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FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET

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Escrevinhação n.º 755


DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA AO CONTÁGIO COM A
CIDADANITE1
Redigido em 21 de abril de 2009, dia de Santo Anselmo e
Santo Apolônio, segunda semana da Páscoa.

Por Dartagnan da Silva Zanela2

"Em política é preciso curar os males


e nunca vingá-los." (Napoleão III)

- - - - - + - - - - -

INTRODUÇÃO

O presente ensaio tem por objetivo tecer

algumas considerações sobre o projeto DEMOCRACIA E ESCOLA

do professor Josué Carlos dos Santos apresentado junto ao

PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). No correr

destas míseras laudas pretendemos desenvolver a tessitura

de nossa reflexão procurando (i) apontar as limitações

constatadas no referido projeto (ii) indicando problemas

que possam inviabilizar o mesmo e (iii) apresentando outros

vieses que consideramos serem mais interessantes para a

exitosa implantação do intento pedagógico do mesmo.

Procedendo deste modo, esperamos, mesmo que

modestamente, poder estar contribuindo para o

1
Ensaio apresentado junto ao GTR (Grupo de Trabalho de Rede) com
vistas a participar da discussão sobre DEMOCRACIA E ESCOLA.
2
Mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela UEPG, Especialista em
Pedagogia Escolar pelo IBPEX, graduado em licenciatura em História
pela UNICENTRO. Professor da Faculdade Campo Real e da Rede Pública
Estatal do Paraná.

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desenvolvimento de seu propósito que, cremos, ser investido

de boa intenção, porém, equivocado em alguns pontos.

1. UM CAMINHO UM TANTO TORTUOSO

Alguns traços nos chamaram a atenção neste

projeto. O primeiro que destacamos é o viés marxista que se

apresenta em um trabalho que tem por intento discutir e

reforçar valores democráticos. Não afirma-se isso apenas em

vista do referencial teórico ser fundamentalmente desta

orientação político-ideológica, mas pela clara apresentação

de um conteúdo ideológico desta matiz como se marxismo

fosse algo análogo, ou mesmo similar, a democracia

(JOHNSON; 1994).

Constata-se esse tom na constante apresentação

da necessidade de se desenvolver uma revolução desse cunho,

quando o autor do referido projeto, parafraseando Lênin,

afirma que:

[...] uma insurreição para ter êxito, deveria


ter o apoio não de um partido em particular,
mas sim na principal base ou seja em uma
classe mais avançada de vanguarda, o Ascenso
revolucionário do povo. Desta forma, o sucesso
da insurreição depende daquele ponto de viagem
na história da revolução seja atividade com a
formação das fileiras avançadas do povo, esta
venha a ser a maior e fortes as vacilações nas
fileiras dos inimigos e dos fracos habitantes

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e duvidosos da revolução. (SANTOS; 2009, P.


05)

Traduzindo para o português bem claro, o

intento que se apresenta neste projeto não é o de ensinar o

significado e as funções das instituições democráticas e

como vivenciá-las, mas sim, como derruba-las e implantar

uma ditadura marxista. Esse intento é uma marca muito

presente em boa parte dos intelectuais ocidentais (ARON;

1980) e, neste caso em análise.

De mais a mais, lembramos aqui que o Estado

Brasileiro, constitucionalmente falando, é um Estado laico

e isso significa não apenas a não identificação do mesmo

com uma doutrina religiosa, mas também e principalmente,

com uma doutrina política. Se o intento do projeto é

justamente ensinar a vivência democrática, que inicie-se

pelo respeito da Magna Carta.

Porém, antes de chegarmos a este ponto, temos a

presença de outros colóquios que julgamos serem merecedores

de nossa atenção. O autor afirma que a escola é um espaço

privilegiado para reflexão e discussão dos fatos (SANTOS;

2009, p. 03). Ora, não podemos nos esquecer que nós estamos

falando de um espaço em que estão crianças e adolescentes

que nos são confiados na crença de que nós estaremos lhes

ensinando noções elementares para que eles, os alunos, de

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maneira autônoma, possam amadurecer e assim interpretar e

agir no mundo, independente das predileções ideológicas do

educador.

Para tanto, ele deve estar munido das

ferramentas intelectuais básicas que lhe permitam atuar, ou

vão me dizer que é possível agir criticamente sem realmente

ser capaz de interpretar os textos e imagens que nos

comunicam o que é e o que pode vir a ser o mundo? (ZANELA;

2009a)

Outro ponto relevante a ser destacado é no que

tange a questão da exclusão social (SANTOS; 2009, p. 03).

São inúmeras as variáveis que determinam a posição de um

indivíduo dentro da escala social da mesma forma que são

inumeráveis os caminhos que permitem a mobilidade do

indivíduo agir e ser o que é (ELIAS; [s/d]). Nas duas

dimensões da questão levantada (ascensão ou declínio), nós

temos um fator que é a vontade individual (MISES; 1987) que

constata-se na maneira de agir dos alunos, no caso do

espaço escolar. Diante disso, eis que vem a pergunta: como

não valorar o mérito individual? Quais as conseqüências

dessa não-valoração?

Ora, em regra, aprender é uma atividade

individual e solitária. Mesmo que estejamos sendo

instruídos por um professor, ou por uma obra, ou no meio de

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um acalorado debate, no frigir dos ovos, quem irá dar

testemunho do que está sendo aprendido é a consciência

individual e ninguém mais (CARVALHO; 1995). Inverter este

processo é literalmente entregar o indivíduo ao

adestramento que advém dos determinismos (sejam eles de

ordem social, ambiental ou mesmo genético) e da

massificação fruto das ideologias e da indústria cultural.

E mais! Privar o aluno das ferramentas

intelectuais mínimas para agir no mundo em nome de “um

mundo melhor possível” não é uma via para consolidar a

democracia, mas sim, para edificar uma tirania

(ARISTÓTELES; [s/d]).

Doravante, o autor enfatiza (2009, p. 04) o

“[...] esclarecimento e o exercício da palavra democracia”

(sic), lembrando que todos devem ter acesso ao que o mesmo

nomina como sendo “plena democracia”. Tal neologismo é algo

similar, em vista de seu referencial teórico, ao termo

“democracia popular”, que nada mais é que um sinônimo de

uma ditadura marxista. Entretanto, tal termo apresenta um

outro problema sério quando passamos a refletir a luz do

direito e da ciência política.

Democracia, em si, pressupõem que exista um

desequilíbrio entre os indivíduos. É por essa razão que

existem mecanismos em que se limita à ação dos três poderes

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e salvaguarda a sociedade dos excessos que possam vir a ser

cometidos por aqueles que estão no poder (AZAMBUJA; 1979).

Não é à toa que um dos direitos fundamentais é

a desobediência civil. Cabe lembrar também que a expressão

“plena democracia” apresenta-se claramente como uma topus

(ARISTÓTELES; 1978), uma expressão sem um significado

claro, que não remete a uma realidade objetiva, mas que,

por ter esses contornos, é um instrumento perfeito para

mobilização e manipulação das massas (ZANELA; 2009b).

Mais adiante, o autor enfatiza a necessidade do

direito a igualdade (2009, p. 05). Bem, primeiramente,

igualdade não é um direito, em si, mas sim uma relação

(BOBBIO; 1999). É um princípio que sempre depende de um

elemento comparativo, ou seja, igual em que, em relação a

quem? Via de regra, conforme nos ensina Norberto Bobbio, o

binômio mais apropriado para uma sociedade democrática não

é igualdade e liberdade, mas sim, justiça e liberdade,

visto que, igualar a todos é eliminar o indivíduo e

transmutá-lo em massa, pois nem toda relação de igualdade é

justa do mesmo modo que não se pode falar em justiça sem

liberdade e em democracia sem as duas (BOBBIO; 1999).

Quando falamos em democracia sempre nos vem a

mente o discurso de Péricles que afirma ser este o governo

do povo, pelo povo e para o povo, entretanto, esquece-se do

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último elemento que é o império da lei. O que o estadista

ateniense declara sob o império da lei era o que

Aristóteles ([s/d]) chamava de democracia. Sem o império da

lei o estagirita nominava este regime como sendo uma

oclocracia ou, o governo das massas, não do povo

(ARISTÓTELES, [s/d]).

Lembramos também que é um grande equívoco

afirmar que a igualdade, na sociedade hodierna, é apenas

uma questão de sufrágio universal (2009, p. 04). Tal

afirmação, além de ser equivocada, é perigosa, diga-se de

passagem (COMPARATO, 2008).

O princípio da igualdade presente no

constitucionalismo moderno não é apenas um mecanismo para

apresentar quais formas de igualdade devem ser preservadas,

mas também e principalmente, para medir quais são as

desigualdades que são aceitáveis e as que são intolerávis

(MORAES; 1999). Por exemplo, é aceitável que uma pessoa que

não seja membro de uma associação não participe dela,

porém, é inaceitável que uma pessoa não possa participar

desta por um critério racial.

Doravante, o papel de uma escola não é ipsis

litteres amplo (SANTOS; 2009, p. 06). Aliás, é bastante

específico. Basta que lembremos o que significa educar que,

nada mais é do que guiar o aluno para fora de si (do latim

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ex ducere) para se encontrar e se realizar como pessoa. Por

essa razão era usada a palavra aluno, aquele que não possui

luz, para denominar a criança que era iniciada em seus

estudos, porém, não no sentido pejorativo que apontam os

pedagogos modernos, visto que, essa palavra era utilizada

para designar toda criança que foi desmamada e que estaria

apta a aprender, a receber as luzes do saber.

Dito isso, vejamos o seguinte: quem está

autorizado a afirmar que alguém tem ou não condições de

pensar? Esta afirmação, feita pelo autor (2009, p. 06), é

um tanto complicada, visto que, pensar, é uma

característica basilar da natureza humana, por isso é

denominado pelos biólogos como homo sapiens e como sendo

habitados pela centelha divina (inteligência) como nos

ensinam os teólogos (AGOSTINHO; 1994).

Todavia, em vista o intento doutrinário

presente no projeto, creio que o que o autor está apontando

como condição sine qua non para pensar (SANTOS; 2009), seja

incutir nos alunos alguns esquemas e cacoetes marxistas

para que estes estejam dispostos a fazer a revolução tal

qual diz o próprio autor, parafraseando Lênin que:

[...]a chave da questão, nem sequer estará em


tomar os bens dos capitalistas, mas sim
precisamente no controle operário nacional,
universal, sobre os capitalistas e os seus

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possíveis partidários. Só a confiscação não é


suficiente, pois nela não há nenhum elemento
de organização de cálculo de uma distribuição
correta. Seria substituída facilmente a
confiscação pela imposição de um imposto justo
(mesmo que com uma taxa chingariovista), -
apenas seria excluída a possibilidade de
evitar a prestação de contas, de ocultar a
verdade, de fugir à. E só através do controle
operário do Estado operário eliminará esta
possibilidade. (SANTOS; 2009, p. 08)

Para finalizar há duas questões deveras

delicadas tocadas pela pena rubra do senhor Santos. A

primeira quando ele afirma que o modelo em que os alunos

estão sendo formados é plenamente voltado para os

interesses do capital. Ora, então porque os empresários se

queixam tanto do sistema educacional que não habilitam as

pessoas nem a fazer um ofício3?

De mais a mais, seria interessante o autor

prestar uma maior atenção nos documentos oficiais da

Secretaria Estadual de Educação e mesmo nos do Ministério

da Educação para perceber que não é bem o capital que molda

o modelo educacional Paranaense e Brasileiro. Lembremos

também que o pensamento pedagógico brasileiro hodierno é

3
Fala de um dos membros da Federação Paranaense de Indústria do Paraná
em uma reunião realizada em novembro de 2006. Também, quanto a este
ponto, sugerimos a leitura do artigo PARADOXO ESTATAL do filósofo
Olavo de Carvalho publicado em 09 de setembro de 2000 e disponível em
seu web site – http://olavodecarvalho.org. Também chamamos a atenção
para a obra O DINOSSAURO: uma pesquisa sobre o Estado, o
patrimonialismo selvagem e a nova classe de intelectuais e
burocratas, do embaixador José Osvaldo de Meira Penna (1988).

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fortemente influenciado pelas obras de Antonio Gramsci,

Pierre Bourdieu, Paulo Freire4 e tutti quanti.

Por fim, o autor afirma que:

[...] não conseguimos que a Escola atinja a


plena democracia, quando estamos atrelados a
um modelo que segue os interesses do capital e
não se coloca a serviço do seu principal
objetivo, formar um individuo capaz de pensar
criticamente, mas para isso não podemos
ignorar que as pessoas (alunos) possuem
diferenças grandes, desde o aspecto cultura
(usos e costumes) até as habilidades físicas.
(SANTOS; 2009, p. 05)

Bem, me diga uma escola em que nossos alunos

não tenham esta peculiaridade? De mais a mais, são raras as

escolas na história de nosso país que não tivessem essa

peculiaridade. Por isso, enfatizamos aqui, nestas linhas,

que uma educação democrática não é sinônimo de

supervalorização de todos os valores culturais, pois, em

regra, todo ato humano é axiológico (REALE; 1999) e na

valorização de tudo se desvaloriza tudo. De mais a mais,

neste discurso multicultural de valorização de tudo retira-

se o critério de valor universal de um legado cultural em

nome de um critério politicamente correto em que os

interesses do Estado é a pedra angular da escolha o que,

4
Aliás, seria deveras irônico nos termos um sistema educacional
voltado totalmente para os interesses do capital tendo um canal de
televisão financiado com verbas públicas e montado pela iniciativa
Estatal com o nome de TV Paulo Freire, não é mesmo?

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por sua deixa, é um dos elementos basilares para formação

de um estado totalitário, pois, o “critério objetivo”,

neste caso, será o que o Estado em exercício decidir que é

ou não é (HAYEK; 1983).

Mas então, o que fazer? Lembremos que apesar de

nossas diferenças, todos nós temos um patrimônio cultural

comum e que, enquanto nação, enquanto sociedade, temos

alguns objetivos que são comuns a todos. Um patrimônio

cultural comum, alguns símbolos e valores que sejam comuns

a todos, eis aí a base de uma formação cívica sólida com

vistas a munir o indivíduo com as ferramentas mínimas para

a sua atuação como cidadão. Relativizar tudo é o caminho

para o totalitarismo, como bem apontava um de seus

executores, Mussolini, quando este dizia que "Da

equivalência de todas as ideologias, todas igualmente

ficções" e aí, meu caro, vale que gritar mais alto e isso,

não é democracia.

2. PEDRAS NO MEIO DO CAMINHO

Como o intento do projeto em análise é

enfatizar os valores democráticos na formação de nossos

alunos, vemos aqui, três problemas que, por sua deixa, são

deveras simples, porém acarretam a inviabilidade do mesmo.

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Primeiramente o autor não aponta no correr de suas laudas

quais seriam os valores democráticos que deveriam ser

ministrados. Como ensinar a vida democrática para os alunos

se estes não estão sendo instruídos no que tange o sentido

e o significado da vida democrática?

O segundo problema que visualizamos é o forte

tom relativista do projeto (SANTOS; 2009, p. 04-05). Ora, a

verdade, nada mais é que um estrato da realidade. O fato de

em muitas ocasiões nós não estarmos habilitados a captar

determinadas verdades não significa que ela não exista

(ZANELA; 2009b).

Mas, o que seria a verdade? QUID EST VERITAS?

Dentro da tradição Ocidental, nós temos presente três

concepções de verdade. Uma de origem hebraica (EMUNAH),

outra de origem grega (ALETHEIA) e a terceira (VERITAS) de

origem latina (MARÍAS; 1976). No primeiro sentido, temos a

verdade enquanto uma promessa fiel, enquanto algo que foi

enunciado e que irá ocorrer. Essa seria a verdade com o seu

sentido voltado para o por vir. No terceiro, temos a

verdade representada na forma de um relato fidedigno, ou

seja, a descrição fiel de algo que ocorreu e que está sendo

reconstituído para os presentes (CARVALHO; 2002).

Doravante, temos a verdade no sentido helênico,

que é a verdade na forma de um conceito abstrato que

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descreve uma realidade universal, independentes dos fatores

condicionantes da primeira e da terceira concepção. Ou

seja: o conceito abstrato universal transcende o

condicionamento temporal e espacial. Cabe destacar que

quando tudo é aceito como relativo, permitirá apenas uma

disputa entre discursos estéreis que serão anunciados de

maneira histérica em uma procura fingida pelo poder. Nada

mais, nada menos que isso.

Por fim, o terceiro problema. Lembramos aqui o

que já havíamos apontado em nosso trabalho anterior

(ZANELA; 2008) que é o fato de que uma educação com vistas

a cultivar valores democráticos se dá na existência e na

vivência das escolas práticas de democracia (VIANNA; 1955),

e não na mera exposição do que ela é e de quão bela poderia

ser.

Por essa razão julgamos relevante que se

enfatize, que se ensine ao educando a agir democraticamente

dentro da escola do que apenas falar em democracia.

Lembramos que democracia não se inicia meramente com a

reles reivindicação de direitos, mas sim, com o senso de

dever para com a comunidade e, neste caso, com a comunidade

escolar e, neste caso, o dever primeiro dos infantes é

estudar, não é mesmo?

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Entenda-se por senso de dever não apenas o

cumprimento de suas obrigações colegiais, mas a tomada de

consciência de como é a vida escolar e o que deve ou não

ser feito nela e isso, não se aprende ouvindo alguém

falando sobre, mas fazendo o que deve ser feito. Aprende-se

praticando, não ouvindo uma fala estéril o quão bela é e/ou

pode vir a ser uma sociedade democrática. Claro que tal

prática é deveras complicada e seus frutos serão colhidos

apenas em médio prazo. Entretanto, quem disse que a vida

democrática é parida sem contrações e em um mar de

aveludadas pétalas de rosa?

3. RETIRANDO ALGUMAS PEDRAS PARA COLOCAR OUTRAS

Sem mais delongas, gostaríamos aqui, neste

ínterim, de apontar para um viés que julgamos ser essencial

para a edificação de uma educação que prime pelos valores

da liberdade e pela justiça, que é uma educação que prime

pelo senso de responsabilidade. Cultivar nos alunos a

compreensão de que não basta apontar para os males da vida

e do mundo se não estamos nos colocando acima destas

circunstancias que estão a nossa volta clamando para nos

determinar (GASSET; 1973). Aliás, não apenas para os

alunos, mas também e principalmente, para os professores.

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É fundamental para que o aluno se torne uma

pessoa independente em sua maturidade que ele compreenda

que a liberdade consiste em assumir responsavelmente o seu

destino (FRANKL, [s/d]) e estar disposta a vivê-lo o que,

por sua deixa, significa assumir os méritos e deméritos de

suas escolhas. Ser independente enquanto indivíduo e

enquanto pessoa não é sinônimo de elemento que sempre

procura projetar a culpa de sua vida em outrem como fazem

as crianças de cinco anos de idade (que são dependentes em

tudo de seus genitores), mas sim, de uma pessoa que

reivindica para si a responsabilidade pela sua vida e luta

dia após dia para realização do sentido de sua existência.

Querer mudar o mundo sem sermos capazes de nos

embrenhar nesta hercúlea tarefa que é mudar a nós mesmos e

nos fazer senhores de nossa vontade e escravos de nossa

consciência, como nos diz Humberto de Campos, pouca valia

terá na consolidação das instituições democráticas, porém,

será o caminho perfeito para a edificação da mais

abominável das tiranias (HAYEK; 1977).

Por fim, como nos ensina Thomas Jefferson, o

preço da liberdade é a perene vigilância e, essa

vigilância, deve começar conosco, com nossas ações, com

nossos julgamentos, com a maneira que encaramos o sentido

da vida e, principalmente, como realizamos isso em nossa

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pessoa, para evitarmos cair nos velhos e parvos discursos

demagógicos que a tudo inflamam e a nada explicam ou

resolvem.

REFERÊNCIAS

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Agustinho Belmonte; revisão e notas complementares de Nair de
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