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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SAO PAULO

COLÉGIO RECURSAL DOS


JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS
SEGUNDA TURMA CÍVEL

JUIZADO SANTO AMARO

ESPECIAL

RECURSO N° 029666
RECORRENTE COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE

SÃO PAULO e CLÁUDIA ALVES SANTOS DA S I L V A

RECORRIDO OS MESMOS

COMARCA SÃO PAULO


RECURSO INOMINADO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA
REGISTRADO(A) SOB N°

VOTO N° 2289 *02216520*

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos este


RECURSO INOMINADO em epígrafe, ACORDAM, em SEGUNDA TURMA
CÍVEL do COLÉGIO RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E
CRIMINAIS do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
por votação unânime, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA RÉ E
DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, nos termos do
voto do Relator

Presidiu o julgamento, com voto, o Juiz


RONNIE HERBERT BARROS SOARES e dele participaram os Juizes
CARLOS VIEIRA VON ADAMEK E ROBERTO CARUSO COSTABILE E
SOLIMENE.
São Paulo, 26 de fevereiro de 2009.

RONNIE HERBERT BARROS SOARES


Relator
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SEGUNDA TURMA CÍVEL

EMENTA
COOPERATIVA DOS BANCÁRIOS -
BANCCOP - SUBMISSÃO ÀS REGRAS DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR - A natureza jurídica
da cooperativa não afasta a aplicação do
Código de Defesa do Consumidor, quando a
suposta prestação de serviços consista, na
verdade, em comercialização de bens aos
cooperados, hipótese em que o que se deve
tomar em consideração é a natureza do
negócio realizado e não a finalidade social
da pessoa jurídica.

1. Trata-se de ação de indenização por


danos morais e materiais julgada parcialmente procedente.

Alegou a autora haver aderido a compromisso


de compra e venda de imóvel comercializado pela requerida,
sendo correto que a ré comprometeu-se, por meio de
propaganda e por preposto, a entregar a unidade adquirida
com piso de madeira, o que não foi cumprido. Descreve os
dissabores advindos da negativa.

A sentença condenou a requerida ao


pagamento da importância de R$ 1000,00 a título de
reparação material.

Inconformada, recorre a autora defendendo a


obrigação de indenizar o valor correspondente ao material
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que deveria ser colocado no piso, bem como buscando o


reconhecimento do dano moral.

Recorre a requerida aduzindo não ser


aplicável ao caso a legislação de proteção do consumidor,
dada a natureza jurídica da cooperativa, negando a
obrigação de indenizar ao argumento de que não prometeu a
entrega do piso e buscando a improcedência da ação.

Ambos apresentaram contra-razões.

É o relatório.

2. A natureza jurídica da cooperativa não


afasta a aplicação do Código de Defesa do Consumidor,
quando a suposta prestação de serviços consista, na
verdade, em comercialização de bens aos cooperados,
hipótese em que o que se deve tomar em consideração é a
natureza do negócio realizado e não a finalidade social da
pessoa jurídica.

Essa questão, envolvendo a BANCOOP, não é


nova e se encontra na jurisprudência deste Tribunal acórdão
da lavra do eminente Desembargador Francisco Eduardo
Loureiro, que reconhece a aplicação do C.D.C.:

"Inicialmente, ao contrário do que alega a


apelante, cumpre destacar que se aplica ao contrato em
exame o Código de Defesa do Consumidor. Pouco importa a
estrutura juridica da empreendedora - associação, clube de
investimento, cooperativa ou sociedade - com o objetivo de
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alienação de unidades autônomas futuras, em construção ou a


construir, antes de instituído o condomínio edilício.
O que importa é a natureza da atividade,
que sempre consiste, com maior ou menor variação, em
serviços remunerados de construção de unidade autônoma
futura, vinculada a fração ideal de terreno.
Na clássica lição de Enzo Roppo, embora
seja o contrato um conceito jurídico, reflete uma realidade
exterior a si próprio, porque sempre traduz uma operação
econômica (O Contrato Almedina, ps. 7 e seguintes). Tal
constatação está intimamente ligada à noção de causa do
negócio jurídico, ou seja, "o fim econômico e social
reconhecido e garantido pelo direito, uma finalidade
objetiva e determinante do negócio que o agente busca além
do fato em si mesmo" (Caio Mário da Silva Pereira,
Instituições de Direito Civil, 18a Edição, Forense, vol. I,
p. 319) .
Pois bem. Para fixação do regime jurídico
do contrato o que importa é a sua causa, sendo irrelevante
a forma societária pela qual se organizou a construção e
venda de apartamentos ou casas. Entender o contrário seria
admitir que por ato unilateral da fornecedora, mediante
simples alteração de seu objeto social, cambiasse do regime
jurídico do Código de Defesa do Consumidor para o Código
Civil, ou lei especial diversa, em manifesta fuga das
normas protetivas cogentes do consumidor.

Parece claro, no caso concreto, que a real


operação econômica não foi de associação, mas sim de adesão
a um empreendimento imobiliário, com promessa de entrega de
unidades futuras.
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Não custa lembrar que esta Quarta Câmara de


Direito Privado, em inúmeras oportunidades, afirmou que os
empreendimentos feitos por cooperativas e associações
muitas vezes visam escapar do regime de normas cogentes
protetivas do Código de Defesa do Consumidor. Em tal caso,
equipara-se o regime jurídico das associações/cooperativas
àquele das construtoras/incorporadoras, com o propósito de
evitar a fraude à lei" (TJSP - 4a Câmara de Direito
Privado, Apelação Civel n- 584.179-4-00 - SÃO PAULO - Voto
n- 5977, j. em 04 de dezembro de 2008).

A requerida não nega tenha realizado oferta


de instalação de piso especial no apartamento, em caso de
adesão a kit que foi oferecido aos cooperados.

Justifica a negativa com a afirmação de que


a oferta decorreu de erro, que foi tempestivamente
comunicado à requerente.

A comunicação a que se refere a ré foi


feita dois meses depois de assinado o aditivo ao contrato
prevendo o pagamento de outros valores pelo mencionado kit,
que segundo informações de suas atendentes, incluiria
carpete de madeira.

Ao realizar oferta de bens a requerida


obrigou-se ao seu atendimento, pouco importando tenha
publicado errata dois meses depois da oferta e após a
contratação pelo cooperado.
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A sentença deu correta solução à lide nesse


ponto.

Um único reparo merece a r. sentença, no


que concerne ao valor da indenização por dano material,
visto que o MM. Juiz considerou o valor apontado na inicial
como sendo o referente à implantação de piso diverso do que
havia sido contratado entre as partes quando, na verdade, a
estimativa constante da inicial refere-se ao valor
correspondente ao piso de madeira.

Assim, o correto teria sido adotar o


orçamento de menor valor como critério de correção do
ilicito praticado, qual seja, R$ 2063,55.

Quanto ao dano moral, de fato não há


hipótese de condenação ao pagamento de tal verba visto que
o simples descumprimento do contrato, sem a demonstração de
outras conseqüências além do próprio inadimplemento, não é
suficiente para gerar essa obrigação.

3. Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO AO


RECURSO DA RÉ e DÁ-SE PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA
AUTORA, para fixar o valor da indenização em R$ 2063,55,
que deverá ser corrigido desde a citação e contará juros de
mora de 12% ao ano da mesma data. Não há sucumbência.

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RONNIE HERBERT BARROS SOARES
Relator
I

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