Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Textos: Dan 3, 52-90; Mt 21, 33-43; Sl 8; Cântico Irmão sol (Francisco de Assis)
Dan 3, 52-90
Leitura do texto
O hino é tirado do livro de Daniel, composto pelo ano 164 a.c. em plena perseguição d’Antioco
Epifano, 3 anos depois da profanação do templo de Jerusalém. O livro mostra a reacção do povo
judeu face às tentativas dos invasores de forçar os judeus a abandonar a sua fé. Israel resiste até ao
martírio para se manter fiel e isso se manifesta também na revolta dos Macabeus.
O hino começa com uma fórmula de bênção. A acumulação de símbolos quer mostrar a
transcendência de Deus. Contra os deuses pagãos que se podem ver e tocar (estátuas), o Deus
verdadeiro está para além de tudo. O que o caracteriza é a glória. O firmamento do céu, inviolável
lá no alto, é o sinal da sua grandeza… o seu trono é inacessível mais alto que os seres misteriosos,
os Kerubins… mas Deus mergulha também ao mais profundo dos abismos, nada lhe escapa…
Na segunda parte, o cântico das criaturas, canta também a glória de Deus. Nada é Deus nesta terra,
mas tudo foi criado por Deus e “bendiz Deus”. Para isso o mundo inteiro está convocado ao louvor.
Interessante notar que o hino foi composto num momento dramático para o povo: Foi vencido pelas
tropas inimigas, as pessoas foram levadas em cativeiro e dispersas pela Pérsia, o templo e a cidade
de deus, Jerusalém foram destruídos. Não há nada que mostre a existência do povo, não há
identidade.
É neste contexto onde o próprio deus parece ter desaparecido, que o povo manifesta, através deste
cântico, a sua confiança e fidelidade aos seu deus. A melhor maneira de o fazer é associar-se a toda
a criação, é sentir-se parte integrante dela, e com ela, nela e através dela bendizer o Senhor, criador
de tudo e de todos, mesmo dos inimigos.
Se nos deixarmos embalar pelo espírito deste cântico, fazemos a opção de olhar as coisas pelo seu
lado bom. Ora isso nem sempre é assim. O vento parte, arranca, destrói. O gelo queima os rebentos,
a chuva é, às vezes, devastadora… Cada elemento da criação tem o seu lado menos bom.
Uma parte do problema do mal, tão doloroso para o homem moderno, vem da falta de realismo,
quando a humanidade, pretensiosa, tenta evitar todo e qualquer risco. As coisas são o que são. Cabe
a nós conhecê-las: utilizar o seu lado favorável e neutralizar o negativo
Mt 21,33-43
Leitura do texto.
AMBIENTE
ALGUNS VERSICULOS
33 – Um chefe de Família. Mc e Lc dizem “um homem”. Isto é muito vago, pode ser todos e
ninguém. Chefe de família implica pessoas, um grupo, uma comunidade. Implica também que essa
pessoa tem responsabilidades. Mt quer dizer que a vinha são pessoas, é o povo. O chefe de família
só pode ser Deus.
33 – Arrendou-a a uns vinhateiros. Reenvia-nos á criação. Deus criou o mundo e ofereceu-o ao ser
humano para que ele cuide dele, o trabalhe, domine sobre ele, continue a sua obra. O proprietário
plantou a vinha, tratou-a, construiu a torre, mas não a cultivou. Deu-a a outros para que façam o
trabalho em seu lugar. Aquilo que era seu ofereceu-o a outros.
34 – Enviou os seus criados aos vinhateiros para receber deles a parte que lhe competia. O dom da
terra, da vinha foi com um objectivo: continuar a obra do dono. A vinha deve produzir, e os frutos
devem ir a quem compete. Todos temos de dar contas do que nos está confiado, da missão que nos
foi confiada (pessoalmente, socialmente, espiritualmente…).
40 – O dono da vinha o que fará aos vinhateiros? Mt sublinha a propriedade da vinha. Ela tem um
dono, pertence a esse homem que é chefe de família. Ela não pertence aos vinhateiros.
Dará a vinha a outros porque a vinha continua. A vinha não acaba. Pode ser maltratada, usurpada,
desviada do seu objectivo. Mas o dono continuará a contratar vinhateiros para trabalhar na sua
vinha. Porque a vinha está concebida para dar frutos abundantes.
MENSAGEM
Jesus quer mostrar a recusa de Israel em aceitar o projecto de salvação que Deus oferece aos
homens. Eles fecharam-se num esquema de auto-suficiência, de orgulho, de arrogância, de
preconceitos, que não os deixa abrir o coração e a vida aos desafios de Deus. Deus confiou-lhes
uma missão que eles não realizam.
O proprietário da vinha é Deus; os vinhateiros, o povo de Israel, sobretudo os seus responsáveis
políticos e religiosos; a vinha é a obra de salvação confiada ao povo de Israel mediante a aliança; os
servos enviados aos vinhateiros são os profetas em geral; e finalmente, o filho, é o próprio Cristo,
assassinado fora dos muros de Jerusalém. Os outros vinhateiros, são os gentios, pagãos, que
haveriam de formar o novo povo escolhido. Acontecerá a mesma coisa com os novos vinhateiros?
A missão, que lhes tinha sido confiada, eles não foi respeitada. Agiram como se a terra fosse deles.
O dono queria contas daquilo que tinha confiado. Eles destruíram e mataram. Eles tinham a missão
de cultivar, guardar, dominar, crescer, multiplicar-se. Permitir que a criação tenha voz, que a vinha
se manifestasse como é, ser criador, continuar a obra de Deus. Eles não respeitaram. Usurparam a
missão.
A natureza manifesta o seu amor quando é ela própria sem ser deturpada e modificada. Assim
acontece também nas nossas vidas, nas nossas relações com os outros e com Deus.
Deus persegue um propósito através da história. Não é um projecto preciso que ele realizaria apesar
da oposição dos homens, é uma aspiração que lhe sai do coração, uma proposta de alegria e paz que
ele dirige aos homens apesar das suas infidelidades e erros. Deus sonha com uma aliança entre ele e
um povo ao qual poderá testemunhar toda a sua bondade e ternura, e no qual todos os seus dons
produzirão frutos dignos do dador.
REFLEXÃO PESSOAL
• Lê, devagar, como uma oração, o cântico de Daniel. Com um pouco de imaginação, faz
correr, como imagens de cinema, no teu pensamento, todas as criaturas das quais tu és agora
a voz: sol, lua, estrelas, vento, orvalho, nuvens, montes rebanhos, … homens, … e podes
mesmo acrescentar outras. Tenta!
Se quiseres podes também utilizar o Salmo 8 que manifesta a grandeza de Deus e a sua
confiança no Homem.
• Como fala a natureza? O que nos diz? Como posso dar voz á natureza? Como posso realizar
a missão que Deus me confia? Como posso ser missão?
Escolhe um elemento da natureza. O que te diz hoje? Como fala, se manifesta?
A partir desse elemento, faz um texto (diálogo, oração, manifesto, acção de graças,
revindicação, …) que manifeste a sua voz. O elemento, (ou símbolo) com o texto, será
partilhado na vigília da noite.