Вы находитесь на странице: 1из 34

Capítulo 1

Lei de Introdução ao Código Civil

1. Decreto-Lei nº 4.657/42

A Lei de Introdução ao Código Civil é lei anexa ao Código Civil, contudo autônoma, dele

não fazendo parte. Aplica-se ao conjunto de leis que integra o nosso ordenamento jurídico, não

somente ao Estatuto Civil. Trata-se, em verdade, de um conjunto de normas sobre normas já que

disciplina as próprias normas jurídicas, assinalando-lhes a maneira de aplicação e interpretação,

predeterminando suas fontes, bem como indicando-lhes seu campo de eficácia no espaço e no

tempo.

Podemos apontar como funções da Lei de Introdução ao Código Civil:

(a) regular a vigência e eficácia das normas jurídicas;

(b) fornecer critérios de interpretação;

(c) estabelecer mecanismos de integração das normas, quando houver lacunas;


garantir a eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei como escusa ao seu
cumprimento; e

(d) garantir a certeza, segurança e estabilidade do ordenamento jurídico, preservando as

situações consolidadas em que o interesse individual prevalece.

2. Fontes do Direito

• Fontes históricas: Lei das XII Tábuas, o Digesto, as Institutas, o “Corpus Júris Civilis”,

as Ordenações do Reino etc.

• Fontes formais, que se subdividem em:


 imediatas (primárias): lei e costumes.

 mediatas (secundárias): jurisprudência, doutrina, princípios gerais do

direito e analogia.

Só poderá haver aplicação das fontes secundárias se a fonte principal for omissa.

3. Lei

É o preceito jurídico escrito provido de sanção, emanado de autoridade competente e

dotado de caráter geral, abstrato, obrigatório e permanente.

3.1. Características das Leis

Provida de sanção: para alguns autores não é a sanção que melhor diferencia a lei de

outras normas de conduta, embora seja uma característica relevante dela, mas sim o

autorizamento. A lei autoriza que o lesado exija o cumprimento dela ou a reparação do dano

provocado.

Generalidade: a lei dirige-se a todos indistintamente, todavia, poderá dirigir-se apenas a

determinada categoria de indivíduos sem, com isso, perder a referida característica, como p. ex. o

Estatuto do Funcionário Público.

Imperatividade: a lei é impõe um dever a todos.

Abstração: a lei regula uma situação jurídica abstrata.

Permanência: as leis nascem para vigorarem até que outra as revogue, assim, em regra,

possuem caráter permanente. Exceção à esta característica encontraremos nas leis temporárias.

3.2.Classificação das Leis

 Quanto ao alcance:
Gerais: quando se aplicam a todo um sistema de relações jurídicas.

Especiais: quando se afastam das regras de direito comum e se destinam a situações

jurídicas específicas ou determinadas relações, como as de locação e as de consumo.

 Quanto à duração:

Permanentes: aquelas que não têm prazo certo para vigorar, têm prazo de vigência

indeterminado (art. 2.º, LICC);

Temporárias: são aquelas que têm prazo certo para vigência, subdividindo-se em:

– expressas: quando elas mesmas determinam o seu prazo de vigência;

– tácitas: quando não possuem expressamente um prazo certo de vigência, mas versam

sobre fato determinado e excepcional, ou seja, cessando o fato, cessa a vigência da lei.

 Quanto à imperatividade:

Cogentes: aquelas que podem ser derrogadas pela vontade das partes.

Dispositivas: não podem ser alteradas nem mesmo pela vontade das partes.

 Quanto à sanção ou ao autorizamento:

Perfeitas: são aquelas leis cuja infringência importa em sanção de nulidade ou

anulabilidade do ato, como p. ex. o negócio jurídico pratica pelo incapaz.

Mais que perfeitas: a lei impõe ao infrator duas sanções, a invalidade do ato e uma pena ao

transgressor, como p. ex. no casamento de pessoa já casada (bigamia), quando então a lei

estabelece a nulidade do segundo casamento, bem como a punição penal ao infrator.

Menos que perfeita: é a lei que se violada impõe ao infrator uma sanção incompleta, como

p. ex. a viúva que contraí novo matrimônio sem realizar o inventário do consorte falecido,
quando então o segundo casamento será válido, mas a viúva perderá o usufruto dos e bens dos

filhos, ale do regime matrimonial ser obrigatoriamente o da separação de bens.

Imperfeitas: são leis que prescrevem condutas humanas sem impor sanções caso sejam

violadas, como p. ex. a obrigação decorrente de dívida de jogo e de dívida prescrita.

 Quanto à origem legislativa:

Federais, Estaduais, Municipais e Distritais.

4. Vigência da Lei

Para alguns autores a lei nasce com a promulgação, outros, no entanto assinalam como

marco inicial do nascimento da lei a sanção presidencial. Embora a lei nasça pela promulgação ou

pela sanção, somente possui força obrigatória, entrando em vigor, coma publicação e o decurso

da vacatio legis. Neste sentido prescreve a LICC:

“A lei, salvo disposição contrária, começa a vigorar em todo país, 45 (quarenta e cinco)

dias depois de oficialmente publicada.” (art. 1º).

“ Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia

três meses depois de oficialmente publicada” (§ 1º, do art. 1º).

A vacatio legis é exatamente o período compreendido entre a publicação da lei e sua

entrada em vigor. É necessária por dois motivos:

• cognitivo: para que a lei seja levada ao conhecimento do destinatário antes de sua

vigência;

• instrumental: para preparação das condições materiais.


A Lei Complementar nº 95/98 estabelece que “a vigência da lei será indicada de forma

expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento”

(art. 8º). Assim, a LICC contém regra geral destinada a suprir a omissão do prazo de vacatio legis,

ou seja, se a lei não expressamente dispor sobre tal prazo, devemos empregar o disposto no art. 1º

da LICC.

As regras relativas aos prazos gerais de vacatio legis não se aplicam aos decretos e demais

atos administrativos de cunho normativo, os quais, salvo disposição contrária, entram em vigor

na data da publicação.

Pelo princípio da vigência sincrônica (prazo único), a lei passa a viger na mesma data e em
todo o país simultaneamente. Esse critério é diferente do adotado pela anterior LICC, que
estabelecia o critério progressivo, ou seja, determinava prazos diferenciados para a entrada em
vigor da lei em diversas partes do território nacional.

O Cômputo do prazo da vacatio legis é regido pelo art. 8º, § 1º da LC nº 95/98, segundo o
qual “a contagem do prazo para a entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.”

Se antes de entrar em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada à correção de
erros materiais ou falha de ortografia, o prazo de vacatio legis recomeçará a correr da nova
publicação ( ). Entretanto, se a lei já estiver em vigor, a correção de seu texto considerar-se-á
lei nova. Nesta última hipótese, há autores que sustetam que os direitos adquiridos na vigência
emendada devem ser resguardados. Tal tese, no entanto, deve ser acolhida com temperamentos,
pois a aquisição de direitos com base em lei publicada com erros somente se afigura possível se
essas inexatidões não alterarem o conteúdo substancial da norma, pois, do contrário, haveria
inconstitucionalidade formal por inobservância do devido processo legislativo.

Assim, a errata, que são os erros encontrados na lei, podem ser classificados em:

• irrelevantes: não influem na interpretação da norma, não havendo necessidade de

correção;

• substancial: que implica erro de interpretação e poderá ocorrer em três momentos:

_ antes da publicação: a norma poderá ser corrigida sem maiores problemas;


_ no período de “vacatio legis”: a norma poderá ser corrigida, no entanto deverá

contar novo período de vacatio legis;

_ corrigida mediante nova lei de igual conteúdo.

Outra questão relevante é a que diz respeito de lei parcialmente vetada, cuja parte
sancionada segue é publicação em determinada data, após o que, o veto presidencial é derrubado
pelo Congresso Nacional e a parte sujeita ao veto superado e publicada em data posterior.
Pergunta-se: a publicação da parte anteriormente vetada teria eficácia retroativa?
Trata-se de questão tormentosa, pois se retroagisse estaríamos violando o princípio da
segurança jurídica, contudo, não admitindo-se a retroatividade, teríamos uma lei com dois prazos
de vigência diferentes, evidentemente, que um para cada uma das partes.

5. Revogação da Lei

Pelo princípio da permanência (da continuidade), não se destinando à vigência temporária,

a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Assim, uma lei é revogada por outra lei.

A lei posterior revoga a anterior quando:

(a) expressamente o declare (revogação expressa); ou

(b) seja com ela incompatível ou regule inteiramente a matéria tratada pela lei anterior

(revogação tácita).

A revogação da lei pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).

Ressalte-se, por oportuno, que a lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a

par das já existentes, em regra, não revoga nem modifica a lei anterior, diante da inocorrência de

incompatibilidade entre os dois textos (§ 2º, art. 2º). Contudo, é possível que haja

incompatibilidade, caso em que poderá ocorrer a revogação da lei anterior.

Assim, para a verificação de revogação das normas, devem-se utilizar três critérios:

• hierárquico: deve-se verificar qual das normas é superior, independentemente da data

de vigência das duas normas (ex.: um regulamento não poderá revogar uma lei ainda

que entre em vigor após a mesma);


• cronológico: a norma que entrar em vigor posteriormente irá revogar a norma que

estava em vigor anteriormente;

• especialidade: as normas gerais não podem revogar ou derrogar preceito ou regra

disposta e instituída em norma especial.

Não se admite a repristinação da lei, ou seja, a restauração da lei já revogada por ter a lei

revogadora perdido a vigência, salvo nos casos expressos em lei (§ 3º, art. 2º).

A lei perde a eficácia: (a) pela revogação; (b) caducidade; (c) suspensão de sua
executoriedade pelo Senado federal no controle difuso de constitucionalidade; e (d) pela

declaração de nulidade no controle abstrato de constitucionalidade.

6. Obrigatoriedade da Lei

Pelo princípio da obrigatoriedade da lei, ninguém se escusa de cumpri-la alegando que não

a conhece (art. 3º). Tal princípio fundamenta-se na necessidade de garantir a eficácia global da

ordem jurídica. Contudo, referido princípio não visa eliminar a alegação de ignorância, mas sim

somente neutraliza-la, já que o ordenamento jurídico admite a invocação do erro de direito em

certas e determinadas hipóteses, como para justificar a boa-fé.

7. Aplicação e Integração das Normas Jurídicas

A aplicação das normas jurídicas pode se dar de duas formas:

(a) pela subsunção: que ocorre quando o fato ocorrido no mundo real se adapta ao conceito

abstrato contido na norma.

(b) pela integração: quando não for possível a subsunção, por não ter norma abstrata

aplicável ao caso concreto.

Nesta esteira dispõe a LICC:


“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e

os princípios gerais do direito.” (art. 4º).

A integração consiste no mecanismo de preenchimento de lacunas da lei.

A LICC prevê as seguintes formas de integração, observando-se que o emprego delas deve

obedecer rigorosamente à ordem estabelecida pelo art. 4º da LICC, ou seja, inicialmente deve o

interprete empregar a analogia, somente quando não for possível é que deverá socorre-se dos

costumes. Não conseguindo suprir a lacuna pelos costumes, deverá, por fim, empregar os

princípios gerais do direito.

7.1. Analogia

Consiste na aplicação de uma solução prevista pelo legislador para um caso específico a

outra hipótese diversa, mas com alguma semelhança, para a qual não exista disciplina legal

específica.

São requisitos para o emprego da analogia:

(a) inexistência de previsão legal que regule o caso concreto; e

(b) relação de semelhança entre o caso concreto não previsto em lei, com a situação

abstrata por ele regida.

São espécies de analogia:

Analogia legis: aplicação de uma norma existente destinada a reger caso semelhante ao

previsto abstratamente.

Analogia juris: quando fundamenta-se num conjunto de normas para extrair elementos que

possibilitem sua aplicação ao caso concreto não previsto em lei mais semelhante.

7.2. Costumes
Podemos definir costume como a regra aceita como obrigatória pela consciência popular

sem que o Poder Público a tenha estabelecido.

O costume possui dois elemntos:

• subjetivo (opinio necessitatis): crença que se tem de que é obrigatório;

• objetivo (diuturnidade): constância da realização do ato.

Difere o costume do hábito tendo em vista que, em relação ao costume, pratica-se

acreditando que o ato é obrigatório e, em relação ao hábito, pratica-se sabendo que o ato não é

obrigatório.

Os costumes classificam-se em:

• contra legem: o costume não é recepcionado pelo sistema jurídico. É a desobediência

reiterada do comando legal com a crença da ineficácia da lei;

• praeter legem: amplia o conceito da lei, está além da lei. São condutas paralelas que,

por costume, são incorporadas ao sistema (ex.: o uso do cheque pré-datado);

• secundum legem: o próprio texto da lei delega o costume para a resolução do conflito.

7.3. Princípios Gerais do Direito

São regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas. Tal

como o princípio de que ninguém pode valer-se da própria torpeza; o que a boa-fé se presume; o

que prescreve que ninguém pode lesar a outrem etc.

8. Interpretação das Normas Jurídicas

Interpretar é revelar o verdadeiro alcance e o real significado da norma jurídica.


 Sistema de interpretação:

Interpretação subjetiva: busca desvendar a vontade do legislador.

Interpretação objetiva: busca revelar a vontade da lei.

Interpretação pela livre pesquisa do direito: quando então o juiz deve ter função criadora

na aplicação da norma, que deve ser interpretada em função das concepções jurídicas, morais e

sociais vigentes em cada época.

 Métodos de hermenêutica:

Quanto à origem: autêntica ou legislativa (promovida pelo mesmo órgão que elaborou a

norma), doutrinária (a promovida pelos estudiosos do Direito) e a jurisprudencial (aquela

promovida pela reiterada decisões dos tribunais no mesmo sentido).

Quanto aos meios: literal ( é a interpretação sintática e morfológica da norma,

fundamentada nas regras de linguística), lógica (busca precisar o conteúdo da norma, por meio

de raciocínio lógico), sistemática (considera o sistema em que se insere a norma,

relacionando-a com outras concernentes ao mesmo objeto, é a interpretação contextual),

histórica (procura verificar o contexto histórico do período de elaboração da norma),

teleológica (procura verificar a finalidade da norma, levando em consideração os fins sociais a

que se destina e as exigências do bem comum).

Quanto aos resultados: declarativa (quando se conclui que a norma deveria dizer

exatamente o que se contém em seu texto), restritiva (a norma disse mais do que deveria,

assim, o interprete reduz o seu alcance) e extensiva (a norma diz menos do que queri, desta

forma o intérprete estende seu alcance).

9. Eficácia da Lei no Tempo

Para solucionar o conflito o conflito de leis no tempo há dois sistemas:


(a) o das disposições transitórias: quando se prevê regras no próprio texto normativo que

buscam conciliar a nova lei com a anterior.

(b) a aplicação do princípio da irretroatividade.

Embora a retroatividade das leis seja amplamente criticada, essa é uma questão bastante

discricionária que envolve uma tomada de decisões de natureza política. Assim, há hipóteses em

que o interesse social pode justificar referido efeito.

A LICC adota a teoria de GABBA de completo respeito ao ato jurídico perfeito, à coisa
julgada e ao direito adquirido. Assim, podemos ter leis retroativas, desde que não afetem a coisa

julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido.

A Teoria de GABBA trouxe a noção do direito adquirido do Direito Romano para o Direito

Moderno, a fim de que se pudesse solucionar os conflitos de lei. Por essa teoria, a norma jurídica

poderá retroagir em todas as hipóteses em que não houver o direito adquirido.

Direito adquirido é aquele plena e totalmente incorporado ao patrimônio pessoal de seu

titular e que ainda não produziu os seus efeitos.

Dentro do conceito de direito adquirido, temos dois que são espécies do gênero, quais

sejam:

Ato jurídico perfeito:

É aquele ato que tem aptidão para produzir efeitos. Alguns doutrinadores entendem que o

ato jurídico não se difere do negócio jurídico; no entanto, outros entendem que a diferença está nos

efeitos de um e de outro, tendo em vista que no ato jurídico os efeitos ocorrem independentemente

da vontade das partes (ex.: pátrio poder), enquanto no negócio jurídico os efeitos são perseguidos

pelas partes (ex.: contratos em geral).

Coisa julgada:
É a imutabilidade dos efeitos da sentença. Somente o pedido fará coisa julgada, não

podendo haver coisa julgada da causa de pedir. A coisa julgada é soberana, ou seja, não pode ser

alterada por ação rescisória (após o período de 2 anos de trânsito em julgado, a questão ficará

inquestionável).

Quanto à retroatividade, podemos classifica-la em:

Máxima: quando atinge o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Média: faz com que a lei nova alcance os fatos pendentes, os direitos já existentes mas
ainda não integrados no patrimônio do titular.

Mínima: que se confunde com o efeito imediato.

Assim, no silêncio do texto legal, a lei somente poderá ter retroatividade mínima, porém,

em situações expressas admitimos a retroatividade média.

10. Eficácia da Lei no Espaço

Pa solucionar as eventuais questões atinentes à eficácia da lei no espaço a LICC adotou o

princípio da territorialidade moderada, pelo qual, em regra, aplicam-se no território brasileiro

apenas as leis brasileiras, visando a proteção da soberania nacional. Contudo, em certas situações,

admite-se a aplicação da lei estrangeira no território nacional e vice-versa (princípio da

extraterritorialidade).

Capítulo 2

Pessoa Natural

1. Personalidade e Capacidade

Pessoa natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. Para ser

uma pessoa, basta existir, basta nascer com vida, adquirindo personalidade.
Personalidade é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.

O art. 1º do CC dispõe que: “toda pessoa é capaz de direitos e obrigações”, entrelaçando


os conceitos de personalidade e capacidade.

De boa técnica o preceito analisado, pois que, o Código Civil de 1916 empregava a

expressa “todo homem”, o que evidentemente excluía as pessoas jurídicas, por esta razão a

expressão foi substituída, no atual Diploma Legal, por “toda pessoa”.

O dispositivo legal em análise entrosa três conceitos, quais sejam: pessoa, personalidade e

capacidade. Como vimos, pessoa é sujeito de direitos e deveres na órbita civil e a personalidade é

a aptidão genérica para figurar em uma relação jurídica. Quanto a capacidade, esta é a medida da

personalidade.

Embora todo ser humano seja pessoa, isto é, tenha personalidade, é certo que a lei,

somente lhe permite a prática, por si só, de atos da vida civil presentes outras características e

elementos. Assim, em tese, todo homem tem direitos e deveres na esfera civil, mas nem sempre

pode pleitear, bem como exercer esses direitos por si só. Desta forma divide-se a capacidade em :

• de direito ou de gozo: é a capacidade de aquisição de direitos, não importando a idade

da pessoa (art. 2.º do CC);

• de fato ou de exercício: é a capacidade de exercício de direitos, de exercer, por si só, os

atos da vida civil.

Vamos exemplificar:

Embora uma criança seja pessoa, o que equivale dizer que tem personalidade e por
conseqüência capacidade de direito, assim pode figurar em um dos pólos de uma relação, não
possui capacidade de fato (de exercício), então não pode figurar sozinha nesta relação jurídica,
não pode praticar, por si só, atos da vida civil. O ordenamento jurídico reconhecendo a
imaturidade da criança, permite que atue na órbita civil mas com limitações, pois não lhe
atribui a capacidade de fato.
As pessoas que possuem os dois tipos de capacidade têm a chamada capacidade plena, e

aqueles que não possuem a capacidade de fato são chamados incapazes, tendo a chamada

capacidade limitada.

Não se pode confundir incapacidade com falta de legitimação. O incapaz não pode

praticar sozinho nenhum ato da vida jurídica. A falta de legitimação impede apenas a prática de

um determinado ato da vida jurídica.

2. Incapacidade

Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Pelo nosso ordenamento

jurídico não poderá existir incapacidade de direito, somente a de fato.

O incapaz é proibido de praticar sozinho qualquer ato da vida civil, sob pena de ser

inválido todo ato praticado por ele.

A incapacidade pode se apresentar em duas espécies:

• absoluta: acarreta a proibição total da prática dos atos da vida civil, sob pena de

nulidade, e é suprida pela representação;

• relativa: permite a prática dos atos civis, desde que o incapaz seja assistido por seu

representante, sob pena de anulabilidade (art. 147 do CC), e é suprida pela assistência.

2.1. Incapacidade absoluta – art. 3º do CC

São considerados absolutamente incapazes:

 menores de 16 anos. Critério arbitrário, independentemente de terem discernimento


para os atos da vida civil são considerados absolutamente incapazes. Trata-se de imaturidade
presumida. Apesar de se considerarem nulos os atos praticados pelos menores de 16 anos, não se
anula completamente seu poder de agir em seu interesse, como decorrência de sua própria
personalidade.

 os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário


discernimento para a prática dos atos da vida civil. Nesta hipótese o Código Civil contempla

aqueles que por deficiência mental ou qualquer outra enfermidade não tenham o necessário

discernimento para a prática de atos da vida civil. A expressão deficiência mental abrange todos os

casos de graves alterações das faculdades psíquicas, as demais patologias, que tenham como

seqüelas a retirada total do discernimento do enfermo, estão abrangidas pela expressão

“enfermidade”. Assim, tanto as patologias psíquicas, quanto as demais, desde retirem o total

discernimento de seu portador são causas geradoras da incapacidade absoluta. Contudo, caso

apenas produzam a redução do discernimento do paciente, serão consideradas causas geradoras da

incapacidade relativa, conforme pode-se depreender da leitura do artigo 4º do Código Civil. Além

da enfermidade ou deficiência mental, como vimos, é necessária a falta de discernimento para os

autos da vida civil. O novo CC afastou a expressão “loucos de todo gênero”, devido à abrangência

é a ausência de conceito científico da mesma. O novo CC usa expressão mais genérica, mas

estabelece gradação para a debilidade mental, o que é mais justo, pois há casos de deficiência que

podem autorizar capacidade limitada, uma vez que seu portador possui capacidade de

discernimento, embora reduzida. A senilidade, por si só, não é motivo de incapacidade. A inclusão

dos que não tem o necessário discernimento no rol dos incapazes depende, necessariamente, de um

processo de interdição. Tais incapazes devem, assim, ser interditados. Para garantir que não hajam

interdições de pessoas capazes, o interditando deverá ser citado no processo para que exerça sua

defesa. Havendo sentença de interdição, esta deverá ser publicada, pelo menos, três vezes no jornal

local. Para se decretar a interdição, é fundamental o exame médico que comprove a doença mental,

a ausência de perícia induz à nulidade do processo. O Juiz deverá, ainda, fazer um exame pessoal

do interditando, na forma de interrogatório com perguntas básicas, como: que dia é hoje? Qual o

nome de seu pai? Qual é o seu endereço? etc. Em regra, somente os atos praticados após a

decretação da interdição é que se tornam nulos. Por isso, parte razoável da doutrina sustenta que a

sentença de interdição é declaratória no sentido de reconhecer a causa da incapacidade e

constitutiva em seus efeitos. Os atos praticados antes disso, entretanto, podem ser invalidados por
meio de ação própria, mediante prova absoluta de que, ao tempo de sua prática, o contratante já era

incapaz e que a outra parte conhecia tal fato. O STJ já decidiu que “os atos praticados pelo

interditando anteriores a interdição podem ser anulados, desde que provada a existência da

animália psíquica – causa da incapacidade – já no momento em que se praticou o ato que se quer

anular ....” ( STJ, 4ª T, RESP nº 255271/GO, DJ de 05/03/2001, p. 171). É importante ressaltar

que a lei não considera os chamados intervalos lúcidos.

 os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Nesta
hipótese a interdição se mostra inviável, já que somente se interdita pessoa por causa duradoura. A
expressão não abrange aqueles acometidos de doenças permanentes e duradouras referidas no item

anterior, mas sim, aquelas que não puderem exprimir sua vontade por causas transitórias. Desta

forma, em tais casos, o efeito do dispositivo legal consiste basicamente em ensejar o

reconhecimento da nulidade dos atos praticados. Podemos citar como exemplo de causa transitória

capaz de impedir a manifestação de vontade a arteriosclerose, a excessiva pressão arterial, a

embriaguez não habitual e a hipnose.

2.2. Incapacidade relativa – art. 4º do CC

São considerados relativamente incapazes:

 os maiores de 16 e menores de 18 anos. Tal critério não leva em conta a puberdade,


mas sim um mero critério de política legislativa. Entende o legislador que esse menor possui um

certo discernimento para os atos da vida civil, razão pela qual, leva-se em consideração a sua

manifestação de vontade, embora deva estar assistido por seus representantes legais. Existem

algumas exceções em que os maiores de 16 e menores de 18 anos podem praticar atos sozinhos,

sem a assistência de seus representantes legais, tais como fazer um testamento (art. 288, I), aceitar

mandato (art. 666), celebrar contrato de trabalho com 18 anos, ser eleitor etc.

 os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham


discernimento reduzido. A embriaguez habitual é aquela que reduz, sem privar totalmente, a
capacidade de discernimento do homem. Se a embriaguez evoluir para um quadro patológico,
equipar-se-á à doença mental, transformando o ébrio em absolutamente incapaz. O mesmo
podemos dizer quanto aos viciados em tóxicos, já que o grau de capacidade vai depender do nível
de intoxicação e dependência.. Em relação aos deficientes mentais e os excepcionais, com
desenvolvimento mental reduzido, a lei separa os que congenitamente possuem limitação mental
(excepcionais – ex: portadores de síndrome de Down) daqueles cuja limitação, em tese, venha a
ocorrer durante a existência (deficiência mental).

 os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.

 os pródigos. Pródigo é aquele que, sem qualquer justificativa, de forma imoderada,


dilapida o seu patrimônio. Segundo a doutrina, trata-se de um desvio de comportamento. A
interdição do pródigo somente o privará de alguns atos que estejam relacionados ao seu
patrimônio, haja vista o disposto no artigo 1.782 do CC. A inovação é que não há mais rol
limitando os legitimados para requerer a interdição do pródigo. Os legitimados são aqueles do rol
do artigo 1.767, incluindo qualquer parente e o MP.

2.3. A situação “sui generis” dos silvícolas

Quanto à capacidade dos índios, o CC remete a disciplina à legislação especial (lei


6.001/73 – Estatuto do Índio). Essa Lei coloca o índio e sua comunidade sob regime tutelar,
enquanto não integrados à comunidade nacional.

Se um silvícola se adaptar à civilização, poderá requerer sua emancipação, tornando-se,

assim, pessoa capaz. Para a emancipação, os silvícolas devem comprovar que já completaram 21

anos de idade, que já conhecem a língua portuguesa e que já estão adaptados à civilização,

podendo exercer uma atividade útil.

O Estatuto do Índio (Lei n. 6.001/73) dispõe que todo ato praticado por silvícola, sem a

assistência da FUNAI, é nulo. O próprio Estatuto, no entanto, dispõe que o Juiz poderá considerar

válido o ato se constatar que o silvícola tinha plena consciência do que estava fazendo e que o ato

não foi prejudicial a ele.


2.4. A Surdo-Mudez

A sudo-mudez deixou, pelo atual CC, de ser causa autônoma de incapacidade, podendo os

surdos-mudos, contudo, em face das expressões genéricas empregadas pelo atual Estatuto Civil,

ser considerados relativamente incapazes ou absolutamente incapazes. Tudo dependerá da sua

capacidade de manifestar vontade.

2.5. Modos de Suprimento da Incapacidade

A incapacidade absoluta acarreta a proibição total, pelo incapaz, do exercício do direito.


Fica ele inibido de praticar qualquer ato jurídico, sendo que este deve ser celebrado pelo seu

representante legal, sob pena de nulidade (art. 166, I).

A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que

assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade (art. 171, I). Assim, no instituto da

assistência ambos participam do ato, o relativamente incapaz e seu representante legal.

2.6. Sistema de Proteção aos Incapazes

O CC estabelece um sistema de proteção aos incapazes. Importante proteção jurídica

materializa-se por meio da representação e da assistência, como vimos no item anterior. Mas há

outras medidas protetivas tais como:

 não corre a prescrição contra absolutamente incapaz (art. 198, I);

 o mútuo feito a menor não pode ser reavido (art. 588), salvo nos casos do art. 589;

 pode o menor ou interdito recobrar dívida de jogo, que voluntariamente pagou (art.

814);

 ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não

provar que reverteu em proveito dele a importância paga (art. 181);


 Partilha em que há incapazes não pode ser convencionada amigavelmente (art. 2015)

etc.

Em todos os Capítulos do CC existe a proteção aos incapazes. O art. 8.º do CC, no entanto,

declarou expressamente que no sistema brasileiro de proteção, que o Código dedica aos incapazes,

não se inclui o benefício da restituição. No Direito Romano havia o instituto do benefício da

restituição, que era a possibilidade de se anular um negócio válido unicamente porque se

demonstrou, com o tempo, que o negócio não foi benéfico ao incapaz.

Perde a proteção do CC o menor, entre 16 e 18 anos de idade, que proceder de forma


incorreta, ocultando dolosamente a sua idade, ou declarando-se maior, no ato de obrigar-se (art.

180).

Os incapazes, poderão, ainda, ser responsabilizados civilmente, de forma subsidiária e

equitativamente, pela prática de atos ilícitos lesivos a terceiros (art. 928).

2.7. Cessação da Incapacidade

Cessa a incapacidade quando desaparece a sua causa ou quando ocorre a emancipação (ex.:

se a causa da incapacidade é a menoridade, quando a pessoa completar 21 anos, cessará a

incapacidade).

A emancipação pode ser de três espécies (art. 5.º do CC): voluntária, judicial e legal.

Emancipação voluntária: decorrente da vontade dos pais. A idade mínima para a

emancipação é 16 anos. A emancipação voluntária se dá por instrumento público, devendo ser

levada à registro. Depois de devidamente registrada, a emancipação não poderá ser revogada, visto

que é irretratável.
Hoje a jurisprudência é tranqüila no sentido de que os pais que emancipam os filhos por

sua vontade não se eximem da responsabilidade por eles.

Emancipação judicial: é aquela decretada pelo Juiz. O menor sob tutela só poderá ser

emancipado por ordem judicial, tendo em vista que o tutor não pode emancipar o tutelado. A

sentença de emancipação também deve ser levada à registro.

Emancipação legal: decorre de certos fatos previstos na lei (ex.: casamento,

estabelecimento do menor com economia própria, recebimento do diploma de curso superior etc.).

3. Início da Personalidade Natural

Inicia-se a personalidade natural a partir do nascimento com vida. De acordo com o

disposto no art. 4.º do CC, a personalidade civil começa a existir com o nascimento com vida, mas

a lei protege, desde a concepção, os direitos do nascituro. Os direitos do nascituro, entretanto,

estão condicionados ao nascimento com vida, ou seja, se nascer morto, os direitos eventuais que

viria a ter estarão frustrados.

O nascituro é titular de direitos eventuais não deferidos, ou seja, são direitos que podem

acontecer, mas que só serão deferidos a ele a partir do nascimento com vida. O nascituro é um ser

em expectativa, tendo em vista ainda não ter personalidade. Sendo um titular de direitos eventuais,

aplica-se ao nascituro o previsto no art. 121 do CC, que permite ir a juízo a fim de que se tomem

precauções em relação aos seus direitos.

De acordo com o art. 53 da Lei n. 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos), os natimortos

deverão ser registrados. Se a criança nascer e respirar durante alguns segundos antes de morrer, ela

adquiriu personalidade civil e deverá haver um registro de nascimento e um de óbito. A

importância de se constatar se a criança respirou ou não, adquirindo ou não personalidade, está,

por exemplo, em casos de herança, visto que, se a criança adquiriu personalidade, ela estará na

qualidade de herdeiro.
A docimasia hidrostática de Galeno consiste numa experiência utilizada para verificar se a

criança respirou ao nascer. Consistia na retirada do pulmão da criança, mergulhando-o em um

recipiente com água. Se o pulmão flutuasse, constatava-se que nele havia entrado ar, ou seja, a

criança havia respirado.

4. Extinção da Personalidade Natural

De acordo com o disposto no art. 10 do CC, termina a existência da pessoa natural com a

morte (morte real), presumindo-se esta quanto aos ausentes nos casos dos arts. 481 e 482 do CC.

A doutrina chama a declaração de ausência de “morte presumida”. Seus efeitos, no entanto,

diferem-se da morte real, tendo em vista só atingirem a esfera patrimonial.

A morte simultânea é a morte de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. Essas pessoas são

chamadas de comorientes. Se não houver meios de saber qual das pessoas morreu, primeiro aplica-

se o disposto no art. 11 do CC, ou seja, a presunção de que morreram todas simultaneamente. Essa

presunção de comoriência tem como conseqüência os comorientes não herdarem um do outro.

Ocorre a morte civil quando uma pessoa, embora viva, é tratada como morta, perdendo os

seus direitos civis. No Direito Brasileiro está prevista no art. 1.599 do CC, só tendo efeitos em

relação à herança.

5. Individualização da Pessoa Natural

Os elementos individualizadores da pessoa natural são três:

• nome;

• estado;

• domicílio.
1.6.1. Nome

O nome apresenta dois aspectos:

• aspecto individual: diz respeito ao direito que todas as pessoas têm ao nome;

• aspecto público: é o interesse que o Estado tem de que as pessoas possam se distinguir

umas das outras, por isso regulamentou a adoção de um nome por meio da Lei n.

6.015/73 (Lei dos Registros Públicos).

O nome integra os direitos da personalidade e se compõe de três elementos:

• prenome;

• patronímico;

• agnome.

a) Prenome
Pode ser simples ou composto e é escolhido pelos pais. A regra é de que o prenome é imutável
(art. 58 da Lei n. 6.015/73). Existem, no entanto, algumas exceções a essa regra. São elas:

• em caso de evidente erro gráfico: quando o escrivão escreveu o nome errado e necessita

de uma correção (ex.: o nome deveria ser escrito com Ç e foi escrito com SS). A

mudança pode ser feita por requerimento simples ao próprio Cartório e será

encaminhada para o Juiz-Corregedor do Cartório, sendo ouvido o MP. Se o Juiz

verificar que realmente houve um erro, autorizará a sua correção;

• prenomes que exponham o seu portador ao ridículo: hoje é mais difícil alguém registrar

o filho com prenome que o exponha ao ridículo, visto que, com a Lei n. 6.015/73, o

escrivão tem o dever de não registrar tais prenomes. Os pais poderão requerer

autorização ao Juiz no caso de o escrivão não registrar o nome escolhido. Caso haja

necessidade da mudança do prenome por este motivo, deve-se entrar com ação de

retificação de registro e, se o Juiz se convencer, autorizará a mudança. Em todos os


pedidos de retificação, o MP requer que o Juiz exija do requerente a apresentação da

folha de antecedentes.

• art. 58 da Lei de Registros Públicos: foi dada nova redação ao citado artigo que dispôs

sobre a mudança do prenome para o apelido popular (ex.: Pelé, Xuxa etc.);

• Lei de Proteção às Testemunhas: as pessoas que entrarem no esquema de proteção à

testemunha podem mudar o prenome e, inclusive, o patronímico, a fim de

permanecerem no anonimato;

• ECA: o Estatuto da Criança e do Adolescente criou nova exceção, no caso de sentença

que determina a adoção plena, em que se cancela o registro da criança, podendo os

adotantes mudar tanto o prenome quanto o patronímico;

• também é possível a mudança para o prenome de uso, ou seja, aquele nome que todos

conhecem, mas não é o que consta do registro geral (jurisprudencial);

• pode-se, ainda, mudar o prenome para a tradução de prenome estrangeiro.

b) Patronímico

É o que designa a origem familiar da pessoa. Não é escolhido pelos pais, visto que a pessoa

já nasce com o patronímico deles. O patronímico também poderá ser mudado:

• em caso de adoção plena;

• com o casamento, visto que tanto a mulher quanto o homem poderão utilizar o

patronímico um do outro. Trata-se de uma faculdade do casal, visto que, se a mulher

não quiser, não será obrigada a utilizar-se do patronímico do marido, como era

antigamente;
• a dissolução do casamento poderá mudar o patronímico, ou seja, a mulher que utilizou

o patronímico do marido, quando do casamento, com a dissolução poderá voltar a usar

seu nome de solteira. A Lei dos Registros Públicos dispôs que a companheira também

pode utilizar o patronímico de seu companheiro, mas se colocaram tantos obstáculos

que raramente se vê um pedido deferido feito pela companheira.

De acordo com o art. 56 da Lei de Registros Públicos, qualquer pessoa poderá, no primeiro

ano após completar a maioridade, fazer mudanças no seu nome completo, desde que não

modifique seu patronímico. Combinando-se, no entanto, esse artigo com o art. 58 da mesma lei
(prenome imutável), admite-se somente a inclusão de patronímico dos pais que não foram

acrescentados, para se fugir dos homônimos. Se transcorrer o período disposto no art. 56, poderá,

ainda, fazer a mudança pelos mesmos motivos (art. 57). A diferença é que no art. 56 a mudança

será administrativa e no caso do art. 57 deve ser o pedido motivado e mediante ação judicial.

c) Agnome

É a partícula que é acrescentada ao final do nome para diferenciar as pessoas da mesma

família que têm o mesmo nome (ex.: Júnior, Neto etc.).

1.6.2. Estado

O estado é a soma das qualificações da pessoa na sociedade. Apresenta três aspectos:

• aspecto individual: diz respeito ao modo de ser das pessoas, são as características

pessoais que representam a individualidade (ex.: altura, peso, cor etc.);

• aspecto familiar: diz respeito à posição que ocupam na família (ex.: casado, solteiro

etc.);

• aspecto político: diz respeito à qualificação de nacionalidade e cidadania.


O estado tem três características importantes:

• irrenunciabilidade: não se pode renunciar aquilo que é característica pessoal;

• inalienabilidade: não se pode transferir as características pessoais;

• imprescritividade: o simples decurso do tempo não faz com que as pessoas percam o

estado.

1.6.3. Domicílio

É a sede jurídica da pessoa, é o local onde ela é encontrada. De acordo com o art. 31 do CC

“é o local em que a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo”.

Assim, o conceito do art. 31 do CC apresenta dois elementos:

• elemento objetivo: é a residência;

• elemento subjetivo: é o ânimo definitivo.

É possível que a pessoa tenha mais de um domicílio. O art. 32 do CC dispõe que a pessoa

poderá ter mais de um domicílio quando:

• tenha mais de uma residência onde alternadamente viva;

• tenha vários centros de ocupações habituais.

Existe a possibilidade de a pessoa ter domicílio, mas não ter residência. São os casos

daquelas pessoas que viajam muito a trabalho, vivendo em hotéis. Antigamente eram chamados de

“caixeiros viajantes”. O art. 33 do CC dispõe que as pessoas que não tiverem residência fixa terão

como domicílio o local onde forem encontradas.


Existem duas espécies de domicílio:

• necessário: é aquele determinado pela lei (ex.: os incapazes têm por domicílio o mesmo

de seus representantes; o domicílio do funcionário público é o local onde exerce suas

funções etc.). A mulher não tem mais domicílio necessário, visto a isonomia prevista na

CF/88.

• voluntário: pode ser:

- comum: é aquele escolhido pela pessoa e poderá ser mudado por ela. A conduta da
pessoa vai mostrar se ela teve ou não intenção de mudar o seu domicílio;

- especial (art. 42 do CC): é aquele que possibilita aos contratantes estabelecer um

local para o cumprimento das obrigações (foro de contrato) ou um local para

dirimir quaisquer controvérsias surgidas em decorrência do contrato (foro de

eleição). A pessoa privilegiada poderá, no entanto, renunciar ao foro eleito para se

utilizar do foro do domicílio do réu. Não terá validade o foro de eleição em

contrato de adesão, salvo se não prejudicar o aderente.

Capítulo 3
Pessoa Jurídica
1. Conceito
Pessoa jurídica pode ser conceituada como o conjunto de pessoas (sociedades e
associações) ou o patrimônio afetado a um determinado fim (fundação), que pode ser titular de
direito e obrigação, tendo um patrimônio distinto do de seus membros. É, desta forma, o grupo
humano criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria, com atuação
autônoma e funcional, para a realização dos fins comuns.

2. Classificação:

(a) pessoas jurídicas de direito público interno ou externo.


(b) Pessoas jurídicas de direito privado.

Pessoas jurídicas de direito público interno: segundo o artigo 41 do CC, são a União,
Estado, DF e Territórios, Municípios, Autarquias (entidades autônomas, com estrutura
administrativa própria e autonomia financeira, criadas por para exercerem atividades típicas
da administração pública) e demais entidades públicas criadas por lei. Tais pessoas, no que
couber, regem-se, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Pessoas jurídicas de direito público externo: Artigo 42 do CC: Estados Estrangeiros e
todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, como ONU, OEA, etc.
Responsabilidade Civil das Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: Artigo 43
do CC – A responsabilidade civil do Estado pelos atos de seus agentes é objetiva, ou seja,
independe da existência de culpa. Adotou-se para tais entes a teoria do risco administrativo,
segundo a qual o Estado responde pelo fato do serviço, independentemente de culpa, isto é,
basta ao lesado provar a relação de causa e efeito entre o fato do serviço e a lesão. Configurado
o nexo de causalidade entre a atividade do Estado e o dano sofrido, incide o dever de indenizar,
independe de culpa. No entanto, tal teoria admite a exclusão da responsabilidade do Estado se
demonstrado a culpa exclusiva da vítima ou caso fortuito e força maior. Tal matéria também é
regulada pelo artigo 37, § 6º da CF, que, aliás, é mais abrangente, pois, além das pessoas
jurídicas, estende a responsabilidade objetiva para as de direito privado que prestam serviço
público. Todavia, o Estado, em direito de regresso, poderá voltar-se contra o seu servidor, mas,
neste caso, deve demonstrar dolo ou culpa do mesmo. Resumindo, embora a responsabilidade
do Estado com terceiros (administrados) seja objetiva, a responsabilidade do funcionário
público responsável pelo dano para com o Estado é subjetiva.
Pessoas jurídicas de direito privado: Artigo 44 do CC – associações, sociedades,
fundações, organizações religiosas e partidos políticos (partidos políticos e organizações
religiosas foram acrescentados pela lei 10.825/2003). No que tange às organizações religiosas,
o próprio artigo diz que são livres a criação, estruturação interna e o funcionamento das
organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro
de seus atos constitutivos.
As associações estão regulamentadas nos artigos 53 a 61 do CC, as sociedades
na parte especial do novo CC e as fundações nos artigo 62 a 69 do mesmo diploma, as quais,
com exceção das sociedades, serão analisadas adiante.
3. Natureza Jurídica da Pessoa Jurídica:
Teorias:
É polêmica a conceituação da natureza da pessoa jurídica.
Teorias negativistas: Negam a existência da pessoa jurídica. Para estes, a pessoa
jurídica era um mero patrimônio destinado a um fim, sem conferir-lhe personalidade jurídica
ou era vista como uma mera forma de condomínio ou propriedade coletiva. Outros
sustentavam que esta associação formada por um grupo de indivíduos não possuía
personalidade jurídica própria, pois os próprios associados seriam considerados em conjunto.
Tratava-se da teoria da aparência. Para Ihering os verdadeiros sujeitos de direito eram os
indivíduos.

Teorias afirmativas:
Estes reconheciam personalidade própria à pessoa jurídica.
-Teoria da ficção (não reconhecia existência real à pessoa jurídica, imaginando-a
como abstração ou mera criação da lei).
-Teoria da realidade objetiva (para essa teoria, a pessoa jurídica não seria mera
criação da lei ou abstração. Teria existência própria, real, social, como os indivíduos).
-Teoria da realidade técnica (vertente mais moderada. Para essa, a pessoa
jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade ser conferida pelo direito).
A teoria da realidade técnica é a que melhor explica o tratamento dispensado à
pessoa jurídica pelo nosso direito positivo, conforme se observa pelo texto dos artigos 18 do
CC/16 e 45 do novo Código Civil.
Nota-se que a personificação da pessoa jurídica é, de fato, construção da técnica
jurídica.

4.Pressupostos Existenciais da pessoa jurídica


Vontade humana; observância de requisitos estabelecidos em lei, sendo que a aquisição da
personalidade jurídica exige a inscrição de seus atos constitutivos e, finalmente, licitude de seu
objetivo e validade.

Aquisição da personalidade jurídica: A sua existência legal exige a observância


da legislação em vigor, que considera indispensável o REGISTRO para aquisição de sua
personalidade jurídica. Assim, a inscrição do ato constitutivo ou do contrato social no registro
competente, é condição indispensável para a atribuição de personalidade à pessoa jurídica (art.
45 CC). Efeitos da Personalização: Titularidade Obrigacional, Titularidade Processual e
Responsabilidade Patrimonial.
Em algumas hipóteses, exige-se, ainda, autorização do governo para seu
funcionamento. O registro tem natureza constitutiva, ao contrário do registro de nascimento da
pessoa natural.
O artigo 46 diz o que deve conter o registro (formalidades do registro:
denominação, fins, sede, tempo de duração e o fundo social, nome a individualização dos
fundadores ou instituidores e dos diretores, modo por que se administra e representa, ativa e
passivamente, judicial e extrajudicialmente, se o ato constitutivo será reformável, se os
membros respondem ou não subsidiariamente pelas obrigações sociais e as condições de
extinção da pessoa e o destino do patrimônio neste caso).

5. Administração da Pessoa Jurídica

Segundo o artigo 47, obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos
limites de seus poderes. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se
tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo disser o contrário.
O novo Código, em seu artigo 52, determina a aplicação da disciplina dos
direitos de personalidade à pessoa jurídica, NO QUE COUBER. Como a tutela da dignidade
constitucional somente protege as pessoas humanas, o âmbito de proteção das pessoas jurídicas
é bem mais restrito. Por exemplo, é tutelado o direito à imagem da pessoa jurídica, mas com
um sentido diferente da tutela da imagem da pessoa humana, pois, segundo Tepedino: “para a
pessoa jurídica com fins lucrativos, a preocupação resume-se aos aspectos pecuniários
derivados de um eventual ataque à sua atuação no mercado. O ataque que na pessoa humana
atinge a sua dignidade, ferindo-a psicológica e moralmente, no caso da pessoa jurídica
repercute em sua capacidade de produzir riqueza, no âmbito da iniciativa econômica por ela
legitimamente desenvolvida”. O direito ao nome, tendo em conta que ela tem o direito de
impedir a usurpação de clientela e a concorrência parasitária, também está no âmbito de seus
direitos de personalidade.

6. Associações

Entidades de direito privado, formada pela união de indivíduos ou pessoas com


o propósito de realizarem fins não econômicos.
As associações não possuem fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais,
desportivos ou recreativos. Esta definição é dada pelo artigo 53 do CC. Embora não tenha
intuito de lucro ou finalidade lucrativa (ao contrário das sociedades, não há objetivo primordial
de produzir lucros e reparti-los entre os associados. Como disse, a persecução dos lucros e da
partilha são atos que identificam as sociedades), nada impede que a associação gere renda para
manutenção de suas atividades e pagamento de seu quadro funcional. A receita deve ser
revertida em benefício da própria associação. Por esta razão, o ato constitutivo não pode impor,
entre os próprios associados, direitos e obrigações recíprocos como aconteceria se fosse um
contrato social firmado entre sócios. Assim, só há direitos e obrigações recíprocas entre cada
um dos associados e a própria associação.
A Constituição também garante o direito de associação para fins lícitos.

6.1. O Estatuto da Associação


O artigo 54 do CC relaciona o que deve conter o estatuto de uma associação, sob pena
de nulidade. Este artigo foi alterado pela lei 11.127/05:
Inciso I do artigo 54 do CC – denominação, fins e a sede da associação.
Inciso II do artigo 54 CC – requisitos para admissão, demissão e exclusão de
associado – Este dispositivo é de especial interesse, porque balizará os procedimentos de
admissão e exclusão de associados. No que tange à exclusão e demissão do associado, o
estatuto deve se adequar ao novo CC. Segundo o artigo 57 do CC, a exclusão do associado só é
admissível havendo justa causa (as hipóteses que caracterizam justa causa, necessariamente,
devem constar do estatuto), assegurado direito de defesa e recurso, nos termos do estatuto.
Inciso III do artigo 54 do CC – os direitos e deveres dos associados em relação à
associação.
Inciso IV do artigo 54 do CC – as fontes de recursos para sua manutenção, ou
seja, quais serão as receitas para a manutenção da associação.
Inciso V do artigo 54 do CC – o modo de constituição e funcionamento dos
órgãos deliberativos – a lei 11.127 de 28/06/2005, alterou este dispositivo para excluir do
estatuto o modo de constituição e funcionamento de órgãos administrativos, deixando apenas
os “órgãos deliberativos”. - O Estatuto também deve garantir a um quinto dos associados
(20%), o direito de promover a convocação não só da assembléia geral, mas também de todos
os órgãos deliberativos, de acordo com a lei 11.127/05 (artigo 60 do CC).
Inciso VI do artigo 54 do CC – as condições para a alteração das disposições
estatutárias e para a dissolução.
Inciso VII do artigo 54 do CC – acrescentado pela lei 11.127/05 – a forma de
gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas – Neste ponto, a referida lei aborda
tema relativo à responsabilidade dos dirigentes da associação, que não constava na redação
original do Código Civil.

Como se percebe, a lei procura estabelecer o conteúdo mínimo necessário do


estatuto de uma associação.

6.2. Isonomia Entre os Associados

Artigo 55 “Os associados deve ter iguais direitos, mas o estatuto poderá
instituir categorias com vantagens especiais” – isonomia entre os associados, que devem ter
os mesmos direitos. No entanto, a lei ressalva a possibilidade de instituição de associados com
vantagens especiais, como por exemplo, fundadores, remidos, honorários, etc...

6.3. Instransmissibilidade da Qualidade de Sócio


A lei cuidou também de considerar intransmissível a qualidade de associado
(artigo 56), salvo se houver autorização estatutária, caso em que o titular da cota do patrimônio
da instituição poderá transmitir os seus direitos a um terceiro. O parágrafo único deste artigo,
embora admita a transferência da qualidade de associado, informa que a transmissão de quotas
não implicará atribuir ao terceiro adquirente a condição de associado, salvo, novamente, se
previsto e permitido pelo estatuto. Neste parágrafo, houve uma distinção entre a “propriedade
da cota” e a “condição de sócio”. Como explica Caio Mário: “o dispositivo dissociou as duas
condições. Somente no caso de estabelecer o estatuto, expressamente, a atribuição de sócio à
titularidade da fração ideal é que ocorre a conjugação. No silencia dele, a propriedade da
quota não confere a condição de sócio”.

6.4. Exclusão de Associado


O novo CC prevê ainda a possibilidade de exclusão do associado em seu artigo
57, que também foi alterado pela lei 11.127/2005. Segundo tal dispositivo, com a nova
redação: “A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida
em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no
estatuto”. Assim, desde que haja justa causa (conceito indeterminado), o associado pode ser
excluído da associação. As hipóteses de justa causa deve estar pré-determinadas no estatuto, o
qual também deverá prever direito de defesa e recurso ao associado. De acordo com a nova
redação, o estatuto não pode ser omisso em relação às hipóteses de justa causa.
Como se solucionava o problema da omissão do estatuto antes da alteração do
artigo: “Em caso de omissão, ainda assim poderá ocorrer a exclusão, se for reconhecida a
existência de motivos graves (o que seria estes motivos?), em deliberação fundamentada, por
maioria absoluta dos presentes à assembléia geral convocada para este fim. Assim, mesmo
que o estatuto não relacionasse as condutas que podiam ensejar a exclusão do associado, por
justa causa, a AG pode aplicar esta ação, apreciando a existência dos motivos graves”. Com a
nova redação, tal situação foi alterada, pois, agora, não há espaço para omissão.
Artigo 58 – intangibilidade do direito dos associados: “Nenhum associado
poderá ser impedido de exercer direito ou função que tenha sido legitimamente conferido, a
não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto”.

6.5. Hipóteses de Competência Privativa da Assembléia Geral

Em relação a este ponto, cabe uma ressalva: O artigo 59 do CC, também foi
alterado pela lei n.º 11.127/2005 - matérias de competência privativa da Assembléia Geral:
destituir administradores e alterar o estatuto. Tais matérias são de apreciação exclusiva da
assembléia. Para deliberações sobre estes assuntos, a Assembléia deve ser especialmente
convocada para este fim e o quorum será o estabelecido no Estatuto, conforme § único:
Segundo o parágrafo único do artigo 59: “Para as deliberações a que se
referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente
convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios
de eleição dos administradores”.

6.6. Direito do Associado Minoritário


Convocação para todos os órgãos deliberativos e não apenas para a assembléia geral
(também foi alterado pela lei 11.127/05) – nos termos do estatuto devendo garantir-se à
minoria (1/5 do associados) o direito de convocação.

6.6 Dissolução da associação (artigo 61 do CC)

Em caso de dissolução, o patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas


ou frações, ideais referidas no parágrafo único do artigo 56, será destinado à entidade de fins
não econômicos designada no estatuto ou, omisso este, por deliberação dos associados, à
instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.

7. Fundações

As fundações resultam da afetação de um patrimônio, por escritura pública ou


testamento, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina (art. 62 do
CC). São seus principais elementos: o patrimônio e a finalidade.
Neste caso, atribui-se personalidade jurídica a um patrimônio, que a vontade
humana destina a uma finalidade social. O parágrafo único, do artigo 62 do CC traz os
objetivos a que se destinam uma fundação, restringindo-os os fins religiosos, morais, culturais
ou de assistência.

7.1. Etapas e Requisitos para a Criação da Fundação


1º etapa – afetação de bens livres por meio do ato de dotação patrimonial. Esse
ato de dotação patrimonial deverá ser exteriorizado por meio de escritura pública ou
testamento (únicas formas de se concretizar o ato de dotação patrimonial). Segundo o artigo
63, quando os bens para constituir a fundação não forem suficientes, se de outro modo não
dispôs o instituidor, devem ser incorporados a outra fundação de fim igual ou semelhante. Aqui
é o caso de não se conseguir constituir a fundação por insuficiência de patrimônio, ao contrário
do artigo 69, que trata da destinação dos bens em caso de extinção da fundação.

2º etapa - elaboração do estatuto. A fundação pode ser instituída diretamente,


quando o próprio instituidor o faz ou de forma fiduciária, quando confia a terceiro a
organização da entidade. A fiduciária está especificada no artigo 65 do CC e 1.199 do CPC. A
nova lei foi mais precisa que o CC/16, uma vez que estabeleceu prazo máximo de 180 dias
para elaboração do estatuto pelo terceiro, em caso de omissão. Agora, o CC está
compatibilizado com o artigo 1.202 do CPC. Desta forma, segundo o § único do artigo 65: “Se
o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em
cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público”.
3º etapa - aprovação dos estatutos. O MP velará pela aprovação dos estatutos
(artigo 66 do CC), com recurso ao juiz competente, em caso de divergência (Artigo 1.201 do
CPC). O interessado submeterá a aprovação do estatuto ao MP, que verificará se foram
observadas as bases da fundação e se os bens dotados são suficientes (artigo 1.200 do CPC). O
estatuto poderá ser alterado posteriormente, contudo, tal alteração deverá atender os
pressupostos do artigo 67 CC, quais sejam: deliberação por 2/3 dos competentes para gerir e
representar a fundação; não contrariar ou desvirtuar o fim desta e, finalmente, aprovação pelo
MP e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la.
Não há dúvida de que o principal requisito para esta alteração é a aprovação do MP, com
possibilidade de recurso ao juiz, caso o aquele órgão (MP) denegue a alteração.
Artigo 68 – quando não houver unanimidade na alteração do estatuto, a minoria
pode, no prazo de 10 dias, impugnar a alteração. Aqui, é reproduzida a regra do artigo 1.203 do
CC, assegurando uma gestão democrática da associação e possibilitando à minoria vencida
expor as razões que fundamentam a dissensão.
4º etapa: realização do registro civil – A constituição da fundação só se
aperfeiçoa com a inscrição de seus atos constitutivos no CRCPJ.

7.2. Extinção da Fundação


A fundação pode ser extinta pelo decurso do prazo traçado para sua existência, ou ainda
pelo advento da ilicitude, impossibilidade ou inutilidade dos fins a que ela visa. É o que dispõe
o artigo 69 do CC.
Estão legitimados a requerer a extinção da fundação o MP ou qualquer
interessado.
Em caso de extinção os bens da fundação extinta, salvo disposição em contrário
no estatuto, incorpora-se ao patrimônio de outra fundação, designada pelo juiz, que se
proponha a fim igual ou semelhante.

Вам также может понравиться