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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

Curso de Engenharia de Produção


Curso de Engenharia Mecânica
Curso de Engenharia Química

CIÊNCIA DOS MATERIAIS

Processamento

Produto
Propriedades Produção
Desempenho Qualidade
Custo Processos
Manutenção

Microestrutura Composição

Prof. Alexandre Viecelli, Dr. Eng. C.

Caxias do Sul
2006
Sumário
1. Introdução à Ciência dos Materiais ___________________________________________________________ 3
1.1. Um breve histórico do desenvolvimento de materiais __________________________________________________________________ 3
1.2. Apresentação dos tipos de materiais para peças técnicas _______________________________________________________________ 3
1.3. Panorama geral do uso de materiais - referência: indústria automotiva ____________________________________________________ 5

2. Propriedades______________________________________________________________________________ 6
2.1. Densidade: ___________________________________________________________________________________________________ 6
2.2. Propriedades Mecânicas: ________________________________________________________________________________________ 6
2.3. Propriedades Térmicas: ________________________________________________________________________________________ 11
2.4. Propriedades Elétricas e Magnéticas: _____________________________________________________________________________ 11
2.5. Propriedades Ópticas: _________________________________________________________________________________________ 12
2.6. Propriedades Químicas: ________________________________________________________________________________________ 12

3. Ligas Metálicas __________________________________________________________________________ 15


3.1. Metais Monofásicos___________________________________________________________________________________________ 15
3.2. Propriedades das Ligas Monofásicas ______________________________________________________________________________ 17
3.3. Classificação das Ligas Metálicas ________________________________________________________________________________ 19
3.4. Critérios de Seleção de Ligas Metálicas ___________________________________________________________________________ 21

4. Cristalinidade e Microestrutura _____________________________________________________________ 24


4.1. Reticulados Principais _________________________________________________________________________________________ 25
4.2. Ligação Metálica _____________________________________________________________________________________________ 27
4.3. Defeitos Cristalinos ___________________________________________________________________________________________ 27
4.4. Estrutura Granular dos Materiais: ________________________________________________________________________________ 28

5. Deformação dos Materiais__________________________________________________________________ 31


5.1. Deformação Elástica __________________________________________________________________________________________ 31
5.2. Direções e Planos dos Cristais ___________________________________________________________________________________ 31
5.3. Deformação Plástica __________________________________________________________________________________________ 32
5.4. Discordâncias________________________________________________________________________________________________ 34

6. Efeito da Temperatura nos Metais ___________________________________________________________ 38


6.1. Deformação a Quente _________________________________________________________________________________________ 40
6.2. Introdução aos Tratamentos Térmicos Industriais ____________________________________________________________________ 40

7. Metais Bifásicos e Diagramas de Equilíbrio____________________________________________________ 42


7.1. Diagramas de Equilíbrio Diversos ________________________________________________________________________________ 42
7.2. Diagrama de Equilíbrio Fe-C____________________________________________________________________________________ 44
7.3. Ligas Ferrosas _______________________________________________________________________________________________ 47

8. Efeito da Velocidade de Resfriamento nos Metais_______________________________________________ 50


8.1. Fases Metaestáveis____________________________________________________________________________________________ 50
8.2. Os Tratamentos Térmicos nos Aços ______________________________________________________________________________ 50
8.3. Endurecimento por Precipitação _________________________________________________________________________________ 52

9. Difusão _________________________________________________________________________________ 54
9.1. Tratamentos Termoquímicos ____________________________________________________________________________________ 54
9.2. Sinterização _________________________________________________________________________________________________ 56

10. Introdução aos Materiais Cerâmicos ________________________________________________________ 59


10.1 Processamento ______________________________________________________________________________________________ 61

11. Materiais Poliméricos ____________________________________________________________________ 63


11.1. Histórico __________________________________________________________________________________________________ 63
11.2. Definições básicas ___________________________________________________________________________________________ 63
11.3. Tipos de Polímeros e Características Gerais _______________________________________________________________________ 68
11.4. Processamento de Material Termoplástico ________________________________________________________________________ 74

Bibliografia _______________________________________________________________________________ 77

A presente apostila é material exclusivo de uso acadêmico,


não podendo ser comercializada. O autor não se
responsabiliza pelo uso inadequado da mesma.

2
1. Introdução à Ciência dos Materiais
1.1. Um breve histórico do desenvolvimento de materiais

Como sabemos, as necessidades concretas básicas do ser humano são:


ƒ Alimentos
ƒ Energia
ƒ Materiais
A importância histórica dos materiais pode ser avaliada pelas diferentes eras das
civilizações trogloditas e antigas:
ƒ idade da pedra lascada: 10.000 aC
ƒ idade da pedra polida: 4500 aC
ƒ idade do cobre
ƒ idade do bronze: 3000 a 1000 aC
ƒ idade do ferro: 1000 aC a 1620 dC
A partir de 1620, tecnologias diversas passaram a ser integradas na indústria:
ƒ tecnologia do ferro fundido: 1620 em diante
ƒ tecnologia dos aços: 1850 em diante
ƒ tecnologia das ligas leves: 1940 em diante
Os materiais podem ser classificados, atualmente, em quatro níveis, conforme o grau de
conhecimento científico utilizado no seu desenvolvimento (Hornbogen, citado por Padilha(1)):
1. Materiais naturais: pedra, madeira, couro, borracha (látex), couro, cobre, etc.
2. Materiais desenvolvidos por meio de sistemática experimentação empírica: bronze, aço,
latão, ferro fundido, vidro, concreto, etc.
3. Materiais desenvolvidos com auxílio de conhecimentos científicos: Alumínio e suas ligas,
titânio e suas ligas, magnésio e suas ligas, aços inoxidáveis, termoplásticos, elastômeros, metal-
duro.
4. Materiais projetados desenvolvidos quase que exclusivamente a partir de fundamentos
científicos: superligas, ligas de efeito memória, aços de alta resistência, vidros metálicos,
cerâmicas técnicas (SiAlON, Al2O3, ZrO2, etc.), semicondutores, materiais para reatores
nucleares, etc.

1.2. Apresentação dos tipos de materiais para peças técnicas

Durante as últimas gerações, nós presenciamos e nos beneficiamos com o


desenvolvimento de numerosos novos sistemas tecnológicos. Uma grande fração da energia
elétrica gerada vêem de plantas geradoras de força nuclear. Aviões a jato de alta velocidade
carregam centenas de passageiros e carregarão muito mais em alguns anos em velocidades
extraordinárias. Naves espaciais tripuladas já visitaram a lua e se preparam para levar a vida
humana a outros planetas. Perto de todos nós, computadores de alta velocidade afetam a vida de
todos nós, com velocidades de processamento cada vez maiores. Avanços na indústria eletrônica
tem permitido o desenvolvimento de satélites de comunicação, televisão de alta resolução, laser
em operações médicas sofisticadas e usuais. Cada uma destas tecnologias avançaram pelo
desenvolvimento de novos materiais.
Estes desenvolvimentos enfatizam a importância dos materiais como blocos de
construção primária para desenvolvimentos de engenharia. Por outro lado, as propriedades dos
materiais ditaram cada projeto e aplicação útil que o engenheiro pode desenvolver. Mas com a
presente sofisticação da ciência dos materiais, não é raro requerer novos materiais, com novas
propriedades para serem incorporados em projetos.

3
Materiais são substâncias feitas ou compostas de alguma coisa (matéria). Alguns dos
materiais encontrados comumente na vida diária são madeira, concreto, tijolo, aço, plástico,
vidro, borracha, alumínio, cobre e papel. Há muitos tipos de materiais, bastando olhar ao nosso
redor. A utilidade dos materiais para as necessidades atuais e futuras incentiva a pesquisa e o
desenvolvimento de novos materiais.
A Ciência dos Materiais é primariamente concebida com o intuito de desenvolver
conhecimentos sobre a estrutura interna, propriedades e processamento de materiais. A
Engenharia dos Materiais tem o objetivo principal de aplicar os conhecimentos sobre os
materiais para que os mesmos possam ser convertidos em produtos desejáveis para a sociedade.
Para mostrar como a Ciência dos Materiais interage com outros campos de estudo, é
conveniente elaborar uma régua relativa ao campo observado, como abaixo:

Física Ciência dos Engenharia Estrutural


Filosofia Nuclear materiais

10-16 10-12 10-8 10-4 1 104 cm

A relação entre a Ciência dos Materiais e a Engenharia dos Materiais envolve vários
níveis de sofisticação científica e técnica. É necessário discutir esta relação em dois domínios
importantes para a engenharia industrial:
1) Uso inteligente de materiais: Significa saber as limitações dos materiais, baseado no
conhecimento dos fenômenos que podem ocorrer sob certas condições. Ex. a) Alteração das
propriedades mecânicas de materiais dependentes da temperatura. b) Alteração das propriedades
dos polímeros, quando expostos a radiações nucleares.
2) Relações entre Projeto e Desenvolvimento de Materiais: Em muitos sistemas de
engenharia, a performance global do sistema é diretamente limitada pelas capacidades dos
materiais dos componentes. Nestes casos, o objetivo da engenharia é balançar a vida útil exigida
do equipamento, com a capacidade dos componentes suportarem toda a ação sobre eles. O
projeto e a aplicação de materiais não podem ser otimizados separadamente, quando se está
trabalhando perto do limite de capacidade do material. Ex.: Utilização de chapas de Fe-Si 3%
para a fabricação de transformadores, levando em conta o aspecto de anisotropia da propriedade
magnética (permeabilidade).

1.2.1. Tipos de Materiais:

1. Materiais Metálicos: São substâncias inorgânicas, as quais são compostas de um ou mais


elementos metálicos e podem também conter elementos não-metálicos. Exemplos de elementos
metálicos são: ferro, cobre, alumínio, níquel e titânio. Elementos não-metálicos como o carbono,
nitrogênio e oxigênio podem estar contidos nos materiais metálicos. Metais tem uma estrutura
cristalina, na qual os átomos são arranjados de uma maneira ordenada. Metais são bons
condutores elétricos e térmicos. Muitos metais são relativamente resistentes e dúcteis na
temperatura ambiente, e muitos mantêm boa resistência mesmo em altas temperaturas.
Metais e suas ligas são divididos em duas classes comumente: metais ferrosos e metais
não-ferrosos.

2. Materiais Poliméricos: A maioria dos materiais poliméricos consiste de longas cadeias


moleculares orgânicas ou redes. Estruturalmente, a maioria dos materiais poliméricos são não-
cristalinos, mas alguns consistem de uma mistura de regiões cristalinas e não-cristalinas. Devido
4
a sua natureza de sua estrutura interna, a maioria dos materiais poliméricos são pobres
condutores de eletricidade. Em geral, os materiais poliméricos têm baixa densidade e
amolecimento em baixas temperaturas.

3. Materiais Cerâmicos: São materiais inorgânicos, os quais consistem de elementos metálicos e


não-metálicos quimicamente ligados. Podem ser cristalinos, não-cristalinos, ou mistura de
ambos. A maioria dos cerâmicos tem alta dureza e resistência a alta temperatura, mas tendem a
ter fratura frágil. Muitas partes de modernos motores de combustão interna são fabricadas em
materiais cerâmicos. As vantagens dos materiais cerâmicos são: baixo peso, alta resistência e
dureza, resistência ao calor e ao desgaste, atrito reduzido e propriedades de isolação.

4. Materiais Compósitos: São misturas de dois ou mais materiais. Muitos materiais compósitos
consistem de um material de reforço e uma resina ligante compatível para obter características
específicas e propriedades desejadas. Os compósitos predominantes são do tipo fibroso (fibras
imersas em uma matriz) ou do tipo particulado (partículas imersas em uma matriz). Ex. Fibra de
vidro em matriz poliéster ou epóxi.

1.3. Panorama geral do uso de materiais - referência: indústria automotiva


A dissecação de um automóvel novo revela um conjunto de componentes envoltos por
três grandes tipos de materiais: plástico, alumínio e aço. Enquanto os plásticos dominam o
interior do veículo e o aço permanece como a escolha para os painéis exteriores, o alumínio
continua a espalhar seus tentáculos sob o capô.
De fato, o veículo multi-material não está limitado apenas nestes três tipos de materiais;
está entrando em cena, para aplicações de interior e sob o capô, o magnésio. A quantidade média
dos três grandes tipos de materiais utilizados em um veículo modelo 1996 foi:
„ 112 kg de alumínio (segundo a Aluminium Association);
„ 120 kg de plásticos (segundo a American Plastics Council);
„ 807 kg de aço (segundo a American Iron and Steel Institute)
Dentro do guarda-chuva dos plásticos, os compósitos moldados em chapa ou SMC (Sheet
Molding Composite) é o preferido para painéis exteriores. Embora 90% das novas aplicações
sejam em painéis exteriores, componentes estruturais como tampas, grades, suportes de painéis e
barras transversais estão sendo feitos por SMC.
O primeiro carro elétrico da General Motors, o EV1, usa SMC na maioria dos painéis do
veículo: capô, portas, teto, tampas, canais de drenagem. Os painéis são de SMC de baixa
densidade, o qual incorpora microesferas de vidro, tendo uma densidade específica de 1,3. O
SMC convencional tem densidade específica de 1,9 e o aço tem 7,85.
O alumínio cresceu em 80% nas aplicações veiculares nos últimos 5-10 anos e 58% do
total consumido pela indústria automotiva é alumínio reciclado. Os motores se constituem na
aplicação mais usual para o alumínio, seguida pela transmissão. A expectativa, segundo a
ALCOA, que no ano 2015, cada veículo utilize de 250 a 340kg de alumínio.
Há mais de 10 anos, o aço tem mantido seus 55% de peso do veículo (carros de passeio,
veículos esportivos, caminhões leves e minivans) devido ao seu baixo custo (US$ 0,77 por kg
nos USA). Para garantir o aço como a primeira escolha para o exterior do veículo, a indústria do
aço está fazendo consideráveis estudos como o ULSAB (UltraLight Steel Auto Body), de modo a
obter redução de peso da estrutura, baixo custo e melhor rigidez torcional, mantendo a facilidade
de processamento.

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2. Propriedades

2.1. Densidade:
A definição clássica é "peso por unidade de volume". O valor inverso é chamado
"volume específico". A tabela 2.1 mostra a densidade, de alguns metais mais conhecidos. Nas
ligas metálicas, a densidade muda devido à incorporação de outros átomos com massa diferente,
bem como às alterações na microestrutura.

Tabela 2.1 - Densidade e temperatura de fusão de alguns elementos.


Elemento Símbolo Densidade (g/cm3) Ponto de fusão (°C)
Alumínio Al 2,699 660
Berílio Be 1,848 1277
Carbono (grafita) C 2,25 3727
Cromo Cr 7,19 1875
Cobre Cu 8,96 1083
Chumbo Pb 11,36 327
Estanho Sn 7,30 232
Ferro Fe 7,87 1539
Manganês Mn 7,43 1245
Magnésio Mg 1,74 650
Molibdênio Mo 10,22 2610
Nióbio Nb 8,57 2468
Níquel Ni 8,90 1453
Ouro Au 19,32 1063
Titânio Ti 4,51 1668
Tungstênio W 19,3 3410
Vanádio V 6,10 1900
Zinco Zn 7,13 419

2.2. Propriedades Mecânicas:


A resistência mecânica de um material é caracterizada pelo parâmetro chamado tensão,
que é a resistência interna de um corpo a uma força externa aplicada sobre ele, por unidade de
área.
Considerando uma barra de área transversal A0 submetida a um esforço de tração F, a
tensão (σ) é medida por:
σ = F / A0
A0
F

L0 ∆L

Figura 2.1- Barra submetida a esforço de tração

Com a aplicação da tensão σ, a barra sofre uma deformação ε. A carga F produz um


aumento da distância L0, de um valor ∆L. A deformação é dada, então por:
6
ε = ∆L / L0 onde: ∆L = L – L0

Deve-se observar que a tensão tem a dimensão de força por unidade de área e a
deformação é uma grandeza adimensional.
A tensão pode ser relacionada com a deformação através da equação correspondente a lei
de Hooke:
σ=E.ε

onde E é uma constante do material denominada módulo de elasticidade. A tabela 2.2 mostra
módulos de elasticidade para vários metais e ligas.
Esta relação é válida para os materiais metálicos, dentro de uma região de um gráfico σ x
ε, denominada região elástica.

Tensão (σ) B
OA – Parte elástica
A X AB – Parte plástica
X - ruptura

Deformação (ε)
O

Figura 2.2 - Gráfico tensão x deformação da barra metálica da figura 1

A região elástica é a parte linear do diagrama mostrado na figura 2.2 (trecho OA). Se, em
qualquer ponto deste trecho, a carga for aliviada, o descarregamento volta sobre a reta AO, sem
apresentar qualquer deformação residual ou permanente.
Terminada a zona elástica, atinge-se a zona plástica, onde a tensão e a deformação não
são mais relacionados por uma simples constante de proporcionalidade, ocorrendo deformação
permanente.

2.2.1. Resistência à tração:


A resistência à tração é uma das propriedades mais importantes dos materiais, pois por
intermédio de sua determinação, podem ser obtidas características significativas do material,
tanto a nível de projeto, quanto de controle de qualidade.
A resistência à tração, como também as outras propriedades mecânicas depende do tipo
de material, do teor de elementos de liga, das condições de fabricação e tratamento, da estrutura,
da temperatura, etc.
Os valores obtidos nos ensaios de tração permitem ao projetista:
1. conhecer as condições de resistência do material sem que sofra deformação permanente;
2. superada a fase elástica, conhecer até que carga o material pode suportar, em condições
excepcionais.
Além disto, o exame da fratura do corpo de prova, depois de realizado o ensaio, permite
verificar o comportamento dúctil ou frágil do material e a presença de eventuais falhas
originadas durante a sua fabricação (ex. porosidades de fundição).

De um ensaio de tração convencional, são obtidos os seguintes dados do material:


1. Limite de resistência à tração: valor da máxima tensão suportada pelo material (MPa);
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2. Limite de escoamento: tensão que caracteriza o início da fase plástica (MPa);
3. Alongamento após a ruptura: valor do alongamento permanente, medido no corpo de prova,
após o rompimento;
4. Coeficiente de estricção: redução percentual da área, medido no corpo de prova após o
rompimento.
Tensão (σ)

σt

X
σe

Deformação (ε)
O

Figura 2.3 – Gráfico tensão x deformação para um material dúctil

Tabela 2.2 - Módulo de Elasticidade na temperatura ambiente.


Metal E (MPa) Liga Metálica E (MPa)
Ferro 210.000 Aço carbono 210.000
Cobre 112.00 Latão 119.000
Alumínio 70.000 Ligas de Alumínio 74.200
Magnésio 43.750 Ligas de Magnésio 45.500
Chumbo 17.500 Ligas de Titânio 115.500

2.2.2. Resistência à torção e cisalhamento:


As propriedades relacionadas com esforços de cisalhamento e torção são importantes em
aplicações do tipo:
• parafusos, rebites e vigas, que estão sujeitos ao "cisalhamento direto";
• eixos que estão sujeitos ao chamado "cisalhamento torcional" ou simplesmente "torção".
A figura 2.4 ilustra estes dois tipos de cisalhamento.

Cisalhamento duplo em um rebite τ = F/(2A)

Cisalhamento por torque


F Mt = F x a
a
τ = Mt . r / J
r = raio qualquer
J= momento de inércia de
torção
Figura 2.4 - cargas passíveis de produzir cisalhamento.

Obs.: σ = tensão normal τ = tensão tangencial (cisalhante)

2.2.3. Dureza:
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A dureza representa a resistência de um material à penetração de um corpo, pela
aplicação de uma carga. Os tipos de ensaios comumente usados para medição de dureza são:

1. Ensaio de dureza Brinell: Utiliza uma esfera de aço de diâmetro D, forçada por uma carga P
sobre o material, resultando em uma impressão no formato de uma calota, de diâmetro d.
A dureza Brinell (HB) corresponde ao quociente da carga aplicada pela área da impressão
e é expressa por:
2P
HB= (kgf/mm2)
π .D(D- D -d )
2 2

A impressão será tanto maior quanto mais mole for o material.

D
Superfície da peça

Figura 2.5 - Método Brinell de medição de dureza

2. Ensaio de dureza Rockwell: É o processo mais utilizado, devido a sua rapidez e facilidade de
execução. O valor da dureza é um número proporcional à profundidade de penetração, sendo que
no processo industrial, há duas faixas principais de dureza Rockwell:
• Escala Rockwell B: para materiais de dureza média, na qual se usa como penetrador uma
esfera de aço de 1/16" de diâmetro e uma carga de 100 kgf;
• Escala Rockwell C: para materiais mais duros, como o aço temperado, na qual se emprega
como penetrador uma ponta de diamante em forma de cone com ângulo de 120° e uma carga
de 150 kgf.

(a) (b)

Figura 2.6 – (a) Esquema de aplicação do penetrador para método de medição de dureza HRc.
(b) Penetrador e peça no processo de medição HV.

3. Ensaio de dureza Vickers: É o processo empregado amplamente em trabalhos de pesquisa


porque fornece uma escala contínua de dureza para uma determinada carga, podendo determinar
a dureza desde materiais muito moles até extremamente duros.

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O penetrador consiste de uma ponta de diamante como forma de uma pirâmide quadrada
e ângulo de 136°. As cargas variam de 5 a 120 kgf.
A dureza Vickers (HV) é expressa pela seguinte fórmula:
P
HV = 1,8544 2 (kgf/mm2)
L
onde P é a carga sobre o penetrador e L é a média do comprimento das diagonais da impressão.

2.2.4. Tenacidade:
A tenacidade está relacionada com a resistência ao choque ou impacto, isto é a aplicação
de uma carga brusca e repentina. O comportamento dos materiais sob a ação destas cargas
dinâmicas difere, em geral do comportamento quando sujeitos a cargas estáticas.
A tenacidade corresponde à quantidade de energia necessária para provocar a ruptura e
que depende fundamentalmente da resistência e ductilidade do material.
O princípio básico do ensaio é medir a quantidade de energia absorvida por uma amostra,
quando submetida à ação de um esforço de choque de valor conhecido. O método mais comum
para metais é o do golpe mediante um peso em oscilação, na forma de um martelo pendular,
chamado ensaio Charpy.
Epi = m.g.hi
Epf = m.g.hf
Eabsorvida = m.g.(hi – hf)

hi

hf

Corpo de prova

Figura 2.7 – Desenho esquemático de um martelo para ensaio Charpy.

2.2.5 Fadiga e falhas por fadiga


Em peças e conjuntos de máquinas que estão sujeitos a variações das cargas aplicadas,
ocorre comumente o aparecimento de flutuações nas tensões originadas. Tais tensões podem
adquirir um tal valor que ainda que inferior à resistência estática do material pode levar à sua
ruptura, desde que a aplicação seja repetida inúmeras vezes.
A falha provocada desse modo é denominada "falha por fadiga".
Essas falhas se iniciam em determinados pontos que poderiam ser chamados origens de
tensões", como falhas superficiais ou mudanças bruscas de configuração geométrica.
A "fadiga" é, então, um fenômeno que ocorre quando um membro sob tensão em uma
máquina ou estrutura começa a falhar sob a ação de uma tensão muito menor que a equivalente à
sua resistência estática, cuja tensão sendo de natureza cíclica.
A olho nu, a superfície da fratura, que é geralmente normal à direção da principal tensão
de tração, apresenta uma região lisa, devido à propagação da trinca e uma região áspera,
correspondente à parte da peça que falhou de modo inesperado, quando a sua secção não
apresentou mais suficiente resistência para suportar a carga.

10
origem

Zona de ruptura final

Figura 2.8 - Aspecto de uma fratura por fadiga, iniciada num canto vivo de um rasgo de chaveta
de um eixo.

2.3. Propriedades Térmicas:


A elevação da temperatura dos metais aumenta a amplitude de vibração dos átomos.
Como conseqüência, ocorre uma expansão térmica do reticulado cristalino, isto é, ocorrem
alterações dimensionais, expressas pelo "coeficiente linear de dilatação térmica", α, medido em
1/°C.
∆L= L0.α.∆t
L = L0 + ∆L = L0 + L0.α.∆t = L0.(1 + α.∆t)
Esta expansão, com o aumento da temperatura, é muito importante para muitas operações
metal-mecânicas, como fundição, forjamento, soldagem, tratamento térmico, etc.
A elevação da temperatura leva à fusão do metal, cuja "temperatura de fusão" representa
um ponto de transição importante em relação à organização dos átomos em sistemas cristalinos.
O poder calorífico, expresso em cal/(g °C) é a quantidade de calor necessária para elevar
1°C a massa unitária de um material homogêneo.
O calor específico (Cp) é definido como a relação entre a capacidade de armazenar calor
do material e da água, ou seja a quantidade de calor necessária para elevar a massa unitária de
um material de 1°C de temperatura para a quantidade de calor necessária para elevar de 1°C a
mesma massa de água. O calor específico determina a quantidade de calor necessária nos
processos metalúrgicos, tais como fundição e tratamento térmico.
A condutibilidade térmica (k), expressa em (W.mm)/(mm2 °C) é a capacidade condutora
de calor de uma substância e que depende não só da própria substância, como também do estado
em que ela se encontra.

2.4. Propriedades Elétricas e Magnéticas:


A Condutibilidade elétrica é a capacidade do metal de transmitir ou conduzir corrente
elétrica. Sob este ponto de vista, os materiais podem ser classificados como condutores, isolantes
ou semicondutores. A condutibilidade elétrica é devida à mobilidade dos elétrons e é medida em
1/(ohm.m).
O inverso da condutibilidade elétrica é a resistividade elétrica e se relaciona com a
resistência elétrica por meio da seguinte fórmula:
R=ρ.L/A
onde: R = resistência em ohm
ρ = resistividade elétrica em ohm.cm
L = comprimento da amostra do material em cm
A = área da secção transversal da amostra em cm2
c = 1/ρ = condutividade elétrica
11
Tabela 2.3 - condutibilidade e resistividade elétrica de alguns metais
Metal Condutibilidade elétrica relativa Resistividade elétrica
%IACS (micro-ohm.cm)
Prata 108 1,468
Cobre 100 1,6
Alumínio 61 2,6
Ferro 18 8,8

O cobre é o metal mais usado para aplicações onde se exige boa condutibilidade elétrica,
cujo item de controle é conhecido por %IACS, que significa: International Annealed Copper
Standard, ou seja, Padrão Internacional de Cobre Recozido. O cobre isento de oxigênio tem
condutibilidade mínima de 101%IACS.
A permeabilidade magnética µ é definida como a habilidade de um metal ser
magnetizado ou habilidade de conduzir linhas magnéticas de força em comparação ao ar e ao
vácuo. Os materiais ferromagnéticos (Fe, Co) possuem alta permeabilidade magnética.

2.5. Propriedades Ópticas:


Quando se dirige um feixe de luz sobre a superfície de uma substância sólida, nota-se que
uma certa fração da intensidade de luz incidente é refletida. Nos metais a fração refletida é alta,
enquanto que em vidros a fração refletida é baixa.
A opacidade e a elevada refletibilidade dos metais são atribuídas à ação da radiação
incidente, a qual estimula os elétrons a ocupar zonas vazias de maior energia, sendo a seguir
absorvidos e, então reemitem luz da superfície do metal.
As cores que os metais apresentam à ação da luz branca dependem da freqüência ou do
comprimento de onda da luz incidente e da refletibilidade. Por exemplo, a prata apresenta cor
branca devido à alta refletibilidade ao longo de toda região visível; já o cobre e o ouro absorvem
comprimentos de onda mais curtos, com uma refletibilidade mais baixa e apresentam coloração
avermelhada e amarelada respectivamente.

2.6. Propriedades Químicas:


Relacionam-se com a resistência que os metais oferecem ao ataque pelo meio ambiente
(corrosão) ou pelo efeito da temperatura (oxidação). A resistência à corrosão e à oxidação são,
portanto, características de grande importância, em vista da influência que o meio circunvizinho
(gasoso, líquido ou sólido) e a temperatura exercem sobre o metal, provocando diversos tipos de
ataques corrosivos e oxidantes.
Normalmente, a corrosão é medida em massa que se perde anualmente.
Os custos de corrosão e dos processo de proteção à corrosão, isto é, os custos decorrentes
da perda de máquinas, equipamentos e estruturas pelos processos corrosivos e os custos de
aplicação de processos de proteção contra corrosão são significativos na economia mundial.
A corrosão pode ser definida como um processo de destruição do material pela ação do
meio ambiente.
A seleção de materiais metálicos atendem inicialmente a requisitos de resistência
mecânica e de fabricação; contudo, as considerações de sua resistência à corrosão e dos
processos de proteção devem ser realizadas na fase de projeto do produto.

Exercícios sobre Propriedades dos Materiais


2.1. Faça o cálculo das áreas das seguintes figuras geométricas:

h
b e 12
d a
a b a
a
2.2. Qual a peça que está submetida à maior tensão?
(a) Uma barra de aço circular de aço com diâmetro de 12,8 mm, sob a ação de uma carga de
50.000 N.
(b) Uma barra de alumínio de 24,6 mm x 30,7 mm de seção transversal, sob a ação de uma carga
de 75.000 N.
(c) Uma barra hexagonal de bronze, com e = 10 mm, sob a ação de uma carga de 20.000 N.

2.3. A tabela a seguir apresenta propriedades mecânicas de diversos materiais:


Diâmetro do Módulo de Limite de Limite de
Liga corpo de Elasticidade (E) Escoamento Resistência à
prova (mm) (N/mm2) (N/mm2) Tração (N/mm2)
Ti-6Al-4V (liga de Titânio) 12,5 110.000 320 652
Liga de Alumínio 3003-H14 15 70.000 145 150
Aço Carbono SAE 1040 10 207.000 600 750
Monel 400 (liga de Níquel) 11 179.000 283 579
Considerando as definições:
- Módulo de Elasticidade é a constante que caracteriza a inclinação na curva Tensão x
Deformação, na zona elástica.
- Limite de Escoamento é a tensão necessária para iniciar a zona plástica, ocorrendo o mínimo
de deformação plástica (0,2%)
- Limite de resistência à tração é a máxima tensão que pode ser suportada por um corpo de
prova.
(a) Qual o material que pode ser submetido a maior força, de modo que ocorra um mínimo de
deformação plástica (0,2%)? Qual o valor desta força?
(b) Admitindo-se que uma barra do material especificado em (a), com 6 metros de comprimento,
com a mesma área, esteja sendo solicitado por uma carga de 30000 N, qual o aumento total
no comprimento do mesmo, em milímetros?
(c) Qual o material cujo corpo de prova pode ser submetido a maior força? Qual o valor desta
força?

2.4. É necessário escolher uma chapa para separar a água circulando a 90°C e o ar (fluxo rápido)
a 20°C. Tem-se as seguintes opções:
(a) Chapa de aço comum com k = 0,050 (W.mm)/(°C.mm2) e 2,0 mm de espessura;
(b) Chapa de aço inoxidável com k = 0,015 (W.mm)/(°C.mm2) e 1,0 mm de espessura
(c) Chapa de alumínio com k = 0,22 (W.mm)/(°C.mm2) e 8 mm de espessura
Qual das situações é a de menor transferência de calor?
Obs.: Fluxo térmico: Q = k.∆T / ∆x
No caso (a): Q = 0,050. (90-20)/2,0 = 1,75 W/mm2
O que apresentar o menor fluxo térmico é o caso de menor transferência de calor entre a
água e o ar.

2.5. É necessário escolher um fio para conduzir energia elétrica, com menor perda por
aquecimento elétrico. Tem-se as seguintes opções:
(a) Fio de cobre com ρ = 17 x 10-6 ohm.mm e diâmetro de 2,0 mm
13
(b) Fio de latão com ρ = 62 x 10-6 ohm.mm e diâmetro de 3,0 mm
(c) Fio de alumínio com ρ = 29 x 10-6 ohm.mm e diâmetro de 2,5 mm
Obs.: para este cálculo, utilize um comprimento L padrão de 1 m = 1000 mm

2.6. Qual a massa de uma barra hexagonal de 1 metro de comprimento e e = 15mm?

Exercícios complementares

2.7 Uma barra cilíndrica feita de cobre (E = 110.000MPa) com limite de escoamento de 240MPa
deve ser submetida a uma carga de 6600 N. Se o comprimento da barra é de 380 mm, qual deve
ser o seu diâmetro para permitir um alongamento de 0,5mm?

2.8 . Um fio de alumínio com 4 mm de diâmetro deve oferecer uma resistência que não seja
superior a 2,5 Ω. Usando os dados da tabela 2.3, calcule o comprimento máximo do fio.

2.9 Um fio de alumínio com 10m de comprimento é resfriado desde 38º C até -1º. Qual será a
variação de comprimento que este fio experimentará? (α = 23 x 10-6 / ºC)

2.10 Calcule a taxa de calor por milímetro quadrado através de uma parede de tijolos refratários
de um forno que opera a 1000ºC. A face externa da parede do forno está a 100ºC e a parede tem
10cm de espessura. k = 1,3(W.mm)/(°C.mm2)

14
3. Ligas Metálicas
3.1. Metais Monofásicos

Pense em uma solução líquida!!!! Mas o que é uma solução?

Uma solução líquida é uma substância formada pela mistura de duas substâncias (solvente +
soluto), onde:
- Solvente: em maior quantidade. Ex. Água
- Soluto: em menor quantidade. Ex. sal

Azeite
Água + sal

1 fase Água 2 fases

A mistura dos dois formam água salgada (solução), o qual é homogênea (apenas 1 fase) ou
monofásica. Aumentando-se a quantidade de soluto em uma determinada temperatura
ocorrerá a “precipitação” de uma nova fase (no caso o excesso de sal), tornando-se uma
solução bifásica (heterogênea). Ao ponto (quantidade de soluto) em que ocorrerá a
precipitação chamamos de “limite de solubilidade”.

Água + sal
Sal precipitado
1 fase

No caso da ciência dos materiais, vamos tratar apenas das soluções sólidas ou ligas. Por
exemplo:
Latão = cobre + zinco (monofásica até aproximadamente 40% Zn)
Bronze = cobre + estanho (monofásica até aproximadamente 10%Sn)
Aço = ferro + carbono (polifásica na temperatura ambiente)
Monel = cobre + níquel (monofásica)

Qual a diferença para o usuário entre o metal puro e a liga? Suas propriedades, principalmente.

Como o soluto interage com o solvente?


1) No metal puro, os átomos estão organizados formando o chamado arranjo cristalino,
conforme o modelo de esferas abaixo, de uma forma simplificada:

Interstício

Átomo

15
2) Na liga, pode-se ter duas situações:
- o átomo do soluto pode substituir um átomo do solvente, formando uma solução
substitucional. Por exemplo: latão, bronze, Cu-Ni, etc.
- um átomo pequeno pode se localizar no interstício (espaço vazio entre os átomos), formando
uma solução intersticial. Por exemplo: Fe-C na forma γ (temperatura acima de 723°C para
liga com 0,8%C)
A figura abaixo ilustra três situações puntuais no arranjo cristalina de materiais metálicos.
O primeiro deles (a) é um caso de vacância (vazio), ou seja a falta de um átomo no arranjo. Nos
demais casos tem-se a presença de átomos estranhos no arranjo cristalina, formando soluções
sólidas (ligas). (b) é uma solução sólida substitucional e (c) é uma solução sólida intersticial.
Observe a deformação do arranjo, próximo às situações puntuais indicadas.

Questionário:

3.1. Dê exemplos de aplicações de materiais puros.

3.2. Conforme já vimos, elementos estranhos são adicionados intencionalmente a um


especificado material, a fim de melhorar as suas propriedades. Citamos o latão (Cu+Zn) e o
bronze (Cu+Sn), que formam soluções sólidas. O arranjo cristalino deste tipo de solução sólida é
alterado comparativamente ao metal puro (solvente)?

3.3. Cobre e níquel podem ser misturados em qualquer proporção e formam uma estrutura
monofásica. Entretanto, no bronze, o estanho pode ser misturado ao cobre até uma determinada
proporção. Neste caso, o estanho em excesso, além da quantidade correspondente à
solubilidade sólida forma uma outra fase. Como se chama este limite?

3.4. Explique como a relação entre raios atômicos influencia na solubilidade sólida máxima em
uma liga.

16
3.2. Propriedades das Ligas Monofásicas
Como na vida profissional, normalmente utilizamos ligas (monofásicas ou polifásicas) e
precisamos conhecer suas propriedades e aspectos de seleção. A figura 3.1. mostra a mudança de
propriedades com o aumento do percentual do elemento de liga.

17
Figura 3.1. - Propriedades físicas das ligas cobre-níquel recozidas. (Van Vlack, Ed. Campus)

3.5. Vamos interpretar os gráficos da figura 3.1:


1. O que acontece com as propriedades mecânicas, a medida que aumenta o teor do
elemento de liga? observe a diferença da tendência entre a resistência mecânica e o
alongamento!

18
2. O que acontece com a condutividade elétrica do metal, a medida que aumenta o teor de
elemento de liga?

3.3. Classificação das Ligas Metálicas


Os metais puros possuem inúmeras propriedades que os tornam importantes sob o
aspecto de aplicação industrial. Os processos metalúrgicos geralmente produzem os metais com
uma quantidade de substâncias estranhas que varia, em geral, de menos de 0,01% até cerca de
2% em peso. Essas substâncias estranhas ou impurezas, freqüentemente são difíceis de serem
removidas durante a fabricação, afetam mais ou menos as propriedades dos metais.
Se essa influência é, entretanto, mínima ou nula, diz-se que o metal é comercialmente
puro. Na prática, pois, um metal puro não necessita ser 100% deste elemento, mas sua pureza
pode ir de 99,00 a 99,999%.
Na maioria dos casos, elementos são adicionados intencionalmente a um metal, com o
fim de melhorar suas propriedades específicas. Se nesta adição, o elemento se tornar parte
integral da fase sólida, esta se chama "solução sólida".
Os metais são geralmente empregados na forma de ligas, ou seja, substâncias que
consistem em misturas íntimas de dois ou mais elementos químicos, dos quais pelo menos um é
metal, e possuindo propriedades metálicas.

Exemplos de ligas:

1. Ligas de Alumínio: O alumínio com uma densidade relativa de 2,7 é cerca de três vezes mais
leve, para o mesmo volume, do que os aços; contudo, a sua resistência mecânica é menor,
exigindo para a mesma solicitação uma dimensão maior para o componente mecânico.
As propriedades de densidade, resistência mecânica, tenacidade à fratura, resistência à
corrosão, condutibilidade elétrica e térmica e aparência agradável (importante para o design),
associadas ao custo de aquisição e de fabricação devem ser consideradas para a seleção deste
material.
O alumínio e suas ligas são classificados em duas categorias: trabalhados e fundidos e
cada uma delas tem um sistema de designação diferente, conforme o principal elemento de liga
presente.

2. Ligas de Cobre: O cobre e suas ligas constituem um grupo de materiais metálicos das mais
antigas e diversificadas utilizações. Esses materiais reúnem um conjunto de características que
justificam o amplo espectro de uso, como elevada condutibilidade elétrica e térmica, elevada
resistência à corrosão, moderada resistência mecânica e facilidade de serem submetidos a
diversos processos de fabricação. O sistema de classificação do cobre pela composição se
encontra na tabela 3.2.

19
Tabela 3.1 - Principais ligas de alumínio
Classificação das Tipo composição química
ligas
LIGAS 1100 99,00%(min)Al; 0,12%Cu
2024 93,5%Al; 4,4%Cu; 0,6%Mn; 1,5%Mg
TRABALHADAS 3003 98,6%Al; 0,12%Cu; 1,2%Mn;
4032 85%Al; 12,2%Si; 0,9%Cu; 1%Mg; 0,9%Ni
6061 97,9%Al; 0,6%Si; 0,28%Cu; 1%Mg; 0,2%Cr
7075 90%Al; 1,6%Cu; 2,5%Mg; 0,23%Cr; 5,6%Zn
LIGAS PARA 206.0 0,1%Si; 4,6%Cu; 0,35%Mn; 0,25%Mg; 0,15%Fe(máx),
0,22%Ti, Al (restante)
FUNDIÇÃO 360.0 9,5%Si; 0,5%Mg; 2%Fe(máx), Al (restante)
413.0 12%Si; 2%Fe(máx), Al (restante)
A535.0 0,18%Mn; 7%Mg; Al (restante)
712.0 0,6%Mg; 0,5%Cr; 5,8%Zn; 0,2%Ti, Al (restante)
850.0 1%Cu; 1%Ni; 6,2%Sn; Al (restante)

Tabela 3.2 - cobre e ligas de cobre trabalhadas


Sistemas Subsistemas Metais e Ligas típicas (UNS)
cobre eletrolítico tenaz C11000
COBRE cobre desoxidado com fósforo C10300, C10800
Cobre isento de oxigênio C10100, C10200
Liga Cu-Ag C11300, C11400
COBRE Liga Cu-Cr C18200, C18400
LIGADO Liga Cu-Te C14500
Liga Cu-Cd C14300, C14310, C16200
Liga Cu-Zr C15000
Ligas Cu-Zn (latões) C21000, C26000
Ligas Cu-Sn (bronzes) C52100, C52400
LIGAS DE Ligas Cu-Ni (cupro-níqueis) C70600, C7100, C71500
COBRE Ligas Cu-Ni-Zn (alpacas) C74500, C75200
Ligas Cu-Al (Ampco®) C60600, C61000
Ligas Cu-Si C65100, C65500
Ligas Cu-Be C17000, C17200, C17500

3. Ligas de magnésio: O magnésio é um metal de baixa densidade com propriedades mecânicas


relativamente elevadas - particularmente em temperaturas altas - quando ligado com elementos
endurecedores. Tem boa usinabilidade, soldabilidade e resistência à corrosão. As ligas do
sistema magnésio-alumínio-zinco possuem boas características de fundibilidade e ductilidade,
associadas à elevada resistência mecânica em temperatura ambiente ou até 120°C. As ligas
típicas deste sistema são AZ91C para fundição em areias ou moldes permanentes e a AZ91A
para fundição sob pressão.

4. Aço: liga de Fe + C, cujo carbono varia de quase 0%, até em torno de 2%. Muitos outros
elementos de liga são adicionados para obter as mais diversas características, para muitas
aplicações. A tabela 3.3. mostra a especificação de aços de baixa e média liga segundo a norma
AISI ou SAE, enquanto que as tabelas 3.4. e 3.5. mostram alguns dos principais aços para
aplicações específicas, utilizados na região.

20
Tabela 3.3- nomenclatura de aços de baixa e média liga (mais utilizados)
Número Composição Exemplos
AISI ou SAE
10xx aço carbono simples 1020, 1045, 1060
11xx aço carbono resulfurado 1112
41xx cromo (0,4 a 1,2%), molibdênio (0,08 a 0,25%) 4140
43xx níquel (1,65 a 2%), cromo (0,4 a 0,9%), molibdênio (0,2 a 0,3%) 4340
61xx cromo (0,7 a 1%), vanádio (0,1%) 6150
86xx níquel (0,3 a 0,7%), cromo (0,4 a 0,85%), molibdênio (0,08 a 0,25%) 8620, 8640
92xx silício (1,8 a 2,2%) 9215

Tabela 3.4. - nomenclatura de aços para matrizes e ferramentas (mais utilizados).


Número Composição química (%) Marcas Aplicações
comerciais
AISI C Cr Ni Mo W V
M2 0,90 4,25 ....... 5,0 6,2 1,9 VWM-2 ferramentas de torno, brocas e alargadores,
fresas, machos, brochas, estampos de corte,
ferramentas para extrusão a frio, calibradores,
mandris de trefilação, etc.
D2 1,5 12,0 ........ 0,8 ......... 0,6 VD2 matrizes para estampar, para cunhar, para
repuxamento, punções, calibres.
D3 2,2 12,0 0,5 ...... ........ 0,6 VC130 estampos de corte, punções, facas para corte de
chapas, ferramentas para laminação de roscas,
para trabalhar com madeira, etc.
O1 0,95 0,5 ........ ....... 0,5 0,2 VND machos, cossinetes, brochas, punções, facas
para corte de papel, estampos e matrizes em
geral, etc.
W1 0,7/1,5 0,15máx ......... ........ ........ ...... VET-3 matrizes de cunhagem, de corte a frio,
ferramentas para repuxar chapas, talhadeiras,
ponteiros, etc.
P20 0,35 1,7 ........ 0,4 ....... ........ VP20-A moldes de injeção de plástico

H13 0,35 5,0 ...... 1,5 ....... 1,0 VH-13 matrizes e punções de forjamento, moldes para
plástico, matrizes de recalcamento a quente,
moldes para fundição sob pressão.

Tabela 3.5. - nomenclatura de aços resistentes à corrosão (inoxidáveis) mais usados.


Número Composição química Tipo Aplicações
AISI ou SAE (elementos principais)
304 0,08%C - 18%Cr - 8%Ni austenítico Equipamentos para processamento
químico e de alimentos. Artigos
domésticos. Boa capacidade de soldagem e
conformação.
316 0,08%C - 18%Cr - 8%Ni - 2%Mo austenítico produtos que exigem melhor resistência à
corrosão que o aço 304.
430 0,12%C máx - 16/18%Cr ferrítico decoração de interiores, equipamentos de
cozinhas, peças de fornos, etc.
420 0,36/0,45%C - 12,5/14,5%Cr - 1%Ni máx. martensítico cutelaria, instrumentos cirúrgicos, eixos de
bombas, válvulas, parafusos, mancais de
esfera, etc.

3.4. Critérios de Seleção de Ligas Metálicas


O projeto de peças deve levar em conta diversos fatores que são inter-relacionados de
forma nem sempre simples. Os requisitos de desempenho, quer na fase de sua fabricação, quer
na fase de sua utilização como componente de um sistema, são estabelecidos de maneira a
compatibilizar a função exigida da peça com as possibilidades de sua fabricação a partir de
materiais metálicos, cerâmicos ou plásticos. Como são muitas as possibilidades de processos de

21
fabricação e de tipos de materiais, é fundamental atender o requisito de menor custo de
fabricação para uma qualidade industrial especificada.
A análise dos fatores que influenciam o projeto do produto (concepção da peça) e do
processo de fabricação (a maneira de obtenção da peça) é fundamental para a seleção mais
conveniente dos materiais constituintes das peças.
As funções requeridas de um produto determinam as especificações necessárias para o
projeto, como as de desempenho, que consistem num conjunto de características que permitem a
utilização do produto de forma eficiente; enquanto que as especificações do projeto se compõem
de uma gama de indicações técnicas referentes à forma, às dimensões, às tolerâncias, ao
acabamento e aos materiais constituintes do produto que permitem atender às especificações de
desempenho.

a) Especificações de desempenho. Deve-se avaliar:


a) Requisitos de desempenho
b) Coeficiente de segurança
b) Especificações de projeto. Deve-se avaliar:
a) Dimensionamento das peças componentes e conjuntos com base nos tipos de
solicitação mecânica (estática e dinâmica) e na resistência dos materiais
disponíveis.
b) Indicação dos materiais constituintes das peças e dos processos de fabricação.

A seleção do material deve ser efetuada considerando também a seleção do processo de


fabricação da peça. Enquanto a seleção do material para atender os requisitos de projeto do
produto baseia-se nos aspectos de resistência, durabilidade e segurança de desempenho
associados ao baixo custo de aquisição, no projeto do processo é fundamental a seleção do
material, a fim de minimizar os custos de fabricação.
A matéria-prima adquirida para a fabricação dos componentes deve apresentar
características compatíveis com as exigências do projeto do produto e do processo, como:
1. Composição química
2. Histórico: processos anteriores (ex.: tratamentos térmicos e mecânicos)
3. Forma: geometria
4. Tamanho
5. Acabamento superficial
Deve-se levar em conta, também, na seleção de matérias-primas:
♦ quantidades a serem adquiridas;
♦ qualidade, considerando a aplicação;
♦ custos de aquisição;
♦ energia consumida;
♦ fatores ambientais: disposição pós-uso.

A capacidade dos materiais selecionados em se adaptarem aos processos de fabricação é


um fator fundamental na seleção de material e processo. Portanto, para cada processo, define-se
o comportamento do material no processamento. Assim, as principais propriedades de fabricação
são:
1. fundibilidade: capacidade do material penetrar completamente no molde de fundição e
produzir peça sem defeito e com as características mecânicas especificadas;
2. conformabilidade plástica: capacidade dos materiais de serem deformados, tomando a forma
de uma matriz.

22
3. usinabilidade: capacidade de retirada de cavaco, sem apresentar desgaste excessivo na
ferramenta de usinagem.
4. soldabilidade: capacidade de união de peças através do processo de soldagem, garantindo-se
uma junta com qualidade compatível ao material de base.
5. endurecibilidade: capacidade de obter peças com maior resistência, após tratamento térmico
ou termo-mecânico.
6. capacidade de receber tratamentos superficiais.

ƒ Dimensão
ƒ Forma
Projeto ƒ Tolerância
do ƒ Acabamento
Produto
ƒ Propriedades a serem atendidas

Seleção de ƒ Fundibilidade
CUSTO ƒ Soldabilidade
Materiais Propriedades de
ƒ Estampabilidade
Metálicos fabricação
ƒ Forjabilidade
ƒ Capacidade de revestimento
ƒ Endurecibilidade

ƒ Composição
ƒ Condição
Projeto Características da
ƒ Acabamento
de matéria-prima
ƒ Defeitos prováveis
Processo
ƒ Disponibilidade

ƒ Tamanho dos lotes


ƒ Equipamento disponível
Características de
ƒ Energia consumida
produção
ƒ Facilidades operacionais

Figura 3.2 – Fatores que influenciam na seleção de ligas metálicas.

23
4. Cristalinidade e Microestrutura
As propriedades são manifestações da estrutura do material em diversos níveis. Torna-se
importante, portanto, estudar a estrutura dos materiais nestes diversos níveis, desde a
organização dos átomos até as formações macroestruturais (presença de bolhas, segregações,
alinhamentos, etc.). A maioria dos materiais de interesse para o engenheiro tem arranjos
atômicos, que são repetições nas três dimensões de uma unidade básica. O arranjo atômico faz
com que os átomos fiquem próximos entre si, existindo um determinado número de átomos
vizinhos (os mais próximos), caracterizando o chamado “empacotamento atômico”.

CRISTALINIDADE: Uma molécula tem uma regularidade estrutural, porque as ligações


covalentes determinam um número específico de vizinhos para cada átomo e a orientação no
espaço dos mesmos.
Materiais cristalinos são os que exibem ordem de longo alcance na posição e na seqüência de
átomos ou moléculas.
Materiais amorfos não possuem ordem de longo alcance, sendo que os átomos ou moléculas não
são periodicamente localizados ao longo de longas distâncias. Porém, usualmente possuem
ordem de curto alcance.

RAIO ATÔMICO: A distância de equilíbrio entre os centro de dois átomos pode ser
considerada como a soma de seus raios. No ferro metálico, a distância média entre os centros dos
átomos é 0,2482 nm.
O fator que mais influencia na distância interatômica é a temperatura, sendo que qualquer
aumento desta, aumenta o espaçamento médio entre os átomos, acarretando a expansão térmica
dos materiais.

Os metais ao se solidificarem, cristalizam, ou seja passam de um estado de distribuição


aleatória (líquido) para um estado com posições definidas e ordenadas, que se repetem em três
dimensões, formando uma figura geométrica regular, denominado sistema cristalino. Deste
sistema cristalino é possível extrair apenas uma célula ou reticulado unitário.

Tabela 4.1. Os sete sistemas cristalinos:


Sistema Eixos Ângulos Axiais
Cúbico a1 = a2 = a3 Todos os ângulos = 90°
Tetragonal a1 = a2 ≠ c Todos os ângulos = 90°
Ortorrômbico a≠b≠c Todos os ângulos = 90°
Monoclínico a≠b≠c dois ângulos = 90° e um ≠ 120°
Triclínico a≠b≠c Todos os ângulos diferentes e todos ≠ 90°
Hexagonal a1 = a2 = a3 ≠ c Ângulo = 90° e 120°
Romboédrico a1 = a2 = a3 Todos os ângulos iguais, mas não 90°

24
Figura 4.1- sistemas cristalinos

4.1. Reticulados Principais


Os átomos dos materiais metálicos podem ser agrupados, dentro do sistema cúbico em
dois diferentes tipos de repetição: cúbico de corpo centrado (CCC) e cúbico de faces centradas
(CFC), enquanto que no sistema hexagonal, os átomos se agrupam no sistema Hexagonal
Compacto (HC).
4.1.1. Cúbico simples: É uma estrutura hipotética, mas favorece a compreensão. Para este tipo de
célula unitária, tem-se um átomo em cada vértice, representando um oitavo de cada um dos
átomos dentro da célula.
4.1.2. Cúbico de Corpo Centrado: O ferro, na temperatura ambiente, tem estrutura CCC, e cada
átomo de ferro está cercado por oito átomos de ferro adjacentes. Há dois átomos por célula
unitária em uma estrutura ccc, sendo que um está no centro e oito oitavos estão nos oito vértices.
4.1.3. Cúbico de Faces Centradas: O cobre tem estrutura CFC, onde um átomo está em cada
vértice e em cada face do cubo. O alumínio, o cobre, o níquel, a prata e o chumbo possuem este
tipo de reticulado. Cada célula unitária de uma estrutura cfc possui quatro átomos.

4r a
4r

a) Célula unitária CCC b) Célula unitária CFC

Figura 4.2. – Principais cristais cúbicos.

25
4.1.4. Hexagonal Compacto: A figura 4.3. mostra o reticulado HC, encontrado no magnésio,
titânio e o zinco.

Tabela 4.2. - Materiais e seus reticulados


Exemplos
CCC Cr, Fe(α), Mo, W
CFC Al, Fe(γ), Ni, Cu, Ag, Pb
HC Mg, Zn, Ti

Figura 4.3. - Célula unitária Hexagonal Compacta

Exercícios
E4.1. Calcule o parâmetro da célula CCC e o da célula CFC. No caso do sistema cúbico, o
parâmetro da célula é o lado do cubo formado.
Respostas:
4.r 4.r
a CCC = a CFC =
3 2

E4.2. A prata é CFC e seu raio atômico é 0,1444 nm. Qual o comprimento do lado de sua célula
unitária?

E4.3. O ouro tem estrutura cristalina CFC. O parâmetro de seu reticulado é 0,4078 nm e sua
massa atômica é 197 g/mol. Calcule a sua densidade.
Obs: 6,02 x 1023 átomos → Massa atômica do elemento (g)
1 átomo → m (g)

E4.4. Calcule o raio do maior vazio intersticial no retículo do ferro gama (CFC). O raio atômico
do átomo de ferro é R=0,129 nm no retículo CFC e o maior vazio intersticial ocorre no
(½, 0, 0), (0, ½, 0), (0,0, ½), ... O raio do átomo de carbono é rC=0,075 nm

26
4.2. Ligação Metálica
Mas afinal, o que une os átomos metálicos entre si?
Se um átomo apresenta apenas uns poucos elétrons de valência, estes podem ser
removidos com relativa facilidade, enquanto que os demais elétrons são firmemente ligados ao
núcleo. Isto origina uma estrutura formada por íons positivos (núcleo e elétrons que não
pertencem a camada de valência) e elétrons livres. Como os elétrons de valência podem se
mover livremente dentro da estrutura metálica, formam a nuvem eletrônica.

++ + – + – +
Nuvem
– – – –
+ + – + +
– Íon positivo
– – – – –
+ – + + +
Figura 4.4. – Ligação metálica

É por causa da natureza da ligação metálica, que os átomos de um metal podem ser
visualizados como esferas rígidas.
Como as propriedades condutividade elétrica e condutividade térmica dos metais podem
ser explicadas?
Os elétrons livres dão ao metal sua condutividade elétrica elevada, pois podem se mover
livremente sob a ação de um campo elétrico. Da mesma forma, a alta condutividade térmica
dos metais está associada à mobilidade dos elétrons livres, que podem transferir energia
térmica de um nível de alta temperatura para outro de baixa.

4.3. Defeitos Cristalinos


Defeito é uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos em um
cristal. Podem envolver uma irregularidade:
♦ na posição dos átomos
♦ no tipo de átomos
O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio ambiente, e das
circunstâncias sob as quais o cristal é processado. Veremos alguns defeitos no decorrer do texto,
como vazios, discordâncias, contorno de grão, etc.
Por que os defeitos são importantes?
Os defeitos, mesmo em concentrações muito pequenas, podem causar uma mudança
significativa nas propriedades de um material.
Sem a presença de defeitos:
♦ os dispositivos eletrônicos do estado sólido não existiriam;
♦ os metais seriam muito mais resistentes;
♦ os cerâmicos seriam muito mais tenazes;
27
♦ os cristais não teriam nenhuma cor;

4.4. Estrutura Granular dos Materiais:


Estrutura interna é definida como o arranjo de elétrons e átomos dentro do metal. Deve-se
observar que um dado material com determinada composição química, a estrutura interna não é
constante, podendo variar grandemente, dependendo de:
(1) como o material foi fabricado (condições de processamento);
(2) sob que condições o material se encontra em serviço (temperatura, pressão, agentes
corrosivos, etc.).
A análise da estrutura é feita, em geral, a nível da resolução de microscópios ópticos (10-
1200x) ou de microscópios eletrônicos (2000-100.000x). Esta estrutura observada é chamada de
microestrutura.
Um conjunto de células unitárias forma o cristal com contornos geométricos, o qual, ao
adquirir os contornos irregulares pelo seu crescimento e devido aos pontos de contato de cada
conjunto, passa a chamar-se grão. Esses grãos são ligados entre si por um limite, denominado
contorno de grão.

Figura 4.5. - estrutura granular de uma material puro.

As propriedades mecânicas dos metais dependem fortemente do tamanho do grão, por


isto a American Society for Testing of Materials (ASTM) criou um índice do tamanho de grão
dos aços, através da seguinte equação: N = 2n-1
onde: N é o número de grãos observados por polegada quadrada, quando o metal é examinado
ao microscópio com um aumento de 100x
n é o número do tamanho de grão ASTM
Considerando os grãos, as microestruturas dos metais monofásicos podem ser
diferenciadas de três maneiras:
♦ Tamanho de grão
♦ Forma do grão
♦ Orientação preferencial

Forma de grão Tamanho de Com e sem orientação


diferente grão diferente preferencial

28
Questionário

4.1. Quando dois cristais podem ser chamados de polimorfos? Exemplifique, indicando a(s)
temperatura(s) de transformação alotrópica.
Resposta: Dois cristais são ditos polimorfos quando, embora tenham estruturas cristalinas
diferentes, apresentam a mesma composição química. Ex.: Fe

Temp. amb. 910 1400 1540 T (°C)

Feα (CCC) Feγ (CFC) Líquido


Feδ (CCC)

Veja a descontinuidade do Ferro no gráfico abaixo! Ocorre uma contração do material em


910°C, quando do aumento do volume específico pelo efeito da dilatação térmica.

Volume
específico
(cm3/g)

T (°C)

910

4.2. O titânio tem uma estrutura HC (a=0,2956 nm; c=0,4683 nm) abaixo de 880°C e uma
estrutura CCC (a=0,332 nm) acima desta temperatura. MTi=47,9 g/mol
a) o titânio se expande ou se contrai ao ser aquecido a esta temperatura?
b) Calcular a variação de volume em cm3/g.

4.3. Pode-se considerar qualquer obstáculo que atrapalhe a continuidade da organização dos
átomos (arranjo atômico) como sendo uma imperfeição. Um exemplo mais óbvio é a superfície
externa do material. Qual a diferença entre os átomos da superfície e do interior do material?

4.4. Qual o procedimento que torna possível observar os grãos e seus contornos no microscópio,
como na figura 4.5.?

4.5. Por que os contornos são mais facilmente atacados quimicamente (processo de corrosão),
que o interior dos grãos?

29
4.6. Um aço tem tamanho de grão ASTM 8. Qual a área média observada por grão em uma
superfície polida?
N = 28-1 = _________ grãos/pol2 a 100x de ampliação ou
_________ .(100x100) = ___________ grãos/pol2 a 1x de ampliação
Logo, área de um grão = 1/ _______________ = _________________ pol2/grão
(neste tamanho não dá para ver a olho nu!)

4.7. Qual o significado do termo grão equiaxial?

4.8. Explique como se formam os grãos no material metálico.

. .
. . .
. .

(1) (2) (3)

30
5. Deformação dos Materiais
Os materiais, quando submetidos a um esforço de natureza mecânica, tendem a deformar-
se. Conforme a sua natureza, o comportamento varia durante a deformação. Podem apresentar
apenas deformação elástica até a ruptura, como no caso de elastômeros, ou sofrer apreciável
deformação plástica antes da ruptura, como nos metais e termoplásticos.

5.1. Deformação Elástica


A deformação elástica é resultado de uma pequena elongação ou contração do retículo
cristalino na direção da tensão (tração ou compressão) aplicada.
átomo

Sem tensão externa Sob tensão de compressão Sob tensão de tração


Figura 5.1. Deformação elástica no nível atômico.

Lembre-se que a deformação é proporcional a tensão na zona elástica, conforme a lei de


Hooke. Quanto mais intensas as forças de atração entre os átomos, maior é o módulo de
elasticidade E.
Qualquer elongação ou contração de uma estrutura cristalina em uma direção, causada
por uma tensão, produz uma modificação na dimensão perpendicular (lateral). A relação entre a
deformação lateral εx e a deformação longitudinal εy é chamada de coeficiente de Poisson:
ν = - εx / εy

A direção cristalina influencia no módulo de elasticidade do material?


Resposta: Os materiais não são isotrópicos em relação ao módulo de elasticidade. Por exemplo,
o ferro tem um módulo de elasticidade variando de 290.000 MPa na direção [1 1 1] a 130.000
MPa na direção [1 0 0]. O conhecido valor de E=210.000 MPa é, na verdade, um valor médio,
pois o material é policristalino.
ATENÇÃO: observe apenas que cada direção tem um nome. Ex. [100], [111]
Isotrópico: a propriedade especificada é igual em qualquer direção.
Anisotrópico: a propriedade especificada varia conforme a direção.

5.2. Direções e Planos dos Cristais

Para cristais cúbicos, os índices de direção cristalográfica são componentes de vetor da


direção ao longo de cada eixo e reduzidos aos menores inteiros. Veja a figura 5.2(a).

Muitas vezes é necessário se referir aos planos de átomos dentro da estrutura cristalina e,
para isto, utiliza-se uma codificação chamada índices de Miller (figura 5.2.b).

31
z z

(1 1 0)
[1 1 1]

y y
[2 0 1]
[0 1 0]

[1 1 0] (1 0 0)
x x
(a) (b)
Figura 5.2. – Ilustração de direções cristalinas (a) e de planos cristalinos (b).

5.3. Deformação Plástica


Na prática, qual a importância da região elástica do material? Bem, a maioria das peças,
estruturas e equipamentos que fabricamos não devem sofrer modificações na sua forma com o
tempo. Por exemplo, não queremos montar um telhado sobre uma estrutura metálica, e o peso
deste telhado deformar algumas tesouras, podendo ocasionar um efeito catastrófico. Por isto,
projetamos esta estrutura para suportar apenas deformação elástica.
Muito bem, então, na Engenharia, apenas devemos nos preocupar com a região elástica?
Não, pois muitas das peças fabricadas, para terem a forma desejada devem sofrer uma
deformação plástica, através de processos específicos.
A deformabilidade permanente é muito importante na prática, pois permite a realização
de conformação mecânica, ou seja de operações mecânico-metalúgicas muito empregadas na
fabricação de peças metálicas. Veja a figura 5.3.

Figura 5.3 - processos de conformação mecânica usuais: (a) laminação; (b) forjamento; (c)
extrusão; (d) trefilação.(VanVlack, Ed. Campus, pág.211)

A capacidade dos metais de serem deformados de modo permanente é chamada de


plasticidade.
O processo de conformação pode ser realizado em diferentes temperaturas, de modo que
surge dois termos clássicos: trabalho mecânico a frio e trabalho mecânico a quente. A
separação entre os dois se dá pela temperatura de recristalização, definida como "a menor
32
temperatura na qual uma estrutura deformada de um metal trabalhado a frio é restaurada ou é
substituída por uma estrutura nova, livre de tensões, após a permanência nessa temperatura por
um tempo determinado".
A deformação de um material em um processo é medida pela redução na área da seção
transversal, isto é:
r = [ A0 – Af ] / A0
Onde A0 e Af são, respectivamente, a área inicial e a área final.

Figura 5.4 – Efeito nos grãos obtido com processos de conformação a frio: (a) laminação; (b)
trefilação.

A deformação plástica resultante do trabalho mecânico a frio (abaixo da temperatura de


recristalização) provoca o chamado fenômeno de encruamento, isto é aumento da dureza
através da deformação a frio. A tabela 5.1. mostra o efeito do encruamento sobre as
características mecânicas de alguns metais e ligas metálicas. Observe no gráfico a seguir a
alteração do alongamento e do limite de resistência com a % de deformação a frio.

Limite de Resistência à tração

alongamento

Deformação a frio (%)

Tabela 5.1. - Efeito do encruamento sobre características mecânicas


Liga Estado Resistência à Alongamento Dureza
tração (MPa) (%) Brinell
Aço ABNT Normal 336 38 120
1010 Trabalhado a frio 910 2 265
Aço AISI 301 Normal 770 60 165
Trabalhado a frio 1295 9 380
Alumínio puro Normal 91 40 23
Trabalhado a frio 168 10 44
Latão para Normal 336 55 70
cartuchos Trabalhado a frio 770 14 155

33
Com a deformação mecânica, os grão são alongados na direção do esforço mecânico
aplicado.
Com o encruamento, podem haver perdas nas propriedades do material, como diminuição
da condutibilidade elétrica, aumento das perdas magnéticas e diminuição da resistência à
corrosão.

Existem materiais que possuem um comportamento conforme o seguinte gráfico tensão x


deformação. Este material poderia ser conformado através de processos de deformação a frio,
como dobramento? Por que?
σ x = ruptura
x

5.4. Discordâncias
Elas têm uma forte influência sobre as propriedades mecânicas dos metais e de alguns
cerâmicos.

Características das discordâncias:


♦ elas são criadas devido às condições de processamento (a forma usada na fabricação do
material) e por forças mecânicas que atuam sobre o material.
♦ estão quase sempre presentes nos cristais reais.
♦ em um material típico, aproximadamente 5 de cada 100 milhões de átomos (0.000005%)
pertencem a um defeito tipo discordância. Em uma porção de material de 10 cm3 (cerca do
tamanho de um dado de seis lados), haverá aproximadamente 1017 átomos que pertencem a
defeitos tipo discordância.

Figura 5.5 – Discordâncias (linhas) mostradas através de um microscópio eletrônico de


transmissão.

O tipo mais simples de discordância pode ser visto como um semiplano atômico extra,
inserido na estrutura, o qual termina em qualquer lugar do cristal. A extremidade do meio plano
é a discordância, conforme mostra a figura abaixo.
Considerando o "plano extra" que está dentro do cristal, observa-se claramente que o
cristal está distorcido junto ao plano de escorregamento.

34
A figura 5.7. ilustra como uma discordância se move através do cristal, sob a aplicação de
uma tensão de cisalhamento. Pela aplicação da tensão, o átomo c pode mover-se para a posição
c' indicada na figura. Se isso acontecer, a discordância mover-se-á de uma distância atômica para
a direita. A contínua aplicação da tensão levará à movimentação da discordância em etapas
repetidas. O resultado final é que o cristal é cisalhado no plano de escorregamento de uma
distância atômica. Isto significa que as discordâncias estão ligadas a deformação
permanente (escorregamento dos planos atômicos).

Figura 5.6 – Discordância em cunha mostrando distorção do cristal

Figura 5.7 – Movimento de discordância

Figura 5.8 – Discordância em hélice

35
Cada etapa do movimento da discordância, requer somente um pequeno rearranjo de
átomos nas vizinhanças do plano extra. Resulta disso que uma força muito pequena pode mover
uma discordância.
O movimento de uma discordância através de todo o cristal produz um degrau na
superfície do mesmo, cuja profundidade é de uma distância atômica. Como uma distância
atômica em cristais metálicos é da ordem de alguns nanometros, esse degrau evidentemente não
é visível a olho nu.
Além das discordâncias em cunha, existem as discordâncias em hélice ou helicoidais. A
designação 'hélice' para esse defeito do reticulado deriva do fato de que os planos do reticulado
do cristal formam uma espiral na linha da discordância (figura 5.8).

Questionário
5.1) A região da discordância possui maior energia? Por que?

5.2) Ao calcular o limite de resistência dos metais com base em um modelo de cristal perfeito,
obtém-se o valor de E/20. Os metais não são tão resistentes, portanto, o modelo não é adequado e
deve existir um outro mecanismo relacionado com o processo de deformação plástica. Qual é
este mecanismo?
Resposta: A explicação para a discrepância entre os limites de escoamento calculado e real
reside no fato de que os cristais não são perfeitos, pois contém defeitos, sendo que as
discordâncias são o tipo de defeito responsável por este fato.

5.3) O tamanho de grão (TG) tem influência marcante nas propriedades mecânicas das ligas
metálicas (também dos materiais cerâmicos), conforme a figura abaixo:

Os responsáveis por esta alteração nas propriedades são os contornos de grão. Qual o
efeito deles na mudança das propriedades?
Resposta: Conforme aumenta o número de discordâncias ao longo do plano, a força de
cisalhamento necessária também aumenta. Entretanto, isto não é importante, a menos que haja
a interferência de algum fator estrutural (barreira), tal como o contorno de grão. Um
empilhamento de discordâncias, tal como na figura abaixo aumenta a resistência do metal para
o escorregamento posterior.

Plano de escorregamento
Contorno de grão

36
5.4) Como pode-se observar pela figura 3.1., o limite de resistência aumenta, com o aumento da
% de elemento de liga na solução sólida. O que acontece, em nível de estrutura cristalina, para
ocorrer tal fato?

5.5) Considerando a tensão de cisalhamento efetiva τ na direção de escorregamento,


τ = F/A cos(λ) cos(φ) Direção de escorregamento

F λ F
φ

a) Quando τ é máximo?
Obs.: isto ocorre em materiais dúcteis. No caso de materiais frágeis, estes rompem com φ = 0

b) Pegue uma barra de giz e execute um esforço de torção e verifique o ângulo de quebra por
torção (observe que o mesmo é frágil). No caso de materiais dúcteis este mesmo ângulo é igual a
zero.

37
6. Efeito da Temperatura nos Metais

Os cristais plasticamente deformados tem mais energia que os cristais não-deformados,


devido a existência de grande quantidade de discordâncias. Como é possível reacomodar os
átomos?
Aquecendo o material acima da temperatura de recristalização durante um certo tempo.

Tabela 6.1. – Temperaturas de recristalização para alguns metais e ligas de uso comum.
Material Temperatura de
Recristalização (°C)
Cobre eletrolítico (99,999%) 121
Cu – 5%Zn 315
Cu – 5%Al 288
Cu – 2%Be 371
Alumínio (99,0%) 288
Ligas de alumínio 315
Níquel (99,99%) 571
Ligas de Magnésio 252
Ferro eletrolítico 398
Aço de baixo carbono 538
Zinco 10
Chumbo -4
Estanho -44

A manutenção do material a uma temperatura suficientemente elevada faz com que a


vibração térmica dos átomos permita maior mobilidade das discordâncias. Mesmo em
temperaturas inferiores a temperatura de recristalização, as discordâncias são bastante móveis
para formar arranjos regulares e mesmo se aniquilarem (somente as discordâncias de sinais
opostos). Este processo é chamado de RECUPERAÇÃO e, embora não mude a microestrutura,
restaura parcialmente a maciez (menor resistência e maior ductilidade).

Figura 6.1. – Mudança de propriedades e estrutura com a recuperação e a recristalização.

A maciez original é inteiramente restaurada pelo aquecimento acima da temperatura de


recristalização, quando se formam novos grãos com baixa densidade de discordâncias. Os grãos
se desenvolvem até que a estrutura toda esteja RECRISTALIZADA. A microestrutura resultante
é equiaxial. Veja a figura 6.1.
38
Os principais fatores que afetam a recristalização são:
1. uma quantidade mínima de deformação prévia: se o trabalho a frio prévio é zero, não há
energia de ativação para a recristalização e ficam mantidos os grão originais;
2. quanto maior a deformação prévia, menor será a temperatura de recristalização;
3. quanto menor a temperatura, maior o tempo necessário à recristalização;
4. quanto maior a deformação prévia, menor será o tamanho de grão resultante (pois será
maior o número de núcleos a partir dos quais crescerão os novos grãos).
OBS: Uma estrutura de grãos grosseiros apresenta propriedades mecânicas pobres, ao
passo que um tamanho de grão fino fornece ao material alta resistência sem diminuir-lhe
muito a ductilidade.
5. adições de elementos de liga tendem a aumentar a temperatura de recristalização (pois
retardam a difusão).

Figura 6.2. – crescimento de grão durante recristalização (Gulhaév, pág. 103)

6.1. Como que o tamanho médio dos grãos de um metal monofásico pode aumentar com o
tempo, da forma mostrada na figura 6.2?

39
6.2. O processo de crescimento de grão é reversível? Como fazer para diminuir (refinar) o
tamanho de grão?

6.1. Deformação a Quente


Com o trabalho a quente, não ocorre o fenômeno de encruamento, pois a estrutura é
restaurada (amolecimento) devido ao recozimento simultâneo. As principais razões para o uso do
trabalho a quente são:
1. A energia necessária para deformar é menor;
2. o metal adquire maior capacidade de deformar-se sem fissuração;
3. algumas heterogeneidades das peças, como porosidades, são praticamente eliminadas pelo
trabalho a quente;
4. estruturas grosseiras podem ser eliminadas, transformando-se em grãos menores.

6.2. Introdução aos Tratamentos Térmicos Industriais


Para fabricar uma sanfona de termostato é necessário executar os seguintes processos:
1. Corte de um disco de bronze fosforoso de 25 mm de diâmetro e 0,55 mm de espessura.
2. Embutimento na forma de um copo de 14,2 mm de diâmetro e 11 mm de altura.
3. Estiramento (extrusão) até diâmetro de 13,6 mm, e 18 mm de altura (0,3 mm de parede)
4. Estiramento (extrusão) até diâmetro de 12,78 mm e 31 mm de altura (0,16mm de parede)
5. Estiramento (extrusão) até diâmetro de 12,52 mm e 40 mm de altura (0,10 mm de parede)
6. Corrugamento na forma de sanfona
O copo não pode ser conformado continuamente até o final (sanfona), pois ocorrerá rompimento.
O que é feito, então, para aumentar a ductilidade, visto que houve o aumento da dureza no
processo de conformação mecânica a frio?
É feito um processo chamado de recozimento, no qual a peça é aquecida em um forno
acima da temperatura de recristalização durante um determinado tempo. Tal processo de
recozimento envolve difusão, e portanto é grandemente dependente da temperatura e do
tempo. Temperatura de recozimento para ligas Cu-Sn: 580-600°C

Este exemplo ilustra a necessidade de um processo de tratamento térmico, parte do


processo de fabricação de uma peça. O tratamento térmico é o conjunto de operações de
aquecimento a que são submetidos os materiais metálicos, sob condições controladas de
temperatura, tempo, atmosfera e velocidade de esfriamento, com o objetivo de alterar as
suas propriedades.

O termo recozimento se refere a um tratamento térmico no qual um material é exposto a


uma temperatura elevada por um período de tempo prolongado, sendo ele então resfriado
lentamente. Normalmente, o recozimento é realizado com os objetivos de:
1. aliviar as tensões
2. tornar o material mais mole, dúctil e tenaz
3. produzir uma microestrutura específica

40
Como podem ser desenvolvidas tensões internas nas peças metálicas?
(1) através de processos de deformação plástica, como usinagem, conformação, etc.
(2) através de resfriamento não-uniforme de uma peça que foi fabricada ou processada em
temperatura elevada, tal como em uma solda ou uma fundição.
(3) uma transformação de fases que seja induzida mediante resfriamento onde as fases de
origem e de produto tenham características diferentes.
Distorção e empenamento podem ocorrer se essas tensões residuais não forem
eliminadas, podendo ser removidas através de um processo de recozimento chamado de alívio
de tensões.

Os tratamento térmicos são realizados em fornos de diferentes tipos de construção,


variando quanto ao tamanho e volume da carga, ao tipo de aquecimento (óleo, gás, eletricidade),
ao tipo de meio (atmosfera gasosa, sal fundido, material granular, vácuo), a capacidade de
automação do processo, etc.

41
7. Metais Bifásicos e Diagramas de Equilíbrio
No capítulo 3 estudamos que ao atingir o limite de solubilidade ocorre uma precipitação.
Isto é, ocorre a formação de um precipitado. Em uma mistura de água e sal é fácil entender! Mas
como fica em uma solução metálica sólida?
A ocorrência de uma segunda fase deve-se ao grau de solubilidade entre os componentes
da mistura. Estes são exemplos de precipitados chamados de partículas de segunda fase.
Veja na figura 7.1., onde há a formação de inclusões de óxido de cobre no cobre (quase)
puro! Inclusões? São impurezas presentes no material, como o caso dos óxidos, sulfetos e
fosfetos, por exemplo. Elas são decorrentes do processo de fabricação do material ou da matéria-
prima utilizada.

Figura 7.1. - Inclusões de óxido de cobre (Cu2O) em cobre de alta pureza (99,26%) laminado a
frio e recozido a 800 °C.

7.1. Diagramas de Equilíbrio Diversos

Um dos tipos de diagramas binários mais simples está ilustrado abaixo. Neste caso,
tratam-se de ligas Sn-Pb.

Figura 7.2. - Diagrama de equilíbrio para ligas Pb-Sn (Shackelford).

Alguns dos diagramas que trabalharemos em sala de aula estão ilustrados a seguir:
42
43
Figura 7.3 - Diagrama de fases alumínio-silício e microsestruturas de metais puros e de ligas
com diferentes composições. Ligas com menos que 12%Si são ditas hipoeutéticas e ligas com
12%Si são conhecidas como eutéticas e com mais de 12%Si são ditas hipereutéticas (HTG).

7.2. Diagrama de Equilíbrio Fe-C


O diagrama de equilíbrio Fe-C é de grande importância para entender os tratamentos
térmicos que são feitos nos mais diversos tipos de aço. O diagrama possui vários campos, com
nomes específicos para as microestruturas:
1. ferrita (ferro α): é a estrutura de ferro puro na temperatura ambiente (abaixo de 723°C). É
muito dúctil e é ferro-magnético abaixo de 766°C. Tem estrutura CCC, cujos espaços
interatômicos são pequenos e bem alongados, de forma que praticamente não há condições
de abrigar o átomo de carbono.
2. austenita (ferro γ): tem estrutura CFC, cujos espaços interatômicos são maiores que a
ferrita, de modo que a solubilidade máxima de carbono é de cerca de 2%. Não é
ferromagnética.
3. ferro δ: tem estrutura CCC, sendo similar a ferrita. Ocorre acima de 1400°C e portanto tem
pouca importância dentro do escopo desta disciplina.
4. cementita: como a ferrita praticamente não solubiliza o carbono, este deve formar uma
segunda fase, a qual é chamada de cementita ou carbeto de ferro, cuja fórmula química é
Fe3C. É muito dura e sua presença junto com a ferrita aumenta a resistência mecânica do
material. Tem o inconveniente de ser frágil.
5. perlita: é uma mistura de duas fases: ferrita + cementita, conforme a figura 7.4(b). A
microestrutura resultante é uma matriz de ferrita com lamelas de cementita. A liga Fe-C com
0,8%C é 100% perlítica.

44
Figura 7.4 - Diagrama Fe-C

Figura 7.5- Formação de perlita.

Reação eutetóide: no diagrama Fe-C, a reação eutetóide é Feγ ↔ Feα + Fe3C e ocorre na
temperatura de 723°C. A composição eutetóide corresponde a 0,8%C. A figura 7.4 mostra a
transformação correspondente a esta reação física.
Calcular o percentual de ferrita e cementita existente na perlita.

45
Reação eutética: no diagrama Fe-C, a reação eutética é L ↔ Feγ + Fe3C e ocorre na
temperatura de 1130°C, com a composição de 4,3%C.

(a) (b) (c)


Figura 7.6 – Estruturas do aço: (a) ferrita; (b) perlita; (c) austenita.

Exercícios:

7.1. Considerando uma liga de ferro-carbono, com 0,45% C na temperatura ambiente, responda:

Perlita (escura)

Ferrita proeutetóide
(branca)

a) Qual o percentual total de cementita?


b) Qual o percentual total de ferrita?
c) Qual o percentual de ferrita proeutetóide (livre)?
d) Qual o percentual de cementita proeutetóide (livre)?
e) Qual o percentual de perlita?
f) Qual o percentual de austenita?

7.2. Idem para uma liga ferro-carbono, com 1,0% C na temperatura ambiente.

46
Cementita
proeutetóide
(contorno de grão)

Perlita (cementita +
ferrita) no interior do
grão

7.3. Ligas Ferrosas

As ligas ferrosas são aquelas onde o ferro é o constituinte principal. Seu amplo uso é
resultado de três fatores: (1) compostos que contém ferro existentes em quantidades abundantes
na crosta terrestre; (2) o ferro metálico e as ligas de aço podem ser obtidas por processos
relativamente econômicos; (3) as ligas ferrosas são extremamente versáteis, podendo ser
adequadas para uma ampla variedade de propriedades físicas.
Destacam-se a s seguintes ligas ferrosas:

1. Aços para construção mecânica


Os aços comuns, além do carbono que é o seu principal elemento de liga, apresentam
manganês, silício, fósforo e enxofre como elementos sempre presentes, em função das matérias-
primas que foram utilizadas na fabricação do ferro gusa e do aço. O carbono é o elemento de liga
mais importante pois é responsável pela dureza no estado recozido e pela sua temperabilidade.
De acordo com a finalidade do aço, tem-se uma material com composição química,
microestrutura e tratamentos térmicos ou mecânicos específicos. Assim, tem-se aços para
fundição, estruturais, para chapas, para tubos, para arames, para molas, para usinagem fácil, para
cementação e nitretação, etc. Em geral, estes aços apresentam baixo ou médio teores de
elementos de liga.

2. Ferros fundidos
As ligas ferro-carbono com teor de carbono superior a 2% são chamados de ferros
fundidos. Entretanto, está presente o elemento silício, de modo que estas ligas são consideradas
ternárias (Fe-C-Si), podendo resultar uma outra fase chamada grafita ou carbono livre.
Um dos efeitos do silício é modificar a composição do eutético, que no diagrama binário
corresponde a 4,3%C. Utiliza-se o conceito de "carbono equivalente" para estudar o efeito do
silício, o qual é representado pela fórmula:
CE = %C + 1/3(%Si + %P)
O silício tem um efeito grafitizante, ou seja favorece a formação de grafita
(decomposição da cementita). Assim,
Fe3C → 3Fe (α) + C (grafita)

Um dos materiais metálicos mais utilizados na indústria é o ferro fundido cinzento. É


uma liga Fe-C-Si de fácil fusão e moldagem, excelente usinabilidade, resistência mecânica
satisfatória e boa capacidade de amortecimento. Ele é obtido pelo processo de fundição e resulta
em uma matriz semelhante ao aço, podendo conter ferrita+perlita em diferentes proporções.
Entretanto, possui a grafita como fase extra, conforme a figura 7.7.
47
Figura 7.7 - aspecto metalográfico de um ferro fundido cinzento perlítico.

Ferrita (branca)

Nódulo de grafita (preto)

Figura 7.8 - aspecto metalográfico de um ferro fundido nodular ferrítico.

Mecanicamente, o ferro fundido cinzento é fraco e frágil comparado com o aço, quando
submetido à tração, pois as extremidades dos veios são afinadas. O seu teor de carbono varia
entre 2,5 e 4% e o de silício entre 1,2 e 3%. A norma ABNT classifica este material em classes,
de FC10 a FC40, de modo que os dois últimos dígitos representam o limite de resistência a
tração em kgf/mm2.
O Ferro fundido nodular é uma liga de excelente resistência mecânica, tenacidade e
ductilidade, pois a grafita tem formato esferoidal (figura 7.8).

3. Aços Inoxidáveis
Os aços inoxidáveis são altamente resistentes à corrosão em uma variedade de ambientes.
Seu elemento de liga predominante é o cromo, com teor mínimo de 11%, tendo a resistência à
corrosão melhorada com adições de níquel e de molibdênio.
Os aços inoxidáveis estão divididos em três classes, conforme sua estrutura: martensítica,
ferrítica e austenítica. Os aços inoxidáveis martensíticos são capazes de serem endurecidos no
processo de têmpera, formando a martensita como microestrutura principal. Os aços inoxidáveis
ferríticos são compostos pela fase ferrítica (α), enquanto que os austeníticos pela fase austenítica
(γ). Os ferríticos e austeníticos somente aumentam a sua dureza mediante encruamento. Tanto os
aços martensíticos, quanto os ferríticos são magnéticos, entretanto, os austeníticos (na forma
recozida) não são magnéticos.

4. Aços para Ferramentas e Matrizes


Os principais requisitos desta família de aços são:
48
- alta dureza à temperatura ambiente;
- elevada resistência ao desgaste;
- alta tenacidade;
- excelente resistência mecânica;
- boa dureza a quente;
- boa usinabilidade;
- elevada temperabilidade;
- granulação fina.
A composição química destes aços pode ser simplesmente com carbono ou, na maioria
dos casos, com a presença de elevados teores de liga, como tungstênio, cromo, vanádio,
molibdênio, etc.
Todos os aços para ferramentas e matrizes são utilizados no estado temperado e revenido,
cujas etapas de tratamento térmico são mais sofisticadas que para aços comuns.
Os aços para ferramentas e matrizes podem ser classificados da seguinte maneira:
• aços temperáveis em água
• aços para trabalho a frio
• aços para trabalho a quente
• aços resistentes ao choque
• aços rápidos

Figura 7.9 - Molde de lentes automotivas feito de aço CSM21XL da Crucible (≈ 1.2892),
produzido pela Prospect Mold, Akron, Ohio (Fonte: Crucible, 2002).

49
8. Efeito da Velocidade de Resfriamento nos Metais

8.1. Fases Metaestáveis


Muitos dos materiais de uso comum contêm fases que são metaestáveis, ou seja, fases
que não se transformam na fase de equilíbrio, embora tenham mais energia que esta.
Ex.: A fase martensita da liga Fe-C: obtida através de um resfriamento rápido a partir da
temperatura de austenitização, a tendência seria a formação de ferrita + cementita (fases de
equilíbrio). Entretanto, o processo de saída do carbono de dentro da célula CFC (figura 8.1.a)
requer tempo (exige difusão), o qual não é propiciado por um resfriamento rápido. Então, ocorre
a transformação para CCC e o carbono fica retido dentro da célula, muito embora não haja
espaço para acomodá-lo. Assim, ocorre uma distorção da célula CCC, formando uma célula
tetragonal de corpo centrado. A distorção causa tensões internas, que são percebidas através da
alta resistência mecânica e dureza da martensita, muito embora tenha grande fragilidade.
A martensita é obtida através de um processo industrial chamado têmpera. A elevada
fragilidade pode ser diminuida através de um processo de aquecimento em temperatura
relativamente baixa chamado de revenimento (revenido).

(a) (b) (c)


Figura 8.1 – (a) Austenita (Feγ - CFC) com átomo de carbono no interstício. (b) Ferrita (Feα –
CCC), onde não há espaço intersticial para acomodar um átomo de carbono. (c) Célula tetragonal
de corpo centrado (martensita), resultante da distorção de uma célula CCC, causada pelo átomo
de carbono no interstício (Smith, W., pág. 483)

8.2. Os Tratamentos Térmicos nos Aços

8.2.1. Normalização: É um tratamento térmico utilizado para aços, utilizado para refinar grãos e
produzir uma distribuição de tamanhos mais uniforme e desejável. Faz-se o aquecimento a uma
temperatura de aproximadamente 55 a 85°C acima da temperatura crítica superior (linha A3 e
Acm), a qual é dependente da composição química. Após ser dado tempo suficiente para que a
liga esteja completamente transformada em austenita (austenitização), faz-se o resfriamento ao
ar.

8.2.2. Recozimento Pleno: É um tratamento térmico usado com freqüência em aços com baixos
e médios teores de carbono, que serão usinados ou deformados plasticamente. A liga é
austenitizada totalmente (abaixo de 0,8%C) ou parcialmente (acima de 0,8%C) e, após, a liga é
resfriada no forno. O resultado é uma perlita grosseira (mais fase proeutetóide, se for o caso),
relativamente dúctil, porém uniforme.

8.2.3. Coalescimento: visa-se a produção da estrutura chamada "esferoidita" ou "perlita


globular", que confere ao aço uma dureza muito baixa, que propicia condições que facilitam
50
certas operações de deformação a frio e a usinagem. É aplicado sobretudo em aços de alto teor
de carbono e consiste em aquecer-se o material a uma temperatura logo abaixo da linha A1 por
tempo relativamente longo, ou oscilando em torno de A1.

8.2.4. Têmpera + Revenimento: O objetivo fundamental da têmpera das ligas ferro-carbono é


obter uma estrutura martensítica, o que exige resfriamento rápido, de modo a evitar a
transformação da austenita em ferrita e perlita ou em perlita e cementita. Aquece-se o aço acima
de sua linha crítica (A1), durante o tempo necessário, em função da seção das peças, seguido de
resfriamento rápido em um meio, geralmente óleo e água. A martensita possui uma dureza de 65
a 67HRc.
O revenimento visa corrigir os excessos da têmpera ou seja, aliviar as tensões e corrigir a
excessiva dureza e conseqüente fragilidade do material, melhorando sua tenacidade. É realizada
imediatamente após a têmpera, a temperaturas abaixo da linha crítica A1.

Figura 8.2. Material coalescido, mostrando Figura 8.3. Microfotografia da estrutura


cementita globular sobre matriz ferrítica a martensítica.
1000x (fonte: Callister, pág. 210).

8.2.5. Têmpera Superficial: Tem por objetivo produzir um endurecimento superficial, pela
obtenção de martensita apenas na camada externa do aço. É um tratamento rápido, comumente
utilizando o processo de aquecimento por indução. Na têmpera por indução, o calor é gerado na
própria peça por indução eletromagnética, utilizando-se de bobinas de indução, através das quais
flui uma corrente elétrica. Pode-se controlar a profundidade de aquecimento pela forma da
bobina, espaço entre a bobina de indução e a peça, taxa de alimentação da força elétrica,
freqüência e o tempo de aquecimento.

Figura 8.4 – processo de têmpera por indução e seção de uma peça tratada

51
8.3. Endurecimento por Precipitação

Este fenômeno físico é muito comum em ligas de alumínio de alta resistência, mas está
sendo utilizada modernamente em aços para aplicações especiais. O objetivo do endurecimento
por precipitação é criar em uma liga, uma dispersão densa de finas partículas precipitadas em
uma matriz. As partículas precipitadas agem como obstáculos ao movimento de
discordâncias e, por isto, aumentam a resistência da liga tratada termicamente. Este
processo envolve três etapas básicas:
1. Solubilização(solutionizing): A peça é colocada em uma temperatura tal que produza uma
solução sólida monofásica.
2. Resfriamento rápido (quenching): resulta uma solução sólida supersaturada.
3. Envelhecimento (aging): processo de endurecimento por precipitação, formando precipitados
finamente dispersos.

L
T (°C) α+L β+L
α
T1

α+β β

T2
x Percentagem de B

Ex.: Liga de alumínio com 4% Cu:


1. Tratamento de solubilização: 515°C
2. Resfriamento rápido em água até a temperatura ambiente
3. Envelhecimento artificial na faixa de 130-190°C

Questionário:
8.1. Se a liga x% de B (gráfico acima) for resfriada lentamente, onde a fase β irá precipitar?

8.2. Se a liga x% de B for resfriada rapidamente, onde ocorrerá a precipitação durante o


envelhecimento?

8.3. Se a liga for superenvelhecida (excesso de temperatura no processo de precipitação), como


serão as propriedades mecânicas da liga?

52
Tabela 8.1. – Dados gerais do aço para moldes VP50IM da Villares Metals que é tratado por
endurecimento por precipitação (fonte: www.cimm.com.br).

Composição
C= 0.15 % ; Mo= 0.3 % ; Mn= 1.55 % ; Si= 0.3 % ; Ni= 3 % ; S= 0.12 % ; Cu= 1 % ; Al= 1 %
Química
Aço endurecível por precipitação, desenvolvido especialmente para fabricação de
moldes para a injeção de termoplásticos. Sua usinabilidade permite o fornecimento no
estado solubilizado, para posterior envelhecimento ou solubilizado e envelhecido,
dispensando o tratamento térmico final.
* Excelentes propriedades mecânicas em qualquer direção.
Características * Elevado grau de pureza.
Gerais * Excelente usinabilidade.
* Boa polibilidade e resposta à texturização.
* Excelente resposta à Nitretação.
* Boa resistência ao desgaste.
* Excelente soldabilidade.
* Elevada estabilidade dimensional e de forma.
Estado de Solubilizado, com dureza na faixa de 30-35 HRC, para envelhecimento após usinagem
Fornecimento de acabamento. Envelhecido com dureza na faixa de 40-42 HRC.
Devido à sua elevada estabilidade dimensional e de forma, realizar o envelhecimento
após a peça acabada. O ciclo de aquecimento deverá ser em patamares a cada
100°C, com tempo de patamar de 30 minutos para cada 25 mm da menor espessura,
para evitar que as tensões de usinagem provoquem distorções. A temperatura de
Envelhecimento envelhecimento é igual a 500°C. O tempo em temperatura deve ser de no mínimo 4
horas e no máximo de 6 horas. Após envelhecimento a peça deve ser resfriada em ar
calmo. Caso a peça tenha sido solubilizada novamente, realizar o envelhecimento
somente após atingir a temperatura ambiente. Não é necessário envelhecer no
mesmo dia da solubilização.
Aquecer lenta e uniformemente até 400°C, a uma taxa de 100°C/h. Em seguida, no
máximo a 300°C/h, aquecer até a temperatura de solubilização entre 880/920°C,
manter até a completa homogeneização e a seguir resfriar em ar forçado. O
Solubilização
resfriamento pode ser realizado em óleo próprio para têmpera, agitado e aquecido de
40/60°C, até a peça atingir a temperatura de 100°C, resfriando em seguida ao ar
calmo até a temperatura ambiente.

53
9. Difusão
Difusão é o fenômeno de transporte de material através do movimento de átomos. A
difusão é um processo que depende do tempo para transferir massa.
Como pode ocorrer movimentos atômicos para novas posições? (desconsiderando a ação
de campos elétricos)
Movimentos atômicos para novas posições serão observados se a temperatura for suficiente
para fornecer a energia necessária para retirar o átomo de sua posição original no reticulado.

9.1. Tratamentos Termoquímicos


Pode-se melhorar as propriedades superficiais dos aços, especialmente, através da
mudança da composição química da superfície.
Freqüentemente, é necessário especificar um material com superfície dura, que resista a
abrasão. Uma possibilidade é aplicar algum revestimento duro (metalização, cromagem,
ceramização), porém as alterações superficiais são mais comuns. Estas alterações são
normalmente executadas através de tratamentos térmicos. Quais as duas formas de tratamento
superficial?
(1) a região superficial pode receber um tratamento térmico diferente daquele dado ao material
abaixo da superfície ou
(2) a composição da região superficial pode ser alterada.

Das duas formas, a segunda envolve a difusão de elementos pela superfície (do exterior
para o interior da peça), tendo-se como exemplos a nitretação e a cementação. Baseado no texto
abaixo, explique (em português) como é o processo de cementação de um aço.
Many rotating or sliding steel parts such as gears and shafts must have a hard outside case for
wear resistance and a tough inner core for fracture resistance. In the manufacture of a
carburized steel part, usually the parts is machined first in the soft condition, and then, after
machining, the outer layer is hardened by some case-hardening treatment such as gas
carburizing. Carburized steels are low-carbon steels which have about 0.1 to 0.25%. However,
the alloy content of the carburized steels can vary considerably depending on the application for
which the steel will be used.
In the first part of the gas-carburizing process, the steel parts are placed in a furnace in contact
with gases containig methane (CH4) or other hydrocarbon gases at about 927°C. The carbon
from the atmophere diffuses into the surface of the gears so that after subsequent heat treatments
the gear are left with high-carbon hard cases.

Obs.:
steel parts: peças de aço gear: engrenagem
shaft: eixo hard outside case: camada dura
wear resistance: resistência ao desgaste tough inner core: núcleo tenaz
fracture resistance: resistência à fratura carburized part: peça cementada
soft condition: condição macia gas carburizing: cementação à gás
low-carbon steel: aço de baixo carbono alloy: liga
furnace: forno heat treatment: tratamento térmico.
case-hardening treatment: tratamento de endurecimento superficial

54
Núcleo da
peça: 0,2%C
Periferia da
peça

Movimento dos átomos de carbono

Figura 9.1.- Microestrutura (100x) mostrando a periferia de uma engrenagem cementada.

9.1. Baseado nas leis de Fick, responda (Van Vlack, item 4-14, pág. 98):
a) o que permite que átomos se movimentem de um ponto a outro em uma solução sólida,
homogeneizando o material?

dC
Primeira lei de FICK: J = -D
dx
b) Cite três influências sobre o coeficiente de difusão D.

9.2. Explique, com base no gráfico abaixo, como influi a segunda lei de Fick em um processo de
cementação de uma engrenagem de aço de baixo teor de carbono1.
dC d 2C c
Segunda lei de FICK: = D( 2 ) a
dt dx m
a
d
a
tempo de cementação

1
Baixo teor de carbono: até 0,25%C
55
Nitretação: o endurecimento superficial é obtido pela difusão do nitrogênio, quando o aço é
aquecido numa determinada temperatura, quando o aço é aquecido em torno de 550°C, durante
determinado tempo. A camada superficial apresenta-se suficientemente dura, com elevada
resistência ao desgaste, boa resistência à fadiga e à corrosão (figura 9.2).

Figura 9.2 – camada de compostos e zona de difusão de uma peça nitretada sob plasma. (fonte:
Lima et al, 2005)

9.2. Sinterização
9.3. O que é sinterização?

9.4. Para nós, tem especial aplicação a sinterização sólida, visto que muitas peças de certos
metais e cerâmicas são produzidas por este processo.
a) Por que estes materiais são preparados desta forma?

b) Qual o princípio envolvido na sinterização sólida?


a) as partículas antes da sinterização possuem duas superfícies adjacentes (Fig. 9.3.a)
b) os grãos após a sinterização possuem um contorno. A força motora da sinterização é a
redução da área superficial e portanto da energia superficial (Fig.9.3.b)

(a) (b)
Figura 9.3 – Processo de difusão durante sinterização. Átomos difundem para a área de contato,
criando pontes e reduzindo o tamanho dos poros (Askeland, 211).

56
Os poros (que podem ser vistos como um aglomerado de buracos!!!) ocorrem com
freqüência em peças fundidas e estão presentes nos materiais e/ou componentes obtidos pela
metalurgia do pó.
A figura 9.4 apresenta a superfície de ferro puro durante o seu processamento por
metalurgia do pó. Note-se que, embora a sinterização tenha diminuído a quantidade de poros,
bem como melhorado sua forma (os poros estão mais arredondados), ainda permanece uma
porosidade residual.

(a) (b)
Figura 9.4 - (a) Compactado de pó de ferro – compactação uniaxial em matriz de duplo efeito a
550MPa. (b) Compactado de pó de ferro após a sinterização a 1150°C, por 120min em
atmosfera de hidrogênio.

Figura 9.5 – esquema para a moldagem do corpo a verde pela prensagem uniaxial (Shackelford,
pág. 425).
Obs.: Green compact: corpo a verde filled: preenchido lower: inferior
Fill shoe: sapata leveled: nivelado upper: superior
Punch: punção pressed: prensado inner: interno
Die: matriz ejected: ejetado outer: externo
Core rod: guia Cavity: cavidade Powder: pó

57
Deve ter surgido uma pergunta: como moldar a peça para ser sinterizada? Na figura 9.5
está sendo mostrado o método mais comum, prensagem uniaxial, o qual forma o corpo a verde,
que será transformado em peças como da figura 9.6, após a sinterização.
A figura 9.7 ilustra um outro processo moderno de produção de peças chamado de
injeção de pó metálico (powder injection molding).

Figura 9.6 – Alguns produtos fabricados por metalurgia do pó (prensagem uniaxial).

Figura 9.7 – Representação da moldagem por injeção de pó metálico (tese de doutorado de Luís
Manuel Mendonça Alves – UTL, Portugal, 2004).

58
10. Introdução aos Materiais Cerâmicos

Cerâmicos são materiais inorgânicos, não-metálicos, os quais consistem de elementos metálicos


(Al, Mg, Cr, ...) e não-metálicos (O, N, C,...) ligados por ligações iônicas e covalentes.

Ex.: vidro, tijolos, pedra, concretos, abrasivos, refratários, etc.

Obs. Ligação Iônica: Resulta da atração mútua entre íons positivos e negativos. Átomos de
elementos como o sódio e o cálcio, com um e dois elétrons na camada de valência,
respectivamente, perdem facilmente estes elétrons externos e se tornam íons positivos. Por outro
lado, os átomos de cloro e oxigênio facilmente recebem um ou dois elétrons na camada mais
externa, respectivamente, de modo a completar oito elétrons nesta camada. Uma força de atração
coulumbiana entre íons positivos e negativos promove a ligação entre íons vizinhos de carga
oposta.
É errado pensar que os íons originários do sódio e do cloro se juntem aos pares, pois se
isto acontecesse, haveria uma atração muito grande entre os íons formando o par, e uma atração
pequena entre os outros pares. Como conseqüência, o sólido NaCl não poderia existir.

- + -

- + - +

+ + + -

A carga negativa é atraída por todas as cargas positivas e a carga positiva por todas as
negativas. Conseqüentemente, os íons cloro ficam envolvidos por íons cloreto, e os íons cloretos
por íons de sódio, sendo a atração igual em todas as direções.

Obs.: Ligação Covalente: Muitas vezes, um átomo pode se neutralizar, compartilhando elétrons
com um átomo adjacente. O exemplo mais simples deste compartilhamento é a molécula do
hidrogênio H2 .
A ligação covalente implica em intensas forças de atração entre os átomos, como no
exemplo do diamante, que é o mais duro material encontrado na natureza e que é constituído
inteiramente por carbono. O diamante é importante porque é a substância mais dura conhecida, e
pode ser usado por fazer ferramentas de corte afiadas, tais como as usadas em perfuração de
poços de petróleo. As ligações covalentes também se encontram na grafita, cujos átomos de
carbono também são unidos fortemente através de ligações covalentes, mas só dentro de um
plano, diferentemente da rede 3D das ligações do diamante. Estes planos de átomos de carbono
simplesmente empilham-se uns sobre os outros, sendo as forças de união entre os planos, muito
fracas. Os planos de átomos de carbono podem então deslizar facilmente uns sobre os outros, e
por isto a grafita é um importante lubrificante!

59
(a) (b)
Figura 10.1. – (a) estrutura do diamante; (b) estrutura da grafita.

Vidros

Produtos Argilosos
Materiais
Cerâmicos Refratários

Abrasivos

Cimentos

Cerâmicas avançadas

Há dois grupos de cerâmicas:


1. cerâmicas tradicionais: argila, sílica, feldspato (alumino-silicato, Na, K, Ca)
- refratários (ZrO2, SiO2, Al2O3-SiO2)
- abrasivos (SiC, WC, Al2O3, SiO2, diamante industrial)

2. Cerâmicas avançadas: Al2O3, SiC, Si3N4, ZrO2

MgO: refratários usado para temperaturas elevadas (1650°C a 2500°C)


Argila = Al2Si2O5(OH)4
ZrO2: zircônia (CFC)
Al2O3: alumina (HC)

Características dos materiais cerâmicos:


- em geral cristalinos (exceção: vidro)
- possuem ligações covalentes ou iônicas
- alta temperatura de fusão
- duros e frágeis, em geral (baixa tenacidade e ductilidade)
- excelente estabilidade química, de maneira geral (ligações fortes)
- usualmente isolantes elétricos e térmicos

60
A ausência praticamente total de escorregamento nos materiais cerâmicos tem como
conseqüência:
- não são dúcteis
- resistem a tensões de compressão
- resistem pouco a tensões de tração

Contorno de grão
Poro CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES FRATURA
Fissura

10.1 Processamento

Processo de fabricação de peças cerâmicas por conformação de particulados:

Pó Corpo a verde Corpo sinterizado

Formato e dimensões Fases e microestrutura final


preliminares

Conformação Pré-sinterização/sinterização

Tendo os pós misturados, as peças a verde são obtidas pelos seguintes processos mais usuais:

1. Prensagem uniaxial: semelhante a figura 9.3.


2. Colagem de barbotina (fundição por suspensão): figuras 10.2 e 10.3.
3. Compressão isostática: figura 10.4.
4. Extrusão
5. Moldagem por injeção: figura 9.7.

Figura 10.2 – (a) molde em gesso; (b) preencher o molde com uma solução aquosa com
partículas cerâmicas em suspensão; (c) vazar o excesso; (d) molde+camada formada; (e) abre-se
o molde e retira-se a peça (Shackelford).

61
Figura 10.3 – Esquema do processo de colagem por barbotina (Shackelford, pág. 448)

Figura 10.4 – Isolador de vela de motor de combustão produzida por compressão isostática. (a)
seção transversal de um molde; (b) peça a verde; (c) peça a verde usinada; (d) peça sinterizada;
(e) peça acabada; (f) conjunto montado (Smith).

Após a conformação faz-se a sinterização, que é a operação de consolidação do


compactado a verde. Há um aumento da resistência mecânica do compactado e o
desenvolvimento da microestrutura final do material. A energia motriz para a sinterização é
fornecida pela diminuição da energia superficial do material, alcançada pela substituição dos
poros por contornos de grãos, assim como pelo aumento do tamanho de grão.

62
11. Materiais Poliméricos

11.1. Histórico
1828 – WOHLER sintetizou a uréia. Até esta data os químicos não se preocupavam com a química orgânica,
pois achavam que existia na natureza uma “força vital”: materiais orgânicos apenas poderiam ser obtidos por
processos naturais.
O
H H
N–C–N
H H
1839 – Charles e Nelson Goodyear transformaram o látex de Hevea brasiliensis em um elastômero útil:
borracha vulcanizada utilizando enxofre.

1868 – John Hyatt ganhou U$ 10.000 por apresentar um substituto do marfim para bolas de bilhar: nitrato de
celulose.

1909 – o químico belga Baekland utilizou fenol+formaldeído e originou o termofixo Bakelite.

Início da década de 30 – Wallace Carothers (Du Pont) conseguiu uma fibra de alto grau de polimerização
(25000) através da reação de condensação entre glicóis e ácidos dibásicos. A patente do Nylon foi depositada
em 1938 (hexametileno diamina e ácido adípico)

1945 – utilização do nylon em pára-quedas.

1950 – Rápida expansão dos plásticos


♦ Conhecimento da química e da tecnologia envolvida
♦ Abundância de matérias-primas baratas
♦ Pouca energia para moldar artigos de plástico
♦ Desenvolvimento de técnicas eficientes de transformação e moldagem.

A teoria química de macromoléculas foi desenvolvida por Herman Staudinger

11.2. Definições básicas


Em primeiro lugar é necessário conhecer o material polimérico de uma forma geral antes
de explorar suas aplicações particulares. Isto porque estes materiais fazem parte de uma
categoria muito ampla. Os polímeros incluem os elastômeros, adesivos, fibras, filmes, polímeros
naturais modificados, termoplásticos tradicionais e de engenharia, e os termofixos.
Os plásticos são descritos como materiais compostos principalmente por grandes
moléculas. Os plásticos são sólidos que podem ser moldados em uma geometria, através do seu
amolecimento ou fusão. Entretanto, como estas moléculas podem se organizar? As moléculas
são grupos de átomos (carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e outros) que juntados em
arranjos específicos propiciam um material com certas propriedades. Pelo uso de certas reações
química, algumas moléculas podem ser combinadas em cadeias. Veja a figura seguinte:
Forças
reativas
químicas

Molécula
qualquer

63
Ligações formadas
por causa das
reações químicas

POLÍMERO = MUITAS PARTES.


Polímero é uma grande molécula que é constituída por pequenas unidades que se repetem,
denominadas MEROS.

-C –C–C –C–C–C–C–C–C-

São partes unidas umas às outras por ligações químicas.


PLÁSTICOS:
• TERMOPLÁSTICOS
• TERMOFIXOS
BORRACHAS (ELASTÔMEROS)

Os termoplásticos requerem aquecimento para moldar (tomar forma) e, depois de


resfriado, retém a forma. Possuem longas cadeias de átomos de carbono ligados covalentemente.
Átomos de N, O, S também fazem parte da cadeia principal, algumas vezes.
Os termofixos possuem uma forma permanente após curados por uma reação química.
Consistem de uma rede de átomos de carbono ligados covalentemente formando um sólido
rígido. Veja a figura abaixo:

Uma peça de resina termofixa possa ser considerada uma molécula gigante, pois toda ela é unida
por ligações covalentes. Quando usar uma ou outra resina? (Van Vlack, pág. 185)

64
Termofixa: mais resistentes e usadas em temperaturas mais altas. Utilizada em menores
volumes de produção.
Termoplástica: preenchem um molde mais intrincado com facilidade. Os resíduos podem ser
reprocessados, o que torna econômico e ecologicamente indicado.

REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO
Polimerização pelo crescimento da cadeia:

MONÔMEROS (moléculas simples que reagem para formar polímeros)

POLÍMERO (molécula de cadeia longa)

C2H4 CH2 = CH2 etileno

Mero do etileno Polietileno, onde


– C–C – – C–C –
n é o grau de polimerização
n (GP)

Quais os métodos de polimerização?


Processo de polimerização por adição: é a incorporação sucessiva de monômeros na cadeia
principal. Ex. Polietileno.
(R – O – CH2 – CH2 •) + CH2 = CH2 → (R – O – CH2 – CH2 – CH2 – CH2•)

Processo de Polimerização por condensação: monômeros reagem quimicamente de modo a


produzir polímeros lineares, ocorrendo a formação de um subproduto.
Ex.: PA6.6 (nylon):
O O O O
H H ║ ║ ║ ║
N – (CH2)6 – N + C – (CH2)4 – C NH2 –(CH2)6 – NH – C– (CH2)4 – C
H H HO OH OH
+ H2O
Hexametileno diamina ácido adípico
Hexametileno adipamida (nylon 6.6) + água
Por que chamamos de “resinas poliméricas”?
Normalmente as moléculas poliméricas estão na forma de flocos ou grânulos, embora
algumas vezes possam ser líquidos viscosos. Resina é, então, qualquer líquido ou sólido que
mais tarde será moldado em uma peça plástica.
E todas as resinas são sintéticas, isto é feitas pelo ser humano ou alteradas por ele?
Muitos materiais poliméricos não ocorrem naturalmente, como o polietileno, o nylon,.
Entretanto, existem polímeros naturais, como a borracha natural, o algodão, a madeira, o
couro, etc.
Por exemplo, qual a diferença entre um polímero amorfo e um cristalino?
Amorfo tem um arranjo desordenado das moléculas. Ex.: PVC, SAN, PS, PC, ABS.

65
Cristalino: arranjo ordenado e uma repetição regular de estruturas atômicas ou moleculares
no espaço. Ex.: Poliéster (PBT, PET), PP, PE, PA (nylon), POM (acetal).
Em alguns termoplásticos, a estrutura química permite que as cadeias (macromoléculas) se
dobrem e se empacotem juntas de uma maneira organizada. As regiões organizadas mostram
características de cristais, de modo que os termoplásticos que apresentam regiões desta
natureza são chamados de semicristalinos. Todos os termoplásticos semicristalinos
apresentam regiões desorganizadas (amorfas) entre as regiões cristalinas.
Pelo que se observa em catálogos, a cristalinidade é definida pelo “grau de cristalinidade”. Este
parâmetro pode variar dentro de que faixa de valores, nos polímeros?
Varia de 100% amorfo a altamente cristalino (até cerca de 95%)

Os líquidos cristalinos compõem uma família polimérica a parte, pois possuem cadeias
rígidas e paralelas umas às outras. Tem-se como o exemplo o polímero LCP Vectra da empresa
Tycona.
Pode-se comparar os polímeros segundo a tabela abaixo:
Propriedade Polímero Polímero amorfo Polímero
semicristalino Líquido Cristalino
Densidade Alta Baixa Alta
Resistência Mecânica Alta Baixa a mais alta
Módulo de Elasticidade Alto Baixo o mais alto
Ductilidade Baixa Alta a mais baixa
Resistência a fluência Alta Baixa Alta
Max. Temperatura de uso Alta Baixa Alta
Contração Alta Baixa a mais baixa
Fluidez Alta Baixa a mais alta
Resistência química Alta Baixa a mais alta
Transparência Usualmente opaco Transparente Sempre opaco

A tabela abaixo ilustra a relação entre a cristalinidade, densidade e formato da cadeia


polimérica:
66
PEBD (LDPE) PELBD (LLDPE) PEAD (HDPE)
Densidade (g/cm3) 0,92-0,93 0,922-0,926 0,95-0,96
Cristalinidade (%) 65 80 95
Desenho

A estrutura molecular é sempre a mesma para todos os polímeros?


Não, as caraterísticas físicas de um polímero dependem do peso molecular, da forma da
cadeia polimérica e da estrutura das cadeias moleculares. As modernas técnicas de síntese
permitem considerável controle de várias possibilidades estruturais, por exemplo:
1. Polímeros lineares: são aqueles cujos meros estão dispostos em seqüência formando
uma cadeia simples, que lembra a massa do espaguete. Alguns polímeros com estruturas
lineares são: polietileno, cloreto de polivinil (PVC), poliestireno, polimetil metacrilato,
nylon e fluorcarbonos.
2. Polímeros ramificados (branched): são aqueles que possuem cadeias laterais conectadas
à cadeia principal. Estas cadeias reduzem a densidade polimérica, devido a redução da
eficiência de empacotamento. Todos os polímeros lineares podem também ser
ramificados.
3. Polímeros com ligações cruzadas (crosslinked): As cadeias lineares adjacentes são
unidas em várias posições por ligações covalentes. As borrachas tem ligações cruzadas
obtidas através de um processo chamado “vulcanização”.

Moléculas fracamente reticuladas: elásticas

4. Polímeros tridimensionais (Network): São polímeros com grande quantidade de ligações


cruzadas, formando uma rede espacial. Epóxi e fenol-formaldeído fazem parte deste tipo.

Moléculas fortemente reticuladas: rígidas

Explique o processo de vulcanização


É a adição em um processo industrial, de enxofre na borracha para impedir que, ao serem
tensionadas, as moléculas escorreguem umas em relação às outras. Os átomos de carbono
das moléculas são ligados por enxofre que se comportam como âncoras.
Se o mero tem importância fundamental na descrição do polímero, então as propriedades do
polímero também estão fortemente vinculadas ao mero. Conhecer a estrutura polimérica tem
como objetivo básico entender a sua influência nas características e propriedades do material,
como: grau de cristalinidade, propriedades mecânicas, químicas, térmicas e elétricas. Da mesma
forma é possível entender porque os polímeros se deformam elasticamente e plasticamente.

67
Também, a incorporação de aditivos no material polimérico pode modificar uma série de
propriedades, como resistência mecânica, resistência à abrasão, tenacidade, estabilidade térmica,
rigidez, deteriorabilidade, cor e resistência à propagação de chamas. Usualmente, o
termoplástico é adquirido peletizado pelo transformador e pronto para ser injetado. O
fornecedor, ao preparar o material, acrescenta ao mesmo aditivos, cargas e pigmentos para
conferir-lhes qualidades que o torne atraente para o transformador.
Na definição de termoplástico as forças de Van der Waals são fundamentais para o
comportamento do polímero. Mas o que são estas forças de Van der Waals?
São ligações secundárias, mais fracas, que também contribuem para a atração interatômica.
Exemplo para a atuação das ligações de Van der Waals no PVC está na figura abaixo (fonte:
Askeland), em que os átomos de hidrogênio de uma cadeia são atraídos mutuamente pelos
átomos de cloro da outra cadeia.

11.3. Tipos de Polímeros e Características Gerais


Alguns polímeros conhecidos: Polietileno, PVC, Poliestireno, PMMA, PTFE, PP,
Poliacrilonitrila, PET (Polietileno Tereftalato). Como diferenciá-los?

A diferença básica destes polímeros está na estrutura de repetição dos meros. Veja a seguir os
meros destes polímeros e suas características e aplicações principais
Mero Nome Características Aplicações principais
PE - Polietileno - baixa propriedade mecânica Filmes e frascos para embalagens
– CH2 – CH2 – - excelente resistência de produtos alimentícios,
química farmacêuticos e químicos.
Utensílios domésticos.
Brinquedos.
PVC – Cloreto de -alta resistência química Forração de móveis e de
H
Polivinil - reistência à chama elevada estofamentos de carros.
– CH2 – C – - são adicionados outros Revestimentos de fios e cabos
compostos: plastificantes, elétricos. Tubulações de água.
Cl estabilizadores de calor, Pisos. Embalagens rígidas e
lubrificantes, pigmentos, transparentes. Calçados.
cargas.
H PP - Polipropileno - temperatura de deflecção por Párachoques de automóveis.
calor maior que PE Carcaças de eletrodomésticos.
– CH2 – C – - baixo custo Recipientes em geral. Brinquedos.
- propriedades mecânicas Carpetes. Material hospitalar.
CH3 regulares Recipientes para uso em fornos de
- excelente resist. química microondas.
PMMA – Poli -amorfo Painéis, letreiros, vidraças.
CH3 (metacrilato de -boa resistência química Suportes transparentes. Fibras
– CH2 – C – 68
C=O
OCH3
metila) -semelhante ao vidro ópticas.
(acrílico) -boa resistência ao risco, ao
impacto e às intempéries

– CH2 – CH – PS - Poliestireno -Claro, sem-odor, sem gosto, Utensílios domésticos rígidos.


certa fragilidade, transparente, Brinquedos. Embalagens e frascos
sem resistência ao risco e a para cosméticos e alimentos.
solventes. Amorfo.
-Também usado como
copolímero: HIPS, SAN
PTFE - -TEFLON (DuPont) Válvulas, torneiras, gaxetas,
– CF2 – CF2 – Politetrafluoretileno -Densidade: 2,13 a 2,19 g/cm3 engrenagens, anéis de vedação.
-Baixa reatividade química Revestimentos antiaderentes para
-Baixo coeficiente de fricção panelas.
- Baixa aderência
PAN - -alta resistência mecânica Fibras têxteis macias e leves como
H
Poliacrilonitrila -boa resistência a solventes lã. Precursor para a fabricação de
– CH2 – C – -usado para fabricação de fibras de carbono
fibras
C≡N -baixa cristalinidade

PET (Polietileno -pode estar em estado amorfo Como fibra: mantas para filtros
Tereftalato) (transparente), parcialmente industriais e para contenção de
–(OOOC–C6H4COO– cristalino e altamente encostas.
cristalino Como filme: fitas magnéticas. Em
–CH2CH2)– -alta resistência mecânica, radiografia.
química e térmica. Como artefato: frascos para
-Baixa permeabilidade a gases bebidas gaseificadas. Embalagens.

Um termo muito utilizado em catálogos de especificação de materiais poliméricos é


“copolímero”. Qual o significado deste termo?
Os pesquisadores estão continuamente procurando por novos materiais que possam ser mais
facilmente e economicamente sintetizados e fabricados, com propriedades melhoradas ou
combinações melhores de propriedades que as oferecidas pelos chamados “homopolímeros”,
abordados até este momento. Os polímeros com misturas de monômeros são chamados de
copolímeros.
Eles podem ter 4 configurações básicas: aleatório, alternado, em bloco ou ramificado (graft). Os
copolímeros mais conhecidos são: ABS (acrilonitrila-butadieno-estireno), SAN (estireno-
acrilonitrila) e EVA (etileno-acetato de vinil). As borrachas sintéticas são freqüentemente
copolímeros: SBR (Styrene-butadiene rubber) é um copolímero aleatório utilizado para fabricar
pneus; NBR (borracha nitrílica) é um outro copolímero aleatório composto de acrilonitrila e
butadieno, o qual é altamente elástico e resistente a solventes orgânicos; mangueiras para
transporte de gasolina são feitas de NBR.
O Mylar é usado como filme de isolamento das bobinas dos motores elétricos. Que material é
este?
No dia-a-dia encontramos muitos materiais vendidos sob nome comercial (trade names),
sendo que alguns passam a designar o material, principalmente dentro das fábricas. O Mylar
é um filme de resina poliéster, fabricado pela Du Pont, cujo tipo é Polietileno Tereftalato
(PET). O PET também muito usado para fabricação das famosas garrafas de refrigerantes.
Mas as resinas poliésteres não são materiais termofixos? Na produção de caixas térmicas, por
exemplo, usa-se resina poliéster com fibra de vidro.
69
O poliéster também pode ser um termofixo, tendo excelentes propriedades elétricas e baixo
custo. É usado em capacetes, barcos de fibra, componentes automotivos, poltronas, hélices,
etc.
É interessante ter dados destes materiais a mão, pois são os polímeros mais comuns. Entretanto,
muitos outros materiais de alto desempenho já estão disponíveis no mercado, infelizmente com
os preços um tanto elevados. Veja a comparação destes materiais mais comuns, comparado com
o PEEK (Poliéter-éter-cetona)2:
Tipo de Plástico PE PS PET Nylon PC PTFE PEEK
Preço (US$/kg) 1,00 1,20 1,65 3,10 3,90 14,50 79,50
Os plásticos de Engenharia são os materiais mais caros?
Não, necessariamente, mas tendem a ser. Na verdade, a maioria das resinas identificadas
como termoplásticos de engenharia possuem as seguintes características, que as fazem ter
um maior custo:
1. Alta resistência e rigidez, comparável a muitos metais, quando ajustada a diferença no
peso.
2. Retenção das propriedades mecânicas em largas faixas de temperatura, especialmente em
altas temperaturas.
3. Boa tenacidade.
4. Boa estabilidade dimensional na faixa de temperatura de uso normal. Deve-se saber que
os plásticos estão sujeitos ao fenômeno de “fluência” (creep), que é a tendência dos
materiais de mudar suas dimensões sob carga, enquanto em uso em temperatura normal.
5. Capacidade do material resistir a fatores ambientais, tais como água, solventes, luz UV e
oxigênio.
6. Boas propriedades elétricas em alguns casos.

De uma forma geral, os plásticos de engenharia são aqueles que têm um balanço de
propriedades (químicas, mecânicas, elétricas e térmicas) que são úteis para aplicação em
engenharia.

O quadro a seguir (fonte: baseado em dados da Tycona) ilustra uma relação entre
desempenho do polímero (performance) e preço:

2
Strong, A.B, Plastics, Prentice-hall, 1996, pág. 9. Dados de 1995.
70
Tabela para os seguintes polímeros de engenharia, abordando principais características e
aplicações típicas: Poliamida (PA), Acetal (POM), Poli-óxido fenileno (PPO), Polibutileno
tereftalato (PBT) e Polisulfeto de fenileno (PPS).

Polímero Características Aplicações


Acetal (POM) -excelente estabilidade dimensional Engrenagens em geral. Componentes
-excelente resistência à fadiga de precisão em equipamentos
– (CH2 – O)– -baixa absorção de água industriais, eletrônicos e elétricos.
-cristalinidade: 75% Válvulas de aerossol. Zípers. Ogivas
- excelentes propriedades mecânicas de canetas.
PA – poliamida (Nylon) -Peças que requerem baixo atrito; Como fibra: tapetes, carpetes, roupas,
-tem excelentes propriedades mecânicas; meias, fios de pesca, cerdas de escova;
-absorvem umidade. Como artefatos: engrenagens, material
-Boa resistência à fadiga, à abrasão e ao esportivo. Componentes de
impacto eletrodomésticos.
-rigidez em elevadas temperaturas Câmaras de sucção de compressores,
Polisulfeto de fenileno
-boas propriedades químicas e mecânicas termostatos, capacitores, refletores de
(PPS).
-Altíssimo módulo de flexão e alta automóveis metalizados, bobinas,
resistência à fluência pistão de cilindro de freios;
-Boas propriedades elétricas e retenção
destas propriedades mesmo a 147°C;
-Altíssima estabilidade dimensional e
baixíssima absorção de umidade
-alta energia de impacto Janelas de segurança. Escudos de
Policarbonato (PC)
-alta estabilidade dimensional proteção. Painéis de instrumentos.
-amorfo, semelhante ao vidro Capacetes. Mamadeiras. CD’s.
-boa resistência à chama e às intempéries Artigos médicos. Lanternas de
instrumentos.
Poli-óxido fenileno (PPO) Noryl (GE) Conectores elétricos, componentes de
- alta rigibilidade e resistência mecânica tubos de imagem de TV; peças para
- resistência química a muitos ambientes automóveis.
- excelentes propriedades dielétricas
- baixíssima absorção de água
-Excelentes propriedades elétricas e caixa de fusíveis, teclados, conectores,
Polibutileno tereftalato
retenção destas propriedades mesmo após caixa de tomada, mecanismos internos
(PBT)
exposição prolongada a altas temperaturas de espelhos de retrovisores, plugues;
71
e condições de umidade;
-Excelente resistência química a vários
produtos químicos;
-Alta estabilidade dimensional da peça
moldada;
-Alta temperatura de deflexão térmica
(tipos reforçados) e excelente resistência à
degradação térmica;
-Baixa absorção de umidade e boa
estabilidade hidrolítica comparado às
poliamidas.

Material Densidade (g/cm3) σt (MPa) Temp. máx. uso (°C)


Nylon 6.6 1,14 62-83 82-150
Poliacetal (POM) 1,42 69 90
Policarbonato (PC) 1,2 62 120
PBT 1,31 56 120
PPO 1,08 52-66 80-105
Polisulfona 1,24 70 150
PPS 1,34 69 260

Parece que o comportamento mecânico do polímero é extremamente importante. Como é a


deformação mecânica do polímeros?
A aplicação de tensão no polímero produz uma deformação e melhora o alinhamento das
moléculas. Como resultado, a curva σ xε não é análoga a dos metais, porque o módulo de
elasticidade aumenta quando a tensão está aplicada diretamente sobre a cadeia do polímero,
devido ter ocorrido o alinhamento.

σ Semicristalino
orientado

Semicristalino
orientado

semicristalino
amorfo
ε

A orientação tende a aumentar a cristalização, melhorando as propriedades dos polímeros. Como


é o caso da fabricação de fibras artificiais?
O processo de extrusão que é usado na fabricação de fibras artificiais provoca um aumento
adicional na resistência através da orientação molecular (e cristalização).
Os polímeros podem ser comparados diretamente com os metais?
Os polímeros são em muitos aspectos mecanicamente diferentes que os metais. Por exemplo,
o módulo de elasticidade do polímeros pode ser tão baixo quanto 7 MPa, quanto alcançar
4000 MPa em plásticos muito rígidos. Os módulos de elasticidade dos metais são muito mais
altos, variando entre 48.000 a 410.000 MPa. Os valores de resistência mecânica máxima
para os polímeros são na ordem de 100 MPa, enquanto para alguns metais chega a 4100
MPa. E, enquanto os metais raramente se alongam plasticamente mais que 100%, alguns

72
polímeros altamente elásticos podem experimentar alongamentos de mais de 1000%. Em
compensação, as características mecânicas dos polímeros são muito sensíveis a mudanças de
temperatura.
Exemplos de propriedades mecânicas dos materiais plásticos: veja a tabela (Callister):
Material Densidade Limite de resistência Limite de Alongamento Tg Tm
específica mecânica (MPa) escoamento (MPa) após ruptura (%) (°C) (°C)
Polipropileno 0,9 – 0,91 31 – 41,4 31 – 37,2 100 – 600 -18 175
Nylon 6.6 1,13 – 1,15 75,9 – 94,5 44,8 – 82,8 15 – 300 57 265

Que fatores influenciam de modo que tenhamos essa variação nas propriedades mecânicas?
Em primeiro lugar, o peso molecular altera principalmente os valores de resistência
mecânica. Também o grau de cristalinidade pode ter uma significante influência nas
propriedades mecânicas, já que afeta as ligações secundárias. Para regiões cristalinas, nas
quais as cadeias moleculares são mais empacotadas em um arranjo ordenado, existem
ligações secundárias extensivas entre os segmentos das cadeias adjacentes. Nas regiões
amorfas, prevalecem menos ligações secundárias devido ao desalinhamento da cadeia. Como
conseqüência, para polímeros semicristalinos, a resistência aumenta com o aumento do grau
de cristalinidade. Realmente, para entender é preciso conhecer a forma das regiões amorfas
e cristalinas. Veja a Figura abaixo, que mostra regiões amorfas e cristalinas(Callister, pág.
467).

Orientação tipo sanfona


formando lamelas

Quais os outros fatores que influenciam na variação das propriedades mecânicas de um


polímero?
Em uma base comercial, uma das mais importantes técnicas usadas para melhorar as
propriedades mecânicas é deformar o polímero sob tensão. É um processo chamado
“drawing”, muito usado para a produção de fibras e filmes. É o mesmo que o encruamento
nos metais. Da mesma forma que nos metais, pode-se fazer um recozimento (annealing) nos
polímeros semicristalinos previamente deformados para modificar a sua estrutura.
O que são as temperaturas Tg e Tm indicadas na tabela?

73
Tm (temperatura de fusão cristalina) é a temperatura quando a quantidade de energia
térmica de entrada do sistema seja suficiente para superar as energias de ligação da
estrutura cristalina. A partir desta temperatura, o material é considerado líquido, pois flui
livremente.
Tg (temperatura de transição vítrea) é a temperatura a partir da qual, as regiões amorfas
adquirem progressivamente mobilidade.
A tabela indica ainda nylon 6.6. O que significa 6.6?
Quantidade de carbono no mero (6 + 6)
Os catálogos de nylon sempre citam a característica higroscópica deste material. Também, no
caso do Poliacetal (POM – polioximetileno), cita-se sempre a baixíssima absorção de umidade.
O que diferencia estes dois polímeros?
O POM é um material apolar, enquanto que o Nylon é polar e atrai moléculas polares como
a água.

Fonte: Tycona

11.4. Processamento de Material Termoplástico


Muitos processos diferentes são usados para transformar grânulos plásticos em produtos com
determinadas formas.

1. Moldagem por injeção: É um dos mais importantes métodos de processamento usados para
materiais termoplásticos. A figura 11.1. mostra a seqüência de operações de um processo de
injeção para materiais plásticos.
a) os grânulos de plásticos são levados pelo giro de um parafuso;
b) os grânulos são fundidos à medida que são empurrados pela hélice do parafuso;
quando há suficiente material fundido no final do parafuso, o mesmo pára de girar.
c) O parafuso é movido ao longo de seu eixo e injeta o material plástico através de uma
abertura, passando este por canais até uma cavidade de um molde fechado.
d) O parafuso é retraído e a peça acabada é ejetada.

74
Figura 11.1. – Seqüência de operações de injeção de peças plásticas (Smith, pág. 346).

2. Extrusão: Produtos como tubos, hastes, lâminas, mangueiras, etc. são produzidos por este
processo. Neste processo, a resina termoplástica é alimentada para dentro de um cilindro
aquecido e o plástico fundido é forçado através de uma abertura (matriz) por um parafuso
que gira (Figura 11.2). A figura 11.3 mostra uma variação da extrusão para a produção de um
compósito com fibras de vidro.

Figura 11.2. – Desenho esquemático de uma extrusora de material plástico (Smith, pág. 347).

75
Figura 11.3 – compósito produzido por pultrusão.

3. Moldagem por sopro: Na moldagem por sopro, um cilindro ou tubo de plástico aquecido
chamado parison é colocado no molde (figura 11.4a). O molde é fechado e o fundo do tubo é
cortado pelo molde (b). Ar comprimido é alimentado através do molde para dentro do tubo, o
qual expande para completar o molde; a peça é resfriada com ajuda do ar comprimido (c).

Figura 11.4 – Seqüência de passos da moldagem por sopro. A = linha de ar comprimido; B =


matriz; C = molde; D = seção do tubo. (Smith, pág. 348).

76
Bibliografia

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