Вы находитесь на странице: 1из 13

MÓDULO 11

1. A INDEPENDÊNCIA DOS EUA.

A colonização inglesa na América do Norte, desde o início, apresentou


inúmeros aspectos originais, para isso muito contribuindo, dentre outras coisas, o
relativo abandono em que as colônias viveram no século XVII e parte do século
XVIII. Devido às guerras no continente europeu e aos problemas internos, foi
mínima a interferência do Rei ou do Parlamento ingleses sobre as colônias,
possibilitando a estas um regime econômico mais livre, o estímulo à maior
circulação de riquezas na própria colônia, sem se esquecer o sistema político-
administrativo de governo autônomo.
A partir da segunda metade do século XVIII, a Inglaterra iniciou sua
Revolução Industrial o que a levou a abandonar a Negligência Salutar e a
aumentar o controle sobre as Treze Colônias para transformá-las em mercado
consumidor da produção fabril. Por isso começou a fechar indústrias coloniais e
procurou eliminar o comércio dos colonos com as Antilhas, combatido como
contrabando. Essa legislação provocou viva reação da burguesia colonial,
sobretudo da Nova Inglaterra, onde o Iluminismo reforçava a tradição de
liberdade.
No século XVIII modificou-se também a política fiscal inglesa devido às
chamadas guerras intercoloniais. Essas guerras resultaram das rivalidades entre
a Inglaterra e a França e entre os colonos anglo-americanos e franco-americanos.
Na América, essa rivalidade devia-se a empecilhos de os colonos anglo-
americanos se expandirem para o interior (caça aos animais de peles raras), o
que provocou o choque destes com os franco-americanos. A mais importante
dessas guerras foi a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), pela qual a França,
derrotada, perdeu para a Inglaterra as suas mais importantes colônias: o
Canadá, a Índia, as Antilhas, o vale do Ohio e parte da Luisiana (a Oriental,
situada à margem esquerda do Rio Mississipi).
Devido à participação nessas guerras, os colonos tomaram consciência da
sua força organizando um exército e lutando contra os franceses, em um esforço
comum. Nessas guerras começou a se destacar a figura de George Washington
como líder de chefe militar.
Apesar da vitória inglesa, essas guerras foram dispendiosas para a Coroa:
a dívida p&lica passou de 52 milhões de libras em 1727, a 139 milhões em 1763.
Em conseqüência, o Canadá foi ocupado, o que aumentou os gastos devido à
manutenção dos quadros administrativos e militares locais. Considerando que
essas despesas deveriam ser pagas pelas Treze Colônias, o Parlamento aprovou a
Lei do Açúcar (1764) estabelecendo tributos elevados sobre o açúcar e derivados
de cana importados pelos colonos, a Lei do Selo (1765) determinando que todos
os documentos, jornais, livros etc. só poderiam circular em papel timbrado, e a
Lei Townshend (1767) que impunha altos impostos de importação sobre o chá,
papel, vidro e tintas corantes.
Argumentando que só pagariam impostos votados por seus representantes,
os colonos passaram das tentativas conciliatórias ao boicote de produtos
ingleses, o que levou o Parlamento Britânico a suspender a cobrança dos
impostos, exceto os do chá, cuja comercialização foi entregue à Companhia das
Índias Orientais. À resistência violenta, de que foi expressão o chamado "Boston
Tea Party" (1773), quando os habitantes de Boston, disfarçados de indígenas,
arremessaram ao mar um carregamento de chá, a Inglaterra, em represália,
promulgou as chamadas Leis Intoleráveis ou Coercitivas (1774) pelas quais o
porto de Boston foi fechado, a colônia de Massachusetts ocupada militarmente, a
Assembléia local foi dissolvida, e um general, nomeado governador da colônia.
Seguiram-se o combate de Lexington (1775) e a luta aberta (1776), tudo isso
inclusive pela pressão militar inglesa, até então totalmente desconhecida.
Desde as "Resoluções de Virgínia" (1764-1765) que representantes dos
"insurgentes" se reuniam para coordenar as atitudes contra a metrópole. De
singular importância foram os Congressos de Filadélfia (de 1774 e de 1775-
1776). Neste último, bastante influenciados pelo folheto "Common Sense" de
Thomas Paine (1776), os representantes das Treze Colônias promulgaram a
Declaração de Independência, redigida por Thomas Jefferson, inspirada nas obras
de John Locke e dos iluministas, atendendo aos interesses da burguesia urbana e
rural, em rebelião contra o Absolutismo de Jorge III. A Declaração de
Independência rompia os laços que uniam as Treze Colônias à Inglaterra,
proclamava as normas que guiariam o novo Estado e teve enorme repercussão,
tanto nas Américas como na Europa.

"São verdades incontestáveis para nós: que todos os homens nascem


iguais; que lhes conferiu o Criador certos direitos inalienáveis, entre os quais o
de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; que para assegurar esses
direitos se constituíram entre os homens, governos cujos poderes justos
emanam do consentimento dos governados; que sempre que qualquer forma de
governo tenda a.: destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou
aboli-Ia, instituindo um novo governo cujos princípios básicos e organização de
poderes obedeçam às normas que lhes pareçam mais próprias para promover a
segurança e a felicidade gerais."
(Trecho da Declaração de Independência. Citado em Sinopse da História dos Estados Unidos da América...
Ministério das Relações Exteriores, EUA, pág.23.).

A influência dos EUA também foi decisiva no terreno das atividades


comerciais: em 1797, os portos hispano-americanos foram abertos aos navios
neutros, o que demonstrava a incapacidade de a metrópole espanhola abastecer
as suas colônias das mercadorias de que necessitavam. Graças a esse
intercâmbio, houve uma grande expansão comercial, rompendo-se os laços
econômicos entre a metrópole e as suas colônias americanas. Contudo, a
Inglaterra acabou se sobrepondo aos EUA e, economicamente, dominou toda a
América Ibérica.
Além do mais, em 1823, os EUA promulgaram a Doutrina Monroe, que dizia
que "os continentes americanos haviam conquistado a sua independência e
pretendiam mantê-la, não devendo mais no futuro serem considerados como
suscetíveis de tomar-se colônias de uma potência européia". Assim, no momento
critico da luta pela independência da América Espanhola, frustravam-se as
tentativas da Santa Aliança de intervir e recolonizar as Nações recém-
independentes da América.
Também a Revolução Francesa exerceu considerável influência na América.
Aos "criollos", além da fundamentação ideológica, o movimento revolucionário de
1789 representou uma autêntica afirmação do direito do povo contra o
despotismo dos Reis. Além disso, a Revolução Francesa acabou separando a
Espanha das suas colônias americanas: inicialmente porque, aliando-se à França
contra a Inglaterra, a Espanha ficou impedida de controlar suas possessões no
Novo Mundo; posteriormente porque Napoleão Bonaparte forçou as renúncias
dos Reis Carlos IV e Fernando VII, provocando a organização na América, de
juntas insurrecionais, com base nos Cabildos, a pretexto de lutar pelos direitos
de Fernando Vll. Começava a luta de independência hispano-americana (1810).
Os Cabildos, que possuíam uma tradição de autonomia, transformaram-se em
Juntas Governativas. O movimento acabou tomando rumos separatistas, sem que
a Espanha pudesse reagir, pois estava empenhada nas guerras contra Napoleão.
Mas sem a presença inglesa o movimento de emancipação dificilmente teria
sucesso. Desde o início do século XVIII, o comércio inglês vinha crescendo na
América Espanhola. A Revolução Industrial inglesa, intensificando-se, implicou a
ampliação dos mercados externos, fornecedores de gêneros alimentícios e
consumidores da sua produção industrial. O Bloqueio Continental, decretado por
Napoleão, aumentou o intercâmbio entre a Inglaterra e as áreas coloniais
hispano-americanas. Entretanto, esse comércio seria mais eficazmente garantido
com a independência: comércio livre, não mais sujeito a possíveis limitações
inevitavelmente impostas às colônias. Daí a Inglaterra ter-se oposto a qualquer
intervenção armada, o que ficou patenteado no Congresso de Verona (1822).
No seu conjunto, o processo de independência das colônias hispano-
americanas refletiu a vitória das Revoluções Burguesas, de que são episódios
marcantes a Revolução Industrial (transformações nos métodos e nas técnicas de
produção), a Revolução Francesa (liquidação das relações feudais) e a Revolução
Americana (independência dos EUA). O fato de estar englobado nas Revoluções
Burguesas "não significa que o processo da independência seja, nas áreas
coloniais, uma revolução burguesa. Ele assume esse caráter, em parte - e, na
medida em que assume, gera a I contradição do Norte manufatureiro com o, Sul
agrícola e escravocrata. No caso dos Estados Unidos -, por falta de condições
concretas ali existentes, que justifiquem a tese de que não houve, a rigor
naquele caso passado colonial. Mas, não o pode assumir nas áreas de dominação
ibérica, que não apresentam as condições necessárias para que nelas ocorra a
revolução burguesa. Não apresentam tais condições justamente por serem, de
forma caracterizada, no exato sentido da expressão, áreas coloniais". (SODRÉ, N.
W., Formação do Brasil, Editora Brasiliense, pág. 181.)

A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA

Desde o 2º Congresso de Filadélfia (1775-1776), fora George Washington


designado supremo comandante das forças militares norte-americanas. Já,
então, ocorriam combates (como o de Lexington), até o desencadear oficial do
conflito com a Declaração de Independência.
Apesar de algumas vitórias iniciais, os norte-americanos assistiram as suas
principais cidades caírem gradativamente sob o domínio dos ingleses. Contudo, a
ajuda da França foi decisiva para a vitória final norte-americana além de enviar
tropas, proporcionar armas, munição e créditos, a frota francesa obrigou os
ingleses a desviar recursos para lutar nas Antilhas, Europa, África e Índia. A
Espanha, unida à França pelo Pacto de Família, também aliou-se aos norte-
americanos (1779).
Igualmente importante foi a Liga de Neutralidade Armada (1780),
idealizada por Catarina 11 da Rússia, contando com a adesão da Dinamarca,
Prússia, Suécia e Holanda, a fim de garantir a liberdade dos mares e resistir às
buscas realizadas pelos navios ingleses. Com isso, a Inglaterra ficou isolada.
A guerra durou até 1781, quando os ingleses renderam-se em Yorktown às
tropas de Washington.
A paz foi estabelecida pelo Tratado de Paris (1783).

2. INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA

As transformações ocorridas nos países europeus, no início da Idade


Contemporânea, também se estenderam às terras americanas através dos
contatos comerciais e., inevitavelmente, de idéias. Assim os novos ideais e
conceitos políticos e econômicos surgidos no século XVIII, produzidos na Europa,
chegaram à América, onde express0aram, de forma mais ou menos adequada, o
inconformismo de setores da população colonial com o estado de coisas reinante.
A independência da América Espanhola ocorreu pouco depois da revolta das
Treze Colônias inglesas; as duas Américas levantaram-se contra as metrópoles,
conduzi das pela grande corrente liberal do século XVIII.
A influência inglesa se fez sentir na América Espanhola através do interesse
em ampliar suas trocas com as áreas coloniais, mantidas em regime de
monopólio comercial, a fim de assegurar mercados.
A França, através de Napoleão Bonaparte, que invadiu a Espanha e colocou
no trono um seu irmão, contribui para que as áreas espanholas passassem a ser
regidas pelos poderes locais (os Cabildos).

“A filosofia do século, a política inglesa, a ambição da França e a estupidez da


Espanha influíram bastante na América.”
(Simón Bolivar)

A independência das colônias hispano-americanas foi feita quase que


exclusivamente pela aristocracia crio lia. Nenhum movimento antimetropolitano
triunfou sem a sua participação, embora contasse com o apoio da massa
indígena e da população mestiça. Porém, a classe dominante colonial procurou
manter a autonomia na medida de seus interesses, impedindo os avanços e
reivindicações populares.
Instalados em uma terra que consideravam "sua", os "criollos" constituíam
a elite econômica e intelectual, em uma sociedade onde a presença do negro
escravizado e do indígena conferia ao branco um sentimento de "superioridade”.
Essa aristocracia permanecia excluída da administração leiga e eclesiástica
e do comércio externo, sendo olhada, com desprezo e desconfiança, pelos
"chapetones" (espanhóis). A aristocracia "criolla", bloqueada em sua, ascensão
política e social em suas atividades econômicas, tomou consciência da sua
originalidade e procurou libertar-se do domínio a metropolitano.
Por outro lado, os criollos, apesar do rigor da Inquisição e da censura real,
também participaram do grande movimento de idéias do Iluminismo. Muitos
deles cursaram universidades européias, tomando conhecimento daquela filosofia
que se opunha à autoridade despótica dos Reis, defendia liberdade e pregava
idéias democráticas. Retomando à América, difundiram essas idéias e
participaram da intensa vida intelectual que existia fora das universidades
(México, e São Marcos, em Lima). Era freqüente encontrar, em bibliotecas de
"criollos" letrados, obras de Montesquieu, Rousseau, Voltaire e outros autores
iluministas.
A Independência dos Estados Unidos da América do Norte foi um dos
acontecimentos que mais contribui para o desenvolvimento do espírito
revolucionário hispano-americano. Sua influência limitou-se aos "criollos", que
compreenderam que o exemplo norte-americano poderia ser imitado.

"Os homens ilustrados de nossa época não podem deixar de aqui enxergar o
fator 'histórico predominante da revolução de independência sul-americana,
inspirada e movida, de maneira assaz evidente, pelos interesses da população
"criolla" e, ainda, da espanhola, muito mais de que pelos interesses, da
população indígena."
(MARIÁTEGUI, IC., Sete Ensaios de Interpretação da Realidade Peruana, Editora Alfa..Ômega, pág. 6)

"Somos seu grande exemplo. Falam constantemente de nós, como de irmãos


que têm uma origem análoga. Adotam nossos princípios, copiam nossas
instituições e empregam os mesmos sentimentos de nossos documentos
revolucionários."
(Afirmativa de Henry Clay (1777-1852), político norte-americano.).

OS EUA APÓS A INDEPENDÊNCIA

3. A MARCHA PARA O OESTE

Quando os EUA se libertaram da Inglaterra, o território da União limitava-


se à região entre o litoral do Oceano Atlântico e os Montes Apalaches, acrescida
da área entre as referidas montanhas e o Mississipi, as quais permaneciam pelos
indígenas. Durante a primeira metade do século XIX, um dos aspectos
característicos da história estadunidense foi a ampliação das fronteiras, seja
através e acordos amigáveis ou de guerras contra os indígenas e mexicanos.
A “marcha para o Oeste”, concretizada pelos pioneiros — aventureiros que
pretendiam enriquecer rapidamente, não vacilando em enfrentar os caçadores
indígenas e, mediante o emprego de armas de fogo e bebidas, tirar-lhes suas
terras —, foi favorecida pelo afluxo de imigrantes europeus (basta dizer que, ente
1789 e 1812, nada menos de 250.000 pessoas chegaram da Europa,
predominando irlandeses, alemães e ingleses). Outros fatores foram a escassez
de terra na faixa litorânea, a crescente procura de produtos agroindustriais para
alimentar homens e máquinas do Norte que se industrializava, a busca de metais
preciosos, as perseguições religiosas aos mórmons, e também a aplicação de
capitais ingleses na construção de ferrovias visando ao escoamento da produção
de uma agricultura comercial. Posteriormente, a expansão atendeu à necessidade
de conquistar pastagens para os rebanhos que se deslocavam das pradarias e a
valorização de rotas para o Extremo Oriente, face à abertura da China.
Etapas importantes foram a compra da Luisiana à França Napoleônica por
80 milhões de francos (1803) e da Flórida à Espanha por 5 milhões de dólares
(1819), que ampliaram os territórios da União, sem esquecer que a Flórida
proporcionou o acesso direto às Antilhas.
A expansão prosseguiu à custa do México, cuja debilidade e anarquia
internas tornavam seus territórios, escassamente povoados, presas tentadoras
para os plantadores sulistas, interessados em novas terras algodoeiras. Colonos
norte-americanos progressivamente se instalaram no Texas, província mexicana,
intensificando-se os atritos com as autoridades do México. Em 1836, após
derrotar as tropas do Presidente Santa Ana, proclamaram a República
Independente do Texas, mais tarde incorporada à União (1845). Esse fato, bem
como divergências fronteiriças, provocou a guerra contra o México ( 18461848),
terminada pelo Tratado de Guadalupe-Hidalgo pelo qual os mexicanos
reconheceram a perda do Texas e, sendo indenizados em 15 milhões de dólares,
cederam territórios correspondentes ao Novo México, Califórnia, Colorado,
Nevada, Utah e Arizona com isso garantindo aos norte-americanos o acesso ao
Pacífico.

4. A GUERRA CIVIL AMERIHCANA

4.1. O INÍCIO DA GUERRA CIVIL

É um erro comum julgar que o início da guerra civil americana deveu-se à


luta de Lincoln contra o escravismo. A maioria do Congresso e da Suprema Corte
era dominada pelos partidários da escravidão. Além do mais, o próprio Lincoln
declarou que respeitaria a existência da escravidão onde ela já existisse. Mesmo
durante a guerra civil, o presidente americano deixou entrever que o motivo da
separação entre o Norte e o Sul não era a escravidão, e disse que para salvar a
União tanto fazia libertar ou não os escravos.
O motivo fundamental da guerra civil americana foi o protecionismo. Os
industriais do Norte, com suas indústrias menos produtivas que as inglesas,
necessitavam de proteção alfandegária. Esta proteção não interessava aos
grandes produtores do Sul, pois, além de pagarem mais pelos produtos
industrializados, corriam o risco de correr represálias por parte dos importadores
ingleses de matérias-primas.
Outro motivo da luta entre o Norte e o Sul foi o problema do Oeste. Os
pioneiros exigiam a construção de estradas e canais que facilitassem o
escoamento de seus produtos, o que interessava também à burguesia do Norte,
a qual teria condições de vender seus produtos industrializados ao Oeste. A
construção de estradas não interessava ao Sul, pois os estados sulistas não
produziam manufaturados que pudessem ser vendidos ao Oeste, e também
porque o comércio entre aqueles estados era bastante fraco. Além disso, os
representantes sulistas no Congresso achavam que era inconstitucional a
construção de estradas pelo governo da União. Outro problema que opunha o Sul
ao Norte era a conquista e a colonização dos novos territórios: enquanto a
burguesia nortista era favorável à colonização dos novos territórios pelos
pequenos granjeiros, os grandes plantadores escravistas do Sul achavam que em
novas regiões deveria ser utilizado o sistema de plantation, baseado no trabalho
escravo.
Todos esses problemas entre Norte e Sul eclodiram com a eleição de
Lincoln. A Carolina do Sul foi o primeiro estado a se separar da União, seguida de
outros seis. Reunidos em um Congresso realizado no Alabama, esses estados
constituíram um novo país: os Estados Confederados da América, com capital em
Richmond, na Virgínia tendo como presidente Jefferson Davis um rico plantador
escravista.

4.2. O DESENVOLVIMENTO DA GUERRA

A correlação de forças era desfavorável aos estados sulistas. O Norte


possuía 22 milhões de habitantes contra 9 milhões do Sul. Os estados do Norte
eram bem mais desenvolvidos do que os do Sul, do ponto de vista industrial, e
além do mais possuíam melhores e maiores meios de comunicação (ferrovias
etc.). Em uma guerra prolongada, o Sul fatalmente seria batido. A estratégia dos
sulistas consistiu então em obter a ajuda da Inglaterra e da França e procurar
conquistar rapidamente Washington, capital da União.
A princípio as vitórias militares pertenceram ao Sul. O presidente Lincoln,
para fortalecer o exército da União, foi obrigado a tomar uma série de medidas
revolucionárias. Dentre elas destacamos a Homestead Act, lei que assegurava a
cada família a propriedade gratuita de 65 hectares no Oeste e que em troca
obrigava o pioneiro a permanecer por 5 anos na propriedade e à abolição da
escravidão.
Pioneiros e ex-escravos incorporaram-se maciçamente ao exército da
União, o que foi muito significativo, pois, a partir daí, os exércitos nortistas -
formados por ex-escravos, operários e colonos - começaram a derrotar o exército
confederado. Em 9 de abril de 1865, Richmond, a capital da confederação, foi
ocupada. Estava terminada a guerra civil: o Norte industrializado derrotou o Sul
agrário.
Cinco dias depois da rendição sulista, o presidente Lincoln foi assassinado
por um ator partidário dos confederados.

CONCLUSÃO

A guerra civil restaurou a União a um alto preço: 600 mil mortos e a


devastação da economia escravista do Sul. Os grandes plantadores estavam
destruídos política e economicamente. O poder passou a ser exercido pela grande
burguesia industrial, financeira e comercial do Norte. A Guerra de Secessão, no
dizer de Samir Amim, "firma definitivamente a predominância do capital na
América do Norte”. Em conseqüência, a indústria cresceu violentamente, e novas
ferrovias foram construídas.
Quarenta anos depois de terminada a guerra civil, os Estados Unidos
superaram a Inglaterra e tornaram-se a principal potência industrial do mundo.

4.4. O PROBLEMA NEGRO APÓS A s IGUERRA CIVIL

O problema negro — a escravidão — não foi o cerne da Guerra de


Secessão. Lincoln, apesar de ter horror à escravidão, era reticente s quanto à
igualdade de direitos entre brancos e a negros, chegando a dizer que: "Se
pudesse salvar a União, sem libertar nenhum escravo, o faria. "
Os negros, libertados durante a guerra civil, ficaram sem propriedade
porque não houve reforma agrária nos EUA, e nem na União cumpriu o que havia
prometido: 40 acres de terra e uma mula para cada família.
Quando o exército nortista abandonou o Sul, os negros que haviam obtido
o direito a voto, sem nenhuma propriedade, ficaram sem respaldo e se
espalharam pelos Estados Unidos à procura de trabalho, migrando para Norte e
Oeste, onde havia escassez de mão-de-obra.
O sucessor de Lincoln, Andrew Johnson, procurou restabelecer no Sul
governos estaduais semelhantes aos que ali existiam antes da guerra. Os líderes
confederados foram anistiados e quase nada mudou politicamente nos estados do
Sul. É necessário dizer que, logo após a vitória, a ocupação militar do Sul
implicou a alforria de todos os escravos e a proibição do direito de votar a todos
os ex-líderes confederados. Os governos sulistas passaram a ser dependentes
dos votos negros e dominados por brancos favoráveis à União. A partir de 1877,
o governo federal foi retirando a sua força militar do Sul, e as comunidades
brancas foram recuperando seu poder. Nesse mesmo ano, os sistemas político,
social e econômico do Sul eram semelhantes aos de antes da guerra, com uma
única diferença: o negro era agora um trabalhador sem terra e não mais um
escravo. No dizer de Mckitrick "no esforço geral para reconstruir a estrutura
desmantelada pela guerra civil e pela restauração, até as pequenas conquistas do
negro - para não falarmos nos direitos sociais mínimos que ele adquirira (...) –
lhe foram sistematicamente retiradas”. Os estados sulistas começaram a impor
sistemas de segregação social e de abolição dos direitos civis dos negros. Mais ou
menos no início do século XX, o processo de segregação do negro estava
completado.
Os negros, quando queriam lutar por seus direitos civis, eram ameaçados
pelas organizações terroristas que agiam impunemente no Sul, como a Ku-Klux-
Klan.
Nos princípios deste século, a mecanização da agricultura expulsou grandes
massas de trabalhadores rurais negros para as cidades do Norte. Nessas cidades,
ficavam segregados nos chamados guetos negros e ocupavam os serviços
rejeitados pelos brancos. Os negros eram discriminados nos seus locais de
trabalho, nos jardins públicos etc. Mas assim mesmo a vida nas cidades do Norte
era melhor do que no Sul, onde eram surrados e até linchados.

5. O EXPANSIONISMO DOS EUA APOS A GUERRA CIVIL: A COMPRA DO


ALASCA, A ANEXAÇÃO DO HAVAI, A GUERRA COM A ESPANHA, AS
PORTAS ABERTAS DA CHINA E O BIG STICK

5. 1. INTRODUÇÃO

Em 1823 o presidente James Monroe, dos Estados Unidos, lançou uma


doutrina que pregava: "América para os americanos." A doutrina de Monroe,
como foi chamada, tinha por finalidade impedir que os países europeus, reunidos
na Santa Aliança — coligação de países absolutistas, surgida após a queda de
Napoleão Bonaparte — tentassem recolonizar os países americanos que haviam
se tornado independentes durante o domínio napoleônico na Península Ibérica.
Nos fundamentos de sua mensagem enviada ao congresso, Monroe afirmou
que os Estados Unidos, em nome de sua própria segurança, não poderiam
permitir que nenhum país europeu instaurasse domínio sob qualquer território
americano.
A doutrina de Monroe completada em 1900 pela doutrina de Hay, na qual o
secretário de Estado americano, John Hay, exigia as portas abertas da China para
todas as potências foi o centro orientador da política externa americana até a
Primeira Guerra Mundial.
Enquanto a doutrina de Monroe permitiu a intervenção dos Estados Unidos
nos assuntos latino-americanos, a doutrina de Hay permitiu a intervenção dos
Estados Unidos ao lado das potências européias nos assuntos da China.

5.2. O EXPANSIONISMO DOS EUA


Pode-se dividir o expansionismo norte-americano em duas fases. A
primeira fase (1803 a 1853), anterior à guerra civil, foi o período de expansão
interna, isto é, de ocupação do atual território norte-americano: da costa
atlântica ao Pacífico.
Nessa fase de expansão, em terras contíguas, os Estados Unidos
enfrentaram duas guerras com a Inglaterra (1812 e 1814), devido ao interesse
dos colonos americanos de se apossarem de todo o Canadá - pertencente à
Inglaterra - e da Flórida, que pertencia à Espanha, a qual era aliada da
Inglaterra. Além disso, os EUA também anexaram o Texas e entraram em guerra
com o México, conquistando ou comprando metade do território daquele país.
A segunda fase da expansão norte-americana, a partir da guerra civil, após
a segunda metade do século XIX, já estava dentro da fase imperialista do
capitalismo. O imperialismo que surgiu com a Segunda Revolução Industrial, a
partir da segunda metade do século XIX, era caracterizado pelo crescimento,
fusão e concentração de capitais, o que levou à monopolização da economia dos
países capitalistas desenvolvidos, com o surgimento dos trustes e cartéis. Outras
características do imperialismo eram: domínio da economia capitalista pelo
capital financeiro, exportação de capitais e populações excedentes dos países
centrais para as áreas periféricas ou coloniais e luta pelo domínio de áreas de
influência ou colônias, entre os grandes países imperialistas.
Terminada a guerra civil, firmou-se definitivamente a predominância do capital na
América do Norte: os Estados Unidos já eram uma grande potência imperialista,
que necessitava exportar seus capitais excedentes e produtos manufaturados e
importar matérias-primas essenciais. Os grandes trustes industriais
desenvolviam-se violentamente; o capital bancário assenhorava-se da produção
industrial, que crescia a índices elevados exigindo mercados cada vez mais
amplos, e a marinha americana só era superada pela marinha inglesa.
Dentro dessa nova fase expansionista, em 1867 os EUA compraram da Rússia o
Alasca com a finalidade de eliminar o domínio russo no Pacífico Norte.
Quando a Alemanha tentou apossar-se do arquipélago de Samoa, os
Estados Unidos, aliados à Inglaterra, exigiram que o arquipélago fosse dividido
entre as três potências, e conseguiram ficar com a maior parte das ilhas e com o
porto de Pago Pago.
No Havaí, os capitais americanos controlavam toda a indústria do açúcar, e
em 1887 passaram a ter direitos exclusivos sobre o porto de Pearl Harbour. O
arquipélago havaiano foi controlado por residentes norte-americanos até 1898,
quando se efetivou sua anexação aos Estados Unidos.
Liderados pelo poeta José Martí, os cubanos em 1895 novamente se
levantaram contra o domínio espanhol. Os rebeldes destruíram propriedades
norte-americanas na ilha, procurando atrair os EUA para a guerra contra a
Espanha. Em 1898 o governo americano enviou a Cuba o cruzador Maine com a
finalidade de "proteger vidas e propriedades de norte-americanos". Esse navio foi
afundado, e os EUA declararam guerra à Espanha. Mas a guerra teria acontecido
mesmo que nenhum navio americano tivesse sido afundado.
Utilizando-se da doutrina de Monroe, segundo a qual o governo americano
não permitiria a intervenção das potências européias na América, os EUA
venceram facilmente a Espanha. Terminada a guerra, pelo Tratado de Paris, Cuba
passou a ser uma nação independente, mas sob a influência dos Estados Unidos,
que receberam, da Espanha, Porto Rico, Filipinas e a ilha de Guam.
Os Estados Unidos interessavam-se pelos mercados asiáticos desde 1845,
quando forçaram o Japão a abrir os portos às mercadorias americanas. Um dos
maiores mercados era a China. Derrotada pelo Japão em 1895, a China era uma
presa fácil para os países imperialistas europeus e praticamente foi dividida em
áreas de influência (França, Inglaterra, Rússia e Alemanha). Em 1889, os EUA,
temerosos de serem excluídos dos mercados chineses, exigiram através de Hay,
o secretário de Estado, que as nações com esferas de influência naquele país
mantivessem uma política de portes abertas na China, isto é, que nenhum deles,
através de tarifas alfandegárias, reservasse para si parcelas do mercado
consumidor e produtor chinês. A China tornou-se, então, um mercado livre para
todos os países imperialistas.
Após conquistarem Cuba — que ficou ocupada por tropas americanas até
1902 — e Porto Rico, onde asseguravam seus investimentos na agroindústria
açucareira, os EUA, como a Colômbia, não queria ceder, por urna ninharia, os
direitos perpétuos sobre a faixa onde estava sendo construído o Canal do
Panamá; o presidente Theodore Roosevelt, dos EUA, fomentou uma rebelião
separatista. Os Estados Unidos enviaram tropas para impedir o esmagamento da
rebelião pela Colômbia, e um embaixador da nova república assinou um acordo
com os EUA, cedendo a faixa de terras do canal por 10 milhões de dólares e por
um aluguel anual. O presidente Theodore Roosevelt, o fundador deste país
artificial, disse simplesmente: "Eu tomei o Panamá."
Esse mesmo presidente completou a doutrina de Monroe, ao dizer: "Se a
América deve ser para os americanos, os Estados Unidos têm de assumir a
função de polícia para garantir que todo mundo se comporte como deve e haja
ordem no continente." Essa política ficou conhecida como Big Stick e motivou
uma série de intervenções dos EUA., na América Latina, para restaurar a "ordem"
e proteger os interesses ameaçados das companhias bananeiras e dos grandes
banqueiros norte-americanos na América Central.
Em 1903, o presidente Theodore Roosevelt interveio em São Domingos,
que estava impossibilitado financeiramente de saldar seus débitos com
banqueiros europeus e norte-americanos. Nessa primeira intervenção branca, um
curador norte-americano recolhia 55% das rendas do pais para liquidar os
débitos com os credores. De 1916 a 1924, São Domingos (República Dominicana)
foi ocupada por fuzileiros navais americanos.
Durante a ocupação militar da República Dominicana, Rafael Trujillo foi
preparado para assumir o poder e governou o país com mão de ferro durante
mais de trinta anos.
Ainda dentro da diplomacia do Grande Porrete, os EUA, intervieram no Haiti
em 1914. Os americanos haviam feito a esse país uma proposta de controlar as
finanças combalidas. Como a proposta foi recusada, os fuzileiros navais
permaneceram por dez anos no país, ocupação que significava a tutela financeira
dos EUA. sobre o Haiti, e que em 1926 foi prolongada por mais dez anos
Em 1909, devido ao assassinato de dois marinheiros, os EUA intervieram
na Nicarágua, para onde retomaram em 1912 ficando até 1933.
Sandino - o General dos Homens Livres -, com seu pequeno exército de
camponeses, resistiu aos 12 mil soldados norte-americanos. Os EUA, antes de se
retirarem da Nicarágua, organizaram a Guarda Nacional, misto de exército e
polícia, cujo comando entregaram a Anastácio "Tachito" Somoza. Em 1933, com
a retirada dos EUA, o exército sandinista depôs as armas e um acordo foi
acertado entre o presidente da Nicarágua e o general Sandino.
A pedido do embaixador americano, Sandino foi assassinado em uma
emboscada organizada por Somoza, quando se dirigia para uma reunião em
Manágua.
Livre de Sandino, Somoza tomou-se o ditador da Nicarágua, implantando a
ditadura de sua família que persistiu por mais de 40 anos. Os Somoza e a Guarda
Nacional, aliados aos interesses norte-americanos, eram o único poder na
Nicarágua. Calculada em 1 bilhão de dólares, a fortuna da família Somoza é fruto
da corrupção administrativa daquele país.
Recentemente, a família Somoza foi substituída no poder pelo Governo de
Reconstrução Nacional, após uma insurreição bem-sucedida, liderada pela frente
Sandinista de Libertação Nacional.
Após a deposição dos Somoza, o G.R.N. nacionalizou os bens da família,
que serão utilizados na reconstrução da Nicarágua, destruí da pela guerra civil.
O Big Stick fica bem ilustrado nas palavras de um comandante do corpo de
infantaria da marinha americana, reproduzidas pelo historiador Leo Huberman:
"Passei 33 anos e 4 meses no serviço ativo... Servi em todas as hierarquias... E
durante todo esse período passei a maior parte do tempo em funções de
pistoleiro de primeira classe para os Grandes Negócios... e para os banqueiros...
Ajudei a fazer com que Haiti e Cuba fossem lugares decentes para a cobrança de
juros por parte do National City... Em 1909-1912, ajudei a purificar a Nicarágua
para a Casa Bancária Internacional Brow Brothers. Em 1916, levei luz à República
Dominicana, em nome dos interesses açucareiros norte-americanos. Em 1903,
ajudei a "pacificar" Honduras em beneficio das companhias frutíferas
americanas".

6. A AMÉRICA LATINA APÓS A INDEPENDÊNCIA

6.1. A DEPENDÊNCIA LATINO-AMERICANA NO PERÍODO POSTERIOR À


INDEPENDÊNCIA

Na primeira metade do século XIX, o capitalismo, baseado na grande


indústria e no trabalho assalariado, firmou-se definitivamente na Europa,
sobretudo na Inglaterra. A América Latina foi então chamada a participar do
mercado mundial, como produtora de matérias-primas e consumidora de parte
da produção das indústrias leves européias, principalmente inglesas.
O sistema colonial ibérico, basicamente, rompeu-se. A nova dependência
da América Latina redefiniu-se após a independência política daqueles países.
A independência política da América Latina, como veremos, foi obra das
classes beneficiárias do antigo sistema colonial: grandes proprietários rurais e
burguesia mercantil ligadas ao mercado externo. Portanto, não foi um movimento
político revolucionário. Não interessava àquelas classes alterar as formas de
produção que haviam sido erigidas em função do mercado externo. O que lhes
interessava era apenas o fim do sistema colonial e o conseqüente exclusivismo
comercial das metrópoles sobre a colônia. Imbuídos dos ideais do liberalismo
econômico, grandes proprietários e burguesia queriam apenas liberdade de
comércio. E com a independência política, instituiu-se o livre-cambismo.
Rompido o sistema colonial ibérico, a Inglaterra industrializada pôde ocupar
os mercados latino-americanos, sem a intermediação das antigas metrópoles:
podia comprar matérias-primas e produtos alimentícios e vender os seus
manufaturados. Mas a Inglaterra não vendia apenas os seus produtos
industrializados, vendia idéias também. A elite latino-americana, culturalmente
também depende do exterior aceitava as idéias de liberalismo econômico. E tais
idéias diziam que os países latino-americanos deveriam especializar-se no que
produziam melhor, no que tinham "vocação natural", isto é, matérias-primas e
gêneros alimentícios, e importar o resto: produtos manufaturados. Diga-se, de
passagem, essas idéias convinham aos grandes proprietários rurais e burguesia
mercantil, beneficiários da produção destinada ao mercado externo. Obtendo
seus rendimentos através da vinculação com o mercado externo não lhes
agradava a idéia de desenvolver uma produção de manufaturados. Caso seus
países desenvolvessem a industrialização, poderia ocorrer um impasse: o
fechamento do mercado externo às suas exportações.
O livre-cambismo dominou quase todas as nações latino-americanas, no
período posterior à independência política.
As mercadorias industrializadas inglesas inundavam os portos latino-
americanos. Note-se que, desde o século XVIII, quando o sistema colonial estava
entrando em crise, o mercantilismo ibérico tentava se "modernizar".
Em conseqüência, as metrópoles permitiram o desenvolvimento do
artesanato e das manufaturas nas colônias. No período imediatamente anterior à
independência, tanto a produção artesanal quanto a manufatureira estavam se
desenvolvendo no império espanhol e no Brasil. A abertura dos portos ao
capitalismo internacional levou à falência o artesanato e a manufatura, que
desapareceram, pois, como não recebiam nenhuma proteção alfandegária,
ficavam sem condições de concorrer com os produtos ingleses mais baratos. Os
ponchos, os arreios, as carroças etc., antes produzidos internamente, passaram a
ser importados. As mercadorias made in England fecharam o caminho à
industrialização da América Latina. Não se passou, como na Europa, da
manufatura à grande indústria. A manufatura faliu. Não se criou uma na
burguesia industrial capaz de criar, na América, uma sociedade moderna baseada
no desenvolvimento industrial e no trabalho assalariado. A grande propriedade
agroexportadora e seu complemento, os minifúndios tributários do grande
latifúndio, continuaram sendo a realidade econômica desta região.
A América Latina independente ingressou na órbita britânica e só sairá dela
para ingressar na órbita norte-americana após a Primeira Guerra Mundial. Assim
se configurava o quadro geral das novas nações dependentes da hegemonia
britânica Mas tivemos três tentativas de desenvolvimento econômico
independente: no Paraguai (de França a López), na Argentina, de Rosas, e no
Brasil com Mauá.

6.2. AS TENTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO AUTÔNOMO

Vejamos, resumidamente, o fracasso das três tentativas de


desenvolvimento interno.

A. TENTATIVA PARAGUAIA

Após a independência do Paraguai, sucederam-se governos autocráticos e


nacionalistas naquele país. O primeiro ditador, Francia, procurou quebrar o poder
político da oligarquia, nacionalizando propriedades da aristocracia rural e da
Igreja Católica Além disso, fechou os portos paraguaios ao comércio exterior. O
Paraguai deveria viver com recursos próprios. Os sucessores de Francia, Antônio
Carlos e Francisco Solano López, continuaram essa medida econômica,
procurando desenvolver o Paraguai de forma autônoma. Como esse país não
possuía uma burguesia industrial, o próprio Estado passou a promover o
desenvolvimento industrial. Antes do início da Guerra do Paraguai já se fundia
todo o ferro necessário à indústria, e havia-se criado a primeira siderúrgica de
toda a América do Sul. Os navios eram produzidos em estaleiros paraguaios, e as
ferrovias, construídas com capitais do Estado, tinham seus trilhos, vagões e
locomotivas totalmente fabricados no país.
O desenvolvimento autônomo do Paraguai, o país mais progressista da
América do Sul, inquietava o imperialismo inglês. Era um péssimo exemplo para
os países dominados pelo capital daquele país. Então, a Inglaterra financiou a
Argentina, o Uruguai e o Brasil, que declararam guerra ao Paraguai,
aproveitando-se de velhas rivalidades regionais. Nessa guerra o Paraguai foi
arrasado, e acabou-se o processo de desenvolvimento autônomo.

B. TENTATIVA ARGENTINA

Após uma série de conflitos a que se opunha o Porto, região de Buenos


Aires que monopolizava as rendas do comércio internacional e as províncias do
interior, Juan Manuel Rosas assumiu o poder. Procurando reconstruir a unidade
argentina, esse caudilho criou, em 1853, uma lei protecionista, que visava
proteger as manufaturas e o artesanato do interior que estavam falindo diante da
concorrência inglesa. Mas a experiência de Rosas faliu por três motivos:
I. A Argentina não tinha uma burguesia industrial, que, aproveitando-se da
proteção alfandegária, pudesse desenvolver a industrialização;
2. O centro da vida econômica era a grande propriedade agropecuária
exportadora, à qual não interessava a industrialização da Argentina;
3. Após a deposição de Rosas, restabeleceu-se o livre-cambismo no país.

C. TENTATIVA BRASILEIRA

A outra tentativa de desenvolvimento industrial, independente do capital


inglês, deu-se com Mauá, no Brasil.
lrineu Evangelista de Sousa, mais conhecido como Barão de Mauá, era um
rico comerciante, que resolveu aplicar o seu capital adquirido na sua atividade
comercial, na indústria. Em meados do século XIX, montou uma forja, uma
fundição, uma fábrica de máquinas e um estaleiro naval. A partir daí, construiu
uma ferrovia no Rio, indústrias têxteis, linhas telegráficas e fundou um banco.
Naquele período, essa tentativa de criar uma indústria nacional era possível. Em
1844 o governo, necessitado de rendas, elevou as taxas de importação, através
das tarifas alfandegárias Alves Branco. Isso protegia a indústria nacional da
concorrência inglesa. A retomada do desenvolvimento econômico do Brasil, a
partir de 1860, com o desenvolvimento da produção cafeeira, levou à falência as
empresas de Mauá. Os barões do café, novo grupo agroexportador em expansão,
interessados na venda de seus produtos no mercado externo exigiram o livre-
cambismo. A baixa das tarifas alfandegárias fez com que Mauá não suportasse a
concorrência inglesa. Os custos de seus produtos eram maiores, porque os
ingleses tinham uma tecnologia mais desenvolvida e um mercado consumidor
maior e poderiam vender mais barato. Mauá faliu.
Diante da coercitiva concorrência inglesa, as tentativas de desenvolvimento
industrial autônomo fracassaram na América Latina.

Вам также может понравиться