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[ a evolução no design da caneta ]

História da Técnica e do Desenho Industrial

Docente Sandra Medeiros

Dicentes Dimitri Santos Neves


Nilton C. Sodré
Paulo Sérgio Nunes
Walter de Aguiar

Universidade Federal do Espírito Santo


Setembro de 2003
apresentação
[ moto-contínuo tecnológico-evolutivo coletivo ]

“A cada nova técnica novas tensões e


novas necessidades levam o homem a
desenvolver novas técnicas.”
Bernd Löbach

Uma análise aprofundada no de-


senvolvimento dos vários objetos
que hoje povoam nosso cotidiano
faz invariavelmente transparecer lar do que podemos propriamente
bastante do que podemos chamar chamar design, ou seja: a evolução
de evolução dos meios de produ- pós Bauhaus - mas irá muito antes
ção, bem como das técnicas e, a deste momento, próximo mesmo
grosso modo, das possibilidades das primeiras manifestações de es-
legadas à indústria por aqueles que crita, quando o uso da tinta trouxe a
exerceram o design através dos necessidade de dispositivos cada
séculos. vez mais engenhosos, capazes de
Apresentamos A Evolução no De- acompanhar o ritmo da produção
sign da Caneta com a proposta de dos documentos e obras literárias.

A Evolução no Design da Caneta


aprofundarmos estudos no campo E como a evolução tecnológica é
da história do design, através de algo que se multiplica geometrica-
pesquisas pautadas pelas obras de mente mediante as possibilidades
autores consagrados como Bernd de combinações e o surgimento de
Löbach, McLuhan e Rafael Denis sempre novas necessidades (mui-
Cardoso, nas abordagens direta- tas vezes decorrentes dos avanços
mente ligadas ao design, e, nos anteriores, numa espécie de moto-
aspectos tecnológico e econômico, contínuo coletivo), nos vemos obri-
Nathan Rosenberg. gados a analisar também os me-
Nossa escolha por um objeto pre- andros do processo através da his-
sente em toda a história recente da tória, tentando ressaltar a natureza
cultura e da civilização permitirá ao cíclica com que soluções geram pro-
leitor vislumbrar não só o desenro- blemas a serem solucionados,
numa progressão infinda. Imagens ....
dispostas ao longo das páginas tra- 3
.......................................................................
 çam paralelos com a linha de racio- nos valemos de cronogramas en-
cínio proposta, possibilitando uma contrados em websites como:

apresentação
compreensão mais abrangente e www.metmuseum.org,
precisa deste percurso percorrido www.historychannel.com, e
pelo objeto em seu desenvolvimen- www.pbs.org.
to. A cada novo capítulo, uma cha- A seguir, conforme se estruturava o
mada dará a tônica da abordagem, estudo, contamos com a orientação
fortalecida por títulos que se farão da dosecente Sandra Medeiros en-
claros à medida que a leitura se dá, quanto desenvolvíamos, paralela-
compondo-se diante do leitor uma mente, um leiaute que se adequas-
apresentação não puramente line- se às nossas aspirações: o resul-
ar, mas cheia de intertextos e ob- tado é apresentado nas próximas
servações fundamentais para se páginas, divididas em 4 seções,
evidenciar a correspondência das sendo que na última parte reunimos
obras pesquisadas com a realida- algumas informações complemen-
de histórica da caneta. tares.
[ vision of the future ] As imagens apresentadas foram A caneta foi, portanto, entre tantos
obtidas através dos websites dos outros objetos, aquele que nos apra-
fabricates Bic, Montblanc, Parker e zou explorar, e não fosse o bastante
Waterman; do site conceitual Vision a sua presença marcante na histó-
of the future mantido pela Philips; e ria e no cotidiano de todo o mundo,
A Magic Pen é um dis- também extraídas de livros como O gostaríamos de ressaltar um seu
positivo inteligente de re- design do Século, Design de A a Z, valor mais resguardado, talvez mes-
cepção. Informações ge- A palavra Escrita e o Anuário 2003 mo despercebido pelo leitor em sua
radas durante a escrita e de canetas da Fountain Pen Hospi- ingenuidade e leviana curiosidade.
o desenho são gravadas. tal. Escolhemos este instrumento por-
Elas podem ser carrega- Para embasamento teórico foram que percebemos que não obstante
fundamentais os capítulos Estética tenha vindo de há muito, está ainda
das depois da caneta,
do design industrial e configuração fadado a acompanhar longos capí-
através do “tinteiro”, para simbólico-funcional de produtos in- tulos de nossa história, como ficará
dentro do computador. dustriais da obra de Löbach; a intro- claro.
Pode inclusive ser utiliza- dução ao desenvolvimento da es- Mais ainda - e aqui exprimimos algo
da para gravar falas, u- do orgulho de nosso fazer diário -

A Evolução no Design da Caneta


crita de Wilson Martins apresenta-
sando o processo de di- da em A palavra escrita; trechos da nos decidimos por um tal objeto por
tado voz-texto. obra de McLuhan, Os meios de co- simbolizar, não em seu caráter feti-
municação como extensões do ho- chista e sim no funcional, o nosso
mem, além de O Design do Século, exercício de designers gráficos.
www.philips.com/design/vof de Michael Tambini e artigo de J. G. Pois diferentemente do carbono do
Fraga publicado pela revista ArcDe- carvão, evoluído até o grafite, a ca-
sign. neta representa não só o gesto do
Depois de feita uma triagem e des- designer, mas também a impres-
“Hoje o Personal Digital Assistant (PDA) é composto de
bastado o material, tratamos de são. O uso da tinta, sempre adequa-
uma caixa preta inteligente (tablet) e uma caneta de conta- compor uma estrutura cronológica da à aplicação e seus processos,
to; imagine reverter a descrição, colocando a inteligência a fim de localizar na história as di- garante à caneta a representação
na caneta mesma. Você cria de repente algo muito poderoso, versas informações, e assim, po- de nosso fazer profissional, e a tor-
quase mágico.” dermos tratá-las de forma mais con- na, incontestavelmente, merecedo-
....
Khody Feiz, design de produto. cisa e dinâmica. Neste momento ra desse estudo. 
5
[ desmistificação do processo criativo ]

desenvolvimento
“Um problema central no exame dos avanços técnicos, e que torna
difícil até mesmo definir ou caracterizá-lo prontamente, é que ele
toma vários aspectos diferentes. Porque o processo técnico não é
uma coisa, é muitas coisas...”
Nathan Rosenberg

Pensar no desenvolvimento técnico


de um objeto pode parecer, a princí-
pio, uma consideração dos diversas
etapas por que passou até alcan- ra traçar, e até medir, algumas des-
çar seu estagio atual: resultado da sas conseqüências. Não obstante, a
intervenção de mentes inventivas profissão dos economistas aderiu
que, aqui e ali, se esforçaram por mais diretamente a uma conduta auto-
trazer ao mundo suas concepções imposta por não pesquisar muito se-
do que se convencionou chamar riamente a respeito do que transpira
dentro daquela caixa.”
inovação. Assim, inovação após ino-
vação, os nossos “objetos moder- A conduta descrita desses econo-
nos” viriam sendo construídos por mistas é mais ou menos a mesma
um clã de gênios, recolhidos em adotada pela massa que, diante das
seus complexos universos pesso- inovações surgidas no mercado,

A Evolução no Design da Caneta


ais. Nathan Rosenberg em sua obra demonstram um misticismo seme-
Inside the Black Box: Technology lhante, explorado cada vez mais pelo
and Econo-mics (1982), descreve o marketing. Os comerciais criados
seguinte: para marcas como OMO ou Wella,
por exemplo, trazem sempre a ima-
“Economistas vêm tratando o fenô-
gem de poderosos laboratórios e-
meno tecnológico como se compon-
do de eventos que transpiram dentro quipados com o que há de mais fan-
de uma caixa preta. Eles logicamente tasticamente distante da realidade
perceberam que estes eventos têm da dona de casa, sempre num visu-
conseqüências econômicas signifi- al futurista e com animações didáti-
cativas, e de fato devotaram esfor- cas de estruturas moleculares que
ços e ingenuidade consideráveis pa- mostram a magia da ação daquele
produto inovador, ou mesmo mila-
groso. Parece ser destes recôndi- ....
7
 tos misteriosos, divinamente bran- desde que lave melhor a roupa ou
cos e cheios de luz que vêm as ino- deixe os cabelos parecidos com os
vações tecnológicas. E isso basta, da última vedete holywoodiana.
Em nossa análise, entretanto, de-
monstraremos que por detrás das
atitudes inventivas de personalida-
des (com suas equipes de colabo-
radores) há um emaranhado de cir-
cunstâncias responsáveis por ge-

desenvolvimento
rar a demanda, os meios, e até as
características da inovação, ele-
mentos que poderiam ser tomados
como simples competência ou pre-
ferência do designer.
Todo processo engendrado o é por
força de uma energia, uma tensão,
que se configura a partir das condi-
ções sociais, culturais e, em se tra-
tando de um mundo capitalista: eco-
nômicas. Tais condições formam
uma malha de tensões capaz de,
numa espécie de convulsão, impul-
sionar ou possibilitar um avanço
tecnológico, que por sua vez permi-
tirá outros tantos, numa espécie de
reação em cadeia, pois a cada res-
posta obtida surgem novas ques-
tões decorrentes. Cada avanço, cada
inovação ou incremento levanta, in-
variavelmente, questões novas. A
transformação no cotidiano de uma
sociedade implica numa transfor-

A Evolução no Design da Caneta


mação mais ou menos radical.
Adaptar-se às novas condições es-
tabelecidas é sempre um processo
que gera novas questões, novas ten-
sões que requerem novos esforços.
O homem está fadado à evolução
contínua enquanto houver dentre
nós espíritos questionadores ou sim-
plesmente dispostos a mudanças.
O designer mais experimentado
certamente concluirá, cedo ou tar-
de, que nada está pronto, evoluído
até o limite; e que seu exercício não
é conclusivo e sim evolutivo, indefi- ....
nidamente aperfeiçoador.  9
[ a caneta embrionária ]

desenvolvimento
“Os romanos chegaram a fabricar calami de bronze, que fo-
ram, assim, um prenúncio da pena metálica, dela separados
pelo reinado da pena propriamente dita, a pena das aves.”
Wilson Martins

Buscar um início para a história da


caneta remete a um momento mui-
to anterior a seu surgimento, de for-
ma que se faz necessária uma re- Já no correr dos 3000 a.C. registra-
gressão prévia, a fim de situar o leitor se o uso de pincéis pelos egípcios,
no contexto de seu aparecimento. para sua escrita pictórica. Os roma-
Podemos definir por escrita o ato nos, por volta de 1300 a.C. utiliza-
de gravar formas sobre um suporte vam, além de uma modalidade pró-
com a intenção de uma construção pria de estilete, o calamus: uma es-
lingüística. Das mais primitivas pécie de caniço para escrita sobre
modalidades de escrita até as mais papiros ou pergaminhos. Nas pala-
sofisticadas, existe sempre a ne- vras de Wilson Martins:
cessidade de instrumentos ade-
quados. Os ancestrais da caneta “Esse caniço, chamado comumente

A Evolução no Design da Caneta


remontam, sob esta ótica, aos mais calamus, foi, por conseguinte, o an-
primitivos intentos da humanidade tepassado direto da nossa pena. Os
pré-histórica. Faz-se providencial a calami eram conservados em esto-
separação, a fim de direcionar mais jos apropriados, que muitas vezes
objetivamente a atenção do leitor, se carregavam pendurados na cin-
tura, junto com os recipientes de tin-
entre instrumentos de entalhe ou
ta. Os romanos chegaram a fabricar
desgaste e instrumentos a tinta, calami de bronze, que foram, assim,
mais diretamente aparentados ao um prenúncio da pena metálica, dela
nosso objeto de estudo. separados pelo reinado da pena pro-
priamente dita, a penas das aves.”

Os calami foram largamente utiliza-


dos até pelo menos o século VI de
nossa era, havendo registros de sua ....
aplicação ainda no século XVI.  11
Cabe acentuar que o conhecimento

.......................................................................
de materiais não é de valia prática à
produção de artefatos até que se
dominem as técnicas necessárias
para trabalhá-los. E uma vez domi-
nando-se a técnica, cabe ainda ave-
riguar a validade de sua aplicação.
Dificuldades na manipulação do
aço, por exemplo, (já conhecido des-

desenvolvimento
de aquela época) podem ter levado
a uma predileção pelo cobre na con-
fecção dos calami.
O mesmo quadro se repete hoje na
indústria, enquanto que no extremo
oposto, chega-se a projetar objetos
em função de um dado material,
notadamente quando a facilidade de
obtenção, e conseqüentes possibi-
lidades de lucro, são consideravel-
mente elevadas (seja por baixos
custos de processamento ou por
um forte apelo estético, por exem-
plo).
Já a partir de 600 d.C., com a cres-
cente dificuldade para se conseguir
calami de boa qualidade, as penas
passaram a ser utilizadas como
instrumento de escrita. 

A Evolução no Design da Caneta


Cálamo com estojo, segundo uma pintura de
pompéia. ....
13
[ evolução a duras penas ]

desenvolvimento
“Eram escolhidas, como se sabe, as penas da
asa, chamadas remígias, o que provavelmen-
te deveria facilitar os vôos da imaginação.”
Wilson Martins

As remígias, penas das asas, dos


gansos eram as mais procuradas:
as hastes possuíam um bom com-
primento, além de uma espessura único.
adequada tanto à boa empunhadu- O uso dessas penas resultou ainda
ra quanto ao corte, que permitia na modificação do estilo da escrita
uma ponta de espessura apropria- da época. Inicialmente utilizadas pa-
da. Tinham também a capacidade ra o desenho das letras maiúsculas,
de reter a tinta no interior do bulbo elas foram usadas mais tarde nas
até que se lhe aplicasse leve pres- minúsculas, permitindo maior ve-
são. locidade da escrita.
O preparo das penas era um pro- As notáveis restrições impostas
cesso bastante artesanal. A ponta pelo sistema que se estendeu por
da pena era aparada até a espes- séculos a fio, certamente causarão

A Evolução no Design da Caneta


sura desejada e, em seguida, mer- alguma exaltação nos leitores me-
gulhada em areia aquecida para que nos experimentados na área das
ficasse mais rígida. Por causa das evoluções. Partamos das chateações
diferenças naturais das próprias mais evidentes: os respingos por
penas e dos cortes feitos, além da toda a superfície desenhada caligra-
própria pressão exercida pela mão ficamente (constituía então uma arte
(que causava variações na espes- de poucos, e para poucos) e a lenta
sura dos caracteres), cada pena tor- secagem do excesso de tinta nas
nava-se um instrumento de escrita páginas (o que era, antes de mais
nada, um desperdício do líquido)
eram características da ferramenta
tão sumariamente aparada à medi-
da do desgaste. A secagem das
páginas demandava superfícies ....
15
amplas, uma vez que ajuntar as fo-
lhas ainda úmidas seria catastrófi-
co. Mas a mais impressionante das
limitações não se encontra entre
estes fatores. Trata-se de um as-
pecto ligado ao raciocínio e à capa-
cidade de vazão das idéias pelo
escritor. Imaginemos que ritual não
constituía a escrita. A cada tantas

desenvolvimento
sílabas havia a necessidade de
molhar a pena, retirar os excessos
e conduzir a ponta molhada por so-
bre o papel (tentando de todas as
formas evitar os respingos) para
então imprimir à página mais umas
tantas letras e retomar o ritual. A este
compasso penoso estava limitada
sua expressão escrita: horas a fio
para produzir uma seqüência razoá-
vel de páginas, em caracteres exu-
berantes, certamente muitas vezes
maiores que os encavalados nas
páginas digitadas da atualidade (o
que constituía uma outra dificulda-
de relativa à obtenção do suporte).
A pena será utilizada numerosas
vezes na produção de diversos dos
documentos que nos contam hoje
um pouco de nossa história e nos
transmitem a poética e a ciência de
tempos passados. Sua valorização
comercial, entretanto, não se pode-

A Evolução no Design da Caneta


ria desenvolver muito, uma vez que
se tratava de objeto tão simplório,
praticamente aplicado em estado
bruto, e, em geral abundante. 

....
17
[ uma ferramenta mais resistente ]

desenvolvimento
“Sem a escrita, privilégio do homem, cada indivíduo, reduzido à
sua própria experiência, seria forçado a recomeçar a carreira que
o seu antecessor teria percorrido, e a história dos conhecimentos
do homem seria quase a da ciência da humanidade”.
Encyclopédie

A pena era ainda vastamente utiliza-


da em torno de 1800. Nessa época
um ourives americano, não se adap-
tando às inconveniências da ferra- de aço, desenvolve uma forma de
menta, criou para si uma pena de produzir penas com grande poten-
aço. Chamado Pellegreno William- cial comercial (preços menores e
son, trabalhara inclusive uma fenda maior qualidade).
a fim de conferir maior elasticidade O processo de corte de lâminas e
à ponta metálica. A patente é reque- moldagem é semelhante ao dos
rida três anos mais tarde, por Bryan dias atuais. 1830 via nascer uma
Donkin, um engenheiro inglês, que, nova indústria de massa que homo-
entretanto, não explorou o invento geneizou a espessura dos traços a
comercialmente. O novo invento bre- pena. Entretanto, o desgaste conti-
ve traria a necessidade de novos in- nuava, e a forma de proteger as no-

A Evolução no Design da Caneta


crementos. vas penas foi introduzir um material
O mundo assiste ao florescimento mais duro a suas pontas: o rubi, ini-
da primeira revolução industrial. A cialmente, e o irídio passam a ser
crescente demanda por velocidade aplicados.
e capacidade nos transportes torna A necessidade de molhar a pena
estes dois fatores sinônimos de lu- no tinteiro permaneceria ainda por
cratividade. A indústria do aço desen- algumas décadas, mas era eviden-
volve-se para compor locomotivas e te que diante de tantas evoluções
estradas de ferro mais eficientes. técnicas, a pena não poderia se
Logo resultaria daí que um grupo de demorar como gargalo da produção
fabricantes ingleses, através de um escrita. A própria revolução industri-
processo de alimentação por placas al trazia consigo a necessidade de
novos e mais detalhados registros
de produção, contratos, acordos, ....
vendas, entre outros.  19
.......................................................................
[ aposentadoria do tinteiro ]

desenvolvimento
“Em 1900, os pricípios fundamentais para uma caneta-tinteiro bem-
sucedida estavam estabelecidos: um reservatório para tinta, um sis-
tema de carregamento e um método para conduzir a tinta até a
ponta. Encontrar a melhor combinação era um desafio constante...”
O Design do Século

Os desenvolvimentos técnicos de
uma nova era trariam novas ques-
tões ao design da caneta: um mo-
delo em níquel de 1850 marca a tran- materiais ou energia e força de tra-
sição tecnológica. De produtor des- balho, ou no melhor aproveitamen-
Década de 1850, produtor desconhecido, Esta conhecido, a caneta com reservató-
ca neta em níquel com reservatório em couro
to do tempo. Conforme as novas
rio em couro de porco não funciona- possibilidades iam surgindo, os
de porco pretendia evitar que se mergulhasse
va muito bem, mas já tentava evitar projetistas e designers iam-se va-
a pena no tinteiro a cada palavra. Apesar do
avanço técnico, este tipo de modelo ainda não que se mergulhasse a pena no tin- lendo delas em seus projetos, no
funcionava muito bem. teiro a cada palavra. Surge neste caso das canetas produzidas em
momento uma série de canetas com massa, restringidos pela viabilida-
os mais diversos implementos na de comercial, enquanto que no ca-
busca por incorporar uma carga de so dos artigos de luxo, aproveitan-
tinta e aposentar o tinteiro definitiva- do-se dos novos processos, mais

A Evolução no Design da Caneta


mente. O processo, entretanto, não complicados e menos comuns
1899, Paul E. Wirt. As canetas decoradas em é linear, e várias marcas se esforça-
ouro eram muito comuns da década. A similari-
para, a despeito do custo da pro-
vam por desenvolver a melhor solu- dução, confeccionar objetos únicos,
dade entre os desenhos de várias marcas su-
ção e fazer o melhor uso comercial desejados pelas altas classes.
gere que usados os mesmos fornecedores.
dela. Desenvolveram-se vertiginosamen-
Na segunda metade do século, a te os meios de transporte, a fim de
ciência era posta a serviço da indús- escoar a produção e fornecer supri-
tria em nome do desenvolvimento de mentos à indústria. Como conse-
técnicas que permitissem maior pro- qüência, o transporte de passagei-
dução, melhor aproveitamento de ros evolui de tal forma, que viagens
Década de 1910, Waterman. O n.º 420 é um antes inconcebíveis pela mente da
dos modelos mais raros das canetas em
época se tornam possíveis. Rosen-
filigrana, existem apenas quatro no mundo hoje.
Como na caneta acima, a tinta era colocada no berg aponta que: 
....
reservatório com conta-gotas.
21
.......................................................................
 “Uma invenção que reduza o custo que se deu o desenvolvimento nas
da geração de energia afeta de for- mais diversas áreas, gerando uma
mas diversas diferentes indústrias. disponibilidade cada vez maior e
No passado, tais reduções de custo progressivamente mais atraente, do
A pena é feita de eram essenciais para o desenvolvi- ponto de vista econômico, dos no-
borracha rígida mento da indústria do alumínio, uma
preta, com um aro vos meios e possibilidades de pro-
intensa consumidora de eletricidade.
decorado em ouro
Essas reduções tiveram um papel dução.
expressivo no barateamento de fer- Foi anos antes, em 1880 que a Paul
E. Wirt & Mabie e a Todd & Bard, duas

desenvolvimento
tilizantes comerciais e no aumento da
intensidade com que eram utilizados companhias norte-americanas, pa-
na produção de alimentos. Sua signi- tentearam a mesma invenção. Cri-
ficância para a produção de esfe- avam a primeira caneta-tinteiro ba-
rográficas ou guarda-chuvas, entre- seada no princípio da capilaridade:
tanto, foi provavelmente muito peque-
sem formar vácuo, a tinta fluía sua-
na. Na medida em que essas inova-
ções na geração de energia pude- vemente do reservatório para o pa-
ram promover uma redução massiva pel: finalmente um objeto prático,
no custo da energia (a consumação simples e portátil, mas que logo
de algo há muito desejado!) inova- demandaria novos desenvolvimen-
ções subseqüentes, conhecidas por tos.
serem tecnicamente viáveis, mas Dois anos mais tarde, Lewis Edson
economicamente pouco atrativas, Waterman experimenta as restri-
puderam passar ao campo da viabili-
ções do novo processo ainda pre-
dade econômica.”
maturo: corretor de imóveis, diante
Eis um exemplo da potencialidade de um importante negócio, perde o
de uma segunda fase da revolução cliente para um concorrente sim-
industrial. A busca simultânea de plesmente porque sua caneta, além
Costumava-se soluções técnicas nas diversas áre- de não escrever, respingara todo o
usar um
as possibilitou que resultasse de contrato. Decepcionado, dedica-se
conta-gotas
para encher o suas interações práticas um sal-to ao projeto de uma caneta com a qual
reservatório
historicamente inigualável até en- pudesse contar sempre, e dá ori-
tão. O desenvolvimento do auto- gem à Waterman, uma das mais
móvel particularmente, com os con- tradicionais marcas de canetas-tin-
teiro ao receber, na Exposition Uni-

A Evolução no Design da Caneta


Especificações seqüentes desenvolvimentos das
tecnologias dos combustíveis e da verselle de 1889, medalha de bron-
País: EUA
borracha para os pneus vieram a ze – a mais alta honra concedida a
Material: Borracha rígida
com aro de ouro promover um crescente domínio uma caneta tinteiro.
Comprimento: 13 cm das possibilidades químicas do A configuração econômica e a dis-
petróleo, o que, por fim, possibilitou ponibilidade da tecnologia configu-
Waterman o a produção dos emborrachados ram uma proliferação de empresas
Conta-gotas e, já em 1930, dos plásticos que uti- no ramo: ainda em 1882 a inglesa
c. 1903 lizamos, dentre outras coisas, na Waterman; a Parker em 1891; em
Lewis E. Waterman, pioneiro em confecção de nossas canetas mais 1908 é fundada na Alemanha a Mon-
canetas-tinteiro, fundou sua a-cessíveis. Conforme aponta Ro- tblanc (então conhecida como Sim-
empresa de sucesso patente- plo Filler Pen Company); a Sheaffer
senberg, isso não seria o bastante
ando um design que aperfeiço- em 1912, nos EUA; as já instintas
ava o carregamento, incluindo se os processos não fossem eco-
nomicamente atraentes. O prodígio Thomas de La Rue (1881 – 1957) e
delicados sulcos sob a ponta. ....
foi, portanto, a simultaneidade com LeBoeuf (1918 – 1936). 
23
Neste contexto, a caneta sofre uma

.......................................................................
ramificação em sua linha de desen-
volvimento: diferentes dispositivos
de segurança antivazamento, pro-
cessos de recarga variados, prote-
gidos pelas várias marcas através
das patentes, que lhes garantiam
o direito de exclusividade da aplica-
ção de seus dispositivos por vários

desenvolvimento
anos, gerando uma multiplicidade
de soluções, uma vez que este ou
aquele fabricante só poderia se va-
ler da inovação do concorrente me-
diante sua aprovação, e pagamen-
to dos direitos.
Em 1900, Waterman alcança uma
produção anual de 227.000 unida-
des: um marco significativo para a
época. Os mercados ainda eram
suficientes para absorver a produ-
1925, Wahl-Everrsharp. Em pau-rosa, ção limitada das várias marcas,
esta ca neta apresenta mais uma ino- mas os acontecimentos do século
vação na tecnologia desses instrumen-
que hora se iniciava transforma-
tos: a pequena alavanca lateral permitia
encher a caneta sem desmontá-la. riam definitivamente aqueles mol-
des comerciais. 

1940, Parker. Uma das ca netas mais


famosas do mundo, Parker n.º 51 so-
breviveu, em várias formas, por duas
décadas. Quando foi lançada, seu sis-
tema de enchimento “vacumatic” era o
mais avançado da época.

A Evolução no Design da Caneta


Década de 1900, Aurora . Um dos pri-
meiros modelos da Aurora, esta cane-
ta em borracha dura vermelha é do tipo
“safety pen”. Nelas, um sistema de es-
piral interno impedia que a tinta vazas-
se quando a caneta não estava sendo
usada.

1936, Montblanc. A mais cobiçada da


linha Montblanc Platinum Lined, a n.º
128PL tem um sistema de rosca para
colocar a tinta. A celulóide especial de
que é feita era produzida pela Bayer.
....
25
[ uma nova ordem mundial ]

desenvolvimento
“Competição feroz de preços coexiste com ní-
veis muito altos de concentração do produtor
e diferenciação significante dos produtos.”
Nathan Rosenberg

Outra face do desenvolvimento de-


corrido da segunda revolução indus-
trial é a necessidade crescente por
mercado, fator determinante para a almente: a Alemanha, berço de vári-
eclosão da I Grande Guerra. Vários as das tradicionais marcas de ca-
fabricantes, capazes de produzir netas nascidas naquele início de
mercadorias inéditas em várias par- século.
tes do globo, ousam expandir suas Às guerras cabe o mérito de catali-
fronteiras comerciais bem cedo. In- sadoras do desenvolvimento tecno-
vestem no mercado exterior através lógico. São incontáveis as vezes em
de agentes ou filiais que se vão po- que desenvolvimentos militares ge-
sicionando estrategicamente. Se ram incrementos técnicos no âmbi-
para alguns a presença de mão-de- to comercial. Citemos por exemplo
obra e facilidade de obtenção de o caso da indústria aeronáutica que

A Evolução no Design da Caneta


matérias-primas são determinan- se desenvolveu em grande parte
tes, para outros vale a credibilidade devido ao interesse dos países em
de uma localização nobre, conquan- se valerem de aeronaves nos com-
to independentemente das desvan- bates. Se novamente consultarmos
tagens econômicas, seus clientes Rosenberg, leremos:
certamente comprarão seus artigos
de luxo conforme as possibilidades “A indústria de aeronaves comerci-
de seu extrato social mais elevado. ais é a única entre as indústrias pro-
A dominação imperialista se conso- dutoras em que uma organização de
pesquisa do governo, a National
lidava com desvantagens para a
Advisory Committee on Aeronautics
potência que mais crescia industri- (NACA), ainda se mantém para ser-
vir às necessidades do design de
aeronaves.
Organizações de pesquisa similares, ....
mantidas conjuntamente pelo gover- 27
 no e pela indústria para desenvolver Processos de produção mais ágeis

.......................................................................
pesquisas de inovações tecnológi- davam vazão a quantidades cada
[ a escrita no espaço ] cas diversificadas, vêm sendo re- vez maiores de produtos com con-
centemente defendidas para outras
A maior parte das canetas depende da gravidade para alimentar suas siderável economia, decorrente do
indústrias pelos consultores. (...)
pontas. Assim sendo, não escrevem de cabeça para baixo, ou mesmo É crucial notar, além disso, que a
barateamento causado por pesqui-
perpendiculares às paredes. Situação similar é encontrada no espaço, NACA desenvolveu poucas pesqui- sas em setores de maior consumo
dada a ausência de campo gravitacional. sas básicas durante este período. energético, como a indústria bélica
Antes de 1940, ela funcionava pri- ou do alumínio. Conforme baratea-
mariamente para prover infra-estru- vam-se os processos, gradativa-

desenvolvimento
tura de pesquisa, o que disponibili- mente os lucros davam lugar a uma
zou grandes estruturas de informa- democratização dos produtos, fren-
ções e testes em design, como os
te à sempre crescente concorrên-
túneis-de-vento.”
cia.
Os cartuchos das esferográficas
convencionais são abertos para per- A tinta é levada à ponta por pressão à Para a indústria de aviões comerci- Cresce o mercado de capitais, sur-
mitir que a tinta alimente a ponta. O gás, permitindo à caneta escrever em ais, as reduções nos custos de fer- gem as Sociedades Anônimas
segredo por trás da Fisher Space Pen qualquer posição. Um benefício adici- ramentas e maquinário de produ- (S.A.) e os holdings. Para empresas
reside em características singulares onal do design hermético é que ele evita ção foram consideráveis, proporci- como a Waterman, devido à tradi-
do design da tinta e nas tolerâncias que a tinta se resseque, dando à
onan-do a existência das grandes ção de negócios em família, ape-
da fabricação de alta perfrmance da Fisher Space Pen uma vida útil esti- nas em 1971 seria incorporado o
ponta esferográfica e do soquete. mada de 100 anos.
companhias aéreas da atualidade.
A NACA viria a se chamar NASA anos S.A. e, dadas as pressões de uma
depois. Para as canetas, assim nova organização econômica mun-
................................................................ como para vários objetos produzi- dial, em 1987 a marca passaria a
dos nessa época, a mudança mais fazer par-te do grupo Gillete: refle-
notável que o consumidor pôde xos das mudanças que se impu-
[ sistema de carregamento snorkel ] acompanhar foi a apropriação das nham já a partir do início do século.
formas aerodinâmicas, que reforça- Em 1928 surge o famoso e podero-
remos à diante. so cartel de companhias petrolífe-
ras conhecido como “sete irmãs”,
reunindo a Exxon, Chevron, Gulf Oil,
O método Snorkel, da sheaffer, utiliza Móbil Oil, Texaco, British Petroleum
um tubo fino que emerge do lado e Royal Dutch/Shell. Mais poderoso
inferior da ponta quando o usuário do que muitos Estados, o cartel con-
gira o botão na extremidade da trola, em muitas regiões, todas as

A Evolução no Design da Caneta


caneta. O tubo é, então, etapas da atividade petrolífera. A in-
mergulhado na tinta.
corporação das várias etapas da
Estendendo e contraindo o
mecanismo de sucção, produção torna-se mais tarde uma
a tinta é sugada para tendência das grandes empresas
dentro da bolsa de borracha. para obtenção de maiores lucros e
Caneta Snorkel,
A ponta permanece seca da Sheaffer
controle da qualidade.
em todo o processo. A produção aumenta tanto que não
encontra vazão frente aos baixos
salários pagos e traz como conse-
1960, Shaeffer. “Pen for men VII”, em
qüência a crise de 1929 com a que-
plástico, tem um sistema exclusivo bra da Bolsa de NY. Segundo Rafa-
chamado Snorkel. O mecanismo era el Cardoso Denis, em Uma introdu-
tão complexo que sobrava pouco es- ção à história do design, após Que-
paço para o reservatório de tinta. bra da Bolsa, com a queda nas ven- ....
29
rio. Conforme a tendência se torna

.......................................................................
das, diversos produtos foram refor-
mulados estéticamente com o in- mais forte, expandiu negócios para
tuito de aumentar as vendas. as áreas de jóias, relógios, perfu-
mes, e bolsas executivas de clas-
“No design, a admiração pela veloci- se, sendo hoje uma refinada bouti-
dade como elemento estético deu que. 
origem a um modismo bastante pe-
culiar durante a década de 1930. Ins-
pirados nas formas aerodinâmicas

desenvolvimento
A ponta da
Parker 61 era aplicadas a trens, automóveis e prin-
A caneta pode ser
vulnerável cipalmente aviões (...), um grande
carregada sem a número de objetos industrializados
necessidade de A estrela branca representa
o pico do Mont Blanc
passou a sofrer um arredondamento
mergulhar a ponta na
tinta coberto de neve e/ou alongamento assimétrico das
formas, às vezes com aplicação de
nervuras estruturadas na horizontal,
remetendo claramente às linhas de
força das histórias em quadrinhos.
Essa tendência ficou conhecida como
streamlining em referência à pala-
vra inglesa streamline, que denota a
linha de fluxo de uma corrente de ar
– marcou de forma extraordinária a
configuração de muitos produtos, in-
A Pen for Man foi A Parker 61 era Com 13,25 cm de clusive alguns que dificilmente teri-
projetada com um produzida em plástico comprimento e bem am necessidade de qualidades ae-
corpo amplo , de preto, vermelho, larga, a Montblanc é
forma supostamente cinza ou turqueza uma caneta sólida,
rodinâmicas, como canetas ou rádi-
masculina pesada os.”

A reformulação estética ficou co-


nhecida como styling, e tornou-se
uma poderosa aliada dos fabrican-
tes para a venda de seus produtos,
que tornavam-se rapidamente ob-
soletos, ultrapassados mediante

A Evolução no Design da Caneta


constantes mudanças nos valores
estéticos.
Especificações Especificações Especificações
Torna-se evidente a necessidade de
País: EUA País: EUA País: Alemanha
Material: Plástico Material: Plástico com Material: Plástico com estar presente em diferentes paí-
Comprimento: 11 cm aro de ouro aro de ouro ses e de diversificar a produção a
Comprimento: 11 cm Comprimento: 13,25 cm fim de se obter uma estabilidade
frente às bruscas mudanças eco-
Pen for Men, da Parker 61 1956 Montblanc 149
nômicas. Percebemos um caniba-
Sheaffer 1960 Embora semelhante à Parker 51, Masterpiece c. 1970
O carregamento por alavanca a modelo 61 tem carregamento A caneta Masterpiece data de 1924,
lismo empresarial: empresas mai-
de Waltre A. Sheaffer d e1907, incomum, usando uma nova tinta e este modelo 149 foi lançado nos ores comprando as menores enfra-
usado muito nas quatro déca- chamada Super Quink. A bolsa anos 70. A cifra 4810 gravada na quecidas ou mesmo quebradas
das seguintes, alçou-o à lide- de tinta, e não a ponta, é imersa ponta refere-se á altura da monta- após as crises. A Montblanc, por
rança no design de canetas. A na tinta, que é puxada para den- nha, e simboliza os altos padrões exemplo, adquire em 1935 uma fac-
Pen for Men emprega o siste- tro da bolsa por atração capilar. de fabricação da empresa. ção de produtos em couro e passa ....
ma Snorkel (veja acima). a oferecer acessórios para escritó- 31
.......................................................................
[ dicotomia e síntese do objeto-instrumento ]

desenvolvimento
“Somente quando um produto for capaz de prender a atenção
do usuário durante um certo tempo, torna-se possível a posse
psíquica deste produto, sobrepujando seu uso prático.”
Bernd Löbach

Em 1919 a Bauhaus vem revolucio-


nar o design dos objetos e dos pré-
Da coleção 1999 da Cartier, a
“Dandy” é banhada a ouro e dios. A busca de uma concepção
decorada com listas em laque funcionalista, em que a estética era Lázló Biró desenvolvera uma cane-
incrustada. Grip em onix. a estética da função, faz enorme ta com sistema de esfera alimenta-
sucesso, principalmente nos Esta- do por ação capilar e com tinta de
dos Unidos. A caneta, entretanto, secagem rápida. Entretanto, des-
trazia de sua longa jornada evoluti- considerando possíveis problemas
va, traços cada vez mais personali- no funcionamento do protótipo, se-
zados, buscando atender a diferen- ria apenas em 1958 que a indús-
tes gostos. Se já trazia alguma vari- tria estaria madura para produzir a
eda-de antes e durante a adoção “Volkswagen das canetas”: a Bic era
gene-ralizada da estética fria da o modelo das massas. Mais barata
Bauhaus, depois que essa frieza se e descartável, a caneta aprimorada

A Evolução no Design da Caneta


mostrou nociva à psique humana, por Marcel Bich cresceu no merca-
como afirma o próprio Löbach, pu- do, sua empresa incorporou várias
demos observar uma explosão de outras no ramo de artigos de pape-
estilos e variações, mais ou menos laria (incluindo a americana Shea-
ousadas, que se por um lado se jus- ffer) e, na década de 90, vendia exor-
Com uma produção de 20 milhões tificou pe-la concorrência, por outro bitantes 3 trilhões de unidades ao
por dia em todo o mundo, a caneta configu-rou um fetiche muitas vezes ano. Até o fim do século haveria uma
mais democrática de todos os tem- caro, mas bastante difundido. reviravolta no mercado de canetas.
pos dispensa apresentações. O Mais mudanças significativas ocor-
sistema “rollerball” revolucionou a O sucesso dos modelos descartá-
rem com a eclosão da II Guerra (39- veis vem demonstrar um momento
indústria de canetas, colocando na
ponta do reservatório uma bolinha
45) e desenvolvimentos tecnológi- social de democratização do produ-
que é molhada de tinta na medida cos subseqüentes. Ainda em 1938, zir da escrita. As pessoas são inci-
em que se escreve. A transparên- tadas a escrever pela disputa no
cia foi outra inovação, que permite mercado de trabalho bem como ....
ver quando a tinta vai acabar. para seu bem-estar cotidiano.  33
 A evolução das estruturas sociais já no fim dos anos 20, o plástico

.......................................................................
tira das mãos do escriturário o privi- admite variedade de cores, nota-
légio da lida com documentos. Con- mos o emprego, pelos diferentes
tratos os mais variados passam a designers, de cores primárias, mais
ser firmados diretamente entre usu- fortes, quando o produto é destina-
ário e bancos ou lojas, financeiras, do às classes populares, ao passo
imobiliárias, advogados e ou-tros. que às classes de maior poder aqui-
Escrever torna-se imprescindível na sitivo destinavam produtos de co-
vida moderna: é a caneta a ferra- res mais sóbrias.

desenvolvimento
menta mais adequada à maioria Mais à frente virá uma série de atri-
dos casos. butos de ordem meramente estéti-
Delineia-se assim uma divisão cla- ca assumidos pelos vários e dife-
ra no momento em que se faz pos- rentes modelos Bic (um reflexo das
sível produzir uma caneta para as neces-sidades dos diferentes usu-
massas. De um lado a caneta ins- ários); ao passo que grifes mais
trumento, ferramenta de escrita. De caras tenderão a diluir os altos pre-
outro, a caneta objeto, luxo, fetiche. ços em linhas colecionáveis, a fim
Observando-se as formas imutá- de alcançar extratos um pouco mais
veis da Bic ao lado da Aurora Dia- baixos sem castrar as possibilida-
mond (atualmente a mais caras) des de lucros que os produtos de
percebere-mos que a primeira não luxo oferecem.
se presta ao preenchimento de che- A Bic 4Cores por exemplo, ainda
ques multimilionários, e a segunda que útil, teve seu grande sucesso
não é fruto de um esforço por de- não pela necessidade de 4 cores,
mocratizar a escrita. Mas os extre- mas pelo prazer de tê-las todas à
mos parecem ilustrar apenas o con- mão. Tanto marcas tradicionais
fronto inicial das diferentes linhas, quanto as emergentes tratam de
no que Bernd Löbach chama de disponibilizar uma variedade cada
configurações prático-funcional e vez maior de modelos para a escri-
simbólico-funcional, numa dualida- ta. Cores, formas, pesos e até os
de entre instrumento vs. status, sons das tampas e mecanismos
questões cada vez mais presentes retráteis são explorados na busca
na concepção estética quanto na vi- por destaque dentre os diversos

A Evolução no Design da Caneta


abilidade eco-nômica dos produtos. concorrentes. As qualidades técni-
Immanuel Kant sugeriu que “os ob- cas se desenvolvem tanto que as
jetos podem ser julgados belos garantias vitalícias antes oferecidas
Canetas Bic 1938 Canetas com Canetas Lamy 1982 quando satisfazem a um desejo já não têm mais importância do que
László Biró desenvolveu em ponta de fibra 1963 Os design de canetas de Walter
desinteressado”. Acrescentou que as características estéticas quando
1938 a Biro, uma caneta que As primeiras canetas com pon- Fabiam para a empresa alemã
utilizava tinta de secagem rápi- ta de fibra, desenvolvidas no Lamy foram um enorme suces- “os fundamentos da resposta do da escolha do comprador.
da, ação capilar e ponta de es- Japão em 1963 pela Pentel, usa- so, elevando-as imediatamente indivíduo à beleza existem em sua O início dos anos 80 vê surgir a em-
fera. Marcel Bich adquiriu a vam um tubo interno de bambu, à categoria de “clássicos”. As estrutura de pensamento”. Partindo presa Lamy, com canetas que se
patente em 1958 e criou uma que foi substituído por outro de ca netas ganharam popularida- desse princípio, a satisfação do ho- tornaram rapidamente populares,
versão descartável, a Bic. Na fibra, que conduzia a tinta até a de devido ao estilo, e não a mem não estaria restrita apenas a mais pelo apelo estético do que por
década de 90, três milhões de ponta por ação capilar, num sis- avanços técnicos. suas necessidades práticas, mas inovações técnicas propriamente
Bics são vendidas por ano. tema usado ainda hoje. também àquelas de fundo psicoló- ditas.
Especificações Especificações Especificações
gico. A partir do momento em que, O fetichismo entre os colecionado-
País: França País: Japão País: Alemanha ....
Material: Plástico Material: Plástico Material: Plástico res é prontamente explorado pelos
35
 fabricantes: resgatam modelos his-
tóricos e passam a renovar os atri-
butos estéticos com muito maior fre-
qüência do que são atualizadas as
tecnologias da escrita. Parece que
a caneta alcançou finalmente um
patamar de excelência funcional,
sendo possível apenas as diversas
variações decorativas, muitas ve-

desenvolvimento
zes apoiadas em ícones da cultura
pop ou estreantes nas telas do cine-
ma. Mera ilusão. Surgem canetas
capazes de escrever em diferentes
suportes que se disseminam no co-
tidiano: canetas para transparências,
para CD´s, para tecidos ou que es-
crevem de cabeça para baixo e até
dentro d´água (mostrando que há
ainda muito o que explorar). Cane-
tas com tinta especial possível de
desmanchar, proibidas pela possi-
bilidade de fraudes em documen-
tos e cheques. Novas esferográficas
capazes de quilometragens extra-
ordinárias de escrita com cargas
que durariam tranqüilamente por 80
anos. Mas quem quer carregar o
mesmo objeto por tanto tempo? É
preciso renovar sempre o interesse
do consumidor. Adicionar elemen-
tos capazes de prender sua a-ten-
ção, elementos para todos os gos-

A Evolução no Design da Caneta


tos e todas as idades. A novidade é
o carro-chefe das vendas e inovar
continua sendo palavra de ordem
no mercado. 

....
37
[ desmaterialização do meio ]

desenvolvimento
“Qual será o impacto das novas tecnologias sobre os indiví-
duos e as comunidades, e quais as oportunidades que elas
irão oferecer para aprimorar e estender nossa experiência?”
Philips, Vision of the Future

Rádio e televisão: As bases da co-


municação moderna têm caráter
gerador de informação. Exercem
uma espécie de monólogo hipnóti- Especulação, sistemas de crédito,
co ao qual as populações dos vári- compras eletrônicas: o capital se
os países se vêm adequando com volatiliza e assume a forma de dígi-
o passar do tempo. Não se pode tos nos monitores dos computado-
falar de democracia dos meios, uma res e nos letreiros das bolsas. O
vez que para difundir uma idéia é homem desenvolve uma realidade
preciso ser “eleito” para tanto. O te- paralela, virtual. Os documentos
lefone pertence a uma outra gama deixam de ser assinados para so-
de meios de comunicação que per- frerem autenticação mecânica ou
mite a interação e é, portanto de na- mediante 4 dígitos. Empresas nos
tureza mais democrática. Celulares mais diversos setores nascem pa-

A Evolução no Design da Caneta


e Internet se localizam entre os dois ra funcionarem apenas no nível dos
extremos, pois combinam o caráter bits, sem qualquer estrutura concre-
democrático da livre interação, com ta. Os contatos sociais assumem a
comunicação em duas vias, à ne- forma de Chats, incorporam-se per-
cessidade de decodificadores mais sonagens: a sociedade se transfor-
ou menos elitizados por seu custo. ma, e a caneta é transportada para
Ainda assim, a interatividade a nível os novos aparatos eletrônicos, des-
global interpenetra sistemas empre- provida do bulbo de tinta, capaz de
sariais, governamentais e financei- escrever nos PDA´s ou nas mesas
ros a ponto de se falar de “aldeia digitalizadoras. Reassume aí sua
global”. A economia se entrelaça de função e vai sendo trabalhada para
forma que a quebra na economia de permitir a expressão humana sujei-
um país se faz ecoar nas bolsas de ta a novas leis nada físicas. A sen-
valores de todo o mundo. sibilidade ao toque ganha grada- ....
ções para garantir maior controle 39
 ao usuário, num prenúncio de uma
evolução que apenas os concept
designers conseguiram perceber
mais amplamente, e aguardam o
momento em que o imaginável se
torne necessário, e logo obsoleto,
para então projetarem-se num futu-
ro ainda mais distante preparando
os caminhos para as transforma-

desenvolvimento
ções posteriores. 

A Evolução no Design da Caneta


....
41
[ o homem sem fim ]

“O meio é a mensagem. As sociedades sempre foram moldadas


mais pela natureza do meio pelo qual os homens se comunica-
vam do que pelo conteúdo da comunicação.”
Marshall McLuhan

conclusão
A escrita está tão arraigada no pro-
cesso de transformação social que
faz da caneta e demais próteses da
expressão peças-chave neste pro- besse individualmente tinha o al-
cesso. Retomamos a Encyclopédie cance exato da fala.
para reforçar que “Sem a escrita, Com a escrita a cultura passa a ter
privilégio do homem, cada indiví- além da dimensão fenomênica, do
duo, reduzido à sua própria experi- instantâneo, uma dimensão histó-
ência, seria forçado a recomeçar a rica, registrada e passiva de trans-
carreira que o seu antecessor teria porte. Dimensão que expande os
percorrido, e a história dos conhe- horizontes da humanidade. Passa-
cimentos do homem seria quase a mos a um desenvolvimento que
da ciência da humanidade”. sempre se continua a partir de onde
A caneta e seus ancestrais são, já pararam os antecessores, o que trás

A Evolução no Design da Caneta


que a fala não necessita de próte- questões sempre novas.
ses, o mais antigo instrumento de Cada vez que o potencial do escritor
registro da cultura. A mensagem ultrapassa as possibilidades do ins-
foi, por muito tempo, do tamanho trumento de escrita, faz-se neces-
exato que a fala permitiu, para ser sário um avanço. Este avanço terá
limitada mais tarde pela escrita, e, sempre sua validade equivalente ao
conseqüentemente, pelo instru- tempo gasto para o novo objeto se
mento que possibilita escrever. As tornar novamente restritivo, nascen-
restrições que um processo primi- do então a necessidade por novo
tivo de escrita impunha eram a desenvolvimento, por um novo ob-
membrana delimitadora da cultura, jeto.
além da qual, tudo o que se sou- Assim ocorre com todos os artefa-
tos em uso: conforme têm suas ca-
pacidades ultrapassadas pelas de- ....
43
Entretanto, a demanda do usuário

.......................................................................
 mandas de seus usuários, geram
tensões que levam à busca por um não é meramente funcional. Há pa-
incremento ou uma inovação capa- ralelamente uma demanda psíqui-
zes de permitir o pleno exercício da ca, seja de ordem auto-afirmativa ou
função. afetiva. Busca-se através dos obje-
tos, conforme assinala Löbach, uma
auto-representação: o homem “se
esforça por ser reconhecido pelos
outros membros do seu grupo. Isto
lhe proporciona, tendo atingido a
meta, uma sensação de aceitação
e segurança social”, o que vale para
demandas de ambas as naturezas.
A posse psíquica do produto é, por-
tanto, essencial para o equilíbrio
psíquico dos homens e, conforme
suas capacidades vão sendo ex-
pressas através dos diversos mei-

conclusão
[ vision of the future ]
os em evolução, as necessidades
www.philips.com/design/vof psíquicas também evoluem. São os
meios que possibilitam, portanto,
não apenas a expansão quantitati-
A simplicidade de inter- va como também a expansão quali-
faces naturais tais como tativa, psíquica, da cultura.
escrita e fala, combina- Cabe ao designer posicionar-se
da com a simples metá- conscientemente dentro do contex-
fora de uma caneta, per- to da sociedade que o cerca, e que
está em constante transformação,
mitem o desenvolvimen-
para realizar de forma dinâmica e
to de um produto que é
interativa os desenvolvimentos e ino-
de uso fácil e altamente vações de meios que possibilitem
pessoal. o pleno desenvolvimento psíquico-
cultural de sua época.

A Evolução no Design da Caneta


Nesta evolução constante, a caneta
hoje não passa de mero coadjuvan-
te, mas talvez por força de um reco-
nhecimento por sua atuação pionei-
ra, vem sendo incorporada pelas
novas tecnologias áudio-visuais, e
se mantém como meio de expres-
são, prótese que permite ao homem
imprimir cifras binárias num univer-
so virtual. 

....
45
[ Caneta de R$ 2,6 milhões em exposição em Vila Velha ]

Bruno Faustino

Cerca de R$ 2,6 milhões. Este é o


preço da caneta Diamond Aurora,
uma peça única que esteve em ex-
posição, nesta terça-feira, na joalhe-
ria Oswaldo Moscon do Shopping
Praia da Costa, em Vila Velha. Mui-
tos curiosos estiveram na frente da
loja para, pelo menos, conseguir ver
a caneta mais cara do mundo. Tam-
bém não faltou música clássica
para dar um clima charmoso ao
evento.
Vila Velha é a primeira cidade brasi-
leira a conhecer a Diamond Aurora.
A caneta italiana durou dois anos
para ser fabricada.
Segundo o diretor comercial da Au-
rora no Brasil, Dário Castilho, a ca-

complemento
neta possui cerca de 1.919 diaman-
tes. “A parte superior da caneta con-
ta com um diamante de 20 quilates.
A composição da caneta mais cara
do mundo conta ainda com 200g de
platina”, disse o diretor.
Dário Castilho informou ainda que
já existem duas pessoas interes-

A Evolução no Design da Caneta


sadas na Diamond Aurora. “Já exis-
tem dois xeiques árabes interessa-
dos na peça. Quando a caneta che-
gar na fábrica, na Itália, ela deverá
seguir para os dois interessados”.
O diretor comercial da Aurora no
Brasil destacou que é um grande
privilégio dos capixabas conhece-
rem primeiro a Diamond Aurora.
A Diamond Aurora realizará uma
pequena turnê pelo Brasil. A caneta
deverá permanecer no país por dez
dias. Em seguida, a Diamond Auro-
ra entra em exposição em São Pau- ....
lo. 47
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