A comunicação por computador ameniza as distâncias – físicas ou de
hierarquia. Um jornalista americano surpreendeu-se ao descobrir que o mais humilde empregado de Bill Gates, o mitológico criador e presidente da Microsoft, empresa que domina o mercado mundial de programas de computador, pode facilmente comunicar-se com ele apenas enviando uma mensagem para o endereço eletrônico. A tendência é cada vez mais as empresas terem as próprias redes internas de comunicação eletrônica. Pode-se prever que haverá uma revolução nos sistemas de administração baseados em níveis hierárquicos. A comunicação está correndo solta, livre de rédeas. Ultrapassa os organogramas. “Isso vai acirrar a competitividade, porque a real eficiência das pessoas poderá vir à tona”, prevê a antropóloga Claudine Bichara de Oliveira. Como assistente de coordenação da Rede Nacional de Pesquisa, rede eletrônica que o Ministério da Ciência e Tecnologia criou para atender as atividades de educação e pesquisa no Brasil, Claudine está num posto privilegiado para observar essas mudanças. Ela detecta, por exemplo, o fim do formalismo típico das atividades acadêmicas. “Antigamente, só se tinha acesso ao resultado de uma pesquisa depois do texto pronto e publicado numa revista científica. Só aí ele começava a ser debatido. Agora o cientista debate o texto com outras pessoas, enquanto ainda é um simples rascunho”. E os códigos para emoções? Uma das regras da comunicação eletrônica é que não se perde tempo usando nas mensagens expressões formais como “prezado senhor” ou “cordiais saudações”. A regra é entrar direto no assunto, ser objetivo, conciso e sucinto. Mas ao dispensar as sutilezas de linguagem, a comunicação por computador dificulta a expressão de emoções e sentimentos, ainda mais porque é feita por escrito, sem apoio do tom da voz (como ao telefone) ou da expressão facial (como nas conversações ao vivo). Como ser objetivo e, ao mesmo tempo expressar alegria, tristeza, medo, raiva, sarcasmo, ironia?