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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO PAULO


FORO REGIONAL I - SANTANA
9ª VARA CÍVEL
AV. ENGENHEIRO CAETANO ÁLVARES, 594, São Paulo - SP - CEP 02546-
000

SENTENÇA

Processo nº: 001.08.628803-3 - Procedimento Ordinário (em Geral)


Requerente: Cooperativa Habitacional dos Bancarios de São Paulo - BANCOOP
Requerido: João Alonso Calçado

Juiz(a) de Direito: Dr(a). José Augusto Nardy Marzagão

Vistos.

COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO


PAULO LTDA, qualificada e devidamente representada nos autos, ajuizou a presente
ação de cobrança contra JOÃO ALONSO CALÇADO. .
Em síntese, alega que o requerido adquiriu o bem imóvel pormenorizado
na inicial, onde se comprometeu a efetivar os pagamentos, que redundariam na aquisição
do aludido bem. Salienta que, como cooperado, deve arcar com os gastos do
empreendimento, no limite de sua cota parte. No entanto, deixou de adimplir o valor do
resíduo constatado, sendo necessário que haja pagamento correspondente, sob pena de
proporcionar mais encargos aos cooperados adimplentes.
Consignou, também, que deve haver observância do estatuto social, que
prevê a possibilidade do referido pagamento, bem como destacou que há documentos,
que se encontram à disposição dos cooperados, que comprovam a aferição da necessidade
da cobrança do resíduo. Por fim, pugnou pela procedência da demanda, para condenar o
suplicado ao pagamento do valor em aberto.
Foi juntada farta documentação.
O requerido ingressou no feito, dando-se por citado, e apresentou
contestação (fls. 122/133), onde assevera, preliminarmente, a existência de
prejudicialidade externa, diante do processo em curso perante a 40ª Vara Cível Central,
onde se discute a legalidade da cobrança do resíduo. No tocante ao mérito, destaca que o

001.08.628803-3 - lauda 1
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valor cobrado não se justifica e surgiu das condutas unilaterais da requerida. Assim,
rechaça a legalidade da cobrança, bem como a qualidade de cooperativa da suplicante,
propugnando pela improcedência do pleito inicial.
Foram juntados documentos (fls. 137/166).
Réplica e documentos (fls.178/209).
Instados a especificar as provas que pretendiam produzir, os litigantes
pugnaram pelo julgamento do feito no estado em que se encontra (fls.214/217 e 218/222).
É o breve relato.
Fundamento.
Decido.
Passo ao julgamento do feito no estado em que se encontra, tendo em vista
o desinteresse dos litigantes na produção de outras provas.
A ação é improcedente.
As matérias preliminarmente suscitadas pelo requerido não merecem
prosperar.
De proêmio, insta salientar que não restaram demonstrados, a contento, a
causa de pedir e o pedido do processo em trâmite perante a 40ª Vara Cível Central.
Assim, tenho que os documentos existentes nos autos não se mostram hábeis ao fim
almejado, pois não se prestam a comprovar a alegada prejudicialidade. Pelos mesmos
motivos, rechaço a alegação de litispendência, acrescentando, ainda, que as partes dos
processos são distintas.
Por conseguinte, as prejudiciais, suscitadas pelo requerido, não merecem
guarida, razão pela qual passo à análise do mérito.
Resta incontroverso nos autos que os litigantes celebraram contrato através
do qual o requerido aderiu à realização de um empreendimento, onde tencionava a
construção de imóvel, mediante pagamento de forma parcelada do preço.
Dessa forma, por entender cumprida integralmente a obrigação, o
requerido não reconhece a exigibilidade do débito cobrado, a título de resíduo, porque
considera quitada sua obrigação pactuada.
Por sua vez, a autora defende a legalidade da cobrança, aduzindo que ela

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está em consonância aos gastos efetivados na obra, bem como em conformidade ao


contido no estatuto da cooperativa.
Portanto, percebe-se que a controvérsia se resume, tão somente, à
legalidade da cobrança do resíduo, além do débito apurado pela autora.
No feito em testilha, resta de forma hialina a existência de contrato que
visa à obtenção de valores destinados à construção de imóveis.
Não merece, portanto, ser atribuída à requerente a natureza de cooperativa,
já que constituída com a intenção nítida de se eximir de responsabilidades, mormente
quando, acaso considerado o contrato na forma como efetivamente detém, não se
possibilita àquela a tomada de medidas efetivadas.
Ora, o contrato deve se sujeitar às determinações legais e aos princípios
gerais de Direito, que impõem regras a todos quantos queiram conseguir crédito para
atividades, em especial aquelas concernentes a imóveis.
Ressalve-se que, pelo que consta, a autora foi constituída, inicialmente,
tendo como objetivo social proporcionar construção e aquisição de unidades residenciais
e/ou comerciais, nos moldes declinados no artigo 5.º de seu Estatuto Social, vindo a
proporcionar a adesão de associados ou cooperados, com a inscrição correspondente
posteriormente à constituição, que se fez independentemente da existência desta.
Não há verdadeiramente ato cooperativo, nos moldes das determinações da
Lei 5.764/71. Aliás, não houve prévio agrupamento de pessoas com a intenção de
constituição e realização de objetivo comum, mediante esforço conjunto de seus
associados ou cooperados.
A propósito, a possibilidade de haver aplicação dos benefícios estatuídos
na lei mencionada requer que o ato se subsuma a estas determinações, com a efetiva
constituição de cooperativa para este mister.
A finalidade parece óbvia, tanto que a forma eleita vem sendo utilizada por
diversas empresas, na intenção nítida de se isentar das obrigações contidas no Código de
Defesa do Consumidor e nas atuais determinações do Código Civil, escudando-se nas
prerrogativas concedidas às cooperativas.
Por conseguinte, a interpretação que se dará ao contrato em testilha é

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aquela correspondente à existência de contrato de financiamento para aquisição de bem


imóvel, com a sujeição às determinações do Código de Defesa do Consumidor.
A autora, sociedade civil que tem como objetivo social, pelo que se infere,
propiciar a construção de moradias, não pode negar que atua em um mercado de alta
competição, disputando a “captação de cooperados ou sócios” com congêneres suas, de
natureza declaradamente comercial, na captação de consumidores.
Ademais, é notória a utilização de determinadas formas jurídicas para
redução de custos, em especial tributários, pouco importando a real finalidade da figura
da pessoa jurídica. Por conseguinte, não há que se falar em ato societário ou cooperativo,
mas sim em fornecimento de crédito contrato de prestação de serviços, mesmo porque,
efetivada a construção, não há mais a finalidade para a continuidade do “sócio” ou
“cooperado” na referida sociedade ou cooperativa.
Há, portanto, uma relação de consumo.
Consoante exposto acima, o requerido informa que adimpliu o contrato,
atribuindo-lhe a autora indevidamente débito após a entrega da unidade adquirida.
Dessa forma, caberia à autora, portanto, comprovar que há valor passível
de cobrança, diante do alegado prejuízo e necessidade, por não haver cobertura nos
pagamentos efetivados do custo e preço de construção.
Não há, nos elementos coligidos aos autos, nenhum documento que
permita aferição de efetiva existência de custo não proporcionalmente rateado entre os
“cooperados”.
Insisto, a autora não logrou êxito em comprovar, a contento, a regularidade
na apuração do pretenso resíduo, razão pela qual não merece apreço suas alegações.
É o que dispõe o art. 333, I, do Código de Processo Civil, onde se lê
incumbir à autora o ônus da prova de fato constitutivo de seu direito.
Consoante a lição de Nelson Nery Jr. e Rosa Maria Andrade Nery, em seu
festejado Código Comentado (2ª ed., 1996, RT, p. 758), ao tratar do onus probandi “a
palavra vem do latim onus, que significa carga, fardo, peso, gravame. Não existe
obrigação que corresponda ao descumprimento do ônus. O não atendimento do
ônus de provar coloca a parte em desvantajosa posição para a obtenção do ganho de

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causa. A produção probatória, no tempo e na forma prescrita em lei, é ônus da


condição de parte.”
Por outro lado, a entrega do imóvel se fez há mais de quatro anos. Infere-se
que, entregues, mesmo que informe a autora ter havido apenas transferência precária,
houve quitação das obrigações pelo adquirente. Somente situações excepcionais
permitem que, entregue o bem e transferida a posse, possa haver cobrança ulterior.
No presente caso, contudo, não se justifica o comportamento da autora, o
que retira a legalidade da cobrança contida na inicial.
Assim, a soma de alegações choca-se contra os fatos verificados nos autos,
e, conseqüentemente, são afastados os argumentos restantes, por inaplicáveis.
Neste sentido já decidiu o Egrégio Primeiro Tribunal de Alçada Civil do
Estado de São Paulo:
“O JUIZ NÃO ESTÁ OBRIGADO A RESPONDER TODAS AS
ALEGAÇÕES DAS PARTES, QUANDO JÁ TENHA ENCONTRADO O MOTIVO
SUFICIENTE PARA FUNDAR A DECISÃO, NEM SE OBRIGA A ATER-SE AOS
FUNDAMENTOS INDICADOS POR ELAS E TAMPOUCO A RESPONDER UM A
UM TODOS OS SEUS ARGUMENTOS” (JTACASP-LEX 135/436 Rel. JUIZ ADAIL
MOREIRA);
Bem como o Superior Tribunal de Justiça:
“O Juiz, atento ao princípio do seu livre convencimento, obriga-se a
apreciar e a relevar apenas os fatos, alegações e peças instrutórias que tenham relevância
para a causa, devendo desconsiderar todos aqueles impertinentes e sem qualquer valor
probante” (STJ RT 735/224 Rel. Ministro CLÁUDIO SANTOS).
No mesmo sentido, ALEXANDRE DE PAULA, 6° edição, volume I,
pág.649, item 14, da sua obra “CPC Anotado”, esclarece:
“...Ainda que a apelação devolva o conhecimento de todas as questões
suscitadas e discutidas na instância inferior CPC, art.515, parágrafo 1° - nem por isso
será obrigado a reexaminar cada uma das alegações e das provas oferecidas pelas partes
sobre matéria de fato, desde que a análise do contexto submetido à consideração dos
julgadores seja suficiente para formar seu convencimento. É o que o princípio da livre

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apreciação da prova, insculpido no artigo 131 do CPC, também se aplica aos julgamentos
em segunda instância” (Ac. un., da 6° Câmara do 1° TACivSP de 13.5.86, nos embs.
Decls. n° 354.472, rel. Juiz Ernani Paiva)...”
Dessa forma, torna-se imperiosa a improcedência do pedido inicial.
Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTE a ação de cobrança movida
pela COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO
contra JOÃO ALONSO CALÇADO, resolvendo o feito, com análise do mérito, com
fulcro no artigo 269, I, do Código de Processo Civil.
Condeno a autora ao pagamento das custas e despesas processuais, bem
como de honorários advocatícios do patrono do suplicado, que desde já fixo em 15%
sobre o valor atualizado da causa.
P.R.I.
São Paulo, 06 de agosto de 2009.

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