Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Semedo, Álvaro Domingues, Isabel Silva e João Teixeira Lopes (eds.) A Cultura em Acção:
Impactos Sociais e Território, Afrontamento: Porto, pp.63-67. ISBN 972-36-0691-7.
Alice Semedo
O National Endowement for the Arts (NEA) nos Estados Unidos tinha já encomendado
vários trabalhos de investigação sobre o impacto de museus de arte e outras
instituições culturais na economia que se revelaram extremamente importantes e
que foram apresentados numa conferência co-patrocinada pela NEA e pela John
Hopkins University na Walters Art Gallery em Baltimore (Cwi 1977). Alguns dos
estudos mais relevantes nesta área foram ainda desenvolvidos por um grupo de
investigadores ligados à Cultural Economics Association que tem publicado o Journal
of Cultural Economics desde 1977 e promovido a realização de diversas conferências
internacionais encorajando assim a investigação na área da cultura e economia. Dois
estudos seminais publicados nesta revista merecem destaque neste contexto: um de
David Cwi e Katherine Lyall sobre Baltimore ( Cwi et al 1977 b ) e outro do Port
Authority of New York and New Jersey (Scanlon e Longley 1983). Ambos entendiam
as instituições culturais como sendo extremamente úteis para a economia,
proporcionando benefícios concentrados e imediatos a uma dada área e tendo um
efeito significativo em toda a região. Estas instituições eram vistas como um motor
de actividade e crescimento continuado, funcionando como um factor favorável,
senão mesmo essencial, na indução de desenvolvimento.
Outros Estados nos EUA (Wiener 1980; Hendon 1979; Shanahan 1980; Throsby 1982;
Cuciti 1984; Chartrand 1984; Grant 1984; Wall & Roberts 1984) desenvolveram
também estes argumentos, discutindo o potencial dos recursos culturais como uma
indústria base criando o tipo de vitalidade que conduzia à revitalização económica:
“take a relatively forlorn redevelopment area, infuse cultural activity, and around
that activity create a kind of economic vitality and desirability that is really second
to none “ (Wiener 1980:60). Por essa altura, museus e outras instituições culturais
tinham começado a produzir declarações de impacto económico (Wiener 1980) onde
pretendiam provar que mais do que uma causa meritória podiam funcionar como
fomentadores económicos, como parceiros e, como tal, deveriam apresentar-se como
um verdadeiro e importante recurso. O trabalho de Shanahan em The Arts and Urban
Development (1980) demonstrava claramente que a questão já não incidia sobre o
que a economia podia fazer pelo sector cultural mas exactamente o contrário. O seu
trabalho também chamava atenção para outros benefícios sociais, tais como a
reciclagem de desempregados e a revitalização local que afectava algumas zonas
mais carenciadas. No Canadá, os relatórios de avaliação da década de 80 colocavam
estas instituições em quarto lugar, no âmbito do emprego a tempo inteiro, em
comparação com as vinte maiores indústrias fabris do país (Chartrand 1984),
revelando este sector como um sector chave da economia contemporânea e futura.
Contudo, a pesquisa de Cwi e Lyell (1977) em Baltimore já sugeria que os efeitos
multiplicadores directos e indirectos das actividades culturais eram relativamente
modestos no contexto da totalidade das actividades económicas. Sugeria-se sim que
o principal valor destas instituições podia provir essencialmente de efeitos
particularmente importantes para cidades centrais, porque envolviam a revitalização
urbana e a reorientação e estímulo do investimento e crescimento regional.
Um dos estudos mais importantes desta década para esta temática é talvez aquele
que foi conduzido por John Myerscough para a Policy Studies Institute e para a
Fundação Calouste Gulbenkian, publicado em 1988 – The Economic Importance of the
Arts in Britain. O estudo tinha como objectivos proporcionar uma avaliação do
contributo económico das Artesi em relação à economia britânica, examinando-as
como uma forma de actividade produtiva, em termos de níveis de emprego, criação
de rendimento e padrões de organização económica. Pretendia também avaliar a sua
relação com outras indústrias (ex. hotelaria) e ainda comparar o impacto dos diversos
sectores (ex. Museus / Teatros). Dentro do grande grupo de instituições estudadas os
museus mereceram especial destaque pela sua importância em relação às conclusões
apresentadas. Os números apresentados provavam que na Grã-Bretanha as Artes
eram um sector importante da economia “comparable in their importance to the
national economy with such giants as vehicles or fuel and power; they were vital
export earners, na important source of employement and a power for good and
regional regeneration” (Rodgers 1988: i). O estudo calculava que aproximadamente
500 000 pessoas se encontravam empregadas nesta área, criando um movimento de
cerca de 10 biliões de libras. Foi reconhecido como um sector da economia em
expansão e de alto valor acrescentado, representando um papel importante como
catalisador de revitalização urbana, melhorando a imagem de uma região e
transformando-a num lugar melhor para se viver e trabalhar.
É neste modo de actuação mais abrangente, a que Crish Couch se refere como de
regeneração (Couch 1990:2-3), que os museus desempenham um papel insubstituível.
Pela sua própria natureza, de curadores do património cultural e natural da
humanidade, têm demonstrado ser instrumentos privilegiados de intervenção nestas
áreas complexas de renovação social das quais a própria regeneração depende.
1
O conceito de Artes adoptado por este estudo inclui: museums and galleries, theatres and concerts,
creative artists, community arts, the crafts, the screen industries, broadcasting, the art trade,
publishing and the music industries.” (Myerscough, 1988:5).
Bibliografia
Arts Council (1985) A Great British Success Story, London: Arts Council
(1988) An Urban Renaissance: The Role of the Arts in Inner City Regeneration,
London: Arts Council.
Bianchini, Franco et al (1991) The Importance of Culture for Urban Economic Development.
The UK Case Study. London: Comedia
Bird, Jon et al (1993) (eds.) Mapping the futures. Local Cultures, Global Change. London
and New York: Routledge.
Carrington, Lucie (1999 a) An open do policy. Museums Journal, vol. 99 (nº7: 26-29),
London: Museums Association.
(1999 b) Here comes the man in black. Museums Journal, vol. 99 (nº7: 24-25),
London: Museums Association.
Castells, M. (1994) European Cities, the informational society and the global economy, New
Left Review, nº 204.
Chartrand, Harry (1984) An economic impact assessment of the Canadian Fine Arts, Hendon,
W.S. at al [ed.] Economic Support for the Arts, Proceedings of the Third International
Conference on Cultural Economics and Planning, Akron, Ohio (US) :53-65.
Couch (1990) Urban Renewal. Theeory and Practice. London:MacMillan.
Cuciti, Peggy L. (1984)The arts and tourism: a case study of Aspen Colorado, Hendon, W.S. at
al [ed.] Economic Support for the Arts, Proceedings of the Third International Conference on
Cultural Economics and Planning, Akron, Ohio (US):78-92.
Cwi, David [ed.] (1977 a) Research in the Arts: Conference on Policy Related Studies of the
National Endowment for the Arts. Washington D.C. and Baltimore: NEA and Walters Art
Gallery.
Cwi, D. & Lyall, K. (1977 b) Economic Impacts of the Arts and Cultural Institutions: a Model
Assessment and Case Study in Baltimore, Publishing Center for Cultural Resources: New
York.
Grant, Nancy K. (1984) The impact of rennovations of historic districts on the tax revenue of
a city, Hendon, W.S. at al [ed.] Economic Support for the Arts, Proceedings of the Third
International Conference on Cultural Economics and Planning, vol. II, Akron, Ohio (US): 194-
205.
Graves, Frank F. 1986 L'approche économique appliqée à l´évaluation des investissements
culturels publics: intérêt et limites in Girard, Augustin (ed.) 1986 Économie et Culture,
Culture en Devenir et Volonté Publique, vol. 2, 4e conference internationale sur l'Economie
de la Culture Avignon, La Documentation Française: 203-211.
Greffe, X. (1990) La Valeur Economique du Patrimoine, Anthropos, Paris: Economica.
Harvey, D. (1989) The Conditionof Postmodernity: An Enquiry into the Origins of Cultural
Change. Oxford: Blackwell.
Hendon, William S. (1979) Analysis of an Art Museum, Akron University, Ohio.
Hewinson, Robert (1991) Commerce and culture in Corner, John; Harvey, Sylvia (eds.)
Enterprise and Heritage — Crosscurrents of National Culture, Chapter 8, Londres e Nova
Iorque: Routledge:162-177.
Jameson; F. (1984) Postmodernism, or, the cultural logic of Late Capitalism, New Left
Review, nº 146.
Johnson, P. & Thomas, B. (1992) Tourism, Museums and the Local Economy, Londres:
Edward Elgar Pub.
Landry, Charles et al (1996) The Art of Regeneration. Urban Renewal Through Cultural
Activity. London: Comedia.
Lorente, Pedro (1996) (ed.) The Role of Museums and the Arts in the Urban Regeneration
of Liverpool. Working Paper nº 9. Leicester: Centre for Urban History, University of
Leicester.
MacIntosh, Randall (1998) Global attitude measurement: na assessement of the worlds values
survey postmaterialism scale in American Sociological Review, vol 63 ( June: 452-464).
Matarasso, François (1997) Use or Ornament? The Social Impact of Participation in the
Arts, London:Comedia.
Myerscough, J. (1988) The Economic Importance of the Arts in Britain, Londres: Policy
Studies Institute.
O'Neil, M (1991) After the artefact: internal and external relations in museums in Kavanagh,
G. (ed.) The Museums Profession: Internal and External Relations, Londres: Leicester
University Press : 27-36.
Prentice, R. (1993) Tourism and Heritage Attractions, Londres: Routledge.
Rodgers, Peter (1989) The Work of Art. London: PSI & Calouste Gulbenkian Foundation.
Sandell, Richard (1999) The regeneration game, Museums Journal, vol. 99 (nº 7: 30-31).
London: Museums Association.
(1998) Building Bridges. London: Museums & Galleries Commission.
Scanlon, Rosemary and Longley, Robert (1983) The arts as an industry: their economic
importance to the New York – New Jersey Metropolitan Region: 93-100.
Shanahan, James L. (1980) The arts and urban development, Economic Policy for the Arts,
Proceedings of an International Conference, Edinburgh : 295-305
Throsby, C.D. (1982) Social and economic benefits from regional investment an arts
facilities: theory and application, Journal of Cultural Economics, vol.6: 1-13
Torre, Marta de la (1982) Museums: An Investment for Development, Paris: ICOM.
Vaughan, D.R. (1982) The cultural heritage: a approach to analyzing income and
employment effects, Journal of Cultural Economics, vol. 6, n.1 : 1-36.
Vaughan, D.R. and Booth, P. (1989) The economic importance of tourism and the arts in
Merseyside, Journal of Cultural Economics, Vol.13, n.2:21-34.
Wall, G & Roberts, C. (1984) The economic impact of the Tutankhanun and Van Gogh
exhibition, Proceedings of the Third International Conference on Cultural Economics and
Planning: 66-76.
Walsh, M (1994) Representations of the Past – Museums and Heritage in the Postmodern
World, Londres e Nova Iorque: Routledge.
Wiener, Louise (1980) The arts and economic development in Porter, R. (ed.) The Arts and
City Planning, New York: American Council for the Arts: 58-66.