talher caiu no chão como um presságio


De que alguém aqui viria de um jeito ou de jeito
algum
O homem cego tateava sua alma nas frias águas da
memória
E eu rasgava o silêncio com um grito agonizante em
vertigem.

3Eu vi mortos que falavam coisas estranhas


No abandono de minha solidão de cortinas fechadas
Para além das palavras encontrei o indizível
E assim me debrucei sobre o infinito desta angústia.

Caminho agora vazio como se não se aqui não


estivesse
Esbarro em árvores e postes que solenemente me
ignoram
Procuro meu lugar nas sarjetas deste final de noite
Perdido por entre ruas estreitas que dilaceram os
sentidos

Ode Maldita.

Digam o que quiserem, mas hoje não lerei o Gênesis.


Para mim todas as coisas se vão neste instante:
Eis o final do final do final .

Não me venham com céus azuis e nuvens aspergidas


por alvos anjos
Quero a besta que virá sacudir a lassidão deste estado
de coisas
A indiferença destes rostos que jamais se perderam no
escuro
Quero o sangue derramado por quem quer que seja
nas batalhas
O sangue derramado em algum lugar que desconheço
Quero o ferimento no pescoço ou na genitália
Neste jeito de morto-vivo que me faz bater com a
cabeça na parede.

Eu vejo o caos que escorre na incerteza


De que amanhã subirei as escadas botando os bagos
para fora
Meu corpo suado com jeito de salgado vagabundo
Vendido nos bares sórdidos como minha alma
esquartejada
No além que desnuda os ralos que encerram
O que resta de mim nos becos cinzentos da noite.

O meu tempo jamais conheceu qualquer medida


E sorriu indiferente quando Herodes comia uma ave
qualquer
Ele que não lavou as mãos como Pilatos
Leva o filho que nunca tive para as águas impiedosas
do desterro.

Não me venham com as tais boas novas


Quero engolir o nada como se o nada aqui estivesse
Gosto de me tornar ar vez por outra
Ter as pernas decepadas e flutuar como a cabeça de
um maníaco executado.

4 Um poema morto
Espanta esta mosca indiferente
Que gosta de creme amarelado
De pão doce de dois dias
Jogado na mesa imunda
De um domingo com cara e jeito de santo
Crucificado sem motivo aparente
Ao lado de um ladrão de galinhas
Como um pouco mais de azeite
Por sobre a tal salada azeda
Como um pouco mais de tempero
Para instigar ainda mais este gosto ordinário
Em todas as coisas que só podem se afogar uma ou
duas vezes
No interior da palavra suicídio
Dentro de um copo de geléia mal lavado
No interior do interior da palavra salobra.

A água
Que bebo nesta cozinha
Vem de longe em muito longe
Como este mundo
Gerado por descuido
Sem palavras antes mesmo
De descrever o círculo de fogo
Quantas explosões
Quantos desarranjos para além de catastróficos
Quantos cataclismos
Até que a garganta absorvesse
Esta maciez
Num gole profundo e bem cuidado
Não como esta mosca
Que jamais foi eliminada
Na sua agilidade inconfundível
Espantada e definitivamente assombrosa
Ela que assim parte
Sem lugar em sem lugar
Em busca de coisa alguma
Para um tanto de açúcar
Derramado no chão por qualquer alma vã
Eu não tenho asas
E jamais consegui ser tão ínfimo
Meus olhos apenas dois olhos
Para ver o que não vejo
Quantos cataclismos
Quantos finais dos finais dos finais
Até que tudo se desintegre
Como estes farelos de qualquer coisa
No além
Do além
Do além
Do além.

5 Ouçam o que não digo


Uma palavra rasgada vale menos do que um escarro.

Posso falar com as paredes desta casa


Conheço a estória de cada uma delas
O jeito de fechar os olhos desta cortina
O jeito de bater sem a cabeça no chão.

Ouçam o que não digo


O tempo faz de contas que me desconhece
Já perdi o rumo algumas vezes na palavra aqui
Procurem um lugar para afundar a alma muitas vezes
Eu sei entortar a ordem das coisas que urinam ao
redor
Gosto de pisar violentamente no interior da palavra
escuro.

6 Eu nunca fiz anos


Celebrei sempre as datas de minha morte
Meu nome foi enterrado na indigência de um dia frio
Caminho sempre quase insano no além de meu
desterro
Aprecio o mar quando não o vejo
Meus olhos se procuram como se jamais houvessem
sido
A eternidade sussurra coisas estranhas em meu
ouvido
Posso abrir portas e janelas e me atirar do prédio
vizinho.

7 Para esquecer que estou aqui


Conto a incerteza das horas
Adianto ou atraso os ponteiros do relógio
Para desencontrar o que quer que seja
No ventre retalhado de uma mãe aflita
Que agoniza na sarjeta como se nada mais parisse
Venho das escuridões mais distantes
Minhas origens se perdem ao sabor das tempestades
Como uma sombra hesitante no interior da palavra
fundo
No fundo do fundo das coisas sem fundo.

8 Eu caminho
Sem lugar
Como uma morte
Que se esconde
Nas escadas
Que agonizam
Ao rasgar com o dentes
Um peixe enorme
Por desejo incontrolável
De se ferirem
Numa espécie qualquer
De amor ensandecido.

As roupas destroçadas
No asfalto aquecido
Por este sol inclemente
Que cega a tal vista como de costume
Para o quintal
Onde talvez possamos encontrar
Um mínimo de ordem
Para que possamos estar aqui
De alguma forma grelhados
Na churrasqueira adquirida
Numa liquidação qualquer
Definitivamente
Não poderemos
Abrir com a mão este pão preto
Não poderemos jamais rechear
Nossas existências com as tais entranhas de um
morto
Por isso devemos procurar uma faca
Para cortar o que resta de nossas almas
Estiradas nesta chão gorduroso
Brancas e atormentadas na palavra azulejo.

9 Eu venho de uma hora


No interior da palavra ninguém
Como se estivesse sentado
No interior da palavra sombra
Projetada na parede vazia
Indiferente e gélida ao menor toque.

Eu venho neste verbo qualquer


Para tomar o tal gole de qualquer coisa
Para arder no interior da palavra inferno
Como um proscrito que sem lugar onde quer que
seja
Para tomar o tal gole de qualquer coisa
Como alguém que jamais esteve ali

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