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BPN - exemplo prático do que é o capitalismo

«Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas


liberdades do que o levantamento de exércitos. Se o povo Americano
alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão da sua
moeda, primeiro pela inflação, e depois pela deflação, os bancos e as
empresas que crescerão à roda dos bancos despojarão o povo de toda a
propriedade até os seus filhos acordarem sem abrigo no continente que os
seus pais conquistaram.» Thomas Jefferson, 1802

Dito de outra forma, os bancos são uma espécie de


gangrena que só a amputação resolve. Ou, como os ácaros
que estão em toda a parte; Deus também mas, esse não
chateia.

Os factos

No dia 2 de Novembro, na paróquia lusa, a crise financeira


internacional passou para segundo plano, com
nacionalização do BPN – Banco Português de Negócios,
nome aliás muito adequado às práticas da instituição…
negócios. Sobre esse facto, pretendemos anotar as
seguintes questões:

1. Como é inquestionável, o descalabro do BPN estava à


vista há bastante tempo e evoluiu independentemente
da crise dos mercados desencadeada pelo “subprime”
americano. No contexto daquela crise o governo
Sócrates propôs-se (14/10) entrar no capital dos
bancos com dívidas e cavalgou a onda das
intervenções dos Estados na banca para, de boleia,
justificar a nacionalização do banco;

2. Não acreditamos que seja por estupidez que o governo


não nacionalizou todo o grupo SLN – Sociedade Lusa
de Negócios, onde se inscrevia o BPN, passando a
controlar todas as empresas (cerca de 200). Cortado o
cordão umbilical com o BPN, o grupo SLN poderá
desfazer-se, aumentando a parcela de mal-parado no
BPN (já nacionalizado), seu principal credor, que ficará
“a arder” e acrescentando mais 4500 desempregados
à lista do Vieira da Silva. E dá margem a todas as
manobras dos seus accionistas, para se servirem do
que sobrar até fartar; no fim do festim estará a CGD
para pagar o banquete e os estragos. Cautelarmente,
a CGD já foi buscar os 85 quadros de Miró, para
garantir o seu empréstimo de 200 M euros. Os
accionistas do BPN porventura, sentir-se-ão
confortados por a CGD ter colocado na administração
do BPN, Norberto Rosa, ex-secretário de estado do
Durão;

3. A tese da salvaguarda do dinheiro dos depositantes


para justificar a nacionalização é falsa, pois para
situações de falta de liquidez existe o Fundo de
Garantia. Antes da nacionalização já a CGD havia
colocado no BPN 200 M euros para assegurar a
liquidez, prejudicada pela fuga de grandes
depositantes (empresas e empresas da área
financeira, até então atraídas pelos altos juros pagos
pelo BPN e que de 6 a 10 de Outubro levantaram 350
M euros). Entre os fiéis ao BPN encontra-se o
impagável Cavaco, dito pelo próprio, sem que
ninguém lhe perguntasse ou isso fosse relevante;

4. Outro argumento governamental foi o perigo de uma


crise sistémica. Isso desmente o Teixeira dos Santos
quando, a propósito da crise internacional afirmou ser
a banca portuguesa muito sólida; se assim é, então o
11º banco presente em Portugal, com 2% dos activos
totais pode afectar um sistema tão sólido, com a sua
derrocada?

5. De facto, a solidez da finança lusa deixa muito a


desejar por mais vários motivos:

a. Passam a ser exigidos ratios de solvabilidade de 8


a 10% a todos os bancos quando o BdP até agora
só vinha exigindo 4%! Mais astutos e para
satisfazer as empresas de “rating”, os banqueiros
até tinham ratios de 6 a 7%, muito acima do
exigido pelo distraído Constâncio. Para atingirem
aqueles patamares de solvabilidade, a CGD, o
BCP, o BES e o BPI vão ter de angariar 2300 M
euros;
b. O compreensivo Estado disponibiliza 4000 M
euros aos bancos para a melhoria da
solvabilidade, com um juro mínimo de 8%
condicionado ao controlo das políticas de
dividendos e de remunerações aos
administradores, em troca de acções sem direito
a voto. A ideia é acompanhar o reforço dos outros
bancos, apoiados pelos respectivos Estados. Se
os sólidos banqueiros portugueses não quiserem
podem recorrer aos fundos soberanos (os árabes
emprestam a 14%, sem condições). Em
contrapartida, as pessoas normais que recorrem
ao crédito só podem submeter-se às regras do
mercado, do “euribor” e do “spread” dos agiotas
nacionais e o Estado apenas os desajudou, anos
atrás, acabando com as bonificações. Ser
banqueiro tem, portanto, muitas vantagens…
para quem disso se não tenha apercebido;

c. Já em 12/10 o governo anunciou a possível


concessão de garantias aos bancos no valor de
20000 M euros para que eles se pudessem
refinanciar no exterior, como é habitual, uma vez
que a poupança nacional desaparece nos bolsos
dos bancos internacionais que financiam Portugal
ou em contas abertas em “offshores”, dos
esforçados e patriotas empresários portugueses;

d. Em todas estas medidas fica bem claro que o


objectivo da intervenção do Estado é apoiar os
banqueiros. Cremos que Sócrates e Teixeira dos
Santos se esqueceram de incluir nas
contrapartidas formas de apoio às pessoas, como
por exemplo, taxas de juro mais baixas;

e. O Banco Efisa, do grupo BPN, não é nacionalizado


e é notória a sua fragilidade depois de separado
do BPN pois, sendo banco de investimento, não
tem balcões abertos por aí, a colher poupanças;
f. O Banco Privado Português dedica-se ao negócio
obscuro de “gestão de fortunas”, não recebendo
depósitos nem concedendo crédito, nada tendo,
na realidade, de banco. A actividade do “banco” é
canalizar para “off-shores” dinheiro dos seus
3000 clientes para aplicação em títulos de alto
risco nas bolsas internacionais o que, está bem
de ver, é um “investimento”. Nessas contas “off-
shores” o banco é minoritário e procede à gestão
sendo os seus clientes, maioritários. Dadas as
perdas de 400/500 M euros o banco canalizou
para lá dinheiro descapitalizando-se e sem poder
evitar grandes perdas aos seus estimados
clientes.

Com um capital de 150M de euros e dívidas de


1400M o banco estaria falido mas, o incansável
Constâncio conseguiu que os grandes bancos da
paróquia emprestassem 700 M de euros ao BPP
para evitar que toda a banca portuguesa fique
mal vista “lá fora”, tendo de pagar juros mais
altos. O que faz correr Constâncio não é a
ingestão de “red-bull” mas, a pressão dos
grandes clientes e accionistas do BPP, em pânico.
Entre os seus accionistas contam-se Steffano
Saviotti, Balsemão (o nº 1 do PSD), Diogo Vaz
Guedes da Somague e do Compromisso Portugal,
a FLAD, onde pontifica Rui Machete e ainda
Joaquim Coimbra (PSD, da comissão política do
Menezes) também accionista de relevo no grupo
SLN/BNP, demonstrando-se assim que um certo
mundo é pequeno;

g. O BCP que saiu da ribalta obscurecido pelo caso


BPN está em má situação e, só num ano, as suas
acções desvalorizaram-se cerca de 70%,
mostrando como são negativas as perspectivas
do “mercado”. Ao que parece os seus barões
continuam sem sofrer grandes incómodos, para
além do desgaste em descobrir como gastar as
suas pornográficas reformas e indemnizações.
O funcionamento do “mercado”

O comprometimento de Constâncio com “determinado”


funcionamento das instituições é normal, e é válido para
quem assumir o seu cargo, quem quer que seja. Talvez por
isso um governador do BdP é principescamente pago.

No sistema financeiro pululam vigaristas de alto coturno,


cheios de dinheiro para comprar silêncios ou gritarias
mediáticas; para pagar bem a advogados bem
relacionados; para enformar a produção legislativa,
mormente na área fiscal.

O campo de actuação do regulador BdP é a área mais


sensível e poderosa do capital – o capital financeiro – que
domina a economia global e o mandarinato aos mais
elevados escalões. Por isso, é evidente a penetração do
Estado por elementos aí destacados pelo sistema financeiro
e a cooptação por este, de mandarins bons conhecedores
das altas estruturas dos partidos do poder.

Os banqueiros sempre gostaram de ser discretos e


detestam a publicidade dos seus negócios, particularmente
das suas trafulhices. E quando querem publicidade chamam
um, dos muitos servis plumitivos que empestam os media e
que logo se sentem como que ungidos pelo Senhor (leia-se
capital). Por isso, o BdP é sempre discreto e procura limitar
a sua notoriedade aos comunicados e análises regulares
sobre o estado da economia ou, melhor, sobre a economia
que interessa divulgar pelo governo.

No caso de outros reguladores mais ou menos inúteis para


a multidão (Anacom, Erse, Autoridade da Concorrência,
etc), a sua actividade também se pretende discreta.
Inversamente, a pândega ASAE até gosta da aparecer nos
jornais, contente por ter apanhado um restaurante com
uma casca de batata no chão da cozinha.

Por outro lado, sendo poucos, os banqueiros conhecem-se


muito bem uns aos outros e às várias instituições pautando
a sua actuação por uma acesa concorrência subordinada a
um acordo basilar de salvaguarda do sistema que lhes
permite enriquecer a todos.

Em lugar cimeiro do sistema financeiro português encontra-


se Vítor Constâncio ao qual já por diversas vezes nos
referimos, nunca por boas razões. Aliás, quando um
mandarim toma uma medida acertada, que favorece a
multidão, entendemos não bater palmas pois é para esse
efeito que eles devem usar os seus cargos, não devendo,
portanto merecer comentários; a não ser em casos muito
especiais, que revelem particular mérito. Devemos antes,
acentuar a nocividade da sua actuação que, infelizmente, é
mais regra que excepção.

Manter ou não Constâncio é irrelevante. Reparem que a


Ferreira Leite não pede a sua cabeça, até porque foram
colegas durante muitos anos no ISEG e, em contrapartida
Portas, que nada tem a perder, esganiça-se contra o
sacerdote. Sócrates não quer assumir que o seu lugar-
tenente Teixeira dos Santos também tem altas
responsabilidades nos temas do momento. Demitir
Constâncio (PS) e manter Teixeira dos Santos (PS) e Carlos
Tavares da CMVM (PSD) seria injusto e cheiraria a assado de
bode expiatório, fragilidade ou cobardia política.

Constâncio será um mau palhaço mas, o circo não é dele;


foi elevado ao sumo-sacerdócio mas, não é o profeta que
criou a religião da alta finança. E, como o circo é mau, ele
tem de entreter a plateia com infantilidades tais como:

1. Colocar supervisores em cada banco é ridículo


independentemente de só haver 60 pessoas na
supervisão do BP, para “controlar” 320 instituições
financeiras. Os felizes contemplados com o banco X
vão observar os documentos que lhes derem, ouvir o
que lhes quiserem contar e, naturalmente, não vão ter
acesso aos computadores portáteis com acesso ultra-
secreto onde figura a contabilidade paralela (como
apurado no BPN), nem à informação fundamental do
negócio. Quando estoirar um escândalo (porque algum
invejoso decidiu bufar para a imprensa, por exemplo),
os supervisores dedicados ao banco X serão acusados,
no mínimo, de incompetência e os seus directores e
governadores lavam daí as mãos, contribuindo até
para as acusações aos técnicos. O sacerdote, vistas as
coisas deste ângulo, continua a querer safar-se de
responsabilidades.

2. Constâncio não reage a rumores porque convém que


seja surdo que nem uma porta. Mas, há rumores e
rumores e, em alguns casos abriu investigações com
base em denúncias anónimas. A qualquer supervisor
compete ordenar investigações, sempre que o
entender e, no caso do BPN era do conhecimento
público que havia irregularidades. Por outro lado, a
PGR quando detectou irregularidades em 2007
relativas ao Banco Insular e que eram laterais ao seu
objectivo, deixou essa informação na gaveta? Não
informou o regulador BdP? E se informou, porque não
actuou Constâncio?

3. Ao que parece, a norma na supervisão do BdP, durante


muitos anos dirigida pelo administrador António Marta
(PSD), era mandarem umas cartinhas bem educadas a
pedir elementos e hibernar, em seguida, meses, à
espera de resposta. Rotina em que casavam bem a
inércia de burocratas com os interesses da poderosa
alta finança.

Porque não foram lá directamente buscar a papelada


comprometedora? Com a demora dão tempo a que
gente pouco escrupulosa falsifique ou desencaminhe
documentos, como é óbvio.

Para se mostrar as profundas diferenças de actuação,


referimos que, anos atrás, entraram num grande
banco alemão, bem cedo pela manhã, 200 (duzentos)
quadros das finanças, cada qual dirigindo-se a um
local preciso dentro da instituição, suspeita de
movimentações ilegais de capitais.

4. A Operação Furacão foi desencadeada em 2005 e vem


criando um volumoso espólio de documentos e
apuramentos de factos ilícitos, mormente de índole
fiscal. Entre as muitas empresas envolvidas, o BPN é
um elemento destacável tendo-se descoberto no
Parque das Nações um apartamento de luxo cheio de
documentos e a referência a 90 contas “off-shore”;
porém, só em 2007 é que o BdP conhece a situação do
BPN e para mais, de forma quase casual através do
banco central cabo-verdiano que veio a referir a
existência no país de bancos “off-shore” da CGD, do
BES, do Montepio, …? Acredite quem quiser que o BdP
de nada sabia.

5. Convém, no entanto, a propósito de reguladores, ter


em conta que o criminoso é sempre mais criativo que
o polícia. O legislador e os reguladores são
essencialmente reactivos e, quando descobrem um
esquema de fraude ou vigarice têm por garantido que
existem potenciais criminosos a congeminar como se
poderão adaptar perante os conhecimentos ou
procedimentos dos “defensores da lei”. Quando se
trata da alta finança, a sua interpenetração com o
poder político, os meios técnicos e financeiros que
possuem, garantem-lhes, não só a concepção das
regras, como ainda a forma de as tornear.

Os figurões do BPN

Num país menos mafioso a nacionalização teria sido


acompanhada da prisão preventiva dos facínoras. Não foi
assim, ou não fora Portugal um dos países mais corruptos
da Europa ocidental, Sócrates o xico-esperto que sabemos
e Teixeira dos Santos o pior ministro das finanças, de acordo
com o Finantial Times. Recordamos que, em Espanha, no
passado, o primeiro-ministro Felipe Gonzalez, também
“socialista” nacionalizou o grupo Rumasa e pôs, de
imediato na cadeia, o seu responsável, Ruiz Mateo.

Oliveira e Costa, a cabeça do polvo (PSD)

Depois de buscas policiais às suas casas muito


estranharemos que lá encontrem peças importantes para o
incriminar, uma vez que ele, não sendo parvo, já terá tido
todo o tempo necessário para se desfazer de tudo o que
seja comprometedor. Com aquilo que saberá de figuras
gradas do PSD e do dinheiro que distribuiu por esses áreas
do espectro político, deve estar tranquilo e seguro de que
nada se apurará de concreto; ou talvez encontrem um Bibi
para assumir as culpas, daqui a uns dez anos. Não nos
parece é que Oliveira e Costa venha a ser esse Bibi, embora
tenha ficado preso desde 21 de Novembro; se o soltarem,
sabemos que a mansão do Vale e Azevedo, em Londres tem
lá lugar reservado. Porém, a prisão até poderá ser uma
forma de encontrar o ambiente menos desfavorável para a
sua saúde a não ser que algum amigo lhe mande um bolo
adoçado com raticida.

Não fora o capitalismo uma escola de ausência de virtudes


e muito nos espantaria que tivesse assumido as
responsabilidades que teve no sector bancário. De facto,
como comissário dos Assuntos Fiscais por indicação de
Cavaco, em 1990, brilhou quando perdoou várias dívidas
fiscais, entre outras, à Metaltorres, 350 000 euros à Caves
Aliança e 1,2 M euros à Cerâmica Campos que, por
coincidência se situa na terra dele (Esgueira-Aveiro). Para o
efeito chamou a si os processos ao seu gabinete,
prescindindo do parecer técnico da DGCI.

Na ocasião, reconhecendo o carácter humanitário de bom


católico deste Costa, a investigação, conduzida por Rui
Machete (PSD), actual presidente do Conselho Superior da
SLN, ilibou-o. Nos desagravos ao benemérito participaram
duas graciosas flores chamadas Gilberto Madail e Marques
Mendes, ambos do PSD, naturalmente.

Porque o ar estava pesado, em 1992, foi arejar para o


Luxemburgo, para o BEI- Banco Europeu de Investimentos,
como controleiro dos financiamentos aos países da então
CEE, lugar de muita importância para Cavaco, sedento de
fundos comunitários para distribuir das formas que
sabemos (arremedo de formação profissional e betão).

Em 1994 cai na AR, depois no Finibanco e, em 1998, no BPN


onde reina até princípios deste ano quando o naufrágio
estava à vista. Como é que um Estado dito de direito
permite que um indivíduo tão chamuscado possa assumir a
direcção de um banco e gerir dinheiro alheio de modo tão
capcioso?

A Deloitte descobriu que pouco antes da nacionalização


havia perdas associadas ao BPN de 332 M euros, dos quais
120 M relativas a empresas do grupo e ainda 407 M euros
detectados no célebre Banco Insular, num total superior a
700 M euros. Cadilhe pretendeu arrumar a casa mas, não
encontrou ninguém que se chegasse à frente, com dinheiro
fresco, naturalmente; é que os ratos abandonam o barco
mal este adorna. Paralelamente, accionistas do BPN devem
ao banco quase 300 M euros, de empréstimos obtidos com
taxas de juro muito favoráveis, que a CGD parece estar a
rever.

Um dos buracos mais fundos é o da empresa brasileira Ergi


Empreendimentos. O BPN tinha, há dois anos, 20% da
empresa cujo restante capital pertencia a uma Swiss
Finance que mais não é que um “off-shore” da SLN. A
empresa, foi então vendida por 135 M euros mas, nas
contas do BPN apenas estão registados… 5,5 M euros. O
Banco Insular, por seu turno, registou um empréstimo à Ergi
de 242 M euros que nunca foi efectivado, pelo que o
dinheiro estará algures, a bom recato.

Tavares Moreira, o banqueiro condenado (PSD)

Foi inibido do exercício de funções bancárias e a pagar 180


000 euros de multa, por decisão do tribunal de pequenas
instâncias (não existe um de grandes instâncias?) de Julho
último, depois de ter sido ilibado, em 2006, de ilícitos
criminais como presidente do Central – Banco de
Investimentos, numa acção interposta, imaginem, pelo
BdP!. Trata-se de mais um católico fervoroso, adorador da
Senhora de Fátima.

Tavares Moreira lidera o angolano BAI - Banco Africano de


Investimentos (Europa) que pertence à Sonangol (a mina do
autocrata Eduardo dos Santos) e que detém 20% do BPN
Brasil. Tudo bons rapazes.
Uma sanção num pais, num contexto de globalização,
deveria estender-se a todo o sistema financeiro uma vez
que a actuação de um gestor bancário sancionado pode
afectar, a partir de qualquer ponto do globo, o país que o
condenou. Curiosamente, a globalização ainda se não
estendeu à prevenção contra os vigaristas da finança.

Daniel Sanches, o ex-polícia (PSD)

Os ministros do tonto Santana, Bagão Félix e Sanches, este


da Administração Interna, assinaram um contrato de 600 M
euros, três dias depois das eleições que Sócrates ganhou,
com um consórcio dirigido pela SLN, para a produção de
uma serviço de gestão de redes de emergência e
segurança, conhecido por Siresp. Ainda em 2003, quatro
dos cinco principais fabricantes mundiais de
telecomunicações, convidados pelo governo, desistem do
concurso deixando o campo livre à SLN, o que é
questionado na AR.

António Costa, sucessor do Sanches no ministério pediu à


PGR um parecer, que veio a considerar nulo o negócio mas,
o magnânimo Costa (o António), decidiu manter o acordo
com o consórcio, por troca com uma redução do preço para
485 M euros, mesmo assim, considerado muito exagerado
por técnicos conhecedores do assunto.

Contudo, as suspeitas de corrupção e tráfico de influências


levaram a buscas policiais na SLN. É que, por mero acaso, o
adjudicante Sanches, antigo director do Departamento
Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) era, antes de
ser ministro do Santana, administrador da Plêiade, sub-
holding do grupo SLN, o qual tinha na administração o Dias
Loureiro. Como o mundo é pequeno!

Dias Loureiro, o venerável conselheiro (PSD)

Muito ligado a Cavaco e conselheiro de Estado, o seu perfil


não deixa de mostrar o que é o Estado e a verdadeira
camorra que liga os que o dominam. Ninguém lhe
reconhece valia profissional, cultural ou política relevante
para tais funções, excepto quem o nomeou.
Comprou posição no BPN em 2000 depois de ter vendido as
suas acções na Plêiade, empresa que, integrada no grupo
SLN, vai protagonizar a adjudicação do Siresp em 2005.
Utiliza os seus contactos com Espanha utilizando como
intermediário o genro de Aznar e convida Daniel Sanches
para o BPN, bem como um tal Lencastre Bernardo, ex-
militar conselheiro de Eanes, convertido ao PSD.

Loureiro contrata em 2002 Alejandro Agag, o tal genro de


Aznar, com 31 anos, ex-vice-presidente do Partido Popular
Europeu e portador das mais-valias profissionais que
facilmente se adivinham. Em meados de 2003, amuado
com Oliveira e Costa, deixa o BPN como administrador
executivo mas, mantêm-se lá como não-executivo, para
além de liderar a SLN.

O ilustre conselheiro, com o seu amigo Oliveira e Costa


foram a Porto Rico, em 2001, comprar uma empresa sem
actividade (New Technologies) e outra que faliu três meses
depois da compra (Biometrics Imagineerin). O vendedor foi
uma Fuentes Participações, com sede no Brasil controlada
por uma firma inglesa, cujos accionistas são empresas de
Gibraltar. A transacção fez-se por 71,5 M euros com
pagamentos efectuados pelos “sacos azuis” – Banco Insular
e BPN-Cayman, tendo essa compra ficado fora dos balanços
do grupo SLN-BPN. O laborioso causídico Loureiro decerto
saberá explicar estas triangulações e ocultações,
envolvendo tanto dinheiro por empresas que ninguém sabe
o que efectivamente produziam. Nós, que somos crentes na
bondade do Loureiro até suspeitamos que o dinheiro foi
parar a uma ONG empenhada na luta contra a fome…

Em 2003, dois anos depois, essas empresas foram


encerradas com prejuízo que, segundo Dias Loureiro, foram
registados nas contas do grupo, embora a sua compra não
o tenha sido. Para estes “empresários” o registo de um
prejuízo está longe de ser problema. Na vida real das
pessoas honestas ninguém envolve 71,5 M euros num
negócio que se revela inviável passados dois anos; apesar
de gestores experimentados, Oliveira e Costa ou Dias
Loureiro não é certo que se tenham baseado num apurado
estudo de viabilidade económica e financeira…

Segundo comentário colocado no Público no dia 22 último,


Dias Loureiro vendeu em 2002 a sua participação no grupo
SLN por 9 M euros, não se sabendo qual o capital investido
susceptível de se ter multiplicado até atingir aquele valor.
Esse valor terá sido colocado numa empresa familiar DL –
Gestão e Consultadoria SA que, como o nome indica,
poderá fazer um pouco de tudo. O seu capital é de apenas
50 000 euros em 2006, transferindo a sua sede em 2007
para casa do Loureiro, no Estoril. Não é vulgar uma
empresa deste tipo, com activos de pelo menos 9 M euros,
ter um capital social de 50 000 euros. Algo se passa no
reino da Dinamarca, diria Shakespeare…

O nosso conselheiro, que se tornou figura de cartaz neste


filme de gangsters aparece na TV evidenciando-se como
homem impoluto que até entrou pelo gabinete adentro do
António Marta, responsável da supervisão do BdP, para o
alertar para as irregularidades no BPN; o que o segundo,
prontamente negou, como é óbvio. E, no seguimento,
Cavaco, ridiculamente, emite um comunicado sem nada
acrescentar nesta trama mas, que se supõe tenha servido
de demarcação da porcaria que ainda vai a circular no adro
mas, que poderá atingir o seu amigo Loureiro.

Em 2005, Loureiro foi ainda acusado publicamente por ter,


enquanto ministro, recusado comprar aviões para o
combate de incêndios dado que teria interesses numa
empresa que procedia ao aluguer desses aviões. Nesse
mesmo ano, o compadre Daniel Sanches, ministro de
Santana, aceita um aumento de 90% na contratação dos
referidos meios aéreos, naturalmente, também alicerçado
em detalhados estudos.

Joaquim Coimbra, o investidor (PSD)

Membro da Comissão Política de Menezes, grande


accionista do BPN, tem fortes interesses imobiliários na
Madeira e em Cabo Verde em parceria com Sílvio Santos,
ex-deputado regional de Jardim. Ambos criaram uma
empresa de energias renováveis, a Nutroton Energia, cujo
administrador é Marques Mendes;

Rui Machete, a parda eminência (PSD)

Fugaz líder do PSD, conseguiu há muito estacionar na FLAD,


fundação criada no âmbito das contrapartidas americanas à
utilização da base das Lages, tornando-se presidente do
conselho superior do BPN em 2001 e do BPN SGPS em
2003. Acto de gratidão do Oliveira e Costa por Machete o
ter absolvido no caso dos perdões fiscais dos anos 90?

Arlindo de Carvalho, o magnata da saúde (PSD)

O ex-ministro da Saúde de Cavaco e mandatário de Santana


é um dos accionistas do BPN e de várias empresas
imobiliárias (mais um que a política transformou em
empresário) e ainda beneficiário de um empréstimo de 20
M euros por parte do BPN. Arlindo e outros sócios da SLN
eram, de acordo com um relatório da Deloitte, beneficiários
de empréstimos num total de cerca de 300 M euros, muitos
dos quais concedidos sem o cumprimento dos
procedimentos regulamentares.

Em Junho, mais de 100 moradores da Mata Guia, em


Cascais movimentam-se contra a ilegalidade da construção
de uma clínica de cuidados continuados com seis blocos de
três a quatro pisos e caves numa área residencial. O
promotor da clínica é o endinheirado Arlindo de Carvalho e
a sua esposa.

Arlindo foi também presidente do conselho fiscal (isso


mesmo, fiscal) da Dinensino, proprietária desse expoente
do conhecimento, da alta cultura e da trafulhice que foi a
Universidade Moderna.

Duarte Lima, com mais contas bancárias do que cabelos


(PSD)

Há alguns anos Duarte Lima então estrela de primeira


grandeza no PSD foi investigado por movimentos bancários
estranhos, entre ele e uma sobrinha; e, tão estranhos que a
polícia desistiu de entender a sua lógica. O recurso a
sobrinhos veio também a ser adoptado pelo Isaltino
evidenciando ambos um elevado sentido de família.

Também foi ao BPN e recebeu um crédito de 5 M euros.

PSD, um dos gangs mais poderosos da paróquia

Toda esta gentinha é do PSD e ao mais alto nível. Porém,


parece que as sucessivas direcções da agremiação nunca
souberam de nada. Mais, nunca terá escorrido um só
sestércio para os cofres do partido, para ajudar a tanta
tolerância? O prolongado silêncio da Ferreira Leite sobre o
caso BPN foi só para aliviar a pressão sobre os seus amigos
e correligionários?

E, essas direcções também desconhecerão as relações


entre o BPN/Banco Efisa com o PSD-Madeira e o governo
regional, a intervenção de deputados regionais do PSD na
intermediação entre o BPN/Efisa e o governo regional, num
exemplo de promiscuidade a céu aberto?

Conclusões e ensinamentos

Estas relações entre mandarins e negócios fornecem


elementos concretos para se aquilatar como se constroem
as relações de poder nas sociedades capitalistas, com base
nas conexões mafiosas entre empresas, partidos e Estado.
E, para sobreviverem, os protagonistas dessas conexões
precisam de roubar, explorar, agredir e eliminar
selectivamente elementos do outro lado da barricada – a
multidão de trabalhadores, ex-trabalhadores e pobres.

• Na maior parte dos casos os protagonistas são


indivíduos de origens sociais modestas, sem grandes
qualidades políticas ou profissionais, cuja introdução
no sistema mafioso começa pela ligação a um gang
partidário, da área do poder, no caso português, dessa
camorra bicéfala que designamos por PS/PSD;

• Esses protagonistas apresentam-se como gente


desprovida de quaisquer escrúpulos, sem ética nem
cultura democrática que rapidamente ficam
deslumbrados pelo poder e pelas potencialidades da
rede de relações pessoais e institucionais em que se
inserem;

• Essa matriz de relações associada à relativa


impunidade derivada de um sistema de justiça pesado,
sonolento, dócil ou domesticado engrandece uma
cupidez que atinge uma temeridade demencial;

• Ganham a notoriedade com a nomeação para cargos


governamentais e/ou partidários inserindo-se nas
diversas redes mafiosas já existentes e em constante
recomposição. Na fase seguinte, afastam-se da política
activa ou visível, dedicando-se a actividades
empresariais pouco claras, duvidosas consultadorias
ou cargos mais ou menos honoríficos. Os seus nomes
começam a ficar ligados a negócios envolvendo
milhões de euros e no qual são partes interessadas
como “investidores”. Esses percursos duram poucos
anos, ninguém questionando as causas desse
enriquecimento tão repentino;

• O Estado constitui veículo essencial neste circuito,


permitindo nomeações, aberturas de concursos
viciados, adjudicações fraudulentas, consultadorias
suspeitas, subsídios, subornos, produção legislativa e
regulamentar, despachos, supervisões aligeiradas ou
omissas e ainda favorecimentos familiares ou de gente
“lá da terra”; em suma, acolhendo, sob o seu manto,
mais do que a exploração capitalista típica mas
também a mais declarada rapina;

• Em todo este circuito e para além dos enriquecimentos


individuais há a considerar a comissão para o partido,
que, como uma Cosa Nostra, constitui o elemento
fornecedor do atestado de garantia que acredita e
apoia os mafiosos. O BPN e quejandos constituem
verdadeiras escolas para o alto crime, uma
universidade para o crime financeiro ou de colarinho
branco, cujas propinas são a contribuição para o
partido.
Todo o caso BPN envolve essencialmente o PSD embora
haja ligações marginais com entulho do PS. No âmbito do
PS as coisas funcionam de modo semelhante, deixando nós,
aqui o caso do ridicularizado “magalhães”. Existe uma
empresa - JP Sá Couto - cujos donos Sócrates disse não
conhecer… embora os manos Sá Couto sejam os
controleiros e benfeitores da secção do PS da Póvoa de
Varzim. E, para que a fraude de IVA (5 M euros) em que
estão envolvidos ficasse ao largo, o Estado negociou com os
operadores de telemóveis que, por sua vez contrataram a JP
Sá Couto. Tudo muito claro, digamos mesmo, muito
transparente.

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