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Faculdade de Letras e
Resumo
Ciências Socais
Este ensaio apresenta o Modelo de Insumos de
Mestrado em
Altos Rendimentos do desenvolvimento de
Sociologia Rural e
agricultura e tem objectivo meramente
Gestão de
pedagógico. Assim, apresenta-se as principais
Desenvolvimento
linhas do modelo e suas críticas, e, em seguida,
[MSG)
reflecte-se sobre a sua aplicabilidade em
Moçambique, onde se conclui que nenhum
modelo só por si é capaz de explicar o processo
de desenvolvimento agrário em Moçambique.
Maputo, Junho de
O modelo de Altos Rendimentos foi introduzido por Theodore Schultz, no seu livro Transforming
traditional agriculture, publicado pela primeira vez em 1964. De acordo com Schultz apud
Dall’Acqua (1983:925),
Podemos assim compreender que, à luz do Modelo de Altos Rendimentos, as tecnologias devem -se
adaptar aos contextos específicos e requerem investigação agrária, agro – indústrias, mercados
agrícolas e serviços de extensão agrária. Este modelo implica o envolvimento de instituições públicas
e privadas de pesquisa na produção de conhecimento técnico; do sector industrial na produção e
comercialização de insumos agrícolas e dos agricultores na aquisição e utilização eficiente de novos
conhecimentos e de novos insumos. Trata-se de desenvolvimento de capita humano que pode permitir
a produção de tecnologias e agricultores mais produtivos.
Neste modelo, o governo e o sector industrial são vistos como guardiães do desenvolvimento agrário,
não só na criação de condições políticas e macroeconómicas seguras e sustentáveis e concessão de
créditos, mas também na oferta de insumos agrícolas através de fomento de mercados agrícolas.
Importa referir que este modelo foi criticado por não trazer uma explicação exaustiva das condições
económicas e sociais que conduzem as instituições a gerar tecnologias e pessoas a absorverem e usar
eficientemente essas tecnologias, nem clarifica o processo pelo qual a relação entre preços dos
factores e do produto induzem investimento em pesquisa numa determinada direcção. Por isso
Hayami e Ruttan (1971:p.43)1 apud Dall’Acqua (1983:925) consideram o Modelo de Insumos de
Altos Rendimentos incompleto. Hayami e Ruttan propõem, portanto, mudanças de técnicas
endógenas como forma crucial de desenvolvimento da agricultura. Para esses autores a mudança
técnica é qualquer mudança nos coeficientes de produção resultante das actividades dirigidas para o
desenvolvimento de novas técnicas incorporadas em projectos, materiais ou organizações. Em suma,
Hayami e Ruttan defendem o modelo de inovações induzidas, que se fundamenta na programação da
educação em interligação com investigação e extensão agrárias, cujo lema é inovação.
O desenvolvimento agrário em Moçambique não pode ser guiado com base em um único modelo.
Existe uma necessidade de aumento das áreas de cultivo e da produtividade tal como se preconiza o
modelo de fronteira, ao mesmo tempo que conserva a fertilidade dos solos, recorrendo ao uso de
novas tecnologias (modelo de conservação). As assimetrias regionais não explicam o
desenvolvimento desigual da agricultura no país, muito pelo contrário, as assimetrias regionais podem
jogar um papel importante na diversificação de produtos agrícolas e na competitividade agrícola entre
as diferentes regiões, pois cada região tem suas condições agro – ecológicas. Mesmo as cinturas das
cidades contribuem consideravelmente para o aumento de produto alimentares nos centros urbanos.
Desta forma o modelo de impacto industrial não se revela tão aplicável na realidade moçambicana, a
menos que haja argumentos mais do que contrários.
Por outro lado, Moçambique está empenhado em aumentar os serviços de extensão agrária através do
aumento do número de extensionistas agro-pecuários nas zonas rurais, cuja função é difundir as
práticas de melhoramento de animais e plantas para aumentar a produtividade e o crescimento da
agricultura. Estes serviços são acompanhados com a investigação agrária responsável de geração de
novas tecnologias, melhoramento de sementes e animais, actualmente encabeçada pelo Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique (IIAM). Nesse contexto, podemos também citar a empresa
ProCampo que desenvolve novas tecnologias agrícolas e as coloca no mercado agrícola
moçambicano. Porém, esse processo deve ser acompanhado de programas de educação em
interligação com a investigação e extensão. Estes exemplos mostram a aplicabilidade conjugada dos
modelos de difusão, de insumos de altos rendimentos e de inovação induzida.
1
HAYAMI, Y., e RUTTAN, V.W. Agriculture Development: an international Perspective. London, The Johns
Hopkins University Press, 1972.
Em suma, o problema de segurança alimentar em Moçambique pode ser resolvido através do aumento
de produtividade; aumento da área irrigada; desenvolvimento tecnológico; utilização de novas
tecnologias de capital intensivo; desenvolvimento de políticas públicas extensivas a pequenos
agricultores e desenvolvimento de políticas de protecção dos interesses dos produtores e
consumidores locais, no comércio internacional.
Bibliografia
MUCAVELE, Firmino G., Notas de Aulas Estruturas Socio-Económicas, CÓDIGO: MO2, Mestrado
em Sociologia Rural e Gestão de Desenvolvimento, Faculdade de Letras e Ciências Sociais,
Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Junho de 2009.