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PROCESSO TC N.

O 02208/06

Objeto: Prestação de Contas Anuais


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Responsáveis: Zenilda de Lima Félix e outra
Advogados: Dr. Johnson Gonçalves de Abrantes e outros

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


INDIRETA - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS - INSTITUTO DE
PREVIDÊNCIA - APRECIAÇÃO DA MATÉRIA PARA FINS DE
JULGAMENTO - ATRIBUIÇÃO DEFINIDA NO ART. 71, INCISO II, DA
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA PARAÍBA, E NO ART. 1°, INCISO I,
DA LEI COMPLEMENTARESTADUAL N.o 18/93 - Omissão em relação
às imposições da legislação previdenciária federal - Empenho de
despesas fora do período de competência - Não encaminhamento de
avaliação atuarial - Situação irregular do instituto perante o
Ministério da Previdência Social - Déficit na execução orçamentária -
Elaboração incorreta de demonstrativos contábeis - Saldo de
consignações superior às disponibilidades ao final do exercício - Não
atendimento à solicitação do Tribunal - Ausência de empenhamento
de obrigações patronais e de recolhimento de contribuições
previdenciárias retidas dos servidores, devidas ao INSS -
Transgressão a dispositivos de natureza constitucional,
infraconstitucional e regulamentar - Necessidade imperiosa de
imposição de penalidade - Eivas que comprometem o equilíbrio das
contas. Irregularidade. Aplicação de multa. Fixação de prazo para
recolhimento. Anexação de cópia do aresto em outros autos.
Remessa de reprodução dos autos à ego Procuradoria Geral de
Justiça do Estado.

os autos da PRESTAÇÃO DE CONTAS DO INSTITUTO DE


Vistos, relatados e discutidos
PREVIDÊNCIA DO SERVIDOR DE SERRA DA RAIZ/PB - IPSER, relativa ao exercício financeiro
de 2005, de responsabilidade das Presidentas, Sras. Zenilda de Lima Félix e Mônica
Gonçalves da Silva, acordam, por unanimidade, os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL
DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, em sessão plenária realizada nesta data, na
conformidade da proposta de decisão do relator a seguir, em:

1) JULGAR IRREGULARES as referidas contas.

2) APLICAR MULTAS às Gestoras do Instituto de Previdência Municipal de Serra da


Raiz/PB - IPSER durante o exercício financeiro de 2005, Sras. Zenilda de Lima Félix e Mônica
Gonçalves da Silva, nos valores individuais de R$ 1.000,00 (um mil reais), com base no que
°
dispõe o artigo 56, incisos II e VI, da Lei Complementar Estadual n. 18/93.

\.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02208/06

3) CONCEDER-LHES o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário da


penalidade ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto
no art. 3°, alínea "a", da Lei Estadual n.O 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à
Procuradoria Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o
término daquele período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do
Ministério Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da
Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do ego Tribunal de Justiça do Estado
da Paraíba - TJ/PB.

4) DETERMINAR o traslado de reprodução deste aresto para os autos dos Processos de


Prestação de Contas da Prefeita do Município de Serra da Raiz/PB, Sra. Adailma Fernandes
da Silva, e do Presidente da Câmara Municipal, Sr. Antônio Marculino da Silva, exercício
financeiro de 2007, objetivando verificar, dentre outros fatos, a regularização do pagamento
das obrigações previdenciárias devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

5) REMETER cópia dos relatórios técnicos, fls. 164/172, 174/175 e 337/340, do parecer do
Ministério Público Especial, fls. 342/348, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de
Justiça do Estado da Paraíba para as providências cabíveis.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, 2 (, de f ..~~(.


j,.t{.i. '/ c' de 2008

Auditor Renato Sergio


Relator

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Representar/tedo Ministério Público EspeCiatJ--


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02208/06

Tratam os autos do presente processo da Prestação de Contas do Instituto de Previdência do


Servidor de Serra da Raiz - IPSER, relativa ao exercício financeiro de 2005, de
responsabilidade das Presidentas, Sras. Zenilda de Lima Félix e Mônica Gonçalves da Silva,
apresentada a este ego Tribunal em 31 de março de 2006, mediante o Ofício Gapre
°
n. 03/2006, datado de 27 de março de 2006, fl. 02.

Os peritos da antiga Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal 11- DIAGM lI, com
base nos documentos insertos nos autos, emitiram relatório inicial de fls. 164/172,
constatando, sumariamente, que: a) a gestão do IPSER no exercício de 2005 teve como
responsáveis a Sra. Zenilda de Lima Félix, no período de janeiro a agosto, e a Sra. Mônica
Gonçalves da Silva, nos meses de setembro a dezembro; b) a prestação de contas foi
apresentada a este Tribunal em conformidade com as Resoluções Normativas n.Ps 07/97 e
07/04; c) a Lei Municipal n.o 175, de 16 de abril de 1993, alterada pela Lei Municipal
n.? 239, de 31 de maio de 2001, criou o IPSER, com a natureza jurídica de autarquia
municipal; d) a Lei Municipal n.o 283, de 17 de agosto de 2005, instituiu a Lei Geral da
Previdência da Comuna de Serra da Raiz; e e) a Lei Municipal n.O 285, de 03 de dezembro
de 2005, revogou as Leis Municipais n.o 175/93, 239/01 e 256/02.

No tocante aos aspectos orçamentários, contábeis, financeiros e patrimoniais, verificaram os


técnicos da DIAGM 11 que: a) a receita orçamentária arrecadada no exercício ascendeu à
soma de R$ 15.489,91; b) a despesa orçamentária total realizada atingiu o montante de
R$ 17.177,00; c) a receita extra-orçamentária, acumulada no exercício financeiro, alcançou a
importância de R$ 423,72; d) não houve despesa extra-orçamentária executada durante o
período; e e) o saldo financeiro para o exercício seguinte foi de R$ 881,11.

Ao final de seu relatório, os analistas da unidade de instrução apresentaram, de forma


individualizada e resumida, as irregularidades constatadas. Sob a responsabilidade da Chefe
do Poder Executivo, Sra. Adailma Fernandes da Silva, apontaram os itens a seguir: a) não
encaminhamento de projeto de lei ao Poder Legislativo Municipal a fim de adequar os
benefícios e alíquotas de contribuição à legislação previdenciária federal; b) divergência
entre o montante das contribuições dos servidores informado no Sistema de
Acompanhamento da Gestão dos Recursos da Sociedade - SAGRES e o valor contabilizado
pelo IPSER; c) ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias; e
d) carência de lei autorizando o parcelamento dos débitos do Município junto ao IPSER,
relativos às contribuições previdenciárias e à contribuição de manutenção de 2%. A cargo do
Presidente da Câmara Municipal, Sr. Antônio Marculino da Silva, foram destacadas as
seguintes máculas: a) divergência entre o montante das contribuições dos servidores
informado no SAGRES e o valor contabilizado pelo IPSER; e b) ausência de repasses
regulares das contribuições previdenciárias.

Em relação às gestoras do instituto à época, Sras. Zenilda de Lima Félix e Mônica Gonçalver",

da Silva, os peritos desta Corte de Contas imputaram as seguintes eiva : a) omiSosão~.. .J/:s.~....'.
. -,.,\,~~
~~
-, ..f;
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02208/06

imposições da legislação previdenciária federal no tocante à concessão de benefícios e


alíquotas; b) empenho de despesas fora do período de competência; c) não retenção nem
recolhimento do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN referente a serviços
prestados; d) não encaminhamento da avaliação atuarial relativa ao exercício de 2005; e
e) situação irregular da entidade em relação a vários critérios avaliados pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social - MPAS. Especificamente em relação ao período de gestão
da Sra. Mônica Gonçalves da Silva, indicaram, também, as irregularidades a seguir
enumeradas: a) déficit na execução orçamentária; b) balanço patrimonial e demonstração da
dívida flutuante elaborados incorretamente; c) consignações em montante superior ao saldo
de disponibilidades; d) ausência de resposta a ofício circular do Tribunal, o que impossibilitou
uma análise operacional da entidade e o cálculo do percentual das suas despesas
administrativas; e) ausência de empenhamento de obrigações patronais referentes a
VENCIMENTOS E VANTAGENS FIXAS, bem como do repasse das contribuições
previdenciárias relativas à parte do servidor, ambas devidas ao Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS; e f) não encaminhamento dos documentos comprobatórios da extinção do
Regime Próprio de Previdência Social - RPPS e da vinculação dos servidores municipais ao
Regime Geral de Previdência Social - RGPS.

Ato contínuo, os técnicos da DIAGM 11, elaboraram relatório complementar, fls. 174/175,
informando que o ISSQN não retido e não recolhido pelo IPSER correspondia a 5% (cinco
por cento) das despesas realizadas pelo instituto com serviços contábeis, que somaram
R$ 4.400,00. Logo, o imposto devido foi da ordem de R$ 220,00, sendo R$ 140,00 no
período de responsabilidade da Sra. Zenilda de Lima Félix e R$ 80,00 no período da gestão
da Sra. Mônica Gonçalves da Silva.

Processadas às devidas citações, fls. 176/186, o Presidente da Câmara Municipal de Serra da


Raiz/PB, Sr. Antônio Marculino da Silva, bem como o Contador do IPSER em 2005, Dr. Denis
Cristiano de F. Silva, deixaram o prazo transcorrer sem qualquer manifestação. O primeiro,
chamado ao feito para se manifestar sobre as irregularidades de sua responsabilidade, e o
segundo para se pronunciar acerca das falhas contábeis.

Por outro lado, as presidentas do instituto durante o exercício sub studio, Sras. Zenilda de
Lima Félix e Mônica Gonçalves da Silva, bem como a Prefeita Municipal, Sra. Adailma
Fernandes da Silva, apresentaram contestações, fls. 189/196 e 197/327, respectivamente.
As gestoras do IPSER, em defesa conjunta, argumentaram, em síntese, que: a) por se tratar
de ínfimo valor, o ISSQN devido foi recolhido aos cofres municipais, consoante comprovante
bancário em anexo; b) por não atender às disposições legais, foram adotadas as
providências necessárias com vistas à extinção do IPSER; c) os servidores municipais já
foram inscritos junto ao INSS, dada a inviabilidade da entidade; d) a situação previdenciária
da Comuna estava sendo solucionada a fim de evitar prejuízos futuros aos seus servidores; e
e) não houve dolo por parte das gestoras e, por serem de caráter meramente formal, as
falhas constatadas merecem ser desconsideradas. A Chefe do Poder Executivo, por sua vez, _,_
acrescentou que foi anexado aos autos os documentos comprobatór"os da extinção do \,
IPSER.
~~ .
. .~~\~

~\ \ \
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02208/06

Encaminhado o feito aos peritos da unidade de instrução, estes, examinando as referidas


peças processuais de defesa, emitiram o relatório de fls. 337/340, onde consideraram
elididas as eivas concernentes à: a) divergência entre o montante das contribuições dos
servidores informado no SAGRES e o valor contabilizado pelo IPSER; b) não retenção nem
recolhimento de ISSQN, no valor de R$ 220,00; e c) falta de encaminhamento da
documentação comprobatória da extinção do RPPS e da vinculação dos servidores ao RGPS.
Por fim, mantiveram in totum o seu posicionamento exordial relativamente às demais
máculas, ressaltando que, quanto às irregularidades relativas à escrituração contábil, o
Contador, Dr. Denis Cristiano de Freitas Silva, deve responder solidariamente com as
gestoras do instituto no exercício de 2005.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ao se pronunciar sobre a matéria,


fls. 342/348, pugnou: a) pela irregularidade das contas das ex-gestoras do instituto;
b) pela aplicação de multa pessoal às ex-Presidentes da citada autarquia, à Prefeita de Serra
da Raiz, ao Presidente da Câmara Municipal e ao Contador do IPSER; c) por representação
ao Conselho Regional de Contabilidade - CRC; d) por representação ao Ministério Público
Comum; e) por comunicação ao Ministério da Previdência Social - MPS; e f) por
recomendação à atual e às futuras administrações do Município de Serra da Raiz.

Solicitação de pauta, conforme fls. 349/350 dos autos.

É o relatório.

Da análise efetuada pelos peritos do Tribunal, constata-se que as contas do Instituto de


Previdência do Servidor de Serra da Raiz - IPSER, relativas ao exercício de 2005, sob a
responsabilidade das Gestoras, Sras. Zenilda de Lima Félix e Mônica Gonçalves da Silva,
revelam diversas irregularidades remanescentes.

Com efeito, verifica-se ab initio a omissão das referidas autoridades em relação à adequação
da legislação previdenciária municipal às normas nacionais, demonstrando, portanto,
descaso com o patrimônio securitário dos servidores da Comuna. Segundo o relatório
técnico, fls. 164/165, a Lei Municipal n.O 239/200!, vigente até julho de 2005, incluía no rol
dos benefícios concedidos pelo IPSER a PENSA0 POR AUSENCIA DO SEGURADO, em
desacordo com as determinações consignadas no art. 5°, da lei que dispõe sobre as regras
gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos
servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares
dos Estados e do Distrito Federal - Lei Nacional n.O 9.717, de 27 de novembro de 1998 -,
bem como no art. 16, da Portaria MPAS n.o 4.992, de 05 de fevereiro de 1999,
respectivamente, in verbis:
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02208/06

Art. 5° Os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos
Estados e do Distrito Federal não poderão conceder benefícios distintos dos
previstos no Regime Geral de Previdência Social, de que trata a Lei
n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, salvo disposição em contrário da
Constituição Federal.

Art. 16. Salvo disposição em contrário da Constituição Federal, o regime


próprio de previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios não poderá conceder benefícios distintos dos previstos no
Regime Geral de Previdência Social - RGPS, que compreende exclusivamente
as seguintes prestações:

I - quanto ao servidor:

a. aposentadoria por invalidez;


b. aposentadoria por idade;
c. aposentadoria por tempo de contribuição;
d. auxílio-doença;
e. salário-família;
f. salário-maternidade;

II - quanto ao dependente:

a. pensão por morte;


b. auxílio-reclusão. (nossos grifos)

Além disso, a mesma legislação municipal fixava a alíquota de 10% (dez por cento) para a
contribuição patronal a cargo do Município, inferior à contribuição dos servidores titulares de
cargos efetivos da União, que é de 11% (onze por cento), estando, portanto, em
desconformidade com os limites estabelecidos na já mencionada Lei Nacional n.o 9.717, de
27 de novembro de 1998 -, na sua atual redação dada pela Lei Nacional n.O 10.887, de 18
de junho de 2004, verbatim:

Art. 20 A contribuição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, aos regimes próprios de
previdência social a Que estejam vinculados seus servidores não poderá ser
inferior ao valor da contribuição do servidor ativo, nem superior ao dobro
desta contribuição.

( ...)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02208/06

sobre os proventos dos inativos e sobre as pensões, as mesmas alíquotas


aplicadas às remunerações dos servidores em atividade do respectivo ente
estatal. (grifas inexistentes no texto original)

Ademais, cabe destacar que a situação somente foi regularizada a partir de agosto de 2005,
mediante a edição da Lei Municipal n.o 283, de 17 de agosto de 2005, que, em seu art. 14,
fixou tanto a contribuição da Comuna como a do segurado em 11% (onze por cento),
perfazendo um total de 22% (vinte e dois por cento), e, no art. 28, excluiu o benefício de
PENSÃO POR AUSÊNCIA DO SEGURADO, fls. 83 e 88/89.

No que concerne à contabilização dos gastos da autarquia, observaram os inspetores desta


Corte, mediante análise dos balancetes mensais enviados, fls. 132/141, que diversas
despesas foram empenhadas em desrespeito ao regime de competência, previsto não
somente no art. 35, inciso lI, da lei que estatuiu normas gerais de direito financeiro para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal - Lei Nacional n.o 4.320, de 17 de março de 1964 -, mas também no art. 50,
inciso 11, da reverenciada Lei Complementar n.o 101, de 04 de maio de 2000 - Lei de
Responsabilidade Fiscal -, respectivamente, verbo ad verbum:

Art. 35. Pertencemao exercício financeiro:

I - (omissis);

II - as despesasnele legalmente empenhadas.

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a


escrituração das contas públicas observará as seguintes:

I - (omissis)

II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o


regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado
dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;

Igualmente inserida no grupo das máculas constatadas na instrução processual, encontra-se


o não encaminhamento da avaliação atuarial referente ao exercício sub examine. Neste
ponto, merece ser enfatizado que a ausência desse estudo técnico caracteriza o
descumprimento do disposto no art. 1°, inciso I, da citada Lei Nacional n.O 9.717, de 27 de
novembro de 1998, ipsis /itteris:

Art. 10 Os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos d


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos MU~OS militares d
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02208/06

Estadose do Distrito Federal deverão ser organizados, baseadosem normas


gerais de contabilidade e atuária, de modo a garantir o seu equilíbrio
financeiro e atuarial, observadosos seguintes critérios:

I - realização de avaliação atuarial inicial e em cada balanço, bem como de


auditoria, por entidades independentes legalmente habilitadas, utilizando-se
parâmetros gerais, para a organização e revisão do plano de custeio e
benefícios; (grifo nosso)

Neste sentido, é importante realçar que o aludido instrumento é de fundamental importância


para se atestar à viabilidade dos sistemas previdenciários, evitando, no futuro, prejuízos aos
seus segurados, haja vista que a previdência social deve ser projetada com o intuito de
manter o equilíbrio entre receitas e despesas, notadamente quanto à concessão de
benefícios, em consonância com o estabelecido no art. 201, caput, da Constituição Federal,
verbum pro verbo:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, nos termos da lei, a: (grifamos)

Quanto à regularidade do IPSER junto ao Ministério da Previdência Social - MPS, impende


comentar que o último Certificado de Regularidade Previdência - CRP foi emitido em 09 de
abril de 2003, com vigência até o dia 06 de outubro de 2003, fl. 146, e o Extrato Externo de
Irregularidades dos Regimes Previdenciários, fls. 147/148, demonstra a situação irregular da
entidade no tocante a diversos critérios, fato esse também citado quando da análise das
prestações de contas dos exercícios financeiros de 2003 e 2004.

Em seguida, os analistas do Tribunal destacaram eivas cuja responsabilidade foi atribuída


especificamente à gestão da ex-Presidenta, Sra. Mônica Gonçalves da Silva, que
compreendeu o período de setembro a dezembro de 2005. Em primeiro lugar, tem-se o
déficit na execução orçamentária, ou seja, a falta de equilíbrio entre receitas e despesas,
fI. 167, demonstrando o não atendimento da principal finalidade pretendida pelo legislador
ordinário, através da inserção no ordenamento jurídico tupiniquim da festejada Lei de
Responsabilidade Fiscal, qual seja, a implementação de um eficiente planejamento por parte
dos gestores públicos, com vistas à obtenção do equilíbrio das contas por eles administradas,
conforme estabelece o seu art. 10, § 1°, vejamos:

Art. 10. (omissis)

§ 10 A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejad


transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capaze
afetar o equilíbrio das contas públicas, median o c»rlmento de

I \.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02208/06

de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições


no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e
inscrição em Restosa Pagar.

Também constam na lista de irregularidades as incorreções verificadas nos demonstrativos


contábeis que compõem a prestação de contas, fI. 168, notadamente com relação à não
inclusão do saldo do exercício anterior dos SERVIÇOS DA DÍVIDA A PAGAR, no valor de
R$ 551,85, tanto no BALANÇO PATRIMONIAL, quanto no DEMONSTRATIVO DA DÍVIDA
FLUTUANTE. Essa omissão, além de distorcer a realidade contábil da entidade,
comprometendo a fidedignidade dos seus demonstrativos, caracteriza, mais uma vez, o
desprezo da autoridade responsável aos preceitos estabelecidos na Lei Nacional
n.o 4.320/64.

Após os devidos ajustes, considerando o saldo de 2004, observa-se que o valor do PASSIVO
FINANCEIRO passa de R$ 423,72 para R$ 975,57, superior, portanto, às disponibilidades
financeiras ao final do exercício, que somaram apenas R$ 881,11, fI. 26. Tal fato não só vai
de encontro ao que preconiza o supracitado art. 10, § 10, da Lei Complementar Nacional
n.? 101/2000, como ainda não atende ao objetivo disposto no art. 48, alínea "b", da Lei
Nacional n.o 4.320/64, in verbis:

Art. 48. A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos
seguintes objetivos:

...
( )

b) manter, durante o exercício, na medida do possível, o equilíbrio entre a


receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo
eventuais insuficiênciasde tesouraria. (grifo ausente no original)

No que se refere ao não envio de informações e documentos a esta Sinédrio de Contas,


inclusive a avaliação atuarial, os peritos da Corte ressaltaram que o não atendimento da
solicitação feita através do Ofício Circular n.o 01/06 - TCE-DIAFI, fI. 110, datado de 28 de
março de 2006, impossibilitou a análise da situação operacional da entidade, bem como o
cálculo do percentual das despesas administrativas com vistas à verificação do limite
determinado pelo art. 17, § 3°, da Portaria MPAS n.O 4.992/99, que é de 2% (dois por
cento) do valor total das remunerações, proventos e pensões dos segurados vinculados ao
regime próprio de previdência social, relativo ao exercício financeiro anterior. Nesse caso, a
não manifestação da autoridade responsável configura descumprimento ao disposto no
art. 42, cabeça, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93 - Lei Orgânica do Tribunal d
Contas -, verbatim:
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02208/06

Art. 42. Nenhum processo, documento ou informação poderá ser sonegado


ao Tribunal em suas inspeçõesou auditorias, sob qualquer pretexto.

Finalmente, tem-se a ausência de recolhimento das contribuições previdenciárias devidas


pelo empregado e pelo empregador ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
incidentes sobre despesas com VENCIMENTOS E VANTAGENS FIXAS realizadas pelo IPSER
nos meses de setembro a novembro de 2005, no montante de R$ 4.080,00, fI. 114. Tal
procedimento, além de suscitar a imperfeição nas informações contábeis do Município,
representa séria ameaça ao equilíbrio financeiro e atuarial que deve perdurar nos sistemas
previdenciários, com vistas a resguardar o direito dos segurados em receber seus benefícios
no futuro.

Especialmente em relação à contribuição dos segurados, é imperativo ressaltar que o seu


não repasse à referida Autarquia Federal caracteriza a situação de apropriação indébita
previdenciária, consoante estabelecido no art. 168-A, do Código Penal Brasileiro, dispositivo
este introduzido pela Lei Nacional n.O 9.983, de 14 de julho de 2000, verbo ad verbum:

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições


recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:

Pena- reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 10 - Nas mesmas penas incorre quem deixar de:

I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à


previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do público;

Além disso, tais irregularidades podem ser enquadradas como ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, conforme dispõe o
art. 11, inciso I, da lei que trata das sanções aplicáveis aos agentes públicos - Lei Nacional
n.o 8.429, de 02 de junho de 1992, ipsis /itteris:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da Administração Pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres da honestidade, imparcialidade, legalidade e a lealdade às
instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diver


daquele previsto, na regra de competência; (nossos grifos\

~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02208/06

Nesse contexto, ante as diversas transgressões a disposições normativas do direito objetivo


pátrio, decorrentes da conduta implementada pelas Gestoras do Instituto de Previdência do
Servidor de Serra da Raiz/PB - IPSER, durante o exercício financeiro de 2005, Sras. Zenilda
de Lima Félix e Mônica Gonçalves da Silva, resta configurada a necessidade imperiosa de
aplicação de multas individuais de até R$ 2.805,10 - valor atualizado pela Portaria
°
n. 039/06 do TCE/PB -, previstas no art. 56, incisos II e VI, da Lei Orgânica do TCE/PB -
Lei Complementar Estadual n.O 18, de 13 de julho de 1993, verbum pro verbo:

Art. 56 - O Tribunal pode também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000,00


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:

I- (omíssís)

11 - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

...
( )

VI - sonegação de processo, documento ou informação, em inspeções ou


auditorias realizadas pelo Tribunal;

Por fim, é importante destacar que as irregularidades de responsabilidade da Prefeita


Municipal de Serra da Raiz, Sra. Adailma Fernandes da Silva, e do Presidente da Câmara
Municipal, Sr. Antônio Marculino da Silva, devem ser apreciadas nas respectivas contas do
Poder Executivo e do Poder Legislativo Municipais.

Ex positis, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) JULGUE IRREGULARES as referidas contas.

2) APLIQUE MUL TAS às Gestoras do Instituto de Previdência Municipal de Serra da


Raiz/PB - IPSER durante o exercício financeiro de 2005, Sras. Zenilda de Lima Félix e Mônica
Gonçalves da Silva, nos valores individuais de R$ 1.000,00 (um mil reais), com base no que
dispõe o artigo 56, incisos II e VI, da Lei Complementar Estadual n.o 18/93.

3) CONCEDA-LHES o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário da penalidade


ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art. 3°,
alínea "a", da Lei Estadual n.O 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Procuradoria
Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do Ministério Públ'
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 40, da Constltulção do 'I

O ~
~~. #,,'
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02208/06

Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do ego Tribunal de Justiça do Estado da


Paraíba - TJ/PB.

4) DETERMINE o traslado de cópia deste aresto para os autos dos Processos de Prestação de
Contas da Prefeita do Município de Serra da Raiz/PB, Sra. Adailma Fernandes da Silva, e do
Presidente da Câmara Municipal, Sr. Antônio Marculino da Silva, exercício financeiro de 2007,
objetivando verificar, dentre outros fatos, a regularização do pagamento das obrigações
previdenciárias devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

5) REMETA cópia dos relatórios técnicos, fls. 164/172, 174/175 e 337/340, do parecer do
Ministério Públlco.Especlai, fls. 342/348, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de
~ustiça do Esta o da"aíba para as providências cabíveis.

Ea pr a. ~~

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