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1-Não tenho vida além de meu desterro

Morro infinitamente nas mãos do vento


Posso ouvir o todo que range no interior das catástrofes
Há um rosto na escuridão que me permite não ver.

Chuto agora o chão com ódio dos insanos


Gosto de inventar coisas para falar sozinho como um ninguém
Vou encontrar minhas sombras no inferno e emudecer por completo
Abrir um ponto no nada e lá ouvir uma língua estranha.

3Estendo as mãos ao infinito


Há uma rua escura que me enlouquece em seu abandono
Uma antiga casa demolida que me olha no além de seus escombros
Um passo e mais um passo e mais um posso.

Falo com os mortos que me espreitam


No sono enlouquecido que atormenta minhas noites vãs
Posso ouvir os fantasmas que murmuram o indecifrável das horas
Um rosto que na escuridão se dissipa.

4-Tenho um pouco ou quase nada em muito pouco


Minha morte é um poço sem fundo onde me perco
Há um lugar onde as almas desvanecem
No além que flutua no invisível deste agora
Eu costumava andar vazio pelo interior das coisas
O vento gelado na face e no mais silêncio e sombra:

5-As palavras inertes na hora qualquer


Envelhecidas e sujas como o chão das ruas
Amassadas num tanto de papel e jogadas no lixo
As palavras que não prestam como os ossos de um morto
As palavras combalidas no vazio deste assombro
Estranhas como tudo aquilo que se perde à minha volta
Neste olhar que serpenteia este frio das coisas mortas
6 Observo os movimentos deste pássaro no quintal vazio
Distante e único a ciscar o chão de vertigens.
As plantas mudas açoitadas pelo vento resistem
Esverdeadas nos desejos de fugir como um ninguém
Este meu rosto que se oculta no clarão das tempestades
Este silêncio que agora encerra minha alma no escuro.
.

7O morto qualquer
Não encontra abrigo
Nestas palavras que correm
Como um rio seco.

Na paragem das horas


O tempo suspenso
O espaço é aquele
Tão exíguo como o nada

Este morto qualquer


Devassa a escuridão em febre
Não é mais nada além deste gesto
Que se despede como um copo vazio.

O morto é o morto
Na indiferente substância
As plantas carnívoras
E as cabeças cortadas pela manhã.

O morto é o morto
Estendido como uma toalha de mesa ensangüentada
Ela agora se ergue gigantesca
Tomando as paredes da alma.

O morto é o morto
Tão frio como tudo aquilo que é frio
Duro e inflexível como as rochas
Daquela praia distante.

O morto é o morto
E a morte é a morte
Este sempre rubro que incendeia
O além de almas atormentadas.

Ode Carcomida

Morrer é simples
Uma ou duas rugas
O espelho pela manhã
Talvez um corte mínimo no dedo
A cabeça decapitada por um carrasco indiferente.

Parece tão fácil partir


Neste jeito de planta que fenece
Como um animal ferido que rasteja
No escuro das horas escuras.

O além está agora


A um palmo do nariz
Como todos os sentidos enterrados
Na cova rasa do desterro.

Morrer é simples
Como quem diz o não dito em tom algum
Para longe onde não mais haja
O rigor da sintaxe que se ergue
Intransponível como este muro em minha alma
Lacerada pelo assombro das horas vãs.

Morrer é como um verbo


Atirado na sarjeta do insondável
Para ruir como qualquer coisa morta
Como as pilastras de um prédio condenado
Naquele fatídico corredor
Naquela fatídica hora fantasma
Morrer é assim como se algo não fosse
De jeito algum como quem não encontra jamais o próprio rosto.

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