- Exmo. Senhor Presidente do Conselho Geral Transitório
- Exmo. Senhor Presidente do Conselho Pedagógico - Exma. Senhora Presidente do Conselho Executivo - Directora Regional de Educação do Centro - Plataforma Sindical - Grupos Parlamentares - Órgãos de Comunicação Social
Os educadores e professores do Agrupamento de Escolas da
Lousã, reuniram em Assembleia Geral no dia 20 de Janeiro de 2009, no respeito pelo cumprimento dos seus deveres profissionais, consagrados nos diversos dispositivos legais que se lhes aplicam, nomeadamente os que constam do ECD e da Lei n.º 58/2008 de 9 de Setembro. Conscientes dos seus deveres para com os alunos e a comunidade educativa em geral decidem, por coerência e dever de consciência, reiterar as posições assumidas na anterior Assembleia realizada no passado dia 27 de Novembro e subscritas pela esmagadora maioria dos docentes, onde se decidiu suspender a participação no processo de avaliação do desempenho de cada um, recusando a definição e entrega dos seus objectivos individuais, previstos no art.º 9.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008 de 10 de Janeiro.
Reafirmam contudo, a sua inteira disponibilidade para virem a
ser avaliados no seu desempenho docente por um modelo de avaliação negociado e não imposto, que privilegie a dimensão formativa, numa perspectiva contínua e assente no trabalho cooperativo, que interrelacione as responsabilidades de cada docente com as responsabilidades colectivas, respeitando as organizacionais, tendo em vista uma efectiva melhoria dos seus desempenhos profissionais e a promoção do mérito pela competência científico- pedagógica, recusando, a diferenciação de natureza administrativa, artificial e verdadeiramente injusta.
Nesta sequência, consideram que:
1. As recentes alterações introduzidas no processo de avaliação
do desempenho docente pelo Decreto Regulamentar n.º 1-A/2009 de 5 de Janeiro, tendo em vista a sua simplificação, mantêm intocável o essencial do modelo de avaliação imposto, na sua concepção e princípios, nomeadamente a manutenção das quotas para Muito Bom e Excelente e o seu carácter de seriação e hierarquização dos docentes para efeitos de gestão de carreira profissional, em detrimento de uma perspectiva formativa e de reforço do trabalho cooperativo, verdadeiras chaves para a melhoria das práticas pedagógicas e o desempenho profissional docente.
2. As sucessivas simplificações levadas a cabo pelo ME mais
não são do que a assumpção da falência e da irrazoabilidade de um modelo, que desde o início denunciámos, não só como errado nos seus princípios e pressupostos balizadores, como também injusto, impraticável e iníquo, no que aos objectivos de melhoria dos indicadores da educação diz respeito. Saliente-se ainda, que estas simplificações apenas serão transitórias, produzindo efeito no presente ano lectivo, não havendo qualquer garantia da sua remodelação ou substituição.
3. A persistência na imposição deste modelo de avaliação, além
de não contribuir para a resolução dos graves problemas com que se debate o sistema educativo, nem tão pouco para a melhoria do desempenho profissional e a qualidade da escola pública, mantém o clima de tensão e instabilidade prejudicando a tranquilidade imprescindível ao desenvolvimento do trabalho docente e às aprendizagens dos alunos.
Tendo em consideração os argumentos acima expostos, os
docentes do Agrupamento de Escola da Lousã, abaixo-assinados apelam ao ME para que:
a) Suspenda o actual modelo de avaliação do desempenho
docente, condição imprescindível para ultrapassar o clima de tensão que se vive nas escolas e ameaça a tranquilidade dos processos educativos.
b) Aceite proceder à revisão do actual ECD eliminando alguns
factores que constituem a verdadeira origem dos problemas da avaliação da carreira docente, tais como a injustificável e artificial divisão da carreira entre “professores” e “professores titulares” e o regime de quotas, que em mais nenhuma parte da Europa se verifica.
c) Inverta o sentido autoritário, prepotente e de coacção que
lamentavelmente tem vindo a caracterizar as suas posições, aceitando sentar-se à mesa das negociações de forma democrática, construtiva e sem pré-conceitos, para que seja possível, com os educadores, professores e seus representantes associativos e sindicais, e não contra estes, encontrar os melhores caminhos e soluções para a melhoria da qualidade da resposta educativa da escola pública.
Este documento foi assinado por 102 dos educadores e
professores (88%) do Agrupamento de Escolas da Lousã