Вы находитесь на странице: 1из 2

Impenhorabilidade dos bens de família

Entre os temas mais freqüentes nos processos executivos figura o benefício da


impenhorabilidade do bem de família, ou seja, do imóvel residencial próprio utilizado
pelo casal ou por entidade familiar.
Tal benefício foi instituído pela Lei n° 8.009/90, onde, em seu artigo 1º, dispôs
que o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não
responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra
natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários
e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Aliás, se a Constituição Federal impõe à propriedade uma função social (artigo
5º, inciso XXIII), não há dificuldade alguma em ver na medida da Lei n° 8.009/90 uma
preocupação voltada para essa mesma função. De fato, quando se nota o Estado
envolvido com enormes dificuldades para conceber e implementar planos habitacionais,
para tentar resolver o gravíssimo problema das famílias que não dispõem de casa
própria, seria até um contra-senso que ficasse indiferente à perda da moradia, por
razões econômicas, daqueles que já haviam resolvido o problema da casa própria.
Entretanto, como o próprio artigo (parte final) declara, esse benefício não é
absoluto, podendo ser afastado em casos previamente estipulados em lei.
O artigo 3º da Lei nº 8.009/90 enumera várias situações em que o imóvel
residencial pode ser objeto de penhora. É possível, por exemplo, pelo credor de pensão
alimentícia; para a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições
devidas em função do imóvel familiar; e por ter sido adquirido (o bem) com produto de
crime ou para execução de sentença penal condenatória e ressarcimento, indenização
ou perdimento de bens.
Com a Lei nº 8.245, de 18.10.1991, uma outra exceção foi acrescida, é o inciso
VII, que dispõe que será penhorável o bem de família em razão de obrigação
decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Nesse ponto em especial, não obstante opinião de diversos juristas e da
jurisprudência majoritária, a norma não foi feliz.
Enquanto o Estado entender que a família é o núcleo da sociedade, a base para
o desenvolvimento social, não pode o legislador criar cada vez mais exceções que
prejudiquem a família.
Como se sabe, além de estar previsto no artigo 5º, inciso XXIII da Constituição
Federal, a moradia também foi incluída como um direito social prevista no artigo 6º
também da Carta Magna.
Assim, a hipótese criada pela lei de locações para a possibilidade de penhora de
bem de família, é inconstitucional, eis que afronta diretamente os direitos individuais e
sociais previstos.
Ademais, não seria demasiado salientar que a hipótese de se ver o fiador perder
seu bem de família é por demais injusta, pois enquanto o devedor e responsável
principal (o locatário) pode alegar o benefício da impenhorabilidade do bem de família,
o fiador, que apenas realizou um contrato de favor, fica a mercê da execução promovida
pelo credor (locador), vendo a cada dia seu patrimônio escoar pelo ralo.
Se fosse analisar a letra fria da lei, poder-se-ia imaginar um locatário vivendo
confortavelmente em seu bem de família, enquanto o fiador e sua família habitam o teto
de um viaduto.
Neste vértice, por ser a nova exceção injusta e contrariar expressamente a
ordem constitucional, o inciso VII do artigo 3º da lei 8.009/90 não deve ser aplicado,
restando apenas, as hipóteses que anteriormente existiam e que refletem o interesse e
a função social da propriedade e do contrato.

Вам также может понравиться