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fazer pouco
Edmund Burke (1729 – 1797)
14
quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2004
Este número do Jornal das Boas Notícias segue na 1000.ª
São Cucufate encheu para ouvir polifonia mensagem do Povo. Para todos os presentes leitores do Povo, o
artigo “A mensagem número 1000” conta como tudo começou.
BERNARDO MARIANO Ao mesmo tempo, O Jornal das Boas Notícias é uma ideia que
In: DN 031218
surgiu de um artigo de João César das Neves, “Boas Notícias”, que
Realizar um festival de música sacra no Inverno no também volto a reproduzir.
Baixo Alentejo requer coragem e uma boa dose de A razão original d’ O Jornal das Boas Notícias continua a existir e,
optimismo, mas foi isso mesmo a que se propuseram a perante a actual situação em que vivemos parece-me cada vez mais
Associação Arte das Musas (através do musicólogo e premente.
cantor Filipe Faria) e o Departamento do Património Um projecto como o GoodNews é preciso cada vez mais na nossa
Histórico e Artística do Diocese de Beja, através do seu sociedade. O Jornal das Boas Notícias não supre esta necessidade.
responsável José António Falcão. Chamaram-lhe É uma iniciativa amadora, que usa algum tempo livre de uma vida
«Terras sem Sombra - 1.º Festival de Música Sacra do profissional normal. Contudo, não é por ser uma coisa pequena
Baixo Alentejo» e termina este fim-de-semana, com um que não se deva fazer. Pretende olhar mais para o que há e menos
concerto em Sines (no sábado) e outro em Santiago do para o que falta, porque esta atitude é fonte de uma positividade
Cacém (no domingo). que dá um gosto novo à vida.
Tivemos o privilégio de assistir a um dos eventos deste Por isso, este número 14 do Jornal das Boas Notícias,
certame, precisamente aquele que decorreu na igreja comemorativo da 1000ª mensagem do Povo, procura olhar para o
matriz de São Cucufate, em Vila de Frades, ali ao lado que nos cerca, mesmo nas coisas mais pequeninas com um olhar
da Vidigueira, no passado dia 6. Decorriam na vila as valorizador. Desde iniciativas aparentemente ineficazes à
«Festas Báquicas», tradição deste «país das uvas», tal valorização do nosso passado e costumes, às grandes figuras do
como descrito por Fialho de Almeida, um filho da terra. Papa e da Beata Teresa de Calcutá que nos apontam caminhos de
A noite fria e com chuva miúda e uma terra (poder-se-ia humanidade mais perfeita, passando pela tomada de consciência do
dizer: uma região) afastada deste tipo de eventos não nosso limite como seres humanos que nos ajuda a pensar a nossa
impediram que o templo, onde se distingue um vida quotidiana.
belíssimo retábulo-mor, se enchesse com mais de 200 Como diz o editor do GoodNews: "é impressionante quanto bem
pessoas, para ouvir «Uma Missa de Natal na Europa existe entre nós, e como resiste ao mal, mesmo quando o mal é tão
Central Renascentista», assim rezava a proposta do forte". Pedro Aguiar Pinto
grupo vocal Officium, dirigido pelo jovem maestro
Pedro Teixeira.
Antes da música, usaram da palavra o padre João Paulo, São Cucufate encheu para ouvir polifonia ................................. 1
O regresso dos reis..................................................................... 1
pároco de Cuba e Vila de Frades, realçando o tempo (o
Os japoneses, os portugueses e a 'tempura' ............................... 2
Advento) em que decorreria este concerto e o dr. José Banco gestor de boas vontades .................................................. 3
António Falcão, dando conta do enorme esforço que Feira de solidariedade Emmaús anima Gare do Oriente........... 4
tem sido realizado pelo departamento que dirige no Usufruir, em vez de rabujar ....................................................... 4
sentido de recuperar, restaurar, organizar e catalogar o O prémio .................................................................................... 5
rico património sacro e de arquitectura religiosa da O papa João Paulo II será agraciado com o prémio da
diocese de Beja (parte dele está agora em exposição no unidade Europeia ....................................................................... 5
Palácio da Ajuda). Os Officium fizeram a sua entrada Karol Wojtyla............................................................................. 6
pelo corredor central, entoando um Tantum ergo Wojtyla ....................................................................................... 6
O Homem da Fé ......................................................................... 6
gregoriano. Já no altar, os 12 cantores desfiaram o
George Weigel faz um balanço dos vinte e cinco anos deste
concentus do Próprio e do Ordinário da liturgia pontificado ................................................................................. 8
natalícia, baseado na missa Pange Lingua, de Josquin Os segredos do "Terço Vivo" ..................................................... 9
Desprez, inserindo algum gregoriano entre as várias Uma breve história do Rosário da Virgem Maria...................... 9
secções em belíssima polifonia renascentista. O grupo, O cartão amarelo ..................................................................... 11
fundado em 2000 e premiado em 2002 num concurso na A humanização da morte, um desafio para a formação cristã . 11
Holanda, mostrou bom nível técnico. Baixos de graves Éz, o anjo.................................................................................. 12
mais redondos, contraltos mais seguros e a adição dum Somos todos limitados. E então?.............................................. 13
terceiro tenor torná-los-iam um caso sério de qualidade. Qualidade de vida de uma sociedade é medida pela atenção
Local. Igreja de Vila de Frades. Intérpretes. Officium. Obras. dada aos deficientes ................................................................. 14
Blasius Amon, Josquin Desprez, Jacob Regnart e G. P. da Palestrina Mão da esperança .................................................................... 14
Aborto ...................................................................................... 15
O regresso dos reis A guerra dos nascidos contra os não-nascidos ........................ 15
O Cartão-de-visita de Madre Teresa de Calcutá ..................... 16
Jaime Nogueira Pinto
In: Expresso, 040124
O Suave Milagre ...................................................................... 17
Resistir ao «Big Brother»......................................................... 18
Se há coisa de que tenho orgulho e a que sou grato, é à
A Pior Televisão É o Melhor Negócio...................................... 18
memória destes reis que fizeram, refizeram, Os Media Ou a Vida................................................................. 19
restauraram Portugal A Constituição e a Europa ....................................................... 20
Boas notícias ............................................................................ 21
«Pai, foste cavaleiro
A mensagem número 1000 ....................................................... 22
Hoje a vigília é nossa»
Fernando Pessoa
1 - TENHO em frente a casa, no topo norte do Jardim desde toda a Ásia, onde as potências locais - como a
do Campo Grande, duas estátuas: são de Leopoldo de China, a Índia, o Paquistão - se movem entre si em
Almeida, de 1950, em pedra branca. Quando equilíbrios que lembram a Europa do século XIX, às
aproximadas de trás, no sentido sul-norte, por quem Américas onde «o nacionalismo» - o antiamericano e
venha do jardim, parecem silhuetas de heróis de agora o americano dos EUA - está na ordem do dia; ou à
«fantasia heróica», de dois guerreiros de um passado ou Rússia. As excepções são a zona da África subsariana -
futuro míticos contado ou imaginado por Tolkien e dos Estados fracassados, saídos da descolonização e da
Peter Jackson, plantados ali à espera de entrar em Guerra Fria; e a União Europeia, em processo de uma
combate, ou guardando o caminho, como sentinelas «unificação», cujos contornos, alcance e caracterização
num limes. são difíceis de classificar; e onde, para quem tivesse
Olhadas de perto e de frente são D. Afonso Henriques, o dúvidas, os «grandes» continentais não as inibiram de
Conquistador e fundador de Portugal; e D. João I, o violar as regras do jogo «económico-financeiro»,
Mestre de Aviz e rei «de boa memória». O Fundador quando estas prejudicaram os seus interesses nacionais,
fundou Portugal, guerreando de Norte a Sul, fazendo e provando que são estes que prevalecem, mesmo entre os
desfazendo alianças com galegos e leoneses, guias do «núcleo duro» do europeísmo.
espadeirando mouros, questionando Papas; o «de boa 4 - Tendo um «Estado nacional», isto é um Estado em
memória» salvou e consolidou a independência e, no que as fronteiras político-jurídicas territoriais do Estado,
seu tempo, os portugueses começaram a descobrir e coincidem com as fronteiras histórico-culturais da
abrir o mundo; e por alguns séculos a fazer aquilo que Nação, deveríamos pensar bem antes de alienarmos por
seria o seu «nicho» na ordem das «nações»: pôr em «lentilhas», ou em tributo a «correcções políticas» de
contacto os «centros» de decisão e inovação, com as «bons» (e deslumbrados) neófitos, este trunfo, essencial
periferias perigosas. E graças a isso, sem vergonha, num mundo em que a instabilidade espreita e atinge os
vivemos e sobrevivemos por quase seis séculos, depois Estados sem nação (ou com várias nações) e as nações
de Aljubarrota. sem Estado.
2 - Os Poetas - Camões e Pessoa - entenderam melhor E agora há que pensar muito a sério o concerto
do que ninguém estas coisas: o «forte príncipe»», peninsular ibérico, depois do dia 16 de Novembro, na
«incansável», o «Afonso que não sabe sossegar», o Catalunha: ou será que não se percebem, em Portugal,
«pai» que foi «cavaleiro»; e «João, a quem do peito o as consequências da evolução eleitoral no País Basco,
esforço cresce», o «Mestre (...) do Templo que Portugal na Catalunha e na Galiza; nem se reflecte sobre a
foi feito ser»; entenderam a substância e a simbologia política espanhola e suas implicações, desde a aposta
exemplar destas vidas, ambas longas, muito longas «americana» de Aznar, às consequências da sua saída da
mesmo, para a época - cerca de oitenta anos. Duas vidas liderança do Governo e do PP; ou do casamento
de reis combatentes, conquistadores e demarcadores de anunciado do príncipe das Astúrias? Estaremos tão
fronteiras, bravos, inteligentes, astutos, com sentido e obnubilados pela rotina da política partidária doméstica,
razão de Estado, do Estado português, brutais e que nem para os vizinhos mais vizinhos olhamos?
implacáveis na sua defesa, e por ele pondo tudo em 5 - Quem não percebeu que sem a independência, ou
risco, desde a própria vida, à família próxima e, às seja, a liberdade da Nação, não há nenhuma espécie de
vezes, à própria alma. liberdades das pessoas, pois deixamos de ser
Eles, com o Restaurador D. João IV de Bragança, que autogovernados para passarmos a uns «provinciais»
também correu riscos, conspirando contra Filipe IV e periféricos de um qualquer «império» franco-germânico
depois tão bem coordenou, pela diplomacia e pelas ou vassalos de um «reino» de Espanha, não percebeu a
armas, a equipa da Restauração, que de Londres e centralidade do problema nacional hoje.
Roma, a Angola e ao Brasil, refundou e garantiu Nestes dias difíceis, de começo de um ano difícil, entre
Portugal. Ajudado por uma equipa, onde estava presente ameaças apocalípticas de terrorismos fanáticos e de
e dominava o Padre António Vieira, o «imperador da continuada degradação da sociedade portuguesa, entre a
língua portuguesa». pedofilia e o «Big Brother» e «o pão e circo»
Se há coisa de que tenho orgulho e a que sou grato, é à contemporâneo da Televisão e do Futebol, é capaz de
memória destes reis que fizeram, refizeram, restauraram ser um bom exercício rever estes nossos «maiores» - os
Portugal; e a todos que, em quase 500 anos, com alma e reis que fizeram e que restauraram Portugal - e pensar
corpo o serviram, numa linha sustentada pela bem no seu exemplo. Porque «hoje a vigília é nossa»!
diplomacia e pelas armas, e que sempre teve um
objectivo: defender a independência nacional de um Os japoneses, os portugueses e a 'tempura'
vizinho muito mais poderoso, nos termos «objectivos» MARIA DE LOURDES MODESTO
da avaliação do poder nacional: território, população, In: DN, 040202
economia, poder militar. Espanta-me o inesperado sucesso de que esta cozinha
3 - O «cliché» de que a independência conta pouco, goza entre nós, em contraste com o escárnio com que os
nestes tempos de fragmentação de Estados frustrados e portugueses falam da cozinha de autor largamente
de união de Estados «europeus», é falso; a estatalidade, influenciada por aquela. É um dado aceite que, do ponto
o Estado soberano e o Estado agindo em termos dos de vista estético, só poderemos comparar a cozinha
seus interesses (que não têm que ser apenas japonesa à grande cozinha chinesa, apenas acessível aos
«económico-materiais», mas podem ser culturais, grandes chefes do país da Grande Muralha. Não admira,
militares, securitários) são a regra, na maioria das áreas: uma vez que é dela que descende. O que admira, sim, é
ver o entusiasmo com que os portugueses, empunhando
3500
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Anulações
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