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Este trabalho não seria possível sem a ajuda da minha orientadora, que analisou

pacientemente as múltiplas variantes da dissertação, e sem a colaboração da Câmara


Municipal de Aveiro. Também não podem ficar em branco os amigos e família, por “aturarem”
com bom humor os devaneios sobre o trabalho, e as minhas colegas da Divisão de Museus e
Património Histórico, da Câmara Municipal de Aveiro.

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Índice

2. Aveiro e o mundo Arte Nova......................................................................................7


2.1. Contexto Internacional ............................................................................................7
2.2. Arte Nova em Portugal..........................................................................................11
2.3. Aveiro e as influências Arte Nova .........................................................................13
3. Património cultural – salvaguarda, gestão e marketing ...........................................19
3.1. Introdução aos princípios legislativos de salvaguarda do património ...................19
3.2. Algumas achegas aos tópicos actuais de gestão patrimonial...............................22
3.3. Marketing do património cultural – breve contributo .............................................26
4. Salvaguarda, gestão e dinamização do património Arte Nova aveirense ................29
4.1. Definição dos critérios e objectivos da estratégia de acção sobre o património
edificado de pendor Arte Nova de Aveiro ............................................................29
4.2. O Museu Arte Nova – proposta de musealização da Casa Mário Belmonte
Pessoa..................................................................................................................31
4.3. O circuito de Arte Nova.........................................................................................43
4.4. Os mecanismos associados de salvaguarda do património Arte Nova - Bolsa de
Salvaguarda Arte Nova.........................................................................................52
5. Conclusão................................................................................................................60
6. Fontes e Bibliografia ................................................................................................62
6.2.2. Património Cultural e Museologia .....................................................................66
Anexo 1 - Inventário do património edificado de pendor Arte Nova .............................71
Anexo 2 - Estudo para a elaboração do Roteiro Arte Nova .......................................140
Levantamento Roteiro Arte Nova - Avaliação dos elementos recolhidos ............141
Levantamento Roteiro Arte Nova – Modelo de Ficha ..........................................147
Anexo 3 - Imagens.....................................................................................................148
Imagens da Casa Mário Pessoa, futuro Museu Arte Nova ..................................149
Imagens do interior da Casa Mário Pessoa, antes da aquisição pela Autarquia .151
Imagens da família Pessoa .................................................................................152
Algumas fotografias da Imagoteca Municipal de Aveiro ......................................154
com edifícios Arte Nova.......................................................................................154

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1. Introdução

A presente dissertação de mestrado tem como objectivo propor uma estratégia de


salvaguarda, gestão e promoção para o património Arte Nova existente em Aveiro. A
metodologia de trabalho assentou em quatro fases de desenvolvimento do projecto: estudo e
definição do movimento Arte Nova à escala internacional, nacional e local; inventário do
existente em Aveiro; análise dos conceitos actuais de salvaguarda, gestão e promoção
patrimonial e, por fim, a aplicação destes pressupostos à realidade aveirense.
Visando o desenvolvimento do presente trabalho procedeu-se à:
- Elaboração das fichas de inventário reproduzidas no Anexo 1, procurando
sistematizar a descrição, localização e bibliografia conhecida dos imóveis. Ao
conjunto de 28 imóveis referenciados como ao gosto Arte Nova presentes em
Aveiro, optou-se por acrescentar o Mercado do Peixe, uma estátua funerária e
cinco jazigos do Cemitério Central, por considerar que possuem características
Arte Nova.
- Consulta de fontes e bibliografia sobre o movimento Arte Nova;
- Consulta de livros e artigos sobre museologia e gestão de património cultural;
- Delineação da estratégia de salvaguarda, fruição e promoção do património Arte
Nova aveirense, propondo o desenvolvimento do Museu Arte Nova, de dois
circuitos de visita e da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova. Para fundamentar a
proposta de precurso dos dois circuitos de visita ao património Arte Nova,
efectuou-se um segundo levantamento dos imóveis, cujas fichas se encontram
reproduzidas no anexo 2. Este levantamento visou, fundamentalmente, a
caracterização da envolvente e de acessibilidade aos imóveis.

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2. Aveiro e o mundo Arte Nova

2.1. Contexto Internacional

O movimento Arte Nova surgiu cerca de 1880 e foi impulsionado por uma conjuntura
política, social e económica aparentemente estável e propícia. A industrialização, bem como
as várias conquistas ao nível do progresso científico e técnico, encontram-se na génese deste
estilo, pois conduziram à criação de riqueza e ao desenvolvimento de novos estratos sociais.
Foram os burgueses enriquecidos e a recém-nascida classe média os verdadeiros
impulsionadores do movimento, no sentido em que não se reviam e identificavam com o
design dos objectos do dia-a-dia, bem como com os ideais arquitectónicos que até então
vigoravam e que se baseavam na reinterpretação de velhos estilos, nomeadamente o estilo
clássico, gótico, renascentista, barroco... Uma sociedade e um mundo em rápida mutação
carecem de um estilo que dê forma à sua nova aparência e ideal e, neste sentido, a Arte Nova
foi o primeiro estilo a, aparentemente, não radicar no passado, não se inserindo, portanto, no
conceito do revivalismo.
A Arte Nova surge, simultaneamente, como uma resposta à necessidade de
renovação sentida e como uma reacção à pseudo falta de originalidade dos estilos
caracterizados pelo revivalismo e, também, à uniformidade e mecanização trazida pelo
sistema de produção em massa, decorrente da industrialização. Neste contexto, vários grupos,
frequentemente com diferentes denominações mas partilhando do mesmo espírito, formam-se
e trabalham em diversos países na concretização de um programa amplo e novo, que
pretendiam que estabelecesse a ligação entre o passado e o presente, intervindo em todos os
domínios da vida.
A Arte Nova expandiu-se com uma rapidez considerável e assumiu diferentes cunhos
individuais, abarcando várias escolas regionais ou nacionais e recebendo diferentes
designações, conforme o local de implantação e desenvolvimento. Contudo, convém
salvaguardar a existência de princípios unificadores que a identificam e que dão coerência ao
movimento, salientando-se a inovação formal conjugada com a originalidade, mas também a
rejeição dos estilos formais, o recurso a novas técnicas de produção e a novos materiais
(como o ferro e o vidro), explorados tanto de forma estrutural, como decorativa e a adopção de
uma nova linguagem estética que se expressava através da linha extensa, curva, sinuosa, em
chicotada e através dos motivos florais, vegetalistas e femininos estilizados, bem como
sensuais.

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As formas curvilíneas preconizadoras da Arte Nova fizeram a sua primeira aparição
em Inglaterra, no âmbito do movimento Arts and Crafts, liderado por William Morris. Este
movimento defendia que o trabalho artesanal só sobreviveria no mundo de consumo se
possuísse uma forte componente artística. A adopção e adaptação deste conceito pelos
artistas vai dotar a Arte Nova de potencial para o desenvolvimento de estratégias económicas,
pois permitia e facilitava a recuperação de empresas falidas e a renovação de ramos de
artesanato em declínio (Sembach; 2004: 36).
A fusão deste ideal com o culto da linha introduz uma harmonia entre as diversas
artes presentes na concepção dos objectos e conduz à aplicação do conceito de arte total. O
conceito de arte total não é novidade, o que destaca a Arte Nova é a sua finalidade assente na
aplicação doméstica, participando os artistas na melhoria das condições da vida quotidiana,
através do desenho de objectos belos e funcionais (Tuffelli; 2000: 114). Ou seja, o arquitecto
não projecta apenas o edifício, mas também todo o equipamento, de forma bastante
detalhada, desenvolvendo-se uma nova concepção do trabalho artístico e nascendo o design
e o designer.
A Arte Nova inspirou-se directamente na natureza, muito especificamente na botânica,
tendo vindo também a colher influências formais e estéticas no gótico, no rococó, nas pinturas
japonesas e no folclore de inspiração celta. Geograficamente, os pólos centrais do movimento
são dispersos, salientando-se uma série de cidades, cada uma com uma interpretação
particular do estilo: Paris, Nancy, Munique, Berlim, Darmstadt, Bruxelas, Glasgow e Viena,
bem como Nova Iorque e Chicago. Este fenómeno aliado às diferentes denominações em
voga (Modern Style, Art Nouveau, Sezession...) levam a crer que, na época, não existiria um
formulário uniformizado, nem um sentido de unidade, até o estilo se encontrar em declínio, por
volta de 1905 (Champigneulle; s/d: 93).
Um fenómeno interessante, relacionado com a implantação do movimento Arte Nova,
passa pelo seu desenvolvimento em cidades periféricas, e, de facto, uma análise dos
principais pólos Arte Nova supra mencionados conduz à constatação de que esta novidade se
produziu de modo menos esclarecido nas grandes metrópoles (Sembach; 2004: 34).
Existem várias características que tornaram a Arte Nova um estilo que aliava a arte ao
comércio, salientando-se a não exclusão da utilização de máquinas no processo de produção
do objecto (ao contrário do preconizado por William Morris), o cuidado com os detalhes, a
beleza associada à funcionalidade e o, já referido, gosto pelos objectos do quotidiano. Esta
aliança encontra-se bem patente nas grandes feiras e exposições internacionais da época,
que foram igualmente fundamentais para a divulgação do estilo, nomeadamente as

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Exposições Universais de 1900, em Paris, e de 1901-02, em Turim. Por sua vez, a exposição
organizada em 1905, em Liége, simbolizou o fim da importância do estilo (Pinto, Meireles e
Cambotas; 2001: 790). As exposições universais eram, não só um motivo de incentivo para os
artistas individuais, que expunham as suas obras numa espécie de concurso, mas também
permitiam o contacto com as formas de vida e as expressões artísticas de países distantes,
inspiradoras, pois apresentavam uma arte original sem influência europeia (Art Nouveau;
1980: 9).
Outro importante recurso para a divulgação do movimento Arte Nova foi a imprensa
da época. O estilo não era explorado em artigos específicos, mas no design da própria
publicação. Esta tendência também se constatou em Portugal, nomeadamente na revista
mensal “Serões” e na “Ilustração Portugueza”. Em Aveiro, o jornal local “O Povo de Aveiro”
também apresentou design Arte Nova, salvaguardando-se o facto das datas para Portugal e
Aveiro serem tardias em relação ao resto da Europa, conhecendo o seu apogeu ao longo das
décadas de dez e vinte.
No que concerne à arquitectura, em primeiro lugar, convém esclarecer que esta pode
ser entendida como o pano de fundo sobre o qual se compreendem claramente as várias
criações da Arte Nova. Em segundo lugar, muitos dos nomes mais influentes do estilo Arte
Nova eram arquitectos: Victor Horta, Hector Guimard, Henry van de Velde, Peter Behrens,
Rennie Mackintosh, Antoni Gaudi...
A nível técnico, a arquitectura Arte Nova representou uma nova forma de explorar as
técnicas e os materiais, nomeadamente o ferro, o vidro, o aço, o betão e o betão armado,
usando-os, simultaneamente, como materiais estruturais e de acabamento, e acima de tudo
tirando partido da sua flexibilidade/maleabilidade. A utilização do ferro e do betão permite dotar
os edifícios de estruturas fortes e leves, potenciando a utilização de formas curvilíneas e
orgânicas na concepção espacial e decorativa do imóvel.
No que concerne aos aspectos decorativos, a sua importância patenteia-se tanto ao
nível dos exteriores, como dos interiores, sendo o ornamento um dos elementos fundamentais
desta arquitectura e mostrando-se, consoante os arquitectos ou as “escolas”, exuberante,
estilizado, geometrizado, naturalista ou orgânico. A maioria dos arquitectos deste gosto foram
simultaneamente artesãos e designers que conceberam móveis, peças de louça, papel de
parede, equipamentos e objectos de decoração, sempre em harmonia com o projecto
arquitectural. Ou seja, constata-se a presença do ideal da arte total e o princípio da “unidade
das artes” (Pinto, Meireles e Cambotas; 2001: 794).

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Os arquitectos Arte Nova expressam-se em várias tipologias urbanas (prédios,
moradias, lojas, bancos...), sobressaindo, consoante os países e os arquitectos, variantes
específicas e originais dentro do estilo. Não se pode deixar de salientar que coexistem duas
correntes arquitectónicas aparentemente dicotómicas, mas que, contudo, possuem a mesma
raiz e cuja a única verdadeira diferença reside no ênfase colocado na decoração. Assim,
constata-se a existência de uma variante em que a aplicação dos novos materiais e sistemas
construtivos é acompanhada de uma forte estética ornamental, patenteando motivos florais,
naturalistas e curvilíneos, de que os trabalhos de Victor Horta são um bom exemplo, e de uma
corrente em que os edifícios apontam para uma forte concepção estruturalista, demonstrando
uma tendência geométrica e funcionalista, desempenhando a decoração um papel menos
marcante, quase secundário, estando muitas vezes presente de forma abstractizante e que os
imóveis concebidos por Peter Behrens exemplificam (Pinto, Meireles e Cambotas; 2001: 794).
Além da arquitectura, um dos maiores contributos do Modernismo e da Arte Nova, em
particular, passa pela importância conferida às artes aplicadas, tendo como principal objectivo
a revalorização dos objectos, concedendo-lhes qualidade formal e estética numa época em
que prevalecia a produção industrializada e o consumo capitalista. Neste contexto, em muitos
países surgiram esforços no sentido de empenhar artistas, artesãos e industriais na criação de
objectos úteis, funcionais e estéticos que pudessem ser produzidos industrialmente,
contribuindo, desse modo para a qualidade de vida do quotidiano. Assim como acontece na
arquitectura, também é possível distinguir tendências e particularidades noutros contextos.
Destacando-se:
- Em Nancy, artistas como Jean Daum, René Lalique, Emille Gallé e Louis
Majorelle trabalharam em vidros, cristais lapidados, marchetaria e mobiliário,
respectivamente;
- Em Paris, desenvolveram-se as artes gráficas ligadas ao cartaz publicitário e
também à ilustração de jornais, livros e revistas;
- Em Darmstadt, trabalharam Olbrich, Peter Behrens e outros, que se salientaram,
sobretudo, na metaloplastia.
O estrondoso sucesso artístico e comercial destas obras em todo o mundo ocidental,
identificam a época em estudo. Paradoxalmente, foi essa excessiva divulgação que motivou o
seu declínio, pois, tornada moda, a Arte Nova e os seus artefactos vulgarizaram-se e
perderam qualidade estilística.

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2.2. Arte Nova em Portugal

Da leitura do primeiro sub-capítulo conclui-se que o movimento Arte Nova radica em


dois aspectos fundamentais: o processo de industrialização e a estreita ligação entre função,
forma e decoração. A aliança entre estes dois factores conduziu a uma nova concepção do
objecto utilitário e à valorização estética das peças de uso quotidiano. Simultaneamente,
constata-se que se originou uma nova conjuntura, onde o comércio se aliava à arte e em que
se esbatia a tradicional dicotomia entre Belas-Artes e artes decorativas.
Contudo, Portugal não era, nos finais do século XIX, um país industrializado e o seu
crescimento económico assentava no desenvolvimento das vias de comunicação. Assim, não
se encontrando presente um dos principais critérios de desenvolvimento do movimento Arte
Nova – a industrialização e as transformações sociais e económicas que lhe são inerentes –
compreende-se que, no país, este não se tenha implantado como um estilo florescente e
criativo, assumindo uma presença relativamente discreta (Veloso e Almasqué; 2000: 34).
Por outro lado, cerca de 1890 quando a Arte Nova se encontrava em apogeu na
Europa e o design assumia protagonismo, em Portugal, as tendências artísticas apontavam
para a salvaguarda das artes e tradições populares, corrente esta, directamente relacionada
com a problemática do Ultimatum inglês (1890) e o exacerbamento nacionalista subsequente
(História da Arte Portuguesa, vol. III; 1995: 437).
A sociedade portuguesa não se mostrou muito receptiva ao novo estilo e ao contrário
da Europa em que o movimento foi impulsionado pela classe burguesa ávida de modernidade
e diferenciação, em Portugal a preocupação passava pela conformidade e aceitação social
através da criação de uma imagem pública credível, optando pela ostentação de gostos
aristocráticos e pela inspiração em estilos do passado, nomeadamente ao nível da
arquitectura.
O cenário agrava-se sob a influência do importante arquitecto Raul Lino que, tendo
estudado em Inglaterra e na Alemanha, sofreu influência das correntes modernistas e do
movimento Arts and Crafts. A sua maior preocupação centrou-se na procura das raízes da
arquitectura nacional, de características específicas, que permitissem conduzir ao
aparecimento da “casa portuguesa”. O seu traço assumiu características nacionalistas e
românticas, que não deixando de ser inovadoras, significaram um afastamento progressivo
das correntes decorativas modernas em voga no resto da Europa. Neste âmbito, salienta-se,
contudo, uma característica interessante e que se irá verificar em Aveiro, nas “casas

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portuguesas” projectadas por Raul Lino e também por outros arquitectos: trata-se da utilização
frequentemente de azulejos ornamentais ao gosto Arte Nova (Veloso e Almasqué; 2000: 38).
Este contexto condicionou o desenvolvimento do movimento Arte Nova, em Portugal,
e afectou a sua época de implantação que se pauta por ser tardia em relação ao resto da
Europa. O gosto Arte Nova desenvolve-se, em território nacional, entre 1904 e 1920, ou seja,
concomitantemente ao seu declínio e desaparecimento nos restantes países europeus.
Simultaneamente, a envolvente social da época conduziu à introdução de alguns aspectos
típicos da cultura tradicional portuguesa nas manifestações Arte Nova, podendo levantar-se a
questão de saber se, na realidade, o país possui manifestações Arte Nova.
De facto, constata-se que, na arquitectura, a Arte Nova cresceu subsidiária da
arquitectura tradicional, não possuindo traçados estruturais e volumetrias próprias; isto é
tornou-se inovadora, sobretudo, nos materiais e nas técnicas, acabando por intervir,
fundamentalmente, ao nível da decoração. O gosto Arte Nova expressa-se nos trabalhos de
serralharia artística, de cantaria ou de massa de cimento, ocupando portões, gradeamentos,
varandas, escadarias, mansardas, molduras de portas e janelas, mísulas, florões, etc. Estes
elementos decorativos podiam ser integrados pontualmente nas fachadas ou, menos
frequentemente, em fachadas inteiras, como acontece com as dos “palacetes brasileiros”.
Pontualmente, constata-se a sua integração em construções mais antigas, sendo exemplo
deste fenómeno a fachada da antiga Sapataria Miguéis e da Casa Espanhola, em Aveiro
(Pinto, Meireles e Cambotas; 2001: 818).
Os suportes privilegiados da Arte Nova passam pelas residências familiares de
pequena e média dimensão, pelos prédios de arrendamento e pelos pequenos espaços
comerciais – padarias, sapatarias, joalharias, lojas de modas, etc. Por aqui se conclui que os
proprietários destes imóveis foram os principais impulsionadores do estilo Arte Nova nacional
e que, em geral, se encontravam entre os pequenos e médios comerciantes e industriais,
destacando-se o seu refrescante sentido do moderno e cosmopolita.
Os principais focos da Arte Nova nacional encontram-se em Aveiro, cujo caso
particular será analisado no próximo sub-capítulo, em Lisboa e no Porto. No que concerne ao
caso lisboeta, na abordagem da arquitectura de pendor Arte Nova torna-se imprescindível
referir o trabalho de Ventura Terra, Norte Júnior e Miguel Nogueira, que com alguma
frequência introduziram apontamentos de pendor Arte Nova nos seus projectos (Anacleto;
1997: 28). Contudo, de um modo geral, a Arte Nova que mais frequentemente se visualiza, em
Lisboa, passa por ornatos aplicados em fachadas de prédios de qualidade arquitectónica
variável e, por vezes, de construção bastante mais antiga, assistindo-se ao predomínio da

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utilização do azulejo como elemento decorativo presente em frisos, frontões e na linha
divisória dos diferentes pisos (Veloso e Almasqué; 2000: 43).
Na cidade do Porto visualizamos um cenário particular, distinto de Lisboa. Os
elementos Arte Nova encontram-se presentes na decoração parcial de fachadas, estando o
estilo representado ao nível do primeiro andar, quando o imóvel se destinava ao comércio e,
mais pontualmente, também se podia observar a decoração integral de fachadas. O surto de
construção que se verificou na cidade no princípio do século XX, foi dominada pela figura do
arquitecto José Marques da Silva, cujas tendências eclectizantes constituíram um entrave à
aplicação da Arte Nova (Carvalho; 1997: 258).
Neste âmbito, verifica-se que a arquitectura portuguesa da época se caracterizou por
uma grande variedade de estilos, limitando-se a Arte Nova a desempenhar quase só um papel
decorativo, sem no entanto ser assumida como um “projecto coerente, tanto mais que, na
grande maioria dos casos, a sua influência se limita às fachadas dos edifícios” (Veloso e
Almasqué; 2000: 45). Pode-se concluir que o movimento Arte Nova não foi assimilado na sua
totalidade pelos arquitectos portugueses e este fenómeno encontra-se claramente patente no
traço dos edifícios que, ao nível de interiores, estrutura e volumetria não apresentam
características inovadoras.
As artes decorativas, elemento preponderante do movimento Arte Nova europeu,
assumem em Portugal um papel secundário, excepto no que concerne o azulejo. No campo
das artes decorativas foi a azulejaria a área que contribuiu com uma representação original,
vasta e variada, destacando-se o nome de Rafael Bordalo Pinheiro. Outras áreas, como os
vitrais e as tapeçarias não chegaram a ter uma presença significativa. A influência sobre a
marcenaria fez-se sentir de forma perene e instável, destacando-se somente os modelos
criados pela Carpintaria Artística de Lisboa, assim como um quarto de dormir da autoria de
Tertuliano Marques, as cadeiras desenhadas por Raul Lino e um salão ao gosto Arte Nova
concebido para o palacete do banqueiro Sotto Mayor (França: 2004; 67). Ainda ao nível das
artes decorativas, salientam-se as já mencionadas artes gráficas, com algumas publicações
periódicas – “Ilustração Portugueza” e “Serões” – a aderir o novo grafismo através das
ilustrações e das molduras utilizadas na paginação.
2.3. Aveiro e as influências Arte Nova

O século XIX, em Aveiro, iniciou-se com uma grave crise económica e social,
originada por problemas decorrentes do estrangulamento da barra, o que afectava,
gravemente, a circulação de produtos e pessoas. A situação só se encontra resolvida em

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1808, mas a desejada retoma económica da região não surgiu tão rapidamente quanto o
desejado. O panorama nacional, na altura, devido à independência do Brasil, à expansão das
ideias liberais, às guerras civis e às sucessivas crises económicas centrava-se numa grande
desconfiança. Para reparar a barra tornou-se necessário proceder a diversas obras capazes
de disciplinar as marés e, finalmente, alcançarem-se boas condições de acessibilidade. Nestes
trabalhos da barra foi aproveitada bastante pedra proveniente da demolição dos restos da
muralha tardo-medieval (Rodrigues e Graça; 1996: 48).
Na sequência deste contexto não surpreende que num relatório do Governo Civil,
realizado em 1847-1848, se salientem vários aspectos negativos – as obras da barra
resolveram os problemas de circulação de bens, mas afectaram a fauna piscícola local,
registando-se reduções significativas nos lucros da pesca; a falta de vias de comunicação para
o interior; escassez de indústrias locais, salientando-se o caso da indústria cerâmica, pois só
existia uma fábrica de “louça muito ordinária” e que sofria a competição da Fábrica da Vista
Alegre e das unidades de produção do Porto – conduzindo este contexto, a um cenário
descrito como de “progressivo abatimento e decadência” da cidade, visível no decréscimo
populacional e na fuga para as cidades vizinhas e para as freguesias de pendor rural (Braga;
1995: 195 a 200).
Face a este panorama, a política fontista apresentou-se fundamental para a
recuperação da região, visto visar o desenvolvimento das vias de comunicação, na medida em
que melhoradas condições de acesso significaram um novo fluxo de população para o litoral
aveirense. A partir de 1864 a cidade conta com o caminho-de-ferro que lhe permite
estabelecer uma rápida ligação com Coimbra, Lisboa e Porto. Alguns autores da época
referem, inclusivamente, que “... só depois da passagem da linha férrea em Aveiro é que os
seus melhoramentos se foram desenvolvendo sucessivamente” (Sousa; 1940: 89), verificando-
se que, de um modo geral, a cidade saiu beneficiada de todos os projectos que visavam uma
ligação mais eficaz a Lisboa e ao Porto.
Simultaneamente, constata-se algum desenvolvimento industrial, principalmente no
sector das cerâmicas, tendo a Fábrica da Fonte Nova, com forte produção azulejar ao gosto
Arte Nova, sido criada em 1882.
A ascensão de Aveiro a capital de Distrito, também irá originar novas preocupações
com a gestão do espaço urbano, surgindo a necessidade de erguer modernas estruturas
militares (dois quartéis), assistenciais (hospital da Misericórdia) e administrativas. Este surto
construtivo acabou por beneficiar a área do ensino, edificando-se o liceu (1851) (actual Escola
Secundária Homem Cristo) e a Escola de Desenho Industrial (1893), da qual Francisco

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Augusto da Silva Rocha, um dos expoentes da Arte Nova aveirense, assumirá a direcção
durante quarenta anos (Neves; 1997: 33). Ou seja, a partir de 1898 e até á década de 1930, a
cidade sofreria muitas modificações. A construção da Avenida Dr. Lourenço Peixinho e do
Mercado Manuel Firmino, bem como a remodelação do edifício do Governo Civil são alguns
exemplos das transformações ocorridas.
O surgimento de imóveis com características Arte Nova encontra-se associado ao
cenário de crescimento e prosperidade da cidade. A primeira manifestação Arte Nova no
município foi a construção do Fontanário das Cinco Bicas ( ficha n.º 28 do Anexo 1) e que data
de 1880. Contudo, se esta construção é contemporânea de algumas das melhores
construções Arte Nova europeias, o estilo só se expressou claramente, na cidade, a partir de
cerca de 1904.
A adopção do gosto Arte Nova pode ser seguida nas notícias publicadas no jornal
local “Campeão das Províncias”. Em 1903 pode ler-se – “cresce a febre das construções em
todo o concelho. Não há reunião da Câmara Municipal em que não apareçam uma ou mais
dúzias de requerimentos pedindo licença e alinhamentos para obras, grandes e pequenas, e
assim é que não tem mãos a medir os fabricantes de adobes de Esgueira, nem as fábricas de
telha marselhesa...”1 – o que bem comprova o surto construtivo urbano. Passados dois anos,
as notícias já são mais específicas relatando a construção da Residência Francisco Augusto
da Silva Rocha e, em 1908, a de Mário Belmonte Pessoa, destacando-se, respectivamente, as
seguintes passagens – “[Aveiro] vai tomando uma feição mais civilizadora, pois, ultimamente,
tem sido construídas casas de bela aparência, como são as dos Srs. Francisco Augusto da
Silva Rocha, distinto director da Escola Industrial...”2 e “...a nova edificação que o capitalista,
Sr. Mário Belmonte Pessoa, anda realizando no Rossio é o que de mais moderno e
característico se tem feito...”3.
Atentando na expressão – “capitalista” - utilizada para descrever Mário Belmonte
Pessoa, verifica-se que o estilo foi importado para a cidade por burgueses enriquecidos –
comerciantes e industriais – mas também por emigrantes recém chegados do Brasil – os
“torna-viagem”. Esta realidade, semelhante ao que se verificava no resto do país, veio a
desempenhar um papel marcante no desenvolvimento do movimento Arte Nova à escala local.
Em primeiro lugar, compreende-se que os edifícios ao gosto Arte Nova se pautem por

1 Campeão das Províncias, n.º 5284, Aveiro, de 10 de Outubro de 1903.


2 Campeão das Províncias, n.º 5497, Aveiro, de 8 de Novembro de 1905.
3 Campeão das Províncias, n.º 5719, Aveiro, de 11 de Janeiro de 1908.

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constituírem residências unifamiliares, muito pontualmente associadas a uma actividade
comercial (na actual Pensão Ferro funcionava uma marcenaria e na Residência Francisco
Rebelo dos Santos uma padaria). Em segundo lugar, excepcionalmente, os elementos Arte
Nova eram aplicados em imóveis de construção mais antiga por estes possuírem espaços
comerciais no rés-do-chão (Antiga Sapataria Miguéis e Casa Espanhola).
Neste contexto, a análise dos edifícios leva a concluir que a palavra chave para a
compreensão do fenómeno Arte Nova aveirense é “ostentação”. Na realidade,
sistematicamente, verifica-se que os aspectos ao gosto Arte Nova se concentram nas
fachadas principais dos imóveis, só muito excepcionalmente estando patentes nos interiores.
Existem, em Aveiro, três exemplos de concepção de interiores recorrendo a decoração de
pendor Arte Nova – a Fundação João Jacinto Magalhães, antiga residência do Dr. Peixinho,
um conceituado jurista local, e as Casas Francisco Silva Rocha e Mário Belmonte Pessoa –
verificando-se, contudo, que nestes casos se resumiam às áreas públicas, onde se procedia à
recepção das visitas.
Por outro lado, este aspecto original da região revela que não havia um entendimento
verdadeiro do que era o ideal Arte Nova europeu, tendo o estilo sido aplicado, quase com
ingenuidade, somente nos aspectos decorativos das fachadas e não afectando a volumetria e
concepção espacial das edificações. Na realidade, corroborando esta análise, pode referir-se
que o estilo era frequentemente descrito na imprensa local como “estilo de Aveiro”.
Esta interpretação permite constatar que o grupo de responsáveis pela introdução e
difusão do estilo na cidade era bastante restrito, destacando-se o nome de Francisco Augusto
da Silva Rocha. A Francisco Silva Rocha é atribuída a autoria de uma grande parte dos
imóveis Arte Nova de Aveiro e, tendo desempenhado a função de docente, influenciou
directamente o trabalho de vários jovens desenhadores e mestres-de-obras. Simultaneamente,
o surto Arte Nova é, também, associado ao nome de Ernesto Korrodi (referência nacional e
amigo pessoal de Francisco Silva Rocha), Jaime Inácio dos Santos e José de Pinho. Contudo,
verifica-se que somente Jaime Inácio dos Santos possuía, indubitavelmete, o diploma de
arquitecto. Embora, na altura, os arquitectos não assumissem o protagonismo de hoje em dia,
pode perguntar-se se a falta de conhecimentos académicos, ao nível da arquitectura, não terá
sido um dos factores que se encontra por trás da ingénua interpretação aveirense do
movimento Arte Nova.
Ao analisar-se consistentemente os imóveis ao gosto Arte Nova de Aveiro verifica-se
o recurso sistemático às cantarias e serralharias decorativas, mas, acima de tudo, ao azulejo,
que na região virá a assumir características originais, pois a local Fábrica da Fonte Nova

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produziu vários painéis azulejares dentro deste gosto, assim como, em menor escala, a
Fábrica dos Santos Mártires. A utilização do azulejo nas fachadas podia ser pontual, em frisos
por exemplo, ou podia assumir protagonismo, como se verifica na Antiga Cooperativa Agrícola
e no Edifício Francisco Rebelo dos Santos. O azulejo surge, ainda, como um elemento
decorativo de carácter Arte Nova em edificações convencionais. O melhor exemplo da
utilização de azulejo ao gosto Arte Nova numa construção sem mais elementos decorativos e
de concepção tradicional é a Casa dos Lírios. Neste caso, contudo, deve salvaguardar-se o
facto de o seu proprietário, aparentemente, ser mais humilde que os restantes.
De um modo geral, as principais características da Arte Nova no distrito resumem-se
a:
- Enorme diversidade da qualidade formal (associada á fraca compreensão da
linguagem artística eventualmente associada à pouca qualificação dos seus autores);
- Condicionamento da expressão formal à especificidade regional dos materiais de
construção. A falta de pedra na região, e, consequentemente, o seu elevado valor
comercial tornou-a num elemento de ostentação e distinção social;
- Colagem de fachadas de pendor Arte Nova em edifícios tipologicamente
convencionais, estando patente uma diferenciação entre o espaço e a fachada
principal;
- Incapacidade real de trabalhar o espaço arquitectónico. Normalmente, o espaço
interior reveste-se de características tradicionais, principalmente, no concernente à
concepção volumétrica;
- Hibridez estilística resultante da imposição dos promotores e da persistência da
estética revivalista do historicismo oitocentista;
- Insistência nas potencialidades decorativas do azulejo, essencialmente como
forma de enriquecer as fachadas mais pobres e feitas de materiais pouco nobres
(adobe...);
- Gramática decorativa expressa maioritariamente nos seguintes materiais: azulejo,
ferro forjado e, esporadicamente, madeira e pedra (granito e calcário menos
frequentes) ou argamassa;
- Raridade da assimetria, com excepção para alguns trabalhos de ferro forjado;
- Persistência de padrões decorativos tradicionais, nomeadamente nos estuques
dos tectos (folhas de acanto);
- Fraco domínio dos novos materiais e das técnicas construtivas;
- Reduzida valorização social e cultural do arquitecto;

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- As casas apresentam em média 10 a 12 metros de largura na fachada, o que
implica um desenvolvimento vertical dos motivos decorativos, e, geralmente, tratam-se
de edificações de altura média, compreendendo rés-do-chão, primeiro ou segundo
andar, podendo existir um aproveitamento do sótão (sob a forma de águas furtadas)
ou um alteamento da cave;
- Falta de unidade do estilo, convivendo várias interpretações do movimento,
conforme a formação e origem do desenhador e, privilegiando o gosto e as
necessidades do encomendante.

18
3. Património cultural – salvaguarda, gestão e marketing

3.1. Introdução aos princípios legislativos de salvaguarda do património

O património histórico-cultural de um país, região ou cidade é constituído por todos os


elementos e manifestações tangíveis e intangíveis produzidas pela sociedade, resultado de
um processo histórico que identifica e diferencia esse país ou região. Um conceito actual de
património cultural inclui não só os monumentos e as manifestações do passado – sítios e
objectos arqueológicos, arquitectura histórica, documentos e obras de arte – mas, também, o
que se chama de património vivo, ou seja, as diferentes manifestações da cultura popular –
indígena, regional ou urbana – as populações ou comunidades tradicionais, as línguas e os
dialectos regionais, o artesanato e a arte popular, a forma de vestir, os costumes e tradições e,
em geral, as características de um povo ou cultura. É este conceito global de património que a
UNESCO defende. A organização define o património cultural como um monumento, grupo de
edifícios ou lugares históricos de valor estético, arqueológico, científico, etnológico ou
antropológico. Dentro do conceito de património cultural faz a distinção entre património
tangível e intangível (tradições, mitos...). por outro lado, o património cultural define-se como
paisagens de importância física, biológica ou geológica, habitats com espécies de plantas ou
animais em perigo e áreas de valor em termos científicos ou estéticos ou a partir do ponto de
vista da conservação (Camarero Izquierdo e Garrido Samaniego; 2004: 22).
Neste âmbito, a sociedade moderna desenvolveu o conceito de património colectivo,
que inclui bens culturais e naturais e que pressupõe a existência de património de toda a
Humanidade. Assim, reconhece-se de forma universal que existem bens especialmente
apreciados, que resultam de uma herança colectiva e que, justamente, assumem valor para
todos os seres humanos. A noção de património está, portanto, associada à ideia de
passagem do tempo. O desfiar dos anos faz com que os indivíduos contraponham o presente
ao passado, fundamentando as noções de continuidade ou mudança histórica e cultural. Face
a esta realidade, a durabilidade e materialidade própria dos objectos torna-os bons agentes
transmissores de mensagens através do tempo, posto que testemunham os feitos de uma
civilização, contendo informações de carácter cultural. Neste contexto, os objectos são
materializações da história ou, por outras palavras, história materializada (Ballart Hernández e
Tresseras; 2005: 14).

19
Define-se como gestão patrimonial o conjunto de acções programadas com o
objectivo de alcançar uma óptima conservação dos bens patrimoniais e o usufruto desses
bens, de forma adequada às exigências sociais contemporâneas. Superando as concepções
tradicionais que limitavam o cuidado ou tutela do património ao estudo e à conservação,
actualmente aponta-se a possibilidade de gerir de forma integrada estes bens como solução
para incentivar a sua fruição, sem prejudicar a sua preservação ou valorização social (Ballart
Hernández e Tresseras; 2005: 15). Este conceito relaciona-se intrinsecamente com os
objectivos desta dissertação que, de uma forma prática e aplicada ao património Arte Nova
aveirense, pretende concretizar este ideal. Contudo, antes de se desenvolverem estratégias
de gestão e, eventualmente, de promoção torna-se imprescindível efectuar um breve
enquadramento legislativo. A legislação deve servir o objectivo da gestão patrimonial e
traduzir-se em políticas públicas coerentes, programas de actuação detalhados e adequados
recursos humanos e económicos.
Em Portugal, actualmente, o quadro jurídico respeitante ao património cultural
encontra-se definido na Lei n.º 107 de 2001. Partindo da definição do que é o património
cultural, salienta-se a sua concordância com a definição da UNESCO, bem como a inclusão do
património imaterial, podendo-se ler no artigo 2.º, alínea 4: “integram, igualmente, o património
cultural aqueles bens imateriais que constituam parcelas estruturantes da identidade e da
memória colectiva portuguesa”. O mesmo artigo, na alínea 6, salvaguarda a importância dos
respectivos contextos patrimoniais, definindo que “integram o património cultural não só o
conjunto de bens materiais e imateriais de interesse cultural relevante, mas também, quando
for caso disso, os respectivos contextos que, pelo seu valor de testemunho, possuam com
aqueles uma relação interpretativa e informativa”.
Neste contexto, salienta-se, ainda, que a referida lei define as tarefas fundamentais do
estado no artigo 3.º, enfatizando a importância da protecção e valorização. A constante
associação no discurso de ambos os conceitos expressa uma concordância com os princípios
teóricos expressos no início deste subcapítulo, não existindo uma valorização da protecção em
detrimento da valorização e, consequentemente, da fruição. Estes ideais são concretizados no
artigo 6.º que define que a política do património cultural passa pela inventariação,
planeamento, coordenação e informação, enquanto que no artigo 13.º, do título III, é reiterada
a importância de “incentivar e assegurar o acesso de todos à fruição cultural”, bem como
reforça que a política do património cultural deve integrar, especificamente, as seguintes
componentes:
- Definição de orientações estratégicas para todas as áreas do património cultural;

20
- Definição, através de planos, programas e directrizes, das prioridades de
intervenção ao nível da conservação, recuperação, acrescentamento, investigação e
divulgação do património cultural;
- Definição e mobilização de recursos humanos, técnicos e financeiros necessários
à consecução dos objectivos e das prioridades estabelecidas;
- Definição de modelos de aproveitamento das tecnologias da informação e
comunicação.
No que concerne o ideal de protecção consagrado na lei, este assume o seu expoente
máximo no artigo 18.º, do título III, onde se regulamentam as questões relativas à classificação
de bens patrimoniais e se lê que “entende-se por classificação o acto final do procedimento
administrativo mediante o qual se determina que certo bem possui um inestimável valor
cultural”.
Historicamente, o processo de emissão de legislação sobre questões patrimoniais
iniciou-se com o Decreto de 9 de Dezembro de 1898 que aprovou o “Plano Orgânico dos
Serviços dos Monumentos Nacionais”, tendo atribuído ao Ministério das Obras Públicas,
Comércio e Indústria a competência para a “classificação dos monumentos nacionais sob os
aspectos arqueológico, histórico e arquitectónico e a fiscalização superior da respectiva
conservação”. A partir deste momento as questões patrimoniais começaram a ser
paulatinamente regulamentadas, culminando, em anos recentes com a articulação da
legislação nacional com a legislação internacional europeia (Nabais; 1997-1998: 221).
Posto isto, o quadro jurídico do património cultural português abarca também, de
algum modo, o chamado quadro jurídico internacional relativo ao património cultural,
constituído nomeadamente pelas normas internacionais respeitantes ao “património cultural
comum da humanidade”. O reconhecimento deste património remonta à criação da UNESCO
(convenção 04-11-1946), altura em que se estabeleceu entre os fins da Organização a ajuda à
manutenção, ao desenvolvimento e à difusão do saber. Também no espaço europeu,
sobretudo sob a égide do Conselho da Europa, se tem vindo a afirmar a ideia de um
património cultural comum europeu, um património comum a diversos países enquanto
testemunha da sua origem, história e cultura.
Se, a nível interno, é primordial que se conheçam os meios e as formas de protecção
do património cultural, não se deve descurar a interligação entre as políticas do património
internacionais, bem como se devem privilegiar as parcerias para a gestão do património
cultural, nomeadamente entre Estado, Câmaras Municipais, Igreja e Comunidade. Neste
contexto, deve-se atentar ao papel da Comunidade visto que, na realidade, o património não

21
pode ser definido de um modo inequívoco e estável. A pluralidade social implica uma grande
diversidade nos conceitos de património concebidos pela comunidade inteira, ao mesmo
tempo que os instrumentos e métodos desenvolvidos para a preservação devem ser
adequados à situação actual, sujeita a um processo de evolução contínua.
Neste âmbito, a política do património cultural deverá orientar a acção dos diversos
agentes no sentido de:
- Despertar ou incrementar o interesse público, desde a idade escolar, na protecção
da herança patrimonial e do ambiente;
- Demonstrar a unidade da herança cultural como factor de qualidade de vida;
- Agilizar a gestão integrada de informação e cooperação entre o Estado, as
Autarquias Locais e outros agentes;
- Encorajar e apoiar iniciativas privadas para a manutenção, restauro e valorização
do património cultural imóvel, designadamente, através do mecenato e de
associações sem fins lucrativos;
- Desenvolver aproveitamentos alternativos dos bens culturais, que contribuam não
só para a sua valorização, mas igualmente para a rentabilização dos mesmos.
- Consequentemente, os modelos integrados para a protecção do património a
implementar deverão contemplar as seguintes componentes:
- Metodologias e critérios de usufruto do património construído;
- Estratégias de divulgação e de promoção do património construído
(estabelecimento de procedimentos convergentes designadamente ao nível de
horários, visitas guiadas, preço de bilhetes, sinalética...);
- Definição de percursos temáticos, de acordo com os estilos arquitectónicos, as
ordens religiosas, o acervo, o património musical, arqueológico ou outros, procurando
aproveitar sinergias e complementaridades culturais e optimizando os recursos
através de um programa mínimo de infra-estruturas necessárias à satisfação das
necessidades dos visitantes (acessibilidades, casas de banho, lojas, cafetarias...);
- Potenciação da utilização de espaços cénicos do património construído para
actividades lúdicas e culturais (exposições, concertos, teatro...).

3.2. Algumas achegas aos tópicos actuais de gestão patrimonial

O património cultural tem sido gerido com base na conservação e na investigação,


sem prestar demasiada atenção à possibilidade de o explorar economicamente. Esta filosofia

22
foi ultrapassada por uma nova corrente de gestão que considera a atracção de visitantes como
um objectivo prioritário, necessário não só para extrair benefícios económicos do património,
mas também para contribuir para a sua preservação e manutenção. Neste âmbito salienta-se
a importância de dois conceitos: a integridade (os produtos culturais necessitam de ser geridos
sob um critério de integridade para que o mercado os perceba como uma unidade capaz de
gerar atracção) e a sustentabilidade (os recursos explorados devem ser protegidos e
conservados de forma a que a capacidade de os transmitir às gerações futuras se conserve
intacta, mantendo-se íntegro o capital patrimonial e natural).
Hoje em dia, a gestão do património compreende a missão de custódia e salvaguarda,
sem descuidar a atracção de visitantes. Ou seja, os gestores de museus e de bens
patrimoniais que, até agora, desenvolviam unicamente estratégias de gestão de cariz social
(baseada na oferta) ou de cariz de marketing (baseada na procura), buscam aplicar novas
formas de gestão, mantendo o seu objectivo de preservar o património e de cumprir uma
função educativa em aliança com a rentabilidade económica, pois visam obter a
sustentabilidade a longo prazo.
Uma orientação baseada unicamente no benefício social poderá não satisfazer todos
os requisitos necessários para criar desenvolvimento turístico-cultural sustentável, sendo
preferível, salvo melhor opinião, a adopção de estratégias concertadas. A gestão não deve
limitar-se a controlar a oferta, mas deve também estimular a procura através de promoção,
informação e controlo de acesso. Neste âmbito, é possível harmonizar o conceito de serviço
ao consumidor e o método da direcção por projectos, aos meios de gestão patrimonial. O
objectivo do serviço ao consumidor prende-se com a orientação do património cultural para o
seu público efectivo e potencial através da interactividade, da descentralização da
comunicação e da individualização do conteúdo informativo às expectativas, interesses e
necessidades da audiência. Por outro lado, a direcção por projectos persegue um duplo fim,
almejando obter uma maior eficiência (poupança nos custos) e conseguir uma maior
efectividade (melhorar a qualidade do produto, a comunicação e os procedimentos de
trabalho).
O modelo de gestão descrito procura promover o desenvolvimento económico e social
do território, a fim de melhorar a qualidade de vida da população e propõe contribuir para o
ordenamento do território através da planificação do uso turístico e das actividades
económicas, bem como promover os valores e o uso social do património, como instrumento
para alcançar uma gestão viável do mesmo e fomentar a cultura de qualidade como via para

23
melhorar a experiência dos visitantes e a imagem de destino (Camarero Isquierdo e Garrido
Samaniego; 2004: 57).
No desenvolvimento desta linha de raciocínio importa, ainda, perguntar qual o
potencial do património cultural em termos económicos? Ou seja, concretamente, o
desenvolvimento de uma estratégia concertada de gestão e promoção aplicada à Arte Nova
aveirense que frutos poderá dar à cidade e aos seus habitantes? Actualmente, assiste-se ao
crescimento exponencial da oferta e da procura de actividades de cariz cultural, o que se
traduziu na recuperação e na valorização de um certo número de legados patrimoniais,
impulsionados pelo interesse do público em ver e consumir cultura. Sob esta perspectiva, a
cultura combina a sua função simbólica tradicional com outra, mais tangível, convertendo-se
numa fonte geradora de riqueza e actividade. Esta realidade produz, actualmente, um enorme
interesse político e institucional, procurando-se formas de equacionar o relacionamento entre a
economia e a cultura e por calcular o potencial deste novo ramo produtivo, assim como as
respectivas formas de articulação estratégica com outros sectores de desenvolvimento
económico.
Posto isto, a economia da arte e da cultura constitui-se como uma disciplina
florescente dentro dos estudos económicos actuais, ocupando posições cada vez mais
relevantes e sólidas, devido a vários factores, entre os quais se destaca o incremento dos
recursos financeiros destinados ao sector artístico e cultural (Sanz Lara; 2004: 17). Neste
contexto, do mesmo modo que o discurso e o funcionamento de sistemas de carácter
económico actuam num determinado tecido cultural, o contrário também se aplica, e se as
relações e processos culturais existem no âmbito de ambientes económicos torna-se viável a
sua interpretação em termos economicistas (Throsby; 2001: 10).
A economia, enquanto disciplina científica, pode contribuir para explicar o
comportamento do homem a respeito da cultura, principalmente, considerando que nas
sociedades desenvolvidas esta se converteu num dos sectores económicos mais
prometedores. O consumo deste tipo de bens e actividades, como forma de emprego do
tempo de ócio disponível, é cada vez mais frequente e obedece a regras determinadas por
referências individuais, logo, pode ser objecto de optimização económica e os seus usos
comerciais participam no sistema de fluxos da economia (Sanz Lara; 2004: 18).
Para entender esta dinâmica convém compreender o conceito de “valor” enquanto
origem e motivação de todos os comportamentos económicos. Simultaneamente, embora sob
uma perspectiva um pouco diferente, a ideia de “importante/valioso” encontra-se intrínseca a

24
toda a esfera cultural, salvaguardando-se que, no caso da cultura, o valor pode não ser
directamente mensurável, embora não deixe de estar presente.
No que concerne ao património cultural, a sua definição abrangente dificulta a
delimitação do campo de análise e a sua avaliação económica, pois estamos perante um bem
que não se comercializa em mercados organizados, onde a compra e venda de artigos
expressa as preferências dos consumidores e onde o grau de custo determina o preço
competitivo. Outro problema que emerge na hora de avaliar correctamente o potencial
económico de património histórico consiste na presença de várias componentes de valor. A
componente mais clara assenta na fruição do bem em si mesmo ou no seu uso directo, o que
se traduz em “valor de uso”. Contudo, outra componente, conhecida como “valor de não uso”
ou o “valor de uso passivo” também se encontra presente e agrupa os valores relacionados
com a própria existência do património, o prestígio ou o signo de identificação para a
sociedade, bem como a possibilidade de manter um legado para as gerações vindouras e a
possibilidade de exploração futura. Estas ramificações do “valor de uso passivo” denominam-
se, respectivamente de “valor de existência”, “valor de legado” e “valor de opção”. O problema
fundamental que estas componentes apresentam traduz-se na dificuldade de se identificarem
no mercado sob a forma de preços, já que possuem um carácter qualitativo, referindo-se ao
património histórico como um activo intangível e como um elemento de identificação (Sanz
Lara; 2004: 27).
Neste âmbito, e analisando o caso mais específico de um museu de arte,
particularmente relevante no contexto desta dissertação, importa salientar que as instituições
museológicas produzem um certo número de bens e serviços destinados ao consumo dos
indivíduos. Consequentemente, de grande valor para o interface entre museu e público, é o
valor directo das experiências que o museu oferece à sua audiência. Sistematicamente, pode
avaliar-se o total de receitas provenientes das bilheteiras bem como os extras consumidos
pelos visitantes. Se a entrada no espaço museológico é gratuita, o valor directo de uso mede-
se somente pelos excedentes adquiridos pelo consumidor.
Além deste facto, um museu, tipicamente, produz serviços que são valorizados pelos
indivíduos e que, simultaneamente, valorizam a instituição. Por exemplo, as actividades de
carácter educativo desenvolvidas por esta instituição apresentam benefícios de carácter
privado e público. Entre os benefícios colectivos colhidos da existência do espaço
museológico, o mais óbvio passa pela valorização da comunidade onde este se insere,
independentemente da sua escala. Entre as vantagens da existência de um museu de arte no
seio de uma comunidade podem referir-se:

25
- O contributo prestado pelo museu para o debate público de tópicos como arte,
cultura e sociedade;
- O papel que o museu desempenha na definição de identidade cultural;
- O estímulo ao trabalho criativo de profissionais e amadores;
- O valor que os indivíduos atribuem à possibilidade de visitar o museu e beneficiar
dos seus serviços e das experiências proporcionadas pelas suas actividades;
- O sentimento da comunidade em relação ao valor do museu, dos seus conteúdos
e acervos para si e para as gerações futuras;
- Os benefícios que a comunidade colhe através dos serviços educativos do
museu;
- O relacionamento estabelecido com outras culturas, tanto no sentido de levar a
comunidade onde o museu se insere a conhecer novas realidades através das suas
exposições e actividades, como a possibilidade de levar os visitantes externos a
percepcionarem mais claramente a realidade cultural local;
- A valorização comunitária sentida pelos indivíduos devido à existência do museu
no seu panorama cultural (Throsby; 2001: 37).

3.3. Marketing do património cultural – breve contributo

Outro aspecto importante desta temática diz respeito à promoção do património


cultural. Mais concretamente, este aspecto centra-se na difusão as estratégias que se utilizam
para tornar o património compreensível pelo grande público e que contribuem para que ele
seja conhecido por um maior número de pessoas. Ou seja, a promoção/difusão é um ramo da
gestão cultural que possibilita a projecção do património, facilitando a interacção entre este e a
sociedade. A difusão pode realizar-se através de vários meios de comunicação: imprensa
escrita, televisão, publicação de guias, monografias...
Actualmente, a civilização de ócio supõe a abertura da cultura, dando lugar à
realização de múltiplas actividades desportivas, artísticas e culturais. Consequentemente, o
museu é, ou poderá ser, um elemento fundamental da sociedade, fornecendo várias
possibilidades de enriquecimento social e cultural ao seu público. O conceito de qualidade de
vida, expresso em termos de satisfação, entretenimento, estímulo e sentimento de bem-estar
físico e psíquico encontra-se patente na sociedade de hoje, e, consequentemente, os museus
e instituições culturais terão de apostar na oferta de experiências que contribuam para
potencializar a qualidade de vida dos seus visitantes (Hernández; 1998: 285).

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Deste modo, o marketing pode ajudar a gerar uma determinada procura dos espaços
museológicos, embora também se possa afirmar que esta promoção não é bem sucedida
quando pretende alterar atitudes socais inerentes ou quando visa persuadir as pessoas a
realizar actividades que, à partida, se crê serem pouco gratificantes. Correntemente,
testemunhamos uma série de mudanças nas atitudes sociais que pretendem sensibilizar a
população para os problemas do meio ambiente, para a importância da educação (ex. Novas
Oportunidades) e para as consequências socioculturais da emigração.
A maior sensibilização face ao valor da cultura está a originar uma progressiva
qualificação educativa em todas as pessoas que visitam as instituições museológicas. O facto
de as escolas constituírem uma grande percentagem do público que frequenta o museu,
confirma a ideia de que é imprescindível potencializar, dentro de uma sociedade de ócio, o
desejo de receber formação adequada desde a escola e que esta pode servir-se dos recursos
culturais e museológicos, sendo-lhe possível, até, integrá-los nos currículos escolares.
A diversificação e a multiplicação dos museus também se deve ao facto de as
pessoas os visitarem por motivações intrínsecas, onde se inclui a vontade de conservar os
vestígios de uma sociedade em mudança e o gosto pela autenticidade. Este fenómeno não
resulta unicamente de uma estratégia de marketing, mas sim, de uma transformação profunda
ocorrida no seio da nossa sociedade. Portanto, o museu é algo mais que um mercado de
tempos livres, visto que o seu objectivo primordial consiste em preservar a memória da
humanidade para que as gerações presentes e futuras possam deleitar-se na sua
contemplação. O museu também se apresenta como um lugar de convivência que abre as
portas todos os dias, todas as semanas, para que todos possam usofruir de um espaço lúdico
e festivo; além disso, deve estar apto a prestar um serviço público diversificado, tendo em
conta as características dos seus visitantes.
Para cumprir este objectivo os museus e as restantes instituições de carácter cultural
e responsáveis pela gestão de património cultural poderão relacionar-se com operadores de
turismo que ofereçam serviços de transporte, alojamento, alimentação e animação, analisando
a possibilidade de integrar a visita num pacote de actividades. É, pois, fundamental redefinir as
políticas dos Museus, sem renunciar à ética e ao projecto cultural que lhes é próprio, mas
abrindo-se às novas regras de funcionamento, em relação ao mundo do mercado, visando
melhorar a qualidade da sua prestação cultural.
Para comunicar com o seu público, os museus podem socorrer-se de quatro
ferramentas importantes: publicidade, relações públicas, marketing directo e promoção de
vendas. No entanto, antes de um museu, ou qualquer outro tipo de instituição, determinar

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quais as técnicas de promoção e comunicação utilizará, deve ter já defenida uma imagem ou
mensagem para o produto, serviço, experiência ou organização. Esta imagem deve ser algo a
que os consumidores respondam, que os seduza, algo que queiram comprar ou em que
queiram participar. A imagem de um produto, serviço ou organização, também denominada de
imagem de marca, representa um atalho para captar a atenção e gerar familiaridade e
confiança (Kotler e Kotler; 2001: 260). Uma imagem eficaz funciona como um engodo, dirige o
fluxo de atenção do público e faz com que os consumidores optem por determinado produto
ou organização sempre que têm necessidade desse tipo de bem ou serviço.
Algumas instituições têm vindo a desenvolver a sua identidade e imagens de marca
eficazes de modo a atrair mais público, não só durante as grandes exposições, mas em
qualquer outro momento. Pretendem transmitir a ideia de um espaço agradável, onde se
usufrui de actividades lúdico-pedagógicas aptas à ocupação de tempos livres, possibilitando
momentos de diversão. Em muitos casos, o museu pode ter uma imagem monótona, o que
constitui um obstáculo à generalização do público e, muito especialmente, dificulta o contacto
com membros da comunidade não familiarizados com a sua realidade; logo, uma imagem e
uma identidade de marca eficaz pode induzir as pessoas a visitar o museu e, em último caso
convertê-las em visitantes habituais.
Para concluir, deve salientar-se que os objectivos de comunicação e promoção são
muito variáveis, pelo que os museus devem utilizar uma série de ferramentas de comunicação,
adaptando-as aos objectivos da audiência e à mensagem que pretendem transmitir.

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4. Salvaguarda, gestão e dinamização do património Arte Nova aveirense

4.1. Definição dos critérios e objectivos da estratégia de acção sobre o património


edificado de pendor Arte Nova de Aveiro

Como foi referido, no capítulo anterior, o museu apresenta-se como a instituição mais
adequada e acessível ao grande público para a promoção e salvaguarda do património cultural
e constitui o único meio que permite o contacto directo entre o visitante e o património móvel.
Contudo, o património Arte Nova, em Aveiro, assenta sobretudo na existência de edifícios, isto
é, de imóveis, obrigando à necessidade de programar um museu aberto para a cidade e que
integre no seu circuito expositivo edifícios com características arquitectónicas relevantes no
âmbito do movimento Arte Nova. Consequentemente, a criação de um Museu Arte Nova tem
de cumprir determinados critérios, que a seguir vamos expor e que conduzem ao
desenvolvimento de um programa museológico adequado:
- Introduzir o visitante/público na temática Arte Nova;
- Incentivar visitas à cidade, dando a conhecer ao individuo os imóveis de pendor
Arte Nova. Ou seja, desenvolver o conceito de “museu nas ruas da cidade”. As visitas
à urbe iniciar-se-iam a partir de um centro de acolhimento – sito na Casa Major
Pessoa – que permitisse efectuar a sua gestão e, simultaneamente, oferecer ao
visitante os restantes serviços, normalmente, associados a um museu, isto é,
exposições temporárias, serviços educativos, centro documental, loja, cafetaria...;
- Prever a sustentabilidade financeira do espaço;
- Desenvolver estratégias concertadas de marketing (atracção de públicos), bem
como de salvaguarda do património Arte Nova existente na região.
No seguimento da definição dos critérios, cumpre apontar os objectivos que se
pretendem alcançar com o desenvolvimento de uma estratégia de salvaguarda, gestão e
promoção das manifestações de carácter Arte Nova aveirenses, estratégia esta concretizada
através da criação do Museu Arte Nova e da inerente musealização da cidade.
Neste contexto, estabelecem-se como objectivos do Museu Arte Nova de Aveiro:
- Analisar os contextos em que o movimento Arte Nova se instalou em Aveiro e as
características de que se revestiu;
- Discutir o impacto social, económico e cultural do desenvolvimento do movimento
Arte Nova;

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- Incrementar o interesse pelas temáticas abordadas;
- Facilitar o acesso, físico e intelectual, ao acervo e à informação a ele associado;
- Proporcionar serviços a uma camada de púbico tão alargada quanto possível;
- Promover a investigação sobre o movimento Arte Nova e a publicação de artigos
e livros sobre a temática;
- Desempenhar um papel activo na vida cultural, científica, educacional e
económica da cidade de Aveiro, atraindo visitantes e investigadores, visitas escolares,
turistas, etc...
Neste âmbito, os próximos sub-capítulos visam a análise descritiva do edifício-museu
e o estabelecimento do seu programa funcional, bem como a criação do circuito de visita Arte
Nova e o desenvolvimento dos mecanismos associados de salvaguarda do património Arte
Nova. Contudo, em primeiro lugar, urge analisar as acções e os momentos de trabalho
presentes na programação de um projecto deste tipo. O esboço de princípios, que se
pretendem realistas ao nível do plano económico, social, conservativo, educativo e científico,
nasce do trabalho de investigação sobre:
- Conhecimento do pensamento/mentalidade da população do território sobre o
qual se quer actuar, determinando quais são os seus principais traços de identidade e
cultura (arquitectura, gastronomia, costumes...);
- Inventário e a análise dos recursos patrimoniais de forma a avaliar o seu potencial
de atracção de visitantes, tanto do ponto de vista turístico como do ponto de vista
didáctico e científico;
- Cálculo da audiência (real e potencial) e a avaliação das dificuldades e das
oportunidades relacionadas com a motivação dos visitantes e a acessibilidade dos
locais;
- Avaliação dos recursos humanos e financeiros disponíveis ou potencialmente
disponíveis;
- Determinação dos temas e argumentos para a interpretação – definindo a
especificidade e os conteúdos da oferta patrimonial, tendo sempre em consideração
que a interpretação deve fornecer as chaves para a leitura do património. Assim, a
interpretação deve centrar-se sobre a dimensão simbólica do património e a emoção
individual que se experimenta através da sua descoberta e contemplação;
- Definição dos sistemas de apresentação com base, entre outros, em dois critérios:
o tipo de “objectos patrimoniais” e as características da audiência;

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- Definição do tipo de serviços complementares – sinalização, estacionamento,
lavabos...;
- Cálculo dos gastos correntes decorrentes da implantação do projecto, o que nos
permitirá determina o índice mínimo de frequência de público necessário para garantir
a viabilidade do projecto e decidir sobre possíveis vias de financiamento: ingressos,
serviços complementares, mecenato...;
- Definição do sistema de gestão e da estratégia de marketing e promoção.

4.2. O Museu Arte Nova – proposta de musealização da Casa Mário Belmonte


Pessoa

Os museus são instrumentos de diálogo cultural, dirigidos à conservação e divulgação


do conhecimento a partir de um acervo documental. O edifício “Casa Mário Pessoa”,
construído, como outros, em Aveiro entre os anos de 1905 e 1914, representa um claro
exemplo da aplicação local de elementos assimilados no movimento Arte Nova, embora o
estilo se reconheça mais presente nas partes do que no todo, estando patente sobretudo nas
fachadas e lambris forrados a azulejos pintados (com elementos naturais e geométricos) nas
zonas mais públicas do edifício (entrada e salas de visita no rés do chão).
A “Casa Mário Belmonte Pessoa” localiza-se no largo do Rossio, actual Rua Barbosa
de Magalhães, n.º 10, e está inscrita na matriz sob o artigo urbano n.º 00056, com uma área
de implantação de 130. 37 m2, uma área descoberta de 107. 35 m2 e uma área total de 237.
92 m2. A casa confronta a norte com a Praça do Peixe, a sul com o Rossio, a poente com a
sede concelhia do Partido Socialista e a nascente com uma residência particular. Da descrição
matricial constam os seguintes elementos: “Uma casa de 4 pavimentos, sendo 1 sótão. Tem 6
vãos, 3 divisões, 1 dispensa e retrete, no 1.º 4 vãos e 3 divisões, no 2.º 2 vãos, 5 divisões e
retrete, no 3.º e 2 vãos e 2 divisões no sótão”.
Trata-se de um imóvel de planta longitudinal, com cobertura em telhado de duas
águas. A fachada é marcada pela sua verticalidade, acentuada pela mansarda com arco
japonês. É precisamente a decoração inscrita, no geral, nos elementos estruturais da fachada,
que confere a relevância ao edifício e o transforma num exemplar de qualidade da arquitectura
e decoração de cariz Arte Nova da cidade. O tratamento dado às cantarias, em calcário e
mármore, apresenta uma grande variedade de elementos ornamentais Arte Nova, gosto
reflectido nos motivos vegetalistas e zoomórficos, bem como em todo o movimento imposto

31
pelas formas curvilíneas dos arcos, das varandas e varandins, das molduras das portas e
janelas, em madeira, e da serralharia artística em ferro forjado.
O piso térreo é marcado por três vãos, sendo o central de maior dimensão e
assentando, cada um deles, em colunas independentes com capitéis decorados com motivos
florais. A entrada situa-se num plano recuado formando um pequeno átrio encerrado pelas
colunas e pelo gradeamento em ferro. Nela é notório o discurso Arte Nova patente na forma de
arco abatido, demonstrando a presença da famosa linha em chicotada. Painéis de azulejo com
motivos zoomórficos e vegetalistas, revestem as paredes laterais.
O piso intermédio apresenta três vãos, correspondentes a três portadas duplas e
respectivas varandas. Em termos decorativos recorre-se ao aparelho rusticado para definir as
molduras, rematadas com lintel em arco abatido, onde se inscrevem motivos de carácter
vegetalista (molduras laterais) e um grande pássaro (moldura central). A serralharia artística
das varandas volta a evidenciar os elementos florais.
No que concerne ao piso superior todo ele se encontra preenchido por vãos de
janelas, em número de cinco, mas de dimensões desiguais, alternam arcos abatidos com
arcos de volta perfeita. As suas molduras destacam-se da fachada concedendo-lhe maior
exuberância, acentuada pelas guardas em cantaria e serralharia artística, formando uma
espécie de varandim corrido. O remate deste piso volta a revelar decoração de cariz
vegetalista sobre os vãos laterais, erguendo-se uma imponente mansarda sobre a janela
central. Ostentando um arco japonês protegido com guarda em serralharia artística e com
caixilho em madeira de formas curvas, a moldura da mansarda apresenta uma profusão
decorativa que volta a repetir motivos florais e vegetalistas. A casa Mário Belmonte Pessoa é
coroada por uma águia dominando uma serpente assentes sobre um globo.
O alçado posterior, voltado à Praça do Peixe, embora mais sóbrio, mantém a mesma
linguagem ganhando maior ênfase nos pormenores azulejares de remate e nos painéis que
decoram o pequeno mirante e a torre.
Tal como a fachada, o alçado posterior revela a decoração distinta em cada um dos
seus pisos. Ao nível da cobertura surge uma portada central com varandim semicircular em
ferro (corresponderá ao piso da mansarda da fachada). Sobre esta portada inscreve-se um
relevo representando um leão. O piso superior apresenta uma abertura de forma semicircular
compreendendo uma portada central e duas frestas de vidraça em quarto de círculo. A parte
cega do semicírculo ostenta decoração de motivos vegetalistas que emolduram a portada e a
varanda, uma vez mais, em cantaria artística.

32
O piso intermédio acha-se todo preenchido por vãos com portadas que abrem sobre
uma varanda corrida com acesso exterior através de uma escadaria em ferro. Nos intervalos
dos vãos, de lintéis em arco com pequenos apontamentos decorativos, surgem vários óculos
circulares. Um outro óculo de moldura lavrada abre-se na pequena torre que se desenha no
lado direito do alçado.
No piso inferior destaca-se a entrada envidraçada em arco abatido. O gosto Arte Nova
encontra-se bem patente nas serpenteantes linhas dos caixilhos dos vidros.
Ao fundo do jardim murado surge um pequeno mirante coberto a telha de canudo de
cor verde esmalte. Revestem-no vários painéis de azulejos da fábrica da Fonte Nova, bem
como azulejos relevados de cor verde água. Um dos painéis apresenta figuras femininas de
longas cabeleiras onduladas, um elemento característico da Arte Nova. A entrada para este
jardim é feita por portão em serralharia decorado com motivos florais que se repetem no
gradeamento.
No que concerne a decoração e ao mobiliário interior, foram analisadas algumas
fotografias do interior feitas antes do mobiliário ser removido4, e verificando-se que o ambiente
da casa se pautava pela elegância sóbria e conservadora. A decoração ousada e moderna
patente no exterior não corresponde ao estilo dos artigos decorativos e dos móveis escolhidos
para o interior. Segundo algumas informações fornecidas pelo Dr. José António Rebocho
Christo, técnico superior no Museu de Aveiro, especializado em artes decorativas, o mobiliário
escolhido por Mário Belmonte Pessoa para a residência familiar revela um gosto conservador.
De um modo geral, podemos caracterizar a decoração como romântica, com traços de
eclectismo e revivalismo, tendência em voga em finais do século XIX e inícios do século XX.
A partir das imagens que mostram o espólio da casa e os interiores, torna-se possível
efectuar a parcial reconstituição de interiores:
- No rés-do-chão, na primeira saleta, salienta-se uma credencia de gosto
romântico, de madeira escura, eventualmente de mogno, com tampo de mármore
branco sobre a qual assenta uma jarra cerâmica cinzenta escura de estilo Art Déco;
uma mesa de buffet, de madeira escura, que aparenta ser uma antiguidade do século
XVII / XVIII e um sortido de poltronas e cadeiras forradas a tecido, de matriz
romântica. A segunda saleta encontra-se decorada com um louceiros e um aparador.
O louceiro revela o gosto romântico, construído em madeira escura e apresentando,

4 As fotografias mencionadas foram cedidas pela Câmara Municipal de Aveiro e encontram-se


disponíveis para consulta na Divisão de Museus e Património Histórico – Imagoteca Municipal.

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na parte superior, duas portadas envidraçadas coroadas por uma cimalha lavrada e,
na parte inferior, duas portadas com duas gavetas e um tampo de mármore rosado. O
aparador também apresenta traços representativos do gosto romântico ligados a um
revivalismo renascentista. Esta peça é executada em madeira escura, com tampo em
mármore, exibe duas prateleiras na parte superior e duas portadas e gavetas na
inferior. Sobre o louceiro destacam-se várias peças em cerâmica, porcelana e vidro,
de cores, de estilos e motivos distintos. A fotografia mostra ainda várias cadeiras
dispersas, de madeira escura, espaldar alto trabalhado e com assento de palhinha. As
paredes estão decoradas com dois painéis de azulejos emoldurados e que retratam
paisagens, bem como com vários pratos de porcelana com o mesmo tipo. Existe ainda
uma representação da Ceia de Cristo, executada em prata ou estanho.
- No primeiro andar as fotografias mostram a existência de mobiliário de quarto. As
peças continuam a ser de madeira escura e patenteiam o mesmo gosto conservador
do rés-do-chão, a área de carácter mais público da residência.
No que concerne a família Pessoa, os poucos dados que aqui se encontram referidos
foram obtidos através de uma entrevista feita ao Dr. Lacerda Pais (14 de Setembro de 2006),
da consulta do Livro das Descripções Prediaes, do Livro de Inscripções de Transmissão, bem
como das escrituras registadas no Primeiro Cartório Notarial de Aveiro. Adicionalmente, no
anexo 3 reproduzem-se algumas fotografias familiares que foram encontradas perdidas no
sótão da casa e que, actualmente, integram a Imagoteca Municipal de Aveiro.
No Livro de Inscripções de Transmissão pode-se ler: “A requerimento de Elisiaria
Sequeira Pinto, solteira, maior, domestica e moradora n’esta cidade, no Largo do Rocio, na
qualidade de tutora e administradora de suas filhas menores, impúberes, Branca, de dois
annos de idade, e Julieta, de oito meses de edade, esta ainda não baptisada, mas conhecida
por aquelle nome, que é o que lhe ha-de ser dado no acto do baptismo, ambas com ella
moradoras, fica inscripta a favor das mesmas maiores a transmissão do prédio descripto sob o
art. 16302, f. 199 do Livro B - 45, por lhes haver sido doado, em partes eguaes, pela
requerente, sua mãe, no valor de nove centos mil réis e com a condição d’ella doadora ficar
uzofructuaria vitalícia do referido prédio doado”. Esta entrada, datada de 27 de Maio de 1905,
aponta para o facto de, apesar do imóvel ser correntemente designado como “Casa Mário
Pessoa” ou “Casa Major Pessoa”, a propriedade pertencer efectivamente a Elisária Sequeira
Pinto, solteira e mãe de duas filhas menores. O facto permite concluir que o casamento com
Mário Belmonte Pessoa com a referida Elisária se teria realizado posteriormente.

34
Neste âmbito, o Dr. Lacerda Pais, amigo da família, informa que o casal irá ter mais
dois filhos – Romeu e Luís Mário. A filha Branca morre de tuberculose, em 1929 e Elisária
Sequeira Pinto, por sua vez, vem a falecer em 1961.
Não existem dados que nos permitam reconstruir a vivência da Casa Major Pessoa,
enquanto residência da família. Apesar de se conhecerem como sendo uma família importante
e, claramente, de algumas posses, nunca eram mencionados nas colunas sociais dos jornais
locais. Sabemos, por informação do Dr. Lacerda Pais, durante vários anos residente na “Casa
Major Pessoa”, que Julieta foi recepcionista no consultório do Dr. Peixinho (personalidade
carismática da cidade de Aveiro) (Anexo 3).
Por outro lado, através da escritura patente no registo notarial é possível reconstruir,
parcialmente, o percurso de transmissão hereditária da residência: “Declaram os outorgantes
Emília Maria e Luís Mário que em vinte e quatro de Fevereiro e mil novecentos e sessenta e
um faleceu a sua avó Elisiária Augusta Sequeira Pinto de Belmonte Pessoa sem qualquer
disposição de última vontade, deixando, como herdeiros legitimários os seus dois filhos, Mário
Sequeira de Belmonte, casado em regime de comunhão geral com Otília Limas Belmonte, e
Julieta Sequeira de Belmonte Pessoa, solteira, (...). Posteriormente, em dez de Novembro de
mil novecentos e sessenta e seis, e em três de Abril de mil novecentos e setenta e nove
faleceram respectivamente os indicados Otília Limas Belmonte e marido Mário Sequeira de
Belmonte, sem qualquer disposição de última vontade, tendo deixado como únicos herdeiros e
outorgantes Emília Maria e Luís Mário, seus filhos; mais tarde, em três de Maio de mil
novecentos e noventa e cinco, faleceu a atrás identificada Julieta Sequeira de Belmonte
Pessoa, no estado de solteira, sem qualquer disposição de última vontade, sucedendo-lhe,
como herdeiros legítimos os seus dois sobrinhos, os mencionados Emília Maria e Luís
Mário...”5. Neste momento a Câmara Municipal de Aveiro intervém, adquirindo a residência aos
herdeiros, num processo que se analisará seguidamente.
Na Reunião de Câmara de 27 de Julho de 2000 foi decidida a aquisição da Casa
Major Pessoa, resolução posteriormente aprovada em Reunião da Assembleia Municipal,
realizada a 12 de Outubro de 2000. A compra destinava-se a preservar o imóvel, dado o
interesse municipal do mesmo, sendo o seu valor total de cento e vinte milhões de escudos.
Na acta da Reunião de Câmara é referido que “O Sr. Presidente sugeriu que se faça o mesmo
que se fez com a Capitania, ou seja, que se contactem arquitectos para a elaboração de um

5 Livro de notas para Escrituras Diversas, número 167-F, do Primeiro Cartório Notarial de Aveiro, fol. 83
e 84 v.

35
projecto de recuperação do imóvel, sendo de opinião que se crie um centro de difusão para os
turistas, um centro de acolhimento e de referência do Distrito de Aveiro. Sugeriu, ainda, a
abertura de uma casa de chá, e eventualmente, um restaurante, mas que obedecesse ao
critério distinto de ser tudo em Arte Nova, «um ambiente Arte Nova», nomeadamente os
artefactos, os móveis, as chávenas, etc. As pessoas iriam tomar o chá num ambiente Arte
Nova. Reconstituir os quartos como sendo um Museu Arte Nova, mas vivo, que as pessoas
possam visitar (...)”6.
O modelo de musealização que se propõe, contudo, para o futuro Museu Arte Nova,
mais próximo de um centro de interpretação que sirva de referente à visita pedonal a outros
exemplares, poderia orientar-se por três modelos de reactivação: restauro, recuperação e
reconversão:
- O restauro, repondo originalmente a casa e oferecendo ao visitante a experiência
visual do interior doméstico de uma casa de pendor Arte Nova do início do século XX;
- A recuperação do edifício para novos fins museológicos e expositivos;
- A reconversão de espaço, valorizando conceptualmente os argumentos que lhe
estão na origem, mas construindo um discurso estético contemporâneo.
A este respeito levantam-se questões sobre a validade do processo de restauro, já
que este implica, até certo ponto, a substituição do documento original que se pretende
preservar, em detrimento dos processos de recuperação ou reconversão, em que se actualiza
técnica e funcionalmente o imóvel, privilegiando-se, somente, a manutenção dos elementos
basilares de identidade. Segundo este conceito, os signos possuidores de identidade e,
consequentemente, de memória não são colocados em causa, mas também se anula o perigo
de se criar uma falsa identidade, e, inerentemente, uma falsa memória ao tentar-se a
reconstrução total de um edifício sem fundamentos (Providência e Providência – Workshop “O
Cavalheiro Arquitecto e a Arte Nova”).
Uma das funções básicas das instituições patrimoniais passa por dar a conhecer ao
público os bens patrimoniais que custodiam, ou seja, torná-los acessíveis a todos. Contudo,
difundir não se resume unicamente a comunicar a informação inerente a um objecto ou lugar,
é também estimular, conduzir à reflexão, provocar e comprometer. Para cumprir estes
objectivos dispomos de uma única ferramenta - a interpretação. Contudo, verifica-se que a

6 Acta da Reunião de Câmara Ordinária de 27-07-2000. Acta n.º 60, da Reunião da Assembleia
Municipal de 12-10-2000, página 3, Sessão Ordinária de Setembro, Livro de Minutas de Actas, 56 a 62, de 2000.

36
interpretação só ocorre no âmbito do desenvolvimento de um projecto global de comunicação,
em que o edifício e os conteúdos são tratados como um todo (Hernández e Tresseras; 2005:
171).
Neste âmbito, o Museu Arte Nova, partindo de um trabalho de investigação e
levantamento sobre o movimento Arte Nova, efectua uma síntese e desenvolve os
mecanismos que permitem ao visitante entrar em contacto com este conhecimento. Os
mecanismos de comunicação do museu devem possibilitar a assimilação do conhecimento e
devem estimular a acção sobre o conhecimento, no sentido do estímulo da avaliação e da
crítica.

Museologia da ideia (cidade)

Relacionar/Interacção Apresentação dos Comunicação


saberes

Visitante Saber Interactiva Produtor/Museu Visitante

Elabora um meio Entra em


de comunicação comunicação
com o saber

Este raciocínio conduz-nos à musealização da cidade ou ao desenvolvimento do


conceito de “museu nas ruas da cidade”, já que os elementos referentes ao movimento Arte
Nova existentes em Aveiro são imóveis com elementos decorativos ao gosto Arte Nova. Posto
isto, o Museu Arte Nova corresponderá mais à delineação de percursos na cidade, do que à
instalação de uma colecção permanente de objectos. No entanto, a residência Major Pessoa
funcionará como sede, ponto de partida, fonte de informação e interpretação, lugar de
exposições temporárias, abrigo de biblioteca especializada, sala de acções de formação e
espaço de recepção dos seus públicos.

37
A criação e fruição do Museu Arte Nova pretende fornecer ao público as ferramentas
para:
- Compreender o processo de construção da imagem urbana a partir da síntese de
uma série de aspectos, factores e factos – históricos, políticos e ideológicos,
socioculturais, económicos, geográficos e tecnológicos – pois tais condicionantes
localizam no tempo e no espaço as distintas manifestações Arte Nova que, por sua
vez, estão directamente relacionadas com determinadas práticas e manifestações
socioculturais;
- Analisar e interpretar as imagens do passado da cidade através da consulta em
diversas fontes históricas, literárias, jornalísticas e iconográficas, mas também através
do conhecimento da história oral/memória social dos seus habitantes e utentes;
- Conhecer e analisar os significados, sentidos e valores simbólicos, sociais e
culturais inerentes à percepção que os indivíduos fazem da cidade ou núcleos
históricos da actualidade;
- Promover uma reflexão acerca das representações culturais, na medida em que a
auto-reflexão e, consequente, interpretação sobre as representações culturais é um
elemento básico do desenho de um projecto, especialmente quando se trata de
preservar os recursos locais – simbólicos e sociais. Esta reflexão poderá contribuir
para a consolidação de um imaginário colectivo cuja referência de orgulho para os
seus moradores, indo ao encontro de suas representações sociais e culturais,
fortalecendo assim a identidade da cidade;
- Conhecer e analisar as distintas formas de manifestação cultural associadas à
Arte Nova – música, literatura, fotografia, vidro, cerâmica, arquitectura... – como os
modos de vida predominam em determinados contextos – formas e modos de
trabalho, habitar, lazer e diversão, etc.
Por outro lado, no campo da gestão e do marketing, pretende-se aplicar técnicas de
gestão mais sofisticadas, mas também, fundamentalmente, procura-se introduzir mudanças no
âmbito do produto oferecido, no sentido de que o Museu Arte Nova, mais do que uma
instituição dedicada à preservação de objectos, se converta num centro cultural que trabalhe
para o público. Consequentemente, o conceito de público também sofrerá mutações, já não
significando o simples visitante, mas, pelo contrário, representando a comunidade à qual o
museu pertence. Ou seja, ainda que as funções de preservação, investigação e exibição se
mantenham, muda a sua importância, pois o museu, sob esta perspectiva, converte-se no
produtor de cultura e não numa montra dos vestígios do passado.

38
No que concerne a reabilitação do imóvel, o projecto de recuperação do edifício deve-
se ao Arquitecto Sarabando, técnico da Câmara Municipal de Aveiro. A 3 de Maio de 2004 foi
presente à Reunião de Câmara o estudo prévio para reabilitação e recuperação da Casa Major
Pessoa (acta n.º 16 de 3 de Maio de 2004, páginas 14 e 15) tendo, o arquitecto, realizado uma
apresentação de onde se ressalvam as seguintes ideias:
- “... foi a casa originariamente construída com dois pisos e sótão. Tal ponto é
assente, se bem que pouco divulgado. Só após a sua conclusão, por volta de 1907, foi
decidida a ampliação em mais um piso, o que terá sido finalizado em 1909. Uma vez
que em 1907 a casa já estava pronta, presume-se que a parte superior da fachada
tenha sido desmontada para que se pusesse acrescentar um piso intermédio, sendo
posteriormente reconstruída. O desenho curvilíneo, quase orgânico dos vãos do rés-
do-chão e do segundo andar, alinham entre si, correspondem no número e sugerem a
possível pré existência, por cima do átrio de entrada, de uma varanda, apenas com
arcada e gradeamentos”;
- “A edificação padece de patologias típicas para uma construção desta idade neste
local, o qual apresenta elevado índice de higrometria e salinidade, havendo a salientar
a falta de estanquicidade, que é relativamente recente ao nível da cobertura e do
saguão, mas que provocou já uma degradação acentuada da estrutura, alvenaria e
rebocos, nos locais afectados com maior gravidade”;
- “As propostas contidas no presente anteprojecto foram desenvolvidas com vista à
implementação de soluções construtivas associadas à resolução das patologias
detectadas, assim como à efectivação de funcionalidades e polivalências adaptadas à
especificidade do espaço da intervenção”;
- “Propõe-se o fecho e cobertura do saguão existente a eliminar, com uma estrutura
rectilínea metálica de revestimento transparente, mantendo e reforçando a estrutura
original de telhado solta, e reconvertendo o espaço do saguão em zona de galeria,
com transmissão de luz zenital aos pisos de baixo. Também se propõe a remoção do
soalho do sótão, do tecto e das paredes divisórias do segundo andar, no espaço
central, em prole de um espaço amplo e polivalente, com um pé direito a condizer. Em
resumo, elimina-se o sótão e em sua substituição criam-se duas varandas tipo
sobreloja interior-exterior, com acesso próprio, nos espaços compreendidos entre as
fachadas interiores. Propõe-se ainda a instalação de um elevador, sob o torreão a
tardoz”.

39
Ao nível da programação funcional do espaço sugere-se uma análise e uma
organização tripartida, em que cada piso corresponde a um objectivo e a uma função. No que
diz respeito ao primeiro nível propõe-se a criação da Sala de Chá Arte Nova. Este espaço
desempenhará uma dupla função. Por um lado, convida o visitante a experienciar o ambiente
Arte Nova, oferecendo de forma lúdica e informal uma primeira contextualização e introdução
a este movimento; por outro lado, também desempenhará um importante papel na
sustentabilidade financeira do Museu, não só através da sua frequência, mas também através
da comercialização de uma linha de produtos ligados ao Museu Arte Nova (desde louças, a
produtos gourmet). Para tirar melhor partido da sua localização priveligiada sugere-se a
existência de dois acessos – um pela fachada principal e outro pela fachada posterior - e que
esta área seja de acesso livre, facilitando a frequência do espaço pelo público local, e
incentivando a visita às restantes áreas do Museu.
O primeiro andar acolherá o Laboratório de Ideias, pólo educativo intergeracional,
onde se desenvolvem actividades para várias faixas etárias que favorecem a
interdisciplinariedade, aprendizagem, criatividade e imaginação. Simultaneamente, este sector
funciona como centro de recursos e informação, podendo o visitante recolher o guia PDA que
o irá apoiar na realização do passeio pelo circuito Arte Nova, ou efectuar a consulta a
publicações e aceder, em postos informáticos de trabalho, a várias informações sobre temas
relacionados directa ou indirectamente com o mundo Arte Nova e a sua época (por exemplo,
botânica, matemática, técnicas construtivas, música, dança...).
O segundo andar ficará unicamente dedicado à realização de exposições temporárias.
Este poderá ser o espaço para actividades mais criativas em que se poderiam sugerir ligações
entre a Arte Nova e o design e a ciência contemporânea.O programa de exposições
temporárias deverá ser estudado de forma a articular-se com todo o projecto museológico,
servindo os objectivos do museu. As exposições temporárias são fundamentais para o
desenvolvimento da “nova museologia”, contribuindo para a atracção de novos públicos e para
a fidelização de visitantes. Com o desenvolvimento de exposições temporárias pretende-se:
- Criar a oportunidade de nos concentrarmos num único aspecto;
- Estabelecer protocolos com outras instituições que se relacionem de alguma forma
com as colecções e temáticas do museu;
- Apresentar trabalhos relacionados com a temática;
- Explorar temas do sector permanente;
- Avaliar a possibilidade de, ainda que em desenvolvimento posterior, ser considerada
a possibilidade de organização de exposições temporárias itinerantes que percorram a região;

40
- Aplicar o conceito de “museu-mercado” que oferece produtos culturais que são
consumidos pelo grande público e que, como todo o produto de mercado, deve renovar-se
constantemente.
A questão do conteúdo funcional do imóvel relaciona-se intrinsecamente com o design
do equipamento museológico para o Museu Arte Nova, não deixando de se levantar várias
questões, entre as quais as mais pertinentes são: dever-se-á reproduzir mobiliário de traça
Arte Nova, ou, pelo contrário, apostar na reinterpretação do estilo? A fim de responder a esta
questão verificamos a existência de três possibilidades, sobretudo relacionadas com a
concepção da Sala de Chá:
1) Reprodução do ambiente de um salão de chá português, datado das décadas de
1900/1910. Contudo, verificámos que a Arte Nova, em Portugal, salvo raras
excepções, não se manifestou ao nível do mobiliário e da decoração de interiores.
Logo, a execução de um salão de chá deste tipo não compreende manifestações
Arte Nova significativas, o que poderá representar uma desvantagem e, talvez,
um contra-senso, dado que o salão de chá se insere no programa museológico e
funcional do Museu Arte Nova. Neste caso, o visitante contactará com o ambiente
da época, o que é pedagogicamente correcto, mas não contactará com o
mundo/realidade Arte Nova, o que, por sua vez, não cumpre os objectivos do
museu e, simultaneamente, poderá criar alguma confusão relativamente às
expectativas do público, no que concerne à temática inerente ao salão de chá.
2) Concepção do salão de chá ao estilo Arte Nova, recorrendo à manufactura de
réplicas de peças de mobiliário, cutelaria e porcelanas de cariz Arte Nova. Neste
contexto, para o efeito, seria necessário buscar réplicas de peças de mobiliário
internacional (não na totalidade, mas em grande parte), salvaguardando-se o
facto de que este tipo de mobiliário não terá abundado em Portugal, mesmo em
residências e lojas com fachadas ao gosto Arte Nova, como se constatou pela
observação da Casa Mário Pessoa. Assim, esta possibilidade implicaria a criação
de um ambiente um pouco fictício, que, apesar de permitir ao visitante o contacto
com elementos Arte Nova e a apreensão de conceitos e ideias inerentes a este
movimento, não retrata uma realidade correcta, existindo o risco, bem real, do
visitante deduzir que este ambiente era comum na época. Todas as peças teriam
que estar bem identificadas enquanto réplicas, assinalando o autor, cronologia e
proveniência da peça original.

41
3) Reinterpretação do movimento Arte Nova. Neste contexto, um designer ou
arquitecto de renome iria projectar o espaço inspirando-se nos conceitos e
características patentes no estilo Arte Nova, mas utilizando uma linguagem
contemporânea. Esta possibilidade, salvo melhor opinião, apresenta-se como a
mais aceitável, permitindo ao visitante contactar com princípios Arte Nova
(motivos, fluidez das linhas, etc...), sem se estar a recriar um ambiente fictício,
mas, pelo contrário, criando-se um ambiente original.
A título de curiosidade reproduz-se, seguidamente, as plantas do projecto de
arquitectura elaboradas pelo Arq. Mário Sarabando. No que concerne os gabinetes de trabalho
e a importante área de reserva constata-se que as dimensões do imóvel não permitem a sua
implementação. Contudo, esta questão, deverá ser salvaguardada noutro pólo museológico da
Autarquia, preferencialmente o Museu da Cidade pela sua proximidade, criando-se uma rede
de museus com recursos partilhados ou um museu polinucleado. Neste último caso, o Museu
Arte Nova assume o carcácter de pólo museológico temático.

ARRUMOS

W.C.

SALA SALA SALA

ÁTRIO
ÁTRIO

PÁTIO

COZINHA/COPA
ÁTRIO

A ELEVADOR B

PLANTA DO PISO 1- projecto


C

42
D
SALA SALA

MARQUISE

SALETA

A ELEVADOR B

PLANTA DO PISO 2 - projecto

C
D
SALÃO POLIVALENTE

SALETA

A ELEVADOR B

PLANTA DO PISO 3 - projecto

4.3. O circuito de Arte Nova

Os visitantes constituem-se como um elemento importante na economia dos centros


urbanos. A gestão eficaz de um grande número de pessoas poderá ter como resultado o
prolongamento da duração média de visita, bem como o aumento da viabilidade económica de
determinadas áreas da cidade. A experiência do visitante fica reduzida se, por exemplo, todos
os estabelecimentos existentes na rua de comércio tradicional pertencerem a cadeias e
mostrarem fachadas idênticas; logo, torna-se necessário algum cuidado para assegurar um
conjunto diversificado de estabelecimentos. O melhoramento da qualidade das ruas onde se
situa o pequeno comércio dará origem a um conjunto urbano mais interessante para usufruto
dos visitantes e habitantes.

43
Coordenar a gestão de outras áreas do centro urbano para formar uma gestão do
visitante de sucesso, inclui sinalização, roteiros e mapas, instalações sanitárias, locais de
diversão nocturna, estacionamento automóvel e transportes públicos de boa qualidade. Uma
forma de promover a singularidade de uma cidade passa por desenvolver uma área do centro
urbano como um bairro especializado em antiguidades, artesanato, gastronomia ou outros
produtos exclusivos.
Contudo, antes de mais nada, é necessário salvaguardar que a história da
arquitectura da cidade não pode ser focalizada para a história dos monumentos, mas dirigida,
também, para o estudo do tecido urbano, ou seja, dos edifícios e dos espaços ordinários,
anónimos, edifícios que não são tanto o resultado da arte mas de novas formas de promoção
e de tecnologias construtivas, de alterações do mercado imobiliário e de padrões estéticos
emergentes (Alves; 2003: 18).
Consequentemente, um roteiro deve ser entendido como um itinerário temático para a
descoberta do património, capaz de provocar a realização de uma viagem através do território
que o sustenta, utilizando recursos e serviços, sendo, por tanto, um produto elaborado e
susceptível de ser consumido e, consequentemente, comercializado. Para avaliar a criação de
um roteiro torna-se necessário considerar os seguintes elementos:
- A imagem e o valor do produto;
- O turista ou visitante, levando em linha de conta a sua motivação e as suas
expectativas;
- O território em que a actividade se desenrola;
- A qualidade dos componentes da oferta;
- A autenticidade da vivência/experiência cultural;
- Os serviços de acolhimento e informação;
- As infra-estruturas.
O roteiro define-se por um espaço físico e temporal, em que é necessário fixar
mínimos e máximos de distância e duração, assim como opções de percurso de acordo com
diferentes critérios e motivações. É fundamental o que eixo temático (Arte Nova) seja
percebido em todos os elementos que constituem o roteiro, tanto nos
pormenores/componentes como na globalidade.
Características do roteiro:
- Responder a uma imagem predeterminada: a imagem deve constituir, em si
mesma, um convite à realização da visita. Para que um itinerário resulte credível e

44
tenha força de mercado, o seu desenho deve ser coerente, completo e responder
a um critério de unidade.
- Circunscrever-se a um espaço geográfico determinado: qualquer tipo de roteiro
deve estabelecer-se sobre possíveis itinerários, no âmbito de um marco
geográfico determinado.
- Ter uma duração espaço-temporal limitada, com valores mínimos e máximos:
deve ser possível dividir o roteiro em unidades, ou adicionar outras provenientes
de diferentes âmbitos territoriais (ex. Aveiro Arte Nova versus Rede Nacional de
Municípios Arte Nova).
- Integrar serviços de carácter turístico-cultural (visitas guiadas, transporte,
restauração...).
- Considerar diferentes interesses turísticos, culturais, económicos e comerciais,
tanto públicos como privados.
- Contar com uma gestão unitária.

Esquematicamente:

Roteiro – Aveiro Arte Nova

Estrutura Plano de acção Gestão Ligação das


organizativa sustentável componentes

Figura de gestão Definição do produto/estrutura e Legislação Definição dos


Plano operativo diferenciação Normas de qualidade elementos de
Sinalização Gestão urbanística conexão
Plano de promoção (criação da Recursos humanos
imagem e logótipo, material de
promoção, distribuição, fidelização)
Monitorização
Conservação e potencialização do
património
Manutenção e gestão da informação
Plano de financiamento

45
Para cumprir os objectivos propostos torna-se necessário:
- Instalações adequadas para o acolhimento de visitantes e para o desenvolvimento
de actividades relacionadas com a Arte Nova (neste caso o Museu Arte Nova, sito
na Casa Mário Belmonte Pessoa);
- Eixo temático, centrado na Arte Nova, podendo incluir informação sobre temas de
interesse associados;
- Cumprimento dos requisitos estabelecidos na legislação de carácter turístico e
museológico;
- Acesso sinalizado de acordo com uma imagem de marca que identifique o recurso
cultural e turístico, bem como desenvolvimento de infra-estruturas de apoio
apropriadas;
- Recursos humanos suficientes para a prestações de serviços, sendo
recomendável a fluência em mais que um idioma (com predominância do inglês e
espanhol);
- Parque de estacionamento próprio nas proximidades e adequado às
necessidades da procura (individuais ou grupos), cumprindo, preferencialmente as
normas de acessibilidade vigentes;
- Desenvolvimento de desdobráveis e material didáctico com objectivos
pedagógicos e divulgativos.
Tomando em consideração estas directrizes optou-se por, em primeiro lugar, efectuar
um diagnóstico dos edifícios e do seu potencial enquadramento num circuito de visita
organizado. Sendo a exposição permanente do Museu configurada pelos edifícios e espaços
classificados que o constituem, a musealização passará por definir um conjunto de acções
sobre o espaço público urbano onde aqueles se inserem, de forma a reconfigurar lugares,
sítios ou contextos que contribuam para a sua interpretação.
Na sequência destes pressupostos, procedeu-se ao levantamento dos imóveis e das
condições de implantação através do preenchimento das fichas que se encontram no anexo 2.
Estas fichas tinham como objectivo avaliar e qualificar os seguintes parâmetros:
1) Caracterização do edifício, em particular o seu estado de conservação e o interesse
da visita ao interior (presença ou não de elementos decorativos de pendor Arte Nova);
2) Implantação do imóvel, avaliando aspectos como:
- Trânsito;

46
- Contexto (existência de comércio, local para actuação de grupos e animação de
rua, percursos pedonais, outros imóveis de interesse arquitectónico, passeios
largos ou estreitos, estacionamento, etc.);
- Tipo de local (centro histórico, bairro residencial ou zona comercial);
- Meio envolvente (conservado ou degradado? caracterizado ou
descaracterizado?);
- Sinalética.
3) Correlações:
- Proximidade do Museu Arte Nova, ponto de partida do circuito;
- Ligação a outros edifícios de traça Arte Nova;
- Acessibilidades.
Depois de elaboradas as fichas e após análise pormenorizada dos diversos
parâmetros, chegou-se às seguintes conclusões:

Aspectos positivos/potenciais:
- Cerca de 73% dos imóveis encontram-se num estado de conservação bom ou muito bom, não
estando nenhum em ruína e somente 6 em mau estado de conservação;
- Vinte e cinco edifícios estão em locais associados a actividades comerciais e quinze localizam-
se na proximidade de outros pontos de interesse;
- Cerca de metade das residências concentram-se na área protegida do Centro Histórico de
Aveiro;
- Em 100% dos casos, o meio envolvente encontra-se conservado e em 48% está caracterizado.
Os restantes imóveis situam-se em locais parcialmente descaracterizados, contudo ainda de
potencial interesse de visita. Apenas em quatro residências é que o meio envolvente está
completamente alterado;
- Dezanove dos edifícios encontram-se a uma distância máxima de vinte minutos, a pé, do
Museu Arte Nova, ponto de partida do circuito; a distância máxima registada limita-se a
cinquenta minutos;
- Treze dos edifícios acham-se integrados em áreas pedonais ou bastante perto dessas ligações
a outros pontos da visita.

47
Aspectos negativos / ameaças:
-Cerca de 84% dos edifícios situam-se em áreas de trânsito intenso ou muito intenso;
- Apenas 11 edifícios se encontram implantados em locais que facilitam a realização de
actividades de animação de rua ou actuação de grupos;
- No que concerne a envolvente e facilidade de acesso aos imóveis verifica-se que 48% se
encontram em áreas com passeios estreitos, em 42% dos casos as estradas também são
estreitas e em 63% o estacionamento é reduzido;
- Não existe sinalética apropriada em 100% dos casos;
- Em 48% dos edifícios a caminhada de um ponto de visita para o próximo não é encorajada,
pois não existem percursos pedonais, fechos de rua ou centros comerciais;
- Só em cinco casos é que a acessibilidade se encontra favorecida pela proximidade de parques
de estacionamento, em quatro por paragens de transporte e em três por praças de táxis.

Neste contexto verifica-se que se terá de apostar numa estratégia de sinalização dos
imóveis e melhoria das condições de acessibilidade, visando alcançar uma visão de conjunto
sobre a musealização da própria cidade, promovendo a fruição do espaço urbano e dando
visibilidade à programação do Museu no contexto urbano.
Posto isto e adicionalmente sugere-se que a realização das visitas seja apoiada pela
utilização de guias multimédia, desenvolvendo-se um sistema de navegação e exploração de
conteúdos em espaços exteriores, em particular através da utilização de PDA’s (personal
digital assistant) capazes de captar o sinal de GPS (Global Positioning System), permitindo,
assim, a exploração dos edifícios em questão com uma grande facilidade, comodidade e
autonomia. Este sistema deve permitir aos visitantes aceder a vários tipos de informação
sobre os imóveis (cronologia, autores, plantas, informações sobre a envolvente e
características especiais desse edifício), bem como aliar o som à imagem, fornecer conteúdos
em vários idiomas e permitir a adaptação do teor à faixa etária do visitante. Sugere-se, ainda,
que para os visitantes mais interessados seja desenvolvida a rubrica de “mais informação”,
fornecendo níveis acrescidos de conhecimento e remetendo para bibliografia especializada.
No que concerne ao desenvolvimento de um circuito de visita, convém esclarecer que
o projecto passava por definir um contexto integrado de visita para os edifícios Arte Nova
listados pela Divisão de Museus da Câmara Municipal de Aveiro e que, no âmbito da presente
dissertação, foram analisados através das fichas constantes do Anexo 1 e 2. Inicialmente, não
constituía um objectivo prioritário desta dissertação efectuar uma análise estilística e crítica
aos imóveis, mas sim avançar com uma proposta de integração dos mesmos num circuito de

48
visita simultaneamente turístico e museológico. Contudo, após o estudo das construções e das
várias leituras efectuadas sobre o movimento Arte Nova, constata-se que algumas das casas
inicialmente consideradas não apresentam referências Arte Nova relevantes, pelo que se
sugere a sua exclusão do roteiro. Neste grupo incluem-se os seguintes imóveis: Edifício do
Cais, Edifício das Quatro Estações, Antiga Capitania do Porto de Aveiro – Assembleia
Municipal e Antiga Sapataria Leitão. Neste âmbito, a Casa do Rossio e a Farmácia Ala devem
ser compreendidas como exemplos da diluição das características Arte Nova, e como
exemplos finais do estilo. Por outro lado, no mesmo contexto, parece oportuno incluir a
possibilidade de visita ao Cemitério Central e aos jazigos n.º 19, 22, 23, 24 e 25 (fichas n.º 30,
31 e 32 do Anexo 1), bem como à estátua funerária do túmulo de Artur Prat (ficha n.º 29 do
Anexo 1), onde se salienta uma interessante conjugação de elementos ao gosto Arte Nova,
fundidos com características de pendor Gótico.
Ainda neste âmbito, seria interessante confrontar os visitantes com a análise do
Mercado do Peixe (ficha n.º 33 do Anexo 1), datado de 1904, e que constitui um exemplar da
Arquitectura do Ferro. Se bem que a decoração do Mercado do Peixe possa ser descrita como
sóbria e estilizada, dentro do movimento Arte Nova europeu a exploração dos novos materiais
construtivos, destacando-se entre eles o ferro pela leveza e fluidez que imprimia às
edificações, marcou tendência. À luz desta perspectiva, o Mercado do Peixe também pode ser
introduzido no circuito.
Neste contexto, propõe-se o desenvolvimento de dois circuitos – um de menor
duração e outro mais vasto que visa servir as pessoas mais interessadas. No que concerne ao
primeiro circuito sugere-se o seguinte percurso:
1. Museu Arte Nova – Residência Major Pessoa (ponto de partida);
2. Casa do Rossio;
3. [Mercado do Peixe];
4. Pensão Ferro;
5. Farmácia Ala;
6. Monumento à Liberdade;
7. Cooperativa Agrícola (vista do outro lado do canal);
8. Museu da Cidade (visto do outro lado do canal);
9. Casa dos Ovos Moles (vista do outro lado do canal);
10. Edifício Florentino Vicente Ferreira;
11. Fundação João Jacinto Magalhães.

49
Em alternativa, á visita ao Edifício Florentino Vicente Ferreira e á Fundação João
Jacinto Magalhães, o visitante pode optar por visualizar os monumentos funerários ao gosto
Arte Nova patentes no cemitério Central.
Visando o desenvolvimento de um roteiro alargado, com uma duração de cerca de
duas horas e meia, propõe-se o trajecto seguinte:
1. Museu Arte Nova – Residência Major Pessoa (ponto de partida);
2. Casa do Rossio;
3. [Mercado do Peixe];
4. Pensão Ferro;
5. Farmácia Ala;
6. Monumento à Liberdade;
7. Cooperativa Agrícola;
8. Museu da Cidade;
9. Casa dos Ovos Moles;
10. Edifício Florentino Vicente Ferreira;
11. Fundação João Jacinto Magalhães;
12. Edifício da Antiga Garagem;
13. Antigo Hospital de Aveiro;
14. Coreto do Parque D.Pedro;
15. Edifício da Casa Amarela;
16. Fontanário das Cinco Bicas;
17. Tribunal de Menores;
18. [Antiga Sapataria Leitão];
19. Testa e Amadores;
20. Sapataria Miguéis;
21. [Antiga Capitania do Porto de Aveiro – Assembleia Municipal];
22. Edifício Francisco Rebelo dos Santos;
23. Centro Comunitário Vera Cruz;
24. Bar “Arte Nova” – Hotel As Américas;
25. Edifício Pompeu de Figueiredo;
26. Residência Francisco Silva Rocha;
27. [Edifício das Quatro Estações];
28. Edifício dos Lírios;
29. [Edifício do Cais].

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Seguidamente apresentamos o mapa da cidade com os dois percursos enunciados:

Primeiro circuito
Percurso de menor duração

51
Segundo circuito
Percurso de maior duração

4.4. Os mecanismos associados de salvaguarda do património Arte Nova - Bolsa de


Salvaguarda Arte Nova

O planeamento estratégico do território e do urbanismo tornam-se indispensáveis para


garantir um desenvolvimento sustentável, hoje entendido como a gestão prudente do espaço
comum, que funciona como um recurso crítico de oferta limitada e de procura crescente nos
locais onde se concentra a civilização. As cidades de hoje debatem-se com o problema da
falta de coerência na continuidade de evolução no tempo, que afecta tanto as estruturas
sociais, como as diferenças culturais. Isto não significa somente a continuidade das

52
características dos espaços construídos, mas também a continuidade da identidade, que é um
valor fundamental a salvaguardar e promover num mundo sempre tão dinâmico (adaptação da
Nova Carta de Atenas 2003, pág. 6 e 9).
Estes conceitos polarizam-se em dois eixos:
1) Coerência económica (globalização versus regionalização/especialização): as
actividades económicas são hoje influenciadas pela combinação de 2 forças
principais – a globalização e a especialização (local e regional). Os especialistas
apontam para o desenvolvimento de duas tendências: haverá uma procura
crescente de produtos raros e requintados e de serviços associados a processos
específicos de produção tradicional (Nova Carta de Atenas; 2003: pág. 14);
2) Vantagens competitivas: para uma cidade que procure a coerência, capitalizar os
seus atributos culturais e naturais, gerindo valores herdados da História,
promovendo a sua singularidade e diversidade, tornar-se-á cada vez mais uma
vantagem significativa (Nova Carta de Atenas; 2003; pág. 15).
Neste contexto e de acordo com as directivas emanadas pelo Conselho da Europa, a
reabilitação urbana considera-se um processo de Revitalização e/ou regeneração urbana de
longo prazo. É acima de tudo um acto político com o objectivo de melhorar componentes do
espaço urbano e o bem-estar e qualidade de vida da população em geral. Os seus desafios
espaciais e humanos requerem a implementação de políticas locais (por exemplo, política de
conservação integrada do património, política de coesão e ordenamento territorial, política de
coesão e ordenamento territorial, política ambiental e de desenvolvimento sustentável. A
reabilitação é, assim, parte de um projecto/plano de desenvolvimento urbano, exigindo uma
abordagem integrada que envolva todas as políticas urbanas.
Objectivos essenciais:
- Garantir a conservação integrada do património cultural;
- Promover a coesão territorial;
- Contribuir para o desenvolvimento sustentável da cidade através de uma gestão
cautelosa do ambiente e do tecido urbano;
- Incentivar o desenvolvimento local através do crescimento económico baseado na
iniciativa local e estabelecimento de um novo modelo de desenvolvimento local e
de desenvolvimento turístico sustentável nos tecidos antigos;
- Incentivar a coesão social visando ajudar a melhorar o tecido social através da
valorização do tecido urbano;

53
- Incentivar o respeito pela diversidade cultural almejando construir uma identidade
local fundada no conhecimento da diversidade local e encorajar a apropriação por
parte dos residentes da área onde habitam através da autenticidade e da
interpretação.
Daqui se pode concluir que um lugar urbano integra o indivíduo numa comunidade e
esta, através das formas de cidade que vai construindo no tempo – sobretudo nos espaços
colectivos e públicos – projecta uma imagem de si mesma para o exterior. Tanto mais forte e
clara será a comunicação dessa identidade, quanto mais consistente for a interacção entre
cidadãos e o seu lugar de enraizamento.
Na sequência das actividades de sensibilização que se têm vindo a desenvolver junto
da população, das parcerias nacionais e internacionais em crescimento, bem como no âmbito
da programação museológica do Museu Arte Nova, que preconiza a realização de circuitos
pela cidade, sugerimos a criação da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova, enquanto actividade
fundamental para o bom cumprimento dos objectivos acima enunciados.
Este projecto visa incentivar a recuperação de imóveis de pendor Arte Nova
presentes na cidade e no concelho. Representa uma etapa na organização e qualificação da
colecção permanente do Museu Arte Nova, desenvolvendo-se em dois eixos de actuação.

Eixo 1 - Incentivo à recuperação de imóveis com características Arte Nova:


- Isenção de taxas por parte da Câmara Municipal de Aveiro;
- Apoio qualificado e especializado na área da conservação, restauro e reabilitação
urbana prestado pelos técnicos da Câmara Municipal de Aveiro definidos para
integrarem a equipa da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova;
- Apoio na elaboração do caderno de encargos prestado pelos técnicos da Câmara
Municipal de Aveiro;
- Apoio na candidatura a programas de financiamento apropriados (Caixa Geral de
Depósitos, etc...).

Eixo 2 - Apoio financeiro à recuperação de imóveis com características Arte Nova –


somente para imóveis em regime de propriedade privada individual:
- Criação de uma rede de mecenas disponíveis para apoiar financeiramente a
recuperação de edifícios com elementos Arte Nova – empresas, instituições
bancárias, individuais...

54
A reabilitação urbana sustentável implica menos investimento público e privado e
rentabiliza investimentos anteriormente realizados – recupera a cidade. Este tipo de
intervenção possui, ainda, a capacidade de dinamizar a economia local, contribuindo para a
qualificação da cidade enquanto potencial destino turístico, ou seja, mobiliza a estima pela
cidade.
Neste contexto, entre os princípios orientadores da intervenção em espaço urbano
podem apontar-se os seguintes:
- Privilegiar uma escala de intervenção diferente da geralmente considerada em
reabilitação;
- Aplicar uma visão sistémica do objecto de reabilitação;
- Reduzir acentuadamente tramitações administrativas;
- Envolvimento das populações residentes ou com actividade profissional na área.
A reabilitação de edifícios e conservação do património pode-se esquematizar do
seguinte modo:

- Métodos especializados de estudo, avaliação e intervenção,


capazes de se adaptarem a cada caso concreto;
Invólucro exterior (fachadas - Necessidade de conhecimentos técnicos de materiais e sistemas
e cobertura) construtivos tradicionais, contemporâneos e avançados;
Condições de habitabilidade e - Necessidade de trabalho em equipas pluridisciplinares, envolvendo
conforto arquitectos, engenheiros de várias especialidades, arqueólogos,
historiadores, conservadores-restauradores...

Invólucro exterior ou Envelope (fachadas e cobertura):


- visando a manutenção ou beneficiação da apresentação ou de outros aspectos do
seu desempenho.

Interiores (abrangendo ou não as instalações e sistemas do edifício):


- visando a melhoria das condições de habitabilidade e conforto.

Estrutura e Fundações:
- visando a melhoria do comportamento estrutural.

55
Ao nível dos objectivos, a Bolsa de Salvaguarda Arte Nova, integrada no contexto da
estratégia de salvaguarda e promoção do património de cariz Arte Nova aveirense, onde o
Museu Arte Nova se insere, pretende:

Os clientes desfrutam de
uma ambiente agradável,
seguro, acessível e com
uma grande variedade de
Os proprietários Os retalhistas beneficiam
lojas e recursos.
usufruem o aumento das de um aumento de
rendas e a valorização clientes e do volume de
das suas propriedades. negócios.
Aveiro
Cidade Arte Nova

Os visitantes são As autoridades locais


atraídos por locais vêem um centro urbano
interessantes e eventos vibrante, viável e que
lúdicos. satisfaz as necessidades
da sua comunidade.

No que concerne a execução da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova, e num âmbito de


trabalho prático, propõe-se o seguinte Regulamento:

1. Descrição
A Bolsa da Salvaguarda Arte Nova tem como objectivo a melhoria das condições de
recuperação e acesso ao conjunto de imóveis com características Arte Nova presentes no
concelho, incluindo as obras de intervenção nos edifícios e os arranjos exteriores.
Serão apoiadas acções de valorização e recuperação de imóveis com elementos Arte
Nova de relevância. Trata-se de obras com características muito próprias – que não se limitam
a meras intervenções de construção civil – porque envolvem conhecimentos e técnicas de
recuperação especializados, de modo a garantir a concordância com os valores a preservar.
Estas obras constituem passos fundamentais para a reabilitação e valorização dos
elementos de memória e formação da identidade cultural, especialmente relevantes para a
cidade de Aveiro e constituição do Museu Arte Nova.

2. Âmbito
Podem solicitar apoio da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova todos os proprietários de
imóveis com características Arte Nova sitos no concelho de Aveiro.

56
Os imóveis são sujeitos a uma avaliação prévia, realizada até 5 dias após a recepção
da manifestação de interesse, pelos técnicos da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova, a fim de se
verificar a existência de elementos relevantes de pendor Arte Nova e de se avaliar o seu
enquadramento no âmbito da referida Bolsa.

3. Equipa de trabalho no âmbito da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova


Será definida uma equipa técnica permanente, responsável pela gestão, execução e
acompanhamento das intervenções a realizar no âmbito da Bolsa. Esta equipa é composta
por:
- um Técnico de História/História da Arte;
- um Engenheiro de Conservação e Restauro;
- um Engenheiro Civil;
- um Arquitecto;
- um Técnico do Departamento Económico-Financeiro;
- um Jurista.

4. Estrutura de funcionamento da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova


A Bolsa compreende dois eixos de Acção.

Eixo 1 – Incentivo à recuperação de imóveis com características Arte Nova:


- Isenção de taxas urbanísticas por parte da CMAveiro, nomeadamente,
processamento técnico-administrativo do pedido, taxa pela emissão de licença ou
autorização para obra de alteração, prorrogações, emissão de licença ou
autorização de utilização e autos de vistorias, taxa por licença de ruído,
resguardos, ocupação de espaço (artigo 28.º) e inscrição de técnicos;
- Apoio qualificado e especializado na área da conservação, restauro e reabilitação
urbana prestado pela equipa de trabalho da Bolsa;
- Apoio na elaboração do caderno de encargos prestado pelos técnicos da Câmara
Municipal de Aveiro;
- Apoio técnico da elaboração de candidaturas a programas de financiamento
externo apropriados.

Eixo 2 – Apoio financeiro à recuperação de imóveis com características Arte Nova

57
O Eixo 2 da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova funciona como um complemento ao Eixo
1 em caso de:
- Residências privadas, cujos proprietários comprovem sofrer de dificuldades
financeiras (beneficiários do rendimento social de inserção ou cujo agregado
familiar viva exclusivamente de pensões de reforma e o rendimento seja igual ou
inferior ao valor máximo atribuível no âmbito do rendimento social de inserção; os
interessados deverão fazer prova da situação através das correspondentes
declarações emitidas pela segurança social da área respectiva);
- Imóveis de qualidade excepcional (a equipa de trabalho da Bolsa avalia a
possibilidade de um determinado imóvel se integrar nesta categoria. A sua
decisão é validada pelo parecer da Comissão Consultiva do Património Edificado).
- O apoio financeiro prestado no quadro do Eixo 2 da Bolsa é providenciado pela
Rede de Mecenas da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova. A Rede de Mecenas é
composta por empresas, instituições ou privados que aceitem o convite
endereçado pela Câmara Municipal de Aveiro ou que enviem uma carta escrita a
manifestar o interesse em aderirem à iniciativa.

5. Rede de Mecenas da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova


- A adesão à Rede de Mecenas da Bolsa é livre e voluntária;
- Os membros da Rede de Mecenas são contactados sempre que um pedido se
insira no âmbito do Eixo 2 da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova;
- Os processos em questão são enviados aos membros da Rede de Mecenas,
tendo estes trinta dias úteis para decidir o apoio financeiro, sob a forma de
mecenato, ao imóvel em questão;
- Cada mecenas é livre de aceitar ou recusar apoio a um determinado imóvel;
- O valor do apoio financeiro doado pelo mecenas resulta apenas da sua decisão,
não existindo um valor mínimo de apoio obrigatório ou predefinido;
- Nunca se aceitam, por parte de um mecenas individual ou de um conjunto de
mecenas, apoios com um valor superior ao custo estimado da intervenção,;
- Caso vários mecenas demonstrem interesse em patrocinar uma intervenção e o
valor conjunto das suas doações ultrapasse o custo estimado da intervenção,
cabe à equipa de trabalho reunir com os mecenas e ajustar o valor das suas
doações de forma a resolver esta situação.

58
6. Identificação dos imóveis no âmbito da Bolsa de Salvaguarda Arte Nova
- Todos os imóveis intervencionados com o apoio da Bolsa ficarão assinalados com
uma placa identificativa, independentemente de terem recebido apoio financeiro
no âmbito do Eixo 2.
- Na placa identificativa e, caso o imóvel tenha sido apoiado financeiramente no
âmbito do Eixo 2, deverão figurar os logótipos ou nomes dos mecenas.

59
5. Conclusão

O conceito museológico apresentado aproxima-se da tipologia de ecomuseu, que se


caracteriza por ser aberto, da povoação, do território, da identidade e da testemunha, “sem
paredes”, e com maior atenção aos valores e necessidades do presente das comunidades, ou
de museu de território, entendido como um museu cuja colecção é representativa de um
território específico, mais ou menos vasto e cuja ligação a esse mesmo território se concretiza
através de um conjunto de acções, em articulação com a comunidade e outras instituições
locais. De acordo com este paradigma de museu, o visitante converte-se em activo, habitante
e participante.
Também, o ecomuseu é pensado como um instrumento para a participação popular e
ordenamento do território, sempre através da tomada de consciência da população. Neste
sentido o ecomuseu é o espelho no qual a população local descobre e cria a sua imagem.
Contudo, não podemos pensar que os ecomuseus se implementaram e implementam só em
zonas rurais. Pelo contrário, a experiência museológica tem sido aplicada em contextos
urbanos e industriais. Um bom exemplo de ecomuseu urbano é o de Fresnes (França), criado
em 1978, num subúrbio de Paris e que desenvolve programas comunitários de exposições
temporárias sobre as culturas dos imigrantes, a história das mulheres, bem como a história
urbana e o urbanismo da cidade.
É verdade que o Museu Arte Nova de Aveiro não se pode considerar um verdadeiro
ecomuseu, mas com o presente trabalho pretende-se aproveitar as potencialidades da
existência de imóveis que se podem integrar na tipologia Arte Nova na cidade e explorar esta
valência. Se não se trata de um ecomuseu, a verdade é que as premissas que lhe servem de
base se mostraram orientativas do trabalho. Posto isto, através da aplicação e
desenvolvimento deste conceito, o Museu Arte Nova segue os seguintes princípios
orientadores:
- Compreender o tempo nas suas diferentes dimensões: passado, presente e
futuro;
- Interpretar os diferentes espaços que compõem uma paisagem;
- Territorializar o museu e musealizar o território, contextualizando os bens culturais
no seu contexto de significado social;
- Dedicar áreas ao estudo histórico e social, mas também à formação de
especialistas e outros;

60
- Aplicar uma escala, na qual as populações participam nas acções de pesquisa e
de protecção, sensibilizando-as para os seus problemas e participando
activamente na sua resolução;
- Mostrar ideias e não só objectos;
- Gerar emprego directo e indirecto, podendo atrair por si só turismo cultural;
- Contribuir para o desenvolvimento turístico e cultural;
- Permitir que a sociedade civil participe na definição do que é património cultural;
- Abrir o museu a toda a comunidade.
Podemos, no final, concluir que o Museu Arte Nova é, com algumas limitações, um
museu territorial, quase polinuclear, no sentido de um modelo de antenas e sítios visitáveis,
nele a participação cidadã, a identidade, a memória e o meio ambiente são conceitos
fundamentais. Neste âmbito, procura-se que esta estrutura se oriente, em muitos dos seus
princípios, pelas linhas da “nova museologia”, tentando explicar o sociocultural no território e
organizar visitas com destaque para a experiência, nas quais os locais se auto-interpretam.

61
6. Fontes e Bibliografia

Nota: Apresentam-se as obras de consulta organizadas por temática, existindo um


sector para as obras sobre a cidade de Aveiro e o movimento Arte Nova e outro para os
trabalhos sobre museologia e património cultural. Na presente listagem de fontes e bibliografia
encontram-se referenciados todos os livros, artigos e fontes que influenciaram a dissertação,
mesmo que não tenham sido explicitamente referenciados no corpo de texto, pois considero
que sem a sua leitura o trabalho final seria diferente.

6.1. Fontes

6.1.1. Manuscritas e dactilografadas

Arquivo de Aveiro – Biblioteca Municipal de Aveiro:


- Actas da Câmara – 1903 a 1910;
- Livro Copiador de Officios – 1903 a 1908;
- Três cadernos com correspondência entrada na Câmara – 1903 a 1910;
- Pasta Contendo 4 cadernos de registo de licenças de construção – 1902 a 1910;

Primeiro Cartório Notarial de Aveiro:


- Livro de Notas para Escrituras Diversas, n.º 167-F.

Arquivo Distrital de Aveiro:


- Livro das Descripções Prediaes;
- Livro das Inscripções de Transmissão.

Câmara Municipal de Aveiro – Secção de Actas:


- Actas da Reunião de Câmara do ano 2000 e 2004.
Câmara Municipal de Aveiro – Divisão de Obras Particulares:
- Regulamento de Taxas e Licenças Urbanísticas;
- Plano Director Municipal.

62
Assembleia Municipal de Aveiro:
- Actas da Assembleia Municipal do ano 2000.

6.1.2. Orais

Dr. José António Rebocho Christo


Dr. Lacerda Pais
Conferência de J. Aguiar – Reabilitação Urbana: ou a arte de gerir contradições!, 1.ª
Conferência do Jornal Arquitecturas, Reabilitação Urbana: desafios e oportunidades,
FIL, 1 de Fevereiro 2004

6.1.3. Icononímicas

Imagoteca Municipal de Aveiro:


- Álbum G1A2 a G9A44.

6.2. Obras de Consulta

6.2.1. Arte Nova e Aveiro

- 1900 [2000] – s/l, Réunion des Musées Nationaux.


- ANACLETO, Regina [1997] – Arquitectura neo-medieval portuguesa: 1780-1924,
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian e Junta Nacional de Investigação
Científica e Tecnológica.
- Art Nouveau & Design : Les arts décoratifs de 1830 à l’Expo 58 [2005] – Bruxelas,
Éditions Racine.
- Art Nouveau European Route [2007] – Barcelona, Institut del Paisatge Urbá I la
Qualitat de Vida.
- Art Nouveau, Jugendstil, Modern Style, Arte Nova. Uma exposição do Goethe-
Institut zur Pflege der deutschen Sprache im Ausland und zur Förderung der
internationalen kulturellen Zusammenarbeit [1980] – Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian e Instituto Alemão.
- Aveiro – Cidade Arte Nova [1999] – Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro.

63
- Aveiro – Cidade Arte Nova [2005] – Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro.
- BRAGA, Amílcar Manuel de Oliveira [1995] – Aveiro em 1847-1848 segundo um
relatório do Governo Civil, Aveiro, Estudos Aveirenses, n.º 5, pp. 191-206.
- CARVALHO, António Cardoso Pinheiro de [ 1997] – O arquitecto José Marques
da Silva e a arquitectura no Norte do País na primeira metade do século XX,
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6.2.2. Património Cultural e Museologia

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aprender el património, s/l, Ediciones Trea.
- CALAF MASACHS, Roser; FONTAL MERILLAS, Olaia [2004] – Comunicación
educativa del patrimonio: referentes, modelos y ejemplos, s/l, Ediciones Trea.
- CAMARERO IZQUIERDO, C.; GARRIDO SAMANIEGO, M. [2004] – Marketing del
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- CAMPILLO GARRIGÓS, Rosa [1998] – La gestión y el gestor del patrimonio
cultural, s/l, Editorial KR.
- Carta de Cracóvia, 2000.

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- Ciclo de debates 1999. Livro de actas – Património e Turismo. A filosofia de
intervenção, técnicas e custos da recuperação do património e seu impacte no
turismo [2002], Lisboa, Instituto de Financiamento e Apoio ao Turismo.
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- ECO, Umberto [1991] – Apocalípticos e integrados, Lisboa, Difel.
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- FERREIRA, Jorge A.B. [1998] – Direito do Património Histórico-Cultural, Cartas,
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- GALHARDO, Manuela [1996] – As convenções da UNESCO no domínio do
património cultural, Direito do Património Cultural, s/l, Instituto Nacional de
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objectos, Madrid, Ediciones de la Torre.
- HERNÁNDEZ HERNÁNDEZ, Francisca [2001] – Manual de museologia, Madrid,
Editorial Sintesis.
- HERNÁNDEZ HERNÁNDEZ, Francisca [2002] – El patrimonio cultural: la memoria
recuperada, s/l, Ediciones Trea.
- HOOPER-GREENHILL, Eilean [1994] – The educational role of the museum,
London, Routledge.
- HOOPER-GREENHILL, Eilean [1998] – Los museos y sus visitants, s/l, Ediciones
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- I Curso de Gestão do Património Cultural. 14 a 18 de Setembro de 1992.
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- KOTLER, Neil; KOTLER, Philip [1998] – Museum Strategy and Marketing:
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- KOTLER, Neil; KOTLER, Philip [2001] – Estrategias y marketing de museos,
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- LORD, Barry; LORD, Gail Dexter [1998] – Manual de gestión de museos,
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- Museu de Região. Pólo dinamizador de acção cultural. Actas do Colóquio
Associação Portuguesa de Museologia 1977 [1982], Lisboa, APOM.
- NABAIS, José Casalta [1997-1998] – Instrumentos Jurídicos e Financeiros de
Protecção do Património Cultural, Sumários e tópicos destinados aos alunos do
Curso Especializado em Assuntos Culturais no âmbito das Autarquias (CEACA),
Coimbra, CEFA (Centro de Estudos e Formação Autárquica).
- NABAIS, José Casalta [2004] – Introdução ao Direito do Património Cultural,
Coimbra, Almedina.
- NABAIS, José Casalta; SILVA, Suzana Tavares da [2003] – Direito do Património
Cultural, Legislação, Coimbra, Almedina.
- Nova Carta de Atenas, 2003.
- PASTOR HOMS, Maria Inmaculada [2004] – Pedagogia museística. Nuevas
perspectivas y tendências actuales, Barcelona, Ariel Patrimonio.
- PÉREZ SANTOS, Eloísa [2000] – Estúdio de visitantes en museos: Metodologia y
aplicaciones, s/l, Ediciones Trea.
- PINTO, Eduardo Vera-Cruz [1996] – Contributos para uma perspectiva histórica
do direito do património cultural em Portugal, Direito do Património Cultural, s/l,
Instituto Nacional de Administração.
- POULOT, Dominique [2005] – Musée et muséologie, Paris, Éditions La
Découverte.
- RICO, Juan Carlos [2006] – Manual práctico de museologia, museografia y
técnicas expositivas, Madrid, Sílex.
- SANZ LARA, José Ángel [2004] – Valoración económica del patrimonio cultural,
Gijón, Ediciones Trea.

69
- SEMEDO, Alice; LOPES, João Teixeira, coords. [2006] – Museus, Discursos e
Representações, s/l, Edições Afrontamento.
- TEBOUL, René; CHAMPARNAUD, Luc [1999] – Le public des musées. Analyse
sócio-économique de la demande muséale, Paris, L’ Harmattan.
- THROSBY, David [2001] – Economics and Culture, Cambridge, Cambridge
University Press.
- VERGO, Peter, ed. [1989] – The new Museology, London, Reaktion Books.

6.2.3. Publicações Periódicas

- Jornal O Povo de Aveiro – 1900 a 1918;


- Jornal O Democrata – 1908 a 1918;
- Jornal O Campeão das Províncias – 1900 a 1918.

6.2. 4. Websites

- http://www.univ-ab.pt/~bidarra/hyperscapes/video-grafias-263.htm - 17 de
Setembro de 2007, 16.35 horas.

70
Anexo 1 - Inventário do património edificado de pendor Arte Nova

71
Ficha

Designação Casa do Rossio

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Largo do Rossio, n.º 3 e 4

Protecção -

Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico,


Enquadramento
nomeadamente casas nas ruas João Barbosa de Magalhães e João Mendonça.
Edifício de planta longitudinal, com cobertura em telhado de duas águas. Possui dois pisos e
uma grande água furtada no enfiamento da fachada. Na fachada principal salientam-se duas
entradas laterais ao nível do rés-do-chão, embelezadas por molduras encimadas por um
frontão enrolado com concha ao centro. Axialmente, destacam-se três janelas, das quais, a
Descrição
central, mais estreita, forma um arco abatido em pedra. No segundo piso, existe uma varanda
em pedra com guarda em semicircunferência, sustentada por mísulas trabalhadas e ladeadas
por duas janelas em arco de volta perfeita, com moldura em pedra lavrada. Na água furtada
sobressai uma janela embelezada por uma moldura em arco abatido com avental.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto Duarte, construtor
autor

Cronologia 1929

72
Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
Os frisos de remate com lágrimas estão igualmente presentes no edifício da “Barrica”.
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário (molduras e elementos decorativos da fachada), madeira (caixilharia e portas), vidro


Materiais
colorido (interior), telha marselha, estuque (tectos), azulejos (interior).

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Bibliografia
Nacionais, 1999
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Representa um exemplo final da corrente Arte Nova, mais ecléctico ao nível das formas. No
Observações
seu interior são dignos de referência os tectos estucados e as portadas com vidros coloridos.

73
Ficha 2

Designação Edifício dos Lírios

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Antónia Rodrigues, n.º 87

Protecção -

Enquadramento Urbano, voltado para um dos canais da Ria de Aveiro, no Canal de São Roque..

Edifício de planta rectangular, com cobertura em telhado de duas águas e dois pisos. A
fachada principal é alta e estreita, revestida a azulejo azul e branco e rematado por uma
empena com painel de azulejo ao centro. No primeiro piso salienta-se uma porta com
bandeira gradeada e uma janela, do lado esquerdo, emoldurada a cantaria. Separa-as um
painel de azulejos vertical com lírios. A encimar a moldura, inserido num arco abatido, e no
avental, dois outros painéis, com o mesmo motivo. No segundo piso ressaltam duas janelas
Descrição
de peito com moldura e varandim em ferro, também separadas por um painel de azulejos,
igual ao primeiro piso. A encimar as molduras, existe um painel triangular com os mesmos
motivos. Salienta-se a existência de mais dois azulejos integrados nas lágrimas decorativas,
nos dois extremos da fachada. O edifício é rematado por uma empena, incorporando mais
um painel em azulejos, dentro da mesma linha dos anteriores. O interior não possui valor
artístico arquitectónico.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

74
Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia 1912 – data da elaboração dos azulejos pela Fábrica Fonte Nova, da autoria de Licínio Pinto

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Granito (molduras), azulejo (polícromo nos painéis, azul e branco a revestir a fachada),
Materiais
madeira (caixilharias e porta), ferro (gradeamentos).
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu distrito, CMA, 1998.
Bibliografia Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).
A verticalidade do imóvel, neste caso particular, justifica-se não tanto como uma tendência da
corrente Arte Nova, mas como resultado da exígua métrica tão típica das construções do
Observações
Bairro da Beira Mar. Neste edifício destacam-se os painéis de azulejos, ao gosto Arte Nova e
da Fábrica da Fonte Nova.

75
Ficha 3

Designação Edifício das Quatro Estações

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Manuel Firmino, n.º 47 e 49

Fachada de azulejos classificada como Valor


Protecção Concelhio, em 16 de Dezembro de 1999. Aguardar
resolução.

Enquadramento Urbano, integrado em frente urbana contínua.

Do imóvel original só resta a fachada que pelo seu valor intrínseco foi preservada e inserida
num novo projecto de arquitectura contemporânea. Os quatro painéis que ostenta são
evocativos das estações do ano e são provenientes da Fábrica da Fonte Nova. Os painéis
Descrição
são em cor azul e surgem envoltos em cercaduras polícromas. No piso térreo encontra-se o
painel evocativo do Inverno, no lado direito, e do Outono, no lado esquerdo. No segundo
piso, à direita localiza-se o painel evocativo do Verão e à esquerda a “Primavera”.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial e serviços (escritórios)

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia 1922 (cerca de)

Tipologia Arquitectura civil residencial e serviços

76
Qualidade estilística e cromática dos azulejos que revestem a fachada, executados pela
Características
Fábrica da Fonte Nova cujo trabalho é visível em outras fachadas de edifícios Arte Nova da
particulares
cidade.

Dados técnicos -

Materiais Azulejo polícromo (fachada)

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu distrito, CMA, 1998.
Bibliografia Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).
O actual projecto de reconstrução é da autoria do arquitecto Ricardo Melo. Ao nível azulejar,
é notório um desenho mais clássico no piso térreo, com folhas de acanto, pássaros e jarrões
de flores, na boa tradição azulejar portuguesa, entre os quais sobressaem as figuras do
Observações
Outono e Inverno. Por contraste surgem as linhas mais modernas e estilizadas do piso
superior, onde borboletas e rosas envolvem uma Primavera e um Verão de expressão
infantil.

77
Ficha 4

Designação Edifício do Cais

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Travessa de São Gonçalinho, n.º 3

Protecção -

Enquadramento Urbano, voltado para um dos canais da Ria de Aveiro e fazendo ângulo com duas artérias.

Edifício de planta longitudinal com cobertura em telhado de duas águas com água furtada
destacada. A fachada principal ostenta uma empena escalonada coberta a azulejo azul e
branco. No rés-do-chão, duas portas com almofadas gradeadas e molduras rectas em
cantaria e janela ao centro, também com moldura em pedra. No segundo piso, salienta-se
Descrição uma janela de sacada ao centro com guarda arredondada em ferro, ladeada por janelas de
peito estreitas, todas com molduras encimadas por arquitrave. A água furtada, ao centro, tem
uma janela com gradeamento condizente aos restantes. Superiormente, existe um remate
com friso em azulejo, com motivos florais e cornija saliente. A fachada lateral esquerda é
composta por vãos no segundo piso, enquadrados numa parede lisa pintada.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

78
Cronologia Século XX

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características Escalonamento volumétrico no remate da fachada principal. A água furtada destacada, ao


particulares centro, é encontrada em vários edifícios do mesmo estilo da cidade.

Dados técnicos Paredes autoportantes em alvenaria de pedra

Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (revestimento da fachada principal e


Materiais
remate da fachada), ferro forjado fundido (gradeamentos), madeira (caixilharias e porta).
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Bibliografia
Nacionais,1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Este edifício destaca-se pelo ritmo criado pelo desnível dos seus beirados e pela mansarda
central. Contribuem ainda para a sua beleza os frisos de remate que acompanham os
Observações
mesmos beirados nos quais um desenho floral reflecte bem os cânones estilizados do
movimento Arte Nova.

79
Ficha 5

Designação Pensão Ferro

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Tenente Resende, n.º 30

Edifício classificado como Valor Concelhio, 25 de


Protecção
Maio de 1998. Aguardar resolução.

Enquadramento Urbano, integrado em frente urbana contínua.

Edifício de planta longitudinal com cobertura em telhado de duas águas. Possui dois pisos, o
primeiro revestido a pedra com diferentes tratamentos e o segundo piso a azulejo verde. No
rés-do-chão sobressai um arco abatido decorado com caules entrelaçados que envolvem as
duas janelas com gradeamentos e porta central, em ferro fundido com motivos vegetalistas.
Em cada extremo situam-se esculturas alusivas, uma intitulada “Honor”, com símbolos florais
Descrição e outra “Labor”, com instrumentos de serralharia. No primeiro andar salienta-se uma janela
dupla, ao centro, com varanda de pedra e guarda em ferro, apoiada sobre três mísulas. De
cada lado, existe uma janela com moldura em pedra. No topo, ressalta uma água furta cega
emoldurada por pedra lavrada. A fachada posterior está integralmente revestida a azulejo
verde, não possuindo qualquer elemento, nem qualquer correspondência com a fachada
principal.

Utilização Inicial Comercial - serralharia

Utilização actual Comercial e turística – pensão e restaurante

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto Silva Rocha, projectista
autor

80
1909 – referência ao cliente da obra e data de construção do edifício: Manuel Ferreira
pretende construir uma “casa de habitação e oficina de serralharia”, cujo projecto coube ao
Cronologia “distinto professor da Escola de Desenho Industrial, Silva Rocha”. Posteriormente, o edifício
ainda vem a funcionar como instalação para a Imprensa Aveirense. (Campeão das
Províncias, n.º 5859, de 22 de Maio de 1909)

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário (primeiro piso, elementos decorativos exteriores), azulejo (segundo piso na fachada
Materiais principal e fachada posterior), ferro forjado fundido (gradeamentos dos vãos do piso térreo e
guarda da varanda do segundo piso)
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Bibliografia
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

81
Ficha 6

Designação Casa dos Ovos Moles

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua João Mendonça, n.º 24 e 25

Protecção -

Urbano, voltado para o canal da Ria de Aveiro. Integrado em frente urbana contínua, onde se
Enquadramento
destacam outros edifícios de qualidade arquitectónica.
Edifício de planta longitudinal com cobertura em telhado de duas águas. Possui dois pisos.
Na fachada principal, salienta-se uma porta ao centro ladeada por dois vãos de janela, todos
encimados por molduras de cantaria com friso lavrado. No segundo piso, demarcado por
vãos lavrados, existe uma janela axial de forma arredondada, apoiada em mísulas robustas
em forma, de cada lado possui janelas de peito com varandim arredondado em ferro forjado
Descrição com motivos vegetalistas e encimadas por frontões curvos interrompidos, ao centro, por
motivo decorativo. Entre as mísulas encontra-se um painel de azulejo em tons rosa. A
rematar o edifício sobressai uma água furtada com janela gradeada com motivos ondulantes
em “arco japonês” emoldurado por cantaria lavrada. Frisos de azulejos, rematados por pedra
e de tom rosa, distribuem-se pela fachada, a ¾ de altura e no topo (estes finalizados com
lágrimas em cantaria), imprimindo uma certa horizontalidade.

Utilização Inicial Comercial – barbearia (rés-do-chão), consultório médico (primeiro piso)

Utilização actual Comercial – pastelaria (rés-do-chão), cabeleireiro (primeiro piso)

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

82
Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto da Silva Rocha, projectista
autor

Cronologia 1923

Tipologia Arquitectura civil comercial

Água furtada com vão em “arco japonês”, característica regional aveirense, também presente
Características
na Casa Mário Pessoa, e frisos de remate com lágrima também presentes na Casa do
particulares
Rossio.

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário pintado (fachada), calcário branco (molduras dos vãos, varandins e elementos
Materiais decorativos exteriores), azulejo (elementos decorativos da fachada), ferro fundido (guardas),
madeira (caixilharia e portas), vidro.
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.
Bibliografia Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

83
Ficha 7

Designação Museu da Cidade

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua João Mendonça, n.º 11 e 13

Protecção -

Urbano, voltado para o canal da Ria de Aveiro. Integrado em frente urbana contínua, onde se
Enquadramento destacam outros edifícios de Arte Nova: Casa Mário Pessoa, Casa dos Ovos Moles e o
edifício da Cooperativa Agrícola.
Edifício de planta longitudinal. Possui três pisos. A fachada principal ostenta uma acentuada
verticalidade, apesar de dividida em três panos. Horizontalmente, apresenta uma
organização espacial tripartida, que concentra toda a estrutura decorativa. O rés-do-chão
possui grinaldas curvilíneas de flores a decorar a moldura das janelas laterais. O segundo
piso também se encontra embelezado por grinaldas de flores nas molduras das janelas. O
piso seguinte, com motivos florais nas mísulas e molduras das varandas e janelas. A varanda
Descrição central, que percorre o segundo e terceiro piso (com guarda de ferro no segundo piso e
balaustrada em pedra no terceiro), destaca-se volumetricamente da fachada e é apoiada
sobre duas grandes e destacadas mísulas com rosto feminino adornado com grinaldas de
flores, sobre a balaustrada, duas colunas coríntias que suportam uma cobertura em arco
abatido. No último piso salienta-se uma água furtada com telhado saliente, rematado por
varandim decorado de pedra e um par de cisnes de cada lado. O interior é simples, tal como
o usual nos outros edifícios do mesmo período e estilo.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Museu da República

Propriedade Pública

84
Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil privada

Destaca-se a varanda central, ricamente decorada, e com guarda em ferro com palmas
Características inseridas. Água furtada com cobertura em telhado e quatro águas. Rosto feminino
particulares enquadrado por motivos vegetalistas nas mísulas da varanda central, tal como sucede na
casa de Silva Rocha e na Junta de Freguesia da Vera Cruz.

Dados técnicos Paredes autoportantes em alvenaria de pedra

Calcário (revestimento da fachada, molduras dos vãos, varandins e decoração exterior),


Materiais
azulejo (água furtada), madeira (caixilharias), ferro (varandim).

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.
Bibliografia Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

85
Ficha 8

Designação Edifício da Cooperativa Agrícola

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua João Mendonça, n.º 5 e 7

Edifício classificado como Imóvel de Interesse


Protecção Público, Decreto n.º 2 / 96, Diário da República n.º 56
de 6 de Março de 1996.

Urbano, voltado para o canal da Ria de Aveiro. Integrado em frente urbana contínua, onde se
Enquadramento
destacam outros edifícios de qualidade arquitectónica.
Edifício de planta longitudinal com cobertura de telhado em duas águas. Possui três pisos. Ao
nível da fachada salienta-se a evidente verticalidade e a sua divisão em três panos,
apresentando uma organização espacial tripartida horizontalmente, onde se concentra toda a
estrutura decorativa. Está presente o gosto pelo curvilíneo e aparato decorativo, quer nas
molduras lavradas dos vãos, quer nos motivos vegetalistas dos painéis azulejados (de tons
quentes, em tons rosa, roxo e vermelho, delineando lírios com caules verdes) que preenchem
Descrição
integralmente o edifício. As representações vegetalistas surgem das bases arquitectónicas e
acompanham os remates curvos tanto dos pisos como da cimalha. O rés-do-chão possui três
vãos de entrada individual, formando arco abatido único. Os dois pisos seguintes têm cada
um três janelas de sacada rematadas por um arco rectilíneo. O primeiro piso possui uma
varanda corrida e o segundo três varandas individuais. O remate superior do edifício é feito
com um coroamento axial em meandro.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Comercial (rés-do-chão), serviços (segundo piso) e residencial (terceiro piso)

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

86
Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto Silva Rocha ou Jaime Inácio dos Santos
autor

1913 – data dos azulejos oriundos da Fábrica da Fonte Nova e que servem de referência ao
Cronologia
próprio edifício

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
Destaca-se a azulejaria pintada à mão e oriunda da Fábrica da Fonte Nova
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário de Ançã (cantarias); azulejos (fachada), ferro (varandas)

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.
História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986, p. 96-97.
NEVES, Amaro; SEMEDO, Énio e ARROTEIA, Jorge – Aveiro, do Vouga ao Buçaco, Col.
Bibliografia Novos Guias de Portugal, Editorial Presença, Lisboa, 1989.
FERNANDES, José Manuel – Arquitectura Modernista em Portugal, Lisboa, 1992.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

87
Ficha 9

Designação Centro Comunitário da Vera Cruz

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua João Mendonça, n.º 3 e 4

Edifício classificado como Imóvel de Interesse


Protecção
Municipal, 15 de Julho de 2004.

Urbano, próximo da linha de caminho de ferro e do edifício de Francisco Rebelo dos Santos e
Enquadramento
da Taverna de Sá.
Edifício de planta longitudinal com cobertura de telhado em duas águas. Possui três pisos.
Possui três pisos, com água furtada ao centro e revestimento do piso térreo com azulejo de
cor verde escuro. No piso térreo sobressaem duas janelas, ladeadas por duas portas, ao
centro destaca-se uma janela redonda com moldura em cantaria. O segundo piso possui uma
sacada ao centro, embelezada por um par de mísulas decorada com flores. A sacada é
Descrição ladeada por duas janelas com molduras decoradas, na parte superior, com flores, volutas e
métopas. O edifício é rematado com um friso de azulejos com flores em tons de rosa,
intervalado por elementos de pedra imitando triglifos. A janela da água furtada está coberta
por um pequeno telhado e no topo, decorada por um rosto feminino destacado. A fachada
lateral esquerda e a fachada posterior foram recentemente alteradas. No interior não há
vestígios de decoração da época.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Administrativa – Junta de Freguesia da Vera Cruz

Propriedade Pública - municipal

Época de construção Século XX

88
Arquitecto / construtor / Francisco Augusto Silva Rocha – geralmente este imóvel é atribuído a este projectista pelo
autor tratamento dado à fachada (organização e decoração)

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (monocromático (revestimento do piso


Materiais térreo) e policromático (friso do topo)), ferro forjado (guarda e varandins), telha de aba,
alumínio lacado (caixilharias e portas).
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.
História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986, p. 96-97.
Bibliografia
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

89
Ficha 10

Designação Edifício de Francisco Rebelo dos Santos

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Cândido dos Reis, n.º 146

Protecção -

Urbano, adossado, faz parte da frente urbana da Rua Cândido dos Reis. Bastante próximo da
Enquadramento Estação de Caminho de Ferro, o conjunto formado pelas construções deste quarteirão
apresenta características homogéneas de grande valor arquitectónico e artístico.
Edifício de planta longitudinal com cobertura diferenciada em telhado de duas águas com
mansarda. A fachada principal é estreita, com cerca de 6 metros de largura, parecendo ter só
um andar alteado. Possui, no entanto, uma mansarda recuada e uma cave elevada da linha
do chão. Ao nível da cave, revestida a pedra almofadada, sobressaem duas janelas em meio
arco, embelezadas com decoração vegetalista ao centro. À direita salienta-se uma porta
emoldurada com cantaria lavrada. No piso superior, à esquerda, existe uma janela de sacada
Descrição dupla, com guarda em ferro e moldura com grinalda ao centro. À sua direita existe uma janela
com caixilharia em ferro. Toda a fachada é preenchida por azulejaria e dominam os
elementos ornamentais com flores. Na mansarda existem duas janelas, uma simples, com
um pequeno varandim e a outra emoldurada por azulejos e também com um pequeno
varandim. Sobre a mansarda principal sobressai o monograma do proprietário. O interior é
simples e com acesso por uma escada interior bastante íngreme. Possui alguns tectos
estucados, mas de decoração simples.

Utilização Inicial Comercial (padaria) e residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privada

90
Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto Silva Rocha
autor

1911 – construção provável segundo os azulejos da fachada, assinados por Alfredo Pinto da
Cronologia
Fábrica da Fonte Nova

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características Possui pequenas dimensões, mas um forte conteúdo iconográfico e ornamental. Os painéis
particulares de azulejo, bem ao gosto Arte Nova, são provenientes da Fábrica da Fonte Nova.

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (revestimento da fachada), ferro forjado


Materiais
(guardas e caixilhos), madeira, lousa (mansarda).
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.
História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986.
Bibliografia Campeão das Províncias, n.º6059, de 6 de Maio de 1911.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

91
Ficha 11

Designação Edifício Pompeu Figueiredo

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua do Carmo, n.º 35

Edifício classificado como Valor Concelhio, por


Protecção despacho de 18 de Março de 1998. Aguardar
resolução.

Urbano. Localiza-se na mesma rua de outro importante edifício Arte Nova – a residência de
Enquadramento
Francisco Augusto Silva Rocha.
Edifício de planta longitudinal, massa simples e cobertura em telhado de duas águas, com
uma pequena trapeira ao centro. Possui dois pisos com pilastras nos ângulos e encontra-se
revestido a azulejo azul petróleo. No piso térreo salienta-se a porta principal à esquerda, com
uma moldura em pedra lavrada, bandeira e postigo com gradeamentos de temas florais e a
janela central em arco abatido, com blocos de pedra colocados em volta e três grupos de
azulejos de motivos geométricos. Em baixo, à direita existe outra janela, com moldura similar
Descrição à porta. No primeiro piso sobressai a varanda em pedra, ao centro, embelezada com dois
painéis de azulejos de motivos geométricos a decorar a parte inferior. A varanda é suportada
por três mísulas em pedra lavrada. As molduras da varanda e das janelas são em pedra
lavrada, tal como no andar inferior. O remate do edifício possui mísulas que suportam a
cornija, alternando grandes e pequenas, intercaladas com frisos de azulejos com concha e
voluta desenhados. No topo do edifício existe uma platibanda interrompida ao centro por um
pequeno frontão ondulado.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Devoluto

Propriedade Privada

92
Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto Silva Rocha
autor

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes em alvenaria de pedra, pavimento entre pisos em soalho de madeira.

Azulejo de cor (revestimento da fachada), calcário, ferro fundido (gradeamentos), madeira


Materiais
(caixilharia e portas), telha marselhesa.
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.
Bibliografia
História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

93
Ficha 12

Designação Residência Francisco Augusto Silva Rocha

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua do Carmo, n.º 12 e 14

Edifício classificado como Valor Concelhio, por


Protecção despacho de 19 de Março de 1998. Aguardar
resolução.

Enquadramento Urbano, na mesma rua que outro edifício Arte Nova – o edifício Pompeu de Figueiredo.

Edifício de planta longitudinal, massa simples e cobertura em telhado de duas águas.


Possui dois pisos e uma água furtada. A fachada principal é escalonada; no piso térreo
salienta-se um soco de calcário até meia altura, uma porta e uma janela ao centro, formando
um arco abatido e decorada com um rosto feminino esculpido e duas grandes palmas. De
cada lado, existem duas pequenas janelas com varandim em ferro sobre mísulas e frisos em
baixo relevo. No segundo piso, sobressaem duas janelas que formam, igualmente, um arco
abatido simétrico ao inferior. O arco está adornado com duas palmas e as letras “S.R.”
Descrição gravadas em sobreposição e por uma varanda com guarda em ferro forjado, embelezada por
motivos florais e suportada por mísulas trabalhadas. Na separação entre pisos existem
pequenos azulejos, de cor azul, branca e rosa, com pavões e motivos florais. Os mesmos
azulejos aparecem de cada lado da varanda e no friso de remate do edifício. A água furtada
possui uma janela com varandim, e na moldura a inscrição de uma data. No interior
destacam-se os azulejos e a tijoleira da época, nomeadamente na pavimentação do hall de
entrada. Na sala destaca-se o fogão em ferro forjado, colocado sobre pedra de Ançã
trabalhada e o tecto em estuque onde sobressaem folhas de acanto e motivos vegetalistas.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

94
Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor Francisco Augusto Silva Rocha (projectista), Teixeira Lopes (estuques), Ernesto Korrodi
/ autor (fogão).

Cronologia 1904 (inscrito no topo do edifício)

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características As molduras que decoram os vãos têm esculpidas folhas de palma, característica única deste
particulares edifício. Nas mísulas da varanda destaca-se também a folha de jarro.

Dados técnicos Paredes autoportantes em alvenaria de pedra, pavimento entre pisos em soalho de madeira.

Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo, ferro forjado (guardas da varanda e


Materiais
varandins), madeira (caixilharia, porta).
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.
História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986.
Bibliografia
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

A data, 1904, inscrita na janela da mansarda, coloca-a entre as primeiras edificações da


corrente Arte Nova em Aveiro. O edifício reflecte, ainda, as relações privilegiadas com outro
nome da arquitectura da época, Ernesto Korrodi, a quem se atribui a autoria de algum
Observações
mobiliário e do fogão de sala. Recentemente, este imóvel foi reabilitado e venceu o Prémio
Incentivo integrado na primeira edição do Prémio de Arquitectura e Urbanismo do Município
de Aveiro (PAUMA).

95
Ficha 13

Designação Edifício da Antiga Garagem

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua Capitão Sousa Pizarro, n.º 60

Protecção -

Enquadramento Urbano, apenas resta a fachada, por trás está um edifício moderno, em vidro.

A fachada principal revela uma grande plasticidade e encontra-se integralmente revestida a


cantaria. O rés-do-chão é constituído por uma porta axial em arco abatido tendo como fecho
um modilhão decorado com folhas de acanto, ladeado por duas janelas em arco de volta
perfeita com fecho. No piso superior “loggia” com três arcos de volta inteira, o do centro de
maiores dimensões, suportado por modilhões e decorado com nervuras e folhas de acanto.
Descrição
Os vãos estão decorados com pequenos quadros com lírios esculpidos. Existe uma guarda
de ferro forjado, com motivos vegetalistas estilizados. Os arcos estão apoiados em colunatas
de fuste liso e cilíndrico. Em volta estão esculpidas volutas invertidas e motivos semelhantes
a conchas, bem como nos seus capitéis. O edifício é rematado por modilhões na cornija e
encontra-se rematado por pináculos decorados com flores nos extremos.

Utilização Inicial Equipamento – garagem

Utilização actual Associação de Municípios – SIMRIA

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Ernesto Korrodi
autor

96
Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil

Características
-
particulares

Dados técnicos Estrutura autónoma

Materiais Calcário (revestimento), ferro forjado (guarda)

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Bibliografia
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

97
Ficha 14

Designação Fundação João Jacinto Magalhães

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua José Rabumba, n.º 56

Edifício classificado como Valor Concelhio a 16 de


Protecção
Dezembro de 1999. Aguardar resolução.

Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e dos edifícios de relevo arquitectónico junto ao
Enquadramento
canal, nomeadamente imóveis nas Ruas João Barbosa de Magalhães e João Mendonça.

Edifício de planta longitudinal, massa simples e com cobertura de telhado em quatro águas,
com mansarda e água furtada. Possui três pisos (incluindo a mansarda), demarcado por dois
corpos distintos, o da esquerda com mansarda e revestido a azulejo de cor verde e o da
direita rematado por água furtada e revestido a granito. A cave, pronunciada em relação ao
nível do passeio é formada por dois arcos torsos e revestida com soco de pedra. No rés-do-
chão, as janelas de peito com varandim em ferro com motivos estilizados, formam um arco
abatido com uma moldura de granito decorada com flores em cantaria e uma coluna
adossada entre elas. No corpo da direita revestido a cantaria, destaca-se uma porta com
bandeira e moldura em consonância com as janelas. O primeiro andar, com dupla sacada,
possui guarda em ferro estilizado. O apoio da varanda é conseguido por três mísulas com
Descrição
flores esculpidas e a moldura da varanda é igual ao do rés-do-chão, bem como a da janela
ao lado. Do lado esquerdo do edifício, sobressai um pequeno portão em ferro, com rosáceas
e encimado por um arco abatido em granito. No interior, salienta-se a serralharia e cantaria
de grande qualidade e as escadas com um elegante corrimão. No primeiro andar, as salas
evidenciam um ambiente de certa simplicidade, salvaguardando-se a riqueza da sala de
jantar, guarnecida de alto rodapé ou espaldar em madeira, onde se embutiram azulejos arte
nova avulsos, de diferentes tamanhos e tonalidades, que sugerem cachos de uvas e outras
estilizações relevadas com um belo efeito cromático. O tecto, em estuque, é de notar pelos
vazados que se repetem e que surtem um efeito assaz agradável. Ainda subsistem algumas
peças de mobiliário da sala. Ao nível do primeiro andar, realce para o salão nobre, com

98
excelente friso e tecto, em estuque e ostentando motivos florais e vegetalistas, bem como a
sala de reuniões onde a temática decorativa é semelhante. Outras salas apresentam
diferentes temáticas. De entre a variedade azulejar, para além da flor-de-lis estampilhada
muito comum na produção aveirense, há ainda a salientar, da época e do estilo, uma boa
composição do Farol da Barra e ainda uma outra com o tema das cegonhas. Existem vários
vitrais e biombos e, consequentemente, diversos jogos de cor. As instalações sanitárias
foram remodeladas, mas subsistem, ainda, quatro peças de louça sanitária da época,
timbrada com a publicidade original do Porto, nomeadamente da Illuminadora – Porto.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Cultural - fundação

Propriedade Pública – Universidade de Aveiro

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto Silva Rocha (projectista), Francisco Duarte (construtor)
autor

Cronologia 1906-1911

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características O interior revela alguma decoração ao gosto Arte Nova, tornando-se este edifício, assim
particulares como a Casa Mário Pessoa, um dos únicos exemplares completos deste estilo.

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário (elementos decorativos exteriores), granito (revestimento do corpo direito),


Materiais azulejo(revestimento da fachada), xisto (mansarda), ferro fundido (varandim, gradeamentos e
guarda).
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
Bibliografia NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro,
Aveiro,1998, p. 63-64. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais, 1999.

99
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Edifício caracterizado por uma acentuada verticalidade. Inicialmente construído para


Observações
residência do Dr. Peixinho, conhecido jurista local.

100
Ficha 15

Designação Edifício Florentino Vicente Ferreira

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua José Rabumba, n.º 26 e 28

Protecção -

Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e dos edifícios de relevo arquitectónico junto ao
Enquadramento
canal, nomeadamente imóveis nas Ruas João Barbosa de Magalhães e João Mendonça.
Edifício de planta longitudinal, massa simples e com cobertura de telhado em duas águas e
água furtada ao centro. Possui dois pisos e a fachada principal encontra-se revestida a
azulejo cor de petróleo, salientando-se as pilastras almofadas nos ângulos e o soco de pedra.
O primeiro piso tem ao centro uma janela de peito com bandeira e varandim em ferro de
motivos florais, ladeada por duas portas com molduras estilizadas. No segundo piso existe
uma sacada no enfiamento da janela, assente sobre duas mísulas em forma de voluta e,
Descrição
entre elas a inscrição da data (1907), gravada na pedra. O gradeamento da mesma encontra-
se embelezado com motivos florais geometrizados e uma moldura em pedra lavrada com um
malmequer como fecho. O remate do edifício é feito com um friso de azulejos com motivos
florais intercalados com triglifos. A água furtada ostenta uma janela de moldura simples e
gradeamento igual ao das outras janelas. Este corpo é adornado por duas aletas, e a
inscrição das inicias do proprietário no topo (F.V.F.). O interior do edifício é bastante simples.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Residencial

Propriedade Privado

Época de construção Século XX

101
Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto Silva Rocha e Ernesto Korrodi
autor
1907 – ano da construção
1908 – o periódico “Campeão das Províncias” refere os autores como Silva Rocha e Ernesto
Cronologia Korrodi, a quem coube o desenho das cantarias. Este jornal local refere “nos seus detalhes –
arte nova – afasta-se dos moldes ordinarios d’ Aveiro, sendo seu administrador o Sr. Máximo
Henriques de Oliveira, nosso patrício e muito considerado empreiteiro d’ obras”

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (revestimento da fachada), ferro fundido


Materiais
(varandins, guardas, bandeiras), madeira (caixilharia).
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
1998, p. 70.
Bibliografia Campeão das Províncias, n.º 5775, 25 de Julho de 1908.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.
Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

102
Ficha 16

Designação Edifício da Sapataria Miguéis

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua de Coimbra, n.º 1 e 3

Protecção -

Enquadramento Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de vários edifícios de relevo arquitectónico.

Situado junto à que fora a Porta da Ribeira da muralha tardo-medieval de Aveiro, no extremo
da Rua de Coimbra, o edifício, remodelado em 1918, marca pela elegância do trabalho das
cantarias em torno dos vãos da porta e das vitrines. O seu desenho é da autoria de José de
Pinho que, de modo harmonioso, aplicou os elementos e formas típicas da Arte Nova
(grinaldas e rosto feminino) ao serviço da decoração da fachada, para além de explorar as
suas potencialidades como grafismo publicitário. O preciosismo vê-se, ainda, na placa
toponímica perfeitamente integrada no conjunto. O edifício possui uma planta longitudinal,
simples. Na fachada principal, o piso térreo encontra-se decorado com molduras com
Descrição grinaldas de flores, a do centro de maior proporção. Um fecho redondo a meio das grinaldas e
no seu extremo marca a linha os locais onde aparece esculpido num letreiro “Sapataria” e
“Miguéis”. Dos fechos laterais pendem grinaldas de flores. A meio da vitrine central, no fecho
da moldura, um rosto feminino esculpido na pedra, entre duas palmas. A separar este piso do
seguinte surge um friso em pedra a rematar. No piso térreo da fachada lateral esquerda,
quatro vitrines encimadas por molduras em arco de volta perfeita. A moldura das vitrines é
decorada por flores sobrepostas, círculos concêntricos e vasos com arranjos florais. O piso
também é separado por um friso em pedra a rematar, com duas volutas em cima de cada
vitrine. Por baixo das vitrines do meio, existem motivos decorativos com a mesma temática.

Utilização Inicial Comercial

Utilização actual Comercial

103
Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
José de Pinho, desenhador (decoração)
autor

1918, 11 de Abril – a planta deste edifício, cujo proprietário era José Miguéis Picado, foi
Cronologia
apreciada em reunião de Câmara para poder ser transformada em sapataria

Tipologia Arquitectura civil

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos exteriores), alumínio lacado (caixilharia)

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
1998, p. 73.
Bibliografia
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Curiosamente, a fachada voltada à Ponte-Praça assume uma linha muito mais geométrica e
Observações
estilizada que denuncia já tendência Art Déco.

104
Ficha 17

Designação Edifício Mário Belmonte Pessoa

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Barbosa de Magalhães, n.º 9-11

Imóvel Interesse Público, Decreto n.º 67 / 97, Diário da


Protecção
República n.º 301 de 31 de Setembro de 1997

Urbano, voltado para o canal da Ria de Aveiro. Integrado em frente urbana contínua, onde se
Enquadramento
destacam outros edifícios de qualidade arquitectónica, alguns dos quais Arte Nova.
Edifício de planta longitudinal, massa simples e cobertura em telhado de duas águas com
água furtada destacada. Possui três pisos revestidos a cantaria. Na fachada principal
destaca-se a grande decoração plástica, com conchas, malmequeres, lírios, girassóis, folhas
de acanto, volutas, todos lavrados em pedra. O rés-do-chão é formado por colunas de bronze
“patiné”, com lambril multicolor de motivos animais e vegetais. O andar nobre, entre arcarias,
é revestido de esmaltes e painéis em cristal de Veneza, e o superior é constituído por uma
arcada com varandim corrido, ornamental, de ferro forjado e cantaria. Na água furtada
Descrição
sobressai um arco de ¾ (arco japonês), como fecho das contracurvas da cimalha,
sobrepujado por uma águia de grande porte que domina uma serpente. Ao centro destacam-
se as iniciais do proprietário e a data de construção em bronze dourado. A entrada para as
traseiras do imóvel é feita por um portal encimado pelo monograma M.P (Mário Pessoa) em
ferro forjado, e enquadrado por pilares rematados por capiteis com elementos condizentes,
sobressaindo no varandim, como no exterior, painéis em tons verdes e amarelos vivos, e um
outro de figuras femininas, ou ainda jarros vermelhos de intenso colorido.

Utilização Inicial Residencial

Utilização actual Futuro Museu Arte Nova

Propriedade Pública – Câmara Municipal de Aveiro

105
Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / Francisco Augusto da Silva Rocha e Ernesto Korrodi, João Augusto Machado (canteiro),
autor Licínio Pinto e Carlos Branco (azulejos), Lourenço de Almeida (serralharia).

1907, 30 de Novembro – pedido de licença de construção


1907 – data de painel de azulejos assinado por Licínio Pinto e Carlos Branco da Fábrica da
Cronologia Fonte Nova
1908 – execução de cantarias pelo conimbricense João Augusto Machado
1909 – conclusão da obra

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário e mármore (cantarias), azulejos, ferro forjado (varandas), madeira (caixilharias),


Materiais
vidro.
Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
1998, p. 60-62 e 165.
Campeão das Províncias, n.º 5719, de 11 de Janeiro de 1908, pag. 2
Bibliografia
O Democrata, n.º 28, de 29 de Agosto de 1908, pag. 2
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

No pátio, para além do miradouro sobranceiro à Praça do Peixe destacam-se, desenhados na


Observações
pedra da calçada à portuguesa, os nomes dos quatro filhos do proprietário.

106
Ficha 18

Designação Antigo Hospital de Aveiro

Localização Aveiro, Glória

Acesso Avenida Artur Ravara

Imóvel classificado como Valor Concelhio,


Protecção classificado por homologação a 21 de Abril de 1999.
Aguardar resolução.

Enquadramento Urbano, localizado junto ao jardim municipal.

Projectado por Francisco Silva Rocha, o antigo hospital foi construído ao longo das duas
primeiras décadas do século XX, reflectindo as dificuldades sentidas na angariação dos
recursos necessários à sua conclusão. A sua notoriedade ao nível da Arte Nova inscreve-se
Descrição em pequenos pormenores decorativos e na aplicação de vitrais. Da sua estrutura salienta-se,
no primeiro piso a porta em arco de volta perfeita e emoldurada por cantaria. No segundo
piso realça-se o varandim e os dois janelões axialmente colocados. O edifício é rematado por
uma falsa água furtada, bem ao estilo de Francisco Silva Rocha.

Utilização Inicial Hospital

Utilização Actual Anexo ao actual Hospital de Aveiro

Propriedade Público

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Francisco Augusto da Silva Rocha
autor

1901 – proposta de construção


Cronologia
1924 – conclusão da obra

107
Tipologia Arquitectura civil hospitalar

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (cantaria), ferro forjado (serralharia), madeira (caixilharias)

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Bibliografia
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

É uma das obras mais imponentes de Silva Rocha, caracterizada por linhas geométricas.
Observações Ostenta equilíbrio entre a sobriedade de um edifício destinado a hospital e os elementos
decorativos ao gosto Arte Nova.

108
Ficha 19

Antiga Capitania do Porto de Aveiro –


Designação
Assembleia Municipal

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Rua Viana do Castelo, n.º 37

Imóvel Interesse Público, decreto de lei n.º 67 /


Protecção 97, Diário da República n.º 301 de 31 de
Dezembro de 1997.

Enquadramento Urbano, ergue-se no centro histórico, com a fachada principal voltada para a Ria de Aveiro.

Planta rectangular, massa simples e cobertura em telhado de quatro águas. Assenta sobre
arcos, que entram dentro das águas da Ria. Possui 5 janelões em arco abatido inseridas num
varandim corrido, em serralharia artística com motivos florais. O segundo piso possui 8 janelas
e somente um janelão em arco abatido. O remate do edifício é feito por modilhões, e ao centro
um triângulo com dois arranques de voluta. A fachada lateral esquerda está voltada para a rua
principal, cujo lado direito tem uma janela no primeiro piso com um frontão a rematar a parte
superior. A porta da entrada está ornamentada, nos postigos e na bandeira, com gradeamento
de temática floral. A mesma porta está encimada por um pequeno painel em azulejo azul e
Descrição amarelo com data da última intervenção realizada – 1918. O piso seguinte possui à direita
uma janela em arco abatido e remate com modilhões, arranque de voluta e grinalda de flores
em azulejo. O lado esquerdo é mais alto destaca-se do outro por formar um torreão rematado
em volta por modilhões. A janela do torreão, em arco abatido, está ornamentada por um painel
de azulejos onde predomina a temática marítima. Um portão, mais à esquerda, decorado com
gradeamento de temática Arte Nova, dá acesso à fachada posterior. A fachada lateral direita,
apenas possui uma porta e um simples varandim em metal de acesso à Ria, onde está
implantada. Na fachada posterior, as janelas estão voltadas para a entrada. Actualmente,
apenas existem as paredes exteriores, tendo sido integralmente demolido o interior.

Utilização Inicial Industrial – fábrica de moagens

109
Utilização Actual Sede da Assembleia Municipal e espaço de exposições

Propriedade Pública

Época de construção Século XIX

Arquitecto / construtor /
Joaquim José de Oliveira (primeiro piso), Francisco Augusto Silva Rocha (segundo piso)
autor

1830 – construção do 1.º piso “Casa dos Moinhos” por Joaquim José de Oliveira, de Aveiro,
fundador da Vista Alegre. Aí funcionou uma fábrica de moagens, inicialmente accionada por
moinhos de maré e depois por máquina a vapor;
final do século XIX – ampliação com a construção do segundo piso, instalação da Escola de
Desenho Industrial;
Cronologia 1903, 3 de Novembro – inauguração;
1913 a 1918 – época de funcionamento da Escola de Desenho Industrial
1918 – venda a um comerciante que habitou o imóvel;
1918 – inscrição em painel de azulejos, na porta lateral esquerda, da data da Escola Industrial;
1925 – vendida por Alfredo Esteves ao Ministério da Marinha, que ali instalou os serviços da
Capitania

Tipologia Arquitectura civil industrial

Características
Sistema estrutural de arcos sobre estacas
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes e sistema estrutural sobre estacas

Materiais Calcário (cantaria), ferro forjado (serralharia)

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
Bibliografia 1998.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos

110
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Era um moinho de maré já conhecido no século XV. É nos pormenores decorativos inseridos
Observações
por Francisco Silva Rocha que este imóvel ganha cariz Arte Nova.

111
Ficha 20

Designação Edifício Testa & Amadores

Localização Aveiro, Glória

Gaveto Rua Eça de Queirós, n.º 1-3 e Avenida


Acesso
Santa Joana

Protecção -

Urbano, próximo do Parque Municipal e da Ria de Aveiro, bem como de vários edifícios de
Enquadramento
relevo arquitectónico.

Edifício em gaveto, massa simples e cobertura em domo. O primeiro piso é uma sucessão de
vãos em arco abatido, uns que funcionam como porta e outros como vitrines com
gradeamento. Azulejos azuis e brancos, que representam grandes flores arredondadas,
rematam o piso em toda a sua altura. O segundo piso é uma sucessão de vãos rectos,
simétricos em relação aos de baixo. Destacam-se duas varandas, uma no gaveto e outra a
Descrição
meio do alçado lateral direito. O gradeamento das varandas usa motivos curvilíneos. O edifício
é marcado pelo ritmo das pilastras, que se acentuam na platibanda ao gosto classicizante, faz
destacar dois eixos verticais. Um que acentua o gaveto com a varanda e a platibanda elevada,
e o outro com uma mansarda de varandim. A platibanda tem o nome da empresa gravado
“Testa & Amadores” e ornato fitomórfico.

Utilização Inicial Comercial: armazém e mercearia

Utilização Actual Comercial: tabaqueira

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

112
Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil comercial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (cantaria), ferro forjado (serralharia), azulejo

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
Bibliografia 1998. Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

113
Ficha 21

Designação Edifício da Antiga Sapataria Leitão

Localização Aveiro, Glória

Gaveto Rua Eça de Queirós, n.º 1-3 e Avenida


Acesso
Santa Joana

Protecção -

Urbano, próximo do Parque Municipal e da Ria de Aveiro, bem como de vários edifícios de
Enquadramento
relevo arquitectónico.

Edifício de planta rectangular, massa simples e cobertura em telhado de três águas. Edifício
de dois pisos, flanqueado por pilastras em cantaria de pedra lavrada. Fachada principal mais
estreita que a lateral. Na fachada principal, três vãos de porta em arco redondo, separados por
pilares revestidos a cantaria lavrada, unidos por outro, em arco abatido. No piso superior surge
uma varanda corrida com bacia sustentada por mísulas. O gradeamento da varanda é em
ferro forjado, com motivos florais e ondulantes. O remate do edifício é feito com um painel
ondulante de azulejos com motivos florais e cornija em cantaria. Na fachada lateral esquerda,
Descrição o piso térreo encontra-se revestido com painéis de azulejo, de tons branco, azul e laranja,
representando, da esquerda para a direita, uma águia com um sapato, um leão com um
sapato e a Indústria e o Comércio (na figura de Mercúrio). As quatro janelas do segundo piso
(duas de peito e com varandim, ao centro) estão encimadas por um friso de azulejo ondulado
a rematar o edifício. O acesso é feito através de três vãos de porta com moldura em cantaria e
arco abatido. Um friso contínuo, também em cantaria, acompanha os arcos das portas. As
fachadas lateral direita e posterior encontram-se adossadas a outros edifícios. Uma
antecâmara dá acesso ao interior do edifício.

Utilização Inicial Comercial: sapataria

Utilização Actual Comercial: sapataria

Propriedade Privada

114
Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor / Jaime Inácio dos Santos (arquitecto) e António Augusto (pintor da Empresa de Loiças de
autor Aveiro – painéis de azulejos)

1921 – data do projecto do edifício;


Cronologia 1922 – construção do edifício;
1927 – data da feitura dos painéis de azulejo por António Augusto, Olarias de Aveiro.

Tipologia Arquitectura civil comercial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (molduras e cornija, pilastras, friso entre piso, soco), azulejo, ferro forjado.

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
1998, p.141.
Bibliografia
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Segundo Amaro Neves, o edifício “assume no seu eclectismo papel importante na arquitectura
e na azulejaria aveirenses, dotada que foi, no ano terminal, com frisos de azulejos de belo
Observações
efeito decorativo e também com três painéis publicitários dos melhores que as Olarias de
Aveiro produziram”.

115
Ficha 22

Designação Edifício do Tribunal de Menores

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua Eça de Queirós, n.º 13-15

Protecção -

Urbano, próximo do Parque Municipal e da Ria de Aveiro, bem como de vários edifícios de
Enquadramento
relevo arquitectónico.

Edifício de planta composta, volumes articulados com cobertura em telhado de duas águas. È
composto por dois corpos distintos formando um L. A sua implantação, marcada por estes
dois elementos: um que marca o eixo vertical e estabelece a relação entre a rua e o edifício, e
o outro mais horizontal, que se mantém afastado através de um muro com gradeamento e
portão que destaca a entrada. Destacam-se as molduras dos vãos, assim como do portão,
em granito com motivos florais e vegetais. No primeiro piso, no corpo, sobressai um janelão,
encimado por um arco abatido e adornado por uma flor esculpida em cada extremo e duas
flores no fecho, assente em colunas de fuste liso e capitel com elementos florais. A porta
principal, à esquerda é de arco abatido com flores no extremo, tal como janela do outro corpo
que se segue. Esta última tem motivos ondulantes no gradeamento do seu varandim, e flores
no fecho do arco onde está inserida. O alpendre em ferro fundido possui elementos
Descrição
ondulantes. O segundo piso possui dupla sacada à esquerda e janela de peito com varandim
à direita. Os gradeamentos das janelas são decorados com motivos florais - uso de
malmequeres agrupados em trio. A sacada está apoiada sobre mísulas adornadas com flores.
No outro corpo do edifício salienta-se uma água furtada. O edifício é rematado por um friso de
azulejo com elementos florais em tons de verde e rosa com modilhões de pedra por cima. As
colunas de pedra dos dois portões são de aresta, com o cume em voluta e com um cisne
estilizado que ocupa duas faces. O ferro forjado dos portões, e respectivo gradeamento, é
utilizado na decoração ondulante. A fachada lateral direita apresenta janelas nos dois pisos
de realização semelhante ao restante. A fachada posterior possui um pátio e uma marquise
envidraçada que proporciona muita luz ao edifício. As divisões do interior do edifício são de
pequenas proporções. A divisão principal apresenta o tecto decorado com elementos alusivos

116
à música.

Utilização Inicial Residencial

Utilização Actual Administrativa e judicial: tribunal

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Jaime Inácio dos Santos (arquitecto)
autor

Cronologia 1918 – data do projecto

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Granito (elementos decorativos), azulejo, ferro forjado.

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Bibliografia
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

117
Ficha 23

Designação Edifício da Casa Amarela

Localização Aveiro, Glória

Acesso Avenida Araújo e Silva, n.º 30

Protecção -

Urbano, próximo do Parque Municipal e da Ria de Aveiro, bem como de vários edifícios de
Enquadramento
relevo arquitectónico.

Edifício de planta longitudinal, de massa simples e com cobertura de telhado em duas águas,
com água furtada. A fachada principal possui dois pisos e salientam-se as molduras lavradas
onde se combinam elementos vegetais, animais e humano. O rés-do-chão é composto por
duas portas, uma ao centro e outra à direita, com moldura em arco abatido com fecho uma
de leão e outra com um rosto infantil. A janela deste piso à esquerda, também tem a forma de
Descrição arco abatido com um leão a fechá-la. As portas e a janela são rematadas por painéis
quadrados com flores esculpidas a meio das molduras e volutas na sua parte inferior. O
primeiro andar possui uma varanda ao centro, ladeada por janelas de peito com varandim em
pedra. O edifício é rematado por um friso de azulejo polícromo, em tons verde e rosa, com
elementos florais. A água furtada com duplo vão é emoldurada com duas volutas laterais e
encimada por uma figura humana. O interior é pouco elaborado.

Utilização Inicial Residencial

Utilização Actual Residencial

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

118
Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil residencial

Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Materiais Calcário (elementos decorativos), azulejo polícromo, madeira (caixilharias).

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.Aveiro –
Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
1998, p.70.
Bibliografia
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

119
Ficha 24

Designação Coreto do Parque D. Pedro

Localização Aveiro, Glória

Acesso Parque Municipal D. Pedro

Edifício classificado como Imóvel de Interesse


Protecção Municipal, edital n.º 4 / 2004, datado de 8 de Janeiro
de 2004.

Enquadramento Urbano, integrado no Parque Municipal.

De planta octogonal, com estrutura em ferro forjado sobre base de granito. As decorações em
ferro forjado combinam elementos vegetais com pequenas harpas estilizadas, ambos de
Descrição
pendor Arte Nova. A cobertura nervurada é rematada por delicados fragmentos, também em
ferro. A guarda do coreto é igualmente em ferro.

Utilização Inicial Cultural: coreto

Utilização Actual Cultural: coreto

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
António Augusto de Araújo e Silva (engenheiro)
autor

Cronologia 1905 (cerca de)

Tipologia Arquitectura civil pública

120
Características
-
particulares

Dados técnicos Estrutura autónoma

Materiais Ferro e granito

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
1998.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Bibliografia
Nacionais, 1999.
SILVA, Pedro – Inventário do Concelho de Aveiro, vol.14 e 15, Plano de Urbanização da
Cidade, Aveiro, 1998, p.55.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações -

121
Ficha 25

Designação Edifício da Casa Espanhola

Localização Aveiro, Glória

Acesso Rua Direita, n.º 13

Imóvel de Interesse Público (todo o conjunto da


Protecção Misericórdia), decreto n.º 735 / 74 de 21 de
Dezembro de 1974.

Urbano, próximo do Canal Central da Ria de Aveiro e de vários edifícios de relevo


Enquadramento
arquitectónico.

Edifício de planta rectangular, massa simples e cobertura em telhado de duas águas. O imóvel
é do século XVII e funcionou, originalmente, como antiga casa do despacho, sendo a
decoração do rés-do-chão distinta da do piso seguinte. A transição entre os dois pisos é
conseguida através de pequenos vãos com planos diagonais das molduras. Uma cornija,
abaixo dos vãos, é decorada por dois arranques de volutas em pedra simulando um frontão
Descrição
quebrado, que coincide com a porta da entrada na loja. Ao longo de toda a estrutura da cornija
surgem diferentes mísulas rematadas com flores e em cada extremo duas carrancas semi-
humanas. Por cima das vitrines e da porta da entrada da loja, em arco abatido, rematam
grinaldas de flores. Entre cada vitrine e a porta está uma estrutura bojuda com volutas
invertidas e motivos vegetais.

Utilização Inicial Comercial

Utilização Actual Comercial

Propriedade Privada

Época de construção Século XVII / XX

Arquitecto / construtor / Gregório Lourenço (primeira fase construtiva, contrato datado de 1600); Jaime Inácio dos
autor Santos (decoração de pendor Arte Nova)

122
1609 – inauguração da “casa do despacho”;
Cronologia
1919 / 21 – decoração Arte Nova

Tipologia Arquitectura civil privada

Características
-
particulares

Dados técnicos -

Materiais Calcário (revestimento da fachada e cantarias)

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro,
1998, pag. 141.
NEVES, Amaro – A Misericórdia de Aveiro nos séculos XVI e XVII, Santa Casa da Misericórdia
Bibliografia de Aveiro, Aveiro, 1998.
Inventário do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1999.
Carta de Risco do Património Arquitectónico, Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, 1998.

Documentação Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Imagoteca (Câmara Municipal de
fotográfica Aveiro).

Observações Este edifício albergou também a Sapataria Ideal.

123
Ficha 26

Designação Edifício da Farmácia Ala

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Praça Melo Freitas

Protecção -

Urbano, na proximidade de vários imóveis de relevo arquitectónico, nomeadamente de cariz


Enquadramento
Arte Nova.

Edifício de planta longitudinal, com dois pisos e de massa simples. A aliança entre as
cantarias que formam arcos abatidos e os azulejos em cor azul, rematados pela mansarda
revestida a xisto, dão-lhe movimento. A rematar o edifício salianta-se as águas furtadas. A
Descrição
sua posição central, naquele que durante muito tempo foi um dos locais de comércio mais
importantes de Aveiro – a Praça Melo Freitas, antiga Praça do Comércio – confere-lhe relevo
e explica o facto de ter albergado os conhecidos Armazéns do Chiado.

Utilização Inicial Comercial

Utilização actual Comercial - farmácia

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia -

Tipologia Arquitectura civil comercial

124
Características
-
particulares

Dados técnicos Paredes autoportantes

Calcário (elementos decorativos exteriores), azulejo (revestimento da fachada), ferro forjado


Materiais
(guardas e caixilhos), madeira, xisto.

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Bibliografia Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.
NEVES, Amaro – A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito, CMA, Aveiro, 1998.

Documentação
Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).
fotográfica

Observações -

125
Ficha 27

Designação Monumento à Liberdade

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Praça Melo Freitas

Protecção -

Urbano, na proximidade de vários imóveis de relevo arquitectónico, nomeadamente de cariz


Enquadramento
Arte Nova.
Inaugurado a 26 de Dezembro de 1909, por ocasião das comemorações do primeiro
centenário do nascimento do tribuno aveirense José Estêvão, o monumento relembra, ainda,
Descrição as personalidades locais que deram a vida pelo Liberalismo. Concebido por Ernesto Korrodi,
sob a forma de obelisco, tem no grafismo das inscrições em relevo e na decoração
vegetalista e floral o seu pendor Arte Nova.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Ernesto Korrodi
autor

Cronologia 1909

Tipologia Monumento escultórico

126
Características
-
particulares

Dados técnicos -

Materiais Calcário e mármore (base)

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Bibliografia
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.

Documentação
Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).
fotográfica

Observações -

127
Ficha 28

Designação Fontanário das Cinco Bicas

Localização Aveiro, Glória

Acesso Largo das Cinco Bicas

Protecção -

Urbano, na proximidade de vários imóveis de relevo arquitectónico, nomeadamente de cariz


Enquadramento
Arte Nova.

O recorte das suas bacias, em forma de pétala, e as várias representações de animais, bem
Descrição como a fluidez das linhas conferem-lhe o pendor Arte Nova. Trata-se fa primeira
manifestação pública conhecida desta corrente artística, em Aveiro.

Utilização Inicial Fontanário

Utilização actual Fontanário

Propriedade Pública

Época de construção Século XIX

Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia 1880

Tipologia Fontanário

Características
-
particulares

128
Dados técnicos -

Materiais Calcário

Aveiro – Cidade Arte Nova (guia e cd-rom), Câmara Municipal de Aveiro, 1999.
Bibliografia
Aveiro – Cidade Arte Nova (roteiro), Câmara Municipal de Aveiro, 2005.

Documentação
Imagoteca (Câmara Municipal de Aveiro).
fotográfica

Observações -

129
Ficha 29

Designação Estátua Funerária “O Último Alento”

Localização Aveiro, Glória

Acesso Cemitério Central, Jazigo n.º 16

Protecção -

Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico,


Enquadramento
nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e rua de Coimbra.
Estátua funerária, colocada sobre um mausoléu do tipo cripta. Construída em bronze, com
cerca de 2 metros e meio de altura, representa uma alegoria da morte. A obra compreende
duas figuras: uma simbolizando a vida, outra simbolizando a morte. A vida é representada
Descrição por uma mulher nova, formosa e robusta, em pé, segurando na mão esquerda uma tocha
acesa voltada para baixo, a seus pés estão flores e, sobre elas, uma foice. A morte é
representada por um esqueleto coberto uma capa/manto com capuz. A morte está por trás da
jovem, e quase que a abraçá-la, ergue e braço direito para o céu.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
Artur Prat, artista
autor

Cronologia 1914

130
Tipologia Estatuária

Características
-
particulares

Dados técnicos -

Materiais Bronze

NEVES, Francisco Ferreira – “O Último Alento” Escultura de Artur Prat, Arquivo do Distrito de
Bibliografia
Aveiro, n.º 68, Aveiro, 1951, p. 284 a 287.

Documentação
-
fotográfica
O artigo supramencionado refere que a figura da morte, na mão esquerda, segura uma
ampulheta alada. Actualmente, a ampulheta já não se encontra na estátua, apesar de esta
Observações
não aparentar estar partida. Na base do monumento encontra-se a assinatura A.C. Prat com
a data 1914 e, por baixo, a inscrição “Venâncio & C.ª, fundidores, 1923”.

131
Ficha 30

Designação Jazigo da Família Simões Pereira

Localização Aveiro, Glória

Acesso Cemitério Central, Jazigo n.º 19

Protecção -

Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico,


Enquadramento
nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e rua de Coimbra.

Pequeno jazigo localizado no cemitério Central de Aveiro. De pendor Arte Nova destaca-se a
Descrição
decoração floral e o grafismo das letras das inscrições.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia -

Tipologia Arquitectura Funerária

Características
-
particulares

Dados técnicos -

132
Materiais Calcário

Bibliografia -

Documentação
-
fotográfica

Observações -

133
Ficha 31

Designação Conjunto de 3 jazigos

Localização Aveiro, Glória

Acesso Cemitério Central, Jazigo n.º 22, 23 e 24

Protecção -

Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico,


Enquadramento
nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e rua de Coimbra.

Conjunto de 3 jazigos. Destaca-se a conjugação de elementos de inspiração gótica,


salientando-se as entradas em arco ogival, com características ao gosto Arte Nova
Descrição (nomeadamente os rostos femininos que encimam a entrada e as linhas ondulantes da porta,
concebida em serralharia artística). Curiosamente, o arco ogival encontra-se decorado com
motivos florais, bem característicos do movimento Arte Nova aveirense.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia 1912

Tipologia Arquitectura Funerária

Características
-
particulares

134
Dados técnicos -

Materiais Calcário

Bibliografia -

Documentação
-
fotográfica

Observações -

135
Ficha 32

Designação Jazigo da família Lemos

Localização Aveiro, Glória

Acesso Cemitério Central, Jazigo n.º 25

Protecção -

Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico,


Enquadramento
nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e rua de Coimbra.
Jazigo funerário de dimensões médias e com telhado em duas águas. Se bem que evidencia
o gosto ecléctico do autor, não de pode deixar de apontar como clara influência Arte Nova a
Descrição
decoração do frontispício (com motivo feminino, florais e vegetalistas), a decoração dos
capitéis das colunas e a porta em serralharia.

Utilização Inicial -

Utilização actual -

Propriedade Privada

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia -

Tipologia Arquitectura Funerária

Características
-
particulares

136
Dados técnicos -

Materiais Calcário

Bibliografia -

Documentação
-
fotográfica

Observações -

137
Ficha 33

Designação Mercado do Peixe

Localização Aveiro, Vera Cruz

Acesso Praça do Mercado do Peixe

Protecção -

Urbano, próximo do canal da Ria de Aveiro e de edifícios de relevo arquitectónico,


Enquadramento
nomeadamente casas nas ruas João Mendonça e o futuro Museu Arte Nova.
Exemplar da Arquitectura do Ferro. A utilização do ferro permitiu a construção de uma
estrutura leve, com grandes vãos, não quebrando a leitura e a ligação entre a praça e o Cais
Descrição dos Botirões. Destaca-se a fluidez das linhas, o que salvo melhor opinião, lhe confere um
certo pendor Arte Nova, se bem que a decoração se encontre presente de forma muito
discreta e estilizada.

Utilização Inicial Mercado do Peixe

Utilização actual Mercado do Peixe

Propriedade Pública

Época de construção Século XX

Arquitecto / construtor /
-
autor

Cronologia 1904

Tipologia Arquitectura Pública

Características
-
particulares

138
Dados técnicos -

Materiais Ferro

Bibliografia -

Documentação
Imagoteca Municipal de Aveiro
fotográfica

A cobertura metálica é “confiada por empreitada à fábrica de Massarellos do Porto” [Arquivo


Histórico Municipal, Acta CMA de 18 de Julho de 1903; L.º 27: fol. 69v]. Este empreendimento
Observações
exigiu à Câmara Municipal a realização de um empréstimo no valor de cinco contos de réis
[Idem].

139
Anexo 2 - Estudo para a elaboração do Roteiro Arte Nova

140
Levantamento Roteiro Arte Nova - Avaliação dos elementos recolhidos

1.1) Caracterização – Estado de conservação:

Ruína 0
Mau 6
Médio 3
Bom 15
Muito Bom 9

16
14
12 Ruína
10 Mau
8 Médio
6 Bom
4 Muito Bom
2
0

1.2) Caracterização – Interesse da visita ao interior (presença de elementos Arte


Nova):

Não possui elementos Arte Nova 20


Possui elementos Arte Nova 2
Não foi possível avaliar interior / não se aplica 11

20 Elementos interiores presentes:


Não possui
elementos Arte - Azulejo - 2
15 Nova
Possui elementos
- Estuques - 2
10 Arte Nova
- Serralharia - 1
5 Não foi possível - Marcenaria - 1
avaliar interior /
não se aplica - Outros – vitral (1), fogão de sala
0

141
2.1) Implantação – Trânsito

Muito intenso 4

Intenso 14

Médio 2

Baixo 3

Inexistente (pedonal) 11

14 Muito intenso
12
Intenso
10
8 Médio
6
4 Baixo

2
Inexistente
0 (pedonal)

2.2) Implantação – Existem na envolvente

Cafés com esplanada 1

Local para actividades 11

Comércio 25

Percursos pedonais 8

Outros 15

25 Cafés com
esplanada
20
Local para
actividades
15
Comércio
10
Percursos
5 pedonais
Outros
0

142
2.3) Implantação – Frente ao imóvel existem

Jardim 1

Pátio 2

Passeio estreito 16

Passeio largo 9

Largo / praça 8

Estrada estreita 14

Estrada larga 6

Estacionamento amplo 4

Estacionamento reduzido 21

Outro 0

25
20
15
10
5
0
Jardim
Pátio
Passeio estreito
Passeio largo
Largo / praça
Estrada estreita
Estrada larga
Estacionamento amplo
Estacionamento reduzido
Outro

143
2.4) Implantação – Tipo de local

Centro histórico 16

Bairro residencial 1

Zona comercial 5

Zona mista 11

16
14 Centro
12 histórico
10 Bairro
residencial
8
Zona
6 comercial
4
Zona mista
2
0

2.5) Implantação – Meio envolvente

Degradado 0

Conservado 33

35
30
25
20 Degradado
15 Conservado
10
5
0

144
Descaracterizado 4

Parcialmente descaracterizado 13

Caracterizado 16

16
14 Descaracteriza
do
12
10 Parcialmente
8 descaracteriza
6 do
4 Caracterizado
2
0

2.6) Implantação – Sinalética

Comentário de sinalética não existente 33

3.1) Correlações – Localização em relação ao Museu Arte Nova

Próxima do Museu Arte Nova 19 Até 20 minutos a pé


A partir dos 20 minutos a pé
Periferia do Museu Arte Nova 14
(distância máxima registada de 50 minutos)

20

15 Próxima do
Museu Arte
Nova
10
Periferia do
Museu Arte
5 Nova

145
3.2) Correlações – Ligação a outras casas de pendor Arte Nova através de percursos
pedonais, centros comerciais, fechos de rua, etc., de modo a encorajar a caminhada?

Sim 15

Não 18

18

17

16 Sim
Não
15

14

13

3.3) Correlações – As acessibilidades ao imóvel estão favorecidas por:

Percursos pedonais 13

Parques de estacionamento 5

Paragens de transporte 4

Praça de táxis 3

Nada 16

Outros 1

20

10

Percursos pedonais
Parques de estacionamento
Paragens de transporte
Praça de táxis
Nada
Outros

146
Levantamento Roteiro Arte Nova – Modelo de Ficha

147
Anexo 3 - Imagens

148
Imagens da Casa Mário Pessoa, futuro Museu Arte Nova

Fachada principal

Fachada posterior

149
Aspecto do interior Pormenor da fachada principal

Pormenor da fachada principal


Aspecto do interior

150
Imagens do interior da Casa Mário Pessoa, antes da aquisição pela Autarquia

Aspecto do interior das duas primeiras


saletas do piso de entrada | Imagoteca
(fotos avulso)

Aspecto do interior da terceira saleta do


piso de entrada | Imagoteca (fotos avulso)

Aspecto do interior da terceira saleta do Aspecto de um dos quartos do primeiro


piso de entrada | Imagoteca (fotos avulso) andar | Imagoteca (fotos avulso)

151
Imagens da família Pessoa7

Belmonte (legenda da foto)


| Imagoteca (fotos avulso)

Mário Belmonte Pessoa (?)


| Imagoteca (fotos avulso)

Julieta Pessoa (?)


| Imagoteca (fotos avulso)

7 Fotografias e negativos de vidro encontrados abandonados no chão do sótão da casa, aquando da tomada de
posse pela Autarquia.

152
Elisária Sequeira Pinto (?) Elisária Sequeira Pinto e um dos filhos (?)
| Imagoteca (fotos avulso) | Imagoteca (fotos avulso)

Família Belmonte Pessoa (?)


| Imagoteca (fotos avulso)

153
Algumas fotografias da Imagoteca Municipal de Aveiro
com edifícios Arte Nova

Praça Melo Freitas (antiga Praça do Comércio, onde


se vê o Monumento à Liberdade e a Farmácia Ala | c. 1940
| Imagoteca G9A44 Armazéns do Chiado (actual Farmácia Ala)
(Armazéns do Chiado mudam para a Avenida
em 1934) | 1920
| Imagoteca G9A44

Fonte das Cinco Bicas (na foto designada Pontes e Rossio (vê-se o edifício da Cooperativa
como Fonte do Espírito Santo) Agrícola e do Museu da Cidade) | sem data |
| 14.9.1952 | Imagoteca G3A20 Imagoteca G1A3

154
Cheias (vê-se a Casa Pessoa) | c. 1920 |
Imagoteca G9A43

Negativo de vidro e respectivo positivo das traseiras da Casa


Pessoa (encontrado no sótão) | sem data | Imagoteca (foto
avulso)

155

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