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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Medicina de Botucatu


Dep. Doenças Tropicais e Diagnóstico por Imagem

Relatório de Aulas Práticas


Laboratório de Instrumentação Médica
Módulo 1: Fundamentação Teórica

Paulo Roberto da Fonseca Filho


6º Semestre / Física Médica

Botucatu, maio de 2006.


1. Histórico

Em sua teoria eletromagnética, Maxwell chegou a prever a existência e o


comportamento de ondas eletromagnéticas, mas foi só em 1895 que Röntgen (1845-1923)
descobriu os Raios X quando estudava o fenômeno da luminescência produzida por raios
catódicos num tubo de Crookes. Este dispositivo, foi envolvido por uma caixa de papelão
negro e guardado numa câmara escura. Próximo à caixa, havia um pedaço de papel
recoberto de platinocianeto de bário. Ele percebeu que, quando fornecia corrente elétrica
aos elétrons do tubo, este, emitia uma radiação que velava a chapa fotográfica, intrigado,
resolveu intercalar entre o dispositivo e o papel fotográfico, corpos opacos à luz visível.
Desta forma obteve provas de que vários materiais opacos à luz diminuíam, mas não
eliminavam a emissão desta estranha irradiação induzida pelo raio de luz invisível, então
desconhecido. Isto indicava que a energia atravessava facilmente os objetos, e se
comportava como a luz visível. Após exaustivas experiências com objetos inanimados,
Röntgen resolveu pedir para sua esposa pôr a mão entre o dispositivo e o papel
fotográfico (Figura 1). A foto revelou a estrutura óssea interna da mão humana, com todas
as suas formações ósseas, foi a primeira chapa de raios X, nome dado pelo cientista à sua
descoberta em 8 de novembro de 1895.

Figura 1: Röntgen e a radiografia da mão de sua esposa.

Tão logo o trabalho de Röntgen foi publicado, a comunidade médica percebeu sua
aplicação para diagnóstico de diversas doenças e poucos anos depois já era comum o
emprego dessa “novidade” na área médica.

2. Produção e caracterização de raios X


Uma das maneiras para se produzir um feixe de raios X é denominada
"Bremsstrahlung" (Bremsen = Frear e Strahlung = radiação), ou seja radiação de
freamento. A radiação é produzida quando elétrons são desacelerados ou “parados” ao
atingirem um alvo de metal, uma vez que cargas elétricas aceleradas emitem radiação
eletromagnética.
Para arranjar um sistema de produção de raios X são necessários uma fonte de
elétrons e eletrodos com alta tensão para acelerar esses elétrons (via campo elétrico).
Como os elétrons são facilmente parados por uma barreira de ar, é preciso também uma
ampola de vácuo. Isso é conseguido com o arranjo da Figura 2, onde estão presentes a
ampola de vácuo, os eletrodos (catodo e anodo giratório), um filamento como fonte de
elétrons e uma janela de berílio por onde o feixe de radiação passa.

Figura 2: Componentes do tubo de raios X.

O ânodo giratório é usado para evitar o superaquecimento do equipamento com as


colisões dos elétrons, além de prolongar a vida útil da ampola. Geralmente ele é
construído com tungstênio porque este possui elevado ponto de fusão (resiste bem ao
calor) e alto número atômico consequentemente, alta energia de ligação, o que garante
que poucos elétrons sairão do alvo devido às colisões (radiação característica). Um fator
importante também é que o poder de freamento dos elétrons elevado é proporcional a Z.
A partir de alguns circuitos eletrônicos é possível selecionar energia, quantidade
de radiação e tempo de exposição em um tubo de raios X. O circuito do filamento é o
responsável por aquecer o catodo e ejetar elétrons; o circuito de alta tensão fornece o
campo elétrico necessário para acelerar os elétrons do catodo para o anodo. É importante
lembrar que existe um circuito retificador para converter a tensão alternada em corrente
contínua. Já o “timer circuit” controla a exposição aos raios X. A Figura 3 apresenta os
circuitos.
Figura 3 : Circuitos eletrônicos do tubo de raios X.

O espectro eletromagnético produzido via bremsstrahlung é uma distribuição


contínua de radiação que se torna mais estreito e intenso a medida que a energia dos
elétrons incidentes aumenta, conforme a .

Figura 4 : Espectro de raios X produzido por bremsstrahlung.

Se a energia com a qual o elétron atinge o alvo é suficientemente grande, ele pode
ejetar elétrons de camadas mais internas dos átomos do alvo desencadeando uma
transição eletrônica para preencher essa camada mais interna. Esse “preenchimento” se
dá com uma emissão de energia na forma de um fóton. Esse tipo de radiação geralmente
está na região do espectro eletromagnético correspondente a raios X e é denominada
radiação característica. Esse fenômeno somente ocorrerá quando a energia cinética dos
elétrons for igual a uma das energias de transição eletrônica do alvo. Isso significa dizer
que a radiação característica possui um espectro discreto de energia (Figura 5). A energia
cinética dos elétrons é determinada pela kilovoltagem de pico (KVp) do espectro de raios
X (100 KVp produz uma energia máxima de 100 KeV). O número de elétrons que
atingem o alvo (e, consequentemente, a quantidade de raios X produzida) é determinado
pela corrente (mA) do filamento.

Figura 5: Espectro de raios X produzidos por bremsstrahlung,


onde aparecem também os picos da radiação característica do alvo.

Para calcular a intensidade do feixe, basta calcular a área sob a curva do espectro.
Essa intensidade é determinada pela voltagem de pico (proporcional a KVp2), corrente no
filamento (mA), número atômico do alvo (Z) e filtração. Na filtração está incluída a
filtração inerente, que é a atenuação do feixe de raios X por qualquer componente do tubo
ou da blindagem através do qual o feixe deve passar. Em termos quantitativos, ela
(filtração inerente) corresponde a aproximadamente 0.51mm de alumínio. A filtração total
do feixe antes que ele atinja o paciente é a filtração inerente somada à filtração
“adicional” (barreiras postas pelo operador, por exemplo). A Figura 6 apresenta espectros
de raios X para diferentes filtrações. É importante notar que conforme a filtração
aumenta, o espectro se desloca para maiores energias (mais penetrantes) e diminui sua
intensidade (já que diminui o número de fótons com energia suficiente para vencer a
filtração), ou seja, a intensidade total diminui, mas a energia média aumenta.
Figura 6 : Espectro de raios X quando o feixe passa por filtração.

3. Interação com a matéria

Ao incidir radiação sobre um paciente com a intenção de produzir imagem, o


fóton pode passar pelo sistema sem interagir ou interagir de três formas diferentes: efeito
fotoelétrico, espalhamento Compton e espalhamento coerente. Na faixa de energia em
que opera um sistema de raios X não há energia suficiente para ocorrer absorção por
produção de pares (energia mínima de 1,22 MeV - duas vezes a massa em repouso de um
elétron).

3.1 Efeito fotoelétrico

No efeito fotoelétrico um fóton transfere toda sua energia para um elétron


localizado em uma das camadas atômicas. Uma parte dessa energia é usada para vencer a
energia de ligação e a outra parte é usada para dar energia cinética ao elétron ejetado.
Como o elétron perde sua energia rapidamente, ele percorre uma distância relativamente
pequena e deposita sua energia na matéria perto do local de interação.
A interação, ilustrada na Figura 7, ocorre quando o fóton incidente tem energia
igual à energia de ligação de elétrons das camadas mais internas (fortemente ligados ao
átomo), fazendo com que esses elétrons sejam ejetados. Com essa ejeção, elétrons das
camadas mais externas liberam energia na forma de fótons para preencher as camadas
internas (radiação característica).
Figura 7: Esquema de interação via efeito fotoelétrico.

A ligação do elétron com o átomo é comumente denominada função trabalho.


Alguns valores para ela são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Valores da “função trabalho” para diversos elementos químicos.

Elemento Função trabalho(eV)


Alumínio 4.08
Berílio 5.0
Cálcio 2.9
Carbono 4.81
Ferro 4.5
Potásso 2.3
Platina 6.35
Prata 4.73
Sódio 2.28

3.2 Efeito Compton

O efeito Compton ocorre quando um fóton de raios X incide sobre um elétron


estacionário (livre), transfere parte de sua energia para o elétron (que adquire energia
cinética e ângulo φ ), sofre uma mudança de direção em um ângulo θ e perde energia. A
física que descreve este fenômeno está restrita aos princípios de conservação do momento
e da energia, conforme apresentado na Figura 8. Devido à mudança de direção, esse tipo
de interação é classificado como um processo de espalhamento. Esse efeito é importante
em algumas situações quando o feixe incidente (primário) interage com o material e dá
origem a uma radiação secundária, que pode atingir o detector (ou o filme) e prejudicar a
qualidade da imagem (mais especificamente o contraste da imagem).
A fim de evitar que a radiação secundária atinja o filme, a maioria dos
equipamentos de raios X conta com uma grade de chumbo (bom absorvedor) posicionada
entre o paciente e o sistema tela-filme. Durante a exposição, essa grade move-se de um
lado para outro, o que barra os fótons espalhados já que a radiação primária, não
espalhada, incide perpendicularmente ao filme e passa facilmente através da grade. A
razão entre a altura das barras e a distância ente elas é denominada taxa de grade.

Figura 8 : O efeito (ou espalhamento) Compton

3.3 Espalhamento Coerente

O espalhamento coerente é um processo no qual a energia do fóton incidente é


completamente absorvida pelos elétrons de um átomo e reemitida em seguida sem perda,
mas com direção arbitrária. A probabilidade de que esse tipo de espalhamento ocorra é
inversamente proporcional à energia dos fótons e proporcional ao número atômico do
átomo espalhador.

Em suma, a interação dos fótons com a matéria é dependente do número atômico


do absorvedor e da energia do fóton. Com isso a probabilidade de ocorrer efeito
fotoelétrico, Compton ou produção de pares pode ser resumida na Figura 9 . Note que na
faixa em que operam equipamentos de radiodiagnóstico predomina o efeito fotoelétrico,
seguido de efeito Compton e nenhuma (ou praticamente nula) probabilidade de produção
de pares.
Figura 9: Efeitos de absorção em função do número atômico e energia do feixe
incidente.

4. Formação de Imagens e Contraste

Há dois modos de gerar imagens através de radiação X. Um deles é passar um


feixe de raios X através de uma seção do corpo e projetar a “sombra” em um receptor. O
segundo é utilizado em tomografia computadorizada e emprega técnicas computacionais
para reconstruir uma imagem a partir de dados de penetração do feixe. Como esta
primeira parte da disciplina está restrita a radiologia, dar-se-á foco somente no primeiro
modo.
Para um objeto ser visível em uma imagem de radiologia, ele deve ter contraste
físico em relação o material que o cerca, que pode ser a diferença na densidade ou
composição (número atômico). Com essa diferença, ele absorve de maneira diferente que
uma mesma quantidade de material da vizinhança; se absorve mais, aparece na imagem
uma “sombra positiva” (clara); se absorve menos, surge uma “sombra negativa” (escura)
e assim por diante. Os fatores mais importantes para definir o contraste radiográfico são
apresentados na Figura 10. Nesse conjunto, o tecnólogo que opera o sistema é
responsável pelos fatores relacionados à penetração do feixe, onde determina a energia do
fóton incidente para fazer imagem de um determinado objeto, respeitando as
características do material que circunda esse objeto para um bom contraste radiográfico.
N.ºatômico

Objeto Densidade

Espessura
Penetração
KV
Energia do
fóton Filtros

Anodo

Tamanho do campo
Contraste
Radiográfico Fonte Espessura

Espalhamento KV

Grade Taxa

Forma
Curva
característica
Filme Processamento

Exposição

Figura 10: Fatores que afetam o contraste radiográfico.

Dos materiais geradores de contraste, os mais comumente encontrados no corpo


humano e suas características físicas são listados na Tabela 2.

Tabela 2: Características físicas de materiais produtores de contraste em radiologia


Material Número atômico efetivo (Z) Densidade (g/cm3)
Água 7,42 1,0
Músculo 7,46 1,0
Gordura 5,92 0,91
Ar 7,64 1,29 x 10-3
Cálcio 20,0 1,55
Iodo 53,0 4,94
Bário 56,0 3,5
5. O Filme Radiográfico

O filme radiográfico é constituído basicamente de uma emulsão de sais de prata


(iodeto de prata (1 – 10 %) e brometo de prata (90 – 99 %)) em meio gelatinoso que é
revestida pelos dois lados com uma fina base plástica para fins de suporte e proteção
mecânica. A base gelatinosa serve como uma matriz que mantém os grânulos bem
dispersos, garantido homogeneidades (Figura 11). As soluções de revelação e fixação
penetram facilmente por essa base sem causar alterações no meio. Os pequenos grânulos
cristalinos de haleto de prata (com diâmetro da ordem de 10-6 m) constituem a parte da
emulsão sensível à luz (dada a possibilidade dos íons de prata moverem-se através dos
cristais para formação da imagem latente), conforme exibido na seqüência Figura 12,
Figura 13 e Figura 14. Durante a exposição, a energia do fóton é suficiente para liberar
um elétron do íon brometo do cristal. Esse elétron caminha livremente até que é
aprisionado num sítio de imperfeição do cristal. Um íon de prata livre é associado à carga
negativa e é reduzido para um átomo de prata metálica. Esse átomo atua como uma
armadilha para outros elétrons e então atrai um outro átomo que é reduzido a prata
metálica. O processo é concomitante à incidência de fótons.

Figura 11: Seção transversal de um filme radiográfico tradicional.

Para produzir um filme de dupla camada é necessário que uma emulsão esteja
aderida à outra, o que não é muito comum de acontecer. Para tanto, usa-se uma camada
de adesivo. Externamente a cada uma das emulsões é que estão colocadas as camadas de
proteção. Esses filmes de dupla camada são úteis para trabalhar com telas
intensificadoras, que convertem os fótons de raios X em luz visível que, por sua vez,
impressiona o filme. Infelizmente, a luz é emitida em todas as direções a partir do ponto
de interação, o que pode resultar em borrões e / ou artefatos na imagem.
Figura 12: Disposição dos Figura 13 : Grânulos Figura 14: Disposição da
grânulos de haleto de prata expostos aos raios X. prata metálica após
na matriz gelatinosa. fixação.

Essas telas intensificadoras são construídas em cristais inorgânicos (chamados


fósforos) que emitem liz fluorescente quando excitados pelos fotos de raios X. Há dois
grandes grupos de fósforos, e consequentemente de telas intensificadoras: tela de
tungstato de cálcio (CaWO4) e de terras raras (tais como La 2O 2S:Tb, Gd 2O 2S:Tb, Y
2O 2S:Tb), onde Tb é geralmente utilizado como impureza ou substância de ativação.
Para demonstrar as propriedades de exposição de um filme ou sistema tela-filme é
utilizada a curva característica ou curva HD (Hurter and Driffield). Ele nada mais é do
que a representação de como a exposição do filme está relacionada ao enegrecimento do
filme, ou melhor, à densidade do filme. Geralmente ela (a curva) possui o perfil
apresentado na Figura 15. A base mais véu é medida em um filme que não foi exposto. A
forma da curva característica indica propriedades de contraste como gradiente médio
(inclinação da parte linear da curva) e faixa de exposição na qual o filme irá responder
com densidades diagnosticamente úteis, ou seja, a latitude do filme (que nada mais é do
que o comprimento da parte linear). É possível indicar também a velocidade do filme (ou
do sistema tela-filme), que é observada conforme a posição da curva característica no
eixo horizontal.
Figura 15: Curva característica de um filme radiográfico.

6. Fluoroscopia

O termo fluoroscopia geralmente é usado parar denominar a produção de imagens


em tempo real durante um exame de raios X. Historicamente, a primeira fluoroscopia foi
feita por Röntgen quando descobriu os raios X. A possibilidade de obter imagens em
tempo real e liberdade de posicionamento do campo radiográfico durante um exame
fizeram da fluoroscopia uma poderosa ferramenta de diagnóstico. Todavia, por exigir
grandes intervalos de tempo, a taxa de exposição deve ser mantida bem abaixo daquelas
observadas num aparelho de raios X convencional (100 a 200 vezes menor).
Sistemas “fluoroscópicos” podem ser configurados para várias modalidades de
diagnóstico, desde sistemas acoplados a raios X convencional até técnicas mais
sofisticadas como, por exemplo, Angiografia de subtração digital (do inlgês, DAS).
A imagem é formada a partir de um tubo intensificador de ganho muito elevado, o
que diminui sua resolução espacial e acrescenta uma quantidade considerável de ruído à
imagem. Esse tubo é usado para converter os raios X que passaram através do paciente
em luz, que pode ser gravada por câmara de vídeo. Resumidamente, ele é construído em
vidro ou metal, apresentando uma tela de entrada onde os raios X incidem e geram
elétrons (efeito fotoelétrico) que são acelerados para uma tela de saída, onde a imagem é
formada. Para “focar” a imagem na área útil da câmera são empregados eletrodos,
conforme exibido no esquema da Figura 16.
Figura 16: Esquema de um tubo intensificador.

Com isso forma-se a base teórica dos outros relatórios, todavia a estrutura dos seis
módulos não é independente (eles são complementares), ou seja, fatos que são
inicialmente mencionados em um podem ser complementados definidos em outro.

7. Referências Bibliográficas

BONTRAGER, K.L.; Tratado de técnica radiológica e base anatômica, 4ª edição, Ed.


Guanabara Koogan S.ª, 1999.

SPRAWLS, P.; Physical Principles of Medical Imaging, Ed. Madison: Medical Physics
Publishing, 1995.

BUSHONG, S.C; Radiologic Science for Technologistis. Physics, biology and


protection, Saint Louis :Mosby,1975.

Medcyclopaedia, disponível em http://www.medcicploedia.com, acessado em maio de


2006.

Wikipedia, disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Raio-X, acessado em maio de


2006.

Encarta, disponível em http://encarta.msn.com/encyclopedia, acessado em maio de


2006.

Hyperphysics, disponível em http://hyperphysics.phy-


astr.gsu.edu/Hbase/quantum/xtube.html, acessado em maio de 2006.

http://www.as-e.com/products_solutions/z_backscatter.asp
http://www.xray2000.co.uk/

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