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Disfunções Miccionais
Capítulo 59
Fisiologia e farmacologia da micção
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baixa, pode ocorrer fluxo urinário já nas fases iniciais Muitas drogas de ação periférica têm sido utilizadas
do enchimento vesical. no tratamento dos distúrbios miccionais, buscando
O esvaziamento vesical não é só um ato reflexo, aumentar ou diminuir a contratilidade vesical e a
envolve coordenação de vias supra-espinhais e controle resistência uretral, especialmente as que interferem com
voluntário. Durante o esvaziamento vesical, cessa-se a ação colinérgica, mediada pela acetilcolina, e adrenérgica,
atividade simpática e inicia-se a atividade parassimpática mediada pela noradrenalina. Drogas que interferem nos
que leva à contração detrusora. Simultaneamente é mecanismos aferentes vesicais têm sido utilizadas.
findada a estimulação pelos nervos pudendos sobre a As principais drogas utilizadas, seu mecanismo de
musculatura estriada uretral e assoalho pélvico, levando ação e o grau de recomendação das mesmas estão
ao seu relaxamento, o que possibilita a expulsão da resumidas na Tabela 1.
urina com mínima resistência. O principal mediador
parassimpático é a acetilcolina.
Imediatamente antes da contração vesical, ocorre Tabela 1: Principais drogas utilizadas no tratamento das
relaxamento esfincteriano e do assoalho pélvico, sendo disfunções miccionais. Doses habituais para indivíduo adulto.
este um provável estímulo para a contratação vesical. A Gradação de acordo com as recomendações das AMB, baseadas
no Sistema Oxford
contração da musculatura longitudinal interna da uretra,
concomitantemente com a da bexiga, leva ao encur-
tamento uretral e ao afunilamento do colo vesical, contri-
buindo para o direcionamento da força vesical e a dimi-
nuição da resistência uretral. Quando desejamos inter-
romper voluntariamente a micção antes do total esvazia-
mento vesical, realizamos a contração tanto das fibras
estriadas periuretrais, quanto da musculatura perineal,
resultando no aumento da resistência uretral e na
conseqüente interrupção do fluxo. Estímulos aferentes
vesicais também estão envolvidos no controle da mic-
ção. Normalmente os estímulos aferentes oriundos de
receptores localizados na parede e mucosa vesical são
conduzidos por fibras mielinizadas de condução rápida
denominadas fibras A. Contudo, parece existir uma se-
gunda via de condução através de fibras finas, desmie-
linizadas e de condução lenta, denominadas fibras C,
que em condições normais permaneceriam latentes.
Disfunções em vários níveis podem acometer o
trato urinário levando a distúrbios de armazena-
mento e eliminação da urina. Incapacidade de arma-
zenar urina pode levar à incontinência e incapacidade
de esvaziamento adequado, à obstrução.
Farmacologia da micção
O sistema nervoso central tem papel importante
na coordenação da micção. Vários neurotransmissores
estão envolvidos neste processo. Receptores opióides,
GABAérgicos, dopaminérgicos e da serotonina estão
envolvidos nos mecanismos reguladores. A ausência
de drogas que bloqueiem ou estimulem seletivamente
estes neurotransmissores no trato urinário inferior limita NE/GR - Nível de evidência/Grau de recomendação;
sua aplicação clínica. NR - Não recomendado; *Intravesical.
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Capítulo 60
Disfunção miccional na infância
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Tratamento
Todos os pacientes são tratados com orientação
miccional, que consiste em uma micção relaxada, com
freqüência miccional em cada três a quatro horas,
com boa ingestão hídrica diurna. As crianças são
orientadas a não reterem a urina e a comerem ali-
mentos ricos em fibras, evitando-se aqueles passíveis
de causar instabilidade vesical como café, refrigerantes
e frutas cítricas. A constipação deve ser combatida.
Quando há somente um distúrbio da fase de
armazenamento (US sem resíduo e urofluxo em forma
de sino), o tratamento medicamentoso com oxibu-
tinina (0,2 a 0,4 mg/kg/dia, em duas doses), além da
orientação miccional, é o suficiente. Os casos de
disfunção miccional, além da medicação, são tratados
com biofeedback, um mínimo de duas até 20 sessões.
Nesses casos, com o auxílio eletromiográfico, as
crianças são ensinadas a reconhecer a musculatura
esfincteriana uretral e abdominal, aprendendo como
esses músculos devem se comportar na fase de enchi-
mento e esvaziamento urinário. Em casos mais graves,
cateterismo intermitente e até ampliação vesical podem Algoritmo: conduta na disfunção miccional
ser necessários.
Dissinergia
detrusor-esfincteriana
A mielomeningocele é a maior causa de bexiga O estudo urodinâmico irá classificar o tipo de
neurogênica em crianças. Todas as crianças devem bexiga neurogênica, assim como demonstrar se o
ser avaliadas ainda no período neonatal para a pre- esfíncter uretral é ativo, inativo ou dissinérgico. Nos
sença de incontinência urinária. Realiza-se US nos casos de hiper-reflexia do detrusor, inicia-se o uso
primeiros dias de vida, buscando o achado de dila- de oxibutinina precocemente, mesmo no período
tação renal e resíduo pós-miccional. Porém, uma neonatal. Quando há elevado resíduo pós-miccional,
avaliação inicial normal não afasta a presença de atonia ou baixa complacência vesical, indica-se
dissinergia detrusor-esfincteriana, que, se não cateterismo intermitente limpo. Nos casos em que
tratada, acarreta deterioração do trato urinário não há melhora ou quando há efeitos colaterais à
superior em cerca de 70% dos casos. Portanto, oxibutinina, pode-se utilizar esta medicação por via
após alta da UTI neonatal, todas as crianças intravesical. Ampliação vesical com intestino pode
necessitam estudo urodinâmico com cistometria. ser necessária. O cateterismo intermitente ocasiona,
Cistouretrografia miccional (CUM) para avaliar o na maioria das vezes, bacteriúria assintomática, que
refluxo vesicureteral é importante nos casos em não precisa de tratamento. As bexigas hipo ou
que se detecta bexiga neurogênica. arreflexas são preferencialmente tratadas com
Os pacientes devem ser acompanhados anual- cateterismo intermitente. Os casos de esfíncter uretral
mente com US e urodinâmica. Qualquer alteração incompetente devem ser tratados com cirurgia para
nesses achados fala a favor de piora neurológica. aumentar a resistência no colo vesical.
Nesses casos, realiza-se ressonância nuclear mag- Quando há refluxo vesicureteral associado, o
nética espinhal, pois pode haver um encarcera- tratamento da bexiga neurogênica tende a curar o
mento medular que necessite inter venção refluxo na maioria das vezes. A cirurgia anti-refluxo
neurocirúrgica. nesses casos acarreta resultados inferiores.
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Capítulo 61
Diagnóstico da disfunção miccional
219
neurológicas são fatores de risco para incontinência lógicos recentes realizados na Europa e nos EUA
urinária pós-prostatectomia. demonstraram que cerca de 17% da população adulta
avaliada, apresentava sintomas de hiperatividade vesical.
População feminina
População pediátrica
A incontinência urinária de esforço (IUE) é uma
queixa freqüente na população feminina adulta. Pelo A aquisição do controle miccional durante a infância
menos um terço das mulheres com queixa de IUE é resultado de um processo complexo e multifatorial
apresentam associadamente urgência miccional, urgin- que envolve aspectos neurológicos, anatômicos, culturais
continência e polaciúria, fato que aponta para a co- e emocionais. Estima-se que aos 5 anos 85% das crianças
existência de disfunção detrusora. Esse percentual já tenham controle miccional completo, restando 15%
pode ser mais elevado particularmente em pacientes de crianças com perdas urinárias, sendo a enurese
com IUE recidivada após tratamento cirúrgico e em noturna, a situação mais freqüente. Das crianças que
faixas etárias mais elevadas. O risco que a ID repre- apresentam perdas urinárias, é fundamental que se
senta em relação à evolução pós-operatória é um distinga aquelas com enurese noturna monossintomática
ponto de controvérsia. Há autores que consideram daquelas com sintomas miccionais e/ou perdas urinárias
que a cirurgia corretiva de IUE resolva a maioria diurnas associadas. Entre 10% e 28% das crianças com
destas disfunções e, portanto, não consideram a ID enurese noturna têm sintomas miccionais diurnos e,
como fator de risco ou contra-indicação cirúrgica. quando apresentam perdas urinárias durante o dia, não
Outros autores, entretanto, demonstraram que a devem ser classificadas como portadoras de enurese
presença de ID, especialmente quando caracterizada noturna, e sim como crianças incontinentes.
por contrações de altas pressões, é preditiva de piores Do exposto acima, torna-se claro que as disfun-
resultados em cirurgias de IUE. Recentemente, ções vesicais na infância podem ocorrer em asso-
Schrepferman publicou artigo no qual considera que ciação com a enurese ou isoladamente, fato que se
a urgência sensorial seria outro fator de risco de reveste de extrema importância se considerarmos que
insucesso após slings pubovaginais. a enurese noturna monossintomática é uma situação
As publicações em que se considera ID como benigna e autolimitada, enquanto que algumas dis-
fator de risco são mais recentes e se referem principal- funções miccionais podem colocar em risco o trato
mente a pacientes submetidas a slings, enquanto que urinário superior.
aquelas, em que não se comprovou que a disfunção As DM da infância representam, na verdade, um
seja responsável por piores resultados, são referentes amplo espectro de situações clínicas em que estão in-
a colpossuspensões e publicadas na década de 1980. cluídas crianças com simples alterações de sensibilidade
Talvez as populações e técnicas avaliadas não sejam vesical (hipersensibilidade), quadros intermediários
comparáveis, o que explicaria, ao menos em parte, a como a síndrome da bexiga preguiçosa (Lazy Bladder
discordância de opiniões. Syndrome) e a instabilidade do detrusor, ou crianças
Embora não haja consenso quanto à importância com disfunções sérias e potencialmente graves como
da ID nestas pacientes, é recomendável que as dis- a bexiga neurogênica, não-neurogênica (síndrome de
funções vesicais sejam identificadas e quantificadas antes Hinman) ou a sua forma familiar, e aparentemente
da instituição de tratamento, principalmente quando o mais severa, a síndrome de Ochoa.
tratamento cirúrgico está sendo cogitado. O tratamento Estas duas últimas situações cursam com sintomas
clínico da ID é recomendável especialmente quando miccionais associados à encoprese, infecções urinárias
os sintomas “irritativos” decorrentes da disfunção de repetição, trabeculação vesical, dilatação do trato
forem predominantes em relação à IUE. urinário superior, refluxo vesicureteral e, nos casos mais
As disfunções miccionais ocorrem também na au- graves, insuficiência renal. A fisiopatologia destas
sência de queixa de IUE na população feminina. Sabe- disfunções parece estar relacionada ao surgimento de
se que um percentual significativo de mulheres apre- dissinergia detrusor-esfincteriana na fase do apren-
senta queixa de freqüência e urgência miccional, com dizado do controle miccional, que alguns autores atri-
ou sem urgincontinência urinária, e que muitas vezes buem a problemas de ordem emocional e/ou fami-
estes sintomas promovem alteração importante na liar. Na síndrome de Ochoa, por sua vez, a DM obe-
qualidade de vida das pacientes. Estudos epidemio- dece padrão de herança familiar e, ao quadro uroló-
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gico, associa-se alteração da inervação da musculatura Essas crianças, muitas vezes, apresentam apenas
da mímica, que confere a estas crianças um sorriso sintomas unicamente miccionais e o diagnóstico da
típico que lembra o choro. Esses achados levaram condição neurológica subjacente dependerá da
Ochoa a teorizar que a alteração miccional seria decor- atenção do urologista.
rente de defeito na região pontino-mesencefálica, que
alteraria o centro pontino da micção e também o
núcleo do nervo facial. Leitura recomendada
Torna-se evidente, portanto, que crianças com
1. McGuire EM. Bladder Instability in stress incontinence.
queixas miccionais, especialmente aquelas com Neurourol Urodyn 7: 563, 1988.
quadros mais pronunciados e associados a infecções 2. Ramon J, Webster GD. The outcome of transvaginal
urinárias de repetição, devem ser avaliadas com cystourethropexy in patients with anatomical stress
atenção e cuidado no sentido de se identificar aquelas incontinence. J Urol., 144: 106, 1990.
situações que possam trazer risco à integridade renal. 3. Langer R et al: Colposuspension in patients with combined
stress and detrusor instability. Eur Urol 14: 437-9, 1988.
Importante ainda ressaltar que algumas malfor-
4. Couillard DR, Webster GD: Detrusor instability. Urol Clin
mações neurológicas medulares podem ocorrer de North Am 22(3) 593-612, 1995.
forma “oculta” sem que se observe alterações mo- 5. Schrepferman CG et al: Resolution of urge symptoms
toras ou sensitivas muito significativas ao nascimento. following sling urethropexy. J Urol., 164: 1628-31, 2000*.
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Capítulo 62
Incontinência urinária –
classificação
A Sociedade Internacional de Continência (ICS) maior pressão da urina retida na bexiga em relação à
define incontinência urinária como “perda invo- resistência uretral;
luntária de urina objetivamente demonstrável que Enurese noturna – representada por perda uriná-
representa um problema social ou higiênico”. ria apenas durante o sono;
Incontinência urinária se traduz por um sintoma, Perda urinária pós-miccional – sintoma e sinal de
um sinal e uma condição (condição fisiopatológica perda urinária por gotejamento pós-miccional;
subjacente à incontinência), constituindo-se um Outras (extra-uretral) – corresponde à obser-
problema complexo. Ao longo do tempo, tem-se vação de perda urinária, relacionada a ureter ectó-
tentado desenvolver várias terminologias e classi- pico e fístulas.
ficações dos tipos de incontinência, entretanto não
se pode afirmar que exista uma ideal. A termi-
Condição
nologia a seguir é reconhecida tanto pela Sociedade Basicamente, duas condições fisiopatológicas
de Urodinâmica como pela Associação Americana podem causar incontinência urinária: alterações
de Urologia. vesicais e alterações esfincterianas. As alterações vesi-
cais compreendem hiperatividade detrusora (insta-
bilidade ou hiper-reflexia), baixa complacência e
Tipos de incontinência fístula vesical. As alterações esfincterianas que causam
baseados em sinais e sintomas incontinência são diferentes entre os sexos. No ho-
mem, mais comumente estão relacionadas à cirurgia
Incontinência de urgência – o sintoma e sinal cor- de próstata, ou eventualmente a trauma, fístulas e
respondem à queixa e observação de perda uriná- alterações neurológicas. Na mulher, as causas mais
ria associada a forte ou repentino desejo miccional comumente relacionadas são deficiência uretral
(urgência); intrínseca e hipermobilidade uretral, além das
Incontinência de esforço – corresponde à queixa e eventuais já referidas para os homens.
observação de perda urinária associada a esforço físico,
tosse, espirro, riso ou mudança súbita de posição;
Incontinência inconsciente: Corresponde à perda Classificação
urinária sem sentir, sem relação com urgência
ou esforço; Várias classificações têm sido propostas ao longo
Incontinência contínua – o sintoma e o sinal corres- dos anos abordando aspectos diversos como: função,
pondem à perda urinária constante, ocasionada pela achados urodinâmicos, se definitiva ou passageira,
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Classificação urodinâmica
Baseada nos achados urodinâmicos simplesmente,
como: bexiga hiperativa, normal ou hipocontrátil (ou
acontrátil); e esfíncter hiper-reflexo, normal ou
incompetente.
Leitura recomendada
1. Blaivas JG, Groutz A: Urinary Incontinence: Pathophysiology,
evaluation, and management overview. In: Walsh PC et al
(eds.) Campbell’s urology. Philadelphia,WB Saunders, 8th
ed., 2002; 1027-52.
2. Heritz DM, Blaivas JG: Evaluation of Urinary Tract Dysfunction.
In: Raz S(ed): Female Urology. Philadelphia, WB Saunders,2nd
ed, 1996, 89-96.
3. Oliveira RP, Pires CR, Guerra LAC: Padronização da terminologia
em procedimentos urodinâmicos. In: Bruschini H, Damião R,
Kano H(eds.): I Consenso Brasileiro Incontinência Urinária
Uroneurologia Disfunções Miccionais. São Paulo, BG
Cultural, 1a ed., 1999, 1-11.
4. Blaivas JG, Appel RA, Fantl JA, et al: Definition and classification of
urinary incontinence: Recommendations of the Urodynamics
Society. Neurourol Urodyn. 1997a; 16: 149-51.
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Capítulo 63
Incontinência urinária no homem
A incontinência urinária do homem costuma ser aqueles com poucas seqüelas motoras, cirurgias em
uma situação mais complexa do que a da mulher, coluna, diabete etc.
tanto no aspecto diagnóstico como na estratégia de O exame físico é fundamental, e começa com a
tratamento. Neste capítulo vamos considerar a perda observação da marcha que pode revelar a espasticidade
de urina em duas faixas etárias: o adulto jovem e o da musculatura dos membros inferiores. A ectoscopia
homem acima dos 50 anos. O fator determinante da região glútea é importante: a visualização de alterações,
desta divisão é o aumento da incidência de hiperplasia como implantação baixa da prega interglútea, nos indica
prostática, clinicamente significativa neste segundo a presença de malformação do tubo neural.
grupo, além do aparecimento de outras doenças No exame físico, além da rotina de avaliação
próprias do envelhecimento que afetam a bexiga e urológica, devemos também fazer um exame neuro-
os esfíncteres. lógico, mesmo que sumário, que nos permita constatar
alterações na função do sistema nervoso como, por
exemplo, diminuição de sensibilidade em região
Incontinência urinária no perineal, hipotonia do assoalho pélvico, ou uma sín-
adulto jovem drome piramidal, tendo cada achado seu respectivo
significado no diagnóstico topográfico da lesão neural.
A perda de urina no adulto jovem é provocada, Dentre os exames complementares, os mais signifi-
na grande maioria das vezes, por alguma situação cativos são os de imagem e o estudo urodinâmico.
neurogênica, sendo as mais comuns, em nossa casuís- A ultra-sonografia, como avaliação inicial, pode
tica, os traumas raquimedulares, as digenesias medu- revelar o estado do trato alto (se há dilatação ou
lares, a paraparesia espástica tropical e a esclerose não) e da bexiga (espessura da parede, presença ou
múltipla. Seqüelas de doenças obstrutivas, como vál- não de divertículos e verificação do resíduo pós-
vula de uretra posterior, ou de traumatismos de pe- miccional). A urografia excretora pode ser mais pre-
ríneo e/ou uretra, também são encontradas. Na cisa nessas informações, permitindo ainda verificar
anamnese desses pacientes, a caracterização da queixa a presença de malformações do tubo neural.
não chega a ser de fundamental importância, pois é Durante o exame urodinâmico, devemos repro-
pouco específica. O gotejamento uretral e a urgência duzir o sintoma com a finalidade de verificar sua
miccional podem ser relatados. etiologia, que pode ser:
Na história patológica pregressa, devemos dar Hiperatividade detrusora (neurogênica ou não) –
especial atenção a fatores que possam indicar a perda durante contrações vesicais involuntárias,
etiologia da queixa: traumas de medula, mesmo com função esfincteriana variada;
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Capítulo 64
Diagnóstico diferencial da
incontinência urinária na mulher
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Capítulo 65
Incontinência urinária na mulher –
tratamento comportamental
Marcelo Thiel
Cássio Luís Zanettini Riccetto
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Capítulo 66
Incontinência urinária na mulher –
reabilitação pélvica
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Capítulo 67
Incontinência urinária na mulher –
tratamento minimamente invasivo
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Injeções intra-uretrais
As dimensões da faixa não são significamente Os avanços na pesquisa de novos materiais para
diferentes das do TVT ou SPARC. Seu principal dife- injeção na submucosa uretral têm se voltado para o
rencial corresponde ao sistema de aplicação (ou desenvolvimento de materiais de biocompatibilidade
tunneler), concebido para causar menor lesão tecidual, e durabilidade crescentes, associadas à baixa antige-
uma vez que não apresenta agulhas pontiagudas como nicidade e potencial de migração à distância. O mate-
os anteriores. Outra característica do produto é a rial ideal deve, ainda, ter propriedades físicas que
possibilidade de emprego do mesmo conjunto para confiram elevada fluidez, facilitem seu armaze-
tratamento de prolapsos urogenitais, particularmente namento e que não exijam diluição ou aquecimento
das retoceles proximais, enteroceles e do prolapso no intra-operatório. A Tabela 1 resume os materiais
de cúpula vaginal. mais freqüentemente disponíveis.
Strastasis Tension-free ®
(Cook Urological) Recomendações
Corresponde ao único sling minimamente invasivo
de origem homóloga, composto por submucosa O tratamento da incontinência urinária de esforço
intestinal suína confeccionada de forma a tornar-se na mulher tem mostrado uma tendência para a aplicação
autofixável. Infere-se que a presença de fatores indu- de procedimentos minimamente invasivos, combinando
tores da cicatrização tecidual na faixa poderia conferir materiais com crescente biocompatibilidade a técnicas
possíveis vantagens em pacientes com trofismo de fácil aprendizado e disseminação. Todas elas têm
vaginal comprometido, seja por vaginite atrófica pós- por princípio a aplicação prática dos conceitos acerca
menopausa ou em pacientes irradiadas. do mecanismo de suporte uretral apresentados nas
últimas duas décadas. Paralelamente, é consensual a
necessidade do aprimoramento do diagnóstico de cada
Slings horizontais defeito do assoalho pélvico concomitante e sua correção
específica e simultânea ao procedimento antiincon-
São ancorados nas fáscias obturatórias. A experiên- tinência, o que tem determinado o desenvolvimento
cia clínica com estes dispositivos encontra-se em fase de equipes multidisciplinares, a fim de permitir o
incipiente. De maneira geral, as faixas empregadas são tratamento integral da paciente com disfunções do
semelhantes àquelas dos slings verticais do mesmo assoalho pélvico.
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Capítulo 68
Incontinência urinária
esfíncter artificial
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Figura 1: Quando o paciente deseja urinar, a compressão manual da Figura 2: Após o esvaziamento vesical, o líquido é transferido
bomba transfere o líquido do cuff para o reservatório, diminuindo a automaticamente do reservatório para o cuff, propiciando continência
resistência uretral e propiciando o esvaziamento vesical
tolera a compressão pelo cuff; fato este que, aliado medida é fundamental no planejamento cirúrgico.
à deficiência sensitiva, torna comum o surgimento Em nossa experiência pessoal, quando a pressão
de erosão, necessitando a remoção do esfíncter. abdominal de perdas é inferior a 40 cm de H2O,
Alterações de colo vesical, devido a cirurgias a simples correção da função de reservatório
prévias, ou comprometimento da uretra, devido não resultou em continência em nenhum paci-
a estenoses e divertículos, dificultam o correto ente com indicação de cirurgia de ampliação
posicionamento e o funcionamento do esfíncter. vesical. Nestes casos, está indicada a realização
c) É fundamental a obtenção de urina estéril por concomitante de cirurgias de aumento da resistência
ocasião da cirurgia de implantação do esfíncter: uretral visando proporcionar continência.
em crianças com BN, é freqüente a colonização Uma vez preenchidas estas condições, poderemos
do trato urinário por bactérias patogênicas. Além avaliar se o paciente constitui-se em candidato viável
disto, muitos destes pacientes não conseguem à implantação do esfíncter ou se a cirurgia está contra-
esvaziar corretamente a bexiga, necessitando uso indicada. Poderemos também identificar um grupo
de cateterismo intermitente, que favorece o que, além da implantação do esfíncter, necessitará de
surgimento de infecções. Antibioticoterapia procedimentos associados, realizados previamente ou
adequada deve preceder a cirurgia, visando simultaneamente à implantação, no sentido de garantir
minimizar este problema. um reservatório vesical adequado, a fim de se evitar
d) A avaliação funcional do trato urinário inferior, a deterioração do trato urinário superior após a
por meio de estudo urodinâmico, nem sempre ativação do esfíncter, como ocorria no passado. A
constitui tarefa fácil em pacientes incontinentes. Figura 3 sumariza nosso algoritmo para tratamento
A avaliação da função de reservatório é dificul- da incontinência neste grupo de pacientes.
tada pela perda contínua de urina e pela desfun- A realização simultânea de ampliação vesical e
cionalização da bexiga. A utilização de um cateter colocação de esfíncter artificial não parece implicar risco
com balão para oclusão do colo vesical, aumen- aumentado de infecção, quando comparada à cirurgia
tando a resistência uretral, permite o enchimento realizada em duas etapas. Portanto, os pacientes com
vesical adequado e pode facilitar a avaliação da pressão abdominal de perdas inferiores a 40 cm H2O
capacidade e complacência vesicais. A deter- devem ter tratados simultaneamente seu problema de
minação da pressão abdominal de perdas tam- reservatório, bem como de resistência uretral. Para casos
bém é difícil em portadores de bexiga neuro- duvidosos, pode-se optar pela colocação isolada do
gênica (BN), tanto pela dificuldade destes em esfíncter, uma vez que a refuncionalização vesical pode
realizar manobras de Valsalva, como por proble- propiciar recuperação adequada da capacidade e
mas de complacência vesical. No entanto esta complacência vesicais. O trato urinário superior deverá
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Capítulo 69
Causas de nictúria
Roberto Kiehl
Valdemar Ortiz
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Insônia, depressão, dispnéia do sono, dores diversas Pacientes com HPB podem apresentar sintomas
e uso de drogas podem atrapalhar ou acordar o urinários obstrutivos e/ou irritativos; podem ser trata-
paciente, no meio da noite, que algumas vezes entende dos com alfabloqueador ou cirurgia.
que esteja acordado por desejo de urinar. O paciente Incontinência paradoxal
geralmente urina pequenos volumes e deve ser avaliado
por especialista da área e acompanhado pelo urologista. Pacientes têm perda urinária quando a pressão
intravesical iguala-se à resistência uretral; é secundária
à retenção urinária crônica ou flacidez vesical e deve
Patologias ligadas ao trato ser tratada conforme a causa.
urinário inferior
Urgência sensitiva
Pacientes com queixa de nictúria ligada a patologias Pacientes queixam-se de urgincontinência e polaciúria
do trato urinário inferior têm sintomas semelhantes diurna e noturna, urinando pequenos volumes e devem
diurnos e noturnos que podem ser identificados por ser avaliados por meio de exame urodinâmico; o
meio de uma boa anamnese. tratamento pode ser feito com anticolinérgicos.
Pequena capacidade vesical
Pacientes queixam-se de urgincontinência e pola- Leitura recomendada
ciúria diurna e noturna e devem ser avaliados por
1. Abrams P. New words for old: Lower urinary tract symptoms
exame urodinâmico e tratados clinicamente ou com
for “prostatism”. BMJ 1994a; 308: 929-30.
cirurgia conforme o resultado encontrado.
2. Reynard JM, Cannon A, Yang K, Abrams P. A novel therapy
Hiperatividade detrusora for nocturnal polyuria: A double blind randomized trial of
furosemide against placebo. BJU Int 1998; 81: 215-8.
Pacientes queixam-se de urgincontinência diurna e 3. DuBeau CE, Resnick NM. Evaluation of the causes and
noturna e devem ser avaliados através de exame urodi- severity of geriatric incontinence; A critical appraisal. Urol
nâmico; o tratamento deve ser com anticolinérgicos. Clin North Am 1991; 18: 243-56.
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Capítulo 70
Disfunção miccional de origem
neurogênica
Homero Bruschini
Lesão periférica
Compreendem as lesões nervosas periféricas, por
exemplo, após cirurgias pélvicas extensas como câncer
de reto e do colo de útero. Incluem ainda lesões envol-
vendo cônus e cauda eqüina, como hérnias de disco.
Hérnias discais L4-L5 ou L5-S1 constituem a segunda
causa mais comum destas lesões (após trauma de
coluna). As outras causas são mielodisplasia, estenose
de canal espinal, tumor primário ou metastático,
aracnoidite e malformações arteriovenosas.
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Continuação Tabela 3
247
Capítulo 71
A bexiga do lesado medular
A lesão medular determina alterações no funcio- Nas bexigas hiper-refléxicas, o aumento da atividade
namento do trato urinário inferior, colocando em contrátil vesical involuntária é o substrato responsável
risco o trato urinário superior. Lesões acima do cen- pelos distúrbios da micção. As contrações involuntárias
tro medular da micção (S2-4) podem causar hiper- da bexiga comprometem a função de reservatório da
reflexia detrusora e dissinergismo vesicoesfincteriano, mesma, diminuindo a capacidade vesical e podendo
determinando micções reflexas com pressão de comprometer a continência urinária. Além disso, a
perda elevada. Lesões abaixo do centro medular capacidade de armazenar urina sem elevação significativa
da micção podem cursar com arreflexia detrusora da pressão vesical também pode ser comprometida.
e retenção urinária. Como a função de reservatório de urina está compro-
O comportamento da bexiga e do esfíncter deve metida na maioria dos pacientes com lesão suprassa-
ser determinado por meio do estudo urodinâmico, cral, o tratamento visa diminuir a contratilidade detrusora,
que é ferramenta obrigatória no diagnóstico e segui- de modo a permitir um adequado armazenamento de
mento de pacientes com lesão medular. O principal urina. O esvaziamento deve ser realizado por meio de
objetivo ao se tratar a bexiga no lesado medular é a cateterismo intermitente limpo (CIL).
preservação da função renal. Uma vez estabelecidos O tratamento farmacológico é a principal moda-
os cuidados necessários para tal, deve-se buscar lidade terapêutica. Apesar de existirem múltiplos
formas de tratar a incontinência urinária. mecanismos e receptores centrais e periféricos que
Na fase aguda do trauma raquimedular, observa-se podem influenciar a função vesical, poucos podem
abolição dos reflexos abaixo do nível da lesão. Esse ser modulados clinicamente.
evento, que dura em média seis semanas, é denominado Os tratamentos atuais para hiper-reflexia detrusora
fase de choque medular. Durante esta fase, a bexiga visam reduzir ou inibir a contração da musculatura
comporta-se de maneira arrefléxica, necessitando de detrusora, que é mediada predominantemente pela
drenagem contínua ou intermitente. A drenagem estimulação colinérgica de receptores muscarínicos
contínua através da sonda de permanência reserva-se pós-ganglionares. Foram identificados cinco subtipos
apenas ao período de instabilidade hemodinâmica. Tão de receptores muscarínicos na bexiga humana e de
logo haja estabilização hemodinâmica, institui-se o outros mamíferos, sendo denominados M1-M5. Na
cateterismo intermitente limpo. bexiga, predominam os subtipos M2 e M3, sendo
As alternativas de tratamento na fase crônica devem que os receptores M3 são os principais responsáveis
ser ajustadas individualmente, respeitando a condição pela contração vesical. Portanto, drogas que bloqueiam
clínica do paciente, suas preferências pessoais e a estes receptores são mais eficientes em reduzir a hiper-
condição social e neurológica do mesmo. reflexia detrusora.
249
A oxibutinina e a tolterodina são os agentes anti- Em pacientes do sexo masculino, com hiper-reflexia
muscarínicos mais usados no tratamento da hipera- e dissinergismo vesicoesfincteriano que estejam
tividade detrusora. Estas drogas antimuscarínicas não impossibilitados de realizar o CIL, a esfincterotomia
apresentam seletividade para receptores muscarínicos pode ser empregada como alternativa. Este grupo de
específicos da bexiga. Assim, alguns pacientes pacientes, geralmente tetraplégicos, são orientados a
abandonam o tratamento em virtude dos seus efeitos usar coletores masculinos externos e a realizar
colaterais. A instilação de oxibutinina na bexiga tem manobras de esvaziamento (estimulação suprapúbica)
sido utilizada como alternativa eficaz, quando a a cada duas horas.
administração desta droga por via oral não é eficaz Nas bexigas arrefléxicas com bom reservatório,
ou seus efeitos colaterais intoleráveis. orienta-se a realização de manobras de Valsalva e
Uma nova opção de tratamento da hiper-reflexia Credé, quando as mesmas promovem o completo
detrusora é a instilação vesical de drogas bloquea- esvaziamento vesical. Caso as manobras se mostrem
doras da aferência da bexiga. As duas principais dro- ineficientes, o CIL deve ser instituído.
gas neste grupo são a capsaicina e a resiniferatoxina. Se o reservatório for ruim, está indicada a ampliação
A resiniferatoxina é um análogo da capsaicina com vesical e posterior instituição do cateterismo intermitente.
potência muito superior na dessensitização da afe-
rência vesical, mas com menor potencial de produzir
inflamação da bexiga. Leitura recomendada
As técnicas de neuromodulação têm se mostrado
1. Chai T C, Steers WD. Neurophysiology of micturition and
eficazes, mas seus altos custos inviabilizam seu uso continence. Urol Clin North Am, 23: 221, 1996.
em nosso meio. 2. Wein AJ. Pathophysiology and Categorization of Voiding
As técnicas de denervação (rizotomias) são alter- Dysfunction. In: Campbell’s Urology, 7th ed. Edited by
Walsh, P. C., Retik, A. B., Vaughan, E. D. Jr. et al.: Philadelphia:
nativa para o tratamento de hiper-reflexia detrusora, W. B. Saunders Company, vol. 1, chapt. 27, p. 917, 1998.
quando existe indicação concomitante de tratamento 3. Abrams P, Blaivas JG, Stanton SL, et al. The standardisation
dos espasmos de membros inferiores. of terminology of lower urinary tract function. The
A ampliação vesical é empregada em pacientes com International Continence Society Committee on
Standardisation of Terminology.
comprometimento da capacidade e complacência 4. Cruz F, Guimaraes M, Silva C, et al. Suppression of bladder
vesicais. A ampliação é feita preferencialmente com hyperreflexia by intravesical resiniferatoxin. Lancet, 350:
íleo. O princípio de Mitrofanoff pode ser associado a 640, 1997.
5. Figueiredo JA, Pinheiro GE e Borrelli Jr. M. Conduta Urológica
este procedimento, quando os pacientes têm difi- no Trauma Raquimedular. I Consenso Brasileiro de
culdades para realizar o cateterismo intermitente – Incontinência Urinária, Uroneurogia e Disfunções Miccionais.
mulheres e tetraplégicos principalmente. Ed. Bruschini, Kano e Damião. Cap. 3, 1999.
250
Capítulo 72
A bexiga do idoso
251
Orientações e tratamento
É de fundamental importância um diagnóstico
Causas de incontinência adequado e individualizado, levando-se sempre em
urinária estabelecida ou consideração o meio em que o paciente se encontra.
permanente Uma mesma condição pode exigir diferentes con-
dutas, caso o paciente se encontre em sua residência
e possua destreza manual, ou caso se encontre aca-
Causas não relacionadas ao trato mado e institucionalizado. Deve-se inicialmente afas-
urinário baixo. Incontinência tar todas as causas reversíveis, tentando ao máximo
“funcional” minimizá-las; tratando as infecções urinárias, promo-
O termo incontinência funcional, vastamente citado vendo reposição hormonal quando necessário,
na geriatria devido à falta de mobilidade e demência, controlando o hábito intestinal e a ingestão de líquidos,
é muito problemático, pois implica que o trato urinário orientando uso de “comadre” e “urinol”, alterando
seja normal, o que é uma exceção entre os idosos – as medicações utilizadas ou o horário dos diuréticos.
incontinência pode ser contornável mesmo nos idosos Medidas gerais muitas vezes necessitam ser implan-
com demência ou imobilidade. Pelo menos metade tadas, independente da origem do problema, como
desses são continentes quando capazes de se transferir controle da ingestão de líquidos em determinados
da cama para a cadeira. Deve-se excluir os fatores períodos do dia, particularmente após o jantar; mic-
transitórios, que são freqüentes. ções programadas (de horário), independente do
desejo miccional; manobras de esvaziamento (Credé
Causas relacionadas ao trato urinário ou Valsalva), quando há resíduo pós-miccional
baixo elevado (maior de 150 mL); cateterismo intermitente
São as causas anatômicas envolvidas nos distúrbios limpo ou de demora para os retencionistas, segundo
miccionais. a condição do paciente; fraldas; Uripen®; contensores
a) Hiperatividade detrusora (HD) – há mudanças de urina externos; plugs uretrais; clampes penianos;
na transmissão dos sinais elétricos na muscula- controle de peso (particularmente nas perdas aos es-
tura lisa; forços); fisioterapia motora com fortalecimento da
b) Incontinência urinária aos esforços – geral- musculatura pélvica.
mente causada pelo relaxamento ou fraqueza Determinando-se uma causa anatômica para o
da musculatura pélvica ou mal posicionamento distúrbio miccional, ela necessitará de tratamento
do colo vesical; específico, como podemos observar na Tabela 1.
252
Leitura recomendada
1. Resnick NM. Geriatric Incontinence. The Urologic Clin. 3. Fonda N, et al. Incontinence in older person. In: Abrams P,
Of North America 23(1): 55-86, 1996. Cardoso L, Khoury S, Wein A, eds. 2 nd International
2. Resnick NM, Yalla SV. Campbell‘s Urology 8th Edition Consultation on Incontinence Paris 1-3 , 2001, 2nd edition
2002: 1218-34. 2002: 625-95.
253
Capítulo 73
Efeitos colaterais de drogas
repercutindo na função vesical
255
Tabela 1: Drogas que podem ter ação sobre a função vesicuretral e cujo efeito será terapêutico ou colateral, dependendo de sua indicação
256
Tabela 3: Antidepressivos que podem causar dificuldade miccional. Aumentam a disponibilidade de neurotransmissores no SNC,
notadamente serotonina (5HT), noradrenalina e dopamina
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Tabela 4: Exemplos de medicamentos que podem provocar efeitos colaterais na função vesicuretral, conforme indicação clínica
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