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MEU PORTO

MEU PORTO
Chamo-te meu, porque foi numa parcela do teu solo,
que eu dei o meu primeiro grito de vida.
Conhecer-te, só o fiz passados alguns anos, e aprendi a gostar
de ti, como aprendi, a gostar da mulher que me trouxe ao Mundo
e que é a minha mãe, a quem eu quero muito.
A tua beleza e grandiosidade, encontram-se a cada passo…
nas Igrejas e Monumentos, que se encontram por toda a Cidade.

Assim como nos museus e as Muralhas Fernandinas, e mesmo ao lado,


a Sé toda imponente, olhando o rio que se deita aos teus pés,
e vai recordando o tempo, em que os barcos rabelos, rio abaixo,
transportavam o vinho do Porto.
Tens tanto de história para contar, que quase me perco nessas ruas
estreitas, onde casas já velhinhas, ali na zona ribeirinha
viradas para o rio, foram recuperadas.

Cidade minha, tens nessas casas, na ribeira e junto ao rio,


restaurantes típicos, onde se bebem dois copos, e se trocam
dois dedos de conversa, que tem de ser quase um sussurro, porque
ali ao lado, se vai cantar o Fado.
Para mim és a Cidade mais bela.
Esse teu ar austero, e por vezes soturno, para quem te visita
fazem de ti a cidade mais bonita.
Não posso deixar de dizer o quanto admiro o teu Rio que é Douro
uma rua que tem Prata e é das Flores, o Palácio que já foi de
Cristal, o Castelo que é do Queijo, aquela rua que mesmo de dia
é escura, o Santo que é João, e pelas ruas se festeja,
com alegria e animação.

E a Foz do Douro, que é linda, onde o rio devagar, vai levando as


suas águas até ao mar, que no seu murmurar dá-lhe um beijo.
E a tua Sé velhinha, que lá do alto, com seu ar sobranceiro,
vê tudo mais que eu não vejo.

Julho / 2000
DUAS CIDADES E UM RIO QUE AS UNE

Hoje perto do rio sentada, rio que admiro aqui do lado de Gaia.
Meu coração pulsa forte, porque dentro do meu peito, sinto e vejo
tal beleza, impossível descrevê-la.
Olho as águas do Rio Douro e quase pensar não consigo,
fico como que abstraída de tudo que me rodeia, e até o pensamento
consegue tornar-se lento.

Rio Douro o teu deslizar com brio, parece-me um desafio.


Eu julgo compreender, porque do lado da Cidade de Gaia
olho a Cidade do Porto, aquela que me viu nascer.
Aqui na Cidade de Gaia, de que tanto gosto e admiro,
pois é aqui que eu vivo.
Era criança quando aqui cheguei, os anos que já passaram
só eu sei.

Ò meu Porto. Tu na verdade viste-me nascer, cidade minha


terás ciúmes?... Por favor não penses assim, o mesmo rio
nos separa, mas também nos une através das suas pontes.
Quanta vez por elas já passei a pé quando ia trabalhar
era muito nova mas, deves lembrar-te.

Eu amo as duas Cidades, amo o Rio Douro que nos une


através das suas pontes.
Amo as tuas ribeiras, onde se passeia e se diverte
tanta gente, que como eu te visita.
Sempre te amarei Cidade do Porto, assim como amarei a
Cidade de Vila Nova de Gaia.
Cada uma com sua beleza, com muito de história par contar
a quem as quiser visitar e da beleza do seu Rio desfrutar.

Julho / 2004
A MINHA JUVENTUDE

Sinto dentro de mim, o mesmo que sentia na minha Juventude, cheia de


romantismo, os anos passaram e hoje já não sou
mais aquela Jovem, que gostava de dançar ao som de uma música espanhola, que
naquele tempo eu tanto apreciava.

Aquela romântica que escrevia poemas, desabafos de alma tudo escrevia com
sentimento, e grande emoção. Frente a um espelho, imaginava ser a personagem
de uma peça de teatro sem nome. Então, representava e, a imaginação e, o
sentimento eram tais, que até as lágrimas que caíam dos olhos, eram sentidas,
como se tudo aquilo fosse verdade, e as palavras bem reais.

Segui um rumo diferente na minha vida.

Sou feliz mas, dentro de mim, existirá sempre uma saudade, do que ficou para
trás e de tudo o que não fiz.

Sonhos da Juventude, que não passaram disso mesmo, apenas sonhos e ilusões,
Mas, não fiquei parada, isso eu não queria, nem conseguia, porque ainda tenho
Comigo a poesia. São os poemas que escrevo, a poesia que leio na rádio, e em
recitais, que preenchem em parte muitos momentos da minha vida.

E são eles que me dão alento, coragem, para poder assim passar o tempo, e o
meu dia a dia, com um pouco mais de alegria.

Outubro / 1999
SONHO E REALIDADE

Quando era jovem sonhava coisas belas.

Falava do que a alma me dizia e o tempo ia passando, e eu continuava a


sonhar e ninguém me compreendia.

Quem iria acreditar que uma garota morena, nascida ali ao lado, gostava de
cantar e tinha voz, até para o fado?
E ninguém imaginava que tanto escrevia poesia, mesmo sendo muito nova,
e também escrevia prosa.

Tinha amigas que sempre gostaram de me ouvir e acreditavam em mim. E já


fiz coisas que hoje já não faço e lembro com saudade.

Fiz teatro amador, não sei se fugi ao destino ou se me passou ao lado, e eu


não vi, de tão amargurada que eu andava.

Entretanto surgiu um grande amor na minha vida.

Sou feliz, tenho filhos e todos me dão alegria.

Mas, cá dentro ficaram guardados outros amores, que também me enternecem


como uma melodia e são a Música, o Teatro e a Poesia!

Abril / 2000
AQUI DIGO O QUE SINTO

Na minha Juventude escrevia o que me ia na alma,


e isso me ajudava a viver, tive sempre esta vontade e desejo.

Não escrevia por escrever,


além do que me ia na alma, falava do que me rodeava,
e a minha maneira de ver.

Pois é tudo quanto sinto, que eu no papel vou escrever.

Hoje ao ver a Juventude,


e o seu comportamento, sinto-me triste e desolada,
porque muitos não são como deviam,
porque da família não receberam o apoio e carinho, a que têm direito,
outros ainda são postos à margem pela própria sociedade.
Falta de amor, compreensão e trabalho são coisas bem reais,
nos dias que correm a nível Mundial.

É preciso corrigir o que está mal,


como o mau ambiente na Família,
falta de união, de honestidade, e tantas coisas mais.
Para que o Jovem se sinta mais feliz, e realizado,
precisa de apoio e de alguém pronto a ajudá-lo.
Serão eles os homens de amanhã, e é com eles que contamos.
Para isso é preciso que cada um se sinta realizado e feliz.
Porque bem lá no fundo, foi isso que ele sempre quis.

Abril / 1999
O MEU PRIMEIRO POEMA

Era uma linda manhã de Agosto, o calor já se sentia desde


muito cedo, como era meu costume, fui sentar-me lá no alto
perto da casa dos meus tios.
Por entre os pinheiros tinha um banco feito de improviso.
Tudo era calmo, e o meu olhar contemplava toda a planície
que se estendia a meus pés, deixando ver as terras cultivadas,
com as suas vinhas, já com cachos maduros.

Bem longe da minha frente, via serras em redor, e nas suas encostas
podiam ver-se as casas quase minúsculas.
Lá no alto o Astro Rei resplandecente, cada vez aquecia mais.
Apesar do calor, sentia-se uma leve e agradável aragem fresca.
Olhando em redor sentia-me maravilhada, com o quadro de beleza
natural, que eu redescobria a cada momento.
Na outra margem, estendendo-se num longo percurso e correndo veloz,
vai o comboio por entre os pinheiros, e a seu lado mas, mais lento,
passa o rio Vouga.

E eu não me cansava de contemplar, como se fora a primeira vez,


muito embora todos os anos, passa-se lá as férias.
Não me cansava de admirar, toda aquela deslumbrante beleza
que a Natureza me oferecia.
Aquele silêncio e o ar puro da serra, e toda aquela paisagem,
faziam-me sonhar, meu pensamento divagava e eu assim ficava,
horas e horas sem dar pelo tempo passar.

Como eu gostava daquele silêncio e do ar puro da serra,


só de quando em vez, ouvia um pássaro chilreando ou,
apenas um leve bater de asas.
Ali bem perto, recordo ainda, havia uma nascente que brotava
água cristalina, e murmurando baixinho naquela quietude descia.
Mas, nessa tarde, o silêncio foi rasgado de repente, pelo som
estridente do comboio, que na outra margem do rio passava.
Como corria veloz, sempre por entre os pinheirais, parecia
desafiar o rio, a ver quem corria mais.

De repente senti vontade de escrever, passar para o papel


aquele momento, e tudo o que sentia cá dentro.
Foram momentos inesquecíveis, únicos que sempre recordarei.
Depois como uma criança corri com uma folha de papel onde escrevi,
fui junto do meu tio, e pedi-lhe para ele ler.
Depois de o ler, olhou para mim e sorriu, senti que corria uma leve brisa.
Nesse momento, depois de um curto silêncio meu tio dizia.
Foste tu que escreveste, está lindo este poema,
acho que nasceu neste momento uma poetisa.
Setembro / 1997
QUEM SOU EU

Da vida pouco ou nada sei, ninguém me ensinou a amar, e por isso nunca amei.
Encontrei durante esta viagem terrena, pessoas que falavam
coisas que não entendi.
Só sei que existe o dia e a noite, que o Sol ilumina a terra e o
luar à noite faz-me companhia.
Assim compreendi a diferença, entre a noite e o dia.
Vivo ao sabor do tempo que passa, gosto da solidão que é minha companhia…
Apenas sei, que quando chove me sinto triste mas, quando vejo um
jardim florido, e o Sol me vier visitar, fico feliz mas, depois
de ele se ir embora, sinto vontade de chorar.

Este viver sem sentido, e o não saber porque estou aqui, levou-me
a ter coragem, e uma vontade louca de fazer coisas que nunca aprendi.
No meu peito sinto um sentimento tão profundo, que me impele a
descobrir toda a beleza que existe no mundo, talvez assim encontre
o que nunca tive, e uma razão forte que me leve a entender,
o porquê de eu estar aqui.

Agosto / 2002
GOSTO DA VIDA MAS GOSTO DE SONHAR

Como eu gosto de sonhar…


Sonhar faz-me bem, viver aventuras, ir a lugares que nunca vi.
Mas que em meus sonhos já vivi e como foi bom acordar.
Eu gosto da vida, do seu travo amargo, que por vezes me traz.
Porque quando sonho acordada, já não me lembro de nada, e por
isso sou feliz.

Amo a vida, como um sonho que me deleita, quando sinto quer há


algo de menos bom, que me espreita, então recorro ao meu sonhar.
Nos meus sonhos, ponho sempre claridade, amor e um pouco de saudade.
E para tornar mais belo ainda, se possível, tento agarrar
a felicidade, coisa rara.

Viver só por viver, não consigo conceber, é como se vegetasse.


Amo a vida, mesmo quando me traz dissabores, posso até ficar
magoada, triste e desolada.
Mas de viver não me arrependo, mesmo que me traga dor.
PORQUE SÓ SE AMA VIVENDO, E EU QUERO VIVER DE AMOR.

Novembro / 2000
QUERIA SER POETA

A vida para mim só tem sentido, se poder escrever poesia.


Deixar-me levar como a caneta que seguro entre os dedos.
E vai deslizando pelo papel, deixando escrito o que me vai na alma,
pode ser triste ou até alegre mas, traz consigo,
uma magia que me transporta, para lugares paradisíacos,
que me fazem sonhar, ou por vezes ver realidades de vida.
O que mostra e o que traz escondida.

POETA como eu gostava de ser, e nos poemas que escrevesse


pudesse dar alegria a quem sofre, amor a quem o não tem.
E poder enaltecer, nome da mulher mãe,
do jovem que luta por um ideal.
E a criança, que só traz alegria devia ser poupada de tudo o que de mau
existe.
Quem traz alegria, não deve estar triste.

Ser poeta é dar sem receber nada em troca.


É dar-se por inteiro, a tudo e todos com amor.
E que o seu poema, possa exalar o cheiro da mais linda flor.

Julho / 2000
POESIA É TUDO AQUILO QUE ESCREVO

Vem amor junto de mim, diz-me palavras belas,


que me farão sentir a mais feliz das mulheres.
Olha o luar como está lindo!
Esta noite foi feita para nos amarmos, e trocarmos beijos ardentes,
entre nós não pode haver mentiras, nem desilusões.
Quero que o nosso amor seja lindo como uma bela manhã de primavera,
que cheira a flores e é transparente como a água que corre e nada a detém,
nem as rochas que possa encontrar pelo caminho.
Repara, é o nosso amor, como ele vai apressado, corre, corre, sem parar,
preciso que o vás buscar.
Ele faz-me falta, é alimento para o nosso coração, alegria para a alma,
e eu sem ti, sem ele não posso viver, nem te quero esquecer.
Vem amor, faz-me um poema, e nele diz-me o quanto me amas,
porque eu amor, já disse tudo.
Amo-te e sem ti não consigo viver, a vida é bela.
Vem comigo viver este amor, que não pode morrer.

Setembro / 2000
COMIGO TROUXE SEMPRE A POESIA

Passaram por mim,


já cinquenta e sete anos, uma vida.

E sempre tive um pouco de tudo,


momentos maus, que faço esquecer.
Os bons, esses trago-os sempre comigo,
em meu poder.

E vou pensando no que já fiz,


e no que tenho ainda por fazer.
Dentro de mim desde jovem tenho por minha companhia,
tudo que escrevo e que leio que é Poesia.

Tanto tempo esperei que surgisse algo,


que alimentasse o gosto meu pela poesia.
E um dia aconteceu.

Já vai um ano, quando me disseram, que havia um programa,


onde eu podia ler o que escrevia.

E foi assim que comecei a ler os meus poemas,


e também prosa poética, dando assim a conhecer,
os meus trabalhos de poesia.
O que ainda faço com bastante alegria.

Não esqueço porém, todos os amigos que me incentivaram


e me apresentaram para eu ler os meus poemas, nas Juntas de Freguesia.
E são elas – a Junta de Santa Marinha e do bom Bonfim.

Agosto / 2000
SENSIBILIDADE

Sou sensível, sim, a tudo,


aos problemas mais profundos
que estão inseridos na sociedade em que vivemos.
Com eles deparamos a cada momento,
e preocupa-me bem fundo.
Não consigo passar indiferente,
a tanto mal e sofrimento
que vai pelo Mundo.
Mas há também, e não o esqueço,
a ingratidão de tantos
a quem alguém já deu a mão.
E outros que passam anos a queixar-se de tudo,
que nada está como devia.
Mas são incertezas de arregaçar as mangas,
e lutar com dignidade,
pelo indispensável à sua sobrevivência e da família,
No dia a dia.
Em casos como este,
a minha sensibilidade irá concerteza
ficar abalada,
pelo contraste que existe entre aqueles
que a sua vida é uma luta constante,
para viver condignamente
e sofrem, porque a vida é difícil,
e sem sacrifício não se consegue nada.
E há tanta gente ainda, que passam a vida a lamentar-se, mas
São incapazes de fazer sacrifícios, querem ter o preciso,
mas não querem fazer nada.
Mas a minha sensibilidade,
manifesta-se também pelas coisas belas.
Pela beleza do que nos rodeia, e tantas vezes passa despercebida,
não consigo ficar indiferente,
quando olho a imensidão do Mar.
Como também ao ver o pôr do Sol,
ou ao olhar o Céu estrelado.
Assim como os animais, os peixes, as árvores, as plantas.
Não posso, é impossível,
deixar de admirar,
tudo o que por Deus foi criado.
Mas beleza maior e mais completa,
é o próprio ser humano.
Pena é que muitas vezes
nem chega a ter consciência
do seu valor,
e vai-se destruindo aos poucos,
sem ter sequer a preocupação de saber
a razão da sua existência,
e para que fim foi Criado.

Janeiro / 2001
COMO EU SINTO A POESIA

Poesia, poesia, como eu sinto cada vez mais,


em cada dia !
Quando eu leio um poema de Alda Lara,
poetisa africana, que estando em Lisboa,
para tirar o seu curso,
Tanto ansiava por ir para a sua terra natal.
E em cada poema que escrevia (quem os lê, sente como eu),
sempre aquele apego à sua terra,
a saudade de tudo o que ela tem de belo,
ou menos belo, que interessa,
se ela diz num dos seus poemas:

“Sim, eu hei-de voltar, tenho de voltar,


não há nada que mo impeça
Em frente está a terra angolana a prometer o
Mundo a quem regressa”

A tudo se referia com tanta saudade e tal melancolia,


mas ao mesmo tempo determinada na sua luta
pela sua terra e seu irmãos de raça.
num poema seu, dizia:

“Irmão negro – Homem da terra,


junta a tua voz à minha,
e sob agonia quente deste céu
vem dizer também que a pátria não morreu”.

A poesia, sente-a quem a escreve e quem a lê.


embora seja minha, a poesia de Alda Lara,
quando a leio, transmito aos outros aquilo que está escrito,
mas eu sinto-a cá dentro como se fora eu a
viver cada momento.
Se isto é ser poeta, e sentir poesia,
cada hora em cada dia,
então sim sou poeta,
mesmo sem ter um livro escrito com a minha poesia.
Eu digo que sim,
sou poeta porque os meus poemas e a poesia,
está toda escrita e sinto-a dentro de mim.
AS MINHAS MÃOS

Quando nasci minhas pequeninas mãos mal abria.


Mais tarde, já com elas comia, brincava e minha mãe as acariciava.
Com as mãos mais tarde, muitas coisas conseguia fazer.
Com elas me lavava, me vestia e já na escola escrevia.
Com as minhas mãos, tantas vezes acariciei o rosto de minha mãe,
e de meus irmãos também.
Com as minhas mãos acariciava o homem que amava,
e mais tarde na igreja, para no dedo da minha mão a aliança colocar,
com amor e carinho lha fui entregar.
E foi com as minhas mãos e com muito amor,
que mais tarde meus filhos pude criar.
Com elas rezei e esmolas dei e tantas coisas que as minhas mãos já fizeram,
e tantas que ainda há para fazer.
Escrever poemas e folhear livros de outros poetas para ler.
Com as minhas mãos trabalhei em tecido finos,
moldei-os aos corpos e desfolhei figurinos.
Trabalhei com agulhas, peguei em dedais, tesouras e tantas coisas mais.
Com as minhas mãos ainda acariciei meu neto com tanto carinho
e faz-me lembrar as carícias que fazia ao meu filho quando era menino.
Com as minhas mãos que tanto já fizeram, espero porém poder ir mais além.
Porque enquanto eu as poder utilizar, eu não vou parar.
As minhas mãos, tão minhas, e para os outros se preciso for ajudar
enquanto eu as poder movimentar.

Março / 2001
A MINHA VIDA

A minha vida tem sido como escalar um monte bem alto.


Durante todo o tempo que tenho para viver, e é Deus
que todo esse tempo me concederá, só não sei se algum dia,
o Meu Eu ao topo chegará.
A vida até hoje tem sido para mim, uma tentativa de subir,
por entre escarpas, ou rosas com espinhos.

Mas nesta subida não tem sido fácil avançar, em certos momentos,
por não conseguir onde me apoiar.
Muitas vezes olho com medo de cair no abismo, mas depois ganho
coragem e de novo continuo a subir.
Mesmo não tendo onde me agarrar,
e deparo com a beleza da paisagem que me rodeia, e me dá forças
para continuar.

Mais tarde já cansada de tão longa caminhada, sinto desejo


de novamente para e ver se encontro algo que me dê coragem
para a subida desta vida continuar.
Olho ao longe e vejo gente que sofre calada, e quase desiste
de tão longa caminhada, e no horizonte nada vê que os encoraje,
e já cansados querem repousar.

Mas o silêncio é quebrado por alguém que grita, num outro lado,
pedindo ajuda, a quem também precisa de ser ajudado. E nesta
subida vou continuando enquanto Deus me ajudar.
É tão íngreme a escalada, chego a sentir-me desanimada,
mas se vim até aqui, não irei desistir desta escalada.

Março / 2002
VIVER DE NOVO

A vida que vivi até ao dia em que parti, poucas saudades deixou
neste coração magoado.
E por isso rasguei as folhas do meu diário.
Mais que folhas, foram anos de solidão, mas é já passado.

Tentei viver de novo em outro lugar, conhecer gente que não conhecia.
paisagens que me deslumbram.
Cantei para quem me quis ouvir, agradeci aos que me escutaram.
Ri com vontade, chorei sem saber porquê.
Beijei o Sol e a Lua.
Bebi água fresca que brotava da terra.
Caminhei por entre flores e cardos, descansei à sombra de frondosas árvores
Afaguei os cabelos de crianças que não conhecia.
Adormeci ao som de músicas que nunca ouvi.
Sonhei… E em meus sonhos era sempre Primavera, e havia
flores de beleza rara, que exalavam seu perfume inebriando toda a terra.
Sonhos… Mesmo de olhos abertos, sonhei com campos lavrados,
cheios de trigo ondulando.

Sonhei com rios, e vi as suas águas cristalinas deslizando para o Mar.


Caminhei descalça pela areia, deixando a marca dos meus pés.
Olhei o Mar, e o meu olhar perdeu-se naquela imensidão de água salgada.
Deitei-me sobre a areia, e fiquei a ver o Sol que se escondia para lá do Mar.
Vi gaivotas voando, e batendo as asas desapareciam no ar.
E eu, ali fiquei olhando as ondas e o seu murmurar.

Agosto / 2002
GOSTO DE CANTAR

Cantar, como eu gosto de cantar, um lindo poema que me traga à lembrança.


Um grande amor e a sua forma de amar.
Cantar traz alegria, traz poesia, e paira música no ar.
É por tudo isso que eu gosto de cantar.

Cantar à saudade de alguém que partiu, cantar com tristeza,


se a vida nos traz incerteza.
Posso cantar à criança que no seu berço eu quero embalar,
e com o meu canto, ela deixe de chorar.

Cantar ao Criador, um hino de alegria e de amor,


por nos ter dado tanto, e com beleza.
Cantar porque sou feliz, e amo a vida e a Natureza.

Junho / 2001
CANTAR COMO FAZ BEM

Cantar
como é bom cantar,
cantemos com alegria para que se torne
mais belo o nosso dia.
Até as aves cantam,
cada uma no seu tom,
quem lhes ensinou? Ninguém,
porque cantar também é um dom.
Mas nem por isso deixemos de cantar,
melhor ou pior que mal tem,
se cantar só faz bem.

Olhem as águas descendo,


descendo por entre serras e montes,
passando por entre as rochas,
vão cantando o seu hino ao Criador.
Depois percorrem os vales onde ficam parados,
depois das longas caminhadas.
Através dessa serras e montes,
onde têm a sua nascente,
e porque a água é pura,
mata a sede a tanta gente
que a procura.
E ela, a água, é toda doçura.

A água nunca pára,


nem cumprimenta quem a procura,
com a sua cantiga quase murmurada,
segue o seu caminho sem ficar cansada.
Ah! Se eu pudesse ser como a água,
matar outras sedes, que tantas há por aí,
e cantando, cantando a vida toda, se preciso fosse,
o meu cantar pudesse ajudar um pouco que fosse, tantas crianças,
ou Jovens com esperanças, e que já as perderam,
se as pudessem encontrar.
Que feliz seria eu,
podendo ajudar com o meu cantar,
trazendo esperança, maior confiança
e tudo de bom, que houvesse
para dar.

Setembro / 2000
CANÇÃO DE SONHO E LIBERDADE

E foi assim…

Aquela canção, nunca a tinha ouvido antes e a sua música,


Havia nela qualquer coisa que soava cá dentro, como
Um hino ao sonho, à vida e à liberdade.

Falava de partir e voltar, e dizia:


- Deixarei minha terra por ti, deixarei meus sonhos.
Ficarei longe daqui, chorarei ao recordar o amor que deixei.

Tive vontade de cantar e cantei, porque dentro de mim


alguma coisa se passava, não sei explicar, mas a canção
e a música continuava.

Serás como uma luz que segue o meu caminho.


Eu vou, mas te juro que um dia voltarei.
Partirei até onde o meu sonho me levar, e haverá um
lugar para ti, onde o céu se une com o mar.

Senti-me como que levada para lugares desconhecidos,


e pensei que bom seria partir, até que o meu sonho
me levasse.

Se eu pudesse partir livre, livre e só com os meus sonhos


eu pudesse viver, partir sem saber para onde,
só com o meu destino, que tivesse por companhia apenas esta
vontade louca de ir sem rumo, com uma luz que seguisse
o meu caminho.
Sonho ou ilusão que importa.

Se eu pudesse ir e um dia voltar feliz, mesmo sem saber


como tudo aconteceu, apenas saber, que o meu sonho não morreu.

Maio / 2000
SENSIBILIDADE – SENTIR A POESIA

Tenho saudades do tempo em que era jovem,


assim como de algumas coisas que fiz,
que eu sentia vontade de transmitir.
Algumas, as que consegui, muito feliz me senti.
E agora ao recordar, tantos anos já passaram
e ainda me sinto vibrar, porque os
meus sentimentos não mudaram.

Muitas vezes erradamente se pensa, ser jovem, ter saúde,


emprego e um lar, para ser feliz, deveria chegar.
Muito embora seja o fundamental, há sentimentos e sensibilidades,
que nascem dentro de cada um, e que em nada são iguais.
E tantos são os que dentro de si, sentem algo de especial,
e necessidade de transmitir, partilhar,
e ninguém saberá se não tiverem oportunidade para tal.
Uma tarde ouvi na rádio um Jovem de 86 anos,
que falava alegremente, ria até de contente,
e ao repórter dizia, que escrever não sabia,
como também não lia.
Ah… mas poesia ia dizendo, enquanto caminhava,
e ao mesmo tempo ria, falava da sua poesia que já fora editada.

Vivia sem família, mas tinha a poesia a quem muito queria,


E como ele, eram Património da terra onde vivia.
Como gostei de o ouvir, e da sua alegria, falava no seu País,
Das coisas que amava, e do que não quis,
e na sua poesia isto tudo ele diz.
Aquele homem de 86 anos, era um Jovem feliz,
e o segredo estava ali, deixando sair dentro dele o que sentia,
e era poesia.
E ler e escrever ele não sabia.

Dentro dele já não cabia,


tanta sensibilidade sem ser partilhada,
e então houve alguém que sentiu o seu valor.
e vendo que o merecia, mandou publicar a sua poesia.

Como eu o compreendo, e toda a sua alegria,


de ouvi-lo fiquei encantada, e tive vontade de dizer-lhe, e a todos:

BEM HAJAM, E MUITO OBRIGADA

Janeiro / 2001
PRECISO DE ESPAÇO

Hoje não consegui um pouco de silêncio,


para poder escrever,
e estar um pouco a sós comigo mesma.

Preciso de espaço, sim espaço,


não em metros quadrados,
mas aquele a que tenho direito como pessoa.

Poder estar só para escrever,


idealizar, recordar, e até cantar, se me apetecer.

Espaços fechados não, quero ver o Sol a nascer pela manhã,


para me trazer alegria,
poder ouvir os pássaros a chilrear todo o dia.
Quero ver a água brotando das fontes,
saindo das nascentes tão pura.
E poder ouvir as crianças brincando felizes,
Sem atravessar a rua.

É tão pouco o que peço,


acho que mereço,
eu nunca me esqueço de quem como eu,
vive pensando, sonhando talvez.
Eu sempre fico grata, a quem um dia,
me trouxe alegria,
e o bem que me fez.
A quem me chamou,
eu digo que vou, e não me recuso,
pois fico feliz.
E se alguém me pede,
ou está precisando,
de ouvir um poema, ou uma canção,
nunca digo que não.
Eu sei que há muita gente que, como eu,
sente falta de espaço, e sente cansaço, e falta de amor,
talvez sinta a dor de alguém que perdeu.

Mas se eu puder ajudar, a minimizar tanta dor,


nada mais quero,
senão ver tudo o que fiz,
ajudou afinal alguém,
A SER MAIS FELIZ

Setembro / 2000
O POEMA QUE NUNCA ESCREVI

TALVEZ UM DIA.

Que esse poema, fale só de amor, paz, fraternidade,


igualdade, perdão, carinho e amizade.

Possa escrever que as crianças, são felizes, crescendo no seu lar, com harmonia
e seus pais, vendo-as crescer, dando-lhes amor,
e o necessário, dia a dia.

E no poema que nunca escrevi possa dizer,


os jovens, sentem-se realizados, felizes,
e com o futuro do Mundo estão preocupados.

Que diga ainda, os doentes e os idosos,


estão a ser tratados, como convém, não lhes falte carinho,
e sentem-se apoiados, por todos, e a família,
só lhes quer bem.

Se um dia, eu conseguir escrever esse poema.

Como eu gostava, de poder dizer ainda, que as pessoas se ajudam umas às outras,
sem esperar recompensa,
e acrescentar ainda que entre ricos e pobres,
já não se sente tanta diferença.

E para terminar o meu poema, vou enfeitá-lo


com cravos vermelhos, e flores do campo,
e desenharei uma pomba branca,
com um ramo de oliveira
no bico.

E só depois descansarei,
porque meu poema,
finalmente pôde ser escrito.

Setembro / 2000
VISITA INESPERADA

Talvez há quinze anos, tive uma visita.


Recebia em minha casa, e dei-lhe alguma atenção.
Não o conhecia, mas dele já tinha ouvido falar.
Apresentou-se, chamo-me PARKINSON E VIM PARA FICAR.
Vou passar a ser a tua companhia, de noite e de dia.

Fiquei surpreendida, mas apesar de tudo não me apanhou desprevenida.


Já tem feito comigo mil diabruras, mas eu não cedo às suas impertinências.
Comigo nem sempre leva a melhor, no dia a dia e para o castigar
comecei a escrever poesia.
Mas não fiquei por aqui, muito embora me obrigue a dar alguns ais.
Eu para o castigar, levo-o comigo a assistir a Recitais.
E DO SR. PARKINSON HOJE NÃO FALO MAIS.

Outubro / 2002
SER PARKINSÓNICO

É preciso saber, para depois compreender.

Ajudar com uma palavra apenas, um gesto, um sorriso, uma conversa amena
onde não transpareça pena.
Conseguir algo que desperte interesse, e não lamento e assim
você vai ajudar a passar o tempo.

PARKINSON OU PARALISIA TERMELICANTE, é o nome da doença


Mas que nome esquisito, alguém já deve ter dito.

MAS O QUE É AFINAL?


É uma doença que não contagia, mas que nos faz muito mal.
Nenhum doente a outro é igual, mesmo sofrendo do mesmo mal.

Em 2002 eram 15 mil em Portugal, o número vai aumentando


a cada dia que passa, também pelo Mundo fora é assustador.
Mas nós os PARKINSÓNICOS, numa luta permanente vamos dizendo
não ao isolamento, é preciso ocupar o nosso tempo.
Os PARKINSÓNICOS, não são deficientes, são incapacitados.
No nosso dia a dia, travamos lutas com a ansiedade e a
força de vontade.

É PRECISO COORDENAR OS MOVIMENTOS, POR VEZES A TREMER OU COM


PASSOS LENTOS.
DORES MUSCULARES, MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS, OU COM PROBLEMAS
NA FALA E NO ANDAR, ATENÇÃO NÃO VÁ TROPEÇAR.

É assim o Sr. PARKINSON, quando vem é para ficar, ninguém o


autorizou, torna-se insolente e ri de contente.
Criatura asquerosa, não pense que leva a melhor.
Mesmo que nos queira impedir, a nossa luta é constante.
Por isso Sr. PARKINSON ACAUTELE-SE DORAVANTE.

Maio / 2004
COMO UMA AVE

Sou como uma ave incapaz de voar


Cortaram-me as asas e assim ando à deriva
Sinto-me presa à terra, mas o pensamento
Corre veloz como o vento
Assim vou continuar, até quando?...
Nunca saberei.

Mas tenho a certeza, que vou enfrentar esta prova.


Só Deus sabe porque assim o quis
Não me revoltarei, chorar não sei se o farei.
Meu corpo é fraco, e a alma sente-se amargurada
E o coração, esse coitado já tem sofrido tanto,
Nem ouso pedir-lhe nada.

Março / 2004
TU QUE ESTÁS AÍ E SOFRES

Sempre que possas sorri e fala com os outros de ti.


Partilha com os outros as tuas amarguras e não só.
A vida também nos traz alegrias, esperanças e sorrisos de crianças.
Nunca deixes que dentro de ti morra a esperança.
Canta sempre que poderes, ajuda-te a viver e os
músculos precisam mexer.
E dança se puderes, tudo isto ajuda a uma nova maneira de viveres
e serve de terapia para melhor viveres o teu dia a dia.

Nunca recuses uma ajuda, porque quem o faz fá-lo com ternura
e não espera uma recusa.
Sê positivo para te sentires bem com os outros, tens de estar
de bem contigo.
Já pensaste no sofrimento que vai pelo MUNDO? Desde as crianças
que são maltratadas essas inocentes, até muitas vezes pelos pais
e outras abandonadas. E nestas guerras sem sentido quanto sofrimento.
É preciso não esquecer, outros doentes com sofrimento, muitos
maiores nos HOSPITAIS COM DOENÇAS INCURÀVEIS, que sofrem muito mais.

Não penses só em ti, quem te rodeia também sofre e não se sente feliz.
Nunca penses que és um fardo para a família, tenta compreender
não é fácil verem-te sofrer, e nada poderem fazer.
Não te feches como uma concha, liberta-te e se poderes ajuda-os a viver,
verás que até tu vais aprender.
PROCURA UMA OCUPAÇÃO, DENTRO DOS TEUS LIMITES, e vais encontrar,
muito embora não acredites.
Fazer algo que te dê prazer, só precisas pôr a imaginação a trabalhar,
não pares nem por um momento, até descobrires uma boa maneira de passares o tempo.

E quando o Sol raiar podes até cantar, mas se por acaso chover,
deixa-te adormecer e embalar pela chuva que vai caindo devagar.
Não fiques triste, porque o amor existe para te afagar.
Procura a NATUREZA e desfruta da sua beleza.
E se poderes, vê o MAR com toda a sua grandeza e ouve o seu murmurar.
É de uma beleza rara, essa imensidão de água salgada.
E no final do dia, se fores ver o PÔR DO SOL ficas extasiada
vendo um espectáculo de cores, onde o CÈU parece tocar o MAR,
É tal o deslumbramento, que ali ficas sem dar pelo passar do tempo.

MARIA DA GRAÇA ALMEIDA

Outubro / 2004
GOSTAVA DE TER ASAS

Se de repente eu pudesse mudar, deixar de ser quem sou.


Numa grande ave me tornar, e com longas asas pudesse voar,
ter por tecto o azul do céu, e voar sem rumo certo.
Sentir-me livre, e com força, para poder chegar a um lugar,
que eu sei que existe, só para mim.

Ser livre, fazer coisas belas…


Por ponde eu passasse, pudesse lançar sementes e o seu fruto,
tivesse a beleza de uma flor de um lindo jardim,
ou na beira da estrada, fosse semeada, e que o seu perfume,
mesmo assim não se altera-se.

Mas ao voar, queria ir mais além semear a Paz onde ela não existe.
Semear pão onde ele continua a faltar.
Amor e carinho, cada vez mais raro e difícil de encontrar.
O amor que tanta falta faz em cada lar.
E as crianças? Tantas pelo Mundo fora, sem carinho, sem amor,
maltratadas, abandonadas.
Como eu queria ajudar.

Ah, se eu tivesse asas para poder voar, e as sementes,


que eu lançasse, as pudesse ver fortificar.
E depois os seus frutos, todos os que precisam, os fossem colher,
de longe eu pudesse assistir, que feliz me íris sentir.
Só de novo, eu voltaria a voar, e voando, voando sempre,
livremente até me cansar.
E um dia voltar de novo, e só depois descansar.

Junho / 2001
A MINHA ALMA INQUIETA

Este silêncio que me envolve, traz-me serenidade para a minha alma inquieta.
Por vezes sem razão, mas eu não consigo ser de outra maneira.
Sempre insatisfeita, por vezes triste e melancólica.
Nunca fui capaz, de mesmo estando alegre, ser muito esfuziante,
parece haver alguma coisa que me reprime,
não deixando que eu dê largas aos meus sentimentos.

Somente àqueles que me deprimem:

Sinto-me capaz, apesar de tudo, contagiar qualquer pessoa,


quando estou a atravessar a minha fase boa!
Mas se sinto que não estou nesse momento, que o que sinto é depressão,
prefiro ficar só no meu canto.
Essas coisas são só para mim, não tenho o direito de
contagiar quem quer que seja.

Depois tudo passa, é a vida, e eu sou assim.


Não, não quero que me lamentem, há quem esteja pior do que eu,
com toda a certeza, se o não disserem quem vai saber?
Porque eu não digo, apenas estou a escrever.

Este silêncio que me envolvia, deixou-me esta nostalgia,


e afinal falei só de mim, e não era isso que eu queria.

Talvez dissesse ou falasse,


da criança que rima com esperança.
Da mulher, dor, que rima com amor
ou da Natureza que rima com beleza.

Março / 2000
UM MISTO DE DOR, TRISTEZA E ALEGRIA

Sinto-me triste e com um grande desalento, que se foi apoderando de mim,


a pouco e pouco e quase sem me aperceber.
Vida, porque és tão cruel, por vezes não consigo ultrapassar o quanto me
fazes sofrer? Eu sei, há quem sofra mais, mas que posso eu fazer, se quando dói é a mim
que está a doer?
E eu sei, por vezes dás-me força para travar esta luta, mas lá vem um
dia em que eu não sinto força, nem vontade para continuar.
Mas, meu Deus, ajuda-me a encontrar algo que me faça tudo isto ultrapassar.
Tem que haver um meio, alguma coisa que eu possa fazer, par me sentir realizada.
Não, eu não posso ficar aqui parada!
Fez-se luz no meu espírito, como pude eu esquecer…
Os poemas, as noites mágicas de poesia, com todos os amigos a dizer os
seus poemas ou a ler outros poetas e eu gosto de poesia, gosto de
escrever.
É isso, são os poemas que leio, o que escrevo, o que ouço, é tudo isto e
os amigos, que vão fazer com que eu venha esta luta a vencer!

Haja poesia, poetas e amantes de poesia, pois é tudo isto que une e dá
alento e alegria para poder viver mais feliz e suportar esta dor e a
nostalgia que por vezes possa ter.

Julho / 2000
POESIA JÁ NÃO TE SINTO

Poesia, poesia, onde estás que não te sinto,


eras minha hora a hora, fosse dia ou fosse noite.
Porque estás de mim ausente,
pois meu coração não te sente,
e em seu lugar sinto uma mágoa constante.
Poesia, andaste comigo tantos anos que te considerava minha,
mas afinal enganei-me, deixei-me iludir
e já não me apetece sorrir,
porque és tão cruel?
Não vês a falta que me fazes,
sem ti não posso viver,
teria que voltar atrás para ver se era capaz de andar
sem a tua companhia,
porque só me dava alegria
e me ajudava a viver, mas se um dia voltares
para não mais me deixares,
vou abraçar-te e dizer-te:
Poesia nunca mais te afastes de mim.
Como posso eu viver assim?

Maio / 2000
SEM TI SINTO-ME SÓ

Aqui neste silêncio, de uma noite chuvosa e cheia de mistério.


Penso em ti, no nosso amor tranquilo, e por vezes arrebatado.
Falo a sós comigo, imagino-te longe e eu aqui esperando.
QUERO-TE COMO OUTRORA, NESSE TEMPO EM QUE ERAMOS JOVENS.
A juventude passou, mas apenas na idade.

Tu sabes que o meu coração continua a bater apressado,


sempre que te ausentas, ou quando chegas e vais ficar a meu lado.
Se um dia partisses e não voltasses sem me dizer o porquê da tua partida.
A vida para mim deixava de ter sentido.
SEM TI SINTO-ME SÓ, E COMO UMA AVE FERIDA.
É como se levasse contigo a minha própria vida.

AMO-TE

Outubro / 2002
SAUDADE E RECORDAÇÕES

Hoje fui ao encontro do lugar


onde vivi em criança até casar
Porque tive saudade da Igreja onde casei
e de momentos que não esquecerei.

Entrei na Igreja para orar


e a sós com Deus pedindo pelos meus
Quando saí reparei no jardim
era diferente e tinha bancos
ali me sentei e recordei.

Estava um lindo dia de Sol


Ao meu pensamento as recordações
fizeram sentir saudades desse tempo
Da juventude e de cada momento
Quantas horas felizes ali passei.

Já lá vão mais de quarenta anos


Mesmo assim não esqueci momentos felizes que ali vivi
pareceu-me voltar atrás no tempo
esse tempo em que vivi momentos de alegria
que não esquecerei nem um só dia.

Julho / 2003
TENHO SAUDADES

Saudades da aldeia onde nasceu minha mãe, porque nessa aldeia vivi momentos felizes na
minha infância, junto da minha avó Rosalina, era a única avó que eu tinha.
Parece-me estar a vê-la, toda vestida de preto e com um lenço que lhe cobria a cabeça,
mas onde assomava um pouco o cabelo, ondulado e branquinho com a neve que na sua
cabeça foi caindo.
Cheguei a andar na escola da aldeia, lembro as amigas com quem brincava e da ternura da
minha avó, quando me acariciava.
Tempos de infância que não mais esquecem, pois tenho sempre na lembrança. A minha avó
era uma pessoa bondosa, caridosa e muito religiosa, com sentimentos muito puros.
À noite, junto à lareira, rezávamos enquanto se fazia a ceia.
Os anos foram passando e nem por isso deixei de passar férias na aldeia, que para mim
teve sempre a recordação da infância e da beleza natural, que sempre me encantou com os
seus campos verdejantes, as vinhas com os cachos maduros, grandes pinheirais e águas
correndo pelos campos verdejantes, as vinhas com os cachos maduros, grandes pinheirais
e águas correndo pelos campos ou caindo pelas rochas, formando cascatas, que
desaguavam em pequenos lagos, onde nos dias quentes de Verão, se iam banhar as
crianças da aldeia.
Lá de cima do monte, onde a minha avó tinha uma eira, eu podia ver o casario da aldeia, o
velho cemitério, a torre da igreja onde os sinos davam as badaladas para lembrar aos
cristãos que ia começar a missa da manhã e pelas doze horas as Avé Marias ou a finados e,
já no fim da tarde, tocavam as Trindades.
Mas um dia a minha avó partiu.
Tinha chegado a hora, aquela avó, a quem eu tanto queria, partia sem que eu pudesse estar
a seu lado na hora da despedida.
Então, recordei um dia distante, não sei o dia nem a hora, quando a minha avó me dizia “
sabes, Maria da Graça, eu já cumpri a minha missão na terra. Se Deus me chamasse, eu ia
embora “, e assim foi.
Deus chamou-a e ela partiu e eu continuo a visitar a aldeia onde nasceu a minha mãe e
onde vivia a minha avó Rosalina, que era a única que eu tinha.

Janeiro / 2000
SENTI-ME PERTO DO CÉU

Já passaram alguns anos, dos quais guardo gratas recordações


e porque não saudosas.
Dentro da minha alma neste momento, sinto aquela paz
e a mesma melancolia, tão doce que sentia sempre que via
aquela deslumbrante paisagem e sentia aquele sossego
que tanto anseio por novamente tê-lo.
Era na aldeia onde nasceu, cresceu e viveu a única avó que conheci,
a minha avó materna.
Chamava-se Rosalina, vivi com ela um ano talvez
e ainda me parece ouvi-la dizer:
“Maria da Graça gostava que fosse sempre uma boa menina”.
Um dia mais tarde, Deus a chamou e eu nunca mais a vi
e quando olho a sua fotografia sinto cá dentro uma mistura
de tristeza e alegria, porque a minha avó era uma alma pura
e sinto que ela está bem.
Mas a vida continuou e sempre fui àquela aldeia,
ver a família e a paisagem que sempre me deslumbrou.
Fui sempre para o sítio mais alto que podia,
só dali podia ver e sentir o que via e sentia.
Era no início da tarde, o Sol escaldava
e as pessoas da aldeia descansavam.
Como me lembro dessas tardes silenciosas e calmas.
só ouvia o murmurar da água que corria ali perto
ou algum pássaro desperto.
Então eu olhava em redor e contemplava o casario,
a igreja que na sua torre o sino bem quieto
esperava a hora de chamar os fiéis para orar.
Lá em baixo aos meus pés um grande vale cultivado
e o rio que passava ao lado.
Meu Deus que beleza, olhando ao longe em frente parecia uma clareira,
as serras formavam um círculo, nas encostas pequenas pontes escuras
que se vislumbravam ao longe, eram aldeias que ali perdidas,
assim como aqueles que habitavam e viviam suas vidas.
Longe de tudo naquela quietude tal como eu.
Só o comboio que passava junto ao rio,
conseguiu com o seu apito estridente, romper o silêncio daquela quietude.
De tão distante que eu me encontrava, embora presente,
aquele som longínquo fez-me descer à terra.
De onde eu me sentia ausente.

Março / 2001
AMAR

Como é bom amar alguém, sentir dentro do peito e o


coração a bater mais depressa.
É abrir a janela logo de manhã e sorrir a quem passa.
É olhar o jardim que estiver mais perto e beijar cada flor
com o olhar enternecido.
É ouvir música no ar sem saber de onde vem.
Amor é um sentimento que nasce dentro de nós, é nunca
nos sentirmos sós.
O amor é um sentimento terno, que nos enche a alma e
nos acalma.
É sentir ternura, é sentir-se seguro(a), é confiar, é saber esperar,
é saber perdoar.
Quando se ama alguém e se é amado (a), sabemos que
afinal o amor existe e como é belo!
O amor deve ser cultivado e tratado com ternura, como se
fosse a mais bela flor de um jardim, que nasceu e cresceu
no nosso peito.
É preciso tratá-lo com carinho, como se fosse uma ave
pequenina acabada de nascer e queremos que viva,
para vê-la crescer forte e sadia.
Pois é assim que queremos que seja o nosso amor… eterno.
Mas se em vez de amor é paixão, então é melhor dizer que não.
Porque enquanto o amor pode durar para sempre,
a paixão pode incendiar, mas pouco dura, acaba de repente!

Fevereiro / 1999
POEMA TU E EU

Gostava de saber escrever um poema,


que falasse só de amor onde eu e tu
fossemos o tema principal.
E o nosso amor não fosse um caso banal.

O sentimento que nos une é bem profundo.


Foi despontando em nós na juventude, como uma semente,
que se lança à terra, e vai germinando, mas só cresce robusta,
se lhe dermos os cuidados que precisa.
Assim foi connosco, e hoje, ao fim de tantos anos
este amor ainda perdura.

E oxalá não acabe nunca,


porque sem amor não é possível viver.
Nem eu nem tu, e nós sabemos isso.
Não podemos destruir,
o que levou tantos anos a construir.

Nós construímos sobre uma rocha, para não desmoronar


e é por isso, que jamais deixaremos de nos amar.
Porque o sonho é lindo, amar é doce.
Por ti eu faria tudo, o que preciso fosse.

Julho / 2000
PENSANDO NO NOSSO AMOR

Aqui neste silêncio ouço a chuva a cair lá fora, hoje não há estrelas.
A noite está triste, o vento sopra forte e nada o detém.
O Mar galga tudo, e destrói tudo que encontra, árvores, casas.
Através dos vidros da janela, olho a noite, é só escuridão,
ninguém na rua, apenas o vento e a chuva.

As noites de chuva, negras como breu e o vento a soprar forte,


para mim torna-se um mistério, julgo ver alguém que me espreita.
Sinto-me arrepiar, será do frio, ou será o medo, que alguém
me esteja a espreitar.

Meu Deus que noite, a chuva fustigada pelo vento, bate forte
contra a vidraça da minha janela, a trovoada é forte de mais.
Sinto-me com medo, parece que o Céu vai desabar em cima de mim.
Eu aqui tão só, sinto-me tremer na solidão do meu quarto.
A cama está vazia, sinto falta da tua companhia.

Esta noite não sei se vou dormir, a culpa é tua, é do vento,


e também da chuva.
Tenho medo, sinto-me tão só, volta depressa para a minha companhia.
Sinto falta dos teus abraços nesta noite fria.
Algo me intimida, será o vento ou chuva? Ou esta noite tão escura?

Outubro / 2002
PENSO EM TI

É em ti que eu penso, quando acordo pela manhã.


É sem ti que nas minhas horas vazias, escrevo poesias.
É por ti que me agarro à vida, pondo de parte a dor,
e não me dar por vencida.

É POR TANTO TE AMAR,


QUE TENTO ESQUECER
QUANDO ME MAGOAS
E NUNCA ME DIZERES PERDOAS

É ainda contigo que conto, para me confortares e com teus


braços me abraçares.
É sempre assim contigo sou tudo, e por vezes nada, quando
durante a noite fico acordada.
É por amor que me entrego de alma e coração, por te amar
não sou capaz de dizer não.

Novembro / 2001
DEIXA-ME SONHAR

Deixa-me sonhar, viver na ilusão.


Deixa-me cantar uma canção, que fiz só para ti.
Deixa que o meu sonho vá mais além.
P’ra lá do mar perto do Céu.
Diz-me que todas as noites têm estrelas
e não deixarão de brilhar.
Deixa-me sonhar que o meu coração bate ainda
apressado quando te vejo chegar.

Deixa que eu siga a minha estrada, mesmo sem


saber para onde vou.
Quero continuar sonhando, dizer que estou aqui
quando não estou.
Diz-me que todos os jardins estão floridos
e que os campos sempre se encontram verdejantes.
Quero continuar sonhando com as serras e os montes.
Deixa-me sonhar ainda com as águas que deslizam
regando os campos, quero ver novos horizontes.

Não me acordes deste sonho, porque tenho sede de viver,


quero ver o Sol nascer no alto da serra.
Quero correr livremente pelos montes, sentir o cheiro
da terra e sonhar, agarrar o sonho e torná-lo verdadeiro.
Vem comigo viver a realidade, de um sonho que é só nosso.
Gosto de sonhar, porque me faz feliz, se outra coisa não posso.

Janeiro / 2004
RECORDANDO

Como me lembro com saudade, outros tempos outra idade.


Tudo nos era vedado, até pela sociedade.
Sempre curiosos, vendo tudo e nem sempre era verdade.
Os seus olhos curiosos, e uma mente tacanha, muitos usavam de manha.
Nossos olhos se cruzavam, e eram eles que ditavam a nossa forma de amar.

Sempre rodeados pela Família, do mais velho ao mais pequeno.


Meu Deus, o que nós inventávamos para poder ficar a sós.
E no silêncio da noite, eu e tu um pouco retraídos
sussurrávamos aos ouvidos, e depois mãos nas mãos,
trocávamos em surdina, no silêncio da noite
alguns beijos quase a medo, com sabor indefinido.

Tu que sempre foste o mais forte, disseste o quanto me amavas,


e que por mim esperavas.
Viver uma vida a dois, era o que eu mais desejava.
Depois, vieram noites estreladas, atitudes mais ousadas.
e um dia finalmente nossas vidas se uniram.
Já libertos daquela tirania, vieram dias felizes.
Podíamos até gritar ao Mundo todo o amor que sentíamos,
pois já ninguém nos calava, era um amor feito de felicidade
e Deus sabia que era uma realidade, este amor que não teve liberdade.

Hoje continuam os dias de felicidade, onde não conta a idade.


Neste amor tão profundo.
Quando um dia partirmos para o outro lado da vida,
será para continuar este amor sem conta nem medida.
e continuaremos a amar-nos, quem sabe num outro Mundo,
uma nova vida.

Novembro / 2004
A VERDADEIRA AMIZADE

COMO É BOM TER UM AMIGO

Prezo muito uma amizade, quando o é de verdade.


E de tal maneira que uma amizade assim, não é fácil encontrar.
Dizer-te sou tua amiga, assim só, sem mais nada, qualquer um pode dizê-lo.

Mas o mais importante, é a verdade dessa amizade, a sinceridade,


e o dizer, estou aqui, para quando precisares, não só de um ombro amigo,
mas também conta comigo, eu também conto contigo.

Será para conversar das coisas mais variadas,


que podem ser sérias, e até mais engraçadas,
que façam rir e estar contente.

Isso sim, é ser amigo, poder passar bons momentos,


que podem ser construtivos, instrutivos,
podem ser tudo o que uma boa amizade sadia,
pode dar também alegria.
Se essa amizade for boa companhia.

A amizade é um sentimento nobre, quando é desinteressada.


É-se amigo, porque alguma coisa se tem em comum.
Comungamos os mesmos ideais,
e as sensibilidades são iguais.

Porque para ser verdadeiro amigo,


não é preciso, depois do que aqui referi,
muito mais.

Outubro / 2000
O MEU PENSAMENTO SOBRE O AMOR

O Amor é um sentimento belo e tão profundo,


que igual não existe no mundo.

O Amor existe entre dois seres, quando por ele suas vidas
se encontra, ligadas e as mantém unidas, havendo nessa união
deveres e prazeres.

E será desse amor que os une que um dia poderá nascer um rebento.
Será esse fruto a que chamamos filho.
Também para ele vai haver amor, carinho e cuidados redobrados
para que nada falte àquele pequeno a quem amamos.

E o amor vai-se desdobrando, conforme a família vai aumentando.


E se hoje somos pais, amanhã seremos avós.

Porque de um outro amor nascerá outro ser a quem vamos amar


e por ele sentir grande afecto.

Será aquele a quem iremos chamar nosso neto.

Mas o amor não termina aqui porque há outras formas de amar.


Pois seria tão belo que todos os povos pudessem,
uns pelos outros o mesmo afecto encontrar.

Março / 2001
NOSTALGIA

Que se passa comigo, que pensamentos vieram à minha mente,


que me tornaram tão frágil e carente.
Que saudade senti de repente, dos meus filhos quando eram crianças.
Senti um aperto no coração, uma grande vontade de tê-los novamente
e fiquei assim parada largo tempo.
Eu sei que o tempo passou, deu lugar a outro tempo, que é de adultos
e esses adultos ganharam à sua maneira, independência.
Sempre apoiei a sua ida para viverem a sua própria vida, tal como eu fiz um dia.
Mas nem por isso deixo de sentir esta nostalgia, uma saudade daquele tempo,
em que partilhávamos tantos momentos, uns alegres, outros nem tanto,
mas havia sempre algum encanto.
Mas neste momento, sinto um vazio dentro de mim e com saudades
relembro esses momentos que para mim jamais terão um fim.

Março / 2002
MANDO SAUDADES

Cabo Verde! Oh Cabo Verde!


Tantas Ilhas! Tanto Mar!

Ilha do Sal
Tanto Sol
Céu Azul
Verde Mar

Tantas Ilhas! Tanto Mar!

Ilha do Sal
Mando Saudades
P’ra Minha Filha
P’ro Meu Amor

Ilha do Sal
Tanto Sol, Verde Mar

Mando Saudades
Diz a Ela P’ra Voltar

Cabo Verde! Oh Cabo Verde!

Ilha do Sal
Céu Azul, Verde Mar

Digam da minha saudade;


É tão longe, tanto mar…
Eu espero aqui até ela voltar
Volta, a casa que te viu crescer;
E tudo o resto está a mudar.

Aqui tens o oceano, tanto mar.


Tens ainda meus braços p’ra te abraçar, e
Tanta Terra, Tanto Céu, Tanto Mar.
A ALEGRIA DE SER MÃE

TER UM FILHO…

Disse certa jovem um dia, com certa emoção.


Era o que ela mais queria, ser mulher, amar e ser mãe.
E Deus deu-lhe essa grande alegria, de vir a ser mãe um dia.
Mais tarde a jovem mãe, quando nos seus braços,
o filho apertou de emoção, chorou.

Viveu para ele sempre preocupada, para que não lhe faltasse nada.
Na doença, ela por seu filho sofreu, rezou, chorou, estremeceu.
Já na escola, o acompanhava, dando-lhe o apoio que precisava.
E assim foi pela vida fora, o seu menino que ela tanto amava.
E por quem ela tanta coisa receara.
E por ele, a muito coisa renunciava, e por ele sempre trabalhou.
E era uma luta, cada dia que passava, mas sentia-se feliz,
porque nada lhe faltara, amor, carinho, alimentação e uma boa educação.

E hoje que já está um homem, com a sua mãe ele é muito dedicado.
Tal como ela, trata com amor e carinho.

E essa jovem mãe, que certo dia disse com emoção,


que ser mãe era o que mais queria, ainda hoje agradece a Deus esse dia.
Um dia um pouco distante, em que pegou no seu filho adorado,
que criou e lhe deu cuidado.
Agora sente-se muito feliz, por se tornar um homem,
e nos caminhos da vida nunca ter tropeçado.

Agora só pede com muita fé ao Senhor, que ele encontre a felicidade,


e se um dia, ela precisar de alguma ajuda, seja ela qual for, o seu menino,
que já cresceu, lhe possa dar o mesmo amor e carinho, que dela recebeu.

Abril / 2001
SER MÃE E SER AVÓ

Que alegria a felicidade, eu sentia dentro de mim,


sempre que se desenvolvia um novo ser, e durante
nove meses eu sentia crescer e mexer.
Era grande a ansiedade, até ao momento do seu nascimento.

Tanto amor eu tinha dentro de mim, e por todos eles


foi distribuído, de igual maneira.
Mesmo assim não terminou, para os meus três netos,
é ainda desse amor que lhes dou.

Sinto-me muito feliz quando olho em redor, e sinto que me


acarinham, e também recebo a minha dose de amor.
De tudo isso preciso, para me dar força e vontade,
de todos os dias ultrapassar fases menos boas que
um tal “ Senhor Parkinson “ me faz passar.

Também temos horas amargas, no nosso dia a dia.


Por vezes a alma grita e o coração chora de dor,
e nesse mesmo instante, a dor física nos aflige,
mesmo assim, existe sempre amor.
Inexplicável este sentimento, apesar de tanto sofrimento.

Outubro / 2003
E TUDO PORQUE VOS AMO

Para os meus filhos


Tó, Carla, Miguel e Isabel

Amo-vos e Sempre vos Amarei


Porque sou mãe, e fui eu que vos dei o ser.
Quantas noites passei quase sem dormir,
se algum de vós adoecia,
meu coração sofria.
Noutros momentos difíceis de superar, nos meus olhos corriam
lágrimas que eu disfarçava, e tudo porque vos amava.

Mais tarde na escola, com orgulho eu via os vossos progressos


Mas se algo corria mal, nos vossos estudos eu entristecia,
por querer dar-vos mais, e não podia.
Quantas vezes me privei de algo que eu gostava, mas para que
não vos faltasse o indispensável para levarem um vida sadia,
alegre e motivada, e tudo porque vos amava.

Que saudades sinto quando recordo o tempo das vossas brincadeiras,


assim como algumas das vossas asneiras como crianças que eram
algumas vezes as faziam, e eu logo vos repreendia, porque bater-vos raramente o fazia.
Recordo os vossos primeiros passos, as vossas birras
mas também, os vosso sorrisos, como eu me sentia feliz quando tudo corria bem,
quando vocês sorriam ou diziam as primeiras palavras,
era uma alegria, dentro de mim só sentia vontade de vos abraçar e rir à gargalhada,
e tudo porque vos amava.

E porque o amor de mãe jamais terá fim,


eu continuo a amar-vos mesmo sendo adultos.
E sempre me vou preocupar, se algo na vida vos corre mal.
Já cada um tem o seu lar, tal como eu tenho o meu.
Mas se algum de vós está doente, a minha preocupação é constante.
Os vossos filhos, que são os meus netos,
para mim são motivo de grande alegria,
e para eles no meu coração, existe amor desde o primeiro dia.
Sempre que os vejo sinto um grande contentamento
parece-me ter recuado ao tempo em que vocês eram crianças,
e no meu coração de mulher e mãe haviam tantas ilusões e esperanças.
Mas Deus foi generoso e deu-me este dom de escrever poesia,
para assim poder passar melhor o meu dia a dia.
Sinto-me realizada, pois também com a vossa companhia,
o que me traz muita alegria,
por sentir o vosso amor a cada dia.

Julho / 2004
TER MÃE

Minha mãe que feliz me sinto por se encontrar junto de nós.


Ó mãe… Sinto-me doente, o meu coração está triste e magoado
queria tanto tê-la aqui ao meu lado
Poder falar consigo e ouvi-la dizer
palavras que me consolam como se eu ainda fosse criança.

Feliz de quem tem a sua mãe como eu tenho a minha


Apesar de eu já ter netos, a minha mãe tem e sempre terá
o seu lugar no meu coração
É tão bom falar com a nossa mãe e dela receber consolação.

Recordar só as coisas boas do passado


E nós duas vivemos tantos momentos da nossa vida lado a lado
Só nós sabemos como foi duro o passado
Vivemos durante muitos anos uma ditadura dentro da nossa casa
Mas tudo isso não quero recordar, só falei por falar
Não esqueço nunca o quanto me ajudou para meus filhos criar.

Queria que seus últimos anos de vida fossem menos amargos


Ó Mãe… gostava tanto de a ter por companhia
lendo-lhe os meu poemas que tanto aprecia
Recordar apenas os bons momentos da nossa vida
Ver fotografias lembrando as férias na aldeia
aquela aldeia onde nasceu e tantas saudades dela
tal como eu.

Recordar a Família que já partiu


e a saudade que em nosso coração para sempre ficou
Recordar ainda esses anos que alguns anos atrás ainda lá viveu
Ainda daríamos umas risadas e passaríamos tardes bem passadas
Sabe mãe… Tenho um lugar no quintal onde gosto de me recolher
é debaixo do limoeiro, sinto-me lá tão bem
Como eu gostava de partilhar consigo tudo que me faz feliz
E tantas coisas que ninguém compreende nem dão atenção.

A doença e os anos por mim já vão passando,


não sei o que me reserva o futuro, o presente já eu sei
Quanto custam os dias a passar, queria tanto que me viesse ajudar.

Junho / 2003
ESTE POEMA É DEDICADO AOS AVÓS

Eu tive uma avó materna maravilhosa que recordo com saudade,


o tempo que vivi com ela e toda a sua bondade.
Tinha os seus cabelos todos branquinhos,
Seu rosto era sereno, o seu olhar era meigo e doce.
Lembro-me de em criança gostar que avó, minha mãe fosse.

À noite, junto à lareira nas suas mãos enrugadas,


desfiava ave-marias e eu acompanhava-a enquanto
se fazia a ceia, e o lume crepitava na lareira
Durante o dia, amanhava as terras como ela dizia.
Algumas vezes, a minha avó com a roca e o fuso
fiava a lã das ovelhas, ou o linho para outros fazerem uso.

Que saudades tenho desse tempo, era eu ainda criança.


Já pouco mais crescida, recordo ainda era Ela que
lavava e engomava as toalhas dos altares da Igreja.
Com que carinho tudo fazia, enfeitando os altares
com devoção e alegria.

Que saudade desses tempos em que ainda tinha a minha avó


com tanta ternura.
A minha avó era especial e muito querida,
e para todos uma santa criatura.

Janeiro / 2003
DIA DO PAI

Para todos os pais que o são de verdade.


Quero neste dia que é seu, deixar todo o meu carinho e amizade.
E a todos os filhos, que hoje podem sentir orgulho de abraçar o seu pai.
Que tal como a mãe são parte integrante do seu nascimento.
Eu direi que:

Ter pai é ter um amigo que brinca e conversa contigo.


Que te dá bons conselhos, te abraça e chama meu filho.
Que luta e trabalha para que nada te falte.
E podes ver nele um exemplo a seguir na vida.

Dá graças a Deus, porque o mesmo infelizmente não poderá dizer


alguns amigos teus.
E tu pai, tal como a mãe dignifica o teu nome
e não te deixes arrastar pela corrente.
Tu és pai, esposo, és homem e um amigo de sempre.

Março / 2001
MULHER

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