E STA D O D E M I N A S ● S Á B A D O , 1 7 D E A B R I L D E 2 0 0 4

GERAIS 23
VIOLÊNCIA
GIRO POLICIAL
Administrador de empresas é baleado na cabeça durante
tentativa de assalto a restaurante japonês na capital
HOMICÍDIO
CRISTINA HORTA

Carcereiro morto
com seis tiros
O carcereiro Nísio Miranda, de 43 anos, foi assassi-
nado com seis tiros na noite de quinta-feira a 700
metros de sua casa, no bairro da Lua, em Pedro Leo-
poldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo informações da polícia, a motivação do
crime teria sido a posição do carcereiro, que não
aceitava a atuação de traficantes na região. Ele é o
10º policial assassinado neste ano no Estado, além
do sargento Fernando Benigno, de 32, lotado no Ba-
talhão Rotam, que morreu em acidente de moto
durante perseguição policial a dois criminosos. No
ano passado, foram 29 policias mortos em serviço
ou no horário de folga. Segundo informações do
delegado José Queiroz Sá, o carcereiro estava afasta-
do das atividades policiais há dois anos para trata-
mento médico. “Mesmo afastado, ele era um poli-
cial atuante”, afirmou.

ASSALTO
Ladrões levam R$ 6 mil
de posto bancário
Um posto bancário no bairro Funcionários, re-
gião Centro-Sul de Belo Horizonte, foi assaltado na
tarde de ontem. Dois homens armados com revól-
veres calibre 38 roubaram mais de R$ 6 mil de um
posto do Itaú, na Associação dos Funcionários Fis- Estabelecimento já foi alvo de criminosos duas vezes e proprietário diz que continua esperando reforço policial e mais iluminação na rua
cais do Estado de Minas Gerais, à rua Cláudio Ma-
noel. No momento do assalto, havia grande movi-

Bandidos atacam
mentação no local, pois ontem era dia de pagamen-
to e do início de campanha de vacinação contra gri-
pe. O vigilante, que teve que entregar sua arma, e a
caixa do posto foram rendidos. Os homens fugi-
ram numa caminhonete Ranger cinza. O crime só
foi percebido depois que os assaltantes fugiram,
quando o vigilante avisou obre o roubo. Diversas
viaturas da Polícia Militar fizeram rastreamento na

na hora do lazer
região, mas ninguém foi preso. A ocorrência foi re-
gistrada na Divisão de Crimes contra o Patrimônio.

ACIDENTE

FERNANDA ODILLA
O administrador de empre-
sas Manoel Afonso Marques Nu-
nes, de 39 anos, foi baleado na
cabeça enquanto jantava num
restaurante na rua Coelho de
Souza, no bairro Santo Agosti-
nho, Centro-Sul de Belo Hori-
zonte. Além do administrador,
que até a noite de ontem perma-
necia em estado grave no Hospi-
tal João XIII, o segurança do res-
taurante Ceomar Geraldo San-
tos, de 32, foi atingido no ombro
SIDNEY LOPES quando três homens armados
chegaram atirando em direção
dos cerca de 20 clientes, por vol-
Batida entre van e
caminhões mata dois
Duas pessoas morreram e duas ficaram grave- TRÁFICO
mente feridas, anteontem à noite, em um aciden-
te na BR-381, em Sabará, na região metropolita-
na. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o
caminhão BYA 6355, de Aracaju, carregado de ci-
mento, ficou sem os freios em uma curva do km
424 da rodovia. O motorista perdeu o controle do
veículo, que invadiu a outra pista, bateu na Van
Família é expulsa de casa
GPZ-9819 e no caminhão KOD-0638, que trafega-
vam em sentido contrário. Com o choque, o ci- GISLENE ALENCAR
mento se espalhou na pista e, ontem, moradores
da região saquearam parte da carga (foto). O mo- Uma família formada por oito
torista da Van, Wilson Pereira Vargas Floriano, e o pessoas, entre elas três crianças,
motorista do caminhão, Paulo Roberto Ribeiro, foi expulsa de casa por trafican-
morreram no local. Um passageiro da Van e o tes, no bairro Céu Anil, em Ribei-
motorista do caminhão ficaram gravemente fe- rão das Neves, Região Metropoli-
ridos e foram encaminhados ao Hospital João tana de Belo Horizonte, na noite
XXIII, em Belo Horizonte. Durante a madrugada, de quinta-feira. Com medo de
o trecho ficou totalmente interditado e a rodovia morrer, o grupo passou a noite fo-
só foi liberada na manhã de ontem. ra e retornou na manhã de on-
tem, sob escolta policial, para bus-
car móveis e roupas que resisti-
● CIGARROS ram ao fogo, ateado pelos bandi-
dos. Os moradores contaram que
Em Formiga, região Centro-Oeste do Estado, 345 cinco homens procuravam por
caixas de cigarros contrabandeado foram Nilson Rodrigues de Souza, filho
apreendidas nos bagageiros de quatro ônibus de da auxiliar de serviços gerais
turismo. Nove pessoas foram presas. A carga E.R.C., de 50 anos, moradora da ca-
teria vindo do Paraguai e estava sendo levada sa. Eles alegaram que Nilson teria
para a capital, onde seria comercializada. A passado informações à polícia so-
operação durou várias horas e foi acompanhada bre crimes na região, o que teria
por um diretor da Associação Brasileira de resultado em apreensão de armas
Combate à Falsificação. e drogas, em janeiro.
A Polícia Militar vai investigar,
porém, a suspeita de que a expul-
● CAÇA-NÍQUEIS são da família tenha sido motiva-
da pelo assassinato de Tiago Fer-
Três pessoas foram presas e 18 máquinas de reira da Silva, que ocorreu na
caça-níqueis foram apreendidas na manhã desta quinta-feira, na região. Nilson é
sexta-feira, na rua Tupinambas, 648, região suspeito de ter envolvimento no
Central de Belo Horizonte. As placas-mães das crime e, por esse motivo, a gan-
máquinas foram retiradas pela Polícia Militar e gue da favela Santa Fé, onde Tia-
encaminhadas ao Ministário Público. As três go morava, teria ido vingar a
pessoas presas foram conduzidas para a morte do comparsa. E. contou
Delegacia Adida Especial Criminal (DEAJEC). que o filho se mudou para o bair-
ta da meia-noite. Eles fugiram
em direção ao bairro Luxembur-
go e ainda estão foragidos.
Apesar dos três homens
não terem anunciado o assal-
to, o polícia acredita que a
ação dos criminosos, que du-
rou menos de três minutos, foi
uma tentativa frustrada de
roubar as carteiras dos clientes
e o caixa do restaurante. “Em
outubro passado fomos assal-
tados. Depois disso, pedi refor-
ço policial e mais iluminação
na rua, mas estou esperando
até agora”, reclama um dos
proprietários da casa onde o
administrado foi baleado, Feli-
Bandidos aterrorizaram os oitos moradores e incendiaram o barraco
ro São Benedito, em Santa Luzia,
na Grande BH.
Amedrontada com a situação,
ela disse que os homens entra-
ram na casa e jogaram álcool por
todos os lados. “Eles nos tranca-
ram no quarto e, por duas horas,
ameaçaram nos queimar se não
revelássemos onde o meu filho
está morando. Foi terrível, por-
que nossos corpos também esta-
pe Bicalho, que tem dois segu-
ranças particulares para tentar
coibir a ação de criminosos.
Na rua Coelho de Souza, há
postes de luz apenas em um
lado da via e, de acordo com
Bicalho, a segurança também
é precária. “Levei o Manoel no
meu colo para o hospital”,
conta, dizendo que a Polícia
Militar demorou mais de uma
hora e meia para chegar ao
restaurante. Mas, nos registros
da PM, o tempo gasto da cha-
mada até o atendimento da
ocorrência no local não ultra-
passou 30 minutos.
Nos registros do plantão da
JUAREZ RODRIGUES
vam encharcados de álcool”, con-
tou. Depois da sessão de terror, os
traficantes tiraram os moradores
da casa e os deixaram fugir.
Antes de ir embora em um
chevette cinza, os homens colo-
caram fogo na casa. O incêndio
foi controlado pelo Corpo de
Bombeiros, mas não a tempo de
evitar que móveis e eletrodomés-
ticos fossem destruídos. Na ma-
polícia civil no João XXIII, cons-
ta que uma testemunha viu os
três homens planejando o as-
salto nas proximidades do res-
taurante. Um flanelinha, que
trabalha no local, também teria
acompanhado o plano dos su-
postos assaltantes e, por isso,
foi ameaçado de morte para
não avisar o crime. Ainda não
há suspeitos. “Eram assaltantes
novos e destemidos. O que ati-
rou tinha menos de 20 anos, era
branco e estava bem vestido”,
observa Felipe Bicalho, que não
esconde o medo, depois do cri-
me, de ser mais uma vítima da
violência na capital mineira.
nhã de ontem é que os morado-
res viram as conseqüências do
incêndio. Mesmo escoltados pela
polícia, todos estavam apressa-
dos para retirar o que sobrou e
desaparecer do local. “Vim de
Teófilo Otoni, no Leste do Estado,
há seis anos para encontrar em-
prego. Agora não sei o que vou fa-
zer”, disse a mulher, desapontada.
A diretora de Promoção de
Direitos Humanos e Inclusão So-
cial da Secretaria do Estado de
Desenvolvimento Social e Es-
portes, Márcia Martini, disse que
não tem estatísticas sobre o nú-
mero de famílias obrigadas a
deixar suas casas devido à ação
de criminosos. “É uma situação
que está ficando recorrente por-
que o crime organizado está am-
pliando sua atuação em locais
como as favelas, onde moram
pessoas trabalhadoras e de
bem”, observou a diretora.
Márcia Martini citou como
exemplo, o caso de uma recep-
cionista da secretaria que teve
sua casa incendiada e metralha-
da, na Vila Columbiara. “Ela era lí-
der comunitária e o trabalho que
realizava incomodava os trafi-
cantes. Principalmente essas pes-
soas, que desenvolvem algum ti-
po de liderança, são alvos dos cri-
minosos”, afirmou.