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I - Competências em geral
O Tribunal dispõe ainda de competência para julgar os recursos relativos à perda do mandato
de Deputado à Assembleia da República ou às assembleias legislativas regionais, nos termos
dos artigos 223º, n.º 2, alínea g), da Constituição, e 7º-A da LTC.
No que diz respeito aos referendos regionais e locais, o Tribunal Constitucional intervém
igualmente na fiscalização prévia da sua constitucionalidade e legalidade e no julgamento
dos recursos relativos a irregularidades ocorridas no decurso da votação e das operações de
apuramento dos resultados [artigos 223º, n.º 2, alínea f), da Constituição e 11º da LTC].
Ao Tribunal Constitucional cabe declarar que uma qualquer organização perfilha a ideologia
fascista, e decretar a respectiva extinção, nos termos da Lei n.º 64/78, de 6 de Outubro
(artigo10º da LTC).
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II – Competências em especial
Em plano igualmente paralelo se situa a competência para fiscalizar o respeito devido às leis
de valor reforçado, nomeadamente às leis orgânicas, pelas normas contidas em actos
legislativos.
O terceiro modo ou processo através do qual o Tribunal Constitucional pode ser chamado a
exercer o controlo da constitucionalidade das normas jurídicas é o da denominada
fiscalização concreta, assim designada por ocorrer justamente a propósito da aplicação, pelos
tribunais, da norma questionada a um caso concreto. Esse controlo ou essa fiscalização
"concreta" cabem, em primeira linha, ao tribunal perante o qual o caso se encontra pendente,
uma vez que, nos termos do artigo 204º da Constituição, todos os tribunais portugueses têm
competência para apreciar a conformidade com a Constituição das normas que hajam de
aplicar, e têm mesmo o dever de não aplicar aquelas que considerem inconstitucionais;
contudo, das decisões dos tribunais "comuns" que decidam questões de constitucionalidade,
cabe recurso, nos termos previstos nos artigos 280º da Constituição e 70º da LTC, restrito à
apreciação dessa questão, para o Tribunal Constitucional. É este recurso que abre aos
cidadãos em geral a possibilidade de acesso ao Tribunal Constitucional; no entanto, para que
eles possam fazer apreciar por este a constitucionalidade de uma norma, é necessário que
previamente tenham suscitado a questão, sem êxito, perante o tribunal onde corre a
respectiva causa (isto é, a causa resolvida por aplicação da norma questionada) ou, então, que
a mesma norma já tivesse sido, anteriormente, julgada inconstitucional pelo próprio Tribunal
Constitucional ou pela Comissão Constitucional. Por outro lado, há sempre recurso para o
Tribunal Constitucional das decisões dos restantes tribunais que recusem aplicar determinada
norma com fundamento em inconstitucionalidade, sendo tal recurso obrigatório para o
Ministério Público quando estejam em causa normas constantes dos mais importantes
diplomas normativos (isto é, de convenções internacionais, actos legislativos ou decretos
regulamentares). Em qualquer das situações possíveis — trate-se de recurso de decisão que
não aplicou uma norma, por julgá-la inconstitucional, trate-se de recurso de decisão que não
atendeu a impugnação da constitucionalidade de uma norma e a aplicou —, a decisão do
Tribunal Constitucional não tem força obrigatória geral, ou seja, só vale no processo judicial
em que é proferida. Mas, caso o Tribunal Constitucional venha a julgar inconstitucional a
mesma norma em três casos concretos diferentes, fica aberta a possibilidade de vir a apreciá-
la em processo de fiscalização abstracta, normalmente a requerimento do Ministério Público
(artigos 281º, n.º 3, da Constituição, e 82º da LTC), e a decisão que aí declare inconstitucional
essa norma já tem força obrigatória geral.
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Quando os recursos para o Tribunal Constitucional não sejam admitidos nos tribunais
"comuns" onde se suscitaram as questões de constitucionalidade, podem as partes apresentar
reclamação, que é decidida pelo próprio Tribunal Constitucional.
Se o Tribunal Constitucional concluir pela existência de uma omissão, não pode ele, porém,
editar a norma ou normas em falta, nem sequer ordenar ao órgão para tanto competente que
o faça: uma ou outra coisa seriam contrárias à sua índole de órgão jurisdicional. O Tribunal
limitar-se-á, sim, a "verificar" a existência de inconstitucionalidade por omissão, e a "dar
conhecimento" disso àquele órgão legislativo.
Uma outra hipótese, próxima da fiscalização da legalidade, ocorre em controlo concreto: das
decisões dos restantes tribunais que recusem a aplicação de norma constante de acto
legislativo com fundamento na sua contrariedade com uma convenção internacional, cabe
recurso para o Tribunal Constitucional, obrigatório para o Ministério Público, restrito às
questões de natureza jurídico-constitucional e jurídico-internacional implicadas na decisão
recorrida [artigos 70º, n.º 1, alínea i), e 71º, n.º 2 da LTC].