Foto: Denise Medeiros
2 Editorial
Portabilidade, mas para onde?
Caroline Grandi
No final de 2008, uma boa notícia
foi divulgada a quem tem problemas
com operadoras de celulares no
Brasil, ou seja, quase todos que
possuem um aparelho. A
portabilidade, anunciada aos poucos
para todos os usuários, permite que
se troque de operadora, continuando
com o mesmo número. No entanto,
para onde fugir se todas apresentam
praticamente os mesmos problemas?
É inacreditável o tempo que
gastamos tentando resolver alguma
conta errada ou mudar de plano em
conversas com gravações por
telefone. Já vi minha mãe cair no sono
com o celular na mão e ainda assim
não conseguir falar com uma pessoa
de verdade do outro lado da linha.
Como não sou das pessoas mais
econômicas, tenho um plano que
carrega um determinado número de
créditos automaticamente uma vez
por mês e quando o valor acaba,
acaba. Contudo, no último mês, eles
(mais uma vez) não foram
depositados, apesar de o pagamento
ter sido realizado muito antes da data
limite. Como as lojas empregam os
funcionários apenas para vender e
não para resolver problemas e o
atendimento eletrônico não funciona
nem por decreto, tive que recorrer ao
irritante telemarketing. A primeira
ligação levou mais de 10 minutos. No
final, já tinha decorado a gravação e
até mesmo a azucrinante música de
espera. Quando ela finalmente parou,
ergui as mãos para o céu e esperei
uma voz amiga do outro lado, para
me consolar. Mas é claro que não
seria assim tão fácil: “No momento,
todos os nossos atendentes estão
ocupados, retorne mais tarde”.
No final, tive que pedir a uma
amiga com um pouco mais de
paciência para fazer a ligação.
Ainda assim, a pobre coitada
conseguiu sair do sério. Quando
desligou, passou umas duas horas
falando em gerúndios. Sua dúvida
era: “E agora, nós ‘vamos estar
fazendo’ uma reclamação da
reclamação para quem?”
extra
Fale com a gente!
ESPAÇO DO LEITOR
O Extra precisa da sua opinião
agcom@unisul.br
(48)3621-3303
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Acadêmico: Mauri Heerdt | Chefe de Gabinete: Willian Máximo | Secretário-Geral da
Reitoria: Albertina Felisbino | Pró-Reitor de Administração: Fabian de Castro
Uma pausa para o atendimento
Julie Menegaz
“Digite 1 para solicitar serviços, 2 para
cancelamento, 3 para reclamações, 4 para
informações. Aguarde um instante, sua ligação
é muito importante para nós”. Quem nunca
ouviu estas frases e está cansado de esperar
para ser importante para as empresas? O fato
é que, mesmo depois das novas regras de
atendimento ao consumidor pelos call centers,
nada mudou.
Desde o dia 1º de dezembro de 2008, as
empresas que prestam serviço de atendimento
ao consumidor por telefone devem cumprir
algumas normas para facilitar a vida do cliente,
entre elas o contato direto com atendentes
logo nos primeiros menus e menos de um
minuto de espera para que isto aconteça. O
que se vê, porém, são números confusos de
Nem tudo é o que vemos e ouvimos
Mariana Alcântara
É muito comum que o vendedor se
aproveite da ignorância do consumidor.
Apesar de toda informação que se propaga
atualmente, os vigaristas continuam a
a p a r e c e r. E e l e s n ã o s ã o s ó a q u e l e s
vendedores que ligam oferecendo livros
medicinais e colchões magnéticos. Os
enganados também não são apenas senhores
de idade e analfabetos.
São grandes empresas e multinacionais as
que fazem mais propagandas enganosas. E do
pior jeito, implicitamente. Mostram, por
exemplo, as maravilhas da comida congelada:
‘é fácil, coloque apenas cinco minutos no forno
de microondas’. Mas ao abrir a embalagem nos
deparamos com uma imagem bem diferente
daquela da televisão. Algumas vezes nem dá
para identificar o que é a comida que está ali.
Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social – Jornalismo – da Unisul, Campus Tubarão
Textos e fotos: alunos do 6º semestre/Prof. Cláudio Toldo | Edição: alunos do 7º semestre/Prof. Ildo Silva | Opinião: alunos do 7º
semestre/Profª. Darlete Cardoso | Planejamento gráfico e diagramação: Lucas Lemos, 7º semestre/Jornalismo | Capa: Foto de
Denise Medeiros, montagem de Lucas Lemos, 7º semestre/Jornalismo | Contracapa: Igor Pereira e Lais Corrêa Fabre, alunos do 4º
semestre de PP/Profª. Valéria Braga
Coordenadora do Curso de Comunicação Social: Profª. Darlete Cardoso
Coordenador do Jornal-laboratório: Prof. Cláudio Toldo | Impressão: Gráfica Soller
pronto atendimento que oferecem inúmeros
serviços para o cliente em seu menu. Ao
procurar o atendimento, o cliente não espera
se deparar com uma gravação enjoada que
tenta adivinhar o que ele quer fazer.
As empresas esqueceram dos conselhos
dos principais gurus empresariais: manter e
personalizar o contato com os clientes. Falta
humanização no atendimento. É isso que as
pessoas procuram: alguém que entenda e
ofereça uma solução para os seus problemas,
e não que os complique ainda mais.
As empresas parecem ignorar o sentimento
e a solicitação do consumidor, esquecendo que
este é sua principal fonte de renda. São os
atendidos os melhores disseminadores de
serviços. O que parece é que esqueceram de
investir no atendimento da principal
estratégica de marketing: o consumidor
satisfeito.
É só parar para assistir qualquer programa
de entretenimento matinal ou canal de vendas
para ver o absurdo dos milagres oferecidos
pelos produtos. São comprimidos de cogumelo
que curam tudo, cremes faciais com fórmula
secreta que promete plástica natural e
aparelhos que fazem abdominais por você.
Nenhum deles, ou a maioria, têm comprovação
científica dos seus efeitos. Mas a maioria dos
consumidores acaba ouvindo: ora, se você
acreditou o problema é seu!
Sim, publicidade enganosa é crime,
sujeitando o infrator a uma pena de detenção
de três meses a um ano e multa. As
propagandas enganosas, as quais estamos
sujeitos todos os dias não são punidas.
Dificilmente alguém realmente emagrece
apenas colocando um aparelhinho que dá
choques na barriga. As empresas têm que ter
um pouco mais de ética, pelo menos um pouco
mais de consciência e explicar os reais efeitos.
Curso de Comunicação
Social
extra
maio de 2009
Clientes são
diferentes
Jussi Moraes
Várias vezes ouvimos as pessoas
dizerem que não foram bem atendidas
num local. Seja por mau humor do
atendente ou até mesmo por
preconceito. Acredito até que esse
seja um dos piores sentimentos do
mundo.
Meu pai é eletricista, sempre
trabalhou com carteira assinada,
dedicado à família e às atividades que
realiza. Certo dia foi em uma
concessionária, com a roupa de
trabalho (aqueles uniformes azuis
usados em empresas), trocar de carro.
Chegando lá, ninguém falou com ele,
chegavam a desviar. Saiu da loja, foi
na concorrente e comprou um carro,
passou em casa, trocou de roupa e
retornou na concessionária que não
o atendeu. Só entrou, vieram duas
pessoas perguntar o que ele desejava.
Ele respondeu que só veio mostrar o
carro que tinha acabado de comprar.
Outros conhecidos meus já foram
em lojas e por estarem com uniforme
de escolas públicas, simplesmente,
não foram atendidos. Uma vergonha.
Talvez você já tenha passado por uma
situação dessas. Ficar num local, se
sentindo a pior pessoa do mundo ou
com a sensação de ter uma doença
contagiosa, na qual as pessoas não
podem, de forma alguma, chegar
perto. Só por causa da roupa? Isso é
um absurdo.
No livro Casas Bahia: uma
trajetória de sucesso, o autor conta
que Samuel Klein só conseguiu
conquistar seu império, graças às
pessoas de classe média. Essas são
as que pagam suas contas
corretamente. Normalmente, a
prestação pode ser de dez reais por
mês, mas pagam. Essas não usam
roupas de marca, mas o que isso
importa? É essa lição que deve ser
levada. Não é a forma como nos
vestimos que vai dizer quantos reais
temos no bolso.
extra Perf il
erfil 3
maio de 2009

Ter casa não é só ter moradia

Viviane Slussarek
editado por Gislaine Fernandes
e Jackson de Souza
Vista de fora, a casa nem parece
tão pobre assim. Mas quem passa
pela rua não imagina como é a vida
lá dentro. Tem portão para a entrada
do carro na garagem. Chamo no
portão e uma senhora aparece, é
Dona Maria Terezinha. Peço por
Silvia, que imagino ser a filha dela.
“Silvia não está, não. Acabou de
sair”. Respondo que deve estar
chegando, e não saindo, pois
acabei de falar com ela e me disse
que estaria em casa.
Não demora e a moça chega da
rua. Cabelo amarrado, bolsa a
tiracolo. Veste calça jeans e blusa
de malha azul. As crianças correm
ao encontro da mãe. Sou
convidada a seguir adiante.
Em uma casa de material bem
pequena, nos fundos da casa de
Dona Maria, é a residência da mãe
com cinco filhos. O maior tem 12
anos de idade. Chama-se Leonel e
está tomando banho. Tem o
Leandro de 9, a Élen, de 7 anos. A
Emily que vai no colo, 1 ano e 7
meses, e o bebê Luiz Gustavo, de
apenas 3 meses, que está na casa
da avó paterna. Pergunto então se
a avó ajuda a cuidar das crianças,
pois o pai abandonara os filhos, e
Silvia responde: “Não, esta é a avó
dos três maiores. A desta aqui e do
bebê nem quer saber deles”.
A história é longa. Começou
quando Silvia tinha 16 anos de
idade. Hoje ela tem 28. Morava em
outro bairro – o São Simão. “O meu
primeiro marido resolveu se meter
com droga, agora ele tá metido com
essas coisas. Aí tive que sair de lá
e vim pra cá, pro Renascer, morar
perto da mãe”. Nesse tempo já
tinham nascido os outros dois
também. Eram três e a situação já
estava bem complicada. Foi quando
apareceu o segundo marido. “Ele
me pegou numa hora difícil, eu tava
passando muita dificuldade com as
colocou os dois na justiça, pra ver
Foto: Viviane Slussareck
se consegue obrigá-los a arcar com
os deveres. Sem trabalhar, também
não tem dinheiro para sustentar a
prole.
Neste dia, ela foi buscar na
Associação Feminina de
Assistência Social de Criciúma
(Afasc) a última cesta básica a que
tinha direito. A instituição ajuda
famílias carentes com alimentos e
roupas. Mas já foram três meses
seguidos. Agora ela não vai mais
ganhar a comida. No pacote vem
arroz, farinha, feijão, macarrão, óleo,
sardinha, massa de tomate, e
apenas três litros de leite. “Só
três?!”, pergunto. “É, só três. E
como é que faz depois, quando o
leite termina?” Ela diz
envergonhada: “faço uma mistura
de água com farinha e um pouco de
açúcar. Eles gostam”.
Pergunto para Leandro, parado
na porta do banheiro (o mais velho
continua lá dentro, com vergonha
de sair), se ele gosta mesmo do
mingau e se tem vontade de comer
alguma coisa diferente. Ele
responde, com o olhar preso no
chão: “é bom sim, não tenho
vontade de outra coisa, não”.
Parece que o menino está
consciente da situação. Mas e
quando a comida da cesta básica
terminar, onde buscar alimento?
Silvia enche os olhos de lágrimas e
num impulso deixa cair o pranto.
“Não sei. Me desespero só em
pensar”. A família vive com R$
“ Faço uma mistur
misturaa de água com ffarinha
e um pouco de açúcar
açúcar.. Eles g
arinha
ostam
gostam
100,00 do Programa Bolsa Família,
dinheiro que vem do Governo
Federal.
Na casa tem energia elétrica. A
menina, paredes cor de rosa. Uma
pintura assim, meio lambuzada, mas
uma máquina de lavar (instalada
perto da porta do banheiro),
escolinha de futebol. Bela
oportunidade para não ficar
”
ligação é clandestina, do vizinho, vale a intenção. daquelas antigas, que só “batem” perambulando pelas ruas. Leonel
por isso não tem conta pra pagar. A No quarto onde Silvia dorme a roupa. Em frente, a geladeira. Não coloca a melhor roupa. E
água é a mesma do encanamento com os dois filhos menores, as tenho coragem de abrir. Por fora, a desodorante. Vem todo perfumado
da casa da mãe. A residência tem paredes são verdes. Verde traz cor azul já está desbotada. E pra bater a foto. O futuro é incerto.
dois quartos, uma sala com uma esperança. E é bom que tenha bastante enferrujada. Tem também A Deus pertence. Nem mesmo a
pequena cozinha num cantinho e o mesmo, para lidar com tantas um fogão a gás de quatro bocas, realidade difícil e sem muitas
banheiro. Num dos quartos tem dificuldades. Armários praticamente uma pia e só. No chão, tapetes perspectivas, tira o sorriso franco
uma cama de solteiro, onde dorme não existem. No quarto da mãe, cobrem o piso. Até que enfim dos lábios desses pequenos
o filho mais velho. Na outra, de todos se reúnem para cidadãos. Quem sabe a
casal, dormem o outro menino e a assistirem televisão, dificuldade de comprar

crianças. Aí ele chegou, me ajudou
e quando a menina (Emily) tinha 7
meses eu engravidei do bebê. Ele
soube e sumiu”.
O segundo marido é casado e
tem 45 anos de idade. “Ele me disse
que tinha muito serviço em
Tubarão e que não vinha mais.
Depois vi ele na casa da ex-mulher.
Ele dizia que tinha se separado dela
há uns 6 meses, mas era mentira”.
Desde o início, a vida não foi
fácil para Silvia. Teve que deixar o
trabalho no estacionamento
rotativo, no centro da cidade,
porque não consegue creche para
as crianças. Os dois maridos nunca
a ajudaram com pensão. Agora ela
menina. Encontro Élen sentada
sobre a cama com um livro nas
mãos e um lápis. Pergunto o que
faz. “eu estou escrevendo no meu
livro”. Ela está no colégio e faz
planos para o futuro. “Quando
crescer quero ser doutora. Doutora
dos dentes”, diz convencida. A mãe
agradece. “Quem sabe ela vai ser a
nossa salvação?”
Olho para o teto e observo que
só os quartos tem forro: uma lona
preta, presa com ripas de madeira.
“Esses dias quase pegou fogo aí.
A lona estava encostando na
lâmpada”, diz Silvia. Embora a casa
seja pobre, cada cômodo possui
sua cor. No quarto onde dorme a
“
uma pequenininha, de
14 polegadas, mas até Ele dizia que tinha
que “pega” bem. Entre
os poucos brinquedos
há um urso de pelúcia,
já bem encardido que,
serve para as
brincadeiras das
crianças.
É só virar para o outro lado e
estamos na sala de jantar. A mesa,
num canto, tem seis cadeiras. Uma
para cada um. Tem até uma
cristaleira – armário com portas de
vidro. São poucas louças, alguns
potes plásticos, copos. O aparelho
de som que toca fita cassete e CD
está ligado bem baixinho. Ao lado,
se separado dela
há uns 6 meses,
mas era mentira
Leonel sai do banheiro, e deixa ver
as paredes de tijolos sem reboco.
No verão, tudo bem. Mas no
inverno, deve ser muito úmido.
Descobri que os meninos
adoram futebol. Eles estudam no
Bairro da Juventude. De manhã, na
sala de aula, e duas vezes por
semana, à tarde, frequentam a
a comida e de atender
todas as necessidades
dessa família seja
superada pela força
dessas crianças.
Pessoas como Silvia e
”
os filhos estão à margem
da sociedade de
consumo. Hoje não
podem ir ao supermercado comprar
chocolate ou um pedaço de carne
para assar no domingo. Nem à loja
da moda escolher a roupa ou o
calçado que desejam. Os
brinquedos já alegraram outras
crianças antes. Tudo o que
consomem é de segunda mão, fruto
da solidariedade.
4 Direito
Em defesa do consumidor
Denise de Medeiros
editado por Manuela Prá
e Julie Menegaz
Os consórcios estão entre as
opções mais procuradas por
quem pretende guardar dinheiro.
Em tempos de crise, a busca por
um investimento garantido é cada
vez maior. No entanto, mesmo
nesta forma de economia, podem
ocorrer imprevistos. Essa foi a
experiência vivida por Dilma
Alexandre. Ela pagou as
prestações de seu investimento
até o último mês, mas o dinheiro
esperado não chegou. “Fiz o
consórcio de uma moto em nome
de minha filha. As prestações
somavam 25, e no fim, depois de
tudo pago religiosamente em dia,
levamos mais de noventa dias
para receber o dinheiro”, relata.
A massoterapeuta conta que
nunca atrasou as parcelas. No
décimo mês de pagamento foi
contemplada e poderia ter
retirado o veículo, entretanto
preferiu obter o crédito no valor
da soma das prestações.
Quando quitou as parcelas,
Dilma recebeu uma carta
anunciando que em trinta dias a
quantia seria depositada na
conta da titular, mas o dinheiro
não chegou.
Ela entrou em contato com a
concessionária da cidade, onde os
contratos haviam sido assinados.
Uma atendente informou que o
procedimento seria simples.
Bastava procurar um caixa do
Banco do Brasil, apresentar o
cartão de pessoa física e em cinco
dias o depósito seria realizado.
“Passado este tempo, minha
filha foi até o banco, já que o plano
estava no nome dela, mas, não
havia nada para receber. A
atendente do banco comentou
que isso sempre acontece e leva
muito mais tempo do que eles
prometem para que o dinheiro
esteja disponível”.
A empresa responsável pela
venda do consórcio foi procurada
por mais três vezes. Todas sem
sucesso. A promessa era de que
o dinheiro seria depositado
sempre dali a três ou quatro dias.
Nada aconteceu. Então, Dilma
decidiu procurar o Procon de
Tubarão, cidade onde reside.
“Chegando ao Procon, fui muito
bem atendida. Expliquei o caso e
passei os dados da concessionária,
que foi procurada na mesma hora
para prestar esclarecimentos”,
narra Dilma.
Por lei os consórcios têm 30
dias para ressarcir o cliente, nesse
caso já haviam se passado 90. No
mesmo dia que Dilma procurou o
Procon ela recebeu uma ligação
dizendo que o dinheiro estaria
disponível no dia seguinte. Para a
surpresa dela, isso realmente
aconteceu.
Procure o Procon
O Procon é um órgão público
de defesa do consumidor, que
“ Conhecer e entender os direitos do
consumidor é fundamental para evitar
que o cidadão seja lesado
oferece informações sobre
direitos na realização de com-pras
e prestação de serviços. A
instituição pode ser estadual ou
municipal e, de acordo com o
artigo 105 da lei 8.078/90 do
código de defesa do consumidor,
integra o Sistema Nacional de
Defesa do Consumidor.
“Foi a primeira vez que
procurei o Procon e o resultado
foi muito rápido. Desde o ocorrido,
no início deste ano, sempre que
tenho algum problema
relacionado a produ-tos ou
serviços vou atrás do Procon”,
elogia Dilma.
No município de Tubarão, os
consumidores são orientados
pessoalmente, via telefone e até
mesmo pela internet, através do e-
mail procon@tubarao.sc.gov.br. Os
atendimentos são apro-
ximadamente 400 por mês e
80% dos casos são soluciona-
dos.
“Recebida a reclamação,
verificamos se a mesma está
amparada pelo Código de Defesa
do Consumidor. Posteriormente,
encaminhamos uma investigação
preliminar para que o acusado se
pronuncie sobre a reclamação do
consumidor no prazo de dez dias
após o recebimento da mesma.
Caso não aconteça um acordo,
encaminhamos o processo ao
juizado”, explica o coordenador da
unidade de Tubarão, Irani Valentin
Alberton.
Apoio da Adocon
Outro órgão que também atua
em defesa do consumidor é a
Adocon. A Associação das
Donas-de-casa, dos Consumi-
dores e da Cidadania é uma
entidade não-governamental, sem
fins lucrativos, e há 13 anos tem
a função de orientar o consumo
consciente.
“A Adocon age através da
mídia falada, escrita e televi-
sionada alertando os consumi-
dores sobre seus direitos e deveres
como cidadão. Promo-vemos
palestras para educar através da
informação”, esclarece a presi-
dente da Adocon em Tubarão,
Reneuza Borba.
Reclamações não faltam na
instituição e o campeão é o setor
de telefonia fixa, com aproxi-
madamente 70% de toda a
procura. Os clientes apontam
como principal problema as
faturas que cobram serviços não
prestados. O segundo lugar fica
com a telefonia móvel.
Caso complicado
“Tenho duas linhas telefô-
nicas em casa. A fatura de um
dos telefones é cobrada como
débito em conta, já o outro eu
pago normalmente nas lotéricas.
As duas vencem em datas
”
diferentes, porém, no último mês,
as faturas vieram com a mesma
data de vencimento e com
autorização de débito em conta,
sendo que não assinei nenhum
contrato nem pedi que fosse
assim”, argumenta Dilma, que
passou por outro problema.
Novamente no Procon, Dilma
teve sua dificuldade parcialmente
resolvida. As faturas voltariam ao
esquema habitual, mas apenas no
mês seguinte. Segundo ela,
“poderia ter brigado mais, mas não
quis me incomodar. Nesse caso
eu poderia ter pago a fatura e
depois entrado com uma ação
para receber o dinheiro de volta,
mas estou com um outro processo
parecido e a justiça é lenta
demais”.
extra
maio de 2009
Esse outro processo, ao qual
ela se refere, não é o da
concessionária, mas contra uma
editora de revistas. No final do
ano passado a massoterapeuta foi
abordada por dois jovens que
vendiam assinaturas. Eles a
convenceram a fechar um
contrato para receber dois tipos
de publicação por seis meses.
Entretanto, ao chegar em casa e
ler com calma o contrato, ela
percebeu que tinha sido enganada.
O documento dizia que as
assinaturas durariam um ano.
Dilma foi até o Procon na semana
seguinte, mas em casos de
desistência de compras, o prazo
para a anulação do contrato é de
48 horas. “Se eu tivesse
conhecimento do Código de
Defesa do Consumidor, saberia
que qualquer compra ou
contratação de prestação de
serviço pode ser desfeita, desde
que o produto não tenha sido
danificado. Mas no meu caso, eu
nem tinha o objeto comprado em
mãos, poderia ter voltado lá e
desfeito o negócio”, lamenta.
O caso foi parar no juizado de
pequenas causas. As edições, que
chegariam semanalmente, nunca
apareceram. Depois de três
meses esperando, as assinaturas
foram canceladas e o dinheiro
devolvido.
Conhecer e entender os
direitos do consumidor é
fundamental para evitar que o
cidadão seja lesado. Em caso de
insatisfação, o Procon deve ser
acionado.
Na cidade de Tubarão, a
instituição fica na avenida
Marcolino Martins Cabral, anexo
à Casa da Cidadania, no Centro.
A Adocon fornece orientações no
mesmo prédio e através do site
www.adocontb.org.br.
“
Por lei, os
consórcios
têm 30
dias para
ressarcir o
cliente
”
extra Histórias 5
maio de 2009

Direitos colocados em prática

Samira Pereira
editado por João Pedro Alves
e Jackson de Souza
O Código de Defesa do
Consumidor preza por diversos
direitos dos cidadãos nas relações
de consumo. Entre elas estão a
proteção da vida, saúde e
segurança; educação e divulgação
sobre o consumo adequado de
produtos ou serviços; proteção
contra publicidade enganosa e
abusiva; reparação de danos
patrimoniais e morais; especi-
ficação correta de quantidade,
qualidade, composição e preços;
entre outras.
É importante lembrar que, ao
adquirir qualquer produto ou Foto: Samira Pereira
serviço, as pessoas estabelecem
uma relação com o fornecedor que
implica no cumprimento de direitos
e deveres de ambas as partes.
Quando quem compra se sente
lesado ou insatisfeito, devem pedir
a solução do problema, sendo
compensados pelo erro do
vendedor ou prestador de serviço.
Caso a reclamação não seja
atendida e a queixa persista,
entidades públicas e privadas que
defendem os direitos do consu-
midor podem ser acionados. A
última alternativa recomendada é a
via judicial.

Barrada no próprio
baile de formatura
Conforme informações do
portal G1, uma jovem proibida de
entrar no próprio baile de formatura
resolveu exigir o dinheiro de volta.
Marche Taylor foi barrada porque
estava com um vestido muito curto.
Neste momento, os policiais
algemaram e levaram a recém-
diplomada embora. “Eu gosto
dessa roupa, e todo mundo gostou
também. Não entendi a razão de não
poder entrar na festa”, afirmava a
garota em meio à literal “saia justa”.
A advogada Mariana Bonetti
acredita que houve exageros por
parte da organização da festa. “É
lógico que em uma formatura
existem certas regras a serem
cumpridas. Antes da realização do
evento vários acordos são feitos
para que tudo ocorra da melhor
forma”, diz. “Mas se o vestido era,
realmente, muito curto, e deixava à
mostra partes do corpo que não
deveriam aparecer, talvez as
autoridades tenham considerado
esta situação como atentado
violento ao pudor”, pondera.

O brinquedo em meu
jardim incomoda
Uma situação bastante curiosa
é de uma senhora de 89 anos de
idade que alega estar cansada de
ver a bola dos pequenos vizinhos
entrar em seu quintal.
Por conta disso, ela está
processando os pais dessas
crianças “irresponsáveis”. O valor
da indenização não foi divulgado.
“Eu sofri emocionalmente de tanto
ser incomodada pelos brinquedos
que surgiam em meu jardim”, disse
Edna Jester, residente em
Cincinnati, nos Estados Unidos.
Os pais das crianças, mesmo
Quero meu rim de volta!
Outro caso, que não
necessariamente tem a ver com o
tema, mas chamou a atenção das
autoridades, advogados e curiosos,
foi o que ocorreu com Richard
Batista e a esposa Dawell Batista,
residentes nos Estados Unidos.
O processo de divórcio do casal
dura mais de quatro anos, e
achando o processo ‘bobo’ estão
com medo, afinal, dizem, fica difícil
pagar um advogado e ao mesmo
tempo sustentar cinco filhos.
“Se ela tivesse pegado a bola,
furado e jogado fora, estaria no
direito dela, já que o brinquedo foi
parar dentro do seu terreno.
Observando o caso, pode-se dizer
que esta decisão vai depender
muito do juiz. Tudo é possível,
levando em conta a idade da mulher.
Acredito que o processo pode ser
considerado sim”, avalia a
advogada Mariana Bonetti.
enquanto o resultado não é
divulgado, a mulher proíbe o pai de
ver os três filhos, de oito, 11 e 14
anos de idade.
Batista pede na justiça que a
esposa devolva o rim que ele doou
em 2001, ou lhe repasse uma
indenização no valor de 1,5 milhão
de dólares.
URUSSANGA: coveiro do cemitério municipal, Vitalino Biz desenterrou um corpo do túmulo
Uma ffor
or ma dif
orma er
difer ente de cobr
erente ar
cobrar
por ser viços não rrece
serviços ece bidos
ecebidos
Um caso chamou a atenção
da população de Urussanga há
alguns meses. O coveiro do
cemitério municipal, Vitalino
Biz, mais conhecido com Biff,
desenterrou um corpo do
túmulo porque a família não
pagou os trabalhos realizados
por ele. O enterro tinha ocorrido
há quatro meses, e os encargos,
que custaram cerca de 400 reais,
ainda não haviam sido
quitados. “Já tenho 75 anos, e a
esta altura da vida não posso
mais trabalhar de graça. Se não
dão o que me devem, tenho que
fazer isto mesmo”, afirma Biff.
O coveiro retirou o homem
falecido e jogou junto aos
indigentes. A situação só se
reverteu porque a família pediu
insistentemente para que colocasse
novamente o corpo no túmulo. “Eu
fiquei com pena porque a viúva
disse que se me pagasse os filhos
passariam fome. Se não fosse por
isso, ele estaria lá até hoje”, declara.
O caso só não seguiu na justiça
porque a família resolveu não tocar
adiante. Conforme a advogada
Mariana Bonetti, o coveiro poderia
ser processado por ocultação de
cadáver. “Isto é completamente
errado e fora do comum. Na época
do enterro não foi feito um contrato
de trabalho e ele não tinha como
provar que o serviço não foi
pago”, relata a advogada.
A viúva, Vanusa Varnier,
alega que ficou surpresa e
desesperada quando soube do
ocorrido. “Foi ele mesmo quem
me avisou. Ligou para dizer que
tinha desenterrado o corpo do
meu esposo e só colocaria de
novo se eu pagasse a quantia
em dinheiro. Mas eu não tinha
como dar este valor, e acredito
que ele entendeu. Não quis
alongar mais esta situação com
um processo na justiça. Nem
morto meu marido tem o
descanso que merece”, fala
Vanusa.
6 Trib uto
Aluguel: IPTU gera dúvida
Samira Pereira
editado por João Pedro Alves
Causador de dores de cabeça em
muitos cidadãos brasileiros, o
serviço público também se enquadra
no Código de Defesa do
Consumidor. Apesar de não haver o
hábito dos contribuintes registrarem
reclamação junto aos órgãos de
defesa, instituições como prefeituras
estão sujeitas às sanções da lei caso
violem os direitos dos consu-
midores (neste caso, os pagadores
de impostos). “Sabe-se que onde
existem relações de consumo, estes
direitos podem ser exigidos. Aqueles
que usufruem determinados
serviços têm o poder de solicitar na
justiça que sejam compensados por
eventuais danos”, explica a
advogada Mariana Bonetti.
Dentro das relações de consumo
do serviço público, o maior gerador
de discussões e dúvidas é o
Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU). O tributo cobrado anual-
mente pelas prefeituras sobre os
imóveis leva em conta a área do
terreno e o espaço construído, a
valorização do local e os serviços
públicos utilizados (como a água,
luz, saneamento básico e asfalto). A
taxa deve ser paga pelos proprie-
tários ou titulares de terrenos ou
lotes. E é nesse ponto que se
concentra boa parte das perguntas
sobre este assunto. Afinal, quem
deve pagar? O dono ou o inquilino?
Conforme Bonetti, tudo depen-
de do contrato de aluguel. As
cláusulas devem ficar bem claras
para que nenhuma das partes possa
identificar algum problema ou se
sinta lesado com o tributo. “Deve
ser feito um acordo com os interes-
sados, para ver qual a melhor
maneira de efetuar o pagamento. Se
porventura não houver nada
esclarecido no contrato, quem deve
pagar a taxa é o inquilino, que no
momento está fazendo uso do
imóvel”, orienta.
O cidadão Carlos Bettiol Bez
Batti, morador de Urussanga, Sul
de Santa Catarina, conhece bem a
situação de assinar um documento
não esclarecido na questão do
IPTU. “Eu morava em uma casa
alugada há apenas quatro meses,
quando o carnê foi entregue. No
contrato não havia nada escrito, e
eu não sabia que eu tinha que
pagar. O proprietário do imóvel não
tinha me falado nada e fui
praticamente obrigado a efetuar o
pagamento. Por causa disso troquei
de residência, e antes de qualquer
coisa acertei com o locador como
ficaria a liquidação do IPTU do ano
ributo extra
maio de 2009
Foto: Samira Pereira
seguinte”, conta ele.
No mesmo município ocorreu
um caso oposto. Daiane Feltrin
Sangaletti, proprietária de uma
casa, aceitou pagar a parcela do
tributo. “Quando fizemos o contra-
to havia uma cláusula que escla-
recia que quem devia pagar o IPTU
não era o inquilino, e sim eu. Acho
justo, mesmo que eu não esteja
utilizando um imóvel, ele continua
no meu nome”, analisa. A contri-
buinte acredita que ambas as partes
ganharam com isso. “Ele adquiriu
certa confiança e percebeu que,
realmente, sou uma pessoa que
gosta das coisas certas”, ressalta.
Os responsáveis pelo acordo
sobre o pagamento do imposto são
unicamente o proprietário e o
inquilino. O atraso do pagamento
gera multa e juros, que se acumulam
anualmente. “A jurisprudência é
bem pacífica quanto a isso. Os dois
devem chegar a um acerto final, e
perceber o que é o melhor, sem
prejudicar nenhuma das partes. TRIBUTO: carnês do IPTU estão disponíveis no Setor de Tributação da Prefeitura de Urussanga
Nestes casos, a conversa é o melhor
remédio”, ratifica Bonetti.
No município de Urussanga, os Novas regras, mesma insatisfação
carnês do IPTU ficam à disposição
dos contribuintes na sede da Chênia Cenci cancelar o plano e nunca mais hora para a outra. Ficamos sem
Prefeitura Municipal. O Setor de editado por Denise Medeiros quis saber daquela empresa”, celular por um bom tempo. O que
Tributação da Prefeitura espera que comenta. foi realmente o fim, ou seja, a
Os centros de atendimento Algo parecido aconteceu gota da água”, enfatiza.
a inadimplência, que chegou a 17%
via telefone das empresas, com a publicitária Simone Cruz Outra usuária insatisfeita é a
no ano passado, diminua sensivel-
chamados de call centers, Tomáz, que resolveu aderir a um enfermeira Jóice Niss Pickler, que
mente. “Estamos com a expectativa
passaram por várias adaptações plano empresarial de telefonia contratou um serviço de internet
de que 90% das pessoas venham em dezembro do ano passado. móvel para a sua empresa. Quan- banda larga. Segundo ela, “a
retirar os carnês no prazo e paguem Mas, mesmo depois de estarem do ela precisou entrar em contato velocidade do serviço que chega-
em dia. Mas não perdemos a valendo as novas regras, ainda com o call center o problema foi va até minha casa era inferior ao
esperança de que todos os contri- há muita reclamação por parte enorme. “Quando o atendente que havia sido prometido”. Jóice
buintes cumpram seu dever de dos consumidores e usuários veio nos prometeu mil coisas, explica que, depois de muita
cidadão e paguem o imposto”, diz desse tipo de serviço. como bônus entre vários outros briga, a empresa reembolsou o
o chefe do setor, José Vitório Coan. Um exemplo disso é o benefícios. Com o passar dos dinheiro gasto e deu cinco meses
De acordo com Coan, os vendedor Carlos de Souza meses as contas vinham, mas de cortesia nos serviços. “Procu-
proprietários e inquilinos preferem Nascimento, 42 anos, que há ainda não havíamos recebido os rei o Procon e um advogado
pagar em cota única para vários anos tinha um plano com bônus. Então entramos em também. Eles me encaminharam
aproveitarem o desconto. “Se pagar uma empresa de TV por contato com outros representan- a Anatel e dentro de poucos dias
à vista e no prazo certo, a redução assinatura. “Do nada cortaram a tes”, conta. o caso foi resolvido. As empresas
no valor chega a ser de 40%. Desta imagem da minha casa. Como era Simone explica que o têm que se responsabilizar pelos
forma, vale a pena manter em dia e cliente há mais de 15 anos, resolvi atendente da empresa de erros, eles não percebem que
não deixar a dívida acumular”, ligar para ver o que estava telefonia tentou resolver o perdem os clientes desse jeito”,
salienta. O chefe da Tributação acontecendo. Depois de várias problema e alegou que havia afirma. Conforme o Procon, os
reforça que o atraso acarreta em horas consegui falar com a alguma coisa errada com a prejudicados devem entrar em
multa e juros. Os contribuintes que assistente. Meu problema não foi proposta feita pelo outro colega. contato com a instituição sempre
possuem parcelamento de dívida resolvido e fiquei durante vários “Ele nos garantiu o cancelamento que não conseguirem solucionar
ativa de outros anos podem retirar dias sem poder ver TV. Depois das linhas. Mas isso só aconte- os problemas junto as opera-
que fui ao Procon, consegui ceu depois de meses e foi de uma doras ou empresas.
o carnê normalmente no local.
A Prefeitura de Urussanga,
Principais mudanças nas regras para os call centers:
cidade com pouco mais de 18 mil
habitantes, espera arrecadar cerca - O SAC deve garantir ao consumidor, no primeiro menu eletrônico e em todas as suas subdivisões, o
de R$ 600 mil em IPTU neste ano. contato direto com o atendente.
Conforme o prefeito, Luiz Carlos - O tempo limite de espera para o atendimento varia de acordo com o serviço, no entanto, é por volta de
Zen, 50% do montante terá como um minuto.
destino as secretarias de Educação - O SAC deve garantir acesso para pessoas com deficiência auditiva ou de fala. E deve estar disponível,
e Saúde. A outra metade, além de ininterruptamente, durante 24 horas por dia e sete dias por semana.
manter os serviços de coleta de lixo, - A ligação não pode cair antes que o consumidor consiga falar com o atendente.
conservação do calçamento e - Se o primeiro atendente não resolver a demanda, a transferência para o setor competente deve ser
limpeza pública, será investido na imediata, além disso, a ligação não pode ser interrompida durante o atendimento ou a espera do comsumidor.
pavimentação de ruas.
extra
maio de 2009
Seguro às vítimas de acidentes
Mariana Alcântara
editado por Jussi Moraes
e Viviane Andres
Você sabe o que é DPVAT? A
maioria das pessoas sabe apenas
que é obrigatório. Mas, o Seguro
DPVAT (Danos Pessoais Causados
por Veículos Automotores de Via
Terrestre) é um direito, previsto pela
lei 6.194/74. O valor pago ao governo
por todos aqueles que possuem
veículo motorizado é repassado às
empresas de consórcio de seguros
que pagam a indenização ao
consumidor. A Superintendência de
Seguros Privados (Susep) declara
que o DPVAT é o “único no mundo
que tem cunho eminentemente
social, protegendo, indistintamente,
os 190 milhões de brasileiros das
adversidades decorrentes de
acidentes de trânsito e destinando
vultuosos recursos para o sistema
de saúde pública do nosso país”.
Segundo o site da Susep, “para
operar o seguro DPVAT, as socie-
dades seguradoras deverão aderir,
simultaneamente, aos dois consór-
É necessário fazer um BO
Para receber o seguro, a vítima
deve ter sofrido acidente com
veículo motorizado. Mesmo se foi
atropelada ou era passageira de um
ônibus que se acidentou, por
exemplo, tem direito. É só registrar
um boletim de ocorrência na
delegacia e apresentar no hospital.
Se a vítima for o dono do veículo,
deve estar em dia com o pagamento
do DPVAT. O seguro também cobre
casos em que a vítima estiver
dirigindo o veículo de outra pessoa.
Para o atendimento em hospital,
incluindo a consulta, radiografias e
até cirurgias, o acidentado tem o
direito de receber até R$ 2,7 mil, que
são liberados para pagar a conta do
hospital. Se ultrapassar esse valor,
o Sistema Único de Saúde (SUS)
completa. Foi o que aconteceu com
o professor Antonio Mattos que
sofreu um acidente de moto. Ele
conta que após ser submetido a
radiografia e exames, foi constatado
que teve apenas uma concussão.
Em fevereiro deste ano, foram
feitas algumas modificações nas
condições operacionais do seguro.
Elas foram propostas pelo governo
federal através da Medida Provisória
nº 451, de 15 de dezembro de 2008.
Os motivos da medida em “caráter
urgente” foram o reajuste linear de
mais de 23%, excessivo a partir de
2009, dos prêmios do seguro
obrigatório para todas as categorias,
Trânsito
cios específicos. Um englobando as
categorias 1, 2, 9 e 10 e o outro as
categorias 3 e 4 da carteira de
motorista. O contrato de consti-
tuição do consórcio deverá conter
as regras de adesão e retirada das
seguradoras e suas alterações de-
verão ser previamente aprovadas
pela Susep”, ou seja, não há
licitação. As seguradoras precisam
preencher alguns requisitos para
poder fazer parte do DPVAT. Atual-
mente existem 70 empresas aten-
dendo no Brasil.
Estas empresas podem contra-
tar outras que prestem serviço para
elas. É o caso da Seguradora Líder
dos Consórcios do Seguro DPVAT
S.A., que tem sede no Rio de Jane-
iro (RJ) e contrata uma empresa de
Tubarão (SC) para fazer o atendi-
mento no hospital de Laguna. A
presidenta do Hospital de Caridade
Senhor Bom Jesus dos Passos,
Regina Ramos dos Santos, infor-
mou que a empresa Zomer foi
contratada para ajudar o hospital
com a burocracia envolvida nos
gerando impactos negativos
diretos sobre a inflação e as tarifas
de transportes já a partir deste ano.
Outra justificativa é que o país
atravessa um momento adverso em
consequencia da crise econômica
mundial. O aumento na sinistra-
lidade e a possível retirada
voluntária de sociedades segura-
doras participantes dos consórcios,
colocariam em risco o Sistema
DPVAT. Exemplo disso ocorreu nos
últimos anos. Em 2007, as indeni-
zações pagas representaram o total
de R$ 150 milhões contra apenas R$
3 milhões, em 2003. Esse valor
traduziu um aumento de 4.900% no
período.
As mudanças foram princi-
palmente nos valores máximos
pagos em indenização. A inde-
nização de invalidez tem valor fixo
de R$ 13.500,00. O IML tem prazo
máximo de 90 dias para fornecer
o laudo. As vítimas de acidentes
de trânsito continuam tendo as
mesmas opções de atendimento,
em hospitais públicos e parti-
culares, com as despesas limita-
das a R$ 2,7 mil. Além do
reembolso que a própria vítima
pode solicitar para pagamento de
despesas médicas ou hospita-
lares suplementares.
Como pedir indenização
Entrar com pedido de indenização
7
Foto e montagem: Lucas Lemos
processos.
Segundo uma funcionária da se-
guradora de Tubarão, analista e
responsável pelo escritório dentro
do hospital de Laguna, que não quis
ser identificada, a empresa não se
envolve com a circunstância do
acidente, apenas repassa o valor. A
presidenta do Hospital de Laguna
explica que o contrato é de prestação
de serviços e prevê o repasse de
20% do faturamento à empresa
terceirizada. “O hospital recebe o
dinheiro da seguradora Líder
e repassa para a Zomer o que lhe é
devido”.
“O serviço do DPVAT é bastan-
te complexo e burocrático, de modo
que hospitais do porte do nosso
precisam ter funcionários exclusi-
vos para o setor, caso não tenham
terceirizado o serviço, como acon-
teceu aqui”, conta Regina.
Alguns hospitais não possuem
serviços terceirizados ou um
funcionário responsável para o setor.
Neste caso o atendimento é feito pelo
SUS ou por um convênio.
é simples, basta que o interessado
escolha a seguradora ou procure
um advogado e apresente a
documentação necessária.
Para indenização por morte é
preciso apresentar certidão de óbito,
Parte superior Parte inferior
registro de ocorrência expedido pela
autoridade policial competente e Perda total da visão de Perda total do uso de
prova da qualidade de beneficiário. um olho – 30% uma perna - 70% R$
Já para indenização por invalidez R$ 4.050,00 9.450,00
permanente é necessário apresentar Quando não tiver a outra Perda total de um dos
o registro da ocorrência e o laudo visão – 70% pés – 50%
do Instituto Médico Legal R$ 9.450,00 R$ 6.750,00
qualificando a extensão das lesões
físicas ou psíquicas. Os valores são Surdez total dos Amputação do 1º dedo do
ouvidos – 40% pé – 10%
atribuidos de acordo com os
R$ 5.400,00 R$ 1.350,00
percentuais da Tabela das Condi-
ções Gerais de Seguro de Acidentes Perda total de Amputação de outro
Pessoais, suplementadas, quando um braço – 70% dedo do pé – 3%
for o caso, pela Tabela de R$ 9.450,00 R$ 405,00
Acidentes do Trabalho e da Perda total de Encurtamento da perna
Classificação Internacional de uma mão – 60% em mais de 5cm - 15%
Doenças. Outras indenizações R$ 8.100,00 R$ 2.025,00
podem ser conferidas no site http:/
/www.susep.gov.br. Perda do dedo 4 centímetros – 10% -
mínimo – 12% R$ 1.350,00
O interessado deve ter cuidado
R$ 1.620,00
ao aceitar a ajuda de terceiros, pois 3 centímetros – 6% -
são muitos os casos de reclamações Perda do dedo R$ 810,00
de fraudes e de pagamentos de anular – 09%
honorários desnecessários. R$ 1.215,00
Em caso de dúvida ou
reclamação, ligue para a Central de
Atendimento dos Consórcios
DPVAT: 0800-0221204, consulte o
site www.dpvatseguro.com.br ou
ligue para a central de atendimento
da Susep: 0800-0218484.