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Engenharia Física e os Novos Rumos da

Engenharia

Antonio Boulhosa Nassar


Doutor em Física e Professor da The Harvard-Westlake School e da UCLA1

José Felipe Almeida2


Físico, Doutor em Engenharia Elétrica e Professor do IESAM

José Maria Filardo Bassalo3

Doutor em Física, Professor Titular Aposentado da UFPA e Fundação Minerva

Resumo: Este trabalho apresenta uma metodologia diferente, relacionada com o estudo da Física aplicada em
problemas amazônicos. Parte-se, inicialmente, da necessidade de uma mão de obra qualificada para compreender e
atuar nas diversificadas áreas que compreendem a engenharia utilizada nessa região. Trata-se, portanto, dos
aspectos que devem fazer parte da formação de um profissional com as caraterísticas de um engenheiro
especializado com formação científica básica. Discute-se, assim, a organização de elementos da Física, agrupados
conceitualmente e aplicados, sem esquecer a relevância social e, predominantemente, ambiental através de uma
cidadania em tecnologia adequada. Este artigo traz esta discussão e propõe um novo rumo na Engenharia chamado
Engenharia Física.

1 INTRODUÇÃO

Segundo o engenheiro brasileiro Dulcídio de Almeida Pereira, professor catedrático da Escola


Nacional de Engenharia, Engenharia significa Física mais Bom Senso [1]. Com esse pensamento,
o que determina cada aplicação fica estabelecido pelas condições de contorno impostas em cada
sistema físico a ser analisado. No decorrer dos últimos anos e, principalmente, com o avanço
computacional surgiram diversas áreas nas quais os mesmos conceitos da Física são utilizados,
porém em aplicações diferentes. Como é o caso da Engenharia elétrica, por exemplo, a partir da

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qual surgiram as suas Engenharias correlatas. Entretanto, o que se observa atualmente é uma
sinalização a uma evolução cada vez maior no surgimento de novos Cursos de mesmo perfil. Isto
significa que apenas as condições de contorno são modificadas dentro de cada sistema a ser
analisado.

Associada às recentes exigências, devido a um mundo globalizado, está a necessidade de uma


reformulação no Ensino das Engenharias [2-4]. De certa forma, essa tendência é universal,
embora se aplique como uma alternativa na formação de mão de obra especializada para regiões
de particularidades próprias, como é o caso da Amazônia. E nem poderia ser diferente. Observe-
se o novo vocabulário usado na Educação. Este inclui palavras como “contextualização”,
“interdisciplinaridade”, “competências” e “habilidades”. Sobre muitas destas é fácil falar, mas difícil
praticar [5]. Não se faz interdisciplinaridade sem encontrar outras opções de
ensino/aprendizagem, modificação de hábitos e rompimento com rotinas. Além do mais, essa
quebra de valores mostra-se sem a certeza nem a segurança das vantagens e desvantagens dos
esforços a serem desenvolvidos. A Engenharia deve, portanto, fazer parte de um agente de
transformação em cuja dinâmica está incluída.

A ponta final de qualquer implementação de novas diretrizes ligadas com a questão de


ensino/aprendizagem é o estudante. É a este a quem cabe dar opções de escolha sobre seu
futuro acadêmico ou gestor. Somente em casos nos quais se possa promover uma ampla base de
sustentação filosófica, histórica e conceitual para saber atuar e viver solidariamente em um mundo
tecnológico, complexo e em transformação é possível estabelecer diferentes escolhas das
tradicionais conhecidas. Este propósito é o que se chama de cidadania. Após estabelecida esta
meta, seja, os critérios disto, na Engenharia, entre competências e habilidades, referem-se ao que
um estudante deve “saber” e o que prefere “saber fazer”.

Este artigo apresenta uma proposta para um outro rumo na Engenharia, em particular para os
aspectos entrelaçados com a sustentabilidade da Amazônia. Com este intuito, manteve-se a
estrutura curricular do Curso de Engenharia Física da UFSCar [6] e ampliou-se esta formulação
para uma questão mais generalizada. Nesta nova proposição as habilitações surgem a partir de
uma contextualização de cidadania para o desenvolvimento sustentável. Com essa prática, as
Diretrizes da Engenharia [7] são discutidas como uma forma não única, mas dentro de um
processo de intenso trabalho coletivo. Assim, os tópicos a serem, aqui, abordados tratam das
definições norteadoras de parte dessa meta.

2 ESTRUTURAÇÃO DA ENGENHARIA A PARTIR DO PONTO DE VISTA DA FÍSICA APLICADA

É comum nos departamentos de Engenharia se ouvir falar que os estudantes


provenientes do Ensino Médio nada sabem. Erra-se quando se pensa dessa forma. O que se
observa, no caso de professores de Física do Segundo Grau, é uma intensa preocupação com a
Educação no que se refere a passar informações de todas as naturezas. Primeiro, é preciso ser
otimista e considerar que esses professores fazem isto porque gostam de Física. Após estas
afirmações, os estudantes passam a ser tratados como se não fossem capazes de aprender, por
uma grande maioria de professores. Entretanto, considerando-se que a realidade de cada
estudante tem suas próprias particularidades, é necessário propor, como estratégia, alguns temas
estruturadores e seus aspectos de modificação desta triste realidade.

2.1 Perfil Profissional do Engenheiro Especializado com Formação Básica


Diferente do modelo tradicional das engenharias fechadas, o Engenheiro Físico está
preparado para a escolha de suas habilidades. Não que antes isto não estivesse presente, mas
ocorria de forma muito restrita, deixando poucas chances de optar dentro de suas competências.
Tome-se como exemplo uma parte dos estudantes da Engenharia de Computação, que, após seu
período de envolvimento com disciplinas, acabam por descobrir que preferem eletrônica em vez
de programação – assim como o caso contrário também existe. Observe-se que houve uma
quebra na lógica do perfil desse Engenheiro.

Não que isso seja maléfico, pelo contrário, o estudante fez sua própria escolha. Mas a
lógica da Engenharia foi quebrada. Isto acontece porque a Engenharia tradicional, ou fechada,
trabalha sua proposta dentro de sua própria lógica. Na Engenharia Física, isto é decorrente de sua
proposta e da lógica de sua cidadania educacional.

Da mesma forma que no modelo proposto pelos professores José M. Povoa e Fernando
M. Araújo-Moreira, da Universidade Federal de São Carlos [6], o perfil do Engenheiro Físico é ser
um profissional atuante no domínio da Engenharia e da Tecnologia Física, particularmente em
áreas de grande impacto tecnológico. Este profissional é preparado e conscientizado para ser um
profissional generalista, com sólida base científica e técnica nas diferentes áreas da ciência; apto
à pesquisa, ao desenvolvimento e apoio tecnológico; capaz de introduzir/desenvolver, num
contexto empresarial, novos processos e produtos, localizando/solucionando problemas das
diversas áreas da tecnologia moderna, particularmente daquelas de grande impacto tecnológico
na qual a Física Moderna está envolvida. Dessa forma, estará preparado para levar em conta, nas
soluções dos problemas, os seus aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
Sua atuação exigirá criatividade, flexibilidade, iniciativa, autonomia, rigor científico, espírito crítico,
visão ética e humanista, preparo para o trabalho em equipe, habilidade em comunicação oral e
escrita.

O Engenheiro Físico deverá ser um agente transformador de Ciência em Tecnologia,


contribuindo para a inovação tecnológica nacional e da região amazônica, particularmente. Com
uma formação sólida em ciências básicas e com a capacidade adquirida de aprender, o
Engenheiro Físico poderá atuar em empresas de base tecnológica e também poderá se converter
nas sementes de empresas nas áreas de Física, Engenharia, Biologia, Sensoriamento Remoto,
Física da Medicina, etc.

2.2 Conteúdos Fundamentais da Engenheira Física

Um aspecto importante de mudança de paradigma no modelo atual de Engenharia vem


da percepção de que o ensino/aprendizagem é um processo complexo, o qual requer ações
articuladas. Nesse sentido, para estabelecer as condições em que se possam adequar
integrações, é proposta uma organização de conhecimentos por grandes áreas. Estas áreas
estarão, para manter uma conformidade com a UFSCar [6], fundamentadas em grupos de
conhecimento de disciplina afins. Dessa forma, esta formulação se substancia nas determinações
das Diretrizes Curriculares para a Engenharia aprovadas em 2002 [7].

A finalidade dessa divisão em seis grandes áreas é permitir maior articulação das
competências e conteúdos de diversas disciplinas:
• Ciências Básicas

• Ciências Aplicadas

• Tecnologias e suas habilitações

• Ciências da Informação

• Administração

• Ciências Humanas e Ambientais

2.2.1 Grupo de conhecimentos das ciências básicas

Os conteúdos oferecidos neste grupo fornecerão ao estudante o aprendizado dos


conceitos fundamentais de matemática, física, química e computação. Os subgrupos deste grupo
são:

• Física Clássica

objetivo: entender sobre os aspectos do aprendizado teórico e experimental em Mecânica,


Termodinâmica, Eletricidade, Magnetismo e Óptica.

justificativa: estes conteúdos visam dar ao estudante o aprendizado dos conceitos fundamentais,
que constituem a base de todas as engenharias, necessários para a sua atuação profissional.

• Física Moderna

objetivo: entender sobre os aspectos do aprendizado teórico e experimental em Mecânica


Quântica, Mecânica Estatística, Eletrodinâmica e Física Computacional.

justificativa: estes conteúdos visam dar ao estudante o aprendizado dos conceitos fundamentais,
que constituem a base das engenharias com altos conteúdos tecnológicos modernos.

• Química

objetivo: estar apto para trabalhar na interface física/química/tecnologia.

justificativa: este conteúdo visa dar ao estudante o aprendizado dos conceitos básicos, de forma
a habilitá-lo na compreensão e no domínio dos conceitos tecnológicos e aplicados, que envolvem
o uso de técnicas de análise química em geral.
• Computação e Eletrônica

objetivo: adquirir os conceitos básicos necessários de Eletrônica (analógica e digital), que


permitam a compreensão, o desenvolvimento e a melhor utilização, assim como o aproveitamento,
dos equipamentos dos quais ele fará uso durante a vida profissional. Estes equipamentos vão
desde computadores e processos por eles controlados até instrumentos de medição e aferição,
cujo domínio é hoje considerado imprescindível para qualquer área da engenharia e ciências
aplicadas.

justificativa: estes conteúdos visam dar ao estudante noções básicas tanto de hardware quanto
de software e o aprendizado dos conceitos básicos de Eletrônica (analógica e digital), bem como o
conhecimento de ferramentas de controle essenciais para a sua atuação profissional,
intensamente envolvida com tecnologia avançada, desenvolvendo, assim, a habilidade para
implementar e compreender o funcionamento de equipamentos modernos. O conteúdo de
Eletrônica (analógica e digital) vem ao encontro de uma das áreas de maior desenvolvimento em
qualquer ramo da ciência aplicada e das engenharias.

• Matemática

objetivo: aprender a linguagem matemática desde a prática de problemas, usando conceitos


elementares até a compreensão e o domínio dos conceitos básicos das técnicas de cálculo em
geral.

justificativa: este tópico em todo o seu desenvolvimento, aqui, é um dos aspectos que diferencia
a Engenharia Física do modelo atual das engenharias. Entender esse processo de mudança faz
parte de se manter coerente com aquilo que vem sendo estabelecido na formulação mais
expressiva do caráter do Ensino Médio (Lei de Diretrizes e Bases para o Ensino (MEC, LDB
1996)), do qual nossos estudantes emergem para a vida acadêmica. Verifica-se que durante anos
esse período de escolaridade foi considerado como uma preparação e objetivo último ao ensino
superior. Dessa forma, na atualidade, a finalidade da escola média está voltada para uma
formação que independe de sua escolaridade futura [5]. Com isso, não se pode esperar que
determinados níveis de conhecimentos matemáticos tenham sido atingidos. Reiniciar este
processo permite dirimir as dificuldades mais evidentes que interferem na compreensão do uso
desse instrumento.

2.2.2 Grupo das ciências aplicadas

Os conteúdos oferecidos neste grupo visam capacitar o estudante a aplicar os


conceitos adquiridos ao longo de todo o curso de Engenharia Física. Os subgrupos deste grupo
são:

• Fenômenos de transporte (de quantidade de movimento, de calor e de massa)

objetivo: proporcionar o contato com tarefas típicas deste tipo de profissional que, em geral, são
complexas e delicadas, já que, direta ou indiretamente, ele é chamado a resolver os vários
problemas que afligem a humanidade, como todos aqueles relacionados com a produção;
transmissão e conservação da energia; produção e conservação de alimentos; obtenção de água
potável; técnicas de combate à poluição; etc.. Estes problemas envolvem sempre o cálculo de
perdas de carga, de forças de arrastamento, de trocas de calor e de trocas de substâncias entre
fases.

justificativa: este conteúdo constitui o primeiro contato do estudante com o ambiente de


engenharia, aplicando conceitos de mecânica de fluidos e transmissão de massa e calor de uma
forma bastante aplicada. Há o aprendizado dos conceitos fundamentais que constituem a base
das engenharias com altos conteúdos tecnológicos moderno. Isto justifica a importância de dar
aos estudantes do curso de Engenharia Física o conhecimento global das leis dos fenômenos de
transporte.

• Preparação e Propriedades de Materiais

objetivo: aprender sobre as noções básicas dos fenômenos físicos envolvidos nas
transformações de fase e a sua representação através de diagramas de equilíbrio, assim como
dos fenômenos físicos e químicos, envolvidos na síntese e processamento de materiais sólidos.

justificativa: a tecnologia atual requer métodos de preparação de materiais avançados e


sofisticados diretamente associados com as suas propriedades, pelo que, a inclusão do conteúdo
do subgrupo Preparação e Propriedades de Materiais é essencial para a formação do Engenheiro
Físico. Portanto, é nesse conteúdo que são abordadas as noções básicas dos fenômenos físicos
envolvidos nas transformações de fase e a sua representação.

• Caracterização de Materiais

objetivo: aprender as noções básicas dos fenômenos físicos envolvidos nas técnicas de análise
estrutural que usam os princípios da difração e da espectroscopia, os quais constituem
instrumentos de caracterização estrutural de alto conteúdo tecnológico.

justificativa: a preparação e as propriedades de materiais devem estar diretamente vinculadas


com a sua caracterização. Dessa maneira, esse conteúdo é indissociável dos subgrupos
anteriores. Sua importância está em praticamente qualquer empresa ou instituição direcionada
para as áreas de desenvolvimento e controle de qualidade.

• Matemática Aplicada

objetivo: aprender as bases necessárias para atuar em várias atividades que envolvam
conhecimentos que exijam aplicações de modelos matemáticos.

justificativa: este tópico se relaciona com aplicações e desenvolvimento em modelos


matemáticos. Estas utilizações fazem parte da solução de problemas que se fundamentam em
conhecimentos aprendidos em Estatística Tecnológica, Mecânica, Estatística Quântica, Física
Matemática 1, 2, 3 e 4, por exemplo.

2.2.3 Grupo de tecnologia e das habilitações


• Desenvolvimento de Projeto

objetivo: desenvolver um projeto técnico-científico.

justificativa: o desenvolvimento de um projeto técnico-científico, a ser realizado pelo estudante,


em conjunto com um pesquisador, oferece a oportunidade de um amplo contato com pesquisa
básica e/ou tecnológica.

• Estágio Curricular

objetivo: aprender sobre o processo de interação Universidade/Empresa.

justificativa: esta experiência fornece ao estudante a oportunidade de manter um contato mais


intenso com a Universidade e a Empresa de forma simultânea.

• Trabalho de Conclusão de Curso (ou Seminários sobre Publicações já Realizadas)

objetivo: desenvolver a habilidade da produção científica em sua forma escrita. Deve-se,


também, ressaltar o incentivo à publicação de artigos. Por isso a extensão a Seminários quando
esta etapa já tiver sido cumprida na fase do desenvolvimento de projetos.

justificativa: um desenvolvimento científico, teórico ou prático, escrito em seus pormenores, deve


fazer parte do Curso de Graduação em Engenharia Física. Este aspecto é um dos passos mais
importantes na definição da habilitação a ser escolhida pelo estudante. A inter-relação entre o
tema desse trabalho e as disciplinas que levarão às suas habilidades compõe a fase final da
preparação do Engenheiro Físico.

• Disciplinas de habilitação

objetivo: desenvolver a habilidade na qual se pretende que uma escolha tenha sido feita.

justificativa: esta etapa se caracteriza por um conjunto de disciplinas integradas em bloco. Estas
se definem em áreas de tecnologias bem específicas e voltadas para as especialidades de
diversos campos da Engenharia, tais como: Solos, Transportes, Energias, Comunicações e
Produção. Observa-se que a disponibilidade desta metodologia atende ao artigo 6º das Diretrizes
Curriculares: “...Todo curso de Engenharia, independente da sua modalidade, deve possuir em
seu currículo: um núcleo de conteúdos básicos, um núcleo de conteúdos profissionalizantes e um
núcleo de conteúdos específicos, ...” [7].

2.2.4 Grupo da ciência da informação

• Física aplicada
• Sensoriamento Remoto

• Imagens Médicas

• Desenvolvimento de Software

objetivo: fornecer os conteúdos em ciências da informação. Isto permite adquirir competência


para acompanhar e implementar as mudanças das tecnologias de informação; gerenciar unidades
de informação, além de identificar e elaborar estratégias que atendam às necessidades e usos da
informação nas áreas sociais, educacionais, tecnológicas e empresariais.

justificativa: os conteúdos oferecidos neste grupo fornecerão ao estudante a complementação e


as aplicações dos conceitos fundamentais da computação gráfica e de programação.

2.2.5 Grupo da administração

objetivo: aprender sobre os conceitos relacionados com a racionalização do trabalho e com a


adequação da mão-de-obra à tecnologia disponível e/ou que venha ser introduzida na região ou
no país, abordando problemas ligados ao planejamento e gerenciamento da produção.

justificativa: embora o impacto da revolução tecnológica nas relações do meio ambiente e de


recurso não seja um fenômeno novo, na atualidade, intensificam-se os debates sobre as
conseqüências sociais, econômicas e políticas, decorrentes das alterações ocorridas nas formas
em que as empresas devem conceber a organização sócio/tecnológica/ambiental. Observada
nessa perspectiva, a linha aqui adotada atribui um grau maior de universalidade ao conceito de
administração correspondente ao perfil do Engenheiro Físico, ao entendê-la como uma das ações
de planejamento e gerenciamento do conjunto de recursos - humanos, materiais/ambientais e
financeiros. Numa síntese extrema, significa a condição necessária para que, no complexo
processo empresarial de transformação de insumos em resultados, a participação de ações
ambientais torne-se parte integrante da produção de bens e serviços.

2.2.6 Grupo das ciências humanas e ambientais

objetivo: participar diretamente da evolução histórico-conceitual da Física, da Engenharia e da


Tecnologia, bem como dos problemas acarretados para o meio ambiente, a partir do uso
indiscriminado e sem controle da tecnologia, além de apontar os mecanismos e/ou procedimentos
para seu uso racional, respeitando o ecossistema.
justificativa: consideram-se aqui os aspectos mais emergenciais de cada região, como a
amazônica. Os conteúdos oferecidos neste grupo visam dar ao estudante a familiarização com
conceitos básicos (histórico-conceituais) que lhe permitam uma formação integral. Assim, pode-se
estabelecer uma sintonização com a dinâmica contemporânea. Dessa forma, o estudante de
Engenharia Física deve ser criativo, adaptável, flexível e não apenas tecnicamente apto, já que
terá em sua grade várias disciplinas as quais devem permitir a recuperação dos valores éticos,
estéticos, humanísticos e ambientais. Tais valores são fundamentais para a formação de todo
profissional. Esta formação humanista/ambiental deverá necessariamente incluir conteúdos na
área de ecologia e recursos naturais. Esta última visa discutir com os estudantes as
conseqüências do uso indiscriminado de tecnologias, preparando profissionais conscientes da sua
função e responsáveis perante a sociedade.

2.3 Interdisciplinaridade (Inter-relação de Conteúdos e de Elementos)

O propósito deste novo modelo de Engenharia Física é apresentar uma releitura não
fragmentada daquilo que se define como Engenharia. A efetivação das indicações de sua
metodologia permite que se dê noção da complexidade estrutural das teorias da Física e de suas
relações com um “saber fazer” ligado com o cotidiano da humanidade. A busca desta
interdisciplinaridade, em seu sentido maior, é um fator essencial para um novo horizonte neste
estudo. Portanto, deve-se fazer uma pausa para repensar dois aspectos relevantes: primeiro,
aquilo que se definirá como interdisciplinaridade de objetos, ou de inter-relação de conteúdos e
na qual a análise tradicional da Engenharia limita-se a divisões de áreas específicas; e, segundo,
a interdisciplinaridade de elementos ou de inter-relação de disciplinas conexas. É também com
essa visão de estruturação que se pretende elucidar a nova proposta de Engenharia.

2.3.1 Interdisciplinaridade de objetos

A caracterização de universalidades de objetos no estudo da Engenharia, antes


disciplinares, permite a coordenação de novas disciplinas. Entre os exemplos disto estão as
Engenharias: de Telecomunicações, de Produção, de Computação, de Redes, etc. Além destas,
existem as que sinalizam objetos de estudos na Fotônica e na Nanotecnologia, entre outras.
Assim, o que se tinha como disciplinas torna-se, portanto, campos autônomos, os quais se
transformam em núcleos disciplinares e são institucionalmente aceitos dentro das universidades
ou dos departamentos das disciplinas que as suportam. Para mudar isso, no que se está
apresentando em termos de Grandes Áreas (Seção 2.2), é proposto um grupo de conhecimentos
básicos nos quais tais elementos são intrinsecamente interdisciplinares, portanto, desadequados a
uma divisibilidade.

Neste modelo atual das Engenharias, a não suportabilidade de determinados objetos de


estudo, devido a novos ramos da pesquisa, provoca o surgimento de fragmentações de elementos
básicos. Dessa forma, tudo funciona como se esse ramo da ciência tivesse o poder de gerenciar
fenômenos conhecidos a partir de seu próprio olhar. Todavia, a Engenharia é um estudo que tem a
Física como suporte e para a qual são atribuídas as aplicações de descobertas mais imediatas.
Note-se que não se pode deixar de mencionar que um dos maiores êxitos da Física tem sido o de
encontrar conexões entre elementos e objetos que aparentemente não apresentam qualquer
ligação.

Considere-se por exemplo o desenvolvimento da Física do aprendizado de Redes


Neurais. Este estudo é baseado na Mecânica Estatística dos vidros de Spin [8-9]. Este novo ramo
do conhecimento é um elemento pertencente a um único objeto, o qual não faz sentido
transformá-lo em um outro. Observe-se que a proposta de interdisciplinaridade deve ser entendida
como uma articulação de elementos através de uma axiomática comum a um grupo de disciplinas
conexas e a qual se possa permitir definir um nível hierárquico imediatamente superior, ou seja, de
um grupo de disciplinas que partem de fundamentações básicas e não campos autônomos
institucionalizados como objetos de um novo ramo do saber.

2.3.2 Interdisciplinaridade de elementos

Entende-se como sendo esse um dos temas mais críticos no processo educacional [10].
Antes de tudo, isto é uma necessidade. É fundamental que os estudantes compreendam a
importância da interdisciplinaridade, pois é a partir deste enfoque que tanto professores quanto
estudantes são estimulados a uma participação mais ativa na comunidade acadêmica. De forma
significativa, exige o estabelecimento de metas comuns entre as disciplinas. Em busca deste
objetivo, deve-se levar em conta que as afinidades conceituais da Física surgem em conseqüência
de uma naturalidade. Existe uma enormidade de temas norteadores aplicáveis para que se atinja
esta finalidade. Cabe, portanto, um processo de discussões a serem realizadas na preparação da
Engenharia Física.

2.4 Ensino Presencial e a Distância

Na atualidade existe uma intenção clara de órgãos governamentais em investir na


educação a distância e nas novas tecnologias como uma das estratégias para democratizar e
elevar o padrão de qualidade da educação brasileira [11]. Nota-se que isto é uma tendência que já
faz parte da realidade do Ensino. Dessa forma, essa prática é vista como um agente de inovação
tecnológica nos processos de ensino/aprendizagem, fomentando a incorporação das Tecnologias
de Informação e Comunicação.

Embora esta formulação esteja voltada para um desenvolvimento de aulas presenciais,


algumas atividades de ensino a distância cabem como uma das técnicas de educação direcionada
aos métodos didático-pedagógicos. Com isso, a educação a distância é parte integrante e
disponibilizada para o cumprimento de determinadas ações no ensino da Engenharia Física.
Porém, do ponto de vista educacional, uma das deficiências clássicas do ensino tradicional tem
sido a dificuldade de prover as necessidades individuais dos estudantes. Por isso, deve-se levar
em conta que nem todos os estudantes estejam equipados para uma participação mais ativa, caso
se tenha esta metodologia como única alternativa. Entretanto, a disponibilidade deste tipo de
tecnologia deve ser deixada como opção. Sugere-se, portanto, a presença de uma infra-estrutura
adequada dentro da própria Instituição de Ensino, a qual possa oferecer esse recurso de apoio.
3 CONCLUSÃO

Este conjunto de idéias resume um ponto de partida sobre a necessidade de um novo


rumo na Engenharia. Portanto, uma nova forma de encarar a inter-relação entre a Física e as suas
aplicações, no mundo atual. Houve um momento em que o conhecimento desta área ficou
entregue às mãos de especialistas, os quais passaram a se organizar em sistemas fechados. Os
fatores que interagem entre esses vários aspectos exigem a concretização de outras práticas e o
surgimento de um novo modelo baseado em uma cidadania na Física. A proposta apresentada
não significa criar somente mais um curso de graduação, entre tantos outros já existentes, mas
um estudo capaz de reunir um padrão básico de elementos que resultam em objetos de mesmo
perfil de aplicações. Dessa maneira, este projeto pedagógico propõe um espaço para que se
discutam essas modificações e, também, oferece uma sinalização para que essas idéias sejam
concretizadas. Assim, este artigo tratou da estruturação de um modelo diferente para a
reformulação da Engenharia.

REFERÊNCIAS

[1] R. G. C. de Almeida, O Papel dos Engenheiros e Matemáticos na História do Ensino de


Física no Pará (1931-1970). Tese de Doutoramento (USP), p. 164, 2006.

[2] Cornel University – College of Engineering, disponível em : http://www.engineering.cornell.


edu/student-services/academic-advising/engineering-handbook/2006/major-ep.cfm.
Último acesso: 10/04/2007.
[3] Engineering Physics – Princeton University, disponível em:
http://www.princeton.edu/EngineeringPhysics/introduction.html. Último acesso: 10/04/2007.
[4] Pirró e W. Longo, Reegenharia do Ensino de Engenharia : uma necessidade, disponível em:
http://www.engenheiro2001.org.br. Último acesso: 10/04/2007.
[5] M. R. Kawamura e Y. Hosume, Física na Escola, vol.4, n. 2, pp. 22-27, 2003
[6] J.M. Póvoa e F.M. Araújo-Moreira, Estruturação Curricular do Curso de Engenharia
Física da UFSCar com Base nas Diretrizes Curriculares para a Engenharia, 2000.
[7] Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia, resolução
CNE/CES 11, 2002.
[8] J.A. Hertz, R.G. Palmer, and A.S. Krogh, Introduction to the Theory of Neural
Computation, New York: Addison-Wesley, 1991.
[9] M. Oper, and W. Kinzel, Statistical Mechanics of Generalization, edited by J.L. Van
Hemmen, E. Domany, and K. Schulten, Physics of Neural Network, Berlin: Springer-Verlag,
1996.
[10] L. B. Trescastro, J. Felipe Almeida, A.V Soares e E.G. Almeida . Projeto
Interdisciplinar: Estudo sobre A Poluição Sonora no Bairro de Nazaré em Belém-PA . IN:
Congresso Internacional de Formação Continuada e Profissionalização Docente, 2005,
Natal/RN.
[11] Ministério da Educação, disponível em: http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option
=content&task=view&id=153&Itemid=290r. Último acesso: 10/04/2007.
APÊNDICE

Disciplinas de Física: Física Básica 1, 2, 3 e 4; Laboratório de Física Básica 1 e 2; Termodinâmica;


Eletrodinâmica Clássica; Mecânica Estatística; Mecânica Analítica; Física Condensada; Eletrônica
Experimental; Mecânica Quântica Não-Relativista; Relatividade; Evolução Filosófico-Conceitual da
Física 1 e 2.

Disciplinas de Matemática: Matemática Básica; Cálculo 1, 2, 3 e 4; Álgebra Linear; Cálculo


Numérico; Variável Complexa; Métodos Matemáticos da Física 1 e 2; Grupos; Álgebra Exterior.

Disciplinas de Química: Química Geral; Química Experimental; Química Experimental.

Disciplinas da Ciência de Informação: Fundamentos de Lógica e Matemática Discreta; Algoritmo e


Programação; Organização e Arquitetura de Computadores; Linguagem de Programação; Física
Computacional; Engenharia de Software; Estrutura de Dados; C.A.D./ C.A.M. (Desenho Assistido
por Computador/ Fabricação Assistida por Computador); Sistema de Informação Geográfica.

Disciplinas da Administração: Introdução à Administração; Administração Financeira; Planejamento


Estratégico; Administração da Produção; Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos.

Disciplinas de Humanas e Ambientais: Sociologia das Novas Tecnologias de Informação; Ecologia


da Paisagem; Desenvolvimento Sustentável; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia.

Disciplinas de Ênfase em Engenharia de Solos: Mecânica dos Solos; Dinâmica dos Solos;
Mecânica dos Solos dos Estados Críticos; Métodos Numéricos em Geotecnia; Segurança
Estrutural em Geotecnia; Aterros para Obras Viárias; Estruturas de Suporte de Aterros;
Fundações; Geologia de Engenharia; Geossintéticos, Aplicações e Dimensionamento; Geotecnia
Ambiental; Mecânica das Rochas; Projeto de Túneis; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia
de Engenharia de Solos.

Disciplinas de Ênfase em Engenharia dos Transportes: Engenharia de Tráfego; Ferrovias;


Geometria Descritiva; Infra-estrutura de Estradas; Métodos Quantitativos Aplicados aos
Transportes; Pavimentação; Planejamento dos Transportes; Projeto de Estradas; Superestrutura
de Estradas; Topografia; Transportes Urbanos; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia de
Engenharia de Transportes.

Disciplinas de Ênfase em Engenharia de Telecomunicações: Redes de Computadores;


Comunicações Ópticas; TV digital; Linhas de Transmissão, Sistemas Irradiantes e Radioenlace;
Redes Locais e de Longa Distância; Sinais e Sistemas; Comunicações Móveis; Processamento
Digital de Sinais e Aplicações; Telefonia Avançada; Telefonia IP; Evolução Filosófico-Conceitual da
Tecnologia de Engenharia de Telecomunicações.

Disciplinas de Ênfase em Engenharia de Computação: Sistemas Operacionais; Banco de Dados;


Compiladores; Redes de Computadores; Microprocessadores e Microcontroladores; Inteligência
Artificial; Controle e Servomecanismo; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia de
Engenharia de Computação.

Disciplinas de Ênfase em Engenharia de Controle e Automação: Controle de Processos; Projeto


de Máquinas; Teoria de Controle; Instalações Elétricas Industriais; Conversão de Energia e
Máquinas Elétricas; Sistema de Produção e Organização da Produção; Sistemas Hidráulicos e
Pneumáticos; Automação Industrial; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia de Engenharia
de Controle e Automação.

Disciplinas de Ênfase em Engenharia Eletrotécnica: Conversão Eletromecânica de Energia;


Máquinas Elétricas; Transmissão de Energia Elétrica; Sistema de Controle; Análise de Sistemas
de Potência; Instalações Elétricas; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia de Engenharia de
Eletrotécnica.

Disciplinas de Ênfase em Engenharia Ambiental: Energia e Meio Ambiente; Desenvolvimento e


Meio Ambiente; Recursos Hídricos; Poluição; Hidrodinâmica dos Corpos de Água; Impactos
Ambientais; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia de Engenharia Ambiental.

Disciplinas de Ênfase em Engenharia de Energias Renováveis: Automatismos; Energias


Renováveis; Energia Biomassa; Tratamento de Resíduos e Efluentes; Projetos e Investimentos
Energéticos; Gestão Energética; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia de Engenharia de
Energias Renováveis.

Disciplinas de Ênfase em Física Médica: Fundamentos de Biologia Molecular e Celular;


Radiobiologia e Fotobiologia; Biofisica; Física das Radiações; Tópicos de Física Médica/
Ressonância Magnética Nuclear; Ultra-Som; Evolução Filosófico-Conceitual da Tecnologia da
Física Médica.

Disciplinas de Ênfase para Licenciatura em Física: Introdução à Educação; Psicologia da


Educação; Estrutura de Funcionamento do Ensino de 1 e 2 grau; Didática Geral;
Metodologia de Ensino da Física; Prática de Ensino da Física; Instrumentação para Ensino
de Física.

Disciplinas de Ênfase para Licenciatura em Matemática: Introdução à Educação; Psicologia


da Educação; Estrutura de Funcionamento do Ensino de 1 e 2 grau; Didática Geral;
Metodologia de Ensino da Matemática; Prática de Ensino da Matemática.

nassar@ucla.edu
felipe@prof.iesam-pa.edu.br
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