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Escolas participantes:

EB1 Conde Dias


Dias
Garcia

EB1 Parque

EB 23

ES Oliveira Júnior

O sapato mágico

Há muito tempo, muito tempo, mas não assim há tanto tempo, viveu um senhor
que mandou fazer uma escola – a nossa! Ele era Conde e nesse tempo os homens
usavam chapéu e uns sapatos muito bicudos e brilhantes.
Num dia de muito vento, o chapéu voou e o senhor foi correr à procura dele.
Mas ao correr, um sapato saiu-lhe do pé. E… quanto mais ele corria, mais o
chapéu voava e nessa correria, o sapato ficou para trás esquecido.
Entretanto, um menino encontrou o sapato e foi procurar o seu dono.
Procurou… procurou por todas as casas, mas não o encontrou. Decidiu, então, ficar
com ele. Experimentou-o e o sapato serviu-lhe. O menino ficou admirado. Será que o
sapato é mágico? Tinha ficado do tamanho do seu pé!
No dia seguinte, o menino foi ao sapateiro pedir-lhe que lhe fizesse o par do
sapato. Quando ficou pronto, o menino calçou os sapatos e foi brincar para o parque
infantil. Estava a escorregar no escorrega e, de repente, o sapato mudou de cor.
Deixou de ser preto e passou a ser multicolor…

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O menino, que se chamava Gaspar, pegou no sapato e verificou que ele tinha
as cores do arco-íris: o vermelho, o laranja, o amarelo, o verde, o azul, o anil e o
violeta. Muito admirado, viu que em cada uma das sete cores do arco-íris, havia
mensagens escritas para o Mundo. As mensagens eram as seguintes:
- O Amor é a coisa mais importante das nossas vidas…
- As crianças devem brincar, rir e ser felizes…
- O amarelo reflecte muita luz e um calor intenso…
- A esperança de um Mundo melhor constrói-se com os jovens…
- Devemos ser todos amigos e solidários…
- Finalmente, os homens ganharam coragem para parar com as guerras…
- No Mundo já não existe tristeza, mas sim o respeito entre todos…
Depois de ler todas as mensagens, o Gaspar pensou:
- Como seria bom que todos os meninos tivessem uns sapatos mágicos como este!
O Mundo seria mesmo fantástico!
No dia seguinte, o menino, que andava no 2º ano da Escola do Parque, em S.
João da Madeira, mostrou-os aos outros colegas que frequentavam a mesma escola e
todos ficaram muito espantados. Todos queriam ter uns sapatos como aqueles!
Nesse mesmo dia, quase todos foram ao sapateiro que os tinha feito para este lhes
vender uns iguais. Este explicou-lhes que aqueles sapatos eram únicos e disse-lhes
também que a pele de que eram feitos era mágica, por isso, muito difícil de arranjar.
Explicou-lhes que, se a pessoa que os calçasse estivesse feliz, eles ficavam muito
coloridos. Todavia, se a pessoa estivesse triste, os sapatos ficavam pretos como o
carvão!
Os meninos ficaram muito tristes por não terem uns sapatos mágicos, mas o
Gaspar prometeu aos colegas emprestá-los, a um de cada vez, uma vez por semana, à
sexta-feira, para poderem usufruir deles durante o fim-de-semana.
Mas, entretanto, o Gaspar verificou que os sapatos possuíam mais “magias”
(além de mudarem de cor) do que ele imaginava! Uma das qualidades era que quando
os usava, sentia-se muito feliz e era mais generoso e solidário para com as pessoas que

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o rodeavam. Quando ele se apercebeu desta qualidade, tentou que mais pessoas da sua
cidade os usasse, mas como não acreditavam, ninguém quis experimentá-los.
Dias mais tarde, o seu tio João, que era o maior rezingão da cidade de S. João da
Madeira, precisou de sair de casa para fazer umas compras. À pressa, acabou por
calçar os sapatos mágicos do Gaspar. Mal os calçou, ficou bondoso, alegre, até cantou
e dançou pelas ruas, distribuindo guloseimas às crianças que passavam por ele. Todas
as pessoas ficavam admiradas com a bondade e generosidade do Sr. João, o tio do
Gaspar. Este também ficou muito contente por ver os meninos felizes e percebeu que
aqueles sapatos mágicos lhe tinham devolvido a alegria de viver.
A partir daí, todas as pessoas que moravam em São João da Madeira perceberam
e acreditaram, finalmente, na magia dos sapatos! O Gaspar voltou a calçá-los e, nesse
dia, resolveu ir brincar para o Parque de Nossa Senhora dos Milagres que ficava perto
da Escola que ele frequentava (a Escola do Parque). Ao brincar com outros meninos
que encontrou por lá, de repente reparou num senhor que estava muito triste, sentado
num dos bancos do jardim. Nesse mesmo instante, os sapatos perderam o brilho e as
cores ficaram negras como o carvão! O Gaspar dirigiu-se ao Senhor e perguntou-lhe por
que estava triste, uma vez que os seus sapatos, ao vê-lo assim, ficaram com a cor
alterada. Afinal, o Senhor que estava ali sentado era o verdadeiro dono do sapato!
O senhor era velhinho, viam-se as rugas e os seus cabelos quase brancos. O
Gaspar reparou que, além da tristeza o chapéu estava murcho e feio. O menino colheu
uma flor e deu-a ao senhor. O conde ficou tão encantado com a atitude do menino que
esboçou um sorriso. Nesse momento, o sapato do Gaspar mudava de cor. Já não estava
negro como carvão mas libertou mil cores. O Conde por momentos pensou estar a
sonhar, pois reparou que o Gaspar tinha o sapato que em tempos tinha perdido. Nesse
momento, gerou-se um silêncio. Os olhos do senhor não saíam do sapato. De repente,
perguntou ao Gaspar onde o tinha arranjado. O menino respondeu que o encontrara na
rua, procurara o seu dono, mas sem sucesso. Naquele momento, o Conde abraçou o
menino com muita alegria e disse-lhe que ele era o verdadeiro dono do sapato.
Explicou-lhe que ele era especial, pois conseguia expressar todos os sentimentos das
pessoas, falou-lhe que quem o calçasse teria atitudes bondosas e actos de generosidade.

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Aquele sapato tinha sido a sua companhia durante anos, uma vez que era viúvo e não
tinha filhos, nem família. Vivia num grande palacete, com muitas riquezas, mas não
tinha companhia e sentia-se muito só. O sapato conseguia dar-lhe algum conforto
perante tanta solidão. O menino, ao ouvir toda aquela história, soltou uma lágrima,
descalçou o sapato e devolveu-o ao dono.
O Conde ficou muito satisfeito com a atitude do Gaspar e convidou-o para ir
conhecer o seu palacete. O Gaspar aceitou o convite, mas disse que primeiro teria de
falar com os seus pais. O conde esperou que o Gaspar fosse a casa e, enquanto
esperava, ficou sentado no banco a olhar para o seu sapato, “… agora tudo voltou a
ser como antes. Andavas perdido, mas voltaste para o teu dono…”.
O Gaspar voltou o mais depressa que pôde, mas não vinha só; com ele trazia o
seu cão (Dodi), que estava ansioso por dar uma volta ao parque. Depois do passeio, o
Conde e o Gaspar foram visitar o palacete que ficava no ponto mais alto da vila.
Gaspar ficou pasmado com a beleza e grandiosidade do Palacete do Conde. Não
entendia como podia ele estar tão triste se tinha um palacete tão belo. Gaspar ficou
tão impressionado que pediu ao Conde para lhe mostrar os outros aposentos. Logo à
entrada, viu um salão cheio de móveis enormes, com objectos de prata no seu interior; à
volta da sala também se viam estátuas de ferro, de bronze, de pedra e de mármore,
quase parecia um museu!
O Conde contou-lhe, então, que se sentia muito triste, não tinha família e tinha
perdido o seu sapato mágico que era, há muitos anos, a sua única companhia. Assim,
levou o Gaspar para o seu lugar preferido: a Biblioteca. O Gaspar ficou extasiado com
o que viu. Eram estantes de madeira muito brilhante, com prateleiras todas certinhas,
tudo parecia feito com régua e esquadro, pois estavam todas paralelas umas às outras.
A quantidade de livros era tanta e de tantos temas, que o Gaspar pensou ficar ali o dia
inteiro a ler.
- Aqui sinto-me muito bem, gosto de pegar num livro, sentar-me no sofá e ler
histórias que me fazem imaginar outros lugares e outras pessoas que gostaria de
conhecer – disse o Conde.

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Gaspar estava boquiaberto, a biblioteca era um lugar tranquilo e confortável,
mas sentia-se algo diferente no ar. Lembrou-se, então, do sapato mágico que trazia na
sua mão e pediu ao Conde para o calçar. Talvez assim se sentisse melhor e partilhasse
com ele a alegria de uma história. O Conde calçou o sapato e o Gaspar foi a uma das
prateleiras escolher um livro. Quando o Conde abriu o livro, sentiu-se logo magia no
ar, ouviam-se as vozes das personagens da história, os sons dos pássaros e até se
sentiam alguns cheiros da Primavera. O Gaspar deu conta, então, que o Conde não
estava a ler, a história perecia ser real, estava a acontecer naquele momento, Só podia
ser dos sapatos mágicos. Gaspar gostou tanto desta experiência que pediu para visitar
o palacete mais vezes.
Numa das suas visitas, o Gaspar viu, numa vitrina toda trabalhada a ouro, um
livro que estava em branco. Curioso, pegou nele. Era um livro mágico. Se escrevesse ou
desenhasse nesse livro, o que criava materializava-se. Tantas possibilidades! Tantos
desejos…Tantos sonhos que podia concretizar ! Ainda incrédulo, pegou noutro livro.
Abriu-o e surgiu um grande portal que o transportou para um campo cheio de flores,
animais que falavam, árvores que dançavam…
Gaspar ficou encantado com esse mundo de fantasia e resolveu levar o livro
para a escola. Assim, a sua professora podia contar a história aos seus colegas. Estes
ficaram extasiados com a leitura daquele livro fantástico. Cada dia que passava, o
entusiasmo do Gaspar pelos livros aumentava e, sempre que podia, procurava visitar o
seu amigo Conde.
Numa dessas visitas, o Gaspar sugeriu ao Conde que fizessem uma festa, já
que o palacete ficava um pouco triste só com os dois. O Conde achou boa ideia. Mas
quem é que iam convidar? Ele não conhecia ninguém, só mesmo o Gaspar. Foi então
que Gaspar teve a ideia de convidar todos os seus colegas da escola. O Conde aceitou a
proposta, mas impôs uma condição: “Todos os meninos tinham de levar um chapéu”.
Assim, no fim-de-semana seguinte, o palacete encheu-se de alegria e cor para
receber a sua primeira festa.
Nessa festa os meninos cumpriram a condição de Conde, todos levaram os
chapéus coloridos e de várias formas. Ao entrarem no palacete, os amiguinhos do

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Gaspar ficaram extasiados e deslumbrados com a decoração do palacete. Tanta
luxúria, tanta opulência. O Gaspar não lhes tinha mentido. Porém eles estavam
preocupados e constrangidos. “E se partirmos alguma coisa?! E se o Conde se Zanga
connosco?!”. Gaspar, ao ver a expressão enrugada no rosto dos seus amigos,
tranquilizou-os e apresentou-lhes o conde. Ele estava sentado numa poltrona vermelha
com alguns pormenores dourados, poltrona essa que contrastava com os seus cabelos e
sua pele branca. Estava muito ansioso por receber os amiguinhos do Gaspar. Não
estava habituado a ter visitas… havia já muito que estava só e este seria um momento
único, muito especial para ele.
As portas abriram-se…
Aos olhos dos meninos surgiu um enorme salão, enfeitado de quadros onde estava
representada a vida do Conde, bem como serpentinas, balões multicolores e muitas
diversões. Na mesa, aguardavam-nos sobremesas deliciosas, tudo o que alguma vez
sonharam. Assim que o Conde viu a alegria estampada no rosto dos meninos, o seu
receio dissipou-se, a alegria e a emoção de outros tempos encheu-lhe o coração.
Depois de saboreadas as guloseimas, os amiguinhos de Gaspar repararam nos
quadros que se encontravam no salão. Lá estava representado um jovem a fabricar
chapéus… “Quem seria a pessoa lá representada? E por que teria sido imposta como
condição trazer um chapéu para a festa?”
O Conde sabia as resposta e, já que os amigos do Gaspar perguntaram, ele decidiu
contar a história…
Há muito, mas há muito, muito tempo, existia um homem chamado Chico. Chico
fabricava chapéus altos, baixos, curtos, compridos, mas sempre bonitos. Toda a gente
gostava de usar os chapéus dele. Até mesmo os mais pobres. Havia quem pensasse que
Chico era feiticeiro, pois, quando punham os chapéus feitos por ele, as pessoas ficavam
todas amigas, solidárias e o mundo parecia-lhe especialmente rosado. Um dia, muito
sereno e luminoso, Chico acordou com uma dor no coração. Não sabia o que fazer.
Pegou num copo de água e sentou-se no alpendre da sua casa a descansar. Espraiou os
olhos pelo vale imenso, suspirou e adormeceu… para sempre. O mundo que antes
parecia uma paleta de cores, era agora o sítio da tristeza e da pobreza. Vim a descobrir

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mais tarde – continuou o Conde – que o Chico era meu parente afastado e por isso
comprei o quadro.
Agora falta saberem por que razão pedi para que todos trouxessem chapéu. Pois
bem, eu pedi para todos trazerem um chapéu, porque quero homenagear o meu parente,
já falecido, Chico.
Após esta informação, o Gaspar, sorrateiramente, foi à Biblioteca e, ao observar
todos aqueles livros, viu um que, por ser muito antigo, chamou a sua atenção. Pegou
nele e, ao desfolhá-lo, uma folha desprendeu-se e caiu no chão. Gaspar apanhou-a e,
qual não foi o seu espanto, quando reparou no título “Fórmula para fazer chapéus
mágicos”. Guardou-a muito bem e, no dia seguinte, na escola, com os seus amigos,
tentou fazer um chapéu mágico, seguindo as instruções. Quase prestes a terminar o
chapéu, verificou que a fórmula estava incompleta e decidiu ir ao palacete falar com o
Conde. No palacete, enquanto contava ao Conde o mistério da fórmula dos chapéus
mágicos, Gaspar encostou-se à parede e o quadro com a imagem do Chico caiu. Ao
apanhá-lo reparou que, na parte de trás, colado ao quadro, estava um papel com o
resto da fórmula, escrita em código e com letras pouco legíveis. O Conde, ao ver o
papel, disse-lhe que a única pessoa capaz de o decifrar residia em Lisboa.
- E como o encontraremos? – interrogou o Gaspar.

Quem estava representado no quadro era o Gaspar, numa imagem mágica do


futuro. O próprio não se reconheceu e perguntou ao Conde quem era aquele habilidoso
chapeleiro. O Conde explicou-lhe que o quadro reflectia uma imagem futura de quem o
olhasse. O Gaspar ficou sem reacção, muito admirado e questionando-se se iria ser
chapeleiro quando fosse adulto. Entretanto, os seus pensamentos foram interrompidos
pelos outros meninos. O Conde pediu que os meninos formassem uma roda para lhes
poder explicar a razão pela qual exigiu que trouxessem chapéus:
- Como eu gostava que todos vocês fossem felizes, pedi-vos para trazerem
chapéus. Vou dar aos vossos chapéus o poder que tem o meu sapato mágico. Como os
sapatos são únicos e eu quero que a felicidade se espalhe e que a nossa amizade nunca
acabe, concedo aos nossos chapéus poderes fantásticos.

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Durante uns minutos ali reinou o silêncio, até que Gaspar o interrompeu,
dizendo:
- Então esses poderes também nos tornarão mais felizes?
- Sim – respondeu o Conde – estes poderes farão com que nunca se sintam tristes.
Aliás, a felicidade destes poderes irá contagiar quem estiver perto de vós. Num abrir e
fechar de olhos, este mundo vai ficar colorido, feliz e de “braços abertos” para quem
necessitar.
- Isso é muito bom! – disse a Luísa, uma amiga do Gaspar.
- É verdade – aprontou-se o Conde – vocês irão ser os salvadores da Terra, irão
devolver a energia a este planeta, levantar a nuvem negra de tristeza que paira no ar.
- Boa! Muito obrigado! – agradeceram, em coro, as crianças - A nós, mais novos,
não nos agrada o modo tão sério como agem os adultos.
- Gostava que passassem os chapéus aos vossos filhos, mais tarde, e estes aos
seus, para que possam seguir muitas gerações – pediu o Conde.
A festa continuou pela tarde dentro, até que começou a escurecer e as crianças
foram todas para casa, mas não sem antes dizerem um último “Obrigado!”
E assim foi. Depois de tantos anos, de tantas gerações, os chapéus continuam de
mão em mão, a fazer pessoas felizes.

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