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TUTORIA EM EAD: UMA NOVA PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA

APRENDIZAGEM1

Maria de Fátima Magalhães Mariani2

RESUMO
Este artigo analisa o papel da tutoria numa perspectiva da avaliação nas situações de
aprendizagem em ambiente virtual ou EAD. A utilização intensa de técnicas eletrônicas nas
atividades docentes é comumente associada a práticas pedagógicas inovadoras, mais
interativas e democráticas. A pergunta condutora da análise é: Como acontecem as relações
pedagógicas (aluno-tutor) em uma modalidade de ensino que pressupõe o rompimento da
relação “face-a-face”, e que se coloca como dimensão de uma pedagogia transformadora?
Sinaliza aspectos que embasam as discussões sobre a avaliação da aprendizagem em EAD,
ilustrando com trechos de entrevistas de dois professores da Universidade Católica de
Brasília Virtual sobre essa temática.
Palavras-chave: EAD; Avaliação da Aprendizagem; Avaliação em EAD;Tutoria.

Em qualquer dos contextos escolar, seja a distância ou presencial, a transmissão e


reelaboração do conhecimento historicamente construído são mediados pela ação docente.
Em qualquer desses contextos para a comunicação educativa acontecer é necessário criar
uma infra-estrutura favorável. A comunicação educativa pressupõe interação entre os seus
atores. No ensino presencial o professor ocupa uma posição de destaque na interação com o
aluno. Na educação a distância essa posição é assumida pelo tutor.
Para que essa interação flua de maneira construtiva é necessário que as partes –
alunos, professores e / ou tutores – estejam motivados e comprometidos com as tarefas de
ensinar (orientar) e aprender, e num esforço conjunto criar o ambiente de aprendizagem.
Identificamos nesse processo uma característica da educação a distância que a difere da
presencial: criar ambiente de aprendizagem, estimular à responsabilidade, orientar nos
estudos, estando professor e aluno separados fisicamente no tempo e no espaço.
As concepções de tempo e espaço são colocadas como uma das dimensões
fundamentais da EAD. Acostumados à noção do tempo externo a nós, não-experiencial,
universal, vislumbramos com a educação aberta e a distância uma possibilidade de
transgredir a delimitação temporal e espacial impostas pela modernidade. No contraponto
do tempo exterior ao homem emerge a noção de tempo como construto da subjetividade. A

1
Artigo apresentado pela autora no Curso de Extensão Universitária - Formação de Professores para
Atuarem em Ambiente Virtual – da Universidade Católica de Brasília, sob a orientação do Prof. Carlos Lopes,
Brasília, fevereiro-abril, 2007.
2
Mestre em Psicologia pela Universidade Católica de Brasília e docente de História da SEEDF.
noção de espaço é pensada dentro da relação temporal, e ambos – tempo / espaço –
constituem o “evento” do sujeito que faz acontecer, que cria relações.

“Tendo em vista que o tempo só existe em relação a uma


subjetividade concreta e, por isso, é o tempo da vida de cada um e
da vida de todos, o espaço é aquilo que reúne a todos, em suas
múltiplas possibilidades: diferentes de uso de espaço (território)
relacionado com possibilidades de uso do tempo”. (Neder, 2000:
113)

Pensar tempo e espaço enquanto ocorrências que se complementam e se explicam


entre si, é uma especificidade do novo ciclo histórico. Vivemos no instante em que as
relações são articuladas pela rede das tecnologias da informação. Uma rede que transfigura
nossas percepções das coisas, como por exemplo, percebermos próximos do que está
distante. As tecnologias criam a ilusão de um mundo sem fronteiras, imediato, presente,
fugaz, sem tradição.
Essa reflexão nos remete a outra característica da EAD: a utilização intensa de
técnicas eletrônicas nas atividades docentes. Segundo Neder (2000), o uso muito freqüente
das novas tecnologias da informação e comunicação: “informática, telecomunicação, rede,
infovia, multimídia, contribui para que o processo real transforme-se em virtual”. O uso
intenso dessas tecnologias conduz a uma percepção distorcida da essência da educação a
distância. A EAD é confundida com práticas pedagógicas inovadoras, mais interativas e
democráticas. Será que o uso incrementado de tecnologias, por si só, é capaz de mudar as
relações pedagógicas?
Morran (1995) nos explica que as tecnologias permitem a ampliação das atividades
tradicionais de sala de aula, mas ainda não são capazes de substituir, por exemplo, as
funções do professor. As informações podem ser repassadas por meio dos bancos de dados,
dentre outros. Mas a função de orientar, estimular o aluno a pesquisar, instigar sua
inspiração é, ainda, do professor / tutor.
Se a EAD se propõe a contribuir com a formação do sujeito coletivo, autônomo,
crítico e ativo não pode ter como o centro das atenções os artefatos tecnológicos. O foco
das atenções deve se voltar para as habilidades de aprendizagem que são desenvolvidas no
trabalho cooperativo de alunos e professores. Para Morran “as tecnologias de comunicação
não mudam necessariamente a relação pedagógica” (conservadora / inovadora – aberta /
fechada).
Também Alonso (2002) faz uma reflexão acerca da idéia “fetichizada” de que o uso
das novas tecnologias bastaria para resolver os problemas da relação pedagógica em EAD.
E, do mesmo modo que Morran, considera que em modelos pedagógicos auto-regulados,
conservadores, ainda que mediados tecnologicamente, não conseguirão atender às
possibilidades de interação, interlocução e diálogo.
Como saber se um modelo de EAD é auto-regulado ou não? Como diferenciar um
modelo sistêmico de um outro que se projeta como processo em que alunos e professores
trabalham de forma colaborativa, responsável e crítica? Para responder às questões
devemos começar por uma análise dos projetos políticos-pedagógicos das instituições.
Cada instituição tem sua filosofia, podendo a partir de suas matrizes estabelecer seus
objetivos, suas bases metodológicas de desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Todo e
qualquer projeto educativo define uma concepção de aprendizagem. Na concepção de
aprendizagem estão incluídas as concepções de tutoria e de avaliação.
Essa compreensão nos levou a formular a seguinte questão: Como acontecem as
relações pedagógicas (aluno-tutor) em uma modalidade de ensino que pressupõe o
rompimento da relação “face-a-face”, e que se coloca como dimensão de uma pedagogia
transformadora?
Pensando nesta questão optou-se por trazer à reflexão alguns aspectos que
caracterizam o processo de tutoria de um modo geral, e algumas notas que embasam as
discussões sobre a avaliação da aprendizagem em EAD. Em uma segunda etapa,
apresentam-se trechos de entrevistas com dois professores da UCBV sobre essa temática.

1 - A Tutoria e suas Funções

Compreender a função do tutor em EAD exige que compartilhemos da noção de


tempo e de espaço enquanto evento da existência relacional entre sujeitos. Como escreve
Neder (2000), “a orientação acadêmica traz a possibilidade de se garantir o tempo como o
tempo de cada um, na perspectiva do respeito às diversidades e singularidades de grupos e
/ ou indivíduos”.
Referindo-se à tutoria como “orientação acadêmica”, Neder (2000) vislumbra uma
tarefa de dimensões mais amplas. Isso em função de uma pedagogia política em que deve
fundamentar-se a educação a distância. Considera a tutoria um dos elementos da educação a
distância que contribui para mudanças no processo educativo.
O processo de tutoria numa perspectiva transformadora, apresenta como
características básicas:
• abertura de um canal permanente de diálogo entre aluno e tutor;
• ampliação do papel do tutor, sendo este compreendido como sujeito da
construção curricular;
• participação ativa da tutoria nos momentos da organização, acompanhamento e
avaliação dos programas suportes do processo dialógico e do processo de
ensino-aprendizagem;
• acompanhamento do percurso do aluno por meio da observação constante das
suas ocorrências: como estuda; dificuldades apresentadas; quando busca
orientação; qualidade da relação com outros alunos; parcerias para estudar; se
consulta bibliografia de apoio; participação nas atividades propostas;
assiduidade; capacidade de problematizar o conteúdo, etc.
• criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento da capacidade de
organização das atividades acadêmicas e de auto-aprendizagem;
• valorização do aluno como interlocutor do conhecimento, estímulo à sua
independência;
• avaliação contínua e alicerçada na interdependência das possibilidades
diagnóstica, formativa e somativa. (Neder, 200; Azzi, 2002)

Um diferenciador da relação pedagógica convencional é observado na forma como o


diálogo é estabelecido entre aluno e tutor. Essa comunicação é mediada pelas novas
tecnologias. O computador é parte principal desse processo. Sem ele a interlocução entre os
atores não é profícua. Alunos e professores precisam saber manuseá-lo e, principalmente,
saber navegar na Internet.
Enquanto na educação presencial o professor intervém diretamente quando solicitado –
tirar dúvidas ou dar feedback -, na EAD o professor aponta pistas para o aluno, ou seja,
direciona-o a “agentes inteligentes”. Não há um consenso para a definição de “agentes”,
mas há uma combinação acerca de suas características mais comuns, a saber: autonomia,
orientado por objetivos, colaboração, flexibilidade, comunicativo, adaptativo, móvel.
Segundo Campos et al., com essas características “um agente inteligente” se distingue de
um “software tradicional”.

“Um agente inteligente é definido como aquele que executa ações


autônomas flexíveis para atingir suas metas predefinidas, em que a
flexibilidade implica três características: reatividade (percebe o
ambiente em que atuam e responde, em tempo satisfatório, às
mudanças que ocorrem nele); pró-atividade (tem a capacidade de
ter o comportamento dirigido à meta, tomando a iniciativa de
execução de determinadas ações para atingir o estado desejado);
habilidade social (é capaz de interagir com o ambiente, outros
agentes e com humanos)”. (2003: 145)

Sendo assim, a presença do professor deve ser efetiva nas situações de aprendizagem
em ambiente virtual. Estudos têm mostrado que os maiores problemas com as salas de aula
virtuais estão relacionados com a falta de monitoramento e / ou coordenação das atividades
cooperativas. Alguns problemas gerados pela pouca presença do mediador da
aprendizagem, a seguir:

• baixo nível de interatividade;


• aumento da sensação de isolamento e solidão;
• “as relações lógicas envolvidas no conhecimento que está sendo manipulado podem
não se tornar claras para os alunos”;
• baixo nível de motivação do aluno;
• falta de sistematização do conhecimento que está sendo construído;
• baixa participação, etc. (Campos et al.,2003)

Entre os requisitos básicos exigidos na seleção de tutores para atuarem em EAD estão:
capacidade de desenvolver uma interlocução responsável com o aluno, conhecer o projeto
do curso, do material didático das disciplinas, ter domínio do conteúdo específico de sua
área.
A criatividade é uma ferramenta com que o tutor deve contar nas diversas situações de
aprendizagem. Compreendem-se como situações de aprendizagem estudo individual,
trabalhos em equipe e encontros presenciais. Cabe ao tutor estimular no aluno a aquisição
da autonomia nessas diversas situações de aprendizagem. O tutor deve orientar de tal forma
que o aluno crie sua própria metodologia de estudo e se sinta estimulado a continuar
engajado no processo.
Embora cada situação de aprendizagem tenha suas especificidades, há aquelas funções
básicas que podem caracterizar um processo de tutoria, tais como: estimular, motivar,
indicar ao aluno a necessidade de pesquisar e de aprofundar o conteúdo, mostrar a
importância de desenvolver sua independência no processo e adquirir a autonomia da
aprendizagem. Outro componente que está presente em todas as relações de aprendizagem
é a avaliação. (Apontamentos da aula 4 do Curso de Extensão Formação de Tutores, 2007;
Lima, 2002)

2 - Características Básicas da Avaliação da Aprendizagem em EAD

A avaliação é uma temática muito debatida na organização do trabalho pedagógico.


Esse debate está intrinsecamente ligado à compreensão que se tem sobre a relação entre os
procedimentos de verificação e a efetiva aprendizagem dos alunos. Em outros termos, isso
significa que há uma crítica à falta de compreensão quanto ao papel significativo que a
avaliação deve cumprir no processo da aprendizagem. É comum encontrarmos referências
em que a avaliação é vista como:
• aplicação de provas e exames;
• fator negativo de motivação da aprendizagem;
• mecanismo de aprovação e reprovação;
• medição por meio de notas;
• instrumento de disciplinamento. (Luckesi, 1997)

Esse esquema ilustra a função tradicional da avaliação e atendeu, a seu modo, os


requisitos de classificação, de seleção e de exclusão. Como escreve Perrenoud (1999), “isso
nada tem de surpreendente”: em todos os grupos utilizam-se sanções e recompensas para
que as pessoas trabalhem. O sistema de avaliação tradicional não foge à regra, e utiliza-se
da “chantagem” para fazer os alunos trabalhar.
Se bem nos exames, os alunos são recompensados com a confiança e a consideração
do professor. Se “maus alunos”, não conseguem passar nos exames, sofrem sanções. Certas
sanções deixam marcas por toda a vida. O mau desempenho escolar evoca hostilidade,
isolamento, tratamento especial, cristalização de certos estereótipos, que agem como
inibidores das potencialidades dos alunos. (Villas Boas, 2005)
Manter esses padrões tradicionais da avaliação da aprendizagem torna difícil
experimentar iniciativas pedagógicas inovadoras. A educação a distância parece poder
contribuir para uma ressignificação dos componentes pedagógicos, tendo em vista os
objetivos de uma educação melhor, capaz de fluir na direção de um mundo que acontece
em rede de relações. Tem como elementos pedagógicos básicos:
• dialogicidade;
• autonomia;
• presença de tutores;
• interatividade;
• aprendizagem individual;
• educação contínua;
• recursos tecnológicos;
• material didático previamente elaborado.
A avaliação da aprendizagem do aluno se desloca da “pedagogia do exame” e assume
um grau de complexidade que envolve a parceria entre os atores envolvidos no processo:
alunos e tutores. A tutoria, os materiais didáticos, a metodologia de ensino e os objetivos do
projeto político e pedagógico, são elementos constitutivos da avaliação. A presença das
novas tecnologias no processo permite a utilização de formas não-convencionais de
avaliação. Por exemplo, é possível avaliar a capacidade de argumentação e estruturação de
pensamento do aluno por meio de fóruns de discussão e chats.
Campos, et al. (2003) indica algumas finalidades básicas que devem estar presentes no
processo da avaliação em EAD, a seguir:
• determinar em que medida os objetivos educacionais estão sendo realmente
alcançados;
• verificar como o aluno está assimilando os conhecimentos;
• estimular o desenvolvimento do raciocínio do aluno;
• estimular a capacidade de participação;
• buscar uma coerência na teoria e na ação;
• ser reflexiva, crítica e emancipatória;
• considerar todas as situações de aprendizagem;
• utilizar a observação constante do desempenho do aluno;
• utilizar instrumentos e procedimentos de verificação adequados a cada situação
de aprendizagem;
• ser parte constitutiva de todo o processo educativo.

2.1 – Modelos de Avaliação

A avaliação em EAD apóia-se na interdependência das modalidades já conhecidas na


educação presencial: diagnóstica, formativa e somativa. A primeira é realizada no começo e
durante as situações de aprendizagem. Seu objetivo é diagnosticar os problemas na
aprendizagem. A formativa percorre todo o processo do ensino-aprendizagem e tem,
também, função diagnóstica. Sua característica de continuidade indica o movimento
dialógico da ação didática com a aprendizagem. A avaliação somativa tem por objetivo
estabelecer marcos e aplicar testes. É comumente aplicada no meio e no final do processo.
(Azzi, 2002; Alonso, 2002; Campos et al., 2003)
Como nos referimos anteriormente, a avaliação em EAD é um processo contínuo,
realizada na interlocução de alunos e professores. Segundo Campos et al. (2003), em EAD
não há necessidade de ensinar para a avaliação, porque ela está dentro de todo o processo
educacional, ela é onipresente. Os processos utilizados para avaliar o desempenho dos
alunos são constituídos de aspectos quantitativos e qualitativos.
A avaliação quantitativa é utilizada para medir em que nível os objetivos foram
alcançados e pode ser feita na forma on-line ou presencial. Há uma preocupação com a
qualidade dos instrumentos de avaliação. Esses devem ser capazes de mostrar com clareza
o que foi ensinado e o que foi aprendido. Os instrumentos mais utilizados nesse tipo de
avaliação são provas com questões de múltiplas escolhas e discursivas.
A avaliação qualitativa está presente durante todo o processo de ensino-aprendizagem.
“É um processo de avaliação contínuo”. O professor utiliza “parâmetros subjetivos” para
analisar e avaliar continuamente disposições do comportamento do aluno: atitudes,
participação, interesse, níveis de colaboração e cooperação, espírito crítico, autonomia
intelectual.
Com base nessa análise foi possível organizar o Mapa Conceitual 1, a seguir:

MAPA CONCEITUAL 1 – CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM EAD

AVALIAÇÃO

Abordagens Características Formas Função

Quantitativa Validade Diagnóstica Apreciar o nível de


Qualitativa Discriminação Formativa conhecimento
Dificuldade Somativa Apreciar atitudes/
Objetividade comportamento
Identificar mudanças
Subsidiar intervenções
(reorientação – revisão
EAD do processo de ensino)

Formas não convencionais mediadas pelas


Tutoria novas tecnologias da informação e da
comunicação: fóruns – chats - software Coerência na teoria e na ação

Recursos metodológicos Definição dos objetivos da


aprendizagem
Processo contínuo
2.3. A Experiência Relatada: Recortes de Entrevistas

O objetivo é ilustrar a compreensão sobre os conceitos de avaliação e sistema de


tutoria em EAd. A seleção dos trechos se deu de forma aleatória, contudo, procurou-se dar
ênfase às questões que sinalizaram uma relação com itens descritos no presente ensaio. As
entrevistas aconteceram no Fórum de Entrevistas realizado nos dias 16 a 21 de março de
2007, no curso de formação de tutores da UCBV.

Entrevista com o Professor Francisco Wollman3

Fátima: (...). Percebo que em EAD o conhecimento do "conhecimento prévio" do aluno


por parte do sistema de tutoria é um elemento importante para o processo "ensino-
aprendizagem". Por outro lado, aprendi que o modelo de tutoria é determinado pela
organização educacional, ou seja, depende do modelo de educação adotado. Com a
interação do grupo as diferenças e necessidades vão sendo conhecidas. Gostaria que
comentasse sobre as possibilidades de direcionamento do processo "ensino-aprendizagem",
se estas são dadas ao tutor de acordo com o modelo estabelecido?

Prof. Wollmann: (...) A UCBV, tem um conjunto de regras estabelecidas por especialistas
em "ensino-aprendizagem" que observamos e os direcionamentos vão sendo adequados em
função das respostas do grupo como um todo. Você terá oportunidade de constatar, pelo
menos nas turmas de graduação, e surpreendentemente para mim, que se formam grupos
relativamente homogêneos, e não saberia explicar com precisão se isto ocorre devido a
proximidade virtual entre eles; se em função de propósitos mais bem definidos que em
alunos de cursos presenciais; se há um maior nível de maturidade pessoal, enfim, são
inferências que faço sobre as variáveis que temos que manipular. Portanto Fátima, o tutor
tem liberdade sim para se ajustar às características das turmas.(...).

3
O professor Francisco Wollman.é docente da Universidade Católica de Brasília desde 1979. Atualmente
trabalha com a disciplina de Economia, no Curso de Graduação em Administração oferecido a distância. E
trabalha no curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Comércio Exterior, também a distância.
Francine: Professor, quando você fala sobre a formação de grupos relativamente
homogêneos, isso não vai de encontro ao princípio da aprendizagem cooperativa, que preza
a formação de grupos heterogêneos?

Prof. Wollmann: Francine, o homogêneo referido diz respeito ao comportamento dos


alunos, não necessariamente ao rendimento. Portanto, não diria que está em desarmonia
com a aprendizagem cooperativa (...).

Sulivan: (...) A dúvida que mais me preocupa: como construir sistemas de avaliação no
contexto da EAD.

Prof. Wollmann: No tocante a sua preocupação com a avaliação, você irá gradualmente
evoluindo em um sistema e encontrarás um ponto de equilíbrio. Cabe destacar que se
instituir um Fórum Permanente de Dúvidas é um bom procedimento para se acompanhar os
alunos e, na graduação, uma Portaria ou algo assemelhado, baixado pelo MEC (no ano
passado ou nesse ano) estabelece a obrigatoriedade de provas presenciais escritas com um
mínimo de 40% da avaliação. Não tenha dúvida que esta sua preocupação com a
avaliação, também a tive, mas ela pode ser bem estabelecida tal que se existe alguma
dúvida quanto ao rendimento do aluno, isto é minimizado ou até mesmo desaparece (...).

Lídia: Um dos nossos textos para leitura aborda o estudo individual e o trabalho em
equipe. Considerando que cada um deles tem características e objetivos particulares, na sua
experiência qual dos dois métodos se adequa melhor à EaD e qual promove a melhor
aprendizagem?

Prof. Wollmann: Lidia, as duas formas referidas podem ser utilizadas para promover a
aprendizagem. Quanto a melhor forma, objetivamente não saberia responder, mas diria que
são os próprios alunos que sinalizam para qual dos métodos se adequa melhor à eles(...).
Entrevista com o Prof. Juarez Moreira4

Sulivan: (...) Sou professor de disciplinas como sociologia, antropologia e ética. eu estou
fazendo este curso porque algumas das disciplinas que ministro serão nesta modalidade de
EAD. E resolvi fazer os cursos para tentar, de alguma forma, sanar deficiências e uma visão
negativa que disponho da educação à distância mas que com o curso eu estou
desconstruindo. bom, em relação a este fórum, eu disponho de algumas dúvidas em relação
a própria condução do sistema de tutoria: como conduzir, motivar alunos, etc. mas o que
me deixa mais apreensivo se refere ao processo de AVALIAÇÃO. isto é, como devo
montar? e o processo de mensuração das notas? participação de alunos? creio que ao ser
tutor teria um número grande de alunos e como dar a devida atenção e ser o mais ético
possível nas avaliações?

Prof. Juarez Moreira: Grato pelo ponta-pé-inicial. A Avaliação é o nó górdio da


educação. O planejamento é essencial. Devemos explicitar para os estudantes os critérios
que vamos utilizar tanto na condução do processo de tutoria quanto na avaliação. Quanto à
motivação, creio que uma presença constante se faz necessária (...).

Fátima: Sobre o tema avaliação, "o nó górdio da educação", como o Sr. enfatizou,
gostaria que comentasse sobre sua experiência na UCBV nos seguintes aspectos: - Quem
avalia a aprendizagem, é o tutor? Quantos professores participam da avaliação? - Sabemos
que a avaliação fornece um feedback ao professor de possíveis falhas no processo de
ensino. Em quais elementos o tutor se apóia para identificar o problema? E qual a
orientação para a sua solução?

Prof. Juarez Moreira: Cada tutor avalia o caminhar de “seus” educandos. Trabalho no
curso das IUS em que o educador apresenta ao final o seu trabalho. Neste, há uma Banca
examinadora. Você abordou bem a questão da avaliação. Avaliamos não para punir; mas,

4
O professor Juarez Moreira trabalha com o curso de Aprendizagem Cooperativa e Tecnologia na
Universidade Católica de Brasília desde 2001. Atualmente trabalha com a disciplina Organização da
Educação Brasileira para estudantes do curso de graduação a distância em Filosofia. É, também, docente do
curso de Formação de Professores (PROFORM).
para corrigir rota. A avaliação de pessoas não é um cálculo, frio e burocrático. Decidir se a
pessoa vale dez ou zero, não é um procedimento matemático, envolve muitos fatores
objetivos e subjetivos. Há um árbitro de futebol que diz: quando há regra não é clara a
desordem se instala. Por isso costumo esclarecer ao aprendente os critérios que irei utilizar
na avaliação. Isto torna a relação mais franca e humana (...).

Juliana: Não tenho nenhuma experiência em EAD e tenho muitas dúvidas no assunto, uma
delas é com relação à avaliação, um pouco já discutida anteriormente. Gostaria de saber
qual a sua opinião a respeito das três modalidades enfocadas no material que temos
disponível: a avaliação diagnóstica, a somativa e a formativa. Li que em EAD a avaliação é
principalmente formativa. Qual delas o senhor julga mais interessante para aplicarmos em
ambiente virtual?

Prof. Juarez: Creio que estas etapas da avaliação não podem ocorrer privilegiando uma ou
outra. Por outro lado, no processo educativo não existem fórmulas e nem caminho único.
Com cada turma teremos nova dinâmica. Isto é o bonito na educação. Avançaremos se
soubermos adaptar os programas às necessidades dos educandos, criando conexões com o
cotidiano e com o inesperado. Se aprendermos a equilibrar o planejamento e a criatividade,
a organização e a adaptação a cada situação; a aceitar os imprevistos, a gerenciar o que
podemos prever, a incorporar o novo, o inesperado. Este “quefazer” torna a avaliação um
momento de aprendizado e não um ajuste de contas (...).

Considerações mais ...

A análise permitiu observar que a eficácia do processo educativo em EAD depende


muito do nível de autonomia e do compromisso de todos os participantes. Autonomia em
ambientes de aprendizagem cooperativa “é identificada pela capacidade [dos agentes] de
exercer controle sobre suas ações” (Grifo meu. Campos et al., 2003).
A avaliação é parte importante do processo de ensino-aprendizagem sendo orientada
para acontecer durante todo o processo. O uso freqüente dos recursos tecnológicos permite
uma diversificação dos procedimentos e instrumentos de avaliação. Apesar dos aspectos
qualitativos ganharem mais destaque, os aspectos quantitativos têm também sua relevância.
A avaliação da aprendizagem em EAD enfrenta os mesmos desafios da educação
presencial. A sua definição depende dos pilares em que se fundamenta o projeto político da
aprendizagem. É a percepção por parte do processo de tutoria de como o aluno aprende que
sinaliza se a avaliação se processa de forma emancipatória, criativa, crítica, ou não. Em
síntese, avaliar a aprendizagem do aluno não é uma tarefa fácil, por essa razão insistimos na
pesquisa:
• Como avaliar o desempenho de alunos em tarefas mediadas pela Internet?
• Como validar provas on-line se não podemos ver quem está on-line?
• Como avaliar níveis de autonomia, cooperação, interesse, participação?

Referências

Alonso, K. M. (2002). “A avaliação e a avaliação na educação a distância: algumas notas


para reflexão”. Disponível em
http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/ead/eadtxt5b.htm
Capturado em 5/03/2007.

Azzi, S. (2002). “A avaliação de desempenho do aluno”. Disponível em


http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/ead/eadtxt5b.htm
Capturado em 5/03/2007.

Campos, F.C.A. et al. (2003). Cooperação e aprendizagem on-line. Rio de Janeiro: DP &
A.

Luckesi, C. C. (1997). Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São


Paulo: Cortez.

Neder, M. L. C. (2000). “A orientação acadêmica na educação a distância: a perspectiva de


(re) significação do processo educacional”. Em Preti, O. (org.) Educação a Distância:
construindo significados. Cuiabá: NEAD/IE – UFMT; Brasília: Plano.
Perrenoud, P. (1999). Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens - entre duas
lógicas. Porto Alegre: Artmed.

Villas Boas, B. M. F. (2005). O portfólio no curso de pedagogia: ampliando o diálogo entre


professor e aluno. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 26, n. 90, p. 291-306,
Jan./Abr. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br Capturado em 1/04/2007.

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