SOCIEDADE

PARECE O EX? AMIGO DE INFÂNCIA COINCIDÊNCIAS EXERCÍCIO FÍSICO STRESSE OPOSTOS NÃO CORRESPONDÊNCIA PROXIMIDADE
Quando alguém tem Conheceram-se na es- Partilhar a data de Estar numa discoteca a Em grupos de traba- SE ATRAEM Se alguém estiver GEOGRÁFICA
um traço físico que nos cola, mas passaram nascimento ou ter o dançar, ou num giná- lho com projectos Durante uma conver- num bar, começar a Sentimo-nos mais
lembra alguém, mas anos sem se verem. primeiro nome a co- sio, são situações pro- muito importantes e sa, se duas pessoas re- olhar para outra pes- atraídos por pessoas
não sabemos muito Quando se encontram meçar pela mesma pícias a que sinta um complexos, onde o ní- param que têm opi- soa, num claro flirt, e que pertencem ao
bem quem é, cria-se noutra situação social, letra cria cumplicida- fraquinho por alguém. vel de ansiedade é niões semelhantes e esse interesse for cor- nosso grupo de ami-
uma noção de familia- e não se lembram de entre as pessoas, O sistema nervoso está elevado, também há atitudes muito pareci- respondido, a atracção gos ou que vivem no
ridade. Por exemplo, bem de onde se co- que, por isso, sentem alterado, o ritmo car- uma estimulação fisio- das, ficam mais à von- por essa pessoa au- nosso bairro do que
se tiver namorado com nhecem, há uma si- maior atracção. díaco acelerado e essas lógica. Esse stresse tade e podem sentir- menta rapidamente. por alguém que vive
uma pessoa que tinha tuação de familiarida- mudanças podem ser aproxima as pessoas. -se interessadas uma numa cidade diferen-
um nariz grande, pode de, logo de atracção. atribuídas ao outro e Trabalhar com deadli- na outra. te. Há mais facilidade
vir a ter mais namora- não ao exercício. Surge nes apertados cria de nos encontrarmos
dos com essa caracte- um pensamento do mais atracção sexual e temos mais coisas
rística. Associa isso a tipo: “Estou nervoso, do que propriamente em comum.
relações positivas que com o coração a ba- romântica.
teve no passado. ter… Gosto dela.”

RELAÇÕES. AS NOVE REGRAS DA ATRACÇÃO INICIAL

Tenho um fraquinho por ti

É parecida com a sua ex-namorada, andaram juntos na escola, fazem anos no mesmo dia e frequentam o mesmo ginásio.
Aciência consegue explicar porque é que se sente interessado por essa pessoa. Afinal, os opostos não se atraem

ILUSTRAÇÕES RUI RICARDO

VANDA MARQUES
o tema no seu doutoramento, no ISCTE. David Rodrigues explorou este factor no data de nascimento, moram na mesma ci- ATRACTIVIDADE FÍSICA do-chão ao terceiro andar, antes de fazerem
As regras da atracção são muito com- seu último estudo – De Repente Senti um dade ou até que têm um traço físico que nos Quando uma pessoa é bonita uma avaliação de atractividade. Enquanto

E
stá num bar, rodeada por dezenas de
pessoas, mas não consegue tirar os
olhos do homem que acabou de co-
nhecer. Sabe porquê? Provavelmen-
te porque têm opiniões semelhantes,
ele deve ser parecido com um amigo ou
ex-namorado e se calhar até já se conhece-
ram antes, mas não sabem onde. Há quem
chame ao que está a sentir “amor à primei-
ra vista”, “ter um fraquinho” ou, mais sim-
plesmente, “empatia”. Na realidade, esta-
mos a falar de atracção. “A atracção inicial
existe em todas as relações, da amizade aos
namoros, e funciona como uma predispo-
sição para responder de uma forma mais
positiva a uma pessoa”, explica à SÁBADO
o psicólogo David Rodrigues, que estuda
plexas – e nestas páginas estão individua-
lizadas nove. A familiariadade é um dos
factores mais importantes da atracção. “Se
sentimos que uma pessoa nos é familiar,
As pessoas que subiram as
escadas a correr sentiram-se
mais atraídas do que as outras
quer seja porque tem um traço físico que
nos faz lembrar alguém quer porque fo-
mos colegas de escola, sentimo-nos mais
atraídos. A familiaridade dá-nos seguran-
ça e ficamos mais à vontade para intera-
gir”, diz o psicólogo.
Fraquinho! “No meio de várias imagens que
apresentava, apareciam sempre duas foto-
grafias de um rapaz e de uma rapariga, de
forma subliminar. Quanto mais vezes es-
sas imagens apareciam, maior era
a atracção que os participantes do
estudo diziam sentir por essas
pessoas. A exposição repetida
leva a sentimentos de familiari-
dade, e quanto mais repetida
maior é a preferência.”
Há vários factores que nos levam a ficar
(ou a pensar que estamos) caidinhos por al-
guém, mesmo coisas aparentemente irre-
levantes. David Rodrigues revela que há es-
tudos que comprovam que nos sentimos
atraídos por pessoas que partilham a nossa
lembra alguém. Mas o local onde estamos
também tem muita influência.
MUITOS ROMANCES, namoros ou flirts co-
meçaram em bares ou discotecas e a cul-
pa pode muito bem ser da dança e do exer-
cício físico. “Quando estamos a dançar, o
nosso sistema nervoso está alterado, há
uma activação fisiológica. O nosso ritmo
cardíaco está mais acelerado e associamos
essas mudanças à pessoa que está connos-
co e não ao exercício físico”, refere. O in-
vestigador analisou este fenómeno no es-
tudo Marquemos o Encontro ao Cimo da Es-
cada: O Papel da Activação Fisiológica na
Atracção Interpessoal. “Pedi às pessoas que
subissem umas escadas a correr, do rés-
e atraente, há maior propensão
para que os outros gostem dela
de uma forma imediata, o que
causa a atracção inicial.
isso, o outro grupo não fazia exercício fí-
sico nenhum. As pessoas que correram
sentiram-se mais atraídas do que as que
não o fizeram.”
O grupo que correu também foi dividi-
do e David Rodrigues pediu-lhes que es-
perassem três minutos antes de fazerem o
teste. Os resultados foram ainda mais si-
gnificativos. “O sistema nervoso estava
mais calmo e, apesar de conscientemente
já não haver activação fisiológica, ainda ha-
via alterações no sistema nervoso que con-
duziram a atribuições enviesadas. Como
ainda tinham activação no corpo e não sa-
biam muito bem de onde vinha, olharam
para a fotografia e pensaram que a culpa
era da imagem que estavam a ver.” l

110 16 OUTUBRO 2008 SÁBADO 111