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O tipo do art. 216, com a redação da Lei n° 11.106, de 28.03.2005: “Induzir alguém,
mediante fraude, a praticar ou submeter-se à prática de ato libidinoso diverso da
conjunção carnal”. A pena é reclusão de um a dois anos.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. É quem emprega o meio fraudulento para
obter a satisfação da libido.
4.2 TIPICIDADE
4.2.1 Conduta
Não é tão incomum a prática desse crime. Não faz muito tempo noticiou a grande
imprensa o comportamento de determinado médico ortopedista que, a despeito de realizar
exame em mulheres, mantinha com elas contato corporal, esfregando-se em suas nádegas
e coxas. Inequivocamente foram atos libidinosos obtidos mediante engodo. O mesmo
acontece quando a vítima é convencida a aceitar a apalpação de partes de seu corpo pelo
agente que simula estar realizando um comportamento não libidinoso.
O resultado pretendido pelo sujeito ativo é a execução do ato libidinoso por parte da
vítima ou sua aquiescência ao ato que ele, com ela, realizará. Esse crime só difere do
atentado violento ao pudor em relação à violência, aqui inexistente e substituída pelo
emprego de fraude, por isso deve o leitor, para sua melhor compreensão, observar os
comentários feitos no item 2.2.1.2.
O agente deve atuar com dolo. Consciência da fraude que está empregando para
induzir a vítima e vontade livre de realizar a conduta para que ela pratique ou permita o
ato libidinoso. O ato deve ser, necessariamente, libidinoso, ainda que o agente esteja
movido por outro fim, como o de humilhar a vítima, ofendendo sua dignidade ou o
decoro, caso em que incorrerá também no crime de injúria, em concurso formal
imperfeito. Reporto-me, aqui, aos comentários feitos no item 2.2.1.4.
Atentado ao Pudor Mediante Fraude - 3
O parágrafo único do art. 216 determina que, “se a vítima é menor de 18 (dezoito) e
maior de 14 (catorze) anos”, a pena será reclusão, de dois a quatro anos.
Para incidir no tipo qualificado deve o agente ter consciência da idade da vítima. Se
não sabe, terá atuado em erro de tipo, permanecendo a incidência da forma simples.
Entretanto, quando a vítima ou seus pais não puderem arcar com os custos do
processo sem privar-se de recursos necessários para a manutenção própria ou da família, a
4 – Direito Penal III – Ney Moura Teles
Quando o crime tiver sido cometido com abuso do pátrio poder ou da qualidade de
padrasto, tutor ou curador, será de iniciativa pública incondicionada. Essas normas
encontram-se no art. 225 do Código Penal.