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Saudação feita pelo advogado Carlos Teodoro Soster aos novos advogados

que prestaram juramento na casa do advogado de Paranavaí, em


solenidade do dia 29/01/2009:

Ilustríssimo senhor dr. Alberto de Paula Machado, mui digno


presidente da OAB – Seção do Estado do Paraná. Advogado notável,
pessoa extraordinária, presidente que elevou a seccional do Paraná à
uma posição de vanguarda no cenário nacional, pelas muitas ações em
prol da efetiva melhoria dos serviços advocatícios prestados à
população, do aprimoramento dos advogados, do acesso à justiça para
todos.

Na pessoa do insigne presidente peço vênia para cumprimentar as


demais ilustres autoridades já nominadas, que compõem esta honrosa
mesa diretora.

Senhoras e senhores,
Meus prezados colegas advogados,

Estimados advogados recém compromissados: a quem me dirijo em


particular.
Creio que vocês estão em vantagem sobre nós advogados há mais
tempo. Eu por exemplo sou do tempo em que datilografava uma
petição em 5 vias com papel carbono. E no final, se cometesse um
pequeno erro tinha que datilografar tudo novamente. Depois, durante
muito tempo usei um programa pré-histórico chamado carta-certa. A
jurisprudência era recortada do diário da justiça e colada em cartões de
cartolina para ser arquivada. Estudei pela constituição de 1969, pelo
código civil de 1916, meu professor de processo civil explicou mais o
CPC de 1939, o código penal e o processo penal mudaram. Leis
esparsas importantes surgiram nos últimos 20 anos. E os exames da
OAB não eram tão rigorosos. Sou do tempo em que era muito difícil
um advogado do interior advogar em segunda instância. Hoje, com a
internet e algum programa de jurisprudência um advogado do interior
pode trabalhar em igualdade com um da Av. Paulista em São Paulo.
Portanto, adianto que esta geração é melhor, mais preparada e mais
rápida. E nós que advogamos há mais tempo, temos que redobrar os
esforços para acompanhá-los.
Certo poeta disse: “no rufar dos tambores ouça o clamor do povo.” E
conta-se que o filósofo grego Diógenes saia em plena luz do dia com
uma lanterna procurando um ser humano que fosse completo.
Da mesma forma, creio que os tambores da sociedade estão dizendo
para que sejamos bons advogados, advogados completos, estudiosos
permanentes do direito, com sólida cultura geral, que resolvam
problemas complexos com segurança e rapidez, não meros
mercenários do direito. A sociedade clama por um advogado
comprometido com seu tempo, com seu meio, se possível um passo
adiante, um tom acima.

Advogados que tenham um ideal, como de Helen Keller, que era cega,
surda e muda, mas superou todas as suas dificuldades, e mesmo não
ouvindo a própria voz, nem os aplausos, foi aplaudida no mundo
inteiro pela defesa dos direitos de milhões de deficientes.

Ou Florence Notinghale, uma jovem inglesa, rica e bonita, que


renunciou às conversas agradáveis nos chás da tarde para se dedicar ao
cuidado dos soldados feridos nos campos de batalha. Formou as bases
da enfermagem atual, inspirou a cruz vermelha internacional e mesmo
em idade avançada, quando não podia mais sair de casa, era visitada
por chefes de estado e ministros de saúde do mundo todo, que pediam
orientação sobre a forma de construir um hospital.

Ou talvez, como o indiano Mahatma Gandhi, que foi advogado


formado na Inglaterra, ficou rico na advocacia, mas um dia,
discriminado num trem pela cor da pele, quando teve que ceder o
lugar para um branco, resolveu advogar para uma causa muito maior
que era a liberdade de seu país, usando a não resistência.

Ou Abraham Lincoln, 16º presidente dos estados unidos, que antes de


defender a união e o fim da escravidão, foi também um bom
advogado.

Certa vez, por volta do ano de 1860, Lincoln teve um sonho em que
viu sua imagem num espelho refletida duas vezes, uma das quais era
bem nítida, já o outro rosto era esmaecido, apagado. Então sua esposa
interpretou que ele seria presidente por dois mandatos, mas não
terminaria o segundo. Lincoln ficou impressionado com isso. Mas não
tomou nenhuma providência para evitar um atentado. Seus biógrafos
dizem que ia com freqüência ao teatro e descuidava da segurança
pessoal. Parece que Lincoln achava inevitável a consumação do sonho
e nada fez para mudar. Posteriormente, no segundo mandato, teve um
outro sonho: estava na casa branca e desceu as escadas quando
encontrou muitas pessoas chorando, dirigindo-se para o salão leste
deparou-se com um velório. Perguntou para um soldado da guarda
presidencial: “quem morreu?” “o presidente – respondeu o soldado –
foi assassinado”. Alguns dias após Lincoln foi assassinado no teatro.
No primeiro sonho o destino de Lincoln ainda era incerto, apenas um
rascunho do que poderia acontecer, ainda havia tempo de alterar, mas
ele permaneceu inerte, e foi sendo atraído para o destino trágico como
o sapo hipnotizado pela cobra. No segundo sonho, o destino já estava
consumado no mundo mental, já não havia tempo para mudar.

Pode ser que uma parte do nosso destino já esteja pré-determinada


como as características genéticas, altura, cor dos olhos, os pais, o local
do nascimento. Mas cerca de 50% pode ser mudado pelo nosso
esforço, nossas escolhas.

Estou dizendo isso porque fizeram uma pesquisa na Universidade de


Yale. Entrevistaram os recém-formados e 70% não tinham idéia de
como seria o futuro, uns 25% tinham convicção de que as coisas iriam
melhorar e somente 5% tinham claramente definido o que fariam, o
que teriam e o que seriam em 10, 20 e 30 anos. Passados 20 anos,
entrevistaram novamente as mesmas pessoas e concluíram que aqueles
5% que tinham metas claras haviam conquistado um patrimônio
correspondente a 80% de todo o grupo e projeção social muito maior.

Em outra pesquisa, no salto com vara, substituíram a vara por um


sensor eletrônico. Oito recordistas saltaram sem a vara, só com sensor,
e só 2 conseguiram as mesmas marcas que conseguiam com varas.

Portanto, pergunto aos prezados colegas: vocês já tem suas metas para
os próximos 10, 20 ou 30 anos? São metas mensuráveis, com tempo
razoável, atingíveis?
Além de ideal, e metas, é necessário decisão de não retroceder. Conta-
se que Júlio César, quando desembarcou na costa britânica, mandou
queimar todos os seus navios, que haviam transportado o exército.
Seus generais protestaram: “imperador, os navios serão necessários
para uma eventualidade de bater em retirada”. Mas o imperador
colocou-se a si próprio e todo seu exército numa situação que não
havia como voltar atrás. Somente seguir em frente e vencer. Creio que
daí surgiu o ditado inglês: “queime a ponte que você acabou de
atravessar”.
Você já queimou sua ponte ou deixou preparado um caminho de fuga?

Além de ideal, metas e decisão de não retroceder, é necessário


autoconfiança. Ninguém até hoje foi além de sua própria confiança. A
autoconfiança é o limite. Quando o exército retrocedeu desanimado
com o paredão de rocha e gelo que são os Alpes, Napoleão disse: “os
Alpes não existem”. E foi assim que os Alpes foram transpostos. Certa
ocasião, quando seus soldados estavam sendo dizimados por uma
epidemia de cólera, Napoleão entrou num hospital, e contrariando os
médicos do exército, apertou a mão dos soldados um por um, sem
medo de ser contagiado. Ele tinha total convicção de que nem a
doença podia vencê-lo. Depois disso, os soldados foram se
recuperando rapidamente. Foi ele que disse: “no meu dicionário não
existe a palavra impossível”.

Contudo, Napoleão foi derrotado e deportado para a ilha de Santa


Helena. Parece que lá refletiu: “tive botas nos pés, uma espada
cravejada de diamantes na cintura, todas as medalhas no peito, uma
coroa de ouro na cabeça, tive a Europa sob meus pés, mas fui
derrotado. Entretanto, houve um homem que calçou sandálias, vestiu
uma simples túnica, foi humilhado com uma coroa de espinhos e
pregado na cruz, mas disse: ‘eu venci o mundo’. E a humanidade o
venera eternamente.” Assim Napoleão deve ter refletido sobre sua
grandeza, que vinha da autoconfiança no homem-matéria, que acabou
derrotado, e a grandeza de cristo que vinha do homem-espíritual.

A propósito, pode se dizer que certa ocasião Jesus advogou para uma
mulher. Acusada de adultério seria apedrejada até a morte. A sentença
já havia transitada em julgado e estava na fase de execução. A
execução estava em andamento. Os líderes religiosos da época
queriam apanhar Jesus em contradição com a lei da época que previa
aquela pena. Entao disseram a ele, “que dizes tú?” Jesus fica agachado
por um momento e parece rabiscar algo no chão. Provavelmente
naquele momento orava a deus-pai para acalmar a mente da multidão
enfurecida, para que fosse feita a vontade de deus naquele local. Então
ele diz as famosas palavras: “aquele que não tiver nenhum pecado
atire a primeira pedra.” E as pessoas foram se retirando uma a uma até
ficar só a condenada.
Que defesa extraordinária! Sempre há uma saída.

Ouvi recentemente que um advogado brasileiro passava as férias nos


países do oriente médio, quando no seu grupo iniciou um alvoroço,
uma mulher chorava e alguém perguntou se havia um advogado por
ali. O brasileiro se apresentou. E a mulher, chorando, explicou. Ela era
natural de um país do oriente médio e morava no brasil. Seu filho
estava trabalhando para uma construtora brasileira naquele país e fora
acusado injustamente de furto e condenado a decepação de uma mão.
E pediu pelo amor de deus ao advogado que fizesse algo. Ele disse
que não conhecia o direito daquele país. Mas em contato com as
autoridades do judiciário local, através de um intérprete, o advogado
perguntou se cabia recurso. “não”, disseram. Só falta a execução. Ele
se perguntava o que poderia fazer numa terra estranha, haveria algum
paralelo com progressão de regime do Brasil, algum benefício na lei
de execução? Desesperadamente procurava uma saída. Perguntou
como era a execução. Disseram que era em praça pública, e a mãe
acrescentou que muitas vezes o condenado acaba morrendo por
hemorragia ou infecção. Perguntou, então, o advogado, se a
amputação poderia ser num hospital. Consultaram a legislação e
disseram que sim. Poderia ser com anestesia? Verificaram a
jurisprudência e disseram que sim. Fez-se um breve silêncio, o
advogado lembrou-se daquela passagem de cristo, e ocorreu-lhe uma
última pergunta: “a mão decepada poderia ser re-implantada?”
Demoraram com a resposta, consultaram as fatwas – os decretos
islâmicos, e disseram: “os advogados do Brasil são muito bons; nunca
foi feito, mas nosso direito não impede.” Então a mãe e a construtora
providenciaram o transporte de um micro-cirurgião de São Paulo para
o re-implante.
Foi uma defesa emocionante!
Portanto, o novo advogado deve ter espiritualidade elevada, deve ser a
pessoa certa no lugar certo. Aquele que vai resolver o problema que
lhe foi confiado. Intimamente deve dizer para a sociedade: “sou o
advogado que vocês estão procurado, eu resolvo”, “yes, we can” ou
“yes, i can”. Não deve temer. Mesmo que a parte contrária esteja
representada pelo maior jurista brasileiro da especialidade, um
professor de direito de nível internacional, um desembargador
aposentado, um autor renomado, nada disso importa. Estude todas as
fases do processo, todas as possibilidades, tudo o que pode acontecer,
de modo a não se surpreender com nada. Faça produzir a melhor
prova e confie no judiciário, ore para que a justiça seja feita.

Mas, cuidado ao dizer: “se Deus quiser”. Muitos que disseram “se
Deus quiser”, viveram naquele limbo cinzento dos que não conhecem
vitória nem derrota e depois disseram resignados: “Deus quis assim”.
Ora, quem tem que fazer somos nós. Não podemos transferir a
responsabilidade para deus, até porque deus realiza através de nós.
Mesmo que deus queira, se eu não fizer, nem deus pode me ajudar.
Está correto o ditado: “deus se manifesta dentro do esforço.”

Meus amigos, não podemos ficar de braços cruzados apenas criticando


a OAB, os colegas, os juízes, o governo, a justiça.

Há 2600 anos, na Grécia antiga, Platão dizia que as coisas


verdadeiras, como nossas instituições jurídicas por exemplo, são
perfeitas e existem num plano ideal, como ideia eterna que jamais se
apagará, sendo as coisas concretas meras projeções imperfeitas
daquela.

Também o profeta João, no apocalipse, diz que viu descer do céu, de


junto de deus, uma cidade justa, em que não havia dores nem aflições.

Pois, que assim seja, com o pensamento numa justiça perfeita, e os


pés na realidade em que vivemos, com um ouvido voltado para o
clamor do povo e outro para as ordens de um mundo mais elevado,
vamos trabalhar para aperfeiçoar, passo a passo, a advocacia e as
instituições que temos.
E que o judiciário ideal, a justiça perfeita, a advocacia dos sonhos, se
revele aos nossos olhos o mais breve possível.
Para finalizar, há uma lenda na Europa sobre Tristão e Isolda. Segundo
uma das versões desta lenda (com uma pequena adaptação minha),
Tristão e Isolda se apaixonaram perdidamente. Mas ele era plebeu e
ela da nobreza. Não podiam se casar. Isolda foi prometida para outro
nobre com quem se casou. Mas continuou se encontrando com Tristão
pela vida afora. Certa feita, Isolda foi acusada de infidelidade. Teria
que depor sob juramento e não poderia mentir de forma alguma. Sem
saber o que fazer, procurou um advogado (aqui entra a minha
adaptação). Seguindo as orientações deste advogado, Isolda disse para
Tristão comparecer no dia do julgamento e aguardar em frente do
tribunal vestido de mendigo. E assim, quando Isolda chega de
carruagem para o julgamento, para defronte ao tribunal, abre a porta
da carruagem e diz para Tristão: “ei mendigo, você aí, não posso sujar
meus pés, portanto tome uma moeda e leve-me até o tribunal.” Assim
Isolda presta o juramento de dizer somente a verdade. E ao ser
perguntada se cometeu adultério, Isolda diz: “Excelência, jamais
estive nos braços de outro homem que não fosse os do meu marido, e
os deste mendigo que me trouxe até aqui.”

Enfim, meus amigos, o que é fascinante na advocacia é a aplicação


do Direito aliada à perspicácia e a um grande amor.

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