Вы находитесь на странице: 1из 11

Uma revisão teórica sobre os impactos da inovação e tecnologia

na Ciência Ecônomica

Everson de Almeida Leão 1


Luciano Busato 2
Rodrigo Hermont Ozon 3

Trabalho apresentado em 19 de dezembro de 2008 ao Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento


Econômico/ Industrial – UFPR/IBQP, como requisito parcial a obtenção de conceito na disciplina
de Dinâmica da Inovação.

Resumo
Este trabalho apresenta uma revisão dos conceitos e devidas interelações en-
tre economia e tecnologia, as principais concepções de paradigma e trajetória tec-
nológica e os meios analı́ticos do processo de difusão, os processos de mudança orga-
nizacional, competitivo e SNI no modelo evolucionista e suas formas de articulação
comparando as fundamentais concepções teóricas recorrentes.
Palavras-Chave: Economia & Tecnologia. Paradigmas. Difusão tecnológica.
Modelo Evolucionista

1 Introdução
Este artigo tem como objetivo a análise dos principais conceitos teóricos a cerca da
dinâmica da inovação observando suas caracterı́sticas e como se dá sua difusão com o
ferramental disponı́vel na teoria neo-shumpeteriana a partir do pensamento clássico de
Crhis Freeman [5], Giovanni Dosi [4], Nelson & Winter [8] e Nathan Rosenberg [12].
Inicialmente, são abordadas diferentes perspectivas sobre a relação entre economia
e tecnologia afim de solucionar de forma analı́tica a relação que se dá entre ambientes
econômicos e tecnológicos, incluindo em seguida nesta analise, na segunda seção a con-
ceituação analı́tica do paradigma e da trajetória tecnológica verificada no ambiente de
inovação, baseada em mudanças técnico-econômico que implicam em uma combinação
entre de inovação tecnológica, produto, processo e gestão.
Este estudo analisa também o processo de difusão de tecnologia seja ela adaptativa
e/ou incremental procurando também explicar como se desenvolve o processo competitivo
e de mudança da organização industrial no modelo evolucionista, abordando as mudanças
no ambiente econômico que levam a inovação, os aspectos da teoria da hereditariedade
neo-shumpeteriana evolucionista, onde também é abordado o comportamento de grandes
organizações e atores de uma economia global.
A partir de uma economia competitiva integrada, discute-se o conceito de SNI (Sis-
tema Nacional de Inovação), bem como a importância de seus componentes e formas de
articulação na penúltima seção e finalmente são expostas as considerações finais a respeito
desta investigação.
1
Economista e pesquisador visitante do Programa de Mestrado Profissional em Desenvolvimento
Econômico/Industrial UFPR/IBQP. End. eletrônico: eversonecon@gmail.com
2
Economista e bolsista do Programa de Mestrado Profissional em Desenvolvimento
Econômico/Industrial UFPR/IBQP. End. eletrônico: luciano.busato@ibqp.org.br
3
Economista e bolsista do Programa de Mestrado Profissional em Desenvolvimento
Econômico/Industrial UFPR/IBQP. End. eletrônico: rodrigo.ozon@ibqp.org.br
2

2 As perspectivas sobre a relação entre economia e


tecnologia
O elevado grau de complexidade das relações existentes entre Economia e Tecnologia
apontam para os desafios de desenvolvimentos teóricos pertinentes. A respeito disto Free-
man (1995) [5] aponta que agentes heterogêneos com racionalidade limitada são capazes
de avaliar o ambiente seletivo em que estão inseridos e mesmo não podendo deter todas
as informações, são capazes de moldar este ambiente de maneira estratégica, levantando
assim uma importante questão sobre “o que estaria por trás da evolução” uma vez que a
seleção ocorreria sobre variação e que o resultado deste processo seletivo implicaria em
redução da variedade, enquanto Dosi (1998) [4] complementa definindo tecnologia como
“um complexo de conhecimentos práticos e teóricos englobando além de equipamentos
fı́sicos, não apenas know-how, métodos e procedimentos, mas também experiências bem
ou mal sucedidas.”
Já Nelson & Winter (1997) [8] se contrapõem ao argumento neoclássico4 de que o surg-
imento das inovações onde a FPP da função de produção5 seria expandida pelo progresso
técnico alegando que a dinâmica tecnológica seria o motor do desenvolvimento econômico
e que a resolução de gargalos tecnológicos são alvos claros de aperfeiçoamentos (trajetórias
naturais) definidoras de metas para projetos de P&D, o que Rosemberg (1976) [12] de-
lineia como dispositivos de focalização onde os problemas tı́picos ou metas tendem a se
ajustar ao processo de busca a direções particulares, assumindo desta maneira a forma de
imperativos tecnológicos guiando a evolução de novas tecnologias.
Um ponto convergente nesta discussão é de que a aprendizagem ocorre com a rotina
e que sua direção é dada pela trajetória tecnológica definida pelo paradigma de que além
de path-dependent, implica em irreversibilidade, isto é, uma vez alcançada nova posição
ou novo patamar no progresso da trajetória, não existe a possibilidade de volta a situação
anterior.

2.1 Como solucionar analiticamente essa relação ? Até que


ponto é exógena a ciência ?
Na visão de Rosenberg (1994) [13] a complexidade analı́tica pode ser modelada pelos
economistas que olharem a questão central das pesquisas cientı́ficas no estudo do cresci-
mento econômico onde empresas cientı́ficas moldadas pelas suas preocupações tecnológicas
de várias maneiras desempenham um papel fundamental6 .
O autor reforça a idéia de que é difı́cil estabelecer um elo/distinção entre ciência básica
e aplicada passando pelos exemplos nos quais os desenvolvimentos tecnológicos em ambi-
entes operacionais vistos como básicos foram utilizados em outras áreas do conhecimento
4
Os autores criticam o fato de os modelos neoclássicos se inspirarem nos princı́pios da mecânica
newtoniana, com um objetivo analı́tico primordial de atingir equilı́brio e condições de maximização sob
incerteza não bayesiana, enquanto os modelos evolucionários, de inspiração biológica, assumem visão de
um sistema em desequilı́brio e adaptativo por natureza onde os agentes heterogêneos envolvidos estão
suscetı́veis a mutações no processo de tomada de decisão. Para uma definição mais ampla, consulte
Nelson & Winter (1982) [9]
5
Uma função de produção genérica pode ser dada por Q = f (L, K, t), onde Q é o produto, L é a força
de trabalho, K é o capital e t é o progresso técnico.
6
“Os melhoramentos tecnológicos fazem mais do que gerar a necessidade de tipos especı́ficos de novos
conhecimentos. O avanço do conhecimento freqüentemente só se dá por meio da experiência real com
uma nova tecnologia em seu ambiente operacional.” Rosenberg (1994, p. 225) [13]
3

e aprimorados posteriormente, mostrando assim que a tecnologia é uma fonte de questões


e problemas para a ciência e que ela é um enorme repositório de conhecimento empı́rico
para ser avaliado e investigado pelos cientistas.
Deste modo o progresso tecnológico contribui para a definição de uma agenda de
pesquisa cientı́fica onde esses avanços disponibilizam novos instrumentos e equipamentos
para atividade cientı́fica.
Para Rosemberg (1994, p. 159) [13] existem “poderosos impulsos econômicos moldando,
dirigindo e constrangendo o empreendimento cientı́fico”, ou seja, em qualquer momento
no tempo, é provável que a alocação de recursos cientı́ficos seja dominada por uma prévia
evidência de retornos tecnológicos, mas também além disso, existe uma razão mais ampla7
pela qual a tecnologia molda os empreendimentos cientı́ficos como o desenvolvimento de
técnicas de observação, de teste e medidas, em suma de instrumentação.
Estes são os principais fatores que fazem com que muitos economistas vejam a ciência
como uma força exóogena que não pode ser submetida a análise econômica e o processo
de industrialização inevitavelmente transforma a ciência numa atividade cada vez mais
endógena, ao aumentar sua dependência com relação à tecnologia.
Todavia, salienta-se que um arquétipo promissor para a compreensão dos avanços
cientı́ficos será um modelo que combine a lógica do progresso cientı́fico com alguma con-
sideração dos custos e recompensas que derivam da vida cotidiana e que estão ligados à
ciência por intermédio da tecnologia.

3 Os conceitos de paradigma e trajetória tecnológica


Dosi (1982, p.152) [4] faz uma analogia ao paradigma cientı́fico de Kuhn propondo
o paradigma tecnológico “como um modelo ou padrão de soluções de problemas tec-
nológicos selecionados, baseados em princı́pios selecionados, derivados das ciências nat-
urais”, mostrando que o desenvolvimento da ciência é similar ao tecnológico, transpondo
o significado da ciência normal para a trajetória tecnológica ou progresso técnico normal,
que seria o padrão normal de resolução de problemas no campo do paradigma tecnológico
vigente. Em sua teoria, o progresso técnico normal se opõe aos processos de inovação
radicais derivados de paradigmas tecnológicos emergentes.
Já para Perez (1986) [10] e Freeman (1982) [5] um processo de inovação básico e isolado
é menos importante do que as interações que um cluster (agrupamento) de inovações pode
ter com o processo de mudança social e organizacional. Estas interações impulsionam o
mercado a crescer velozmente, possibilitando que grande quantidade de capital possa ser
investido em novas direções (Freeman, 1982b, p. 5) [5]. Vistos desta forma, sistemas de
inovações são mais importantes do que inovações isoladas.
Em suma, evolução tecnológica é um processo complexo. Na visão de Perez (2001,
p.119) [10]: “As tecnologias se interconectam em sistemas, que por sua vez são interde-
pendentes, tanto entre si, como na relação com seu entorno fı́sico, social e institucional”.
Com efeito, esta abordagem de sistemas de inovação é mais ampla que a proposta de
Dosi (1982), mas há outra diferença fundamental. Todavia, os paradigmas derivam
de um conjunto de regras. Perez (1986) preconiza que à medida que vão se estabele-
cendo os principais elementos do conjunto de regras ou conceitos-guia derivados do novo
paradigma econômico e tecnológico, “ocorre uma mudança na estrutura geral de custos,
7
O autor salienta que a documentação completa desta afirmação seria equivalente a uma detalhada
discussão da história da ciência ao longo dos últimos 400 anos.
4

fazendo com que o modelo a seu redor cresça em complexidade e coerência, muito além
de uma simples modificação técnica”. Descrevendo a natureza sistêmica e os processos de
retro-alimentação deste fenômeno, Perez utiliza o exemplo da indústria microeletrônica,
na qual observa uma produção de componentes cada vez mais potentes, mais capazes e
mais velozes, construindo uma rede de sistemas e subsistemas capazes de fornecer uma
inteligência distribuı́da por um baixo custo, que se retro-alimenta a todo tempo.
A partir do conceito de destruição criativa de Schumpeter, a autora explica que o
surgimento de um novo paradigma e os processos de inovação radical atingem seu pico
em momentos de crise e acabam por desencadear mudanças não exclusivamente no campo
sócio-econômico, mas também no institucional:
“Um salto quântico na produtividade potencial abre caminho para um grande au-
mento na geração de riqueza, mas os bens especı́ficos que formam esta maior riqueza
e a forma de distribuição, serão determinados pelo marco sociopolı́tico que será es-
tabelecido. Historicamente, cada transição tem modificado tanto as condições inter-
nas de diversas camadas e grupos sociais em cada paı́s, como a posição relativa dos
paı́ses na geração e distribuição da produção mundial ” Perez (1986)][10]

Logo, as mudanças no paradigma técnico-econômico, implicam combinações de in-


ovações inter-relacionadas: são inovações tecnológicas, de produto, de processo, de orga-
nização e de gestão. Essas mudanças trazem consigo a possibilidade de saltos qualitativos
e quantitavos de produtividade na economia, abrindo uma gama de oportunidades de
investimento e de benefı́cios para a nação.

4 O processo de difusão da inovação


A propensão de o sistema inovar ocorre em perı́odos de crescimento. Nesses perı́odos
há o desenvolvimento da onda primária, onde ocorre a inovação, desenvolvendo-se na onda
secundária os efeitos multiplicadores, isto é, o processo de difusão da inovação8 , dando
inı́cio a um perı́odo de crise econômica e social. Nesse sentido, a inovação consiste, por um
lado, no inı́cio de uma crise e, por outro lado, na sua recuperação à medida que os setores
industriais, bem como as estruturas sócio-institucionais, vão adequando-se às inovações
(Freeman e Perez, 1988 p. 59) [6]. Nas palavras dos autores:
“É evidente que este é um perı́odo de transição caracterizado por uma profunda
mudança estrutural na economia que requer transformações igualmente profundas
nas instituições sociais. O quadro de uma recessão prolongada tende a indicar o
crescente grau da má combinação entre o subsistema técnico-econômico e a velha
estrutura sócio-institucional.”

Schumpeter distingue as inovações capazes de provocar rupturas no equilı́brio geral


das que provocam reações adaptativas. Deste modo, uma inovação que implique em novos
investimentos e englobe atividades econômicas com grandes encadeamentos a jusante e a
8
Esta é uma teoria desenvolvida inicialmente por Everett Rogers em seu livro Diffusion of Innovations
em 1903, abordando essencialmente as questões de o quê é, qual, porquê e como a taxa de novas idéias e
culturas se espalham através da tecnologia. Nas palavras de Rogers (2003) [11] “Diffusion is the process
by which an innovation is communicated through certain channels over time among the members of a
social system.” Apresenta a idéia de que as inovações se espalham pela sociedade como uma curva S, na
qual os primeiros a adotarem as novas tecnologias são seguidos pela maioria, até que inovação se torne
uma tecnologia comum.
5

montante induzirá a realização de inovações adaptativas. Assim, “na esteira das inovações
primárias e induzidas, [haverá] uma “onda secundária” capaz de manter, durante algum
tempo, efeitos de “desajuste”, ao mesmo tempo abrangente e significativos, e, assim (...),
provocar uma flutuação (...) que possa ser chamada de ciclo” Schumpeter (1985, p.
192) [15].
No entanto, a inovação pode ser pode ser vista como algo novo ou uma combinação
de elementos já existentes sob duas definições: Campos (2004) [1]

• Inovações radicais: desenvolvimento e introdução de um novo produto ou pro-


cesso ou forma de organização completamente nova. O impacto dessa inovação pode
romper a estrutura ou padrão tecnológico anterior, além de uma esperada redução
de custos e melhoria na qualidade dos produtos com a implementação desta nova
tecnologia. Ex.: máquina a vapor e avanços da microeletrônica. (Freeman, 1994) [5]

• Inovações incrementais: Podem se referir à introdução de qualquer tipo de mel-


horia em um produto, processo ou organização da produção dentro da empresa sem
alteração na estrutura industrial, podendo gerar maior eficiência técnica, aumento
da produtividade e da qualidade, redução de custos e ampliação das aplicações de
um produto ou processo.

Dentro de um espectro ilustrativo, o setor de serviços é citado como exemplo na maioria


das aplicações empı́ricas uma vez que emprega empresas com conhecimentos (know-how )
de nı́vel mais aprimorado na difusão de seu discernimento para outras que a socilitam.
Já para Cassiolato e Lastres (2005) [3] os Sistemas Nacionais de Inovação (doravante
SNI´s) constituem-se de elementos e relações que interagem na produção e difusão de
conhecimento.

5 O processo competitivo e de mudança organiza-


cional no modelo evolucionista
A análise do desenvolvimento do processo competitivo concomitantemente à trajetória
de mudanças na organização industrial no modelo evolucionista, segundo Dosi (1998) [4]
abrange as mudanças no ambiente econômico, sendo estas caracterı́sticas do sistema que
constantemente são estimuladas pelo simples processo técnico ao longo de uma trajetória
tecnológica. Pode-se entender que essas mudanças são atividades tecnológicas normais
no processo. Já os esforços tecnológicos extraordinários estão relacionados com a busca
de novas direções tecnológicas, tais esforços aparecem a partir de novas oportunidades
abertas por desenvolvimentos cientı́ficos e/ou por dificuldades enfrentadas diante uma
direção tecnológica por razões tecnológicas ou econômicas, ou ambas.
Para uma melhor compreensão de como se desenvolve o modelo evolucionista devemos
considerar à luz de Nelson Winter (1992) [8] aspectos da teoria neo-shumpeteriana da
hereditariedade na economia. Este modelo compara elementos econômicos aos genes da
biologia. Sendo que o papel do gene biológico é comparado às rotinas seguidas pelos
agentes econômicos e da coleção de ativos de que a firma dispõe.
Nelson & Winter (1992) [8] resumem outros aspectos fundamentais à evolução da
firma, sendo que a rotina e o repertório são tarefas cotidianas de uma organização neo-
shumpeteriana.
6

Partindo desse ponto de vista, observa-se que o modelo evolucionista está fadado ao
surgimento e ao desenvolvimento de organizações multinacionais que atuam sistemica-
mente em um cenário globalizado e integrado. Neste sentido, Freeman (1995) [5] exem-
plifica que o desenvolvimento de grandes corporações com economias de escala e com
possibilidades de distribuição e comercialização de seus produtos e serviços no âmbito
mundial, se utiliza de diferentes localizações para a realização do processo de produção e
venda padronizando seus produtos. O autor elucida que a padronização da produção pode
ser considerada irreal considerando as dificuldades encontradas para padronizar normas
técnicas em diversas áreas do sistema produtivo.

6 Conceitos, principais componentes e formas de ar-


ticulação do SNI na perspectiva evolucionista
A inovação tecnológica que fomenta a transformação do conhecimento em produtos,
processos e serviços torna-se cada vez mais importante para o desenvolvimento sócio-
econômico dos paı́ses. De acordo com Freeman (1995)9 [5]: “Quando a inovação torna-
se radical, torna-se importante a variedade institucional e o aprendizado local.” Nessa
abordagem, as polı́ticas nacionais passam a enfatizar as interações entre as instituições que
participam do amplo processo de criação do conhecimento e da sua difusão e aplicação.
A teoria evolucionista destaca a não-linearidade e a instabilidade das mudanças tec-
nológicas como fontes da variedade e complexidade da dinâmica econômica, em vez de
entendê-las como fenômenos transitórios e perturbadores, como o faz a teoria neoclássica.
O enfoque evolucionário trata a mudança econômica como um processo irreversı́vel,
em que o tempo e a dinâmica complexa desempenham um papel essencial na compreensão
da mesma.
Dentro da abordagem da teoria evolucionária do desenvolvimento tecnológico, exis-
tem evidências empı́ricas que sugerem que a dinâmica da inovação, base do processo de
transformação econômica, depende não só dos recursos destinados para esse fim, mas,
sobretudo, do processo de aprendizagem e da difusão da tecnologia10 . A base da apren-
dizagem está no conhecimento que, por esse enfoque, pode ser classificado como: universal
ou especı́fico, articulado ou tácito e público ou privado. (Dosi,1988) [4]
Nos Sistemas Nacionais de Inovação os processos passados (no sentido dos caminhos es-
colhidos para a dinâmica da inovação) tendem a influenciar o presente. Essa caracterı́stica
é conhecida como dependência de caminhos e é percebida pela dinâmica das trajetórias
tecnológicas. Além disso, mesmo apresentando um alto grau de especificidades nacionais
os sistemas podem ter uma multiplicidade de configurações institucionais estáveis.
9
O autor define SNI como “um sistema que envolve as entidades governamentais, universidades, insti-
tutos de pesquisa e empresas, com o objetivo de obter inovações em produto ou mesmo em processo.” [5]
10
Nas palavras de Campos (2003) [1]:
“O desenvolvimento do conceito de Sistema Nacional de Inovação pressupõe, ainda, uma
abordagem teórica distinta da ortodoxia econômica. A unidade de análise é a firma in-
ovadora, definida como uma organização ativa, bastante distinta da firma representativa
dos modelos de equilı́brio geral. A firma inovadora, buscando a realização de lucros, atua
com racionalidade restrita (ou limitada), utilizando-se de rotinas e mecanismos de busca,
adotando estratégias e tecnologias que serão (ou não) sancionadas por mecanismos de
seleção tanto mercantis quanto sócio-institucionais.” (apud Perez, 1986).
7

Contextualiza Freeman (1998) [5] que em inovações radicais corporações multinacionais


apresentam papel fundamental, no sentido de difusão de equipamentos especializados e
habilidades para novas localizações estimulando e organizando o processo de aprendiza-
gem. Essas empresas tem condições de efetivar contratos de transferência de tecnologias
com seus concorrentes e de formar joint-ventures em qualquer lugar que julgar conve-
niente. Assim sendo a guerra de incentivos entre governos é desencadeada no sentido de
atrair o fluxo de investimento e transferência de tecnologia que tais empresas são capazes.

“O número de estados possı́veis de equilı́brio após uma transição é maior ou igual


ao que existia antes da transição. Por isso, ainda que o estado padrão inicial de
equilı́brio seja único, levando a uma configuração institucional particular, o número
de estados estáveis poderá ser maior que um após a transição. Essa propriedade é
chamada de estabilidade múltipla e pôde ser percebida pelos diagramas de bifurcação
apresentadas pela dinâmica do modelo quando a taxa de inovação bruta for consid-
erada no intervalo entre i = 2 e i = 2,5.” (Campos e Costa, 1998) [2]

Há, finalmente, irreversibilidades na dinâmica apresentada pelas mudanças tecnológicas


nos Sistemas Nacionais de Inovação presente na impossibilidade de volta a um paradigma
técnico anterior. Essa irreversibilidade é resultante das modificações causadas no âmbito
econômico, social e institucional pela adoção de uma dada trajetória tecnológica. Assim,
os agentes econômicos individuais ao explorarem o ambiente tecnológico (e conseqüente-
mente o econômico) existente, sob incerteza, acabam por transformá-lo contı́nua e irre-
versivelmente.
O governo brasileiro estabelece através da Lei 10.933 (Anexo I, Orientação Estratégica
de Governo, 2008) [7] três prioridades para enfrentar a necessidade de consolidação e
articulação do SNI:

• a utilização/difusão da ciência e da tecnologia para a melhoria da qualidade de vida


da população nesta e nas próximas gerações;

• o desenvolvimento das potencialidades regionais;

• a intensificação da pesquisa e da inovação no setor privado.

Dentro deste escopo, Campos (2003) [1] elucida muito bem a articulação do SNI, pelas
inter-relações entre agentes e instituições capazes de determinar o poder e a eficiência
da produção, bem como o uso e difusão de novos conhecimentos, marcando o estado de
desenvolvimento tecnológico da nação.

“As ligações entre essas unidades são feitas através de:


a) Fluxos financeiros provenientes de fundos públicos e privados;
b) Ligações legais e polı́ticas como as regras de propriedade intelectual, determinação
de padrões técnicos e polı́ticas nacionais de promoção, geralmente coordenadas pelas
unidades estatais;
c) Fluxos tecnológicos, cientı́ficos e de informação que direcionam o mercado doméstico;
d) E finalmente, fluxos sociais como o deslocamento de pessoal, que ocorre não só
das universidades para as indústrias como também de firmas para firmas.”
8

7 Considerações finais
O artigo revisou as principais conceituaçõese abordagens teóricas a respeito do processo
da dinâmica da inovação na economia com uma maior inclinação a contribuição neo-
schumpeteriana.
Alguns resultados interessantes foram encontrados. Em primeiro lugar, verificou-se que
a complexidade envolvida na discussão de economia e tecnologia é pouco elucidada pela
teoria ortodoxa e que se encararmos a discussão numa esfera sistêmica e evolucionária,
somos capazes de visualizar a dinâmica não-linear dos efeitos gerados pela difusão de
conhecimentos oriundos da combinação de ciência e tecnologia, experiências bem ou mal
sucedidas, métodos e procedimentos e na aprendizagem (via rotinas) na economia.
No entanto, a dificuldade analı́tica desta corrente pode ser modelada por economistas
estudiosos do fenômeno de crescimento com direcionamento básico de suas pesquisas a em-
presas cientı́ficas com suas preocupações tecnológicas, onde desenvolvimento tecnológicos
nestes ambientes operacionais foram utilizadas e aprimoradas posteriormente em out-
ras áreas de conhecimento. Todavia, conforme salienta Rosenberg (1994) [12], além do
empreendimento cientı́fico é provável que haja uma motivação em termos de retornos tec-
nológicos e ademais interesses de cunho de melhorias nas técnicas de metria, observação,
ou seja, de instrumentação; distorcendo a visão de muitos economistas a respeito da
ciência como uma força exógena e impassı́vel de análise em conjunto com a colaboração
do processo de industrialização “endogeneizando” cada vez mais a ciência ao aumentar
sua dependência em relação a tecnologia.
Outro ponto crucial se concentra na discussão de paradigmas e trajetórias tecnológicas,
onde se mostra que o desenvolvimento cientı́fico é similar ao tecnológico e que sistemas
de inovações são mais relevantes do que inovações isoladas. Mas como explica Pérez
(1986) [10], as tecnologias são interdepentes, interconectadas sistêmicamente, tanto en-
tre elas próprias como de formas sociais, fı́sicas e institucionais e os paradigmas que os
norteiam derivam de um conjunto de regras alterando a estrutura de custos, expandindo
o modelo ao seu redor em tamanho, complexidade e coerência. Deste modo, os processos
de inovação radical e surgimento de um novo paradigma emergem em momentos de crise
gerando mudanças não somente no campo econômico, mas também no institucional.
A partir destes conceitos anteriores, expande-se o escopo da análise no estudo do
fenômeno de difusão da inovação, no qual a propensão deste sistema inovar (cı́clico)
ocorre em perı́odos de ascendência (onda primária) desenvolvendo-se na segunda etapa
da onda os efeitos multiplicadores, ou seja, a difusão da inovação se propaga da mesma
maneira em perı́odos de crise econômica e social, necessitando de profundas mudanças
sócio-institucionais.
Deste modo, a questão da mudança organizacional dentro de um processo competitivo
está sujeita as variações no ambiente econômico como caracterı́sticas do sistema adap-
tativo a busca de novas direções tecnológicas. Nelson & Winter (1992) [8] reduzem ao
aspecto organizacional de uma firma como sendo moldado pelas rotinas adotadas como
genes e hereditariedade dos agentes econômicos e da coleção de ativos a sua disposição,
o que Freeman (1995) [5] preconiza como o desenvolvimento das interações de grandes
corporações num cenário globalizado.
Finaliza-se portanto, apresentando a concepção de Sistemas Nacionais de Inovação
onde a firma inovadora diferente das teorizadas por modelos de equilı́brio geral, busca a
realização de lucros com racionalidade limitada, utilizando-se de rotinas e mecanismos de
busca, como inicialmente mencionados, adotando estratégias e tecnologias que serão ou
9

não sancionadas por mecanismos de seleção. Ademais, os SNI´s também estão fadados a
irreversibilidade em sua dinâmica impossibilitando o retorno ao paradigma técnico ante-
rior sempre sob condições de incerteza por parte dos agentes envolvidos transformando-o
contı́nua e irreversivelmente.
10

Referências
[1] CAMPOS, A., C. Arranjos Produtivos no Estado do Paraná: O caso do
Municı́pio de Cianorte. Tese de Doutorado em Desenvolvimento Econômico, Setor
de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná, mar.-2004. Disponı́vel
em: <http://dspace.c3sl.ufpr.br> Acesso em: dezembro de 2008.

[2] CAMPOS, F., L., D., COSTA, M., A. Tecnologia e Sistema Nacional de Inovação -
Uma Abordagem Complexa. In ENEGEP, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, UFRGS, 1998.

[3] CASSIOLATO, J., E. LASTRES, H.M.M. O enfoque em sistemas produtivos e in-


ovação local. In FISCHER, T. (org.) Gestão do Desenvolvimento e Poderes
Locais. Salvador: Casa da Qualidade, 2002.

[4] DOSI, G. Tendências da Inovação e seus determinantes: Os ingredientes


do Processo Inovador, ed. Unicamp, Clássicos da Inovação, São Paulo, p. 29-53,
2006.

[5] FREEMAN, C. The National System of Innovation in historical perspective


Cambridge Journal of Economics, 1995 In: Revista Brasileira da Inovação. vol. 3 n.
1 p. 5-24, jan.-jun. 2004.

[6] FREEMAN, C., PÉREZ, C. Structural crises of adjustment, business cycles


and investment behaviour. In: DOSI. G. et al (Eds). Technical change and eco-
nomic theory. London: Pinter Publishes, 1988. p. 39-66.

[7] Lei 10.933. Anexo I, Orientação Estratégica de Governo, 2008. Disponı́vel


em:<http://www.planobrasil.gov.br> Acesso em dezembro de 2008.

[8] NELSON, R. & WINTER, S., G. In Search of useful theory of innovation In


Revista Brasileira de Inovação, vol. 3, n. 3 jul.–dez. 2004.

[9] NELSON, R. & WINTER, S., G. An evolucionary theory of economic change


In Cambridge, Bellknap Press, 1982.

[10] PEREZ, C. Cambio tecnológico y oportunidades de desarrollo como


blanco móvil. Revista da Cepal - Comissão Econômica para a América Latina
e o Caribe - Nações Unidas, no 75, p.115-136, dez./ 2001. Disponı́vel em : <
http://www.eclac.org/ >. Acesso em: dezembro de 2008.

[11] ROGERS, E. Diffusion of Innovations. 5 ed.. New York, NY: Free Press, 2003.

[12] ROSEMBERG, N. Perspectives on technology. Cambridge University Press,


1976.

[13] ROSENBERG, N. Exploring the black box: technology, economics and his-
tory. Cambridge University Press, 1994 In Revista Brasileira da Inovação, vol. 5, n.
2, jul.-dez. 2006.

[14] SANTOS R. J. Introdução ao LATEX. Disponı́vel em: <http://www.mat.ufmg.br>


Acesso em: janeiro de 2008.
[15] SCHUMPETER, J., A. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo.
Nova Cultural (Coleção Os Economistas), 1985.

11

Вам также может понравиться