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Infinito
1
Philotheus Boehner. História da Filosofia Cristã. p. 81: “Platão afirma no Timeu que é difícil
conhecer a Deus, e impossível exprimi-lo por palavras. Gregório prefere antepor a inefabilidade
à incognoscibilidade: é impossível enunciar a Deus por palavras, e mais ainda é conhecê-lo.”
2
Idem. Op. Cit.
1.3) Razão e Vantagens da Incognoscibilidade de Deus
Como diz o ditado, ninguém salta por cima de sua sombra. Como o
olho precisa de luz e ar para ver e como o peixe precisa da água para poder nadar,
assim também os homens não podem chegar a Deus senão por meio de suas
3
Idem. Op. Cit: “Não possuímos um conhecimento distinto e positivo da essência divina, visto
ser ela puramente espiritual.”
4
Idem. Op. Cit: “(...) por mais que nos concentremos sobre nós mesmos e por grande que seja o
nosso desprendimento das coisas sensíveis, os nossos conceitos sempre incluirão algum
elemento corporal; e isto nos proíbe o acesso às realidades puramente espirituais e à Divindade,
a despeito dos laços de parentesco que a ela nos prendem.”
5
Idem. Op. Cit. (O parêntese é nosso).
criaturas.6 Incognoscibilidade para Gregório não é sinônimo de agnosticismo;
Deus é incognoscível por não podermos alcançar um conceito puramente
espiritual dEle7, mas isto não nos impede de saber de sua existência.
Percebemos por um simples olhar para a criação que ela não encontra
em si mesma a razão da sua existência.8 Quem é o autor de tamanha ordem e
harmonia que impera no universo? Como explicar a reunião de tantos elementos
que possibilitam esta harmonia de que gozam as coisas criadas? Donde provém
este Logos que rege, por suas leis, todas as coisas e pelo qual elas não caem,
antes se conservam, numa unidade e beleza admiráveis? Será, pois, o universo,
obra do acaso? Se admitirmos que sim, como podemos explicar que o acaso,
além de criar tal ordem, a mantém e sustenta?9 Ora, é evidente que não podemos
retroceder, indefinidamente, atribuindo tudo ao acaso; pelo que devemos admitir
a existência de um soberano governador do universo, o qual é Deus.10 Daí que,
por meio da lei, da ordem, entranhadas na natureza das coisas, chegamos, com
certeza, a conhecer a existência de Deus:
6
Idem. Op. Cit: “(...) como o olho necessita de luz e ar para apreender as coisas externas, e
como o peixe precisa da água para poder nadar, assim também nós não podemos chegar a Deus
senão através das coisas corporais e sensíveis.”
7
Idem. Op. Cit. p.82: “Portanto, dizer que Deus é incognoscível equivale a admitir a nossa
incapacidade de formar quaisquer conceitos puramente espirituais acerca dele (...)”.
8
Idem. Op. Cit: “Um simples olhar para a criação nos convencerá de que não é nela mesma, e
sim em algo transcendente, que devemos buscar-lhe a razão de ser.”
9
Idem. Op. Cit: “Suponhamos, com efeito, que as coisas sejam um produto do acaso. (...) Tal
hipótese, porém, não suprime a questão de sabermos quem conversa e mantém aquela ordem.”
10
Idem. Op. Cit: “E’ óbvio que não se pode apelar indefinidamente ao acaso, e que é mister
atribuir a conservação da ordem do universo à influência de Deus.”
Desta forma o Logos, ou a lei da natureza, que tudo penetra e
domina, e que foi criada conosco mesmos, nos faz chegar a
Deus a partir das coisas sensíveis.11
11
Idem. Op. Cit.
12
Idem. Ibidem. p. 83.
13
Idem. Op. Cit: “Com efeito, Deus é imenso, infinito e sem figura, intangível e invisível.
Numa palavra, os seus atributos são diametralmente opostos às propriedades corporais.”
14
Idem. Op. Cit: “A dissolução, porém, é indubitavelmente estranha a Deus. Donde se conclui
que Deus não é um corpo.”
15
Idem. Op. Cit: “Deus está presente em todo o mundo, e por conseguinte é incorporal.”
16
Idem. Op. Cit: “A não ser que lhe atribuíssemos a capacidade de confundir-se com os outros
corpos e de coexistir lado a lado com eles, numa espécie de mistura, comparável à que resulta
Deus fosse um corpo que preenchesse todo o universo, não haveria lugar para as
outras coisas.17
No entanto surge a questão se seria legítimo atribuir a Deus um corpo
sutil, tal como dizem os peripatéticos ser o quinto elemento, dotado de
movimento circular. Gregório elimina esta possibilidade a partir do próprio
conceito de movimento tomado de Aristóteles. Supondo que exista uma
substância quase incorporal que se movimente como as outras coisas, esta
substância teria que derivar o seu movimento de uma outra substância que, por
sua vez, seria ou não incorporal e assim retrocederíamos ao infinito, o que é
impossível. Daí que, “Na opinião de Gregório o movimento corporal se reduz,
forçosamente, a algo incorporal.”18
1.5.1) Nossos Conceitos Acerca de Deus não nos Dizem o que Ele é
da água com o vinho. Ma, nesta suposição Ele se encontraria inteiramente fragmentado, pois
cada partícula de sua substância teria que insinuar-se entre duas partículas de outra
substância (...)”. (O itálico é nosso).
17
Idem. Op. Cit: “Fosse Ele um corpo a preencher o vazio do universo, já não haveria espaço
para as demais coisas.”
18
Idem. Op. Cit.
19
Idem. Op. Cit. p. 84: “(...) o fato de qualificarmos a Deus de incorporal não nos proporciona
a menor informação a respeito de sua essência. Como a incoporeidade, assim também o não-
ser-gerado, a carência de começo ou de fim são conceitos negativos.” (O itálico é nosso).
20
Idem. Op. Cit: “Também os conceitos de espírito, de fogo, de luz, de sabedoria, de justiça, de
razão e de intelecto nada nos dizem da essência divina.” (O itálico é nosso).
desligado de toda corporeidade! Nem a razão de Deus é da mesma ordem
daquela que existe no homem. A nossa noção de justiça, sabedoria e inteligência
também não estão totalmente despidas de imagens corpóreas. Donde, por elas,
não podermos conhecer a Deus, que é puro espírito:
22
Idem. Op. Cit.
23
Se nos dermos conta veremos que esta aporia é, de fato, apenas aparente. Com efeito, Deus é
o ser, mas esta afirmação indica apenas a sua mais completa incompreensibilidade ao espírito
humano. De fato, este só apreende o ser enquanto determinado e não o ser enquanto tal, sem
nenhuma determinação. Deus é o ser infinito, e, por conseguinte, não pode ser conhecido por
um espírito finito.
24
Idem. Op. Cit. p. 85
Não se pode dizer que foi ou há de ser, mas apenas que é, e que
nele se compreende todo o ser no presente; numa palavra: Deus
é eterno.25
25
Idem. Op. Cit.
BIBLIOGRAFIA