Curso de Direito Departamento de Direito Público e Prática Jurídica Componente Curricular: Ciências das Finanças e Direito Financeiro Professor (a): Juliana Santiago Aluno (a): Bruno Holanda de Farias Matrícula: 08222048-4 Turma: 1º ano “B” Turno: Diurno
Resumo Crítico
Despesa pública na Lei de Responsabilidade Fiscal
O autor do texto Despesa pública na Lei de Responsabilidade Fiscal, Danilo
Antonio Manhani, é graduado em Direito pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil e tem como título da sua monografia o seguinte tema: Descumprimento das limitações aplicáveis aos restos a pagar impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal aos Prefeitos Municipais. Sabe-se que a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000), é um dispositivo do governo brasileiro que tenta evitar com que prefeitos e governadores endividem as cidades e estados mais do que conseguem arrecadar através de impostos. Tal medida é necessária já que diversos políticos costumavam no final de seus mandatos iniciarem diversas obras de grande porte, procurando se re-eleger. Essa lei obriga que as finanças sejam apresentadas detalhadamente ao Tribunal de Contas (da União, do Estado ou do Município). Tais órgãos podem aprovar as contas ou não. Em caso das contas serem rejeitadas, será instaurada investigação em relação ao Poder Executivo em questão, podendo resultar em multas ou mesmo na proibição de tentar disputar novas eleições. Embora seja o Poder Executivo o principal agente responsável pelas finanças públicas e, por isso, o foco da Lei de Responsabilidade Fiscal, os Poderes Legislativo e Judiciário também são submetidos à referida norma. A lei inova a Contabilidade pública e a execução do Orçamento público à medida que introduz diversos limites de gastos (procedimento conhecido como de Gestão Administrativa), seja para as despesas do exercício (contingenciamento, limitação de empenhos), seja para o grau de endividamento. Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) entrou em vigor durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso. A LRF provocou uma mudança substancial na maneira como é conduzida a gestão financeira dos três níveis de governo. Tornou-se preciso saber planejar o que deverá ser executado, pois além da execução deve-se controlar os custos envolvidos, cumprindo todo o programado dentro do custo previsto. Após considerações acerca da LRF, para um melhor diagnóstico crítico, vale ressaltar definições sobre despesas públicas. Dentre as muitas definições de despesa pública, a mais adequada aos fins do presente estudo é aquela que a conceitua como “o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos serviços públicos” (1996, p. 65). A despesa seria entendida como uma parte do orçamento secionada ao custeio de determinado setor administrativo que cumprirá uma função ou atribuição governamental. De outra forma ela também pode ser entendida como aquela da qual se ocupa a Administração em sua AFE que, pelo critério político da decisão de gasto, objetiva atender ao interesse público, de forma direta ou indireta. A LRF classifica a despesa pública em duas categorias, as despesas obrigatórias de caráter continuado e as despesas derivadas de contratos e demais atos administrativos ou cuja repercussão não se estenda a três exercícios consecutivos. A escolha de qual necessidade será satisfeita pelo serviço estatal, concretizando-se em uma despesa pública, está a critério do Poder Executivo e alguns momentos do Poder Legislativo, que são os representantes escolhidos pelo povo ou impostos a ele, que têm a competência para tal decisão. É interessante notar que a escolha pelo critério daquilo que trará maior benefício à coletividade, não cumpre dizer que não implicará em uma desvantagem atual almejando a uma sólida vantagem futura. A Lei de Responsabilidade Fiscal, mesmo sofrendo diversas críticas desde sua criação, atinge o principal objetivo de sua elaboração, que é o do controle do gasto público, muitas vezes altamente descontrolado. Ainda que se aponte certa rigidez em muitos de seus dispositivos, a exemplo do controle dos arts. 19 a 23 com o gasto de pessoal, é digna de louvor sua atitude, até certo ponto pioneira, de criar uma sistemática controladora das finanças do Estado e de esferas subestatais (governos subnacionais e municípios). A LRF demonstra, sem dúvida, possuir grande completude no alcance do seu objetivo central, respaldada por todo o conjunto de normas que vão desde definições precisas de vários elementos legais, passando por disposições sobre estes mesmos elementos, e findando por referir-se a vários diplomas contendo sanções às atitudes públicas ímprobas. A Lei de Responsabilidade Fiscal é, pois, norma que deve ser preservada como requisito fundamental no tratamento sério da coisa pública e, conseqüentemente, no objetivo de uma nação estável e desenvolvida; ainda que sejam necessários ajustes no seu próprio texto, sua meta de racionalizar a despesa pública não deve ser deixada em segundo plano, mas sim entendida como razão da lei e do esforço daqueles que a cumprem.