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APOSTILA DIDÁTICA:
MANEJO DE BACIAS
HIDROGRÁFICAS
ALEGRE (ES)
2006
ERU 03977 - Manejo de bacias hidrográficas
12d¯(6,1752'87Ð5,$6
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ERU 03977 - Manejo de bacias hidrográficas
Quadro 1.1. Áreas, volumes totais e relativos de água dos principais reservatórios da Terra
Área Volume % do Volume % do Volume
Reservatório
(103 km2) (106 km3) Total de água doce
Oceanos 361.300 1.338 96,5 -
Subsolo 134.800 23,4 1,7 -
Água doce 10,53 0,76 29,9
Umidade do solo 0,016 0,001 0,05
Calotas polares 16.227 24,1 1,74 68,9
Antártica 13.980 21,6 1,56 61,7
Groenlândia 1.802 2,3 0,17 6,68
Ártico 226 0,084 0,006 0,24
Geleiras 224 0,041 0,003 0,12
Solos gelados 21.000 0,300 0,022 0,86
Lagos 2.058,7 0,176 0,013
Água doce 1.236,4 0,091 0,007 0,26
Água salgada 822,3 0,085 0,006
Pântanos 2.682,6 0,011 0,0008 0,03
Calha dos rios 0,002 0,0002 0,006
Biomassa 0,001 0,0001 0,003
Vapor atmosférico 0,013 0,001 0,04
Totais 510.000 1.386,00 100,00 -
Água doce 35,00 2,53 100,00
Fonte: (Shiklomanov, 1998)
Os volumes de água armazenados nas calhas dos rios e nos lagos de água doce somam
apenas cerca de 200 mil km3 (Quadro 1.1). Esses mananciais são os mais acessíveis e utilizados
para atendimento das necessidades sociais e econômicas da humanidade, e são absolutamente
vitais aos ecossistemas. Essa situação tem sido interpretada como um significado de crise da
água, tendo em vista que a população mundial (5 a 6 bilhões de habitantes) esgotaria esse
volume de água durante cerca de 30 a 40 anos de uso. Entretanto, o ciclo hidrológico
proporciona uma apreciável renovação dos volumes de água estocados nas calhas dos rios,
embora a variabilidade espacial e temporal desse mecanismo possa ser muito grande. Nessas
condições, para se evitar problemas relacionados à variabilidade temporal, torna-se necessário
considerar os valores das descargas médias de longo período dos rios. Esses valores constituem,
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via de regra, uma boa estimativa do potencial hídrico que pode ser desenvolvido numa bacia
hidrográfica, em termos de limite superior.
O World Resources Institute apresenta dados que mostram que o ciclo das águas
proporciona descargas de água doce nos rios do mundo da ordem de 41.000 km3/ano, enquanto
as demandas estimadas no ano de 2000 atingiram aproximadamente 11% desses potenciais
(WORLD RESOURCES INSTITUTE, 1998).
Portanto, não existe problema de escassez de água em nível global, pois cada habitante da
Terra, no ano de 2000, teve disponível nos rios entre 6.000 e 7.000 m3/ano, ou seja, entre 6 a 7
vezes a quantidade mínima de 1.000 m3/hab./ano, estimada como razoável pelas Nações Unidas.
Vale ressaltar, entretanto, que estes potenciais estão muito mal distribuídos no espaço.
Com base nos dados vistos, pode-se concluir que os estoques de água no planeta NÃO
estão acabando. Hoje, existe no planeta a mesma quantidade de água que existia a milhões de
anos atrás. A quantidade de água doce disponível, apesar de ser muito menor que a quantidade
de água salgada, atende com sobras as necessidades hídricas mundiais.
O problema com a água, e existe um problema com a água, não diz respeito à sua
quantidade, mas sim à sua disponibilidade: água no lugar errado e/ou no momento errado.
Todo esse volume de água não está disponível nas mesmas quantidades durante todo o ano. Nos
períodos de estiagem as disponibilidades caem drasticamente, não havendo, em alguns casos,
água suficiente para todos os usos. Por outro lado, em períodos de chuva, muitas vezes a
disponibilidade de água é tamanha, que ocorrem transbordamentos dos cursos d’água, causando
sérias inundações. Além disso, as peculiaridades climáticas causadas por diferenças latitudinais e
altitudinais fazem com que a água não esteja distribuída igualmente sobre a superfície dos
continentes. Regiões onde o clima é predominantemente árido ou semi-árido apresentam menor
disponibilidade hídrica que aquelas onde o clima é mais úmido.
Soma-se a esses problemas o fato de a poluição hídrica vir, de certa forma, fazendo com
que a água de muitos rios ou lagos seja inutilizável para seus mais nobres fins, isto é, para o
consumo humano.
Do exposto, pode-se fazer outra pergunta: Qual a solução para o problema da
disponibilidade da água?
Num primeiro momento, a resposta é simples: aumentar a disponibilidade hídrica nos
momentos em que esta é baixa, isto é, nos períodos de seca ou estiagem e reduzir a poluição
hídrica. Tal fato somente pode ser conseguido por intermédio de um correto manejo do meio
físico que disponibiliza a água para seus múltiplos usuários: a bacia hidrográfica.
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No Quadro 1.3 tem-se, para o ano de 1987, as demandas hídricas relativas aos diferentes
usos da água no Brasil, onde verifica-se que o setor industrial era o maior consumidor de água,
com 47,4% da demanda total. Todavia, dados mais recentes (Lima, 2000) mostram que a
demanda agrícola (irrigação) já atingiu 72,5% do total consumido, contra 18,0% da demanda
industrial e 9,5% da demanda doméstica. A razão de tão grande o aumento da participação da
irrigação no consumo nacional de água é o crescimento acelerado da agricultura irrigada no país,
como mostra a Figura 1.2.
Figura 1.2. Evolução das áreas irrigadas no Brasil (Fonte: Christofidis, 1999).
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Com base nos dados apresentados, verifica-se que o setor agrícola é o principal usuário da
água, o que faz com que seja, o pelo menos, deva ser, o maior interessado em sua conservação.
Neste contexto, os profissionais ligados às Ciências Agrárias devem, necessariamente, estar
sempre atentos ao problema da água, manejando as bacias hidrográficas de forma a não apenas
conservar os recursos hídricos, mas também proporcionar o aumento da disponibilidade de água
para as gerações atual e futuras.
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Todavia, esta classificação pode ser considerada como errônea, devido a dois fatos:
a) As áreas delimitadas como sendo da Bacia do Rio Amazonas, da Bacia dos Rios Paraná e
Paraguai e Bacia do Rio Uruguai não representavam efetivamente as bacias desses rios, uma
vez que estas estendem-se para fora do país.
b) As áreas identificadas como Bacia do Atlântico Norte/Nordeste, Bacia do Atlântico Sudeste e
Bacia do Atlântico Sul e Sudeste não são efetivamente bacias hidrográficas, mas sim
conjuntos de diversas bacias hidrográficas de diferentes rios que deságuam no Oceano
Atlântico.
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A fim de corrigir esses erros é que a Resolução do CNRH (Conselho Nacional de Recursos
Hídricos) N° 32, de 15 de outubro de 2003 instituiu a nova divisão hidrográfica brasileira, onde
substituiu-se o termo bacia hidrográfica por região hidrográfica, estabelecendo as divisões
ilustradas na Figura 1.5.
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