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O Funchal foi, no decurso dos séculos XV e XVI, o principal centro do arquipélago.

Desde os primórdios da
ocupação da ilha que o lugar como vila e desde 1508 como cidade foi o centro de divergência e convergência
dos interesses dos madeirenses. À sua volta anichou-se um vasto hinterland agrícola, ligado por terra e mar.
O povoado, traçado por João Gonçalves Zarco, começou por ser a sede da capitania do mesmo nome mas, a
riqueza do vasto hinterland projectou-o para ser a primeira e única cidade e porto de ligação ao mundo.
Machico perdeu a batalha, porque os seus capitães não foram capazes de acompanhar o ritmo dos
funchalenses.

O progresso e importância do Funchal foi rápido. De vila passou a cidade e sede do primeiro bispado e,
depois arcebispado, das terras atlânticas portuguesas. Tudo isto levou a que no terreno evoluí-se o traçado
urbanístico e a construção de imponentes edifícios. As palhotas, dispostas de modo anárquico, vão dando
lugar a casas assoalhadas, alinhadas ao longo de arruamentos paralelos à costa e em torno da praça que
domina o templo religioso. O capitão, de Santa Catarina, avançou encosta acima até se fixar no alto das
Cruzes, no espaço dominado pelo actual Museu da Quinta das Cruzes. Do outro lado, no Cabo do Calhau,
surgiu o burgo popular, dominado pelo mar e pela rua que o ligava a ermida de Nossa Senhora da Conceição
de Baixo. Foi a partir daí que avançou aquilo a que mais tarde veio a ser a cidade. Do nicho do cabo do
Calhau, passou-se a Ribeira Santa Maria (hoje de João Gomes) e aos poucos conquistou-se espaço aos
canaviais para traçar ruas e erguer casas de sobrado. O próprio duque, D. Manuel, deu o exemplo, doando em
1485 o seu chão de canaviais, conhecido como campo do Duque, para nele ser traçada uma praça, construir-se
a igreja, Paços do Concelho, de tabeliães e Alfândega. Ligando tudo isto estava a Rua dos Mercadores, hoje
da Alfândega, donde partiram novos arruamentos que deram espaço e vida ao quotidiano dos mercadores. São
exemplo disso a Rua do Sabão, João Esmeraldo.

Perante nós estão dois percursos convergentes. Dum lado o capitão que avança pelo extremo ocidental do vale
até ao alto das Cruzes e depois desce até à cidade manuelina. Do outro os companheiros do navegador, a
gente obreira, que mantêm o convívio com o mar, avançando ao longo da linha da água ao encontro da cidade
dos mercadores e artesãos.

A visita poderá iniciar-se no cabo do Calhau, hoje considerado a zona Velha da Cidade. Do largo, que domina
a Capela do Corpo Santo, uma construção do século XV, alvo de inúmeras alterações, onde se assentou a
confraria de S. Pedro Gonçalves Telmo - santo padroeiro dos homens do mar -, é possível visualizar algumas
habitações térreas, próximas daquelas palhaças do século XV. Ao fundo a fortaleza de São Tiago, construída
no período da dominação filipina para remate da cortina da muralha que defendia a cidade. Hoje aberga um
Museu de Arte Contemporânea.

A viagem avança ao longo da Rua de Santa Maria que desemboca no Largo da Feira. Aqui ficou, por algum
tempo, o centro de atenções do primitivo povoado: o poço de abastecimento de água, a primeira igreja
paroquial de Nossa Senhora do Calhau, destruída pela aluvião de 1803, e o hospital da Misericórdia. Hoje,
restam apenas vestígios do poço.

Ultrapassada a ribeira através da ponte, outrora de madeira mas agora de alvenaria, encontramo-nos no Largo
do Pelourinho. Aqui começou a cidade dos mercadores com a primeira alfândega, mandada erguer em 1477
pela Infanta Dona Beatriz. Daqui partiu a Rua Direita(coincidindo com actual traçado das ruas Direita e
Ferreiros) e, depois, a dos mercadores que ligou o largo ao novo centro da cidade: a Praça do Campo do
Duque. A primitiva Alfândega desapareceu, o pelourinho foi apeado em 1835 e o que lá existe agora é uma
cópia recente de 1992.

Passada outra ponte e avançando pela Rua da Alfândega chega-se ao Largo dos varadouros, fronteiro ao mar
e à Praça Cristóvão Colombo. Esta praça foi construída em 1992 no espaço onde outrora existiu a Casa de
João Esmeraldo que, segundo a tradição, foi morada de Cristóvão Colombo nos anos(1478-1481) que por cá
passou. Hoje, todavia é sabido que a casa em 1495 ainda estava em construção, sendo portanto posterior à
primeira permanência do navegador na ilha.

Adiante, na mesma rua, está a Alfândega do Funchal, a nova construída a partir de 1508. O edifício actual
resulta do restauro feito para adaptação à Assembleia Legislativa Regional. Salvou-se o que ainda restava da
época manuelina: as Salas dos Contos e do Despacho com tecto hispano-árabe e arcarias góticas. A capela
anexa da invocação de Santo António é construção de 1714, feita por ordem do Dr. João de Aguiar, Juiz
desembargador.
Continuando o percurso chegamos ao final da Rua e depara-se perante nós o portão principal do Palácio de S.
Lourenço, actual residência do Ministro da República para a Madeira. É a expressão do poder dos capitães e,
depois, dos representantes do poder central. A construção do primitivo baluarte é da primeira metade do
século XVI, mas em 1566, em face do assalto dos corsários huguenotes, reconheceu-se a inoperância do
mesmo, tendo-se avançado com a sua total transformação a cargo dos fortificadores Mateus Fernandes e
Jerónimo Jorge, dando-lhe a forma do desenho traçado em 1654 (?) por Bartolomeu João. No conjunto
existente merece a nossa atenção, no torreão leste, as armas manuelinas em cantaria da ilha e, no primeiro
piso deste, a sala gótica com abóbada de nervuras assentes, com cinco tramos e fechada por uma Cruz de
Cristo. Ainda, à entrada são de registar os retratos das autoridades da ilha: os capitães do Funchal, os capitães
e governadores gerais e os governadores civis.

Subindo a Avenida Zarco, deparamo-nos com a estátua de João Gonçalves Zarco da autoria do escultor
madeirense, Francisco Franco. O monumento foi pensado para a comemoração do quinto centenário do
descobrimento da ilha, que teve lugar em 1922, mas só foi inaugurado em 28 de Maio de 1934.

Em frente no fim da Avenida Arriaga, ergue-se a Sé Catedral, mandada construir por D. Manuel para servir
de sede a paróquia e, depois, ao bispado do Funchal. O novo templo foi sagrado em 12 de Junho de 1514,
todavia, os trabalhos só ficaram concluídos em 1518. No interior merecem a nossa atenção os retábulos do
altar mor, o cadeirado, onde estão esculpidas cenas bíblicas e da vida madeirense, e o tecto em cedro da terra.

Subindo a rua de João Tavira chega-se à do Bispo onde, no antigo Paço Episcopal, se encontra instalado
desde 1955 o Museu de Arte Sacra. O edifício primitivo é do século XVI e aí funcionou até 1910 o Paço
Episcopal, passando no período de 1913 a 1941 a liceu. Do recheio deste museu de arte sacra, proveniente das
igrejas de toda a ilha, chama a atenção do visitante a importante colecção de pintura, escultura flamenga,
ourivesaria oriunda das diversas igrejas da ilha.

Pintura: S. Tiago Menor, Descida da Cruz, S. Joaquim e Santa Ana, S. Nicolau, Adoração dos Reis Magos,
Anunciação.
Escultura: Deposição do Túmulo, A Virgem e o Menino, Sta Isabel, Nossa Senhora de Luz.
Ourivesaria: A Cruz processional do Funchal oferecida pelo rei D. Manuel a Sé.

Continuando a visita pela rua das Pretas chegámos ao princípio da Calçada de Santa Clara, onde se situa um
importante núcleo museológico da cidade. Primeiro o Museu Municipal, onde é possível tomar contacto com
o meio natural madeirense. No rés-do-chão deste antigo palácio da família Ornelas, funciona o Arquivo
Regional da Madeira, o principal repositório da documentação histórica do arquipélago.

Próximo está a Casa Museu Frederico de Freitas, constituída á base do espólio legado á região por este
benemérito advogado. A Casa da Calçada, como é conhecida, apresenta ao público uma variada colecção de
mobiliário, artes decorativas, uma rara colecção de azulejos e gravuras madeirenses.

No cimo da calçada fica o Convento de Santa Clara(1495), no sítio onde Zarco havia construído a capela de
Nossa Senhora da Conceição de Cima. Na igreja, alvo de inúmeras transformações ao longo dos séculos, são
de realçar o túmulo de Martim Mendes de Vasconcelos com arcaria gótica(impropriamente atribuído a João
Gonçalves Zarco), os azulejos hispano-mouriscos do coro. Sob o pavimento da capela mor estão as sepulturas
de João Gonçalves Zarco e seus descendentes.

Próximo do Convento está o Museu da Quinta das Cruzes, instalado em 1953 na casa que terá sido a
residência dos capitães do Funchal. Do conjunto merecem a nossa atenção o museu, propriamente dito e o
parque arqueológico, constituído de pedras de armas, lápides comemorativas e elementos arquitectónicos de
edifícios que foram destruídos. Do seu recheio destacamos o mobiliário (armários e arcas feitos na ilha com a
madeira das caixas de açúcar do Brasil) e os presépios.

Seguindo pela Rua das Cruzes deparamo-nos no seu termino, na Rua da Carreira, com a Capela de S. Paulo.
Um singelo templo religioso construído por Gonçalves Zarco em 1425. Da primitiva construção resta o tecto
de alfarje da capela-mor, o arco gótico e a pia em mármore. Foi junto desta capela que Zarco ergueu em 1469
o seu hospital.

Descendo a Ribeira de S. João eis-nos na Rotunda do Infante, dominada pela esfera armilar e o monumento
ao Infante D. Henrique. O conjunto evoca os descobrimentos portugueses. A estátua de Leopoldo de Almeida
foi inaugurada a 28 de Maio de 1947.
No morro sobranceiro, conhecido como o parque de Santa Catarina, é visível a capela que deu nome ao
parque, construída em 1425 por Constança Rodrigues, mulher de João Gonçalves Zarco. Próximo, está a
estátua de Cristóvão Colombo, inaugurada em 12 de Outubro de 1968.

Para muitos a Sé é o emblema da cidade do Funchal. O templo foi mandado construir por ordem de D.
Manuel, iniciando-se as obras em 1493, para ser a principal paroquia da vila, acabou por ser a sede do novo
bispado, criado em 1514 por Leão X a pedido de D. Manuel. A sua sagração ocorreu em 18 de Outubro
de1517. Note-se que este monarca demonstrou uma predilecção especial por este templo cumulando-o de
ofertas: a pia baptismal, o púlpito, a cruz processional.

Aqui misturam-se vários estilos. São evidentes os traços do manuelino, na fachada, abside, no púlpito e pia
baptismal. O barroco está patente nas capelas laterais, como sucede com a do Santíssimo Sacramento. A
entrada abre-se por uma imponente fachada, onde o branco da cal contrasta com a cantaria vermelha da ilha,
dominada por um portal de ogiva , encimado por uma coroa real e rosácea lavrada. O interior distribui-se por
três naves, sendo as laterais servidas de diversas capelas com rica decoração barroca.

Majestoso é o altar-mor onde se destaca o políptico com 12 painéis flamengos e o cadeirado. Este último é
uma obra-prima da escultura quinhentista. O conjunto é coroado por uma abobada, tendo ao centro as armas
de D. Manuel, ladeadas de duas esferas armilares. O cadeiral apresenta-se com duas ordens de cadeiras,
ricamente trabalhadas. Em madeira dourada sobressaem esculturas com cenas bíblicas e do quotidiano
madeirense do século XVI. Borracheiros e escravos convivem com santos e outros populares em poses
consideradas pouco dignas para o local onde se encontram.

Uma das maiores preciosidades do templo é o tecto que cobre todo o espaço. A madeira de cedro é estilizada
num precioso trabalho de alfarge hispano-árabe, único em Portugal e de bonito efeito visual.

O actual relógio da torre sineira foi montado em 1989 em lugar de outro que em 1921 havia substituído o
primitívo que desde 1775 ritmava o quotidiano da cidade.

A primitiva Alfândega do Funchal foi criada em 1477 no Largo do Pelourinho por ordem da Infanta D.
Beatriz, como forma de controlar a arrecadação dos direitos que recaíam sobre a entrada e saída de
mercadorias.

Não sabemos onde esta funcionou no principio, pois só teve edifício próprio a partir do século XVI, por plano
de D. Manuel. Aí esteve a alfândega até 1962, altura em que mudou para modernas instalações.

O edifício antigo ressuscitou das ruínas com o processo autonónico, ao ser adaptado para sede da actual
Assembleia legislativa Regional da Madeira, inaugurada em 4 de Dezembro de 1987. O projecto de adaptação
é da autoria do arquitecto Chorão Ramalho.

Nesta adaptação salvou-se o que ainda restava da época manuelina. As Salas dos Contos e do Despacho são
os melhores testemunhos da época. Aí são visíveis o tecto de alfarge, arcarias góticas com capiteis das
colunas e misulas com decoração de elementos vegetais e figuras humanas, o portal armoriado da fachada
norte e restos de arcarias góticas no interior. No rés-do-chão, dando saída para a actual rua da alfândega,
encontra-se um portal manuelino da primitiva construção.

O imóvel ao longo dos séculos sofreu várias adaptações. Assim, em 1644 defendeu-se a frente mar com um
reduto, servido de portão. Com o decorrer do tempo foi manifesta a sua degradação, atingindo o ponto crítico
com o terramoto de 1748, que levou quase à construção de um novo edifício, nos destroços do primitivo.

A capela anexa, da invocação de Santo António, é de 1714 e foi feita por ordem do Dr. João de Aguiar, Juiz
desembargador. Serviu muitos anos de arrecadação, mas actualmente, depois de recuperada, voltou ao culto
privado da Assembleia.

No Pátio da assembleia encontra-se uma peça de estatuária do esc. Amândio de Sousa, designada como a
"trilogia dos poderes". O Museu é, desde 1955, um verdadeiro tesouro da arte sacra madeirense. Abriu as
portas a 11 de Junho. Pode ser considerado a caixa-forte porque guarda algumas das maiores preciosidades
artísticas, recolhidas em todas as igrejas da ilha.
Parte substancial desta riqueza em pintura flamenga, maioritariamente do século XVI, pode ser considerada
uma dádiva do açúcar. Com este produto os madeirenses conseguiram elevada riqueza que ostentaram nas
suas capelas privadas, ou em ofertas aos oragos da sua devoção. Há a salientar ainda algumas transacções
directas de açúcar por estes imponentes quadros nos grandes centros artísticos da Flandres. Idêntico
comportamento teve a coroa para com os madeirenses. D. Manuel foi um deles que cumulou alguns templos
da ilha de tesouros. Está nesse caso a famosa cruz processional, oferecida à Sé do Funchal.

O Museu está instalado no edifício construído por ordem de D. Luís de Figueiredo de Lemos (1586-
1608).São coevos a arcaria que dá para a Praça do Município e a capela. A Capela anexa é dedicada a S. Luís
de Tolosa, onde ficou sepultado este bispo, depois trasladado para a Sé. A Capela apresenta um belo pórtico
da cantaria negra. O Bispo D. José de Sousa de Castelo Branco (1698-1721) anexou-lhe o Seminário. Com o
terramoto de 1748 tornou-se necessária uma nova construção que chegou à actualidade. A República em 1910
atribuiu-lhe novas funções, pois aí funcionou o liceu até 1942. A construção do novo liceu em 1950 levou a
sua recuperação pela diocese que aí fez instalar o Museu Diocesano de Arte Sacra.

Do recheio do museu de arte sacra, proveniente das igrejas de toda a ilha, chama a atenção do visitante as
colecções de pintura, escultura flamenga , ourivesaria e paramentos

PINTURA
1.Pintura flamenga: S. Tiago Menor, Descida da Cruz(tríptico), Santa Maria Madalena S. Joaquim e Santa
Ana, S. Nicolau, Adoração dos Reis Magos,
Anunciação, S. Pedro S.Paulo e Santo André(tríptico), Nossa Senhora da Encarnação, Nossa Senhora do
Amparo.
2.Pintura Luso-flamenga: S. Tiago e S. Filipe(tríptico),
3.Portuguesa: Cabeça de Cristo, O nascimento de S. João Baptista, os dominicanos e a Ascensão de Cristo

ESCULTURA:
1.Do século XVI: Deposição do Túmulo, Virgem da Piedade, Virgem da Conceição,
2.Do século XVII: Santa Isabel, Nossa Senhora da Luz, S. Francisco de Paula,
3.Do século XVIII: S. Rafael, S. Miguel Arcanjo, Anjos Candelabros

OURIVESARIA:
1.Do século XVI A Cruz processional do Funchal, atribuída a Gil Vicente, oferecida pelo rei D. Manuel a
Sé, uma bandeja de prata dourada com punção de
Antuérpia, o porta-paz de prata dourada com os Reis Magos em relevo da Sé do Funchal, naveta em
prata(1589), cálice de prata(1580), cálice de prata
dourada com ametistas, cristais e esmaltes.
2.Do século XVII: Salva com pé de prata, salva com braço de prata, turíbulo de prata, cruz processional de
prata, ânfora de prata
3.Do século XVIII: lanterna processionais, jarras, caldeirinha, maças , sacra e urna, todos de prata.
PARAMENTOS: dos séculos XVII e XVIII, maioritariamente da Sé do Funchal.

No alto das Cruzes, ao cimo da calçada, fica o Convento de Santa Clara. Aqui terá erguido Zargo a sua
morada e construído a capela de Nossa Senhora da Conceição de Cima.

No espaço da primitiva capela o seu filho, João Gonçalves da Câmara, levantou a igreja e convento de Santa
Clara. Em 1476, João Gonçalves da Câmara, segundo capitão do Funchal, recebeu do papa Sixto IV o direito
de padroado do novel convento, que só começou a ser construído em 1492. O edifício só foi dado por
terminando em 1497, altura em que entraram as primeiras noviças.

Os traços mais evidentes da arquitectura da época de construção são evidentes no portal gótico da igreja, que
dá acesso ao exterior e nas arcarias góticas do claustro.

Na igreja merecem a atenção do visitante, o coro, os azulejos hispano-mouriscos do coro de cima e o túmulo
de Martim Mendes de Vasconcelos (impropriamente atribuído a João Gonçalves Zarco), genro de Zargo,
falecido em 1493, coroado com uma imponente arcaria gótica. Sob o pavimento da capela mor estão as
sepulturas dos três primeiros capitães do Funchal e seus descendentes. Ainda, no coro de baixo podem ser
presenciados um cadeirado e um órgão, que teria sido oferecido pelo rei D. Manuel. O altar-mor apresenta um
sacrário em prata do séc. XVII, tendo como fundo um retábulo de Nossa Senhora da Conceição, pintado neste
século por Alfredo Miguéis. Das capelas do convento merece a nossa atenção a de S. Domingos que ostenta
um conjunto de azulejos flamengos do séc. XVI, ao que consta únicos em todo o país.

O conjunto destaca-se na paisagem através da sua torre com cúpula oitavada recoberta de azulejos dos séculos
XVI e XVII. O convento foi extinto em 1821, todavia em 1896 foi entregue à congregação das Franciscanas
Missionárias de Maria. Estas, expulsas em 1910 com a República retornam em 1927

Próximo do Convento de Santa Clara está o Museu da Quinta das Cruzes, aberto ao publico na década de
cinquenta com base nas Colecções de César Gomes, a que se juntou em 1964 a de João Wetzler. O espaço
engloba a casa de morada, a capela de Nossa Senhora da Piedade(1692) e um amplo parque ajardinado. O
local tem grande significado na História da ilha, pois terá sido aqui que João Gonçalves Zarco fez erguer a sua
casa. A História do imóvel liga-se assim à família dos capitães do Funchal.

O edifício insere-se numa típica quinta madeirense servida de um majestoso jardim, onde a flora de diversa
origem convive com algumas pedras lavradas oriundas de igrejas e outros edifícios que foram demolidos,
constituído por pedras de armas, lápides comemorativas e outros elementos arquitectónicos. Aqui estão
reunidos vestígios do antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade de Santa Cruz, uma janela manuelina em
basalto do Hospital velho(1507). O recheio do museu é diversificado podendo destacar-se o mobiliário inglês
e português, composto por mesas, canapés, cadeiras , armários e arcas.

Os armários e arcas feitos na ilha, conhecidos de "caixa de açúcar" são uma referência obrigatória. Parte
significativa provem do recheio dos conventos da cidade (Santa Clara e Mercês). A designação resulta do
aproveitamento das madeiras das caixas que transportavam o açúcar do Brasil até ao Funchal. Depois
generalizou-se a todo o mobiliário em madeira de vinhático e til.

Na colecção de escultura merecem referência: a Virgem com o menino, uma escultura flamenga do século
XVI e o retábulo da Natividade, também de origem flamenga, do século XV. A colecção de ourivesaria é
variada, abarcando os períodos do séc. XVI a XIX. No conjunto destacam-se algumas salvas e o porta paz em
prata dourada da igreja de Santa Cruz. O mesmo poderá ser dito da colecção de porcelana, com especial
relevo para a Chamada porcelana da "companhia das Índias".

Na ampla e abrigada Baía de Machico desembarcou Robert Machim e companheiros no fim da malograda
viagem, tida como lenda, mas também João Gonçalves Zarco e seus companheiros, quando ultrapassaram o
"espesso negrume". Para alguns este vale sobrepôs-se na retina dos marinheiros à Serra de Monchique e, por
isso, o nome de Monchique que depois evoluiu para Machico. Hoje é ponto assente a sua associação a um
marinheiro do século XV com mesmo nome, certamente o primeiro a abordar a baía. Foi sede da capitania do
mesmo nome, criada em 1440 para usufruto de Tristão Vaz.

Hoje quem entra na cidade por mar ou por terra o espectáculo é distinto daquele que cativou os navegadores
quatrocentistas. O vale traçado pela ribeira, engalanou-se de garridas cores. A frondosa floresta cedeu lugar às
habitações, anarquicamente dispostas. Junto ao mar esta anarquia cede lugar a uns riscos traçados no terreno
para dar vez à freguesia e vila. Da primitiva estrutura urbana pouco restará e das construções apenas aquelas
que o uso e a tradição perpetuaram na memória e quotidiano machiquense. Os elementos mais antigos
resumem-se a alguns portais em ogiva e arcos contra-curvados.

A visita pode partir do largo frontal aos Paços do Concelho, que domina o recinto da vila. Ao centro a estátua
de Tristão Vaz da autoria do escultor Anjos Teixeira, inaugurada a 8 de Dezembro de 1972. Em frente os
paços do Concelho onde na cumeeira são visíveis as armas do município, uma esfera armilar em relevo.

Do outro lado da praça está a Igreja matriz, onde na porta lateral de dupla arcaria gótica, virada para a praça,
estão salientes duas colunas de mármore branco oferecidas por D. Manuel. A fachada apresenta um portal em
ogiva e uma rosácea manuelina. A primeira igreja data do século XV e foi construída por iniciativa do
capitão, Tristão Vaz. Da primitiva igreja pouco resta e o que se apresenta hoje ao visitante é fruto de diversas
transformações mantendo-se no entanto, o traçado primitivo. O campanário desgastou-se com o tempo e em
1844 foi necessário demoli-lo para em seu lugar se implantar um novo, só acabado em 1853.

No interior, chama a atenção do visitante as capelas dos Reis Magos(hoje do Santíssimo Sacramento) e de S.
João Baptista com arco e abóbada ogival. A primeira capela foi fundada por D. Branca Teixeira, filha do
primeiro capitão, Tristão Vaz, e por o segundo capitão, Vasco Vaz Teixeira, ficando destinada a jazida dos
familiares. O arco ogival é encimado com as armas dos Teixeiras: "um escudo de azul, partido, tendo na 10
partição uma ave fénix, de ouro e na 20 partição a cruz, de ouro, potentea dos Teixeiras e, em diferença nesta
20 partição uma flor-de-lis, solta". Finalmente temos a Capela do Espírito Santo, fundada por Sebastião de
Morais, cujas armas são ostentadas no topo do arco. A capela-mor apresenta-se com um arco em ogiva
perfeita, sendo coroada pela capela-mor com uma estrutura de retábulo de cariz maneirista, com nichos para
esculturas.

As cheias da ribeira, nomeadamente a aluvião de 1803, destruíram o edifício da Misericórdia, a capela de


Cristo e a alfândega. A capela, considerada por alguns o primeiro templo erguido na ilha sob o túmulo de
Roberto Machim, foi reconstruída, ficando a chamar-se do Senhor dos Milagres.

Foi em Machico que se produziu o primeiro açúcar da ilha, mas hoje pouco resta na vila desses momentos
áureos, assim de vestígios de velhos engenhos, apenas um de 1858. Para isso há necessidade de se deslocar ao
Porto da Cruz ou ao Faial onde jazem alguns restos dos mais antigos engenhos da ilha.

O lugar mereceu o nome de Santa Cruz porque João Gonçalves Zarco, aquando do reconhecimento da ilha,
mandou erguer uma cruz de cepos velhos. Foi o único lugar da capitania de Machico, além da localidade que
lhe deu nome, a assumir alguma importância, tendo sido elevado à categoria de vila em 26 de Junho de 1515
é hoje cidade, e foi detentor por muito tempo de uma alfândega.

A primitiva igreja foi construída no local onde se ergueu a dita cruz. O templo que hoje se apresenta ao
visitante, sob a invocação de S. Salvador, é de princípios do século XVI, da responsabilidade de João de
Freitas, fidalgo da casa de D. Manuel. Ele obteve por provisão de 1502, a mercê da capela-mor onde ainda se
encontra a sua sepultura e de sua mulher, Guiomar de Lordelo. O templo abre-se em 3 naves, sendo visível no
tecto, nomeadamente na abóbada do altar-mor, ornamentos manuelinos: a Cruz de Cristo, a esfera armilar e o
escudo. Os mesmos elementos surgem nas capelas laterais de São Tiago e Almas, fundadas respectivamente
por João de Morais e Gaspar Pereira de Vasconcelos do Porto Santo. Próximo da matriz está o edifício da
Misericórdia, instituída por testamento de Diogo Vaz em 1505, que a mandou construir em 1530. Ainda no
Altar-mor o portal geminado que dá acesso à sacristia e as paredes laterais ostentam seis pinturas:
Anunciação, Nascimento de Cristo, Adoração dos Reis Magos, A Crucificação, Descida da Cruz e
Ressurreição.

No largo, onde outrora dominava o pelourinho, demolido em 1835, encontram-se os paços do concelho,
construção do século XVI em que são visíveis a porta ogival e as janelas geminadas.

Peças de destaque: Porta-Paz, disponível no Museu da Quinta das Cruzes

Integrado nesta freguesia está a capela da Madre de Deus no Caniço. A capela foi fundada por Isabel Álvares
em 1536 mas as obras de construção do templo terão terminado dez anos depois. A fachada é dominada por
um portal em volta perfeita e uma rosácea simples. Um quadro retabular de tábuas pintadas do século XVI
domina o interior do templo. Encravada entre o vale traçado pela Ribeira, encontra-se a localidade da Ribeira
Brava. O nome do local foi conquistado à ribeira pela bravura na época invernal. Ontem, como hoje, é um
importante nó de comunicação entre a parte Norte e Ocidental da ilha. Foi terra de gente ilustre, com
participação activa na defesa do Norte de África, donde se relevam Henrique Betencourt, sobrinho do
senhorio de Lanzarote que se fixou na Banda de Além, Diogo de Teive, fidalgo da casa real e descobridor das
ilhas portuguesas e Pe. Manuel Álvares, autor da mais importante e divulgada gramática latina.

A Igreja matriz, onde Manuel Álvares foi baptizado e deu os primeiros passos no estudo do latim, é de três
naves, embora bastante alterada com as remodelações do presente século, são ainda visíveis alguns elementos
quinhentistas: dois arcos góticos, o púlpito com um anjo na base e a pia baptismal. Esta última foi ofertada
pelo rei D. Manuel.

Peças mais significativas:


1.Pintura: Adoração dos Reis Magos e Adoração dos Pastores ou Natividade, no Museu de Arte de
Sacra; A virgem com o Menino com S. Bento e S.Bernardo
2.Escultura: A virgem com o menino, escultura flamenga do século XVI; S. Pedro
3.Ourivesaria: conjunto variado de alfaias religiosas, que constitui o tesouro da igreja, estando
reunido numa sala de acesso ao público.
O lugar foi buscar o nome a um acaso do astro-rei. Foi seu fundador Rodrigo Anes, o coxo que, na pequena
enseada banhada pelo sol, fez construir a capela da Virgem Santa Maria da Luz. Em 1486 surgiu a novas
igreja para sede da paróquia com a invocação de Nossa Senhora da Luz.

Da primitiva igreja temos apenas, devido às duas reconstruções, a capela do lado da epístola, onde se pode ver
a sepultura do seu fundador, falecido em 1486. Os elementos de maior destaque são: o tecto de alfarge da
capela mor, a pia baptismal. Esta última é peça única de cerâmica existente na ilha, tendo sido ofertada por D.
Manuel.

Subindo a encosta, no sentido do Funchal, depara-se diante de nós o sítio da Lombada, uma extensão de
terreno que João Gonçalves Zarco escolheu para o filho-segundo Rui Gonçalves da Câmara e que aforou em
1493 ao flamengo João Esmeraldo. Aí levantou a sua casa solarenga, o engenho para moer a cana e uma
capela da invocação do Espírito Santo, sagrada em 1508. Deste conjunto definido por Gilberto Freire como a
trilogia rural, restam apenas a casa e a capela. A primeira foi restaurada e serve de escola preparatória.

O lugar da Calheta dominou uma importante área de canaviais, afirmando-se desde o século XV como o
embarcadouro para o escoamento do açúcar. Daqui resultou a sua valorização em detrimento do alto - a
Estrela - onde João Gonçalves Zarco havia feito doações de terras importantes aos filhos João Gonçalves da
Câmara e D. Beatriz. Por isso, foi em 1502 elevado à categoria de Vila, integrando no seu perímetro os mais
importantes canaviais, detidos por ilustres calhetenses que singraram na revelação do mar ocidental, como foi
o caso de João Afonso do Estreito e Fernão Domingues do Arco.

São de visita obrigatória a igreja matriz, construída no século XV. Entra-se por um portal em ogiva e perante
nós depara-se a única nave coberta de um tecto de alfarge, que atinge inegável beleza na capela mor, que é
dominada pelo sacrário em ébano com incrustações de prata. A cruz processional do século XVI foi oferta do
rei D. Manuel. A pintura está representada através de dois painéis laterais de um tríptico, invocativos da
Virgem da Anunciação e do Anjo, hoje disponíveis no Museu de Arte Sacra.

Duas Capelas completam o roteiro. No Estreito da Calheta, na primitiva povoação surgiram algumas capelas
vinculadas, sendo de destacar a dos Reis Magos, construída cerca de 1529 por Francisco Homem de Sousa.
Aqui todo o deslumbramento está no retábulo da escola flamenga, em madeira de carvalho policromada e
dourada, representando a Adoração dos Reis Magos. No Loreto é a célebre capela de Nossa Senhora do
Loreto, local de romaria e grande devoção. A capela que esteve integrada num solar apresenta um alpendre
sustentado por colunas de mármore branco de origem sevilhana. No interior o tecto é de alfarge.

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