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1. Decreto-Lei nº 4.657/42
A Lei de Introdução ao Código Civil é lei anexa ao Código Civil, contudo autônoma, dele
não fazendo parte. Aplica-se ao conjunto de leis que integra o nosso ordenamento jurídico, não
somente ao Estatuto Civil. Trata-se, em verdade, de um conjunto de normas sobre normas já que
predeterminando suas fontes, bem como indicando-lhes seu campo de eficácia no espaço e no
tempo.
2. Fontes do Direito
• Fontes históricas: Lei das XII Tábuas, o Digesto, as Institutas, o “Corpus Júris Civilis”,
direito e analogia.
Só poderá haver aplicação das fontes secundárias se a fonte principal for omissa.
3. Lei
Provida de sanção: para alguns autores não é a sanção que melhor diferencia a lei de
outras normas de conduta, embora seja uma característica relevante dela, mas sim o
autorizamento. A lei autoriza que o lesado exija o cumprimento dela ou a reparação do dano
provocado.
determinada categoria de indivíduos sem, com isso, perder a referida característica, como p. ex. o
Permanência: as leis nascem para vigorarem até que outra as revogue, assim, em regra,
possuem caráter permanente. Exceção à esta característica encontraremos nas leis temporárias.
Quanto ao alcance:
Gerais: quando se aplicam a todo um sistema de relações jurídicas.
Quanto à duração:
Permanentes: aquelas que não têm prazo certo para vigorar, têm prazo de vigência
Temporárias: são aquelas que têm prazo certo para vigência, subdividindo-se em:
– tácitas: quando não possuem expressamente um prazo certo de vigência, mas versam
sobre fato determinado e excepcional, ou seja, cessando o fato, cessa a vigência da lei.
Quanto à imperatividade:
Cogentes: aquelas que podem ser derrogadas pela vontade das partes.
Dispositivas: não podem ser alteradas nem mesmo pela vontade das partes.
Mais que perfeitas: a lei impõe ao infrator duas sanções, a invalidade do ato e uma pena ao
transgressor, como p. ex. no casamento de pessoa já casada (bigamia), quando então a lei
Menos que perfeita: é a lei que se violada impõe ao infrator uma sanção incompleta, como
p. ex. a viúva que contraí novo matrimônio sem realizar o inventário do consorte falecido,
quando então o segundo casamento será válido, mas a viúva perderá o usufruto dos e bens dos
Imperfeitas: são leis que prescrevem condutas humanas sem impor sanções caso sejam
4. Vigência da Lei
Para alguns autores a lei nasce com a promulgação, outros, no entanto assinalam como
marco inicial do nascimento da lei a sanção presidencial. Embora a lei nasça pela promulgação ou
pela sanção, somente possui força obrigatória, entrando em vigor, coma publicação e o decurso
“A lei, salvo disposição contrária, começa a vigorar em todo país, 45 (quarenta e cinco)
• cognitivo: para que a lei seja levada ao conhecimento do destinatário antes de sua
vigência;
expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento”
(art. 8º). Assim, a LICC contém regra geral destinada a suprir a omissão do prazo de vacatio legis,
ou seja, se a lei não expressamente dispor sobre tal prazo, devemos empregar o disposto no art. 1º
da LICC.
As regras relativas aos prazos gerais de vacatio legis não se aplicam aos decretos e demais
atos administrativos de cunho normativo, os quais, salvo disposição contrária, entram em vigor
na data da publicação.
Pelo princípio da vigência sincrônica (prazo único), a lei passa a viger na mesma data e em
todo o país simultaneamente. Esse critério é diferente do adotado pela anterior LICC, que
estabelecia o critério progressivo, ou seja, determinava prazos diferenciados para a entrada em
vigor da lei em diversas partes do território nacional.
O Cômputo do prazo da vacatio legis é regido pelo art. 8º, § 1º da LC nº 95/98, segundo o
qual “a contagem do prazo para a entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.”
Se antes de entrar em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada à correção de
erros materiais ou falha de ortografia, o prazo de vacatio legis recomeçará a correr da nova
publicação ( ). Entretanto, se a lei já estiver em vigor, a correção de seu texto considerar-se-á
lei nova. Nesta última hipótese, há autores que sustetam que os direitos adquiridos na vigência
emendada devem ser resguardados. Tal tese, no entanto, deve ser acolhida com temperamentos,
pois a aquisição de direitos com base em lei publicada com erros somente se afigura possível se
essas inexatidões não alterarem o conteúdo substancial da norma, pois, do contrário, haveria
inconstitucionalidade formal por inobservância do devido processo legislativo.
Assim, a errata, que são os erros encontrados na lei, podem ser classificados em:
correção;
Outra questão relevante é a que diz respeito de lei parcialmente vetada, cuja parte
sancionada segue é publicação em determinada data, após o que, o veto presidencial é derrubado
pelo Congresso Nacional e a parte sujeita ao veto superado e publicada em data posterior.
Pergunta-se: a publicação da parte anteriormente vetada teria eficácia retroativa?
Trata-se de questão tormentosa, pois se retroagisse estaríamos violando o princípio da
segurança jurídica, contudo, não admitindo-se a retroatividade, teríamos uma lei com dois prazos
de vigência diferentes, evidentemente, que um para cada uma das partes.
5. Revogação da Lei
a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Assim, uma lei é revogada por outra lei.
(b) seja com ela incompatível ou regule inteiramente a matéria tratada pela lei anterior
(revogação tácita).
Ressalte-se, por oportuno, que a lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a
par das já existentes, em regra, não revoga nem modifica a lei anterior, diante da inocorrência de
incompatibilidade entre os dois textos (§ 2º, art. 2º). Contudo, é possível que haja
Assim, para a verificação de revogação das normas, devem-se utilizar três critérios:
de vigência das duas normas (ex.: um regulamento não poderá revogar uma lei ainda
Não se admite a repristinação da lei, ou seja, a restauração da lei já revogada por ter a lei
revogadora perdido a vigência, salvo nos casos expressos em lei (§ 3º, art. 2º).
A lei perde a eficácia: (a) pela revogação; (b) caducidade; (c) suspensão de sua
executoriedade pelo Senado federal no controle difuso de constitucionalidade; e (d) pela
6. Obrigatoriedade da Lei
Pelo princípio da obrigatoriedade da lei, ninguém se escusa de cumpri-la alegando que não
a conhece (art. 3º). Tal princípio fundamenta-se na necessidade de garantir a eficácia global da
ordem jurídica. Contudo, referido princípio não visa eliminar a alegação de ignorância, mas sim
(a) pela subsunção: que ocorre quando o fato ocorrido no mundo real se adapta ao conceito
(b) pela integração: quando não for possível a subsunção, por não ter norma abstrata
A LICC prevê as seguintes formas de integração, observando-se que o emprego delas deve
obedecer rigorosamente à ordem estabelecida pelo art. 4º da LICC, ou seja, inicialmente deve o
interprete empregar a analogia, somente quando não for possível é que deverá socorre-se dos
costumes. Não conseguindo suprir a lacuna pelos costumes, deverá, por fim, empregar os
7.1. Analogia
Consiste na aplicação de uma solução prevista pelo legislador para um caso específico a
outra hipótese diversa, mas com alguma semelhança, para a qual não exista disciplina legal
específica.
(b) relação de semelhança entre o caso concreto não previsto em lei, com a situação
Analogia legis: aplicação de uma norma existente destinada a reger caso semelhante ao
previsto abstratamente.
Analogia juris: quando fundamenta-se num conjunto de normas para extrair elementos que
possibilitem sua aplicação ao caso concreto não previsto em lei mais semelhante.
7.2. Costumes
Podemos definir costume como a regra aceita como obrigatória pela consciência popular
acreditando que o ato é obrigatório e, em relação ao hábito, pratica-se sabendo que o ato não é
obrigatório.
• praeter legem: amplia o conceito da lei, está além da lei. São condutas paralelas que,
• secundum legem: o próprio texto da lei delega o costume para a resolução do conflito.
São regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas. Tal
como o princípio de que ninguém pode valer-se da própria torpeza; o que a boa-fé se presume; o
Interpretação pela livre pesquisa do direito: quando então o juiz deve ter função criadora
na aplicação da norma, que deve ser interpretada em função das concepções jurídicas, morais e
Métodos de hermenêutica:
Quanto à origem: autêntica ou legislativa (promovida pelo mesmo órgão que elaborou a
fundamentada nas regras de linguística), lógica (busca precisar o conteúdo da norma, por meio
Quanto aos resultados: declarativa (quando se conclui que a norma deveria dizer
exatamente o que se contém em seu texto), restritiva (a norma disse mais do que deveria,
assim, o interprete reduz o seu alcance) e extensiva (a norma diz menos do que queri, desta
Embora a retroatividade das leis seja amplamente criticada, essa é uma questão bastante
discricionária que envolve uma tomada de decisões de natureza política. Assim, há hipóteses em
A LICC adota a teoria de GABBA de completo respeito ao ato jurídico perfeito, à coisa
julgada e ao direito adquirido. Assim, podemos ter leis retroativas, desde que não afetem a coisa
A Teoria de GABBA trouxe a noção do direito adquirido do Direito Romano para o Direito
Moderno, a fim de que se pudesse solucionar os conflitos de lei. Por essa teoria, a norma jurídica
Dentro do conceito de direito adquirido, temos dois que são espécies do gênero, quais
sejam:
É aquele ato que tem aptidão para produzir efeitos. Alguns doutrinadores entendem que o
ato jurídico não se difere do negócio jurídico; no entanto, outros entendem que a diferença está nos
efeitos de um e de outro, tendo em vista que no ato jurídico os efeitos ocorrem independentemente
da vontade das partes (ex.: pátrio poder), enquanto no negócio jurídico os efeitos são perseguidos
Coisa julgada:
É a imutabilidade dos efeitos da sentença. Somente o pedido fará coisa julgada, não
podendo haver coisa julgada da causa de pedir. A coisa julgada é soberana, ou seja, não pode ser
alterada por ação rescisória (após o período de 2 anos de trânsito em julgado, a questão ficará
inquestionável).
Máxima: quando atinge o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Média: faz com que a lei nova alcance os fatos pendentes, os direitos já existentes mas
ainda não integrados no patrimônio do titular.
Assim, no silêncio do texto legal, a lei somente poderá ter retroatividade mínima, porém,
apenas as leis brasileiras, visando a proteção da soberania nacional. Contudo, em certas situações,
extraterritorialidade).
Capítulo 2
Pessoa Natural
1. Personalidade e Capacidade
Pessoa natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. Para ser
uma pessoa, basta existir, basta nascer com vida, adquirindo personalidade.
Personalidade é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.
De boa técnica o preceito analisado, pois que, o Código Civil de 1916 empregava a
expressa “todo homem”, o que evidentemente excluía as pessoas jurídicas, por esta razão a
O dispositivo legal em análise entrosa três conceitos, quais sejam: pessoa, personalidade e
capacidade. Como vimos, pessoa é sujeito de direitos e deveres na órbita civil e a personalidade é
a aptidão genérica para figurar em uma relação jurídica. Quanto a capacidade, esta é a medida da
personalidade.
Embora todo ser humano seja pessoa, isto é, tenha personalidade, é certo que a lei,
somente lhe permite a prática, por si só, de atos da vida civil presentes outras características e
elementos. Assim, em tese, todo homem tem direitos e deveres na esfera civil, mas nem sempre
pode pleitear, bem como exercer esses direitos por si só. Desta forma divide-se a capacidade em :
Vamos exemplificar:
Embora uma criança seja pessoa, o que equivale dizer que tem personalidade e por
conseqüência capacidade de direito, assim pode figurar em um dos pólos de uma relação, não
possui capacidade de fato (de exercício), então não pode figurar sozinha nesta relação jurídica,
não pode praticar, por si só, atos da vida civil. O ordenamento jurídico reconhecendo a
imaturidade da criança, permite que atue na órbita civil mas com limitações, pois não lhe
atribui a capacidade de fato.
As pessoas que possuem os dois tipos de capacidade têm a chamada capacidade plena, e
aqueles que não possuem a capacidade de fato são chamados incapazes, tendo a chamada
capacidade limitada.
Não se pode confundir incapacidade com falta de legitimação. O incapaz não pode
praticar sozinho nenhum ato da vida jurídica. A falta de legitimação impede apenas a prática de
2. Incapacidade
Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Pelo nosso ordenamento
O incapaz é proibido de praticar sozinho qualquer ato da vida civil, sob pena de ser
• absoluta: acarreta a proibição total da prática dos atos da vida civil, sob pena de
• relativa: permite a prática dos atos civis, desde que o incapaz seja assistido por seu
representante, sob pena de anulabilidade (art. 147 do CC), e é suprida pela assistência.
aqueles que por deficiência mental ou qualquer outra enfermidade não tenham o necessário
discernimento para a prática de atos da vida civil. A expressão deficiência mental abrange todos os
casos de graves alterações das faculdades psíquicas, as demais patologias, que tenham como
“enfermidade”. Assim, tanto as patologias psíquicas, quanto as demais, desde retirem o total
discernimento de seu portador são causas geradoras da incapacidade absoluta. Contudo, caso
incapacidade relativa, conforme pode-se depreender da leitura do artigo 4º do Código Civil. Além
autos da vida civil. O novo CC afastou a expressão “loucos de todo gênero”, devido à abrangência
é a ausência de conceito científico da mesma. O novo CC usa expressão mais genérica, mas
estabelece gradação para a debilidade mental, o que é mais justo, pois há casos de deficiência que
podem autorizar capacidade limitada, uma vez que seu portador possui capacidade de
discernimento, embora reduzida. A senilidade, por si só, não é motivo de incapacidade. A inclusão
dos que não tem o necessário discernimento no rol dos incapazes depende, necessariamente, de um
processo de interdição. Tais incapazes devem, assim, ser interditados. Para garantir que não hajam
interdições de pessoas capazes, o interditando deverá ser citado no processo para que exerça sua
defesa. Havendo sentença de interdição, esta deverá ser publicada, pelo menos, três vezes no jornal
local. Para se decretar a interdição, é fundamental o exame médico que comprove a doença mental,
a ausência de perícia induz à nulidade do processo. O Juiz deverá, ainda, fazer um exame pessoal
do interditando, na forma de interrogatório com perguntas básicas, como: que dia é hoje? Qual o
nome de seu pai? Qual é o seu endereço? etc. Em regra, somente os atos praticados após a
decretação da interdição é que se tornam nulos. Por isso, parte razoável da doutrina sustenta que a
constitutiva em seus efeitos. Os atos praticados antes disso, entretanto, podem ser invalidados por
meio de ação própria, mediante prova absoluta de que, ao tempo de sua prática, o contratante já era
incapaz e que a outra parte conhecia tal fato. O STJ já decidiu que “os atos praticados pelo
interditando anteriores a interdição podem ser anulados, desde que provada a existência da
animália psíquica – causa da incapacidade – já no momento em que se praticou o ato que se quer
os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Nesta
hipótese a interdição se mostra inviável, já que somente se interdita pessoa por causa duradoura. A
expressão não abrange aqueles acometidos de doenças permanentes e duradouras referidas no item
anterior, mas sim, aquelas que não puderem exprimir sua vontade por causas transitórias. Desta
reconhecimento da nulidade dos atos praticados. Podemos citar como exemplo de causa transitória
certo discernimento para os atos da vida civil, razão pela qual, leva-se em consideração a sua
manifestação de vontade, embora deva estar assistido por seus representantes legais. Existem
algumas exceções em que os maiores de 16 e menores de 18 anos podem praticar atos sozinhos,
sem a assistência de seus representantes legais, tais como fazer um testamento (art. 288, I), aceitar
mandato (art. 666), celebrar contrato de trabalho com 18 anos, ser eleitor etc.
assim, pessoa capaz. Para a emancipação, os silvícolas devem comprovar que já completaram 21
anos de idade, que já conhecem a língua portuguesa e que já estão adaptados à civilização,
O Estatuto do Índio (Lei n. 6.001/73) dispõe que todo ato praticado por silvícola, sem a
assistência da FUNAI, é nulo. O próprio Estatuto, no entanto, dispõe que o Juiz poderá considerar
válido o ato se constatar que o silvícola tinha plena consciência do que estava fazendo e que o ato
A sudo-mudez deixou, pelo atual CC, de ser causa autônoma de incapacidade, podendo os
surdos-mudos, contudo, em face das expressões genéricas empregadas pelo atual Estatuto Civil,
A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que
assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade (art. 171, I). Assim, no instituto da
materializa-se por meio da representação e da assistência, como vimos no item anterior. Mas há
o mútuo feito a menor não pode ser reavido (art. 588), salvo nos casos do art. 589;
pode o menor ou interdito recobrar dívida de jogo, que voluntariamente pagou (art.
814);
ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não
etc.
Em todos os Capítulos do CC existe a proteção aos incapazes. O art. 8.º do CC, no entanto,
declarou expressamente que no sistema brasileiro de proteção, que o Código dedica aos incapazes,
180).
Cessa a incapacidade quando desaparece a sua causa ou quando ocorre a emancipação (ex.:
incapacidade).
A emancipação pode ser de três espécies (art. 5.º do CC): voluntária, judicial e legal.
levada à registro. Depois de devidamente registrada, a emancipação não poderá ser revogada, visto
que é irretratável.
Hoje a jurisprudência é tranqüila no sentido de que os pais que emancipam os filhos por
Emancipação judicial: é aquela decretada pelo Juiz. O menor sob tutela só poderá ser
emancipado por ordem judicial, tendo em vista que o tutor não pode emancipar o tutelado. A
estabelecimento do menor com economia própria, recebimento do diploma de curso superior etc.).
disposto no art. 4.º do CC, a personalidade civil começa a existir com o nascimento com vida, mas
estão condicionados ao nascimento com vida, ou seja, se nascer morto, os direitos eventuais que
O nascituro é titular de direitos eventuais não deferidos, ou seja, são direitos que podem
acontecer, mas que só serão deferidos a ele a partir do nascimento com vida. O nascituro é um ser
em expectativa, tendo em vista ainda não ter personalidade. Sendo um titular de direitos eventuais,
aplica-se ao nascituro o previsto no art. 121 do CC, que permite ir a juízo a fim de que se tomem
De acordo com o art. 53 da Lei n. 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos), os natimortos
deverão ser registrados. Se a criança nascer e respirar durante alguns segundos antes de morrer, ela
por exemplo, em casos de herança, visto que, se a criança adquiriu personalidade, ela estará na
qualidade de herdeiro.
A docimasia hidrostática de Galeno consiste numa experiência utilizada para verificar se a
recipiente com água. Se o pulmão flutuasse, constatava-se que nele havia entrado ar, ou seja, a
De acordo com o disposto no art. 10 do CC, termina a existência da pessoa natural com a
morte (morte real), presumindo-se esta quanto aos ausentes nos casos dos arts. 481 e 482 do CC.
A morte simultânea é a morte de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. Essas pessoas são
chamadas de comorientes. Se não houver meios de saber qual das pessoas morreu, primeiro aplica-
se o disposto no art. 11 do CC, ou seja, a presunção de que morreram todas simultaneamente. Essa
Ocorre a morte civil quando uma pessoa, embora viva, é tratada como morta, perdendo os
seus direitos civis. No Direito Brasileiro está prevista no art. 1.599 do CC, só tendo efeitos em
relação à herança.
• nome;
• estado;
• domicílio.
1.6.1. Nome
• aspecto individual: diz respeito ao direito que todas as pessoas têm ao nome;
• aspecto público: é o interesse que o Estado tem de que as pessoas possam se distinguir
umas das outras, por isso regulamentou a adoção de um nome por meio da Lei n.
• prenome;
• patronímico;
• agnome.
a) Prenome
Pode ser simples ou composto e é escolhido pelos pais. A regra é de que o prenome é imutável
(art. 58 da Lei n. 6.015/73). Existem, no entanto, algumas exceções a essa regra. São elas:
• em caso de evidente erro gráfico: quando o escrivão escreveu o nome errado e necessita
de uma correção (ex.: o nome deveria ser escrito com Ç e foi escrito com SS). A
mudança pode ser feita por requerimento simples ao próprio Cartório e será
• prenomes que exponham o seu portador ao ridículo: hoje é mais difícil alguém registrar
o filho com prenome que o exponha ao ridículo, visto que, com a Lei n. 6.015/73, o
escrivão tem o dever de não registrar tais prenomes. Os pais poderão requerer
autorização ao Juiz no caso de o escrivão não registrar o nome escolhido. Caso haja
necessidade da mudança do prenome por este motivo, deve-se entrar com ação de
folha de antecedentes.
• art. 58 da Lei de Registros Públicos: foi dada nova redação ao citado artigo que dispôs
sobre a mudança do prenome para o apelido popular (ex.: Pelé, Xuxa etc.);
permanecerem no anonimato;
• também é possível a mudança para o prenome de uso, ou seja, aquele nome que todos
b) Patronímico
É o que designa a origem familiar da pessoa. Não é escolhido pelos pais, visto que a pessoa
• com o casamento, visto que tanto a mulher quanto o homem poderão utilizar o
não quiser, não será obrigada a utilizar-se do patronímico do marido, como era
antigamente;
• a dissolução do casamento poderá mudar o patronímico, ou seja, a mulher que utilizou
seu nome de solteira. A Lei dos Registros Públicos dispôs que a companheira também
De acordo com o art. 56 da Lei de Registros Públicos, qualquer pessoa poderá, no primeiro
ano após completar a maioridade, fazer mudanças no seu nome completo, desde que não
modifique seu patronímico. Combinando-se, no entanto, esse artigo com o art. 58 da mesma lei
(prenome imutável), admite-se somente a inclusão de patronímico dos pais que não foram
acrescentados, para se fugir dos homônimos. Se transcorrer o período disposto no art. 56, poderá,
ainda, fazer a mudança pelos mesmos motivos (art. 57). A diferença é que no art. 56 a mudança
será administrativa e no caso do art. 57 deve ser o pedido motivado e mediante ação judicial.
c) Agnome
1.6.2. Estado
• aspecto individual: diz respeito ao modo de ser das pessoas, são as características
• aspecto familiar: diz respeito à posição que ocupam na família (ex.: casado, solteiro
etc.);
• imprescritividade: o simples decurso do tempo não faz com que as pessoas percam o
estado.
1.6.3. Domicílio
É a sede jurídica da pessoa, é o local onde ela é encontrada. De acordo com o art. 31 do CC
É possível que a pessoa tenha mais de um domicílio. O art. 32 do CC dispõe que a pessoa
Existe a possibilidade de a pessoa ter domicílio, mas não ter residência. São os casos
daquelas pessoas que viajam muito a trabalho, vivendo em hotéis. Antigamente eram chamados de
“caixeiros viajantes”. O art. 33 do CC dispõe que as pessoas que não tiverem residência fixa terão
• necessário: é aquele determinado pela lei (ex.: os incapazes têm por domicílio o mesmo
funções etc.). A mulher não tem mais domicílio necessário, visto a isonomia prevista na
CF/88.
- comum: é aquele escolhido pela pessoa e poderá ser mudado por ela. A conduta da
pessoa vai mostrar se ela teve ou não intenção de mudar o seu domicílio;
Capítulo 3
Pessoa Jurídica
1. Conceito
Pessoa jurídica pode ser conceituada como o conjunto de pessoas (sociedades e
associações) ou o patrimônio afetado a um determinado fim (fundação), que pode ser titular de
direito e obrigação, tendo um patrimônio distinto do de seus membros. É, desta forma, o grupo
humano criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria, com atuação
autônoma e funcional, para a realização dos fins comuns.
2. Classificação:
Pessoas jurídicas de direito público interno: segundo o artigo 41 do CC, são a União,
Estado, DF e Territórios, Municípios, Autarquias (entidades autônomas, com estrutura
administrativa própria e autonomia financeira, criadas por para exercerem atividades típicas
da administração pública) e demais entidades públicas criadas por lei. Tais pessoas, no que
couber, regem-se, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Pessoas jurídicas de direito público externo: Artigo 42 do CC: Estados Estrangeiros e
todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, como ONU, OEA, etc.
Responsabilidade Civil das Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: Artigo 43
do CC – A responsabilidade civil do Estado pelos atos de seus agentes é objetiva, ou seja,
independe da existência de culpa. Adotou-se para tais entes a teoria do risco administrativo,
segundo a qual o Estado responde pelo fato do serviço, independentemente de culpa, isto é,
basta ao lesado provar a relação de causa e efeito entre o fato do serviço e a lesão. Configurado
o nexo de causalidade entre a atividade do Estado e o dano sofrido, incide o dever de indenizar,
independe de culpa. No entanto, tal teoria admite a exclusão da responsabilidade do Estado se
demonstrado a culpa exclusiva da vítima ou caso fortuito e força maior. Tal matéria também é
regulada pelo artigo 37, § 6º da CF, que, aliás, é mais abrangente, pois, além das pessoas
jurídicas, estende a responsabilidade objetiva para as de direito privado que prestam serviço
público. Todavia, o Estado, em direito de regresso, poderá voltar-se contra o seu servidor, mas,
neste caso, deve demonstrar dolo ou culpa do mesmo. Resumindo, embora a responsabilidade
do Estado com terceiros (administrados) seja objetiva, a responsabilidade do funcionário
público responsável pelo dano para com o Estado é subjetiva.
Pessoas jurídicas de direito privado: Artigo 44 do CC – associações, sociedades,
fundações, organizações religiosas e partidos políticos (partidos políticos e organizações
religiosas foram acrescentados pela lei 10.825/2003). No que tange às organizações religiosas,
o próprio artigo diz que são livres a criação, estruturação interna e o funcionamento das
organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro
de seus atos constitutivos.
As associações estão regulamentadas nos artigos 53 a 61 do CC, as sociedades
na parte especial do novo CC e as fundações nos artigo 62 a 69 do mesmo diploma, as quais,
com exceção das sociedades, serão analisadas adiante.
3. Natureza Jurídica da Pessoa Jurídica:
Teorias:
É polêmica a conceituação da natureza da pessoa jurídica.
Teorias negativistas: Negam a existência da pessoa jurídica. Para estes, a pessoa
jurídica era um mero patrimônio destinado a um fim, sem conferir-lhe personalidade jurídica
ou era vista como uma mera forma de condomínio ou propriedade coletiva. Outros
sustentavam que esta associação formada por um grupo de indivíduos não possuía
personalidade jurídica própria, pois os próprios associados seriam considerados em conjunto.
Tratava-se da teoria da aparência. Para Ihering os verdadeiros sujeitos de direito eram os
indivíduos.
Teorias afirmativas:
Estes reconheciam personalidade própria à pessoa jurídica.
-Teoria da ficção (não reconhecia existência real à pessoa jurídica, imaginando-a
como abstração ou mera criação da lei).
-Teoria da realidade objetiva (para essa teoria, a pessoa jurídica não seria mera
criação da lei ou abstração. Teria existência própria, real, social, como os indivíduos).
-Teoria da realidade técnica (vertente mais moderada. Para essa, a pessoa
jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade ser conferida pelo direito).
A teoria da realidade técnica é a que melhor explica o tratamento dispensado à
pessoa jurídica pelo nosso direito positivo, conforme se observa pelo texto dos artigos 18 do
CC/16 e 45 do novo Código Civil.
Nota-se que a personificação da pessoa jurídica é, de fato, construção da técnica
jurídica.
Segundo o artigo 47, obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos
limites de seus poderes. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se
tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo disser o contrário.
O novo Código, em seu artigo 52, determina a aplicação da disciplina dos
direitos de personalidade à pessoa jurídica, NO QUE COUBER. Como a tutela da dignidade
constitucional somente protege as pessoas humanas, o âmbito de proteção das pessoas jurídicas
é bem mais restrito. Por exemplo, é tutelado o direito à imagem da pessoa jurídica, mas com
um sentido diferente da tutela da imagem da pessoa humana, pois, segundo Tepedino: “para a
pessoa jurídica com fins lucrativos, a preocupação resume-se aos aspectos pecuniários
derivados de um eventual ataque à sua atuação no mercado. O ataque que na pessoa humana
atinge a sua dignidade, ferindo-a psicológica e moralmente, no caso da pessoa jurídica
repercute em sua capacidade de produzir riqueza, no âmbito da iniciativa econômica por ela
legitimamente desenvolvida”. O direito ao nome, tendo em conta que ela tem o direito de
impedir a usurpação de clientela e a concorrência parasitária, também está no âmbito de seus
direitos de personalidade.
6. Associações
Artigo 55 “Os associados deve ter iguais direitos, mas o estatuto poderá
instituir categorias com vantagens especiais” – isonomia entre os associados, que devem ter
os mesmos direitos. No entanto, a lei ressalva a possibilidade de instituição de associados com
vantagens especiais, como por exemplo, fundadores, remidos, honorários, etc...
Em relação a este ponto, cabe uma ressalva: O artigo 59 do CC, também foi
alterado pela lei n.º 11.127/2005 - matérias de competência privativa da Assembléia Geral:
destituir administradores e alterar o estatuto. Tais matérias são de apreciação exclusiva da
assembléia. Para deliberações sobre estes assuntos, a Assembléia deve ser especialmente
convocada para este fim e o quorum será o estabelecido no Estatuto, conforme § único:
Segundo o parágrafo único do artigo 59: “Para as deliberações a que se
referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente
convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios
de eleição dos administradores”.
7. Fundações