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2006
20 de fevereiro
Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
BRASIL RÚSSIA
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
FCCE is the o ldest Trade Association dedicated In the recent past, the FOREIGN TRADE CHAM-
Exclusively to Foreign Trade activities. BERS FEDERATION – FCCE signed an accord with
Founded in 1950 by entrepreneur Joao Daudt de the CHAMBERS OF COMMERCE COUNCIL OF THE
Oliveira (who was also the founder of the National Trade AMERICAS, an organization representing the Bilateral
Federation five years earlier), FCCE has been in Chambers of Commerce in the following countries:
operation for over 50 years, motivating and supporting ARGENTINA, BOLIVIA, CANADA, CHILE, CUBA,
the work of Bilateral Chambers of Commerce, Foreign ECUADOR, MEXICO, PARAGUAY, SURINAM,
Consulates, Business Councils and Mixed Commissions URUGUAY, TRINIDAD AND TOBAGO and VENE-
at the federal level. ZUELA.
FCCE, by force of its Statute, has national scope with In addition to the several dozen Bilateral Chambers of
Regional Vice-Presidents in various states of the Commerce affiliated with FCCE throughout Brazil, the
Federation, and also operates in the international realm Presidents of these Chambers of Commerce belong to
through “Cooperation Convention’s” established with the current Administration: Brazil-Greece, Brazil-
various organizations of the highest credibility and Paraguay, Brazil-Russia, Brazil-Slovakia, Brazil-Czech
tradition. Among these is the International Chamber of Republic, Brazil-Mexico, Brazil-Belarus, Brazil- Portu-
Commerce (ICC) founded in 1919, with headquarters gal, Brazil-Lebanon, Brazil-India, Brazil-China, Brazil-
in Paris, which has more than 80 National Committees Thailand, Brazil-Italy and Brazil-Indonesia, in addition to
across the five continents, in addition to running the the President of the Brazilian Committee of the
most important “International Arbitration Court” in the International Chamber of Commerce, the President of
world, founded in 1923. the Brazilian Commercial Exporting Company Association
The FOREIGN TRADE CHAMBERS FEDERATION ABECE, the President of the Brazilian Railroad Industry
headquarters is located at Avenida General Justo 307, Association ABIFER, President of the Brazilian Container
Rio de Janeiro, which is also the main office of the Terminal Association and the President of the Mechanical
National Confederation of Commerce (Confederação Industries and Electric Material Union, among others.Also
Nacional do Comércio – CNC). The FCC and the CNC included are various Consuls and foreign diplomats,
have held a partnership for nearly two decades, working among them the Consul General of the Republic of Gabon,
through the “Administrative Support Convention and the Consul of Sri Lanka (formerly Ceylon) and the Trade
Mutual Cooperation Protocol.” Counselor Minister of the Portuguese Embassy.
The Administration
ADMINISTRATION FOR THE 2003/2006 TRIENNAL
President
1 st V i c e - P r e s i d e n t
Vice-Presidents
Directors
APOIO
Aproximação política
e comercial
Reiniciamos nossas atividades. Ano novo; novos países. De comum acordo com o
Governo Federal, privilegiando os interesses comerciais, políticos e estratégicos, com
foco nos principais parceiros e, também, em novos mercados, foi estabelecido um
calendário de 11 seminários bilaterais de comércio exterior e investimentos, para o ano
de 2006. A Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE realizou, em 20 de
fevereiro de 2006, o Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-
Rússia, o primeiro deste ano. Os trabalhos e os temas discutidos durante o seminário
foram uma prévia para as reuniões oficiais entre os governos do Brasil e da Rússia,
previstas para 2006: a reunião da Comissão de Alto Nível Brasil-Rússia de Cooperação e
a reunião da Comissão Intergovernamental de Cooperação.
Durante o seminário realizado pela FCCE, cerca de 300 pessoas, entre representantes
do governo e da iniciativa privada dos dois países, lotaram o auditório da Confederação
Nacional do Comércio – CNC para discutir as relações bilaterais entre duas das maiores
economias, ditas emergentes, do mundo. Convidados brasileiros e russos tiveram no
seminário o fórum ideal para apresentar a seus pares as oportunidades de investimentos
e de comércio, bem como os pleitos, queixas e soluções sugeridas. Temas sensíveis
como a exportação da carne brasileira; a tecnologia aeronáutica russa; a experiência da
Rússia na construção e manutenção de oleodutos e gasodutos de longa distância – que CONSELHO DE
muito interessam ao Brasil – entre outros, foram discutidos por produtores, CÂMARAS DE COMÉRCIO
exportadores, importadores, técnicos e especialistas de cada setor, especialmente DAS AMÉRICAS
convidados para enriquecer as discussões do seminário. Não foram esquecidos temas
como o petróleo, o açúcar e a cooperação no domínio das altas tecnologias nas áreas de Expediente
biocombustível, espacial e nuclear, de grande interesse bilateral. Produção
O Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Rússia, foi mais Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
Av. General Justo, 370/6o andar
uma realização da FCCE, idealizada por seu presidente João Augusto de Souza Lima, Tel.: 55 21 3804 9289
com a colaboração direta da Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria e Turismo, e-mail: fcce@cnc.com.br
cujo presidente, Gilberto Ramos, muito tem se destacado pelo êxito de seu trabalho na Editor
O coordenador da FCCE
aproximação política e comercial entre os dois países. Impossível é não mencionar, Textos e Repor tagens
também, a colaboração do Cônsul-Geral da Federação da Rússia no Rio de Janeiro, Elias Fajardo
José Antonio Nonato
Alexey Labetskiy, para o sucesso dos trabalhos do seminário nesta cidade. Marlene Custódio
O potencial de comércio entre os dois países é imenso, mas ainda permanece em Lília Nabuco
João Sant’Anna
níveis muito baixos. A Rússia ocupa, hoje, a 10a posição como país de destino das
Projeto Gráfico, Edição e Ar te
exportações brasileiras. Em 2005, o Brasil exportou um total US$ 118 bilhões, tendo Estopim Comunicação
sido exportados para a Rússia apenas US$ 3 bilhões, o que representa, somente, 2,5% Tel.: 55 21 2518 7715
e-mail: estopim@estopim.com
desse total. O crescimento das vendas brasileiras para o mercado russo tem sido Revisão
significativo, mas ainda há muito por fazer. É preciso reorganizar a pauta exportadora e Fernanda Pereira
Maria Virgínia Villela de Castro
incentivar a maior participação de produtos industrializados e semi-industrializados.
Fotografia
Nesta edição, o leitor poderá conferir os esforços de ambos os países no sentido de Christina Bocayuva
ampliar investimentos e de liberalizar o comércio bilateral. Há um futuro promissor nas Secretaria
relações comerciais de duas economias que se complementam. Maria Conceição Coelho de Souza
Sérgio Rodrigo Dias Julio
6 E N T R E V I S TA 45 P E T R Ó L E O
Embaixador Vladimir Tyurdenev “Em matéria de energia, temos
“Brasil e Rússia um belo futuro pela frente”
deveriam criar uma forte
aliança tecnológica” 47 I N T E R C Â M B I O
Marcus Vinicius Pratini de Moraes
“A cultura é uma forma
“Para exportar é preciso ter eficaz de aproximar os
controle de qualidade, pontualidade dois países”
e preço competitivo”
“Acompanhar o mercado
e aproximar as nações”
18 A B E RT U R A “Vamos colocar nossa experiência
Parceria comercial estimula acordos espacial a serviço do Brasil”
em ciência e tecnologia “O conhecimento é fundamental
para aproximar os povos”
20 P A I N E L I 52 E M P AU TA
Em busca de um
crescimento das nossas Embaixadora sul-africana na FCCE
relações bilaterais
53 C U LT U R A
26 P A I N E L I I Uma Casa de Deus que muito
Cooperação nas áreas de petróleo orgulha seu proprietário
e infra-estrutura de transportes
58 H I S T Ó R I A
32 P A I N E L I I I Memórias de um diplomata
Altas tecnologias Senac: alternativas educacionais para
aproximam os o mundo do trabalho
brasileiros dos russos
60 F I N A N Ç A S
3 9ENCERRAMENTO Um potencial de trocas
inesgotável
Brasil-Rússia: uma nova fase
dos seminários da FCCE
61 C O M É R C I O
41 C O O P E R A Ç Ã O Seminários refletem crescimento
do comércio exterior brasileiro
Uma empresa russa
no Brasil Sesc: a educação em um sentido mais amplo
43 AG R O P E C U Á R I A 65 R E L A Ç Õ E S B I L AT E R A I S
“Nossa expectativa é que a Rússia suspenda
o embargo da carne”
70 C U RTA S
ENTREVISTA
“Brasil e Rússia
deveriam criar uma
forte aliança
tecnológica”
Vladimir Tyurdenev, Embaixador Extraordinário e Plenipotenci-
ário da Federação Russa no Brasil, é um homem muito confiante
na possibilidade de incrementar as relações bilaterais entre os dois
países. Nesta entrevista exclusiva à revista da FCCE, ele analisou
detidamente as possibilidades atuais e futuras do nosso intercâm-
bio comercial e científico, realçou a concordância entre as teses
de política internacional defendidas pelo Brasil e pela Rússia, e
não se furtou a tratar de temas polêmicos, como o embargo rus-
so à carne brasileira.
muito fertilizante e quer vender. Por ou- tão longa distância. Não se trata apenas de
tro lado, fenômenos como este mostram firmar um contrato para a futura constru-
que os dois países – que contam hoje com ção de um gasoduto. O que os executivos
um expressivo desenvolvimento técnico da Gazprom têm discutido com os da
e científico – têm se limitado a comer- Petrobras são possibilidades bem maio-
cializar, basicamente, matérias-primas. Eu res de desenvolvimento de cooperação
não digo que estes produtos devam desa- entre as duas empresas estatais.
parecer da pauta. Claro que são impor-
tantes para a economia, são legítimos re- Os jornais brasileiros publicaram re-
presentantes dos interesses empresariais portagens informando que, mesmo
e agrícolas dos dois países, mas, mesmo com o embargo aplicado sobre a im-
assim, deveríamos aumentar a presença de portação de carne brasileira, em
produtos com maior preparação indus- 2005, devido a febre aftosa que
trial e maior valor agregado. Estamos es- ocorreu em algumas regiões brasi-
tudando, por exemplo, a possibilidade de leiras, as nossas exportações de car-
compra de aviões da Embraer e, ao mes- ne para a Rússia têm aumentado.
mo tempo, tentando introduzir no mer- Segundo a imprensa, os exportado-
cado brasileiro o nosso equipamento nesta res brasileiros estariam pagando al-
área, no qual se destacam o famoso heli- gum tipo de propina às autorida-
“ Lamentavelmente, os itens
mais fortes no comércio
entre Brasil e Rússia são
cóptero russo M-8, que já está certificado
para ser vendido no Brasil, além do heli-
cóptero MI-171 e do hidroavião russo B-
des russas para suspender parcial-
mente o embargo. O que o senhor
acha disto?
matérias-primas
”
V L A D I M I R T Y U R D E N E V.
103, muito indicados para serem usados
em várias regiões brasileiras, principal-
mente no Mato Grosso.
VT – Para mim, isto é um pouco estra-
nho. Eu sei que várias delegações de auto-
ridades sanitárias brasileiras visitaram a
Nos últimos dois anos, o movimento Rússia depois do surgimento da doença,
comercial tem tido um aumento signifi- O senhor fala de um cenário comer- explicando as medidas que estão sendo
cativo, em torno de 30% a 40%. Em 2005, cial em que os produtos industriali- tomadas. Agora, no que diz respeito a pro-
o comércio bilateral superou US$ 3,6 bi- zados ainda não são muito fortes, pinas, não me parece que estas notícias
lhões. Isto significou 45% a mais do que o mas, ao mesmo tempo, menciona sejam verdadeiras, elas são invenções de
movimento ocorrido em 2004, que, por exemplos de produtos de alta tec- gente interessada em conseguir algo. Não
sua vez, superou o do ano de 2003 em nologia, como as aeronaves. O se- aceito e não acredito nestas versões.
20%. É muito provável que, num futuro nhor considera que já estamos cres-
próximo, nós poderemos alcançar a meta cendo em direção a um outro pata- Qual a perspectiva em relação ao
de US$ 5 bilhões. mar ou ainda estamos muito limita- embargo russo da carne bovina
dos a comercializar petróleo e café? brasileira? As autoridades brasilei-
Quais os setores em que as trocas co- VT – Acho que ainda estamos marcando ras do setor têm deixado claro que
merciais são mais fortes entre os dois passo, pois temos capacidade de dar passos gostariam que este embargo fosse
países? mais amplos e rápidos para avançar nesta suspenso o mais rápido possível e
VT – Os produtos mais fortes na pauta direção. Uma outra área em que, digamos, sugerem que deveria haver restri-
do comércio bilateral entre o Brasil e a podemos ampliar bastante o interesse de ções apenas para as regiões com-
Rússia são, hoje, lamentavelmente, maté- cooperação é a da malha ferroviária, em que provadamente afetadas, ou seja, os
rias-primas. Da parte do Brasil destacam- nós, russos, temos muita experiência. Pos- estados do Mato Grosso do Sul e
se carnes, açúcar, tabaco e café. Da parte so mencionar, ainda, as perspectivas de co- do Paraná, liberando a exportação
da Rússia, os principais produtos são adu- operação no setor de petróleo, que inclui das demais regiões. Atualmente, o
bos, fertilizantes, níquel e óleo diesel, não somente a compra pura e simples, mas embargo russo à carne brasileira in-
entre outros. Hoje, podemos afirmar que também a exploração e a construção de clui a produção dos estados de
cerca de 70% das exportações russas para oleodutos. Tem-se falado bastante no pro- Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
o Brasil são compostas por fertilizantes. jeto de um gasoduto transatlântico unin- Paraná, Rio Grande do Sul, Santa
Isto, por um lado, corresponde a uma do o Brasil e a Argentina. Estamos seguros Catarina, Goiás, São Paulo e Minas
necessidade de ambos os países: o Brasil de que a empresa russa Gazprom é uma Gerais. O que o senhor acha disto?
está expandindo sua fronteira agrícola e das únicas no mundo que tem experiên- VT – Acho que devem ser resolvidos os
precisa de fertilizantes; a Rússia produz cia para construir este tipo de gasoduto de problemas de combate à febre aftosa nos
“Para exportar é
preciso ter controle
de qualidade,
pontualidade e preço
competitivo”
O ex-Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o econo-
mista Marcus Vinicius Pratini de Moraes, atualmente, é um dos mais
expressivos e bem informados especialistas brasileiros em comér-
cio exterior. Alguns analistas do setor costumam atribuir a ele par-
te do desempenho registrado atualmente pela agropecuária brasi-
leira. Pratini de Moraes foi, também, Ministro de Minas e Energia
e Ministro de Indústria e Comércio e, desde 2003, é Presidente do
Conselho da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carnes – ABIEC.
Disponível em 4 idio
inglês,espanhol e f
Relação
atu
stino
mas: português,
rancês
de exportadores
alizada mensalmente
ABERTURA
Rogério Fernando Lot, João Luiz Azevedo, o Embaixador Tyurdenev, Maçao Tadano (ao microfone), Bernardo Cabral e Pratini de Moraes.
O Presidente da Federação das Câmaras de Comér- mesa o Diretor de Comércio Exterior do Banco do
cio Exterior – FCCE, João Augusto de Souza Lima Brasil, Rogério Fernando Lot; o Consultor e Re-
deu início ao Seminário Bilateral de Comércio Ex- presentante da Confederação Nacional do Comér-
terior e Investimentos Brasil-Rússia convidando para cio – CNC, Senador Bernardo Cabral; o Presidente
presidir a mesa da Sessão Solene de Abertura o Che- da Câmara de Comércio Internacional – ICC, Theó-
fe de Gabinete do Ministro da Agricultura, Pecuária philo de Azeredo Santos; o Presidente da Câmara
e do Abastecimento e Ex-Secretário de Defesa Agro- de Comércio, Indústria e Turismo Brasil-Rússia, Gil-
pecuária, Maçao Tadano. O pronunciamento de aber- berto Ramos; o Cônsul-Geral da Federação da Rússia
tura ficou a cargo do Embaixador Extraordinário e no Rio de Janeiro, Alexey Labetskiy; o Diretor de
Plenipotenciário da Federação da Rússia, Vladimir Transporte Espacial e Licenciamento da Agência Es-
Tyurdenev. O Chefe da Representação do Ministé- pacial Brasileira – AEB, João Luiz Filgueiras de Aze-
rio do Desenvolvimento Econômico e Comércio da vedo; e o Diretor de Comércio Exterior do Minis-
Rússia, Yuri Anatolievitch Kudryavtsev foi o convida- tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
do especial da Sessão de Abertura. Compuseram a Exterior – MDIC, Arthur Pimentel.
18 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • R Ú S S I A
O
Embaixador Vladimir Tyurdenev, setor técnico e científico, no qual se destaca sileira, realizada em Moscou, em outubro
em pronunciamento especial, a cooperação na área espacial, que vem se de 2005. Hoje, realiza-se com êxito o 3º
destacou a proximidade entre os desenvolvendo em diversas vertentes. Programa de Cooperação Científica e
dois países, que, segundo ele, se expressa Vladimir Tyurdenev abordou, ainda, a Tecnológica, com projetos nos quais, na
nos inúmeros convênios já assinados que construção de aviões, informando que es- parte russa, participam cientistas de São
correspondem ao considerável potencial tão sendo estudados na Rússia projetos Petersburgo, Samara,Tuning e Novosibirsk,
científico, econômico e tecnológico que para o desenvolvimento de aviões da e, na parte brasileira, estão presentes pes-
a Rússia e o Brasil possuem. Embraer, para executar vôos de curta e quisadores do Rio de Janeiro e de São José
“A consolidação contínua de parcerias média distância. Comentou, igualmente, dos Campos, dentre outras regiões. Na
nas áreas econômica e comercial representa as possibilidades de fornecer helicópte- agenda está a possibilidade de criar no Bra-
passos concretos para a formação de uma ros e aviões russos ao mercado brasileiro. sil um centro de informações para a trans-
aliança tecnológica, que está sendo discuti- A cooperação na área de energia se en- ferência de tecnologias.”
da em detalhes em negociações de vários contra, segundo o embaixador, em ampli-
níveis. Nossa integração será tema de análi- ação gradual, com empresas russas forne- Trocas comerciais
se pormenorizada de uma comissão inter- cendo equipamentos para uma hidrelétri- O embaixador considera que o atual
governamental de cooperação econômica, ca em Corumbá. Estão previstos contra- estágio dos laços comerciais entre a Rússia
comercial, técnica e científica; um grupo tos com as hidrelétricas de Estreito, Rio e o Brasil não reflete plenamente as pos-
de alto nível que se reúne a partir de abril Branco e São João. Com relação ao setor sibilidades existentes em ambas as partes.
de 2006. O papel positivo de incremento de gás natural, o embaixador da Federa- Na sua opinião, é fundamental colocar em
dos laços entre nossos países está sendo ção da Rússia informou que as estatais execução mecanismos capazes de aumen-
realizado pelas associações e, principalmen- Gazprom e Petrobras iniciaram negocia- tar significativamente a troca de bens e
te, pelas câmaras internacionais de comér- ções com vistas a uma cooperação que in- serviços.
cio e indústria.” clui o uso de tecnologias de ponta russas “Temos grandes reservas que deixamos
Como parte deste esforço conjunto, em na prospecção e exploração de jazidas de de usar na área de investimentos e gostaria
junho de 2005, por iniciativa da Câmara de gás natural encontradas no Brasil. de chamar a atenção dos representantes do
Comércio Indústria e Turismo Brasil-Rússia, empresariado brasileiro para os altos índi-
uma comitiva de empresários brasileiros vi- Investimentos bilaterais ces apresentados pela economia russa. So-
sitou a Rússia. Segundo o embaixador, no Segundo Vladimir Tyurdenev, nos últi- mente no ano de 2005, o aumento do PIB
decorrer da visita foram mapeadas iniciati- mos anos foram verificados avanços positi- foi de 6,4%, face a uma previsão de 5,9%.
vas para o incremento da relação nos seto- vos nos investimentos bilaterais. Neste sen- A capitalização da bolsa de valores cresceu
res farmacêutico, de mineração e tratamen- tido, ele mencionou a participação de em- vigorosamente, e tudo isso faz da Rússia
to de madeira. Na ocasião, foi assinado um presas russas em investimentos de infra- um país atraente do ponto de vista de apli-
acordo de cooperação entre pequenas e estrutura portuária em Itajaí e em Nave- cações rentáveis de capitais. Devemos con-
médias empresas. Como resultado da visi- gantes (SC) e, também, em Cubatão (SP). siderar também, a política conduzida, atu-
ta, ficou evidente o grande potencial dos Citou ainda, a criação de um sistema de irri- almente, pelo governo russo, de criar zo-
laços inter-regionais para a consolidação de gação no estado da Bahia com a participa- nas econômicas especiais, com parques in-
uma ampla parceria. ção de empresas russas. O embaixador des- dustriais e tecnológicos e centros de pes-
“Ao caracterizar a cooperação Brasil- tacou a construção, pela empresa brasileira quisa que aplicam os últimos avanços na
Rússia, cabe ressaltar o fluxo comercial Sadia, de uma fábrica de processamento de ciência e tecnologia.”
que tem crescido bastante. De acordo gêneros alimentícios na região de Kalingrad, O embaixador fez, em seguida, uma
com os últimos dados, em 2005, alcança- na Rússia. convocação aos empresários brasileiros
mos o nível mais alto da nossa história: para que aproveitem o atual bom momen-
US$ 3,6 bilhões. O aumento foi de mais Cooperação científica to da economia russa, pois, segundo ele,
de 45% em relação a 2004. Ao mesmo A cooperação científica e tecnológica é cabe à classe empresarial um importante
tempo, a atual pauta comercial, composta um dos setores que podem aproximar ain- papel neste cenário.
principalmente de minérios, fertilizantes, da mais os brasileiros e os russos, que já “Chegou a hora de aproveitar ativamente
produtos agrícolas, metais e produtos conseguiram avanços neste sentido. O o potencial de investimento de nossas em-
laminados, continua tendo, predominan- Embaixador Vladimir Tyurdenev é um en- presas na realização de projetos de grande
temente, matérias-primas.” tusiasta destas iniciativas. escala, de desenvolvimento industrial, com
“Nos últimos tempos, a geografia da a utilização dos últimos avanços científicos e
Ciência e energia interação tem-se ampliado visivelmente, o tecnológicos, inclusive pesquisas já existen-
O embaixador informou que tem sido que foi constatado durante a 4ª Reunião da tes nas áreas de biotecnologia, nanotec-
bem sucedida a interação dos dois países no Comissão Intergovernamental Russo-Bra- nologia, informática, eletrônica e ótica.
Em busca de um crescimento
das nossas relações bilaterais
O Painel I do Seminário Bilate-
ral de Comércio Exterior e In-
vestimentos Brasil-Rússia teve
como tema as relações bilaterais
no agronegócio e foi presidido
pelo Consultor e Representan-
te da Confederação Nacional do
Comércio – CNC, Senador
Bernardo Cabral.
O
Presidente do Conselho Em-
presarial Brasil-Rússia e Presi-
dente da Associação Brasileira de
Exportadores de Carne – ABIEC, Minis-
tro Marcus Vinicius Pratini de Moraes e o
chefe de Gabinete do Ministro da Agri- Rogério Fernando Lot, Fábio Martins Faria e Gregório Maranhão.
cultura, Pecuária e do Abastecimento e
Ex-secretário de Defesa Agropecuária, Moraes destacou a evolução do comércio no de produtos. Da Rússia para o Brasil,
Maçao Tadano, expuseram seus pontos de bilateral entre Brasil e Rússia, as seme- 60% das exportações são de fertilizantes,
vista durante seus pronunciamentos es- lhanças e diferenças entre as duas econo- e 40% de matérias-primas minerais. Do
peciais. O Diretor de Comércio Exterior mias e chamou a atenção para a necessida- Brasil para a Rússia, 60% são das exporta-
do Banco do Brasil Rogério Fernando Lot de que brasileiros e russos têm de se co- ções são de carnes bovinas, suínas e de
moderou o painel. Como expositores, o nhecerem melhor. Apesar dos esforços frango.”
Diretor do Departamento de Planejamen- realizados nos últimos anos, as poten- Segundo o Ministro Pratini de Moraes,
to e Desenvolvimento do Comércio Exte- cialidades do relacionamento bilateral ain- as exportações brasileiras têm crescido
rior do Ministério do Desenvolvimento, In- da são desconhecidas. mais do que as exportações russas.
dústria e Comércio Exterior – MDIC, Fá- “Brasil e Rússia são economias quase “Não podemos pretender que a Rússia
bio Martins Faria; o Secretário-Geral da complementares e, durante longos anos, nos abra mais mercados sem que tenha-
União Nordestina da Indústria da Cana-de- o comércio entre os dois países funcio- mos um volume mais significativo de im-
Açúcar – UNIDA, Gregório Maranhão; e o nou de uma forma lenta, sem grande pro- portações e um maior estreitamento de
Diretor-Geral da Ostalco do Brasil Ale- gresso. Nos últimos dez anos, a corrente relações. Há um aumento na importação
ksander Medvedovsky. A maioria dos pro- de comércio passou de US$ 600 milhões de fertilizantes, mas a Rússia tem todo um
nunciamentos deixou claro que existem para US$ 3,6 bilhões. Foi uma evolução elenco de outros produtos que ainda não
grandes possibilidades de ampliar o inter- expressiva, que se acentuou muito a par- conhecemos e que poderíamos comprar.
câmbio comercial entre os dois países. tir de 2001. A abertura verificada nos últi- Com a atual taxa de câmbio, não há a me-
mos anos permitiu aproveitar melhor o nor dúvida de que a abertura da economia
Semelhanças e diferenças caráter complementar das duas economi- brasileira será ainda maior, e isto significa
Em seu pronunciamento especial, o as, no entanto, nosso comércio ainda é possibilidades de aumentar importações.
Ministro Marcus Vinicius Pratini de muito dependente de um número peque- Isso ainda não acontece porque nossa eco-
Alma russa
A Rússia tem sido classificada, por ob-
servadores internacionais, como um país
emergente, por conta de seu atual estágio
de desenvolvimento econômico, mas o
Ministro Pratini de Moraes discorda des-
ta visão. Segundo ele, o país tem uma das
maiores bases de desenvolvimento tecno-
lógico do mundo em segmentos que vão
da mineração à siderurgia, passando por
turbinas e aviões, sem falar da enorme
contribuição cultural que tem dado à Eu-
ropa e ao mundo.
músicos notáveis
M I N I S T R O P R AT I N I DE ”
MORAES.
nosso e uma grande diversidade cultural.
Minha admiração também se estende à
grande alma russa, que produziu escrito-
se divulgue um pouco mais da Rússia no
Brasil e para que se estimule a vinda de
russos para cá e a ida de brasileiros a Mos-
res como Dostoievski, Tchekhov e Tolstoi cou. Uma maior proximidade produzirá
Por conta de suas atividades profissio- e músicos como Tchaikovsky, Mussorgsky reflexos positivos no fluxo do comércio
nais, como representante dos produtores e Rachmaninoff. A Rússia tem um extra- bilateral.
de carne brasileiros, o Ministro Pratini de ordinário patrimônio que não é conheci-
Moraes tem realizado muitas viagens à do por nós.” Exportações brasileiras
Rússia. Afirma que as atrações locais não Por tudo isto, o presidente da ABIEC “Quero lembrar que, em 1990, 80%
se limitam aos excelentes espetáculos do ressaltou a necessidade de ampliar o co- das exportações brasileiras foram para a
Ballet Bolshoi, aos grandes concertos de nhecimento mútuo e trabalhar no senti- União Européia, Japão, Estados Unidos e
música erudita e recitais de ópera ou mes- do de um maior intercâmbio entre os dois Canadá e 20% para o resto do mundo. Em
mo a uma visita a São Petersburgo. países. Segundo ele, o Seminário Bilate- 2004, 52% das nossas exportações já fo-
“Trata-se de um país imenso, com um ral de Comércio Exterior e Investimen- ram para os países emergentes, incluindo a
território que corresponde ao triplo do tos Brasil-Rússia é importante para que Rússia, e 48% para a tríade Japão, Estados
Comércio bilateral
a potencialidade do mercado russo. As ex-
portações russas para o Brasil também
cresceram, embora exista, ainda, uma gran-
ceiro. O açúcar que exportamos para a de potencialidade a ser explorada neste
Rússia tem como contrapartida o fertili- Em seguida, foi a vez da exposição do sentido.
zante que importamos dela. Hoje, produ- Diretor do Departamento de Planejamen- “Quero ressaltar que, apesar do cres-
zimos 380 milhões de toneladas de cana- to e Desenvolvimento do Comércio Ex- cimento do comércio bilateral, temos uma
de-açúcar, o que nos torna o maior produ- terior do MDIC, Fábio Martins Faria, que participação pouco expressiva. Em 2005,
tor de cana, açúcar e álcool e o maior ex- fez uma abordagem da perspectiva mate- as exportações brasileiras para a Rússia re-
portador de açúcar e de álcool do mundo. rial do comércio bilateral. presentaram apenas 2,4% das importa-
No passado, estivemos ancorados no açú- “A Rússia e o Brasil fazem parte do gru- ções totais russas, ou seja, o Brasil ainda é
car; no presente e no futuro estamos anco- po apelidado de BRIC (Brasil, Rússia, Ín- um fornecedor pouco expressivo para o
rados nas perspectivas do álcool, face ao dia e China), países emergentes com gran- volume das importações russas. A Rússia
petróleo finito no cenário internacional. O de potencialidade de crescimento. A Rússia também se revelou um fornecedor pou-
álcool é um combustível limpo, renovável, tem experimentado taxas de crescimento co expressivo nas importações brasilei-
e projetamos uma produção em torno de muito significativas e temos grandes pos- ras, que cresceram 17% no ano passado,
520 milhões de toneladas de cana-de-açú- sibilidades de desenvolvimento de parce- ao passo que as exportações russas para o
car para os próximos cinco anos”. rias. Quero chamar atenção para o fato de Brasil tiveram um ligeiro declínio. A ex-
O cultivo da cana-de-açúcar ocupa, a Rússia ter saltado da posição de 17º para portação russa não acompanhou o cresci-
hoje, no Brasil, cerca de 5,5 milhões de 14º maior exportador do mundo, em mento global que se deu nas importações
hectares de terras cultiváveis e, em breve, 2004. Não temos ainda os números de brasileiras.”
serão 7 milhões de hectares ocupados, 2005, mas, com a evolução do preço do Em 2006, os dados da balança comer-
principalmente nas novas fronteiras agrí- petróleo, é provável que a Rússia tenha cial, até a terceira semana de fevereiro, quan-
colas, como o estado do Maranhão. desbancado alguns países e galgado mais do foi realizado o seminário, revelaram um
“Temos que preparar e fertilizar estes algumas posições no ranking de maiores crescimento das importações brasileiras,
solos e isto, certamente, vai repercutir no exportadores mundiais. O Brasil se man- mostrando que o campo se amplia, até
nosso comércio bilateral tradicional: açú- teve na 25ª ou 23ª posição, ainda não te- mesmo pelo barateamento do produto
car e fertilizantes. Hoje, praticamos no Bra- mos um resultado fechado.” importado devido ao fortalecimento da
sil os dois menores custos de produção de Em cinco anos, nossas exportações moeda brasileira.
açúcar do mundo. O primeiro menor cus- para o mundo dobraram, enquanto, neste Em 2004, a Rússia importou US$ 132
to fica na região Centro-Sul e o segundo na mesmo período, as exportações brasilei- milhões em móveis e o Brasil praticamente
G
Comércio, Indústria e Turismo ilberto Ramos manifestou-se hon- de cooperação com a associação de pe-
rado em presidir uma mesa com a quenas e médias empresas da Federação
Brasil-Rússia. O moderador foi presença do Embaixador Sebastião Russa, o que, a seu ver, é altamente pro-
o diplomata Sebastião do Rego do Rego Barros, o representante brasilei- dutivo para ambos os países, pois, se a
ro na então União Soviética quando Gil- Rússia é admirada pelo progresso de sua
Barros, ex-Embaixador do Bra- berto ali residiu, no período de transição tecnologia, o Brasil também tem muito o
sil na Rússia e ex-Diretor da do socialismo para o capitalismo. Sebastião que vender nesse campo. Segundo Gil-
do Rego Barros e sua esposa aprenderam berto Ramos, é preciso intercambiar, agre-
Agência Nacional de Petróleo – o idioma russo, o que, em sua opinião, gar valores e, mais do que comprar ou
ANP. Foram expositores o De- configura uma lição: a de que não se pode vender, há que firmar parcerias.
fazer relação bilateral sem que haja aproxi-
putado Haroldo Lima, Diretor- mação e compreensão entre as pessoas. A Desenvolvimento da Rússia
Geral da Agência Nacional de propósito, o presidente do painel invocou O presidente do painel anunciou, em
Petróleo – ANP; Andrei Potem- o testemunho do Deputado Haroldo Lima, seguida, alguns dados numéricos sobre o
com quem viajara a Moscou, em junho de desenvolvimento da Rússia, cujo PIB cres-
kin, Diretor Administrativo da 2005, para negociar compra de petróleo, ceu 5,4% em 2005, atingindo cerca de
Rubrasgeo Engenharia, uma pois a Rússia é a maior produtora mundial US$ 581 bilhões.
de gás e a sexta de petróleo, sendo que, A produção industrial aumentou 4% em
subsidiária da Neftegasgeodesia nesse item, sua produtividade ultrapassa a relação a 2004 e chegou a US$ 140,8 bi-
no Brasil; e Ednaldo Pinheiro da própria Arábia Saudita. lhões. No mesmo período, as exportações
Da visita de 2005, da qual participou cresceram 133,9% (sobretudo, graças ao
dos Santos, Gerente Nacional de uma comitiva de empresários e de funcio- aumento do preço do petróleo), enquanto
Logística de Carga da Infraero. nários da Petrobras, resultou um acordo as importações aumentaram 128,5 %.
quando, em seu íntimo, ele não desejava Ao referir-se à área energética, o expo- Brasil da Neftegasgeodesia, que iniciou
moderar nem um pouco o entusiasmo sitor reiterou o que já ouvira no desenro- sua participação comunicando à assistên-
demonstrado por Gilberto Ramos, cujos lar do seminário: que, no atual surto de cia a presença no seminário do senhor
anos de trabalho em favor da união dos desenvolvimento russo, os principais Yury Piskunov, diretor-geral da empre-
dois países permitem-lhe, em sua opinião, componentes são o gás e o petróleo, de sa. A seguir, apresentou as características
ser intenso em defesa dessa causa. Em se- que a Rússia tem reservas abundantes. da Neftegasgeodesia, cuja sede está em
guida, o moderador passou a palavra ao Pediu licença para lembrar que, também São Petersburgo, um dos maiores cen-
primeiro expositor, Deputado Haroldo no Brasil, o setor de gás e petróleo vem tros culturais, científicos e tecnológicos
Lima, Diretor-Geral da Agência Nacional experimentando um notável crescimen- da Rússia. O expositor acrescentou, ain-
de Petróleo – ANP. to, um boom menor do que o russo, mas da, que a Rússia, possui, hoje cerca de
bastante expressivo, da ordem de 316%. 150 mil quilômetros de gasodutos e 50
“ Tecnologia, equipamento
e financiamento: três itens que
Haroldo Lima lamentou que esses se-
tores, em crescimento lá e aqui, não tro-
quem experiências e produtos, pois não
mil de oleodutos e que a construção e a
ampliação dessa rede requer um conhe-
cimento específico de engenharia geo-
a Rússia tem e o Brasil precisa
D E P U TA D O H A R O L D O L I M A N ” existe um significativo comércio da nafta e
de outros derivados, inclusive fertilizantes.
Disse também que a Rússia compra muito
désica e geológica e de serviços de
hidrologia, topografia, hidrometrologia,
biofísica, ciências ambientais e muitos
O deputado começou mencionando açúcar do Brasil – produto que representa
que a economia russa tem observado, nos
últimos anos, índices de crescimento que
chegam, algumas vezes a 8%, enquanto, no
25% de nossa pauta de exportação – mas
não o álcool, que poderia ser importante
para a melhoria do combustível automotivo
“ A Rússia possui, hoje, cerca de
150 mil Km de gasodutos
Brasil, “há mais de vinte anos mourejamos
no pantanal do subdesenvolvimento, sem
conseguirmos chegar a um crescimento
daquele país. Segundo o deputado, há uma
demanda reprimida de etanol na Rússia que
poderia ser superada com a importação do
e 50 mil Km de oleodutos
ANDREI POTEMKINN ”
efetivo, com vergonhosos índices, em tor- álcool brasileiro. Em seguida, manifestou a outros saberes que sua empresa detém.
no de 2 a 2,5%”. Lembrou depois que pa- opinião de que o Brasil deveria estabelecer Relatou também que a Neftegasgeodesia,
íses que têm o mesmo perfil que o nosso, parcerias com os russos no transporte de fundada nos anos 70 do século XX, es-
como a Índia e a China, vêm no mesmo gás, que implica em tecnologia, equipamen- pecialmente para fornecer acompanha-
caudal de crescimento, enquanto nós per- to e financiamento, três coisas que a Rússia mento geodésico a expedições russas à
manecemos crescendo pouco, o que, a seu tem hoje em larga vantagem e de que o Antártica, tem, hoje, mais de 600 funci-
ver, é a mais importante questão a ser re- Brasil precisa, dadas as dimensões de nosso onários, possui representações em gran-
solvida pelos brasileiros. Um problema a país e a necessidade de supri-lo de energia, des centros do país e dispõe de uma es-
que deveríamos estar atentos, pois é grave especialmente nas regiões mais distantes e trutura institucional composta por sete
e de resolução difícil. inóspitas. departamentos que executam atividades
Ao abordar as relações russo-brasilei- Segundo o expositor, uma outra ques- ligadas à reconstituição de redes geo-
ras, o deputado lembrou, inicialmente, que tão a ser encarada diz respeito à perfuração désicas, criação de mapas e plantas topo-
há um dado histórico de semelhança em e exploração de gás e petróleo. Ele relatou gráficas, mapeamentos de dutos subter-
ambas as economias: o de que, por dife- que o Brasil realizou, em novembro de râneos, levantamento offshore, criação de
rentes razões, elas se abriram recentemen- 2005, a oitava rodada de blocos de perfura- sistemas de informação geográfica,
te, ao contrário dos países de longa tradição ção e exploração de gás e petróleo, mas, escaneamento de terrenos, criação de
de economia aberta, como França, Ingla- surpreendentemente, a Rússia não se fez modelos digitais tridimensionais etc.
terra e Estados Unidos. Mencionou a títu- presente. Formulando votos de que esses No que diz respeito a trabalhos de en-
lo de exemplo que, em 1990, a participa- problemas em breve sejam superados e genharia associados à ecologia, Andrei
ção da corrente comercial no PIB brasilei- ocorra, então, o tão esperado dinamismo Potemkin assegurou que a empresa reali-
ro era de 11,1%, tendo passado, em 2004, do comércio bilateral entre os dois países, za estudos hidrológicos, hidroquímicos,
a 26,4%, o que demonstra a força da aber- o Deputado Haroldo Lima agradeceu a to- hidrogeológicos; estudos de sedimentos
tura. Disse que isso teve conseqüências no dos e deu por encerrada sua exposição. em bacias hidrográficas; avaliações de flo-
comércio entre os dois países, pois, em ra e fauna; avaliação da contaminação do
2000, a corrente comercial entre Rússia e Gasodutos e oleodutos ar e do solo; controle radiológico e estu-
Brasil era de US$ 1 bilhão, tendo passado a O moderador Sebastião do Rego Bar- dos sobre impacto econômico e social.
US$ 3,6 bilhões em 2005, o que significa ros passou a palavra, em seguida, ao se- Isto significa que ela se responsabiliza por
um crescimento de 360%, que chamou de gundo expositor do painel, Andrei estudos ecológicos em todas as etapas de
“um aumento significativo”. Potemkin, Diretor Administrativo para o realização de seus projetos, principalmen-
Terminal de Campinas, em São Paulo. Terminal de Guarulhos, em São Paulo. Terminal de Manaus, no Amazonas.
O
painel foi aberto com um pronun- Inácio Lula da Silva. Nosso objetivo, para
Agência Nacional de Petróleo – ciamento especial de Armando 2006, é um crescimento de 12% em rela-
ANP, Roberto Ardenghy; do re- Meziat, ao afirmar que, nos últi- ção a 2005, e tudo indica que esta meta
presentante do Conselho da Câ- mos anos, o comércio exterior brasileiro tem tudo para ser atingida.”
teve um crescimento expressivo. Ele citou, Em seguida, Armando Meziat passou a
mara Brasil-Rússia, José Carlos especialmente, o ano de 2005, em que as tratar de uma outra tendência: o cresci-
Pimenta Veloso; e do Diretor de exportações brasileiras atingiram o recorde mento da presença e da importância dos
histórico de US$ 118 bilhões, registrando manufaturados no comércio internacio-
Transporte Espacial e Licencia- um aumento de 122% sobre o ano anterior. nal brasileiro. Segundo ele, hoje, entre os
mento da Agência Espacial Bra- “Em 2005, tivemos o maior saldo da principais produtos brasileiros de expor-
história do Brasil: US$ 44,7 bilhões, e uma tação, encontram-se os manufaturados,
sileira – AEB, e Vice-Presidente corrente comercial acima de US$ 190 bi- sendo que alguns são caracterizados por
do Grupo de Trabalho Conjunto lhões, ou seja, nos últimos 12 meses, su- uma alta intensidade tecnológica. Em
Brasil-Rússia, João Luiz Filguei- peramos a marca dos US$ 120 bilhões. 2004, o percentual dos manufaturados nas
Isto significa que as exportações dobra- nossas exportações foi de 54,9%; em
ras de Azevedo. ram nos três anos do governo de Luiz 2005, passou para 55,1%.
Dependência x Independência
que o Brasil tem tradição e experiência no
uso do álcool como combustível e, por
isto, a ANP tem recebido diversas delega-
do álcool como combustível
ROBERTO ARDENGUYN ”
Com relação ao mercado externo, o ções estrangeiras que vêm constatar e co- “O consumidor brasileiro pode che-
superintendente da ANP afirmou que exis- nhecer a experiência brasileira. gar num posto e dizer: ‘ponha R$ 50,00
te, hoje, um superávit de gasolina no Bra- “Quando nós informamos que a gaso- de álcool e R$ 50,00 de gasolina’ e o
sil. Em 2005, exportamos 2,8 milhões lina brasileira comum tem 25% de álcool, motor se adapta a esta mistura, pois pos-
de m³ de gasolina. Por outro lado, tive- a tendência de alguns visitantes é contes- sui uma flexibilidade muito grande. Fala-
mos que importar 6% do diesel consu- tar, inclusive tecnicamente, esta informa- se, hoje, em motor tri flex, que roda, tam-
mido em nosso território. ção. Os químicos dizem: ‘mas não é possí- bém, com gás natural como terceiro ele-
“Isto revela justamente o problema vel! Como um país como o Brasil tem mento desta equação, o que dá ainda mais
brasileiro. A matriz do nosso transporte esta quantidade de álcool na gasolina e ela liberdade de troca entre os produtos. Os
está muito centrada no óleo diesel e te- funciona?!’ No entanto, esta é a realidade, carros flexíveis são, atualmente, uma gran-
mos que tentar diminuir a nossa depen- porque os motores brasileiros estão tão de vedete no mercado de automóveis do
dência do mercado externo. Neste cená- adaptados que a mistura de álcool, que Brasil. Por conta da demanda e da situação
rio, o álcool tem um papel importante: começou com 4,5% em 1977, está em favorável do mercado, hoje, 89 unidades
nos abastecemos totalmente deste com- 25% desde 2002. Com ela, os carros ro- produtoras de álcool estão sendo implan-
bustível e cerca de 17% do álcool que dam de maneira bastante eficiente, e o ál- tadas em todo o Brasil. Grande parte dos
produzimos, em 2005, já foi exportado.” cool combustível já está consolidado para projetos está no Oeste de São Paulo, em
Segundo Roberto Ardenghy, nos úl- ser usado junto com a gasolina.” Minas Gerais e em Goiás, com uma ver-
timos anos, a produção de cana-de-açú- Em seguida, Roberto Ardenghy infor- dadeira expansão da fronteira agrícola.
car tem aumentado significativamente no mou sobre um aumento impressionante na Para os próximos cinco anos, está previs-
Brasil. Isto ocorreu especialmente a par- comercialização dos carros chamados flex to o incremento de 150 milhões de tone-
tir de 2001, principalmente na região fuel, desenvolvidos no Brasil com uma ladas/ano na produção de álcool. Como,
Centro-Sul. Os destaques são os estados tecnologia que, hoje, inclusive, está sendo hoje, o Brasil manipula 380 milhões de
de São Paulo, Mato Grosso e Paraná. Ele exportada e direcionada para o resto do toneladas de álcool, podemos, pratica-
afirmou que, hoje, 70% da produção do mundo. Estes veículos rodam com gasolina mente, aumentar em 50% este número
álcool no Brasil vêm de São Paulo e de ou com álcool, independentemente da quan- nos próximos cinco anos com os projetos
seus estados limítrofes. tidade de gasolina que esteja no tanque. que estão em andamento”.
Gilberto Ramos, a Embaixadora Lindiwe Zulu, João Augusto de Souza Lima e o Embaixador Vladimir Tyurdenev.
Para compor a mesa da Sessão So- Honorário da África do Sul e Con- rismo Brasil-Rússia, Gilberto Ra-
lene de Encerramento, o Presi- selheiro da FCCE, Dom Philippe mos; o Vice-Presidente da FCCE
dente da FCCE, João Augusto de Tasso de Saxe-Coburgo e Bra- e Presidente da Câmara Portu-
Souza Lima, convocou as seguin- gança; o Diretor de Planejamen- guesa de Comércio e Indústria do
tes personalidades: a Vice-Presi- to e desenvolvimento do Comér- Rio de Janeiro, Arlindo Catoia
dente Executiva da Associação de cio Exterior do MDIC, Fábio Varela; o Embaixador Extraordi-
Comércio Exterior do Brasil – Martins Faria; o Cônsul-Geral da nário e Plenipotenciário da Fede-
AEB, Lúcia Maldonado; o Dire- Rússia no Rio de Janeiro Alexey ração da Rússia no Brasil, Vladimir
tor de Transporte Espacial e Labetskiy; o ex-Embaixador do Tyurdenev; e a convidada especi-
Licenciamento da Agência Espa- Brasil na Rússia, Sizinio Pontes al, Embaixadora Extraordinária e
cial Brasileira – AEB, João Luiz Nogueira; o Presidente da Câma- Plenipotenciária da África do Sul,
Filgueiras de Azevedo; o Cônsul ra de Comércio, Indústria e Tu- Lindiwe Zulu.
deixar registrada a importância do apoio que Segundo João Augusto de Souza Lima, Presidente da FCC confraterniza com o
recebemos da sociedade, dos empresários o sucesso deste tipo de realização depen- Embaixador Vladimir Tyurdenev.
e, sobretudo, do Ministério do Desenvol- de, também, do apoio das autoridades es-
vimento, Indústria e Comércio Exterior – trangeiras, incluindo embaixadores e côn- ária da África do Sul, Lindiwe Zulu, que
MDIC, que, entre outras coisas, colabora sules-gerais. nos prestigia nesta ocasião, o que nos per-
na escolha dos países que serão tema de “Acredito que esse foi o primeiro de mite antever o sucesso que vai ser o pró-
cada seminário. São países comercialmente alguns dos grandes eventos que faremos ximo seminário, dedicado ao seu país. Faço
e politicamente estratégicos para o Brasil. com a Rússia. Quero agradecer de uma absoluta questão de fechar esta reunião
Tivemos 12 seminários em 2005, aos quais forma especial ao Cônsul Honorário da homenageando dois embaixadores: Vladi-
grande parte dos senhores compareceram. África do Sul, Dom Philippe Tasso de mir Tyurdenev, da Rússia e a Embaixadora
Neste ano de 2006, estamos inaugurando Saxe-Coburgo e Bragança, nosso colega da África do Sul, Lindiwe Zulu. Obrigado
uma nova fase deste empreendimento. Fe- da FCCE, e à Embaixadora Plenipotenci- pela presença de todos.”
As epidemias atacam tanto os paí- surgindo na Itália e na Alemanha preocu- saúde dos seres humanos como da saúde
ses desenvolvidos – como ocorreu pam demais os ministérios da área, as au- dos animais domésticos.
com o Mal da Vaca Louca – quanto toridades sanitárias, as autoridades estadu-
os países em desenvolvimento. Os ais e os produtores. É necessário um es- Quais as repercussões de uma boa
prejuízos para os negócios são sem- forço coletivo para derrotar a febre aftosa vigilância sanitária no comércio ex-
pre grandes e as repercussões sem- e todas as outras doenças animais. terior?
pre negativas? MT – Uma vigilância sanitária eficiente
MT – As repercussões são negativas sem- O senhor acha que a defesa sanitá- pode trazer a não existência de doenças, o
pre. É claro que o Brasil já vem fazendo ria animal veio para ficar ou é ape- reconhecimento dos nossos produtos pe-
monitoramento e educação sanitária em nas uma situação transitória? los compradores, o estímulo à exportação
relação ao Mal da Vaca Louca e à Gripe MT – A defesa sanitária animal e vegetal e a presença dos importadores no nosso
Aviária, situações que, felizmente, nós não não é um trabalho periódico nem momen- país, fazendo contratos de compra de pro-
temos no país. Mesmo assim, é preciso se tâneo. Ela deve acontecer hoje, amanhã e dutos animais e vegetais. Nós acreditamos
antecipar em relação ao monitoramento sempre. A vigilância sanitária tem que ser nas boas relações empresariais, nos nossos
das aves migratórias. Os focos que estão permanente. Precisamos cuidar tanto da companheiros, no Brasil e no exterior.
Como o senhor vê o atual progra- O senhor acha que, na área do pe- conosco na produção e nem ter a in-
ma de biodiesel brasileiro? Ele já é tróleo, pode haver uma cooperação sensatez de imaginar que todos querem
uma realidade ou está ainda em fase entre os países ou este é um setor em passar na nossa frente. Temos que ser
de experiência? que impera, necessariamente, a cautelosos. Acredito, no entanto, que o
HL – O programa do biodiesel brasileiro competição? É possível realizarmos, Brasil tem dado passos significativos nes-
é uma política irreversível. Não se trata de por exemplo, joint ventures com a te sentido. Hoje, mais de 30 empresas
algo ainda mais grandioso porque come- Argentina e a Venezuela? estrangeiras são concessionárias da ANP
çou há muito pouco tempo. Como fonte HL – Acho que temos que constatar e elas têm contribuído para a explora-
energética, em escala universal, o biodiesel que o petróleo tem os dois componen- ção e a produção petrolífera em nosso
teve sua primeira patente registrada no Brasil tes: um de grande disputa e outro de território em parceria com a Petrobras.
pelo Professor Expedito Parente, no final possibilidades de cooperação. Temos que
da década de 1970, no Ceará. A idéia ficou trabalhar nas duas linhas. Não pode-
meio amortecida durante muito tempo, mos ter a ingenuidade de achar que
mas, nos últimos anos, foi reempulsionada. todo mundo quer colaborar
O atual governo lançou o seu programa de
biodiesel, convocou a Petrobras a partici-
“Acompanhar o mercado e
aproximar as nações”
Os amigos de Gilberto Ramos,
Presidente da Câmara Brasil-
Rússia de Comércio, Indústria e
Turismo, costumam dizer que
ele é brasileiro, mas tem alma
russa. De fato, ele possui uma
profunda identificação com
aquele país e procura, em seu
trabalho, estreitar os laços en-
tre brasileiros e russos.
tem mostrado um grande interesse em Petróleo. Durante a missão, foram feitos especialista em prospecção de petróleo
resolver as pendências que surgem nas muitos contatos e negociações. O objeti- em águas profundas e a Rússia tem ex-
suas relações com o Brasil. vo final é tornar o Rio de Janeiro a princi- celência na construção de gasodutos e
“A Rússia tem demonstrado um pal porta de entrada de negócios russos na extração e armazenamento do gás na-
grande esforço em solucionar esta pen- no Brasil. tural. Assim, um intercâmbio tecno-
dência, pois a febre aftosa, quando cons- “Os russos também têm interesse em lógico nestas áreas pode ser muito fa-
tatada, tem que ser enfrentada. Proble- investir na área de petróleo e gás, con- vorável para ambas as partes”, declarou
mas como este afetam muitos países, centrada no Rio de Janeiro. O Brasil é Yuri Kudryavtsev.
não apenas o Brasil. Devemos unir es-
forços no sentido de encontrar cami-
nhos para, no futuro próximo, diminuir
estes problemas.” “O conhecimento é
Projetos espaciais
Ao tratar dos convênios na área da
tecnologia aeroespacial,Yuri garantiu que
fundamental para
as perspectivas são muito boas.
“A Rússia é muito forte nesta área.
Nossa experiência é mundialmente co-
aproximar os povos”
nhecida e respeitada e temos muito a con-
tribuir para o Brasil. Estamos trabalhando
com equipes de técnicos brasileiros para
concretizar alguns projetos em áreas que
O Chefe da Divisão da Europa II – DE II,
do Ministério das Relações Exterio-
res, Conselheiro Alexandre de Azevedo
podemos atuar juntos. O Brasil é um país Silveira, é um experiente negociador na
de grande porte e com expressivo desen- área de comércio exterior. Nesta condi-
ção, considera extraordinário o atual cres-
do Rio de Janeiro, participaram da visita pela FCCE são importantes para acelerar gumas vezes, se faz presente. Todos sabe-
representantes da Petrobras, Transpetro, o processo, promover a identificação de mos que a Rússia é um país enorme e com
Agência Nacional do Petróleo, FECO- oportunidades e aproximar as partes in- um clima diversificado, mas a imagem
MERCIO, SEBRAE, FIRJAN, Câmara de teressadas. corrente é de um território inteiramente
Comércio Brasil-Rússia e das secretarias “A área cultural também é importan- gelado, cheio de ursos e de vodca. Isto é
estaduais de Agricultura, Desenvolvimen- te, pois aproxima os povos e elimina mui- uma visão redutora. Por seu lado, os rus-
to Econômico, Energia, Indústria Naval e to da visão folclórica e superficial que, al- sos acham que o Brasil é o país do carna-
val, do futebol e das praias. É isso, tam- uma série de outros projetos conjuntos, ral e, desde então, a concentração na área
bém; mas não é só isso.” estudos e ações de longo prazo. Quanto às de política internacional multilateral tem
Segundo o conselheiro, a pauta de nego- relações políticas, segundo Alexandre de sido intensa. Técnicos russos e brasileiros
ciação bilateral entre Brasil e Rússia perma- Azevedo Silveira, elas vão muito bem e só se reúnem semestralmente para consul-
nece, praticamente, a mesma dos últimos tendem a melhorar. tas políticas, em diversos níveis.
anos, e o grande crescimento tem aconteci- “A Divisão da Europa II, atua primor-
do na área das carnes brasileiras. À medida
que aumentam os contatos bilaterais, outras
áreas tendem a se destacar.
“ Técnicos russos e brasileiros
se reúnem semestralmente
dialmente na área política. Nos campos
de promoção comercial; ciência e
tecnologia; esporte e cultura isso é fei-
“Na área de energia, principalmente em
relação ao gás natural, muitos convênios
estão sendo estudados. A Comissão de Alto
para consultas políticas
ALEXANDRE DE ”
A Z E V E D O S I LV E I R A N
to de forma assessória. Nós acompanha-
mos, apenas. A DE II conta com uma
comissão de alto nível que realiza reu-
Nível de Cooperação Comercial, presidi- “As relações políticas estão se desen- niões anuais. O braço executivo é a Co-
da, do lado brasileiro, pelo Vice-Presiden- volvendo com intensidade desde a reto- missão Intergovernamental de Coope-
te da República, José Alencar, tem desen- mada dos contatos, ocorrida com o fim ração, presidida pelo Secretário-Geral
volvido um trabalho intenso e regular de da União Soviética. Naturalmente, a das Relações Exteriores, do lado brasi-
identificação de oportunidades. A fase de Rússia sofreu um processo de transfor- leiro, e pelo diretor da Agência Federal
comércio marcada por um crescimento mação política interna sem precedentes da Indústria da Rússia, que também tem
rápido em curto espaço de tempo aconte- e muita coisa mudou. No comércio bila- mantido encontros anuais. Para agilizar
ceu quase que por uma circunstância. Fo- teral, as transações tiveram de se readap- o funcionamento deste braço executi-
mos vender carne; os russos precisavam tar; o país tem uma economia enorme e vo, temos realizado, entre uma reunião
de carne e começaram a comprar. A partir quando tudo muda, é necessário realizar e outra, o encontro dos presidentes da
deste negócio, passaram a ser identificadas uma reorganização muito grande.” Rússia e do Brasil para troca de idéias e
outras oportunidades, sendo muitas delas As mudanças na área política têm ocor- para que tenham conhecimento do an-
na área de energia, no setor espacial.” rido, notadamente, a partir de 1997, com damento das decisões tomadas. Na área
Essa cooperação, segundo o conselhei- a visita ao Brasil do, então, Chanceler da DE II existe uma estrutura de diálo-
ro, é mais do que uma simples operação Yevgeny Primakov. Na ocasião, fez-se uma go, de contatos bilaterais extremante
de compra e venda e, por isso, demanda reorganização do relacionamento bilate- ativa e abrangente.”
Lindiwe Zulu chega à FCCE e é recebida... por seu Presidente, João Augusto de Souza Lima e por Dom Philippe de Saxe-Coburgo e Bragança.
E
que mandara recolher nas igrejas de Moscou) para a fortaleza de
“Alexandra Sloboda”, um antigo pavilhão de caça, a 120 quilô-
metros de Moscou, agora transformado em fortaleza.
Em 18 de março de 1.530, nasce.no Kremlin, Não renuncia, não abdica, simplesmente “vai embora”, já que
o Grão-Principe de todas as Rússias, o Grão- não o deixavam governar o país do jeito que bem entendesse.
Duque de Moscou, Ivan Vassiliévitch, filho de Assim, de repente, de um dia para o outro, todo o povo russo
Vassili III, que ascende ao trono ainda criança, se sentiu órfão!
e, com apenas 17 anos, torna-se Czar, conhe- O Kremlin está vazio... o poder, indefinido... os boiardos e os
cido como “Ivan, o Terrível”. clérigos, completamente tontos, sem saber o que fazer, e já te-
Inegavelmente o mais cruel, o mais sanguinário, o mais mendo por sua segurança, pois o povo russo adorava Ivan IV, e
desequilibrado de todos os dirigentes russos dos últimos 500 começou a culpá-los pela ausência de seu líder. Uma sensação
anos, mas, ao mesmo tempo, o mais importante, o mais com- de vazio, e completo desamparo tomou conta da população, nos
petente guerreiro, e o maior político e consolidador do Im- quatro cantos da Rússia!
pério Russo que passou, a partir desse tresloucado assassino A nobreza e o clero cedem... Os templos ortodoxos, e os
que se incumbiu de matar seu próprio filho e herdeiro, a ser palácios boiardos, ameaçados de depredação pelo povo que exi-
um país com fronteiras sólidas, definidas, engrandecido e rico. gia o retorno do Czar ao Kremlin, caíram de joelhos em frente ao
A Rússia deve a Ivan IV, sua supremacia sobre os tártaros e todo poderoso Czar Ivan IV, que assim reina tranquila e sanguina-
mongóis, em função das sucessivas derrotas impostas por esse riamente até o final de sua vida , em 18 de março de 1584, data
grande general aos tártaros (em Kazan, no ano de 1552) e aos em que completava exatamente 54 anos.
mongóis (Astracã em 1556) descendentes da Horda Dourada Essa é, em linhas gerais, a figura e o desempenho do Czar Ivan IV,
de Gengis Kahn. denominado “o Terrível”, com sinais marcantes de estadista, político
Na metade do Século XVI, o mundo ocidental vivia sua maior habilidoso, sanguinário, cuel, grande guerreiro e, sobretudo louco...
fase de Renascimento e iluminismo, apresentando figuras notá- Mas... por incrível que pareça, não foi por nenhum dos
veis como Michelangelo e Leonardo da Vinci, enquanto que a predicados relacionados acima que Ivan Vassiliévitch passou para
Rússia aparecia como um País semi-bárbaro (apesar de a história, e se imortalizou.
cristianizado desde o Século IX através de São Cirilo), uma país Foi, inegavelmente, pela sua fé, devoção e religiosidade!
de homens de barbas longas, dentro de um sistema feudal domi- Incríveis contrastes apresentava esse homem fora de qualquer
nado pelos “boiardos”, integrantes de um grande “Senado” à se- padrão humano.
Ivan IV era muito piedoso, apegado às va convocar os carrascos, e apontava, na ção punitiva” às cidades de Pskov, Tver e
coisas da igreja, aos ícones, e às pinturas parede, o tipo de tortura que o desgraça- outras próximas, chegando ao incrível
sagradas.. do deveria sofrer, antes de executado. Esse número de 30.000 execuções!!
Quando mandava executar sentenças era um dos maiores prazeres do Czar Ivan. Ao contrário dos reis e príncipes de
de morte e de tortura, quase que de ime- Apenas para ilustrar essa “religiosida- sua época, fascinados pelo paraíso, anjos,
diato enviava grandes somas de dinheiro de” de Ivan IV é bom lembrar que, no dia santos e o céu do Padre Eterno, Ivan IV
aos seus mosteiros preferidos, para que 7 de janeiro de 1570, após assistir, piedosa era absolutamente deslumbrado pelo in-
os monges e religiosos “rezassem pelas e fervorosamente, à Santa Missa na Cate- ferno, pela condenação das almas, e por
almas dos mortos”, fornecendo listas, de dral de Santa Sofia, em Novgorod, o todo todos os horrores do Reino de Lúcifer, o
próprio punho, com a relação dos nomes poderoso czar de todas as Rússias manda Senhor das Trevas...
das pessoas executadas. Cinismo, debo- executar, friamente, 500 (sim, quinhen- Em compensação, sofrendo natural-
che? Não... loucura, pura e simples. tos) monges e toda a população da cidade! mente de insônia, mandava que seus ser-
Em seu castelo-fortaleza de Alexan- Em seguida empreendeu uma “peregrina- viçais lessem trechos das vidas dos santos
dra Sloboda, Ivan mandara pintar, nas pa- para embalar seu piedoso sono...
redes, cenas bíblicas do inferno. Até hoje Mas foi essa religiosidade exacerbada,
podem-se ver infelizes se contorcendo, esse fanatismo religioso, que levou Ivan a ser
sofrendo torturas atrozes. Para as execu- o criador, e o responsável por um dos maio-
ções, que eram quase diárias, Ivan manda- res monumentos religiosos do planeta.
Memórias de um diplomata
O brasileiro Sebastião do Rego Barros viu de perto o fim da União
Soviética e o ressurgimento da Rússia enquanto servia no país
O
Embaixador Sebastião do Rego
Barros, moderador do Painel II do
Seminário Bilateral de Comércio
Exterior e Investimentos Brasil-Rússia, or-
ganizado pela FCCE, foi um dos brasilei-
ros que estava no Leste Europeu e assis-
tiu, de perto, ao colapso do regime co-
munista nos países daquela região, a partir
do final da década de 1980. Considerado
um dos melhores diplomatas do Ministé-
rio das Relações Exteriores, chegou a
Moscou na qualidade de embaixador ple-
nipotenciário do Brasil na União das Re-
públicas Socialistas Soviéticas – URSS, no
ano de 1990, e ali serviu até 1994, quan-
do a Rússia já passara a ser uma irreversível
realidade.
Fez questão de estabelecer o maior
contato pessoal possível com o país em
que servia, não hesitando em mergulhar
no aprendizado da língua russa, cuja escri-
ta se dá em caracteres cirílicos, muitos dos
quais estranhos ao nosso alfabeto.
Turbulência histórica
O embaixador costuma dizer que
conviveu com uma das maiores turbu- Sebastião do Rego Barros plantou as sementes de um novo relacionamento comercial.
lências já ocorridas em qualquer socie-
dade, em qualquer período da história repúblicas soviéticas se tornaram indepen- rido um grande marasmo não apenas em
da humanidade. Ele conta que, no coti- dentes e a Federação Russa teve de se re- relação ao comércio com o Brasil, mas a
diano da então União Soviética, tudo compor enquanto nação, perdendo parte todo o comércio com o exterior. Demo-
mudava diariamente, deixando estupefa- de seus territórios e riquezas naturais. rou a haver o restabelecimento de impor-
tas tanto a cúpula política local, que foi Segundo o embaixador, essa subversão tações, já que as enormes empresas esta-
atropelada pelos acontecimentos, quan- era inevitável, pois o país havia se tornado tais, responsáveis pelas grandes compras,
to a população, que perdeu alguns dos inviável e ingovernável, tantos eram os foram, quase todas, substituídas por em-
privilégios de que dispunha nas áreas de segredos mantidos pelos homens da polí- presas privadas que ainda não possuíam
saúde e de educação, por exemplo, em cia secreta KGB, que impediam a circula- cabedal para assegurar o mesmo nível de
favor da possibilidade de um desenvol- ção de informações de toda a natureza, aquisições.
vimento geral mais acelerado e da supe- inviabilizando não apenas a administração, Ainda assim, ele diz que plantou as
ração do atraso frente às sociedades mais mas as próprias condições necessárias para sementes de um novo relacionamento
desenvolvidas do Ocidente. um mínimo de participação da sociedade comercial entre os dois países, o que,
Finalmente, em 21 de dezembro de na gestão e na própria vida do país. modestamente, lhe parece bem pouco,
1991, a União Soviética se desfez, no bojo Do ponto de vista das relações comer- mas que se constituiu num trabalho re-
de um processo de aberturas comandadas ciais entre os dois países, o embaixador conhecido hoje pelos analistas de nossa
por Mikhail Gorbachev. Várias das então lamenta que, àquele tempo, tivesse ocor- política exterior.
A
criação do Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial – Senac,
em 10 de janeiro de 1946, cami-
nha não somente com o crescimento do
Setor do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo nestes últimos 60 anos, mas tam-
bém com a da educação do Brasil. Numa
trajetória de tantas conquistas, destacam-
se momentos significativos.
Na década de 1940, o Senac se caracte-
rizou pela intensa colaboração com o en-
sino comercial do sistema regular, pelo
esforço para se implantar nos diversos
estados do país e por apostar no ensino a
distância como uma das alternativas para
o conhecimento. Outra ação marcante,
logo nos anos 1950, foi a criação da pri-
meira empresa pedagógica, através de uma O SenacMóvel leva conhecimento de qualidade a localidades distantes dos grandes centros.
loja-escola em venda varejista, dando ori-
gem aos atuais e diversos hotéis, restau- tema Senac, a Instituição passou, de forma Já na primeira década do novo milênio,
rantes, lanchonetes e postos-escola, em- organizada, a buscar uma maior integração destaca-se a busca contínua por uma gestão
preendimentos que comprovam o pionei- de ações dentro de uma política global. cada vez mais estratégica, além de iniciativas
rismo e a capacidade de inovação tecno- Como todos sabemos, nos anos 1980, o importantes para a integração do país, como
lógica do Senac em educação. mundo passou por transformações tecno- a Rede Sesc-Senac de Teleconferência, com
Um marco significativo na década se- lógicas profundas e o Senac procurou seus 400 pontos receptores, e o programa
guinte foi a decisão de ampliar o atendi- acompanhar todas elas, adaptando-se às radiofônico Sintonia Sesc-Senac, hoje distri-
mento em educação profissional a toda a novas realidades com tecnologia de ponta buído gratuitamente a mais de 650 emisso-
sociedade brasileira, não se restringindo à e apostando firmemente em Informática ras de rádio do país. Sem falar na criação da
missão original de formar apenas menores Educacional e Corporativa. Rede EAD Senac, com seus cursos de pós-
aprendizes. Para isso, foi preciso apresen- Na década de 1990, a principal contri- graduação lato sensu, que receberam concei-
tar, inclusive, uma nova concepção peda- buição do Senac foi, sem dúvida, a cora- to máximo do Ministério da Educação
gógica, culminando com a criação dos Cen- gem de rever o seu modelo pedagógico, Esses são apenas alguns exemplos das
tros de Formação Profissional em todo o proporcionando uma formação mais realizações do Senac em seus primeiros
país. Também é nessa época que surge a se- polivalente ao aluno e tornando-o capaz 60 anos de vida - realizações que vêm
mente de um dos programas mais vitorio- de intervir de forma crítica e criativa no mantendo a Instituição numa posição de
sos: as unidades móveis, que, quase 30 anos mundo do trabalho. A criação da TV Senac, vanguarda em educação profissional na
mais tarde, se transformaram nas carretas- hoje STV – Rede Sesc-Senac de Televisão, América Latina. Êxitos que a incentivam a
escola e balsa-escola do SenacMóvel, levan- a intensificação na produção de pesquisas, continuar investindo na educação conti-
do conhecimento de qualidade a localida- livros, vídeos e softwares e o importante nuada de seus alunos, que hoje contam
des distantes dos grandes centros. trabalho de preservação da memória do com um portfólio variado de cursos e
Foi nessa época que o Senac passou a Setor do Comércio de Bens, Serviços e programações da Formação Inicial ao Ní-
atuar de forma integrada. Nas décadas de Turismo foram outras ações desafiadoras, vel Superior, e que a credenciam, junto a
1970 e 80, quando planejamento e pes- confirmando a posição de vanguarda da diversos parceiros, a buscar alternativas
quisa foram as palavras de ordem no Sis- Instituição. para colaborar na inclusão social.
so relacionamento comercial e da indústria dos países em foco. A idéia, no ano de 2005, em que o Brasil
efervescência desencadeada pelo espan- exportou US$ 118.309 bilhões, nossa
com o exterior. toso crescimento de nossas exportações exportação para a Rússia atingiu apenas
e importações tinha mesmo que resultar US$ 2.9 bilhões. Isto significa que a Rússia
em produtos como esse. Se me é permiti- é hoje o nosso décimo mercado de ex-
Qual é a sua opinião sobre a série de da a imagem, acredito que os seminários portação e ocupa um percentual de ape-
seminários que têm sido promovi- são a expressão viva do crescimento do nas 2,5% no total de exportações brasi-
dos pela Federação das Câmaras de nosso comércio exterior. leiras. E, ainda, é preciso dizer que, desse
Comércio Exterior? total, cerca de 2,2% se devem à exporta-
AM – Acho que os seminários são muito Qual a sua avaliação sobre as rela- ção de produtos básicos, como carnes
importantes e, aliás, tenho percebido que, ções comerciais entre o Brasil e a bovina, suína e de frango, e açúcar. Ora,
a cada mês, o comparecimento tem sido Rússia? Elas correspondem à impor- basta olhar para o tamanho, a diversidade
maior, e maior tem sido o interesse geral tância das respectivas economias, e a sofisticação tecnológica do mercado
por esses eventos. Nada é mais eficiente chegaram a seu ponto máximo, ou russo para perceber o quanto ainda preci-
para incrementar o crescimento de nos- estão estagnadas? samos e podemos crescer.
sas relações comerciais com o exterior do AM – O potencial de comércio entre os Enquanto nossas exportações para os
que encontros como esses, que reúnem dois países é imenso, mas ainda permane- Estados Unidos, país de altíssimo desen-
governos e altas expressões do comércio ce em níveis muito baixos. Para se ter uma volvimento tecnológico, e para tantos ou-
tros países, constituem-se, em sua grande AM – Entre os muitos fatores que ate- posições no ranking entre países expor-
maioria, de produtos industrializados ou morizam nossos empresários diante das tadores em todo o mundo. Esse cresci-
semi-industrializados, em relação à Rússia exportações, eu tenho observado que fi- mento só vai tender a aumentar, porque
ainda nos comportamos como aquele ve- guram: a novidade de lidar com o exteri- o Brasil, em breve, vai criar a fama de país
lho país de antigamente, exportador de or, a questão da língua diferente, o medo que exporta produtos de qualidade, o
matérias-primas e de produtos básicos. de não receber o dinheiro das exporta- que, certamente, fará crescer os pedidos
ções, o temor de que seu produto não e diversificar os importadores. Já pode-
O que a Secretaria de Comércio Ex- seja bem aceito em um mercado dife- mos apontar inúmeros produtos brasi-
terior do MDIC tem feito para apri- rente, enfim, o envolvimento com toda leiros que atingiram esse patamar de ex-
morar e incrementar o nosso comér- uma logística a que eles não estão habitu- celência e só vou lembrar aqui o alto ní-
cio exterior? ados. Nosso trabalho tem sido o de de- vel dos aviões e das peças que a Embraer
AM – Faz tempo que na Secretaria de Co- monstrar, não que exportar seja fácil, mas tem exportado, a tecnologia relativa à
mércio Exterior nós temos levado a efeito que não é essa barreira intransponível informática, e os softwares, produtos que
um grande trabalho de conscientização e nos rendem elogios no exterior, onde
de interiorização da mentalidade exporta- quer que cheguem.
dora. Em um país continental como o nos-
so, que dispõe de um grande mercado in-
terno, a disposição e a inclinação natural
“ É preciso ouvir os potenciais
exportadores para
podermos aprimorar
É verdade que, ao exportar, o país
priva seus habitantes do que melhor
dos industriais é a de atender à demanda produz e que vai diretamente para
interna. Por isso, temos trabalhado no sen-
tido de redirecionar essas atividades para o
mercado externo, demonstrando as facili-
a política do setor
”
A R M A N D O M E Z I AT N
o exterior?
AM – Essa afirmativa é falsa. Ainda me
lembro do tempo em que, no Brasil, se
dades, a lucratividade e todos os demais be- que chega a atemorizar nosso setor pro- fazia controle do estoque de bens, para
nefícios que advêm do comércio exterior dutivo mais conservador e desprovido que eles não faltassem no mercado in-
para o nosso setor produtivo. de audácia em suas transações comerci- terno. Hoje em dia já não se procede mais
ais. É claro que é preciso tomar algumas assim: se o produto vendeu demais e
Esse trabalho é realizado direta- medidas para vir a se tornar em um ex- ameaça faltar, vamos importá-lo. O mer-
mente com as firmas produtoras? portador de sucesso, tais como garantir a cado mundial, atualmente, nos dá essa
AM – Ele é levado a efeito junto às firmas, qualidade de seu produto, cumprir os condição.
mas, também, através de encontros e semi- prazos determinados e garantir a entrega Lembro-me, por exemplo, do balan-
nários que organizamos e para os quais con- da mercadoria no exterior, enfim, toda ço entre as cotações da soja, na época em
vidamos os potenciais exportadores de pro- uma sistemática que tem muito a ver com que o Brasil descobriu que era um gran-
dutos brasileiros. Um excelente veículo para credibilidade. Uma vez superada a inér- de negócio exportar toda a soja possível
esse trabalho tem sido o INCOMEX, que cia inicial, tenho visto os exportadores no primeiro semestre do ano, porque no
são uma série de eventos que vimos produ- conseguirem amplo sucesso em suas segundo, entrava no mercado a soja ame-
zindo desde o ano de 1997 (este ano chega- operações. ricana e era mais vantajoso importá-la, já
mos ao 100º). O INCOMEX nasceu nas ci- que os preços despencavam. As ativida-
dades, foi para o interior e voltou às grandes Em sua avaliação, essa conscien- des no comércio exterior, atualmente, já
metrópoles, sempre com o objetivo de reu- tização diante da exportação já está estão definitivamente incorporadas à
nir empresários locais e agentes de governo, introjetada entre o empresariado economia do país e o seu setor produti-
no sentido de, primeiro, levar informação e brasileiro? Já está existindo uma vo já nem pensa em adotar práticas como
responder a perguntas como: “O que é ex- maior preocupação com a qualida- as de voltar-se novamente para mercado
portar?” “Como fazê-lo?” “Quais são os ca- de dos produtos exportados e o interno se as coisas melhorarem por aqui.
minhos que levam às vendas no exterior?” cumprimento dos prazos? A prova disso é que nossas exportações
Em segundo lugar, desejamos ouvir o que AM – Acredito que o Brasil tenha inici- não param de crescer. Só no ano passa-
têm a dizer os potenciais exportadores. Por ado um movimento que não tem mais do, tivemos, como se sabe, um cresci-
fim, pretendemos criar, em cada região onde retorno. A tendência inexorável é a do mento de 22% em cima dos índices de
trabalhamos, a mentalidade exportadora de crescimento da participação brasileira no 2004, que já eram de franco crescimen-
que tanto carecem os nossos produtores. comércio internacional. Historicamen- to em relação aos anos anteriores. Nin-
te, as exportações brasileiras represen- guém vai deixar de cumprir os compro-
O que assusta o empresário brasi- tavam apenas 1% do comércio mundial, missos assumidos lá fora só porque o
leiro e contribui para fazê-lo pouco mas, desde o ano passado, elas deram um mercado interno cresceu. Isso, no Brasil
receptivo à exportação? salto e fizeram com que subíssemos três de hoje, é impensável.
Infra-estrutura aeroportuária
facilita o comércio internacional
Gerente Nacional de Logística reforma, modernização e ampliação tan-
to dos aeroportos quanto dos seus ter-
de Carga da Infraero, Ednaldo minais de carga aérea. Objetivamos
Pinheiro Santos foi expositor do disponibilizar uma infra-estrutura que
esteja à altura das necessidades, cada vez
Painel II do Seminário Bilateral
mais diversificadas, dos exportadores e
de Comércio Exterior e Inves- importadores brasileiros.
timentos Brasil-Rússia, organi-
Era precário o estado da infra-es-
zado pela Federação das Câma- trutura existente até o ano passado?
ras de Comércio Exterior – EPS – Não, nossa infra-estrutura não
era precária, mas estamos falando de um
FCCE. Pernambucano residen- setor que precisa ser freqüentemente
te em Brasília, ele veio ao Rio modernizado, dadas as novidades trazi-
das pela tecnologia. Para se ter uma
de Janeiro especialmente para idéia, os aeroportos do Norte e do
participar do evento. Nesta en- Nordeste do Brasil – Belém, Fortaleza,
Natal, Recife, Salvador, por exemplo -
trevista exclusiva à revista da são hoje tão modernos quanto os de
FCCE, ele falou sobre o aper- qualquer país desenvolvido e nada de-
feiçoamento dos terminais de
carga áereos, que ele considera
“ Os aeroportos do Norte
e do Nordeste do Brasil
são tão modernos quanto
vem aos de seu porte nos Estados Uni-
dos, na Europa e na Ásia.
O
comércio exterior russo cresceu de forma expressiva sas, em 2004, foram: Alemanha (14,2% do total, somando US$
nos últimos anos. Em 2005, a corrente de comércio do 9,6 bilhões), Ucrânia (8,7%, US$ 6,0 bilhões), China (6,8%,
país se expandiu 32,0% em relação ao ano anterior, pas- US$4,7 bilhões), Japão (5,7%, US$ 3,9 bilhões), Cazaquistão
sando de US$ 280,6 bilhões para US$ 370,4 bilhões. Se conside- (4,6%, US$ 3,2 bilhões), Estados Unidos (4,6%, US$ 3,1 bi-
rarmos 1999, ano da crise financeira russa, quando a corrente lhões), Itália (4,4%, US$ 3,0 bilhões), França (4,1%, US$ 2,8
totalizou US$ 115,2 bilhões, o aumento foi de 221,5%. Esse bilhões), Polônia (3,2%, US$ 2,1 bilhões) e Finlândia (3,0%,
movimento de expansão do comércio externo foi ocasionado US$ 2,1 bilhões). Dentre estes dez maiores países fornecedores
pelo crescimento tanto de suas exportações quanto de suas im- à Rússia destacaram-se, pelo seu crescimento relativo: Japão
portações. (+114,9%, no comparativo 2004/2003), China (+43,5%),
Merece destaque o alto dinamismo das vendas externas rus- Ucrânia (+41,5%), Polônia (39,5%) e Cazaquistão (+38,6%).
sas em anos recentes. Em 2004, o crescimento foi de 34,8%, Já os principais países compradores das exportações russas fo-
somando US$ 183,2 milhões. Tal cifra representou 2,0% das ram: Países Baixos (10,8% do total, o equivalente a US$ 14,8 bi-
exportações mundiais, o que posicionou o país como o 14º mai- lhões), Alemanha (7,0%, US$ 9,6 bilhões), Ucrânia (6,8%, US$
or exportador mundial nesse ano. A participação russa no con- 9,3 bilhões), China (6,0%, US$ 8,2 bilhões), Itália (5,2%, US$ 7,1
junto das exportações globais evoluiu constantemente desde a bilhões), Turquia (3,9%, US$ 5,4 bilhões), Estados Unidos (3,9%,
débâcle financeira de 1999, quando suas vendas externas consti- US$ 5,4 bilhões), Finlândia (3,9%, US$ 5,4 bilhões), Polônia
tuíam 1,6% das vendas mundiais. Em re-
lação a 2003, a Rússia subiu três posições Evolução da balança comercial da Rússia
entre os principais exportadores mundi- 1994 a 1995 – US$ bilhões
ais, superando Taiwan, Cingapura e
270
Espanha. No ano de 2005, o ritmo de cres-
cimento foi praticamente o mesmo, re- 240
presentando uma expansão de 33,9% em Exportação Importação Saldo
210
relação a 2004, para um total de US$
245,3 bilhões. 180
Petróleo, gás natural, siderúrgicos, ma-
deira e produtos químicos são os principais 150
0,0 0,0
a
ia
ia
uia
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nia
ha
ânia
ia
ça
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o
Bai Países
Uni stados
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Finl
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E
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Cas
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(3,6%, US$ 4,9 bilhões) e Cazaquistão (3,2%, US$ 4,4 bilhões). Participação do Brasil no comércio exterior da Rússia
Quanto à posição do Brasil no ranking do comércio exterior 2000 a 2005
da Rússia, em 2004, o país foi o 44º mercado de destino das Fonte: MDIC/SECEX, OMC e Banco Central da Rússia
exportações, uma participação de 0,29% no total, em valor so-
mou US$ 808 milhões. Do lado das importações do mercado 0,29%
russo, o Brasil foi o 15º maior mercado fornecedor, uma partici- 0,45% 0,40% 0,41%
0,44%
pação de 1,75% na pauta, somando US$ 1,7 bilhão.
Já em 2005, a análise da participação do Brasil no comércio
com a Rússia evidencia um aumento da representatividade brasi- 0,54%
2,05% 2,08%
2,33%
2,02%
leira nas importações para 2,33%. Este resultado deve-se ao au- 1,75%
mento expressivo de 76% das exportações brasileiras para o 0,94%
mercado russo, taxa acima registrada para o crescimento das im-
portações globais da Rússia, de 33,9%. 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Nas exportações da Rússia, a participação brasileira mostrou Importação da Rússia Exportação da Rússia
decréscimo, de 0,44%, em 2004, para 0,29%, em 2005.
2.700
Exportação Importação Saldo Comercial
2.400
Fonte: MDIC/SECEX
2.100
1.800 Manufaturados
12,4%
1.500
Semimanufaturados Básicos
1.200 26,2% 61,4%
900
600
300
-300
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Fonte: MDIC/SECEX
Ranking da Rússia nas exportações brasileiras Ranking da Rússia nas importações brasileiras
2005/2004 – US$ milhões FOB 2005/2004 – US$ milhões FOB
O grupo de produtos que mais cresceu foi o de básicos Principais produtos exportados pelo Brasil para a Rússia
(+90,2%), seguido pelos semimanufaturados (+51,5%) e ma- 2005 – US$ milhões FOB
nufaturados (+71,6%).
Fonte: MDIC/SECEX
Os principais produtos exportados pelo Brasil para o merca- 793 787
do russo foram carne suína (27,2% da pauta, principal item),
seguido de açúcar (27,0%), carne bovina (19,0%), carne de
frango (8,9%), fumo em folhas (3,6%), café solúvel (3,0%), 555
tratores (1,9%), carne de peru (0,9%), produtos de perfumaria
(0,8%) e óleo de soja refinado (0,7%).
A pauta de exportação é ainda bastante concentrada, pois ape- 259
nas carnes (suína, bovina, de frango e de peru) e açúcar (bruto e
104
refinado) respondem por cerca de 82,9% da exportação total 87
54 27 23 20
brasileira.
Houve acréscimo substancial na venda dos principais itens da
Óleo de soja
refinado
Carne
suína
Carne
bovina
Carne de
frango
Café
solúvel
Carne
de peru
Produtos de
perfumaria
Fumo em
folhas
Tratores
Açúcar
Borracha
sintética ou
artificial
Carvão
Catodos de
níquel
Enxofre
Adubos e
Fertilizantes
Ferro-ligas
130
541
89
385
65
56 54 303
51 46
37 185 184
30 109 95 76
15 44 34
Rio Grande
do Sul
Santa
Catarina
Paraná
São Paulo
Mato Grosso
do Sul
Mato
Grosso
Pernanbuco
Minas
Gerais
Alagoas
Goiás
Demais
Rio Grande
do Sul
Paraná
Bahia
Santa
Catarina
São Paulo
Mato
Grosso
Espírito
Santo
Minas
Gerais
Goiás
Alagoas
Demais
lhões, colocando-a como principal mercado fornecedor ao Bra- Número de empresas brasileiras exportadoras e
sil, seguido de Canadá (12,0%), Estados Unidos (10,5%) e Belaru importadoras no comércio com a Rússia
(8,9%). Outros itens de destaque nas importações brasileiras
Fonte: MDIC/SECEX
provenientes da Rússia são: catodos de níquel (5,1%), carvão 668
mineral (4,1%), naftas (3,6%), ferro-ligas (3,4%), borracha sin-
tética (2,0%) e enxofre (1,7%). 534
A diminuição das importações oriundas do país, em 2005, 435 425
teve como principal causa a redução das compras de adubos e
fertilizantes provenientes desse mercado, uma retração de 11,8%,
de US$ 591,0 milhões para US$ 521,3 milhões, devido à menor
demanda desses produtos.
Outro item que apresentou redução da Rússia foi catodos de
níquel: -50,7%, de US$ 74,5 milhões para US$ 36,7 milhões.
2004 2005
Importação brasileira da Rússia Exportadores Importadores
2005/2004 – US$ milhões FOB
2005 2004 Variação pauta. Os principais embarques paulistas com destino à Rússia
Abs. Rel. corresponderam a açúcar, carne bovina, tratores e café solúvel.
Total Geral 722 808 -86 -10,6 Seguindo-se a São Paulo estão: Santa Catarina (18,5% do total),
Fertilizantes Químicos 521 591 -70 -11,8 Paraná (13,2%), Rio Grande do Sul (10,4%) e Minas Gerais
Catodos de Níquel 37 75 -38 -50,7 (6,3%).
No tocante aos estados importadores de produtos russos, São
Demais produtos 164 142 22 15,3 Paulo se encontra também na primeira posição, com participa-
Fonte: MDIC/SECEX ção de 20,6% do total. Em seguida está Minas Gerais (18,0%),
Paraná (12,3%), Bahia (9,0%) e Mato Grosso (7,8%).
A despeito da redução desses itens, cresceram as importações Considerando os dados de 2005, 668 empresas brasileiras
de laminados planos (+284,6%, para US$ 8,7 milhões), ferro- efetuaram vendas à Rússia ante 530 exportadores no mesmo
ligas (+83,8%, para US$ 24,2 milhões), borracha sintética ou período de 2004, o que representa acréscimo de 26,0% (+138
artificial (+83,0%, para US$ 14,1 milhões) e hulhas (+61,3%, empresas) no número de empresas brasileiras que exportaram
para US$ 29,4 milhões). Com efeito, excetuados os fertilizantes para a Rússia.
e catodos de níquel, verifica-se acréscimo de 15,3% nos demais Na importação, no mesmo período, 425 empresas brasileiras
produtos da pauta de importação, taxa próxima do crescimento realizaram compras de produtos provenientes da Rússia. Em 2004,
de 17,1% verificado nas importações globais brasileiras. 435 empresas brasileiras realizaram importações da Rússia. Compa-
São Paulo, o maior estado exportador brasileiro, é também o rando os dois dados, verifica-se ligeiro recuo de 10 (-2,3%) empre-
que mais realizou exportações para a Rússia, 32,% do total da sas no número de empresas importadoras de produtos russos.