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O ‘CRISTIANISMO’ DEIXA DE
SATISFAZER A ALMA
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Marcos: Graça e Paz!


Responderei suas questões no corpo de sua carta, visto que você faz
perguntas longas, e que não deveriam ser repetidas por mim no ato de
responde-las, para não alongar demais o próprio texto.
Ao final de tudo eu volto para lhe dizer algumas coisas que, a meu ver,
são bem mais importantes do que as que questões que você levantou
como dúvidas.
Até já!
Caio

----- Original Message -----


From: QUANDO O ‘CRISTIANISMO’ DEIXA DE SATISFAZER A
NECESSIDADE DO CORAÇÃO
To: contato@caiofabio.com Sent: Friday, May 20, 2005 4:32 PM
Subject: Dúvidas
Bom tarde, Aos 14 anos tive uma experiência com Deus de conversão.
Desde então sempre ansiei em trabalhar cada vez mais para o Senhor,
para que outras vidas conhecessem também o Evangelho e pudessem
ser salvas. Amo evangelismo pessoal! Por crer verdadeiramente na
Palavra de Deus e não ter medo de argumentar com ninguém que a
queira contrariar, sempre procurei ir mais a fundo nas doutrinas bíblicas
de difíceis interpretações, na busca de descobrir a influência do
Cristianismo na História, a criação do mundo, enfim.
Muitos me dizem que não há necessidade de eu me preocupar com isso
tudo, pois a fé é suficiente, e eu poderia acabar me desviando. Eu sei que
a fé em Jesus Cristo é suficiente, mas sei também que a História é
composta de fatos que não podemos ignorar.
Creio em Deuteronômio 29; 29, mas creio também que a Palavra de Deus
não pode se contradizer.
Sei que muitas coisas que a Ciência afirma hoje como verdade absoluta,
amanhã ela afirma exatamente o inverso; porém concordo com o
pensamento de Albert Einstein que disse que a Ciência sem Religião é
manca e que a Religião sem Ciência é cega. Afinal de contas, se a minha
fé é verdadeira num Deus verdadeiro, não há porque eu temer buscar a
origem das coisas, creio que isto irá até fortalecer minha fé.
Tenho conseguido através de pesquisas algumas respostas.
Porém, esta carta é um pedido de ajuda para algumas perguntas que não
estou conseguindo respostas.
Quais são:
1) Como explicar o início do mal, seja pela rebelião de Lúcifer ou
pela desobediência do homem? Em Jó 42;2 lemos: “Bem sei que
tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado”. Caso
o inicio do mal tenha sido através de Lúcifer ou do homem,
seriam, por acaso, 2 planos de Deus que foram frustrados (pois
Deus não criaria o homem para o sofrimento)? Em Is: 45;7 lemos
que o Senhor cria também o mal; mas como explicar que o
Senhor sabendo de tudo que iria acontecer de ruim com quem
não O recebesse (além de passar uma eternidade no lago de
fogo), mesmo assim cria o homem?
Resposta: Como explicar o mal e o mau? O que Deus tem a ver com
isto? Sim, o problema do mal não tem nada a ver com Deus, mas com
o homem. O mesmo se pode dizer do sofrimento. Deus não tem
problemas. O homem sim. E não é pela ‘solução’ desses problemas
humanos que a fé cresce em ninguém. De fato, pelas suas próprias
‘pesquisas’ e sabedoria o mundo o conheceu.
Toda a tentativa dos mestres e teólogos da “igreja” quanto a tentarem
explicar o problema do bem e do mal, não passou de presunção da
sabedoria grega batizada com o nome de teologia cristã.
Não é à toa que a defesa da fé é chamada de “Apolo-jética”, e a arte
de compreender é chamada de “herme-neutica”. São poderes dos
deuses gregos (Apolo e Hermes), batizados pelos cristãos.
O “Cristianismo” gosta mesmo é de batizar o paganismo e converte-lo,
pela vaidade, em propriedade sua. Voltando à sua questão. Faz muito
pouco tempo que na terra existem seres que chamam a cessação da
existência física de ‘morte’; e também faz muito pouco tempo que a
noção de sofrimento atingiu conscientemente alguns seres da terra: os
humanos.
Além disso, o simples fato de você estar me perguntando isso ‘hoje’,
já altera a própria perspectiva do significado de morte e sofrimento.
Isto porque a ‘morte’ hoje não significa a mesma coisa que significava
há alguns milhares de anos. O mesmo se pode dizer do sofrimento. A
modernidade inventou muito mais dores do que toda a humanidade
havia conseguido realizar como noção e conceito antes de nós.
Origem do mal e do sofrimento? Por que você também não se
angustia com a origem do bem? (mas esta é outra questão) Ora, mal
e sofrimento nasceram quando do surgimento de nosso atual estado
de consciência. Antes aqueles que nos antecederam na escala
evolucionaria, também morriam, mas não se sentiam como nós nos
sentimos em relação a morte; sofriam mutilações e doenças, mas não
se sentiam amaldiçoados; perdiam filhos, mas isso fazia parte do
processo natural e comum a todas as criaturas; assistiam lutas e
conflitos sangrentos e de morte, mas não era nada diferente de leões
disputando inocentemente um território.
Adão e Eva viviam no Paraíso apenas porque o inferno da culpa que
resulta da presunção do conhecimento do bem e do mal não lhes
havia mudado a consciência. O que se chama de Queda foi algo que
aconteceu dentro, nos ambientes da percepção, tanto externa, como
também da auto-percepção; não num jardim exterior. A Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal poderia ser qualquer árvore, bastava
que fosse comida com aquela expectativa de poder. Portanto, o poder
da ‘árvore’ estava na expectativa e na decisão do comedor. Um
comedor desavisado não teria sentido nada. Totem e Tabu! Antes
disso a morte era parte da vida e a vida parte da morte. Por isso se diz
no texto hebraico do Gênesis: “No dia em que dela comeres,
morrendo, morreras”.
Nosso atual ego é fruto dessa percepção; e é a partir desse ego-eu
que todos nós sentimos hoje aquilo que chamamos de morte e de
sofrimento. É também a partir dele que surge diante de nós a noção
de bem e mal. Houve a Queda. Porém, nada mudou dramaticamente
fora de nós, na Terra. Até a dor de Eva ao dar a luz filhos é resultado
dessa sofisticação de sentir existencial. A primitividade até hoje muda
as noções de sofrimento e de bem e mal. Uma mulher de classe
média no Rio de Janeiro perde um bebê nos três primeiros meses da
gestação e entra em depressão. As mulheres do interior do Amazonas
têm 15 filhos, perdem já nascidos uns 7, antes dos 12 anos de idade;
e nenhuma delas entre em depressão, porque, para elas, isso faz
parte; e nenhum delas faz perguntas aos céus acerca do bem e do
mal. O mesmo se pode dizer de índios.
Eu disse que houve a Queda, porém que nada havia mudado
dramaticamente fora de nós. Sim, antes da Queda os mares sempre
foram lugares de seres engolindo seres, e, na terra, a evolução, com
suas adaptações e mutações, continuava a acontecer; sendo que
parte inevitável do processo era a morte. Mas ainda assim a Terra era
o Paraíso.
A Queda é na mente! Morte e vida são a mesma coisa. Alegria e
sofrimento também. Todos procedem da mesma fonte. E Vida, com ‘v’
maiúsculo, é feita de morte e vida, com letras minúsculas. Sempre foi
assim. E nada há de mal nisso; exceto para o homem.
E por quê somente o homem sente assim? O homem é o ser que caiu
para a dimensão da presunção do conhecimento do bem e do mal. É
dessa presunção que vem nossa interpretação e nossa designação do
que seja o bem e o mal. Deus é. Não está sendo. Todavia, tudo o que
está sendo, está sendo em Deus; de tal modo que Deus não é o
processo, mas o processo é em Deus. E o processo implica em
alternâncias, em ciclos, em aparecimentos e desaparecimentos, em
cessação de existências e em nascimento de novas existências.
E por quê? Não sei. Mas talvez seja porque o caminho da vida seja
esse mesmo. Com certeza deve ser. Deus, no entanto, é Aquele e
Aquilo no que todo esse processo acontece; sendo que para aqueles
que estão no processo, a viagem é linear; embora, em Deus, o Alfa e
o Omega sejam a mesma coisa; assim como a luz e as trevas.
O processo acontece em Deus. Deus, porém, não é o processo. Ele o
transcende, embora a viagem da vida aconteça Nele.
Não existe mal? É claro que existe. Mas só existe na mente do
homem. É do coração do homem que nascem todas as coisas que
destroem a vida. De tal modo que a angustia do homem pela questão
do bem e do mal é também fruto da produção da culpa consciente
acerca do fato de que nossa intervenção na existência deixou de ser
apenas instintual, e passou a ser conscientemente praticada pela
presunção do saber do bem e do mal; o que é muito mal, posto que
assim o homem se arroga a decidir o que é e o que não é mal; assim
como as nações decidem quando uma guerra é boa e quando ela é
má. Baleias não são assassinas; elas apenas matam. Homens,
porém, podem ser homicidas—e potencialmente são—, mesmo
quando não matam.
No entanto, o conflito que você tem sobre a bondade de Deus ou
sobre Sua natureza, é apenas fruto de seu auto-engano de ‘pensar
Deus’ a partir de você. Eu e Deus andamos em caminhos diferentes e
temos entendimentos diferentes, disse Deus por Isaías. Portanto, eu
sei em parte o que é o mal e o que é o sofrimento; mas isso é apenas
em parte.
Na realidade, eu sofro muito mais é da presunção moral de designar o
bem e o mal, do que sou capaz de ter real discernimento deles. Por
que o urubu é ‘meio que do mal’ e a pombinha empiolhada é símbolo
do Espírito Santo? Porventura Deus ama mais a pombas do que a
urubus? Faz Deus distinção entre eles? Na verdade, Deus se utiliza
de nossos códigos para se comunicar conosco. Nós, porém, não
devemos pensar que Deus seja do tamanho de tais analogias ou
comparações.
Que dizer dos prazeres maus e dos sofrimentos bons? De fato, toda a
noção do homem sobre tais coisas vem apenas de sua própria
experiência de dor ou prazer; daí, na maioria das vezes, o significado
do bem seja tudo aquilo que dá prazer e bem estar; e o do mal tenha
a ver com tudo aquilo que é desconfortável ou trás dor. A própria
discussão do tema, tendo o ‘homem’ como o centro da questão—você
até falou na perdição eterna do homem criado—, já revela como todo
esse tema é produzido pela nossa própria mente adoecida; posto que
não se tem a mesma preocupação com o destino de todas as
criaturas do planeta. Para nós não há morte quando se tira um peixe
do rio e se come. Morte há quando um de nós é comido pelo peixe.
Portanto, morte é algo que só existe para nós. Os de consciência mais
elevada preocupam-se com a Natureza. No entanto, eles mesmos
sabem que na Natureza só existe morte quando o homem faz suas
intervenções; do contrário, o ciclo de morte e vida das criaturas não os
escandaliza—nem a mim—, posto que aquelas mortes são apenas
parte da Engrenagem da Vida.
Agora, deixando um pouco isso de lado e vindo para o mal metafísico,
como Lúcifer, etc...; sinceramente, não vejo na Bíblia quase nada a
respeito; ficando muito mais a certeza de que conquanto o diabo
exista, ele, todavia, é feito ou se alimenta apenas das criações dos
corações dos humanos. O diabo que eu vejo na Bíblia é sempre
humano. Até o Rei de Tiro, de onde se tira a idéia de Lúcifer e sua
queda, é uma imagem humana.
Portanto, não me é possível saber como o diabo virou diabo, mas me
é possível pelo menos constatar que suas diabolices, são o que é
humano, virado ao avesso. Por isso, me é mais fácil discernir Lúcifer
no Lucio do que num Querubim que não conheço. Jesus não deu a
menor bola para essas questões, e tratou o mundo como ele era;
apenas disse que os humanos o haviam corrompido pelo egoísmo.
Todavia, Ele não chamou nada para a metafísica, mas sim para o
coração, e, também, para a manifestação do interior humano na
existência histórica. O resto eu falo respondendo as demais
perguntas.

2) Pelo cálculo do tempo dos fatos citados na Bíblia desde a criação


de Adão até hoje seriam de uns 7 mil (?) anos aproximadamente.
E quanto aos achados arqueológicos e pesquisas científicas que
nos mostram coisas de muito mais de 7 mil anos de existência?
Resposta: Deixe-me ser bem simples pra ver se ninguém se equivoca
em relação ao que penso. Sim, nem você e nem os que lerem no site.
A narrativa do início do livro do Gênesis é claramente mítica, e é
completamente verdadeira.
O mito não significa mentira, engano, falsidade e fantasia. O mito é
uma linguagem universal usada na perspectiva de revelar por figuras,
símbolos e arquétipos, aquilo que não se viu como ocorrência, mas
que se sabe corresponder à verdade do que foi gerado.
Nossa tolice é tão grande que nos prende a narrativas de
configuração e linguagem mítica de forma literal, como se a fé só
fosse fé se todas as coisas tivessem sido literais.
A Escritura tem todo tipo de linguagem. Começa com a mítica, entra
na semi-histórica, adentra a histórica, se utiliza da simbólica, expressa
a alegórica, a metafórica, e também a literal. Ora, se a Escritura se
utiliza de todas essas linguagens, não faz sentido usar apenas a visão
literal na hora de lê-la, se há outras formas de linguagem em uso no
próprio texto. Cada texto tem que de ser lido e discernido conforme a
sua linguagem. E a Escritura não inicia dizendo que linguagem está
usando, apenas porque é obvio quando uma certa linguagem está
sendo praticada.
Eu creio que a Terra foi habitada, milhões de anos, por muitas
criaturas, antes da criação-surgimento do homem. Creio que houve
muitas eras e ciclos de vida no chão que habitamos. Creio que a
narrativa do Gênesis mostra o significado divino de todas as
existências, e revela o lugar especialmente importante do homem na
criação. Creio que a “queda” aconteceu, e que o dialogo de Eva com a
Serpente foi uma realidade, porém, a linguagem usada para nos
contar algo que teve seu lugar muito mais na dimensão psicológica, é,
própria e adequadamente, de natureza mítica. Creio que tudo o que ali
está dito é tão mais belo e verdadeiro quanto mais se lê o texto
conforme a natureza de sua linguagem. Aliás, somente desse modo o
texto deixa de parecer estória da carochinha.
Lendo-o como mito ele cresce ainda mais em seu significado como
representação não-jornalística da verdade, e que nem por não ser
“jornalística” deixa de ser verdadeira. O Gênesis apresenta o
fenômeno do que nos aconteceu como espécie, e usa a única
linguagem possível, em se tratando de coisas para as quais a
consciência não tinha meios de perceber se não como linguagem
fenomenológica.
As culturas dos povos, quase todas elas, são extremamente parecidas
com a linguagem do Gênesis. O que apenas prova a realidade de que
o Inconsciente Coletivo da Humanidade está saturado com a mesma
verdade e com os mesmos conteúdos, variando apenas na forma do
mito. O modo mítico como o Gênesis relata a criação da consciência
humana é, na minha pobre maneira de ver, o mais perfeito de todos.
No entanto, a linguagem é mítica; e é a mais própria de todas as
linguagens míticas. Mito, portanto, não é o que não é, mas sim o que
é; só que sendo contado de uma forma atemporal, não envelhecível,
não necessitada de re-atualizações históricas freqüentes.
Você já imaginou se há quase quatro mil anos a Escritura contasse a
criação do homem do modo como ela pode ter “de fato” acontecido?
Quem entenderia o quê? Desse modo, a Escritura usa uma
Linguagem Perene a fim de relatar aquilo que não seria jamais
compreendido sem que a linguagem fosse mítica.
Para os antigos era a única linguagem possível; e continua a ser a
única possível para nós também. Na realidade as pessoas não entram
nesse assunto não é por medo de perderem a fé, mas por temor de
serem “interpretadas” como tendo perdido a fé.
Ora, o Gênesis, em seu inicio, é mítico. A ressurreição de Jesus,
todavia, não é narrada com linguagem mítica, mas histórica.
Assim, deve-se ler o Gênesis conforme a linguagem proposta, e os
Evangelhos, conforme a linguagem histórica narrativa com a qual ele
está carregado.
Com isto lhe digo o seguinte: Sei que Adão caiu em pecado e
transgressão, embora não saiba os detalhes históricos narrativos
desse acontecimento, visto que a linguagem utilizada me permite
saber o que houve, mas não me detalha como foi—exceto como
narrativa de natureza mítica. Já a ressurreição de Jesus, é tanto
histórica quanto também é narrada em linguagem histórica, sendo, por
parte de qualquer um, uma grande violência dizer que se trata de mito,
visto que, para mim, é desrespeito para com a intenção, o estilo e a
objetividade narrativa da história. Ou seja: a realidade é o que
interessa, não a linguagem!
E qual é a realidade? Somos todos herdeiros de Adão segundo o
pecado; e, em Cristo, somos agora herdeiros de toda Graça. Ora, isto
sim é realidade!
Quanto à arqueologia, saiba: a Terra é antiga. O mundo, porém, é
novo. A Terra tem idade e a natureza existe como documento dessa
idade. Mas o mundo é feito de tempo. O mundo passa...e a sua
concupiscência...
Nenhum dinossauro ficou sabendo que os dinossauros existiram e
nem que acabaram...nem mesmo os crocodilos e as aves ficaram
sabendo. E as baratas não sabem até hoje que são indestrutíveis no
caso de uma guerra nuclear e nem tampouco que podem sobreviver
até uma semana separadas da própria cabeça. Os crocodilos tem
idade. O tubarão é antiqüíssimo. Os escorpiões...bem, não há
designação para a quase imutável idade de sua existência terrestre.
Essas coisas são datáveis. Sabemos quantos sois e luas lhes
serviram de dias e noites. Mas ainda assim...não estamos falando de
tempo. Einstein ajuda a entender o tempo físico, e a física quântica o
não-tempo. Mas ainda assim não são formulas para designar o único
tempo que os humanos conhecem como experiência. As idades são
medidas em tempo, mas não são feitas de tempo. O tempo como
experiência é o resultado do movimento da consciência de si mesmo.
O Espírito de Deus se movia sobre as águas. As águas se moviam e
não sabiam que eram águas e nem tampouco que existiam como
movimento.
É por isto que a Bíblia é tão pouco preocupada com datações em todo
o seu início. Fala-se da existência, não do tempo histórico linear e
cronológico das coisas. O tempo passou a começar a ser quando os
olhos de Adão se abriram. Criou Deus o homem... Criou-o à Sua
própria imagem e semelhança...sendo que Deus não é imagem, e,
portanto, não oferece semelhança...pois Deus contém o tempo, mas
não se orienta por ele...o tempo e o espaço não lhe são
semelhantes...lhe são derivados. O tempo é Nele. Ele não é no tempo.
O homem, todavia, é um deus no tamanho do tempo. Ele carrega a
semelhança invisível com a semelhança de Deus...e expressa de
modo visível a total impossibilidade de exprimir a semelhança de
Deus.
Mas o tempo só passa a existir quando a consciência fica sabendo de
si...pelo menos um pouco. Tudo o que houve antes foi Terra. Tudo que
vem depois...é mundo. O mundo é feito de tempo e o tempo é feito de
mundo. Por isso o mundo passa com o tempo e o tempo passa com o
mundo.
Esta, no entanto, é percepção de observadores humanos e caídos.
Todos nós vemos de um dado-lugar-caído. Adão, entretanto, a
primeira vez que abriu os olhos não viu o mundo. Ele começou vendo
a Terra, vendo a si mesmo, sendo em Deus e iniciante no processo de
ânsia por alguma coisa infinitamente de seu tamanho, que virou
mulher.
Aquele, todavia, ainda era o Gênesis dos céus e da terra. O mundo só
começa no capítulo três de Gênesis. Antes daquele dia havia idade e
uma quase consciência de tempo, pois, ainda era também uma quase
plena consciência de si... Afinal, nenhuma consciência será
plenamente consciente de si...se antes não descobrir que de fato que
não é. O tempo é o resultado do movimento da consciência de si
mesmo...e que acontece como nostalgia do tempo em que só havia
idade e com a angustia de que agora só existe tempo. É disso que é
feito o mundo. E esse tempo...é o tempo de nossa própria
consciência...Digo: até mesmo dessa história caída, pois, o que houve
antes da Queda, aconteceu...mas não pode ser chamado ainda de
História. A História é um subproduto do movimento da consciência de
si... e que fez o tempo existir como experiência...e que fez a
experiência se chamar História. Isto é História...o resto são apenas
histórias e interpretações do tempo...e que de tempos em
tempos...também mudam a sua própria versão...conforme o tempo e o
mundo. Afinal, o mundo passa, e bem assim a sua concupiscência;
aquele porém que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.
Em Cristo, porém, já se passou do tempo da idade e da idade do
tempo...pois já se passou da morte para vida. Assim, sob nenhuma
perspectiva os arqueólogos ou a arqueologia são um problema; ao
contrário, são uma bênção; uma espécie de profetas da idade e do
tempo.
E, por último, já ia esquecendo de dizer que acerca de apanhar a
genealogia de Adão e calcular a idade da criação em algo que teria
acontecido cerca de sete mil anos atrás, tanto é tolice, quanto também
é uma violência à idéia do Gênesis, que era fazer uma genealogia de
marcos significantes, e que só vai se tornando mais imediata entre um
descendente e outro depois do surgimento de Abrão.

3) Lemos em muitos materiais evangélicos uma condenação


referente à origem do Natal, à origem da Mariolatria (a Pietá, a
virgem com um filho salvador nos braços) que vemos hoje,
enfim, e de muitas outras coisas que foram introduzidas na Igreja
Cristã pelos Concílios. Porém, pesquisando estas origens,
descobri que não só os costumes citados acima possuem
semelhanças com outras religiões pagãs, mas também muitos
outros pontos vitais do Cristianismo. Como por exemplo: - A
Criação do Mundo: os egípcios criam que houve um tempo que
não existia nem céu, nem terra, apenas água, e Rá, o deus sol,
tendo pronunciado a Palavra, o mundo passou a existir
imediatamente. - A imortalidade da alma: era crida pelos
babilônios (Epopéia De Gilgamés); no Irã e no Império Persa (no
culto de Mitra); no Egito (no culto a Osíris, o deus principal no
mundo do além-vida); na Grécia (Pitágoras, Tales de Mileto,
Sócrates, Platão); na Índia (Hinduismo, Budismo); na China,
Japão, Tibet (Xintoísmo, Taoísmo, Confucionismo). - A ida dos
justos para o Paraíso e a condenação dos perversos para o
sofrimento eterno. - E até a vinda à Terra de um ser supremo, na
condição humana, como acreditam os hindus, para “extirpar a
imoralidade e estabelecer a virtude, para que a terra fique livre
dos pecadores” (este, segundo Sathya Sai Baba, seria o senhor
Krishna, que nascera no ano de 3.227 aC.). - No livro A Grande
Lei, de Williamson, um estudo sobre as origens religiosas, lemos:
“Já se fez alusão à semelhança que existe entre a história do
nascimento de Krishna, o salvador hindu, e a do salvador
adorado pelo Cristianismo; já se falou das analogias
surpreendentes que existem entre as suas vidas respectivas”. -
Já na Babilônia, chora-se durante 3 dias a morte de Tamuz-
Adónis e, em seguida, há regozijo pela sua ressurreição. - No
Egito, havia uma grande quantidade de deuses, mas apenas os
que lidavam com o destino do homem, obtinham culto e
reverência do povo. Os deuses pertencentes ao ciclo de Osíris,
que constituíam a Grande Companhia de Heliópolis, eram: -
“Temu ou Atmu, isto é, o fechador do dia, seu culto vem da V
Dinastia e é o fazedor dos deuses, criador de homens; - Xu, é o
primogênito de Temu e tipifica a Luz. Ele colocava um pilar em
cada ponto cardeal para sustentar o céu, os suportes de Xu são
os esteios do céu; - Tefnut, era irmã gêmea de Xu e tipificava a
umidade, seu irmão Xu é o olho direito, e ela é o olho esquerdo
de Temu. Os deuses Temu, Xu e Tefnut formavam uma trindade e
Temu na história da criação diz: “assim, sendo um deus, tornei-
me 3”. - Além da remissão ao dilúvio no Poema de Gilgamés; do
código de Hamurabi, que é anterior aos 10 Mandamentos (?),
porém, cita detalhes do que teríamos nos mandamentos do
Senhor a Israel. Enfim, tudo isso tem-me deixado sem respostas,
pois me pergunto (o que agora estou a lhe perguntar também): -
Como explicar estas semelhanças do Cristianismo com o que
outros povos pagãos, que não tinham contato com Israel, criam e
propagavam, antes mesmo dos israelitas e dos cristãos?
Resposta: Primeiro é bom dizer que Deus não é propriedade do
“Cristianismo” e que Ele se revela a quem Ele bem entende. Esta é a
Ordem de Melquizedeque.
Além disso, é bom afirmar que o “Cristianismo” é um grande
sincretismo. Que fique isto claro.
Também que fique também claro que quando quero falar do que creio
que é Verdade, uso a palavra Evangelho. “Cristianismo”, para mim, é
apenas um fenômeno humano, de natureza econômica, política,
financeira, vaidosa, e adequado a todas as formas de necessidade de
permanência no poder; isso de 332 D.C. em diante.
O “Cristianismo” é um híbrido feito da influência do judaísmo, do
pensamento grego, e da ambição romana de catolicidade; além de
milhares de pequenas outras absorções, e que foram acontecendo no
curso dos séculos (quem desejar saber mais, leia o livro “Subversão
do Cristianismo”, de Ellul).
Portanto, o que aconteceu foi sincretismo e absorção; isso no que
tange a muitas coisas dentro do “Cristianismo”. Todavia, quanto às
demais semelhanças entre as histórias do Evangelho e os mitos dos
povos, isso nada mais é que a manifestação de elementos
arquetípicos de natureza universal. Ou seja: o inconsciente coletivo da
humanidade sempre esteve preparado para receber o Deus feito
homem.

4) Como não achar que a Doutrina da Trindade foi introduzida por


pressão de Constantino no Concílio de Nicéia, junto com a
adoção da celebração do nascimento de Jesus no dia 25 de
dezembro (para abolir neste dia a maior das festividades idólatras
que celebrava o “deus- sol”)?
Resposta: A chegada de Constantino e sua mãe para o meio cristão
foi o grande diferencial corruptor daquilo que antes não era uma
“religião”, mas apenas um simples caminho de fé no amor de Deus
pelos homens, e que fora revelado em Jesus.
Para os primeiros discípulos, apesar de todas as dificuldades
humanas que neles se pode verificar, a fé, no entanto, era algo
simples. Ora, mesmo as tentativas dos cristãos judaizantes e dos
cristãos gnósticos dos dois primeiros séculos, não conseguiram
corromper a fé original. Roma, todavia, mediante Constantino, criou o
“Cristianismo”, deu-lhe um fundamento teórico sistemático de
inspiração grega, e, por essa razão, tentou construir uma “Anatomia
para o Divino”; daí o surgimento da “doutrina da trindade”, toda ela
organizada em moldes filosóficos e sistemáticos originários dos
gregos, especialmente de Aristóteles.
Deus é. E se manifesta como quer a quem bem deseja.
Na Escritura judaico-cristã Ele se revela como Pai, Filho e Espírito
Santo—e também como fogo, vento, água, pão, casa, sombra,
refugio, castelo forte, alta cidadela, amigo, esposo, amante traído,
etc...; mas não tentou ajudar ninguém a entender isso; tendo apenas
manifesto a natureza de Suas manifestações. No fim de tudo, lendo
Jesus em João de 13 a 17, vê-se que Jesus não faz distinção entre o
Pai, o Filho e o Espírito. Ele e o Pai são um. O Espírito vem da parte
do Pai e revela o Filho. O Filho envia o Espírito como essência e
continuidade da própria ação do Filho entre os homens. E o Espírito é
tratado em Atos e em Paulo como “o espírito de Jesus”.
O mais, meu amigo, é tentativa humana de fazer anatomia do ser de
um “deus” cuja possibilidade de estudo só acontece se ele estiver
morto; posto que tal “deus” só pode ser estudado se for como objeto
de exumação. Daí a teologia ter sido tão bem sucedida durante tantos
séculos; posto que seu “Deus” estava deitado na mesa de discussões
(os Concílios), enquanto os alquimistas decidiam do que “Ele” é feito.
Resumindo: Constantino construiu o Cristianismo e quase que por
completo destruiu o que se pode chamar de Evangelho.

5) Como acreditar na idoneidade daqueles que separaram os livros


para formar o Cânon, tendo mais de 60 evangelhos, considerados
apócrifos, como os de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos
Hebreus, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta, etc.? E como
acreditar na veracidade de toda a Bíblia, se sabemos que alguns
textos importantes não constam nos manuscritos antigos, como
Jo: 7;59 – Jo: 8; 1 a 11- 1 Jo: 5; 7, entre outros?
Resposta: Ora, sua questão é um problema para gente do
“Cristianismo”.
Aliás, enquanto você questiona todas essas coisas você apenas
revela como você foi ‘formatado’ por todas elas... e continua.
Para Paulo e os demais apóstolos esse nunca foi um problema. Eles
tinham as Escrituras judaicas disponíveis, mas se aproximavam dela
não para saber da Lei ou de qualquer outra coisa—e menos ainda
com a intenção de escrever doutrinas. Para eles a revelação era
Cristo, e o restante da Escritura servia para dar testemunho acerca de
Quem era Jesus.
Quanto ao mais, o que a eles concernia não era fazer reunião de
estudo bíblico, e, muito menos, encontros teológicos para descrever
Deus. Para aqueles cristãos a experiência de Deus não era intelectual
e nem fruto da prevalência do racionalismo sobre o obscurantismo.
Eles eram chamados a provar o poder da ressurreição como fator
existencial, e não como uma prova histórica apenas; nem como uma
demonstração de alterofilismo divino, levantando o peso da morte,
como ninguém antes havia feito.
O Deus deles não era Hércules! Eles não tinham “Bíblias” e nem
cânon sagrado; o que eles tinham era o testemunho do Evangelho, o
poder do Deus vivo, e a Graça que os alcançara, e que também se
tornara o ‘modo’ pelo qual cada discípulo deveria se conduzir no
mundo: que é mediante o espírito do perdão e da misericórdia.
O resto, meu amigo, foi apenas uma busca humana por fazer do
Cristianismo a religião do poder, da lógica, da razão, das doutrinas, e
do poder do clero. O Cânon sagrado sempre foi apenas instrumento
de poder. Quanto aos demais evangelhos ‘apócrifos’, já li quase todos
eles; e, sinceramente, não sinto falta deles no Novo Testamento.
O que você precisa entender é que tanto faz como tanto fez, pois, de
fato, a única realidade que tem valor é essa: Deus estava em Cristo
reconciliando Consigo mesmo o mundo, não imputando aos homens
as suas transgressões.
Quanto ao mais, ande conforme Jesus simplificou: O você quiser que
os homens façam a você, faça isto mesmo antes a eles; pois, Jesus
disse que esse é o verdadeiro cânon sagrado.

6) Por Sua misericórdia, já tive experiências indescritíveis, únicas


com o Senhor. Mas vejo muitos católicos aos prantos por causa
de Maria, dizendo sentir sua presença, assim como pessoas de
outras religiões que nos aparentam estarem tendo experiências
espirituais (não incluo aqui, é claro, manifestações espíritas,
porque bem sabemos o seu autor). Além disso, tendo em vista
alguns pontos abordados anteriormente, pergunto: O que faz de
nós cristãos diferentes das outras religiões, já que muitas coisas
do que vivemos e cremos são muito semelhantes ao que vivem e
crêem outras religiões e ao que viviam e criam outras culturas
antiqüíssimas?
Resposta: A experiência mística é algo inerente ao poder da mente
humana. Portanto, arrebatamentos, transes, devoções fanatizadas,
experiências extra-sensoriais, etc... são comuns a todos os povos, e
Jesus nunca negou isso; aliás, Ele chegou mesmo a dizer que até em
Seu nome o ‘falso’ pode realizar o benefício de um milagre.
Portanto, quando você se angustia com isso, você revela que ainda
crê que o Cristianismo é algo diferente e melhor que as demais
religiões da Terra; e não é. Jesus disse que o que diferenciaria Seus
discípulos do resto da sociedade humana seria o amor com o qual
eles deveriam se amar uns aos outros; e não mediante credos ou
corpos de doutrinas.
A ética da fé em Jesus é amor. A fé que é sã, do ponto de vista de
Jesus, é aquele que confessa que Jesus é o Cristo de Deus para
todos os povos—independentemente dos povos saberem disso ou
não (aqui entre a Ordem de Melquizedeque), e que busca andar em
amor prático; posto que a genuína fé “opera pelo amor”. O que passar
disso, saiba: é “Cristianismo”.

Enfim, perguntas que não saem da minha cabeça e que minha alma
anseia compreender. Quero ressaltar que sou evangélico e a finalidade
destas perguntas é minha edificação espiritual, para servir a Deus cada
vez mais e melhor, para a Glória do Seu Nome. Oro para que o Senhor
venha usá-lo para esclarecer-me estas dúvidas. No aguardo ansioso das
suas respostas.
Em Cristo,
Marcos.

Continuação:
Marcos, querido:
Suas perguntas são as de um “cristão” estrebuchante e em agonia.
Na realidade ninguém que pense pelo menos um pouquinho conseguirá
se satisfazer com essas “respostinhas” que o “Cristianismo” dá à vida.
Jesus nasceu filho de judeus, mas não é discípulo do judaísmo; nem
tampouco é Ele um “cristão”; e Ele não é somente o salvador dos
“cristãos”, ou dos que o aceitaram na “igreja”. Jesus é Deus. E isso quer
as pessoas saibam ou não. Ele é o salvador de todos os homens, saibam
eles ou não. Ele é o Senhor sobre todos os que vieram antes e virão
depois. Ele é o Alfa e o Omega. Por isso, Jesus é o Senhor de Buda, de
Confúcio, de Zoroastro, de Sócrates, de Platão, de todos os sábios da
terra, e de todas as almas humanas que nos céus buscam misericórdia;
não importando onde isso aconteça.
O que cabe a mim é anunciar de modo simples, não como “Cristianismo”
e muito menos como “religião”, é o Evangelho; e me cumpre fazê-lo como
o fizeram os primeiros discípulos; ou seja: apenas anunciando o que
Jesus consumou como Boa Nova para todos os homens, e, manifestando
a verdade dessa fé mediante a fé que atua pelo amor a Deus, ao próximo
e a si mesmo.
A mensagem e a vida do povo de Jesus não tem que ter na história do
“Cristianismo” a sua formatação e nem tampouco sua regra de fé e
prática; mas, ao contrário disso, precisa ser apenas algo simples como o
Evangelho; e próprio como Jesus o tornou em cada estação do caminho,
onde parava e ensinava, pregava, curava, libertava, perdoava,
reconciliava e seguia...
E a verdadeira Igreja de Deus é feita, visivelmente, apenas daqueles que
vivem e anunciam o amor e a graça de Deus no mundo e ao mundo,
conforme o Evangelho; e que se reúnem apenas para celebrar o que lhes
é comum: a certeza da vida eterna e a alegria do testemunho do amor de
Deus no mundo; e isto tudo em gratidão, amor fraterno e espírito de
missão na Terra—e com adoração! Pelas suas questões também vi que
você ou nunca leu o site, ou o leu muito pouco; posto que se você
mergulhasse nessas águas aqui, há muito que suas questões já teriam
deixado de ser estas.
É claro que para um sujeito que quisesse estender esse assunto, eu
mesmo poderia levantar, usando a sua própria lógica interminável, muitas
outras perguntas, bem mais complexas. Isto porque, sinceramente,
conheço os desdobramentos de todas essas coisas.
Todavia, são pura bobagem também. Na realidade, como diz a Palavra, o
que vale é ter o coração conformado em Graça.
Por enquanto fico por aqui. Leia o site e você terá outros esclarecimentos.
E não esqueça: nossa fé é em Jesus, conforme o Evangelho, e não
conforme o “Jesus Cristão”, que nada mais é do que uma fabricação
humana.
Acerca do “Cristianismo” o que se tem que dizer é: Ave Constantino!
Receba meu abraço e minhas orações!
Nele, que não é o Maior entre os demais, mas sim o Único, e de Quem
todas as demais coisas derivam,

Caio

LEIA: www.caiofabio.com

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