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Vícios Emocionais

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Marcelo Assis

Terra Nova, Renê


Caminhando por princípios bíblicos / Renê Terra Nova.
– 2. ed. – São Paulo : All Print Editora, 2007.

1. Bem-aventuranças 2. Jesus Cristo - Ensinamentos


3. Programa Celebrando a Recuperação 4. Vida cristã I. Título.

07-7767 CDD-248.25

Índices para catálogo sistemático:


1. Recuperação espiritual : Princípios bíblicos : Cristianismo 248.25

Vícios Emocionais

2008
SÃO PAULO - BRASIL
VÍCIOS EMOCIONAIS
Copyright © 2008 by Marcelo Assis
Todos os direitos reservados.
Edição única – proibida a venda e reprodução
parcial ou total sem autorização do autor.

Sumário
Capa, projeto gráfico, editoração e impressão:

Introdução 7
www.allprinteditora.com.br As Emoções São Ruins? 13
info@allprinteditora.com.br
(11) 5574-5322 Sistema de Crenças 15
O Ego 17

Revisão: Os Sete Pecados 24


Fábio Roberto Viana de Oliveira
O Que É Um Vício? 40
Vícios Gerais 42
Os Vícios e a Astrologia 59
Vícios por Elementos 60
As Qualidades 61
Os Signos 62
O Que Faço Para Me Livrar Dos Meus Vícios? 66
Conclusão 71
Introdução

Li recentemente o livro “Quem Somos Nós”, eu já havia visto o filme


nos cinemas ainda quando morava em Porto Alegre e tinha com-
prado o DVD para assistir a ele várias vezes, mas foi lendo o livro
que pude entender realmente a proposta do filme. Pelo menos, eu
acredito que sim.
A conclusão a que cheguei é que nós temos um número enor-
me de caminhos ou opções em nossas vidas, mas é lógico que não
podemos tornar todas essas possibilidades em realidade (se bem
que, no livro é discutida uma teoria sobre universos paralelos onde
cada uma dessas possibilidades é vivenciada por nós), por isso, nós
escolhemos um potencial e o tornamos real.
Ou seja, a realidade não é nada mais que um conjunto de esco-
lhas que fazemos o tempo todo, não sendo algo fixo e imutável, que
está lá fora, mas algo que criamos. Algumas criações são coletivas,
como o tempo (quem viu o filme deve se lembrar, quando foi dito
que a idéia de que apenas podemos nos mover no tempo no sentido
presente/futuro e não no sentido presente/passado, é uma conven-
ção humana), na verdade, o passado, presente e futuro são conven-
ções coletivas e outras são individuais, como ter baixa auto-estima e
viver em relacionamentos degradantes, mas seja como for, a realida-
de é um quadro que pintamos com essas escolhas e que nunca está
acabado, nós sempre pincelamos mais um pouco a cada instante.
Como podemos alterar o quadro sempre que quisermos, nós
podemos criar outra realidade (é claro, que, no caso da realidade
coletiva, é necessária mais que nossa vontade para mudanças mais
profundas, porque é um somatório de escolhas, mas mesmo nesses
casos, podemos escolher, como vamos reagir a essa realidade, como
vamos senti-la internamente, o que faremos com ela, o que no final
faz toda a diferença) e temos um poder maior ainda na nossa rea-
lidade individual, nela podemos fazer as escolhas que quisermos.
No entanto, apesar do que os comerciais de automóveis costumam
apregoar na tentativa de nos fazer comprá-los, nós não escolhemos

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o nosso caminho sentados atrás de um volante e, infelizmente, é nosso vício. Mesmo que digamos que queremos ser felizes, nossas
necessário algo mais substancial que um carro caro, para dirigirmos ações não buscam a felicidade, mas, simplesmente, mais uma dose
nossas vidas eficientemente. da emoção x na qual estamos viciados. Exemplo, uma pessoa que
O que falta nos falta? Por que não fazemos escolhas melhores, está viciada na sensação de não se sentir amada, mesmo que receba
aliás, porque não conseguimos fazer escolhas mais profundas, do um elogio sincero de um colega, acaba por distorcer o elogio de uma
que: vou tomar sorvete de baunilha ou de chocolate? Se podemos forma tal, que é capaz de absorvê-lo como uma crítica ou uma de-
criar a nossa realidade, por que caímos sempre nas mesmas ciladas monstração de desprezo (lembre-se: a realidade tem o sentido que
do destino? damos a ela e é óbvio que um viciado vai sempre dar o sentido que o
Neste livro é apresentado um motivo, que se baseia nos estudos ajuda a alimentar o seu vício de forma mais eficiente) e não adianta
da Dra. Candace Pert, que começaram, quando ela, nos anos 70, convencê-la do contrário, o colega não a elogiou, ele só deixou claro
sofreu uma queda de cavalo e precisou ser medicada com morfina. mais uma vez e como ocorre sempre que não gosta dela.
A Dra. Pert começou a se perguntar como a morfina estava atuando Culparmos os outros, pelas circunstâncias das nossas vidas, ou
no seu corpo para que experimentasse as sensações que estava senti- culparmos a própria vida pelos nossos problemas, permite-nos con-
do. Movida por essa curiosidade, ela acabou por descobrir que nos- tinuar com os nossos vícios, sem nos culparmos (mesmo que dentre
sas células têm receptores que recebem as moléculas da droga, essas nossos vícios esteja, por ironia, a culpa) e pensarmos que não há
se encaixam perfeitamente nos receptores das células. Ela continuou nada de errado conosco, que o mundo é o principal responsável pe-
se perguntando por que tínhamos estes receptores e descobriu que o los nossos problemas. Estamos numa determinada situação, porque
motivo era porque o nosso corpo também produz drogas, como no a realidade é assim, nós nunca estaríamos nela, se pudéssemos esco-
caso das endorfinas, e que as drogas artificiais utilizam os mesmos lher. Mas isso é uma mentira, podemos escolher e a realidade não é
caminhos que as naturais no nosso organismo. algo maior do que nós, mas algo que criamos. Se a pessoa do nosso
No entanto, não foi apenas isso que ela descobriu, na verdade, exemplo assumir o seu vício de se sentir não amada, vai parar de in-
não há apenas receptores para as drogas, mas para as nossas emo- terpretar todos os atos das pessoas próximas como um ato de nega-
ções também. E adivinhem? Nós podemos acabar nos viciando nas ção de amor e, mesmo que encontre alguém que não a ame, não vai
nossas emoções como nos viciamos nas drogas. ficar abalada, porque não há mais vício para alimentar, não vai ficar
Como isso acontece? Bem, eu não sou cientista e muito menos feliz por não ser amada, mas não vai dar ao fato uma importância
médico e meus conhecimentos sobre a fisiologia humanos são mí- maior do que ele merece. Geralmente, situações em que tendemos
nimos. Mas pelo que entendi do livro, o processo é mais ou menos a exagerar as coisas e que tendem a se repetir inexplicavelmente,
este: nossas células cerebrais (os neurônios) fazem ligações, essas como que por mágica, são um indício de que estamos viciados nas
ligações acionam o nosso hipotálamo, que, por sua vez, libera um emoções que estas situações desencadeiam em nós.
monte de neuropeptídeos, que, por sua vez, atuam no nosso sistema No filme “O Segredo”, foi-nos dito que podemos ter o que qui-
endócrino, fazendo com que nossas glândulas secretem seus hormô- sermos se usarmos a lei da atração, e que na verdade estamos usan-
nios, o que cria a colcha de retalhos que é nosso mundo emocional. do essa lei o tempo inteiro, que esse dom não é uma faculdade que
Quando nos viciamos em uma determinada emoção, nós damos um podemos escolher quando nos é mais conveniente usar, mas que a
jeito de acionar a rede de neurônios, que aciona o hipotálamo a libe- estamos usando 24 horas por dia sem cessar independente da nossa
rar o neuropeptídeo que irá causar a emoção em particular e é aí que vontade (inclusive neste exato momento) e precisamos, na verdade,
perdemos o poder de escolher, porque passamos a viver para saciar aprender a usá-la conscientemente.

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Concordo plenamente com o filme, que existe a lei da atração é a realidade). Há uma forte ligação dos vícios emocionais com o
e que nem é o caso de nos perguntarmos se ela funciona, ou quando nosso sistema de crença e ego, um não existe sem o outro.
poderemos passar a usá-la. Criar é mesmo uma habilidade inata de Lendo o livro “Quem Somos Nós”, percebi a importância dos
todo ser humano que habita este planeta e não podemos optar se vícios em nossa vida, decidi que era importante escrever um livro
queremos usar esta habilidade e, dependendo da nossa habilidade para falar sobre os vícios, não pretendo fazer uma obra fechada sobre
em fazê-lo, ela pode ser tanto uma benção, quanto uma maldição. o assunto, até mesmo porque não tenho o embasamento científico
Para que seja uma benção e para que nossa espécie consiga sobrevi- para isto e muito do que vou escrever é baseado nas minhas obser-
ver, é necessária sabedoria na maneira como vamos utilizar essa lei. vações como astrólogo, aplicando “Bodytalk” e, principalmente, nas
Acho que nesse ponto o filme peca, não diz, por exemplo, por que pessoas que conheço e nas minhas observações interiores. Como
criamos uma vida que não é a que queremos e muito menos para não sou nenhum iluminado e sou influenciado pelo meu sistema de
termos sabedoria no que vamos pedir. Além de ser o vício o que nos crenças e pelo meu ego, outra pessoa poderia enxergar as mesmas
prende a mesma realidade, há o fato, também, de que muitas das coisas de outra forma. Este livro é mais um ponto de partida, algo
coisas que pensamos querer serem, na verdade, alimento para os para se pensar e ser o início de um trabalho de auto-avaliação por
nossos vícios. A poluição e a destruição da natureza são exemplos do parte do leitor a respeito dos seus vícios. O que quero não é ser o
dono da verdade sobre o tema, mas fazer com que as pessoas dêem
péssimo uso da lei da atração. Usá-la sem sabedoria necessária, no
a devida importância ao assunto, pois acredito que isto é imprescin-
fundo, não ocasiona uma mudança verdadeira na vida. Na verdade,
dível para o desenvolvimento da nossa espécie.
como você a vem utilizando dessa forma por toda a sua existência,
A auto-avaliação sobre os nossos vícios é necessária para nosso
você continua na mesma situação de sempre, só que com um carro
crescimento espiritual e nosso desenvolvimento como seres huma-
novo, mais dinheiro, ou numa posição de poder, não que essas coi-
nos. Sem ela, não há como se falar em uso do nosso potencial cria-
sas sejam boas, ou ruins, na verdade as coisas só possuem o sentido
tivo com sabedoria. Por mais que você se considere uma pessoa in-
que damos a elas. Mas usar seu poder criativo inato sem sabedoria é teligente, equilibrada e mesmo que os outros pensem o mesmo de
a pior coisa que você pode fazer a si mesmo e ao mundo. você, se você usa seu potencial criativo para satisfazer seus vícios, está
Nossos vícios não só nos limitam e nos fazem criar a mesma usando-o em nome da estagnação no melhor dos casos, mas é muito
realidade, mas, por meio deles, infelizmente, nos esquecemos de provável que seja para manter essa realidade confusa, caótica, na qual
quem somos na realidade: um espírito imortal, que está ligado a o mundo em que vivemos está sendo a cada dia destruído. Se não
tudo o que existe. Começamos, como é bem descrito no livro “O houverem mudanças nos nossos paradigmas, podemos acabar não só
Poder do Agora” de Eckhart Tolle, a nos ver como um ser isola- com a nossa espécie, mas com quase a totalidade da vida na Terra.
do e sozinho no mundo e buscamos uma identidade, que é criada Ou seja, para continuarmos a existir como espécie temos que
em cima do quê? Muito bem, é criada em cima dos nossos vícios, nos livrar dos vícios que estão nos levando a nos destruir. E a única
dizemos: sou uma pessoa irritada, nervosa, boazinha, ou com que coisa que podemos fazer realmente é nos livrarmos de nossos vícios
raio de conceitos, queremos nos delinear, criando um eu conceitual, e procurar tornar os outros cientes da necessidade de se libertarem
que é o que se chama de ego, essa identidade que é um conjunto de dos seus.
conceitos, é óbvio, é uma ilusão, mas o que mantém essa ilusão são Espero que este livro possa ajudar neste sentido e que você,
as emoções que costumamos sentir repetidamente, por meio dessas leitor, possa se olhar internamente de uma forma honesta, encarar
emoções, criamos o nosso sistema de crenças (o que nos diz o que seus vícios sem se julgar e trabalhar para se libertar deles.

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As Emoções São Ruins?

As emoções não são boas e nem ruins e com certeza precisamos de-
las para darmos significado ao mundo. Viver sem emoções é o mes-
mo que viver como alguém que sofreu uma lobotomia (na verdade,
não sei se alguém que sofreu uma lobotomia não tem emoções), se
não tivéssemos emoções, nós nem precisaríamos estar aqui. Lem-
bro-me de um filme de 1940, chamado “Núpcias de Escândalo” (em
inglês, “The Philadelphia’s Story”). Numa cena, o pai da protago-
nista diz a ela que ela era uma jovem bonita, que era inteligente,
tinha um corpo disciplinado, que fazia o que ela mandava, que tinha
todos os atributos que tornavam uma mulher encantadora, menos
um: ter um coração e que, sem isso, ela poderia ser feita de pedra
que não faria a menor diferença. Realmente, sem emoções poderí-
amos ser feitos de pedra, de chumbo, ou mesmo nem existir, qual
seria a diferença?
As emoções nos movem e isto é um fato, mesmo as pessoas
que são frias e aparentemente não demostram suas emoções (como
a personagem do filme), apesar de não terem consciência delas, por
causa de algum bloqueio, com certeza têm emoções, o simples fato
de continuarem no jogo da vida é sinônimo de que querem ficar
e isso é uma emoção. Ou seja, sem emoção não temos nem como
continuarmos vivos, pois sem ela não teríamos necessidades vitais e
muito menos o desejo de saciá-las. Sem emoções a reprodução se-
ria difícil, porque não teríamos tesão, os filhos nascidos não seriam
amados e dificilmente criados. Por que como iríamos trabalhar, nos
casar, procurar nos divertir, ou principalmente criar se não sentís-
semos nada?
Realmente, as emoções são necessárias para que possamos
criar, sem ela somos estéreis, criaturas completamente inúteis. Nos-
so espírito, ao estar encarnado, tem uma missão e essa nunca seria
alcançada se fôssemos um zero emocional e se não déssemos a mí-
nima para isso.

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O problema não é o fato de possuirmos emoções, mas o vício Sistema de Crenças
que adquirimos durante a nossa existência. Mas até aqui, as emo-
ções podem ser de grande ajuda, porque, para nos livrarmos dos
nossos vícios, temos que desenvolver o que se chama de observa-
dor (que para mim, não passa de dissociarmos o nosso espírito do Como você acha que a vida é? Uma luta? Um paraíso? E como as
nosso ego, e com isso, passarmos a utilizá-lo para observar o ego) pessoas devem ser? Educadas? Ambiciosas? Tementes a Deus? Pa-
e começarmos a observar as nossas emoções, porque, só com essa recidas com você?
observação, é possível reconhecermos os nossos vícios. Além de Qualquer opinião que tenha sobre a vida, sobre as pessoas, ou
ser direta e honesta, a observação deve ser desapaixonada, mas ob- sobre o melhor estilo de vida são o que se chama de sistema de cren-
servar-se desapaixonadamente, não é o mesmo que deixar de ter ças. É com eles que dizemos como a realidade é.
emoções: é aprender a dissociar o seu espírito das suas emoções e Criamos um sistema de crenças, porque precisamos dar um
das suas crenças. sentido ao mundo em que vivemos, e é óbvio como acabamos nos
As nossas emoções quando nos viciam se tornam um proble- viciando em algumas de nossas emoções, para alimentar nosso ví-
ma, porque nos fazem viver apenas para satisfazer esse vício, fa- cio, criamos o sistema de crença que vai reforçá-lo. Uma pessoa que
zendo com que não nos importemos com mais nada. Se a falta de está viciada em se irritar vai com certeza criar um sistemas de cren-
emoções nos torna um nada, o vício nos torna uma máquina, que ças que vai fazê-la se irritar constantemente, como criar um siste-
executa apenas um programa interno (o do nosso vício), não é mais mas de crenças com tantas normas absurdas, que nem um monge
nosso espírito que conduz a nossa vida e executa as escolhas. Os budista parado e meditativo consegue não entrar em choque. Nosso
nossos vícios passam a governar as escolhas pessoais que fazemos, sistema de crenças nos dá a chance de culpar os outros pelos nossos
que passam a ser meras desculpas para satisfazê-los. problemas. Podemos nos iludir que não nos irritamos porque temos
O vício é uma prisão, daí pensarmos que não podemos criar que saciar o nosso vício de nos sentirmos irritados, mas porque os
nada de novo, que a realidade é algo imutável, como podemos nos outros não se comportam do jeito que achamos que eles deveriam se
sentir livres se estamos presos? Como criar livremente? O vício age comportar. Ou seja, com o nosso sistema de crenças, criamos as his-
como um vírus de computador e passa a nos controlar, ficamos ce- torietas que vão validar os nossos vícios, até mesmo, porque alguns
gos para quaisquer outras opções, além daquelas que alimentam vícios, principalmente os que prejudicam os outros, são considera-
nossos vícios. dos coisas muito feias. Só mesmo com uma desculpa muito convin-
Viver para os nossos vícios não é vida e torna a vida uma re- cente para justificar esses comportamentos, como por exemplo: eu
petição sem sentido dos mesmos erros. É preciso romper com este não prejudiquei o meu colega de trabalho porque tenho o vício da
ciclo para que possamos usar nossos potenciais. inveja, mas porque ele é um babaca, metido e exibido. Quer dizer:
Uma vida sem emoção não é, no entanto, o caminho e nem a eu não sou invejoso, só dei uma lição num cara que merecia, por-
solução para uma vida melhor. Sem emoções a vida não tem graça e que pessoas não devem ser babacas, metidas e exibidas. Por isso, é
nem sentido, por isso elas não só não são ruins, como nos são vitais. perfeitamente normal, quando encontro alguém que classifico desta
forma, sacaneá-lo o quanto no meu sistema de crenças eu julgar ser
o justo. Quem mandou o sujeito merecer?
Só que um sistema de crenças, como o próprio nome diz, é ape-
nas um amontoado de crenças, não representa nem de longe a rea-

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lidade. Mesmo crenças como: “é horrível uma pessoa matar outra”, O Ego
ou “torturadores são bestas” são apenas crenças, não que eu apoie a
tortura, ou assassinatos, mas não apoiá-los não transforma a crença
de que eles não deveriam ser praticados em uma realidade, continua
sendo apenas uma crença. O que quero dizer é que o fato de uma A ciência moderna, por meio da física quântica, está chegando a
crença ser justa e ser considerada pelo senso comum como razoável conclusão de que tudo está interligado, o que não nunca foi no-
não a transforma em algo maior do que é realmente: na verdade. vidade para as religiões orientais. Só que, infelizmente, os nossos
Temos que ver a nossas crenças como realmente são, opiniões sentidos não conseguem captar essa unidade, que se dá ao nível de
sobre a vida. Quando fazemos isso, a vida se torna mais fácil, porque microcosmo e não de macro. Porém, não é pelo fato de não conse-
não tentamos mais impor nosso sistema de crenças aos outros e o guirmos perceber com os nossos sentidos essa unidade, que ela não
fato destas entrarem em choque com as dos demais não nos causa é real. Essa realidade existe e está atuando sobre nós, independente
mais grandes transtornos. do que conseguimos perceber. No entanto, essa diferença entre o que
Passamos a perceber as histórias que criamos para justificar os nossos sentidos percebem a nível macroscópico e o que ocorre a
nossos vícios e passamos até a achar graças destas histórias e, con- nível microscópico, nos leva a uma visão da vida completamente
forme nós vamos deixando de contar mentiras que reforçam os nos- ilusória (ilusória não significa falsa. Na verdade, é como se houves-
sos vícios, nós vamos nos tornando livres deles. Começamos a nos sem duas realidades que se complementam, o que não conseguimos
lembrar que somos um espírito que veio a este mundo para realizar detectar e o que detectamos com os nossos sentidos).
algo e não uma máquina que veio executar o programa ditado pelos Nessa ilusão está compreendida a idéia de que as coisas estão
vícios que agora não nos controlam mais, porque o seu verdadeiro separadas umas das outras e a começar por nós. Como somos seres
ser começa a controlar a sua vida. separados temos que ter uma identidade, uma resposta para a per-
gunta: quem sou eu? Então, criamos uma identidade, que, é óbvio, é
tão ilusória quanto a idéia de separação que a originou.
Do que é feita essa identidade? Das nossas emoções, pensa-
mentos e sistema de crenças. Como Eckhart Tolle diz em seus livros,
a consciência (o termo consciência é usado aqui em sentido diferen-
te do usado em psicologia, seria como algo que ao mesmo tempo é
seu espírito, a nível macro, e ao mesmo tempo é Deus, a nível, micro
onde tudo forma um todo unificado), que é o nosso verdadeiro eu,
por acreditar que está isolada do todo, começa a se confundir com
o que está observando em seu interior e, a partir disto, passa a criar
uma identidade que é chamada pelos espiritualistas de ego (que é
diferente do conceito de ego usado pela psicanálise).
O ego, portanto, não passa de uma personalidade fictícia que
criamos porque não conseguimos mais nos reconhecer como um
fragmento da consciência universal. Então, criamos essa persona-
lidade que nos diz quem somos nós, que geralmente se baseia em

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conceitos como: sou bonito, sou inteligente, sou legal, sou franco, todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém está disposto a morrer
honesto, chato, feio, etc. Tudo isso são apenas conceitos e não diz para isso, mas é preciso que o ego morra para que o paraíso aqui na
quem nós somos realmente. Nenhum espírito pode estar contido Terra seja alcançado), o que de certa forma é verdade, só que vai ser
num monte de conceitos, por mais amplos que esse conjunto seja. a morte dessa personalidade ilusória, para a descoberta da verdade
No entanto, não é somente a nós mesmos que reduzimos a um de que não somos esta personalidade, mas sim algo muito maior,
conjunto de conceitos, fazemos isso com os outros também. Pois com poderes infinitos.
para existir o eu, é preciso existirem os outros e precisamos deixar Além de nos fazer amarelar quando estamos nos desenvolven-
bem claro o que é esse eu e o que são esses outros. do espiritualmente, o ego tem seus estratagemas para nos enganar,
Nada alimenta mais o nosso ego que os nossos vícios, pois toda eu mesmo, pego-me sendo envolvido em suas armadilhas, como
vez que o ego precisa estar em conflito constante com os “outros” uma mosca numa teia. Por ser ilusório, o nosso ego é capaz de exe-
para reforçar a idéia de que o nosso “eu” é real, os conflitos dos quais cutar uma infinidade de papéis, sendo um ator extraordinário. Ele
lança a mão nada mais são do que os nossos vícios, ou das desculpas interpretará qualquer papel que ajudá-lo a sobreviver, ele pode in-
que inventamos para saciá-los (sistema de crenças). clusive, interpretar o papel de iluminado e ser tão convincente, que
Por isso, quanto mais você se tornar consciente dos seus ví- não só você, mas também muitas pessoas podem acreditar que você
cios e, consequentemente, esses forem perdendo a força sobre você, realmente alcançou a iluminação, e não se trata de charlatanismo,
mais fraco seu ego vai se tornando, porque está perdendo a sua de mentir que é iluminado para explorar os outros, apesar, é claro,
fonte de alimentos. de existirem estes tipos também, o nosso ego pode mesmo nos fazer
Então, tudo o que preciso para me libertar do meu ego, e alcan- acreditar que o papel que está representando no momento é real.
çar a iluminação é me livrar de meus vícios? Sim! Simples, não? Este temperamento camaleônico do ego é uma das maiores armadi-
Infelizmente, não é tão simples assim, o nosso ego não quer lhas ao nosso desenvolvimento espiritual.
se destruído e fará qualquer negócio para continuar no comando. A artimanha dele é mais ou menos esta: vamos supor que você
Conheci vários terapeutas de balanceamento energético, que me in- esteja buscando a iluminação e começa a estudar o assunto, o seu
formaram que perderam pacientes, que ao perceberem que estavam ego entende (não completamente, mas a nível superficial) como
tendo grandes avanços com a terapia, simplesmente, não agüenta- uma pessoa iluminada deve ser e começa a se comportar dessa for-
ram a idéia de estarem se libertando de seus problemas e foram em- ma. Li um livro do Osho, no qual ele relata uma história que acon-
bora. Por que alguém que está melhorando abandona uma terapia? teceu com ele. Ele estava num país no qual havia monges budistas,
Porque, simplesmente, tira o seu senso de eu dos seus proble- ele foi dormir numa caverna e acordou com um monge furioso, que
mas e, quando se percebe melhorando, fica assustado e se pergunta: se julgava o dono da caverna e o pôs para fora enfurecido. Osho
“quem vou ser eu sem os meus problemas?” ou “o que vai restar comenta como o sujeito estava se enganando, ele abandonou tudo,
depois que eles forem embora?”, se uma pessoa não tiver ciência de achando que tinha se tornado um ser mais espiritualizado, mas o
que realmente é: um espírito, que esta é sua verdadeira natureza, o comportamento de se achar o dono da caverna e expulsá-lo mostra-
que é real, que esse eu que ele tem medo de perder, na verdade, ele va o quanto o ego do monge ainda era forte. É isso que o ego faz, se
nunca teve, e o que vai restar quando esse eu ilusório for embora ele acredita que é necessário ser espiritualizado para ser considerado
não é nada menos que o seu verdadeiro eu, se ela não entender isso, bom e que, para ele ser espiritualizado, é necessário abandonar to-
vai ter medo de se desenvolver espiritualmente, vai confundir este das as posses, ele pode nos fazer abandoná-las e então dizemos para
processo com o processo de morte (há uma frase engraçada que diz: nós mesmos: bem, se tive coragem para abandonar todos os meus

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bens materiais, eu só posso realmente ter alcançado a iluminação, quiser e para satisfazer as suas necessidades (que são ilimitadas) e
porque só um iluminado pode ter tamanho desapego, mas infeliz- atingir o progresso e a modernidade (é por isso, que usamos o ter-
mente, como podemos perceber pela história do monge, é somen- mo medieval para dizer que algo é arcaico: o ego atual surgiu como
te um papel que estamos representando. Freqüentei várias igrejas uma resposta para o ego medieval). Foi representando este papel,
quando mais jovem, e raramente encontrei numa delas uma pessoa que entramos na situação em que nos encontramos agora, que não
que fosse realmente espiritualizada (aliás, este era o motivo que me dá mais para ignorar, que não somos os senhores da natureza e que
levava a viver mudando de igreja e por fim deixar de freqüentá-las), estamos, na verdade, acabando com o meio em que vivemos, depois
apesar de boa parte de elas chegarem até a encher o saco, tentan- de ter criado toda essa sujeira, o ego vem com essa conversa fiada de
do demonstrar o quanto eram espiritualizadas, perguntava-me na que vai salvar a natureza.
época como não viam as fofocas, as intrigas, como prejudicavam É necessário salvar a natureza? E quem é esse eu que está di-
pessoas a quem chamavam de irmãos, por coisas completamente zendo que vai fazê-lo? Primeiro a natureza não é uma donzela numa
ridículas, preocupando-se mais com panelinhas e em aparecerem, torre precisando ser salva, a idéia de sermos os salvadores dela já
do que com a religião em si. Mas o ego delas, sem dúvida, iludia-as é uma babaquice que só um ego doente pode realmente acreditar
com a idéia de serem espiritualizadas, pelo fato de viverem dentro (mas se quer acreditar nesta bobagem, pelo menos, não seja hu-
de uma igreja, quando podiam estar no “mundo” desfrutando dos milde, diga que você pode salvar o universo). O que precisamos é
prazeres que este oferecia, principalmente, orgulhando-se de serem
aprender a sermos sábios e ser sábio é algo muito mais profundo que
melhores que os tolos que se deixaram iludir por ele e vangloriando-
representar um papel politicamente correto do cara do bem que vai
se de estarem salvos por isso, como se eles também não estivessem
salvar a natureza e que a salvação desta depende do grau de perfei-
se iludindo ao pensarem assim.
ção com que este “papel” for representado. Deixe de se iludir, não há
Outro exemplo, são os pais que achando que bater nos filhos
papel que você possa desempenhar que salvará o mundo. Na verda-
para educá-los era errado, passaram a dar-lhes uma educação mais
de, se você quer “salvar” o mundo, tem que entender que os papéis
liberal e acabaram com filhos mais desajustados que os criados a
moda antiga. O erro, é claro, não está no fato de não quererem sur- são secundários, que o que importa, realmente, é descobrir quem
rar os filhos, mas sim que, infelizmente, essa imagem de pais cabeças permite ao ego dar vida a todos estes papéis: o nosso espírito e nos
que não batem nos filhos não passava de um papel criado pelo ego, reconhecermos como este espírito.
esses pais na verdade não tinham adquirido a sabedoria necessária Se o ego vive representando papéis com os quais ele costuma
para criar os filhos de uma forma melhor, mas como queriam ser nos enganar, como podemos não nos deixarmos ludibriar? Eckhart
bons pais (que na verdade não passa de buscar um novo conceito Tolle, em “O Poder do Agora”, dá a resposta, dizendo que temos
para alimentar o ego) passaram a desempenhar o papel que acha- que nos tornar conscientes, ou, ainda, como em “Quem Somos Nós”,
vam ser o ideal, mas por ironia, acabaram sendo pais piores do que temos que desenvolver o observador. Quando você observa, você
os que batiam nos filhos. percebe que, na verdade, está agindo de forma reativa para saciar
Aliás, o ego adora se recriar, dizendo que vai resolver os pro- seus vícios. Percebe que você não pode ser uma pessoa iluminada
blemas que criou. Veja o caso da destruição do meio ambiente, que se fica com ódio de alguém por causa de uma caverna, que sua espi-
se originou do papel de que o ego resolveu representar pela época ritualidade é um embuste, se você vive infernizando os seus irmãos
da revolução industrial, de senhor da natureza, que faz e aconte- de igreja que não concordam com você, se maltrata os seus empre-
ce, que transforma o seu meio no que quiser, para produzir o que gados, se vive tendo problemas com todos a sua volta.

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A maior prova que é o ego representando um papel é exata- (mas por favor, não confunda simplicidade, com o fato, por exem-
mente o fato de, precisarmos defender um papel perante os demais. plo, de deixar a cidade grande, para ir morar no campo. Isso em si
Se há um papel para ser preservado, há um ego por trás, se você não indica que você enfraqueceu o seu ego), menor é a influência
precisa ser bom, justo honesto, ou acha que é algo, porque faz sei lá o do ego sobre você.
quê, é ego. Se causa sofrimento para você e para os outros adivinha? O ego, então, é ruim? Na verdade, o ego em si também não é
É o ego outra vez! mau, na verdade, é como se a vida fosse uma grande festa à fantasia
O nosso espírito não liga para os papéis que o ego idolatra e e, nesta festa, só quem está fantasiado pode entrar. O nosso ego é a
também não dá a mínima para os conceitos que usam para tentar fantasia que estamos usando. Agora, imagine uma festa à fantasia
descrevê-lo, para ele não importa se nos acham bonitos, feios, bai- com mais de 6 bilhões de pessoas e todas surtassem e esquecessem
xos, gordos, chatos, legais, imorais, promíscuos e qualquer outra de quem são e passassem a acreditar piamente que são suas fanta-
coisa, ele está acima dessas coisas, nosso espírito não quer ferrar o sias e ficassem umas atormentado as outras numa tentativa de se
nosso vizinho porque não gosta dele, ou sofre porque não somos convencerem de que sua loucura é real? Esse é o problema, achamos
a pessoa mais rica do mundo, ou porque é gay, ou foi traído, ou os que somos o nosso ego, mas se não podemos viver sem ele, podemos
filhos fizeram escolhas “erradas” na vida, quem vive criando proble- entender que não somos a nossa fantasia, que somos o ser que está
mas é o nosso ego. por baixo dela, que a anima e que quando a tira, esta se torna apenas
Tanto é, que muitas pessoas, depois de certo tempo meditando, um pedaço de carne pra ser devorado pelos vermes. Enquanto o es-
sentem-se bem, ao esvaziarem a mente dessas asneiras que o ego pírito segue em frente, o ego se dissolve, o corpo se acaba. Quando
insiste que são importantes, podemos, então, entrar em contato com o seu espírito estiver noutra jornada, qual vai ser a importância de
o nosso espírito, que não precisa aprender a ser feliz, porque ele é e todos os problemas que a ilusão da identificação com o ego cria?
sempre foi feliz. Isso mesmo, debaixo de toda essas preocupações, Acha que vai ser importante se te amaram, se te consideraram atra-
com as quais nos identificamos, reside o nosso espírito, que vive em ente, se você foi a pessoa mais rica, ou mais importante do mundo?
paz e alegria constantemente. Por isso, quanto mais paz você sentir, Ou se teve fama, ou se passou sua vida jejuando, se seus pais foram
mas o seu espírito está tomando conta, quanto mais complicada e bons para você, ou se seus filhos souberam retribuir todo o amor
cheia de problemas for a sua vida, mas é o seu ego que está no co- que deu a eles? Nada disso vai importar, porque nada disso impor-
mando, nosso espírito não pode ter uma vida cheia de problemas, ta realmente, isso só importa para fortalecer a ilusão que somos o
simplesmente, porque ele não tem problemas. nosso ego e alimentar os nossos vícios. O ego, quando não assume
A ausência de problemas não significa que só vai acontecer o lugar que é do nosso espírito, não causa mal algum, pelo contrário
com você o que você deseja 24 horas por dia (apesar de seu poder se torna a ferramenta que precisamos para atuar nesta existência.
criativo aumentar e muito com o final do domínio do ego), mas que
você não vai mais ver nisso um problema. O seu espírito não resiste
ao fluxo da vida como o ego vive fazendo para saciar seus vícios,
porque não tira o seu sentido de existência disso.
Portanto espiritualidade não é sinônimo de pobreza, ou rique-
za, de castidade, ou de viver numa igreja rezando, não está associada
com qualquer coisa do mundo material, forma ou ritual. Quanto
mais você lidar com os acontecimentos da vida com simplicidade

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Os Sete Pecados mesmo que a princípio, mudarmos as nossas ações seja difícil, não
se censurar é importantíssimo no processo de crescimento, como
poder se olhar sem medo honestamente.

Os sete pecados são cada um deles um vício. Na verdade, eles só são Inveja – segundo Eckhart Tolle a inveja nada mais é que o
“pecados” quando estamos viciados neles e não, como algumas pesso- medo do nosso ego de se sentir diminuído por ter menos que o ou-
as pensam, simplesmente ao praticarmos as ações referentes a eles. tro. Como todos temos um ego (a não ser que você seja iluminado,
Comecei a descrever os vícios pelos 7 pecados, porque o termo mas se é, está perdendo tempo lendo este livro pra quê? Já que o seu
pecado é um termo considerado muito pejorativo, passa uma idéia autor com certeza, ainda não é), é muito comum, em algum mo-
de algo sujo, que só gente que não presta pratica, ou uma fraqueza mento, sentirmos inveja. Se este sentimento não for um vício, é fácil
moral. Essa conotação muito negativa que os termos pecado e peca- lidar com ele no processo de desenvolvimento espiritual, mas se for
dor recebem é a responsável pelo fato de não podermos encarar os um vício, é aí que reside o problema. O alvo da nossa inveja pode
nossos vícios honestamente. está na sarjeta, mas vamos invejá-lo, ou seja, nosso ego vai se sentir
Como o nosso ego quer ser bom, é difícil para nós conseguir- menor de qualquer jeito, porque precisa deste sentimento para se
mos encarar honestamente as nossas falhas, já que elas não são alimentar. O curioso da inveja, que dos ditos sete pecados, é o mais
consideradas coisas naturais, mais sim falhas imperdoáveis, que, no difícil de vermos alguém confessando. Conheço gente que admite
caso da nossa cultura judaico-cristã, são em muito agravados com a que é até avarento e preguiçoso (que são dois vícios, principalmente
culpa e o medo de punição no pós-morte. o primeiro, não muito bem quistos, numa sociedade consumista,
É difícil, com um ego que não admite não prestar, termos que que te obriga a trabalhar para ganhar dinheiro para gastar e não
admitir sentimentos que são considerados típicos de gente que não guardar debaixo do colchão). Os vícios da luxúria e da vaidade tem
presta. Mas se não admitirmos os nossos vícios, nunca vamos con- gente que pensa que são virtudes, querendo até passar a imagem que
seguir evoluir espiritualmente. E mais, não adianta admitirmos ape- são mais viciados do que são. A ira é sinônimo de não levar desa-
nas os nossos vícios, temos que fazê-los sem nos culparmos, caso foro para casa. A gula, se não fosse a vaidade de exigir que sejamos
contrário, as pessoas viciadas em culpa seriam iluminadas por ex- sarados nos dias de hoje, seria considerado um vício menor, mas
celência. Temos que aprender a observar sem julgar, sem condenar mesmo assim, muitos confessam que comem mais do que precisam.
(como disse: desapaixonadamente), sem nos culparmos e entenden- Mas quantas pessoas você conhece que tem coragem de dizer: “sou
do, que não é porque tomamos consciência de um vício que ele vai invejoso”? É o único pecado de que me lembro de dizerem que é
embora de imediato. É verdade que a consciência do vício nos faz uma merda. Quando muito, é aquele papo de inveja boa, mas quem
ter mais controle, porque, se eu entendo que tenho inveja do meu você já ouviu dizer: “me sinto péssimo com a felicidade dos outros e
colega de trabalho e aceito esse sentimento, torna-se mais fácil para só fico pensando em uma forma de sacaneá-los para que fiquem na
mim optar por não prejudicá-lo, mesmo que tenha a oportunidade, mesma merda em que me encontro”? Eu não conheço ninguém!
porque tenho consciência agora de que não é o por achá-lo exibido Você pode reparar que pessoas invejosas dificilmente prospe-
que quero ferrá-lo, mas porque sinto inveja. Se não me censuro por ram na vida. Mas, se prosperarem, vão nos surpreender com seu
isso, torna-se mais fácil tomar o controle da situação, se for o caso, exercício de criatividade para continuarem com seu vício. Estar
posso fazer até o oposto: ajudá-lo. Ou seja, enquanto o vício não se sempre na merda é o melhor jeito de ser invejoso. O lance delas
vai, você pode tomar outras decisões e praticar outras ações, mas, não é progredirem, nem evoluírem, é ficarem se sentindo mal com

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os outros indo em frente, enquanto elas ficam pastando. Não é im- um hino, essa música seria uma ótima opção, pois a gula nunca está
possível um invejoso melhorar de vida, mas, mesmo que melhore, satisfeita, por mais que se tente, ela está sempre faminta.
não vai desfrutar do que tem, vai continuar se sentido na merda, Além dos excessos da mesa, que é a forma mais conhecida des-
achando que não é justo ter menos que fulano e que sicrano, pois é te vício, há o vício de se correr atrás de prazeres e sensações. A pes-
ele quem merecia mais. soa acredita que só quer se divertir, mas, na verdade, o prazer não se
A mulher que tem inveja da outra que é mais bonita não está in- deriva das diversões em si, mas do vício que está sendo alimentado.
teressada em se sentir bem com a sua aparência, quer curtir seu vício. Se você é do tipo que fica se perguntando qual é a próxima balada,
O empregado que tem inveja do patrão pode dizer que gostaria que tem que encontrar algo para fazer no final de semana ligando
de ser um empresário como ele, mas, se esse fosse mesmo o seu de- pra deus e o mundo feito tarado para descobrir uma festinha para
sejo, ele o seria. O que ele quer é ficar invejando o chefe, do mesmo ir, se não consegue ficar em casa, a não ser que esteja doente, você
jeito da doméstica que põe detergente na comida da patroa porque provavelmente está viciado.
não acha justo que esta tenha tudo o que ela queria ter, quando o que Você pode se perguntar o que há de errado em gostar de se
ela realmente quer é ficar ressentida e colocar detergente na comida divertir? É bem melhor que ser invejoso! Primeiro, não há nada de-
da chefe, que é no que ela está focada e usa sua energia criativa. mais em nos divertimos, tornar-se asceta como forma de dizer que
Pior, são alguns pais, que apesar de dizerem que querem a feli- não se tem vícios parece mais uma coisa do ego que fruto de um
cidade dos filhos, muitas vezes têm inveja da felicidade deles, numa desenvolvimento espiritual. No vício da gula, a diversão e o prazer
relação com os filhos esquizofrênica, de um lado, querem mesmo que esta oferece são o que menos importa. O prazer que se busca, na
que seus filhos tenham tudo o que eles não tiveram, mas de outro, realidade, é o de se conseguir mais uma dose. Tanto é que, mesmo
dizem para si mesmos: por que meus filhos devem ter isto, se eu não que, para saciá-lo, tenhamos que nos fazer mal, isso já não importa.
tive? E, enquanto não assumirem a inveja, vão viver prejudicando os Segundo, nem a inveja e nem a gula são boas, ou ruins. O desenvol-
filhos, dizendo que estão querendo ajudá-los. vimento espiritual chega quando é a hora, mas, desenvolvendo-se
A inveja, no entanto, é mal compreendida, não é algo pior do espiritualmente, a capacidade humana de obter prazer aumenta e
que qualquer outro vício. É triste que tenhamos tanto medo de ad- não diminui, estar viciado em prazer, não o torna uma pessoa me-
miti-la, não deveria ser um tabu tão grande, isto só atrasa a cura. lhor de quem está viciado em inveja. Vícios são fases que estão acon-
tecendo conosco, não são quem nós somos e tirar uma identidade,
Gula – a gula não é apenas comer mais do que se precisa. Na negativa ou positiva a respeito disto é um erro. Se quer curtir seu
verdade, a gula está associada a um apetite voraz em todos os senti- vício por diversão mais um pouco faça (é melhor que ir para uma
dos, é uma necessidade mecânica, irrefletida de se querer mais, mais caverna tirando onda de iluminado), mas uma hora, você vai ter que
e mais. Não há nenhum motivo ou sentido nessa busca insana por partir para outra, porque você vai se cansar dele.
mais, o que se quer alimentar com esse apetite monstruoso é o vício Outra forma de gula é a pelo dinheiro, esta é muito comum,
pela gula em si. Ou seja, a gula é uma ilusão, faz você querer devorar tanto é, que se costuma dizer: “dinheiro nunca é demais”. Essa frase
tudo o que vem pela frente, mas, você nunca vai se sentir saciado, diz tudo, temos que ter sempre mais dinheiro. Não é necessário se
porque está viciado. Há uma música dos Rolling Stones que tem saber para que, afinal, dinheiro é dinheiro e é sempre bom ganhar
este trecho: “I can’t get no satisfaction, but I try”, que fala de não se mais um pouco, porque vou me contentar com 200 milhões se pos-
ter satisfação, mesmo que se viva tentando obtê-la (não se trata de so ter 2 bilhões, mesmo que só precise para viver da maneira que
uma tradução literal da música). Se os gulosos do mundo quiserem quero de 2 milhões? Esse é o problema, como você só está saciando

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um vício, o quanto você realmente precisa não é importante, mas intelectual, já que os avarentos dificilmente expressam suas emo-
não seria a principal função do dinheiro prover o que precisamos? ções, porque não gostam de expressá-las e porque não têm muito
Que outra utilidade ele tem? Do que serve um monte de dinheiro, se contato com elas.
não usarmos? Se você precisa de 2 bilhões para cumprir sua missão O avarento, infelizmente, tem prazer em não confiar na vida,
nesta vida, então nada mais justo, que ganhe 2 bilhões! Mas, se uma por causa do seu vício, quanto menos der, melhor. É como se a vida
renda mensal de 2 mil reais é o bastante, os outros 2 bilhões são puro fosse uma festa e seu prazer oculto fosse não participar, ou ficar o
desperdício e, para piorar, você deve ter aberto mão da sua missão mínimo de tempo possível.
para ganhar um dinheiro de que você nem precisa, como aconte- O avarento quer dar pouco de si financeira, mental, emocional
ce com muitos pais que nem têm tempo para os filhos porque têm e energeticamente, mesmo que tenha muito a oferecer. É claro que
que ganhar dinheiro. Saciar seu vício de ganhar dinheiro passa a ser ele se convence que é mais seguro, prático, inteligente, ou sensato
mais importante do que estar com os filhos e os filhos, que não são agir desse jeito, adora ver um guloso se estrepar para poder reforçar
idiotas, sabem disso e mesmo que, mamãe e papai tentem suavizar sua crença, nunca se questiona qual deve ser o sentido dessa existên-
o problema enchendo os filhos com os melhores mimos que só o cia, além de vivenciá-la. E por mais que suas desculpas possam até
dinheiro pode comprar, estes, porém, não engolem essa mentira. parecer lógicas, sua falta de confiança em que há algo maior que ele,
É errado querer ganhar dinheiro? Não, mas se você estiver no qual pode confiar e que, confiando na consciência universal, sua
equilibrado, vai ganhar todo o dinheiro que precisa, sem neces- vida não só vai ser muito mais segura, mas como muito mais rica.
sidade de abrir mão dos filhos, dos seus relacionamentos, do seu Ou seja, não é vivendo numa camisa de força mental que se conse-
desenvolvimento espiritual, isso virá de uma forma natural e fácil. gue ter segurança, mas confiando que há algo maior do que nós, que
Uma pessoa só não ganha o dinheiro necessário para atender as suas organiza todo o Universo e que também cuida de nós e que somos
necessidades, se tiver um vício/sistema de crenças que é alimentado a única espécie do planeta que pode utilizar esta força consciente-
com essa falta de dinheiro. Não é o vício de ganhar dinheiro que mente e criar um mundo rico em possibilidades.
ajuda alguém a ter suas necessidades monetárias satisfeitas. A gula Uma forma muito comum de avareza que encontrei em todos
pelo dinheiro só transforma as pessoas numa máquina que corre os lugares em que trabalhei e aposto que vocês já tiveram vários
atrás do mesmo. colegas de trabalho assim, são as pessoas que vivem o tempo inteiro
Quando uma pessoa se livra da gula, ela aprende o que é sacie- solicitando favores e a nossa ajuda. Às vezes, essas pessoas não nos
dade, buscar o que quer até se sentir saciada e não para alimentar dão sossego, até nós fazermos o que elas querem, mas, se nós pre-
seu vício. cisarmos delas um dia, a resposta vai ser um não, algumas chegam
a ficar agressivas quando pedimos sua ajuda. É incrível como tem
Avareza – A avareza não é só apego ao dinheiro, é na verdade colega de trabalho que parece que vai perder um pedaço de si se te
uma falta de confiança na vida um medo de se dar. Há pessoas que ajudar, mesmo que o que você esteja pedindo seja muito simples,
até gastam seu dinheiro sem problemas, mas têm medo de se doa- que até um estranho lhe faria sem nenhum problema, ou que o te-
rem emocionalmente. atro para não ajudar seja mais complicado, que o favor em si mes-
Estas pessoas até podem acreditar que estão se protegendo, mo, esse tipo de comportamento também é avareza, apesar de haver
mas na verdade estão viciadas em se restringirem, em darem o mí- uma tendência conjunta de se fazer de vítima.
nimo de si. Interpretam a realidade e os acontecimentos de uma No entanto, até pessoas que não se incomodam de ajudar os
maneira que justifique se conterem, essa justificativa é quase sempre outros e não têm problemas em gastar dinheiro podem ser avaren-

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tas, muitas pessoas estão tão mutiladas emocionalmente que têm em sexo, não fazemos mais sexo, essa é a verdade, porque a pessoa
medo de se darem neste aspecto aos outros. Guardam as suas emo- viciada em sexo passa a usar seus parceiros sexuais como objetos,
ções a sete chaves como se fossem um tesouro que deve ficar oculto, como um guloso que não se importa com o que come, só quer con-
para elas é difícil darem afeto. tinuar comendo para saciar o seu vício. O viciado em sexo não está
O avarento precisa aprender a confiar na vida, que ele está na atrás do prazer real que o sexo pode oferecer (pode até ser que esta
verdade unido a um todo e que se tiver coragem para se abrir a esse pessoa nunca tenha conhecido esse prazer), o prazer que procura é
todo, ficando em intercâmbio permanente com ele, é criado um sis- o mesmo que todo viciado corre atrás: o de saciar o seu vício, não é
tema no qual um vai alimentando o outro. Saber que existe esse todo de um bom sexo, mas de uma dose extra que ele está atrás.
nos apoiando, faz-nos sentirmos mais seguros. Com isso, o melhor do sexo se perde, que é a troca com outro
Essa é a verdadeira e única segurança, o comportamento ava- a capacidade de se interagir com ele no nível mais íntimo possível.
rento é apenas um vício que começou em algum momento desta Quando falo de intimidade não falo de estar amando romantica-
existência, ou de uma existência anterior. O avarento não quer se mente, mas sim numa quebra de barreiras, o sexo pode ser o mo-
sentir seguro, porque se alcançar esse objetivo, o seu vício acabaria, mento onde o ego tem menos força, sendo por isso, onde podemos
quer viver num jogo ilusório de que se ele se poupar mais, vai se experimentar a verdade da unidade com o outro, podendo ser uma
sentir num futuro próximo mais seguro, mas essa segurança nunca ferramenta importante no desenvolvimento da espiritualidade.
vai chegar, porque é essa necessidade de segurança que o ajuda a Só que, na luxúria, o sexo é utilizado no sentido oposto: para
manter o vício. fortalecer o ego mais ainda, por isso o sexo que é feito tem o objetivo
Uma pessoa equilibrada energeticamente percebe o mundo de realçar a idéia de separação que o ego precisa para ter a ilusão de
como um lugar seguro e sabe que, quanto mais doar de si mesma, que é real e, para piorar, não só não nos fundimos com o outro, mas
não estará mais exposta e sim mais segura, percebe que, quanto mais passamos a utilizá-lo como um objeto, não é nem uma pessoa, é uma
ela confia no universo, mais este responde, se esta confiança não for coisa que usamos para satisfazer “as nossas necessidades sexuais”, que
uma farsa criada pelo ego e sim fruto do seu espírito, com certeza não passam da nossa necessidade de saciarmos o nosso vício.
sabe que não há nada a temer e aprende como é bom se doar e trocar O sexo deixa de ser algo que energiza as partes para algo que
com os outros, ao invés de só querer receber pois o avarento quer consome as suas energias. Passa de algo que pode ajudar no desen-
ganhar dinheiro, mas não quer gastá-lo, quer receber amor, mas não volvimento espiritual, para algo onde o egoísmo leva, muitas vezes,
quer amar, quer que lhe ajudem, mas não quer ajudar. Em equilíbrio, as pessoas a mostrarem seu lado mais atormentado, principalmente
não sente que estão lhe tomando um pedaço de si quando dar algo, se misturado a outros vícios, como gostar de provocar dor (não é
muito pelo contrário, o dar passa a ser feito com amor e compreende nada difícil encontrar um assassino em série que tenha o sexo mes-
a máxima de São Francisco de Assis: “É dando que se recebe”. clado com seus crimes, apesar de nem todo psicopata que comete
crimes abusar sexualmente de suas vítimas. Também, é muito co-
Luxúria – O mal da luxúria não está no sexo. Na verdade, a pes- mum, até com as pessoas ditas normais, o sexo e a violência anda-
soa não precisa praticar o ato sexual concretamente para ser luxurio- rem juntos, nem que seja numa forma mais branda, vendo o sexo
so, um celibatário pode ser viciado em luxúria e um cara que dormiu como se fosse um jogo, no qual um faz o que quer e o outro se sub-
cada dia da sua vida com uma pessoa diferente pode não ser. mete, e a dita interação não passa disso).
O mal da luxúria se encontra no fato do sexo, ou sensações Como uma pessoa que está procurando saciar um vício, de-
sexuais, tornarem-se um vício, porque ao nos tornarmos viciados sumaniza-se, passando a ser uma coisa que vive para seu vício, não

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há como o viciado em sexo não desumanizar seus parceiros sexuais, se sentir saciada sexualmente. Qualquer vício pode se manifestar
que geralmente são pessoas que têm vícios complementares como por meio do sexo, como a luxúria pode se manifestar em outra área,
no sadomasoquismo, em que há o sádico e o masoquista. O que há por isso, é importante se saber, qual é a sua real motivação ao fazer
de errado se uma pessoa gosta de sádica e a outra gosta de ser ma- determinada coisa, que necessidade (vício) está procurando saciar.
soquista no sexo? Nada, mas, todo sexo, em que um parceiro usa o
outro para saciar o seu vício, não passa de masturbação, não pode Ira – como nos percebemos como uma pessoa que está se-
haver um relacionamento de verdade quando se usa alguém como parada do todo, para reforçarmos essa crença, criamos os outros,
objeto, mesmo fora da cama, mesmo em outros relacionamentos. porque nada reforça mais a nossa ilusão de separação que vivermos
Você não pode se relacionar com alguém de verdade se não reco- em conflito com esses outros. Eckhart Tolle explica bem o mecanis-
nhecer a natureza espiritual desta pessoa, sem falar que, se você não mo do ego. Ele diz que, ao resistirmos às outras pessoas, dizemos a
reconhece a natureza espiritual do outro, deve ser porque você não nós mesmo: “isso sou eu e o que eu não gosto, definitivamente, não
reconhece mais a sua também, porque é impossível você se reconhe- sou!”, ou seja: nós temos que viver brigando com os outros porque o
cer realmente como um espírito e ver os outros como um amontoa- nosso ego precisa ser alguém e, para ser alguém, o coitadinho, que
do de carne que usa para fazer o que quiser, mas você não vai para o nem um bebê amuado, precisa “estar de mal” com os outros. Por
inferno se não quer ser uma pessoa mais espiritualizada, Deus não isso, por mais santinho que você seja, nem que seja internamente,
vai te condenar, mas viver para servir seu vício é o mesmo que um deve ter conflitos com os outros e viver ficando “puto” com os que
cachorro correndo atrás do próprio rabo, despende-se energia para estão a sua volta.
algo que no fundo é inútil e muitas vezes nos causa dor. Mas você Como acredito que você viva neste mundo, você já deve ter
pode ficar correndo atrás do próprio rabo, mas como você não é um percebido que há pessoas que são, digamos, mais raivosas que os
cachorro, um dia vai perceber que é uma brincadeira sem sentido. demais, algumas são tão viciadas na ira, que se você fizer algo, ou
Uma pessoa quando larga a luxúria não vira um celibatário (a não fizer, vai dar no mesmo, a pessoa vai se tornar colérica. Além de
não ser que queira) e não tem que se tornar alguém que só faz sexo alimentar o seu ego, ela tem que alimentar o seu vício e o que você
com o grande amor da sua vida. Ela, apenas, passa por um processo fez ou deixou de fazer é irrelevante.
de amadurecimento sexual. Ela não quer mais usar ninguém, quer, As pessoas viciadas em ira, mais do que quaisquer outras, não
na verdade, interagir com os parceiros e isto dar ao sexo uma di- conseguem dar paz ao demais, é fato que nosso ego precisa de umas
mensão espiritual, já que a pessoa percebe que é só na superfície que briguinhas para dizer: ufa, eu existo! Mas elas exageram mesmo na
dois corpos estão se unindo, mas, na verdade, são dois espíritos que dose e enchem o saco dos que têm que conviver com elas, afinal de
estão redescobrindo sua união por meio desse ato. Não sendo mais contas, nada mais gostoso para elas do que um conflito, paz para
obrigada a desempenhar o papel sexual que satisfazia seu vício, o quê? Se elas não tem nenhum barato com isso.
sexo se torna altamente criativo e muito mais prazeroso e uma fonte No entanto, estas pessoas não vão dizer: “eu adoro viver em
de energização. briga com o mundo, porque estou viciada em ficar com raiva!” Ela
Por último, é preciso entender, que nem todo vício que envolve vive com raiva, porque o mundo está cheio de idiotas que não fa-
sexo é luxúria. Às vezes, um determinado comportamento sexual é zem nada direito. Não são elas que infernizam os outros, mas es-
fruto de um outro vício. Como no caso da gula ligada ao dinheiro, tes é que as atormentam, como num livro de Astrologia que eu li,
que a vontade de ganhar dinheiro não é decorrente da avareza, existe elas só faltam perguntar: “por que você está me forçando a bater em
a gula que é orientada para o sexo, na qual, a pessoa nunca consegue você?” Não é raro dizerem que a coisa que mais querem nesta vida é

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um pouco de paz, porque a raiva é permitida se houver um motivo nosso corpo (e que provavelmente o cria ao percebê-lo como tal),
justo, afinal, nós temos sangue correndo nas veias! Não é? Só que porque ele se identifica com ele, por isso, ao nos identificarmos com
qualquer coisa é motivo, o sangue não esquenta, na verdade, ela não o corpo, identificamo-nos com o nosso ego, não que haja uma briga
esfria, porque vive quente. entre corpo e espírito, até mesmo porque ambos são originários da
Se você é o tipo que vive brigando com os outros, ou no caso, mesma fonte, mas o espírito é o que fica quando o corpo se acaba
de ser do tipo que tende a implodir, que vive furioso com tudo e com e o corpo existe para servir o espírito. O corpo só vem em primei-
todos, provavelmente está viciado na ira, é pouco provável que você ro lugar, quando achamos que somos o ego e nos esquecemos por
esteja cercado por idiotas e, mesmo que este seja o caso, deve ter al- completo do nosso espírito, muitas pessoas acreditam que são um
gum motivo para atrair essas pessoas (antes de avançar em cima dos espírito, mas é aí que reside o problema, nós não deveríamos acre-
outros, ou acabar com a sua saúde por meio de sua raiva reprimida, ditar que somos um espírito, deveríamos ter certeza disto e, como
lembre-se que nós geralmente atraímos as pessoas que têm vícios nosso corpo é uma ilusão, na verdade, deveríamos dizer: “eu sou
que se casam com os nossos), por isso seja honesto consigo mesmo, um espírito, mas acredito que tenho um corpo” e não o contrário e,
e reconheça que você gosta de se sentir furioso, você não precisa se quando os cuidados com o corpo são feitos porque este é tido com
culpar (na verdade não deve), basta reconhecer que é raivoso e en- o mais importante, há um erro de perspectiva, que com certeza vai
tender que esse eu, cujo perfil deseja delinear com ela, não é real. gerar sofrimento, sem falar, que ao se preocupar apenas com o seu
Quando em equilíbrio, não sentimos raiva, pelo menos, não corpo, você se esquece do seu espírito, e dedica-se exaustivamente
num nível mais profundo e prolongado, porque a idéia de separa- ao que está fadado a acabar e esquece o que é eterno e é a verdadeira
ção é cicatrizada e não procuramos tornar a nossa vida e a dos ou- razão de você está neste mundo.
tros num verdadeiro inferno, sentimo-nos em paz, principalmen- Algumas pessoas estão tão viciadas na vaidade, que ficam até
te, quando vamos nos tornando espiritualizados e a vida se torna a deformadas de tantos tratamentos que fazem para ficarem mais be-
cada dia mais leve. las e, mesmo que o efeito tenha se tornado o oposto do que bus-
cam, não conseguem mais parar. Sem falar que, apesar de viverem
Vaidade – Por que ela é um pecado? O que há de errado em se olhando num espelho e só faltarem se comer, todas as pessoas
se cuidar da aparência? Não há nada de errado em querermos ter vaidosas que conheci, aparentam, no fundo, acharem-se feias, apa-
a melhor aparência que pudermos e quem disser que quer ser feio, rentam necessitarem de que digamos o quanto as achamos lindas.
provavelmente, deve estar mentindo. Se elas se acham tão bonitas, honestamente, por que vivem caçando
Onde está o problema então? Primeiro cuidarmos do nosso elogios? Por que nunca estão em paz com sua aparência? Por que se
corpo é uma coisa, mas temos que ter, em mente, que nós não te- preocupam se tão belas? O que há por trás desta preocupação?
mos um corpo de verdade, nosso dito corpo é na verdade energia, A vaidade também anda de mãos dadas com um vício bem
que só parece ser sólida por causa de como sua vibração é captada moderno: o consumismo, que não passa de uma vertente da gula,
pelos nossos cinco sentidos. Por isso, o nosso corpo é, na verdade, ao ponto que, às vezes, é difícil de se saber, se é por consumismo,
uma ilusão, isso não quer dizer, que seja desnecessário, ou proibido, ou vaidade, que se é consumido tantas besteiras em forma de tra-
cuidarmos dele, mas o nosso ego gosta de nos fazer acreditar que tamento para o corpo, mesmo que muitas não pareçam funcionar,
somos o nosso corpo e não um espírito que está usando este corpo ou pelo menos não serem melhor que os já existentes. É como se
(que é uma ilusão criada pelos nossos sentidos). Ou seja, o nosso esperássemos o milagre da ciência que vai nos salvar, quando na
ego quer que nos esqueçamos que somos o espírito que percebe o verdade precisamos ser salvos desse vício maluco, mesmo que che-

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gássemos a viver mil anos com a cara de 25, nosso principal proble- se morava numa mansão extraordinária. Aliás, daqui a mil anos se,
ma não estaria resolvido, nosso principal problema não é o corpo não mudarmos nosso jeito de ser, não vai haver pessoas para sabe-
envelhecer, é não usarmos todo o nosso potencial criador, que pode rem que nós existimos no passado.
fazer inclusive muito mais, pelo nosso corpo e saúde, que um monte Depois, por mais que nossos feitos sejam muitos, na verdade,
de produtos de laboratórios, para ficarmos nos perdendo em vícios como tudo está interligado, nós somos, na verdade, uma ferramenta
e ficarmos estagnados por isso, todo o resto é conseqüência disto, do Universo, as coisas acontecem porque é o momento e não porque
até mesmo o mau envelhecimento. Uma pessoa equilibrada ener- o nosso ego tenha super poderes. É o Universo utilizando o nosso
geticamente não só envelhece muito melhor (sem ficar com a cara espírito, caso este não esteja bloqueado para determinadas tarefas,
dura de botox para isso), mas, também, é sempre mais bonita do o Universo nos utiliza para o trabalho que ter que executar. O ego,
que quando desequilibrada e eu acredito piamente, que podemos no entanto, quer ficar com a glória, orgulhando-se de um trabalho
usar o nosso potencial criativo para melhorar a nossa aparência fí- que não foi ele que executou. Como o nosso espírito e o Universo
sica, quando livre dos nossos vícios. Quando uma pessoa está bem, não reivindicam as suas criações, porque não precisam se orgulhar
o cuidado da aparência é um mero reflexo do bem estar interior, delas, o ego se torna bem sucedido na farsa que cria.
ela se cuida porque está bem, e não para tentar se sentir bem. No O orgulho não só ajuda o ego a acreditar que é real, mas nos
entanto, seja honesto consigo mesmo, e observe se os cuidados com faz acreditar que nosso eu imaginário é melhor que os outros. Eu
o seu corpo são oriundos de um bem estar interior, ou se você está não só existo, mas ainda por cima, sou muito melhor que os outros
tentando encontrá-lo por meio destes cuidados, porque seu ego vai que me cercam, o ego sempre quer ser mais que os outros, mesmo
querer enganá-lo, dizendo que só se cuida porque se sente bem, afi- quando se deprecia, é sempre dizendo algo como: “eu sou a pior das
nal, ele é perfeito. criaturas”, o que já deixa claro que quer estar no topo, mesmo que
seja encabeçando a lista dos piores trastes da humanidade.
Orgulho – não é um dos 7 pecados, mas acho que deve ficar Como disse Eckhart Tolle, o nosso espírito não quer ser nin-
abaixo da vaidade. O orgulho não passa do ego reforçando o papel guém, chegar a algum lugar, ou ter alguma coisa, porque ele não
que está desempenhando, você se orgulha de algo que acredita que pertence a este mundo, ao contrário do ego, que anseia por essas
é, que acredita ter, ou que acredita que fez e nosso ego consegue até coisas para poder se orgulhar.
nos fazer acreditar que se trata de uma virtude e não estou usando a A pessoa viciada em orgulho não consegue amar aos outros e
palavra acreditar por nada. dar algo desinteressadamente, sempre espera aplausos, que a elo-
Se você acredita que é algo além de um espírito, mesmo que giem, gasta toda sua energia no que pode ajudá-la a saciar seu vício
seja, a moça mais bonita da cidade, o presidente da república, a me- (ficando arrasada como uma prima dona temperamental quando
lhor atriz do mundo, ou um cara bem sucedido, tudo isso, mesmo não é aplaudida pela platéia). Todo orgulhoso no fundo se acha um
que o orgulhoso não esteja exagerando, são estados, não a sua ver- nada, não acredita que vai ter algum valor e ser amado se não pas-
dadeira essência, é algo que veio estar com você por algum tempo e sar a imagem de “bem sucedido”, mas essa necessidade de se achar
depois vai terminar. Daqui a mil anos, ninguém vai querer saber se melhor que os outros para se livrar dos seus sentimentos de inade-
você foi bonito, rico, inteligente, ou famoso. E sabe por quê? Porque quação é só o mecanismo que reforça o vício.
isto não tem importância! Também ninguém vai dar a mínima, se Quando em equilíbrio, a pessoa já não está apegada ao ego,
você ganhou o prêmio Nobel, se era um sedutor muito bem suce- entende que é um espírito na sua essência e que as coisas desta exis-
dido, se foi o primeiro a passar no vestibular, se tinha uma Ferrari, tência só são lições que tem que aprender na sua jornada, que não

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há motivo para se orgulhar, ou se envergonhar, mas apenas de tentar para emudecê-la e não realizar a tarefa que deveríamos realizar. Não
aproveitar ao máximo as oportunidades de crescimento oferecidas deveríamos temer o chamado do nosso coração. O pastor da igreja
por esta existência. da minha mãe falou uma vez, quando se referia a pessoas que aten-
diam o chamado para serem missionários, quando é Deus (espírito/
consciência universal) que chama para uma missão ele provê todas
Preguiça – no eneagrama, que é um método de autoconheci-
as necessidades de quem chamou, mas quando é a pessoa (ego) que
mento, que diz que o nosso ego pode assumir 9 máscaras, a preguiça
se chama para o serviço missionário, ela tende a comer o pão que
é o pecado da máscara 9.
o diabo amassou. Realmente, se for realmente o nosso espírito que
Só que para o eneagrama, preguiça é algo muito maior que fi-
estiver nos chamando para irmos numa determinada direção, se
carmos o dia inteiro sem fazer nada. A preguiça é uma incapacidade
aceitarmos, não seremos desamparados.
que temos de satisfazermos as necessidades do nosso espírito. Na
Quando em equilíbrio não somos preguiçosos, porque não po-
verdade, o nosso espírito não tem realmente necessidades, porque
demos mais deixar de ouvir o nosso espírito, porque sabemos que
mesmo com todo o sofrimento causado pelo nosso ego, nosso es-
somos conscientemente esse espírito, sentimos essa verdade e vive-
pírito está em paz, porém o nosso espírito está encarnado porque
mos de acordo com ela.
veio fazer algo aqui, não veio aqui só para nascer, passar alguns anos
neste plano e depois morrer, para isso, não haveria necessidade de
estar aqui.
O seu espírito veio para este mundo para se tornar ciente do
seu potencial divino, de seu poder criador, para isso, é necessário
que ele desenvolva a sua consciência a um nível tal, que permita a
ele vencer a ilusão do ego.
No entanto, exatamente por vivemos sobre a ilusão do ego, não
é fácil sabermos quais são as necessidades do nosso espírito, mais
ainda, porque morremos de medo de perdermos o nosso ego, que
nos é tão valioso. Para ouvir o espírito, é preciso ir se desapegando
do ego e de suas necessidades. O vício da preguiça é muito mais
disseminado do que se pensa, você mesmo, tem certeza que trabalha
feito louco para atender as mensagens que recebe do seu espírito, ou
para satisfazer necessidades artificiais criadas pela mídia?
Além do medo de destruir o ego, outro aliado, é que, se ouvir-
mos o nosso espírito, ele pode nos pedir que mudemos de profissão,
do lugar em que vivemos, que terminemos um relacionamento, ou
que façamos mudanças ainda mais radicais, porque infelizmente, o
nosso estilo de vida pode não ter nada a ver com o que viemos fazer
nesta vida e é preciso coragem para fazer as mudanças necessárias.
E como não temos uma fé verdadeira no fato de criarmos a nos-
sa realidade, nós preferimos não ouvir essa voz e fazemos de tudo

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O Que É Um Vício? cer um vício e eliminá-lo é necessário coragem para olhar para si
mesmo e ver o seu lado doentio, serenidade para não se julgar e
condenar por ter vícios e conseguir entender que você não é o seu
ego, que, quando você se livrar de seus vícios, vai estar mais perto
Será que o simples fato de gostarmos de algo constitui um vício? de descobrir quem você é e que, portanto, não está destruindo a
Qualquer prazer que temos? Que nós temos que abrir mão das coi- sua personalidade. Se você agir assim, vai conseguir descobrir os
sas do “mundo” (como ouvia na igreja evangélica quando era crian- seus vícios, quase sem nenhuma dificuldade.
ça)? Vício não é sinônimo de prazer. É óbvio, que todo vício nos dá
uma sensação de prazer, no momento imediato em que o saciamos,
no entanto, vício é sinônimo de carência.
Os prazeres da vida não são inimigos do nosso desenvolvimen-
to espiritual e fugir deles não é o caminho mais fácil de encontrar
a iluminação, não viemos a este mundo para fugir deles, mas para
aprendermos a atuar neles com sabedoria. Sãos os vícios, o sistema
de crenças e o ego que causam os problemas, são as distorções, cau-
sadas por eles, que nos causam sofrimento, passamos a interpretar o
mundo de uma forma doentia e sofremos por causa disto.
Certo, mas o que é um vício? Vício é algo que te controla, que
te força a entrar em situações que se repetem, repetem e repetem
indefinidamente. Todas as situações emocionais porque você passa
várias vezes é vício. Se te causa sofrimento, ou aos outros e, se busca
saciar uma carência, é vício. Situações que você acha que não tem
controle são sinais claros de vício.
Vício é qualquer situação que te impede de usar consciente-
mente seu potencial criativo, porque você o estar utilizando de for-
ma automática para satisfazê-lo.
Não é difícil se perceber um vício, a maior dificuldade está
no nosso ego, que não quer que reconheçamos os nossos vícios
e, quando é inevitável fazê-lo, o nosso ego pode nos fazer acre-
ditar que nos livramos do vício, criando outros vícios, ou dando
um jeito sutil de continuar com seus velhos vícios, como o monge
que expulsou Osho da montanha. O ego quer acreditar que não
há problemas, ou que ele deu um jeito neles e que agora estamos
livres, sem falar, que como o ego nos faz acreditar que é o nosso
verdadeiro eu, temos medo de pôr o ego abaixo, porque achamos
que estamos destruindo a nós mesmos. Por isso para se reconhe-

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Vícios Gerais consideramos erradas. Só que nem todas essas coisas são nocivas
realmente. Deixamos de fazer coisas, que inclusive, podem nos
auxiliar no nosso desenvolvimento espiritual e, sem falar, que nos
deixamos manipular, muitas vezes, pelos poderosos porque temos
Neste capítulo vamos falar sobre os vícios mais comuns, não vou culpa. Com a culpa surge a hipocrisia, que não passa de mascarar-
poder falar sobre todos os vícios, até mesmo porque eu nem devo mos por trás de uma aparência de “normal” o que consideramos
conhecê-los, pois não sou um perito no assunto, escrevo sobre aqui- feio, sujo, nojento, pecaminoso e que vai gerar o desprezo da socie-
lo que observo. E, pelo que tenho observado em mim, acredito que dade, porém o pior é que, quando ficamos viciados em culpa, o que
um vício pode se uma mistura de outros vícios, por isso é difícil é que nós queremos? Nos sentirmos culpados e começamos a criar
catalogar todos eles, mas acredito que se uma pessoa tiver uma no- situações que permitam este tipo de sentimento, que pode ser desde
ção dos principais, pode perceber como eles se misturam para for- fazer algo que fomos ensinados como errado, ou viver interpretando
mar um novo. Lembra-se da luxúria, quando falamos dos maníacos o comportamento dos outros como uma forma de repreensão, que
sexuais que matam e torturam suas vítimas. É óbvio, nestes casos, eles estão sempre te dizendo que você não vale nada, que não presta,
que esse vício é uma mistura de vícios, dentre eles a luxúria, mas que está fazendo tudo errado, que é um lixo, tudo o que faça você
deve haver outros como a raiva, a crueldade, o vício por adrenalina se sentir mal com você mesmo, porque é isto que a culpa faz: faz a
e outros vícios oriundos da criação do agressor, que se mesclaram gente se sentir mal.
nesse tipo de comportamento e, embora a maioria de nós não saia E por causa disso, algumas pessoas, manifestam o seu vício de
matando e estuprando por aí, também temos vícios que são criados culpa, por viverem culpando os outros, como estão viciadas em cul-
da mistura de outros. pa, estão sempre se sentindo mal a seu respeito, mas projetam (sem-
Mais uma vez, ressalto que o que é mais importante neste tra- pre, que não admitimos um sentimento em que estamos viciados,
balho não é falar sobre todos os vícios, mas falar sobre eles, para que ao senti-lo internamente, usamos da projeção) esse sentimento em
as pessoas tenham noção do assunto, que todos somos viciados, que cima das pessoas próximas. Se você vive culpando os outros, ou é
os vícios nos impedem de usarmos o nosso poder criador, o que nos viciado em manipulação (neste caso usando a culpa para conseguir
impede de os enxergarmos, e com isso, comecemos a nos perguntar o que quer dos outros), pare e olhe para dentro de si mesmo e res-
como os vícios nos controlam e nos impedem de realizar os nossos ponda se não está projetando sua culpa nos outros, muitas vezes nas
verdadeiros desejos e, principalmente, a nos questionarmos como pessoas que você diz amar.
nos livrar deles. Se o livro causar esse efeito nos leitores, já terá atin- A culpa realça o sentido de identidade do ego, mesmo ser mal
gido o seu objetivo. é ser alguma coisa, mas, quando entendemos que somos um espí-
rito, que não é bom e nem mal, nós passamos a não nos sentirmos
Culpa – este é um vício muito comum, principalmente, nos pa- culpados e entendemos que esse ser que nos diz que somos mal não
íses cujas sociedades se originaram na cultura judaico-cristã, nelas é passa de um punhado de conexões neurais que faz com que o nos-
quase impossível encontrar uma cultura que não tenha a culpa como so hipotálamo desencadeie, via nosso sistema endócrino, uma sé-
um de seus vícios principais, porque esta é um de seus pilares. rie de reações químicas, que vão ser percebidas pelo nosso espírito
A culpa foi muito difundida nessas sociedades como uma for- como a emoção da culpa, dentre outras, e que nós nos enganamos
ma de coibir as pessoas de fazerem o que é considerado errado. Até ao acreditar que esse conjunto de emoções é nossa personalidade,
certo ponto parece funcionar, não fazemos muitas coisas por que só porque esse processo vive se repetindo constantemente. Quan-

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do entendemos, que este processo se repete, não porque se trata vergonha que tanto almejam, mesmo que parte da farsa seja jura-
da nossa personalidade, mas sim porque nós nos viciamos nessas rem para si mesmas que a última coisa que querem é se sentirem
emoções, entendemos o óbvio, que caímos num truque. Como disse envergonhadas. Mas o fato de viverem procurando se sentir assim
Eckhart Tolle, encontrar a bondade dentro do seu coração é dife- as contradiz.
rente de tentar ser bom. Tentar ser bom é o vício da culpa em ação, Como todos os vícios, a vergonha também nasce do ego, do
pois você não tentaria ser bom, se você não se achasse uma pessoa medo que este tem de se sentir diminuído perante os outros, mas ele
má, por isso, você nunca vai ser bom tentando ser bom, vai somen- pode preferir ter uma identidade sobre o prisma da vergonha do que
te alimentar o vício da culpa em você, a verdadeira bondade surge nenhuma e a pessoa acaba se acostumando a se sentir por baixo em
naturalmente de um espírito equilibrado, por isso, quer ser bom de relação aos outros. É claro que, para satisfazer o ego, ela vai se sentir
verdade? Equilibre-se! a pior pessoa do mundo.
A vergonha não tem lugar numa pessoa equilibrada, porque
no equilíbrio sabemos que estamos unidos a tudo que existe, que a
Vergonha – é parecido com a culpa e, como muitas vezes ao
separação é apenas uma ilusão e que, como fazemos parte do mes-
nos sentirmos culpados, sentimo-nos também envergonhados, eu
mo todo, não existe melhor ou pior, que o nosso verdadeiro eu (o
cheguei a achar que eram a mesma emoção, até que fui morar em
espírito) não pode ser melhor ou pior que outros espíritos porque
Porto Alegre. Eu sou carioca, mas fui criado em Brasília e, quan-
são feitos da mesma energia e são parte do mesmo ser.
do cheguei à Porto Alegre, percebi que os gaúchos falavam muito
em vergonha, mais do que nós falávamos em Brasília, mas muito
menos em culpa, ou remorso. Percebi que os gaúchos se sentiam Intolerância – esse vício nasce da necessidade que o nosso ego
mais envergonhados por coisas que em Brasília seriam consideradas tem de afirmar o nosso sistema de crenças como se fosse a realidade.
normais, mas que no sul eram motivo para uma enorme vergonha. E por que ele faz isso? Porque se percebermos o nosso sistema de
Algumas coisas que não conseguiríamos fazer por causa da culpa, crenças como uma mera interpretação de como a vida é e entender-
eles faziam não só sem se sentirem culpados, mas algumas vezes mos que a vida não tem um significado real e que o sistema de cren-
até se orgulhando. Não quero dizer que exista uma cultura melhor, ças de cada espírito está ligado ao que é necessário para o seu equilí-
ou pior, até mesmo, porque tanto a culpa como a vergonha são um brio, para que ele possa lançar mão de todo o seu potencial criativo,
verdadeiro serviço de porco no que tange ao nosso desenvolvimento se entendermos tudo isso, o ego perde sua força. O que seria do ego
pessoal e da humanidade. se entendêssemos que os nossos pensamentos, sentimentos e siste-
O que percebi de positivo nesta diferença cultural é que a ver- ma de crenças não são tão importantes, quanto ele nos quer fazer
gonha é algo à parte, mas é também um freio social, que visa tentar acreditar? O ego só nos faz esquecermos que somos um espírito,
coibir os indivíduos do grupo de fazerem algo por se sentirem mal, porque nos força a ficarmos focados em nossos pensamentos, nos
só que nesse caso, as pessoas não se reprimem porque se sentem nossos sentimentos e nos nossos sistemas de crenças, ficamos como
responsáveis pelo “mal causado ao próximo”, mas porque temem a mariposas girando em torno deles, esquecendo da nossa verdadeira
censura e desaprovação dos seus semelhantes. Ela está mais ligada a natureza, daí, esquecermos de quem somos realmente.
que os outros vão pensar de mim (ego). E como somos intolerantes, há preconceitos por raça, nacio-
Pessoas viciadas na vergonha vivem imaginando estes outros nalidade, orientação sexual, religião, classe social, beleza, sexo, pro-
que tanto temem, pensando o pior delas e, como os viciados em fissão, altura, peso, grau de inteligência, e para tudo, você pode ter
culpa, muitas vezes se mentem em situações que as farão passar pela certeza! O nosso ego não perde muitas oportunidades para se afir-

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mar. Mesmo dentro de um grupo que é vítima de preconceitos, por rejeito todas essas coisas, é sinal que elas não fazem parte de mim,
exemplo: dos negros, os que se engajaram no orgulho (não é um resisto: logo existo! Ou seja, o ego vai ter sempre que achar algo uma
vício?) negro culpam (veja como os vícios se misturam) os que não porcaria, odiar alguma coisa, implicar com alguém e ficar indignado
participam do movimento pelo fato do preconceito contra os negros com algum acontecimento corriqueiro, por isso, não dá pra ser feliz
continuar a existir, os que lutaram para conseguir o que têm em assim, sendo controlado por algo que tira seu sentido de identidade
igualdade de condições com os brancos, culpam os que estão rece- da resistência ao meio no qual se encontra, você consegue perceber
bendo o apoio do governo em programas assistencialistas de passa- a roubada que isto é?. E você pensando que você só resistia porque
rem a imagem que os negros são uns coitadinhos que precisam de queria que as coisas ficassem melhores, mas não, você só resiste por-
ajuda para conseguirem o que querem, mas o responsável por tudo que sua noção de identidade precisa ser reforçada todos os dias (ou
é o ego, o que o homem negro do orgulho negro quer proteger no seja, na verdade, o ego quer é que as coisas fiquem piores), porque se
fundo é a identidade que criou para si, o mesmo do homem negro parar de reforçá-la, ela vai perdendo as forças, a coitada (ego) morre
que venceu na vida sozinho, só atacam os que não compartilham do de inanição, por isso, esse é um vício crucial para se perder, mas
seu sistema de crenças para reforçá-lo. também é uns dos mais custosos, eu me pego várias vezes resistin-
A palavra preconceito não só nos diz que temos conceitos já do. É verdade, que estou me tornando menos resistente. Quer saber
formados sobre os outros, mas que criamos uma imagem dos ou- quando o seu ego foi suplantado? Quando você não resistir mais a
tros baseada em conceitos, como criamos uma ao nosso respeito nada, se não estiver tirando onda de iluminado, e se isso for mesmo
também, só que o nosso espírito não é um monte de conceitos, se- verdade, meus parabéns! Você conseguiu!
jam eles feitos antes (preconceitos), ou depois, por isso, não adianta No filme “O Segredo” é dito que tudo o que a gente resiste per-
apenas não ser preconceituoso, mas entender que os conceitos, no siste, e não podia ser diferente, todo vício não visa curar, ou melho-
melhor dos casos, podem (de uma maneira tosca) nos explicar o que rar nada, quer que tudo fique a droga que está para que a gente possa
está acontecendo com o espírito de alguém e não nos dizer quem ele alimentá-lo. No entanto no filme, também é dito como as pessoas
é, ele é um espírito e você não deve se esquecer disso, porque quan- tentam melhorar o mundo com guerras, não só as de um país contra
do esquece, é porque também esqueceu quem você é. Como Eckhart outro, mas é guerra contra às drogas, à pedofilia, à fome, à aids, à
Tolle disse, conceitos quando bem usados apontam a direção, mas violência e a lista não tem fim. Nunca estamos a favor da paz, da far-
não são a direção ou a verdade. A verdade (a nossa verdade) está em tura, da igualdade. Não é curioso que nunca estamos buscando algo
nosso espírito, e não em conceitos que usamos. que nos una, que nos acolha, mas, sempre, que nos separa? Será que
Quanto mais equilibrados vamos nos tornando, menos intole- isso se deve ao fato de querermos um mundo melhor? Você acredita
rantes vamos ficando, porque a idéia de separação vai se desfazendo realmente que um mundo melhor vem da separação? Que conflitos
e entendemos que nossos sistemas de crenças são apenas crenças e, levarão à paz? Ou será que é algum tipo de vício que estamos sacian-
com isso, torna-se impossível conseguirmos ser intolerantes com do? Um que exija sempre que estejamos resistindo a alguma coisa e
os outros. em conflito com o mundo?
O motivo da resistência não resolver nada é que quando re-
Resistência – o ego, como precisa acreditar que é algo sepa- sistimos usamos a mesma rede neural que está causando o proble-
rado do todo, cria a resistência. Quando li O Poder do Agora, pude ma. Se você quer lutar contra o vermelho, no que vai pensar? No
entender que a felicidade com o ego no controle é impossível, por- vermelho! Mas se em vez disso, você começar a pensar no branco?
que este tem sempre que resistir a algo para dizer: é, eu existo! Se eu Esquecer o vermelho e se concentrar no branco, o que será que vai

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acontecer? O que vai acontecer é que você vai passar a usar outra medo, mas aos poucos, as crises vão se tornando tão freqüentes que
rede neural e vai sair, literalmente, do vermelho! É por isso, que se a pessoa passa a ter medo o tempo todo, passa, inclusive, a ter medo
você quer um mundo sem violência deve pensar na paz, ao invés de sentir medo e qualquer coisa passa a acionar o processo, o que a
de combater a violência. Entendeu que ser contra a violência não deixa com mais medo ainda, que é no fundo o resultado pretendido:
é o mesmo que ser a favor da paz? Pode parecer que são a mesma retroalimentar o vício constantemente.
coisa, mas em termos de mudança interior, que é o que importa, são Quando estamos em equilíbrio, vamos perdendo os nossos
completamente opostos. medos porque não nos sentimos mais separados do universo, sabe-
A resistência só acaba, quando a idéia de separação se vai, se mos que não estamos sós e que há toda uma estrutura colossal por
nos sentirmos realmente unidos a tudo e a todos, a resistência perde trás de nossas ações no apoiando o tempo inteiro.
a sua razão de ser, porque você compreende que resistir aos outros
é resistir a si mesmo.
Ansiedade – nesses dias de hoje que nos dizem que correr já
não é o bastante, que agora temos que voar, aliás, só essa nova visão
Medo – o medo aqui não é o medo que nos faz tomar cuidado do mundo já dá uma idéia do alto grau de ansiedade em que a maio-
quando estamos numa situação que oferece um risco real, mas sim ria de nós vive, parece que o mundo tem que correr cada vez mais
um sentimento mórbido que nos paralisa diante da vida. É muito rápido, para saciar o nosso vício cada vez maior. Eu só pergunto
difícil uma pessoa que não tenha algum medo neurótico focado em uma coisa: “correr ou voar para onde”?
alguma coisa, seja desde ficar sozinho, ou envelhecer, de animais. Dizemos que temos que correr mais rápido para não ficarmos
Estes medos não querem nos prevenir de nenhum perigo, é apenas para trás, para não perdermos os nossos empregos, porque é neces-
uma emoção, que com o tempo vamos nos tornando viciados. O sário para mudarmos de vida, mas na verdade, o motivo você sabe
vício do medo é fogo, porque passamos a viver caçando coisas, situ- qual é: estamos viciados e só queremos nos saciar, nada mais do que
ações e pessoas para alimentar a nossa necessidade de nos sentirmos isso. Você pode correr, correr, correr e não vai chegar a lugar algum
amedrontados. Dizemos que o mundo é um lugar assustador, mas e nem quer chegar mesmo, só quer acreditar que tem que correr fei-
somos nós que queremos que ele seja assim! to idiota por aí, o lugar aonde diz que quer chegar é apenas uma ilu-
O medo é uma conseqüência de nos percebermos como um são, você nunca vai chegar, porque a menos que se torne consciente
ser separado do todo, como temos a sensação de estarmos sós, sen- desse vício, você também não vai parar nunca de correr.
timo-nos vulneráveis contra o resto do mundo. Essa insegurança A ansiedade, não quer que vivamos no presente, tenta o tempo
nos leva a viver sobre a égide do medo de que a qualquer momento, todo trazer o futuro para o presente, mas como isso é impossível, por
algo de ruim possa nos acontecer, de que estamos desprotegidos por causa da ansiedade não conseguimos aproveitar o momento presen-
estarmos separados. te, vivendo para o futuro (este é o lugar no qual você não pode ir,
Normalmente, o vício do medo nunca fica num objeto só, co- pelo qual você corre tanto, mas no qual nunca vai chegar). Como
meça com um, mas para ir se alimentando com mais freqüência, Eckhart Tolle disse, o agora é visto como um obstáculo que temos
ele nos “encoraja” a ficarmos cada vez mais medrosos. O exemplo que vencer, quando na verdade é o único lugar em que podemos
disso é o de uma pessoa com a síndrome do pânico, ela tem uma estar. Segundo Tolle, o motivo de vivermos no futuro (e também no
crise numa determinada situação, passa a ter medo dessa situação passado) é porque o nosso ego não pode nos controlar (se passando
específica, porque acha que foi ela que desencadeou a crise, quando por nós) se estivermos presentes no agora, por isso ele vive traman-
na verdade, foi só um jeito encontrado para alimentar o seu vício do do que vivamos nos outros tempos, que não passam de ilusão, já que

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o passado é apenas uma lembrança e o futuro ainda não aconteceu. algozes cruéis, que sempre nos perseguem e nos maltratam. Se não
Ou seja, a ansiedade que nos impele a tentar viver no futuro não é fosse por eles, nós seríamos felizes. Mas isso é verdade? É por causa
mais do que um estratagema do ego para nos esquecermos que so- deles que nós sofremos tanto? Não será porque nós nos viciamos em
mos um espírito e realmente acreditarmos que somos esse ego. sofrer? As pessoas são tão más assim? E mesmo as pessoas difíceis
Não se deve confundir não se viver no presente com ter pro- que vivemos encontrando, por que será que nós as encontramos? E
jetos para o futuro. Nós, muitas vezes, temos que programar nossas por que nós as aturamos?
atividades e não é aí, que reside o problema, até mesmo porque a Se você vive se sentindo o tempo todo uma vítima e respon-
programação se dá no momento presente, o problema não está em deu sinceramente essas perguntas, deve ter começado a se tocar que
se planejar a caminhada, é querer estar no final dela, quando ainda você é viciado nesse sentimento, que gosta de ficar se fazendo de
a está planejando, você consegue entender a diferença? O planeja- coitado, e, por favor, não comece a chorar se fazendo de vítima, que
mento é um dos vários passos da caminhada e temos que curtir cada só vai fortalecer o seu ego. Você tem esse vício, mas todos temos ví-
passo sem pressa de chegarmos, se eu estou no décimo passo, não cios, por isso, estamos aqui neste mundo, para assumirmos os nos-
posso estar no vigésimo, por mais que eu queira, querer estar sem- sos vícios e nos libertarmos deles. Já que agora sabemos que todo
pre à frente é um vício e, como é um vício, quando eu estiver no esse sofrimento é um vício e não a realidade, agora sabemos que
vigésimo, vou querer está no trigésimo e assim por diante. Ou seja, podemos ter uma vida bem melhor.
vou estar sempre em descompasso com o passo que estou dando no Quando em equilíbrio, não nos fazemos de vítima porque en-
momento, que é o único passo que posso vivenciar. A ansiedade nos tendemos que somos responsáveis pelo o que acontece ao nosso es-
impede de aproveitarmos esta existência, porque estamos sempre pírito e que somos nós que criamos a nossa realidade.
em descompasso com o momento presente.
Ao atingirmos o equilíbrio, passamos a viver no presente, não
Personalidade – esse vício talvez seja a soma de todos os nossos
nos deixamos mais nos levar pelo nosso ego nesse delírio de viver
vícios e sistema de crenças, é o que se chama de ego. Nós na verdade
no futuro, ao vivermos no agora, podemos ter a certeza de que so-
não temos uma personalidade, tanto é que esta dita personalidade
mos um espírito imortal.
muda conforme o tempo, ou acontecimentos, nós podemos pensar
que é o nosso espírito que está evoluindo, mas não, é esta persona-
Vitimação – O nosso ego quer ser o fodão, mas se isso não dá lidade irreal que vive se reconstruindo. Por algum motivo que eu
certo, ele, sem o menor escrúpulo, cria uma identidade negativa, sinceramente, desconheço, precisamos de um ego, não acredito que
dentre elas, a de se fazer de vítima. Nos sentimos os coitados, ado- o motivo de termos um ego é para vencê-lo, ou seja, que temos um
ramos falar dos nossos problemas (já reparou no prazer que temos ego só para dizer que não precisamos dele, ele deve ter alguma uti-
quando fazemos isso). Nos casos mais drásticos, as pessoas se tor- lidade mais funcional (como precisamos de um olho, ou de um bra-
nam uns parasitas, que não só querem que os outros sintam pena ço), mas é certo que é um engano acharmos que somos nosso ego. A
das peripécias pelas quais vivem passando, mas também, que estes nossa personalidade é algo que está acontecendo com o nosso espí-
cuidem delas, vampirizando qualquer um que tenha um vício que rito, é um processo e não um ser. Quando acreditamos que somos o
se case com o seu. nosso ego, queremos reforçá-lo todos os dias, temos medo de mudar
Dar uma personalidade ao nosso ego não é a única coisa que a porque temos medo de perdemos a nossa personalidade.
vitimação pode fazer por ele, na verdade, ajuda-o na sua idéia de es- Por mais que nos sintamos ligados a nossa personalidade, pre-
tarmos separados, porque, para sermos uma vítima são necessários cisamos deixar de vê-la como nossa identidade, se quisermos evo-

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luir espiritualmente, temos que optar se queremos ser um espírito, dos viciados em culpa, para poderem se sentir péssimos com o que
ou um conjunto de redes neurais, se optar de coração pelo primeiro, fizeram, nesse caso, o vício da crueldade e da culpa se alimentam
estará no caminho da espiritualidade. mutuamente (normalmente, um vício tende a alimentar outro, é as-
sim que eles conseguem nos atormentar por um longo tempo).
O ego, muitas vezes, justifica a crueldade como uma reivin-
Crueldade – pode parecer repulsivo, mas o ato de ser mal com
dicação justa, porque as pessoas que maltratamos mereceram, ou
o próximo pode ser converter num vício, sendo a maldade gratuita
então, como uma demonstração de força (o vício da crueldade e
ou não uma fonte de prazer para o viciado. Acho que todo mundo
o do poder muitas vezes andam juntos), sendo mais forte quem é
conhece pessoas que parecem adorar fazer com que os outros so-
mais cruel e, a não ser que você se de conta deste engodo orquestra-
fram, talvez você seja uma delas, mesmo que invente uma desculpa
do pelo ego, vai continuar causando mal aos outros. Se é este o seu
para justificar os seus atos, como o torturador que justifica seu pra-
objetivo, siga em frente! Se não é, pare de se enganar e admita e diga
zer em torturar, dizendo que é um mecanismo justo e válido de se
para si mesmo: eu sou cruel.
tirar uma informação de um determinado sujeito. Algumas pessoas
Se você conseguiu admitir que é cruel, não se culpe, apesar de
se tornam tão viciadas em maldade que podem se dizer que são
ser algo muito reprovado pela sociedade, a crueldade é um vício
predadores dos membros da própria espécie, podendo até matar
como os outros e ficar se culpando não vai livrá-lo do vício, muito
outras pessoas.
pelo contrário, vai reforçar a rede neural associada a crueldade. O
A crueldade também está ligada a idéia de separação. Uma
primeiro passo de assumir honestamente a sua crueldade você já
pessoa só pode ser cruel com outra se não enxergá-la com uma
fez, reconhecer o vício e as maneiras que encontra para satisfazê-lo
pessoa e vê-la como um objeto, com o qual ela pode fazer o que
(os truques criados pelo ego) são o caminho para a sua libertação.
quer. Não é por acaso que uma pessoa cruel é considerada desu-
Em estado de equilíbrio, exalamos amor, não só por outros se-
mana, porque quanto mais você coisifica os outros, mas renega seu
res humanos, bem como pelos animais, pelas plantas e por tudo o
potencial humano e, se os outros não têm coração, nem espírito, eu
que existe. O amor acaba com a idéia de separação, assim como a
também não tenho. Você não pode se ver como um ser espiritual e
luz acaba com as trevas. É impossível amarmos e sermos cruéis ao
sair aloprando com o próximo, por mais que você considere justas
mesmo tempo, porque o amor nos faz sentirmos unidos a tudo e a
as suas razões (mesmo que seja para salvar o mundo, primeiro que
todos e percebemos que ser cruel com o outro é ser cruel consigo
o mundo não precisa ser salvo, segundo, não vai ser convertendo-
mesmo, tornando-se algo sem sentido.
o num reino de crueldade, que este mundo vai se tornar um lugar
melhor. Se você acredita numa bobagem desta, é porque seus vícios
não o estão deixando raciocinar realmente), o que ele precisa é de Desonestidade – minha antiga terapeuta em Porto Alegre
mais amor, já existem pessoas demais fazendo mal umas as outras, deu-me uma excelente definição de desonestidade: você é deso-
agindo inconscientemente, porque são dominadas pelos seus vícios. nesto, toda vez que você diz sim a alguém, quando quer dizer não.
Você quer mesmo melhorar o mundo? Saia desta roubada! Sei que Não é só no comportamento da nossa classe política, ou no famoso
não é fácil, que algumas pessoas são tão difíceis, agridem-nos de jeitinho brasileiro, que a desonestidade se manifesta na nossa vida
uma forma tal, que só pedindo forças a Deus para não atirarmos diária. Na verdade a desonestidade é um vício muito difundido na
nelas, mas nunca vamos criar um mundo melhor sendo dominados nossa sociedade. Conheci um professor de piano que tinha morado
por nossos instintos cruéis. A única razão para se fazer o mal é o muitos anos no exterior, ele me disse que não sabia continuar no
prazer de se fazer mal que nos transforma em bestas, ou no caso Brasil, porque não agüentava a mania que as pessoas daqui têm de

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prometer mundos e fundos para você e, quando viram as costas, não que quando você pára de se identificar com o vício, ele vai perdendo
fazem nada. Realmente, apesar de ser muito comum prometermos a força, porque já não é mais natural agirmos da forma como vínha-
coisas que não temos a menor intenção de cumprir, isto também mos agindo. Ou seja, como eu não me vejo mais como uma pessoa
não representa toda a nossa desonestidade, quantas vezes você já fez irritada, mas percebo a irritação apenas como uma vibração energé-
coisas que não queria fazer? Isto é tão comum, que duvido que mais tica, ela não parece algo tão vital para mim (às vezes inclusive, fico
de 10% dos leitores deste livro nunca passaram por esta situação. rindo internamente de mim mesmo, das desculpas que invento para
Nós podemos achar, que agimos assim para sermos bonzinhos, justificar a minha irritação, que não consigo mais ficar alimentando
ou cooperativos, mas, na verdade, fazemos isso porque o nosso ego a história para fazê-la render, é verdade que ainda há coisas que me
ao dividir o mundo em eu e os outros quer que o nosso eu sempre irritam à moda antiga, mas mesmo, nesse caso, a irritação costuma
saia bem na fita perante estes outros. O problema é que somos cria- durar menos), há algo em mim, que não se envolve mais na situação,
dos de maneira a acreditar que sempre que não correspondermos às não estou mais 100% dentro dela.
expectativas dos outros, nós somos um lixo e, por causa da culpa, Irritar-se reforça o ego, quando você se irrita, você está refor-
muitas vezes, pessoas ruins e indignas de sermos amadas e queridas çando o que você é, o que acha que é certo, como as coisas devem
por eles. Como é impossível para nós correspondermos às expecta- ser. Quanto mais entendermos que a vida não tem sentido fixo, que
tivas de todas as pessoas, 24 horas por dia e todos os dias, o que co- as pessoas também têm o seu sistema de crenças pessoal, que não so-
meçamos a fazer? Fingir! Eis a solução! Dessa necessidade de fingir mos apenas nós que temos vícios, os outros também os têm, e que os
para agradar aos outros que nasce a desonestidade, mesmo na sua nossos são mais ou menos graves que os deles (ah, esses outros que
versão mais mórbida, que é viver passando a perna nos outros. estão sempre no nosso caminho e enchendo o nosso saco!). Já parou
Uma pessoa no seu processo de equilíbrio vai se livrando da para pensar nisso? Por mais que o sistema deles pareça ser louco,
necessidade de viver para agradar aos outros, já que vai deixando de doentio, perverso, estúpido, ou uma pedra no nosso sapato, o nosso
se ver separada destes. sistema de crença deve ser considerado o mesmo para muita gente.
É, tem gente que nos acha uns babacas, se não achar coisa bem pior,
pense nisso antes de se perguntar frustrado, por que todos não são
Irritação – não passa de uma forma de resistência e, como esta,
iguais a você. Tem muita gente que detestaria ser igual a você!
só visa enfatizar o nosso sistema de crenças. O que te irrita? Eu me
Quando após alguma sessões de Body Talk, nas quais conseguia
irrito com muitas coisas, percebi o quanto estava viciado em irrita-
um relaxamento profundo, percebia como é o mundo sem irritação,
ção, quando percebi que praticamente tudo me irrita, tanto é que
não me via separado de ninguém e não tinha que viver resistindo
seria mais fácil me perguntar o que não me irrita, já que se fazem
ao mundo para provar que existia. Sem o meu ego me controlan-
eu me irrito porque fizeram, se não fazem me irrito, porque não
do, sentia-me mais vivo do que nunca. É assim que, em estado de
fizeram, ah, se não tiver com me irritar, irrito-me comigo mesmo
equilíbrio, uma pessoa se sente, tudo pode estar dando errado, que
e eu percebi como vivo viajando na maionese para justificar toda
você não se irrita, há uma paz que emana dentro de você e essa paz é
essa irritação compulsiva. Mas, na verdade, eu só preciso me sentir
você, a irritação que sempre reside no nível da superfície não sobre-
irritado, não tem nada a ver com as pessoas, com o que elas fazem,
vive, quando você está mergulhado no interior do seu espírito.
ou os acontecimentos da vida, agora que compreendi que este é um
vício que tenho, pelo menos estou reclamando menos, porque eu
entendi, que eu não preciso infernizar os outros por causa do meu Poder – esse é um vício muito comum nos políticos, grandes
vício e também, o que percebi e, que é válido para todos os vícios é magnatas e líderes em geral. Essas pessoas vivem tentando nos en-

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ganar dizendo (e o que é pior, a si mesmos), que o motivo que as viciadas no poder que nós lhe damos. É por isso que essas almas
levam a querer o poder é para ajudar aos outros, mas Maquiável tão interessadas no bem do próximo, muitas vezes gostam de coagir
na sua obra “O Príncipe” contradisse Platão, que dizia que os líde- seus subordinados, quando acham que não estão recebendo o devi-
res visavam a busca da verdade e Aristóteles, que dizia que visam do tratamento (ou pelo prazer de assediar moralmente seus subal-
o bem comum. Maquiável foi direto ao ponto: os poderosos só vi- ternos). Mesmo que façam a linha do tipo “sou uma pessoa simples
sam o poder e mais nada. Maquiável estava certo, porque o poder e igual a vocês”, trate-as com intimidade, como se fossem um velho
é um vício como um outro qualquer. As pessoas não precisam ser amigo, ou como fossem um membro da sua família e você vai ver se
salvas e fazê-las acreditar que são umas coitadas, que não podem elas não vão colocá-lo, num instante, no seu devido lugar. Elas pre-
cuidar de si mesmas, não é salvá-las. Na verdade, isso é um desfa- cisam de todo um ritual hipócrita de reconhecimento do seu poder
vor que estão fazendo. Todo ser humano tem potencial para criar para se sentirem bem. Por que você acha que os puxa-saco se dão
a sua realidade(você não é inferior ao cara mais poderoso, rico, ou tão bem com os poderosos? Como essas pessoas se nutrem do poder
fodão do mundo), e faz isso, mesmo que o faça inconscientemente que tomam de nós, elas não só não fazem nada por nós, como ainda
por causa dos seus vícios. Porém o viciado em poder quer que você nos roubam o poder para atuarmos nas nossas vidas.
pense que precisa dele, que sua vida depende da forma como ele usa Como o poder de criar a sua vida é seu, não é culpa deles o fato
o poder, que ele acredita deter, porque este vício surge de egos que de não conseguirem cumprir suas promessas vazias e mudarem a
tem baixa auto-estima, que precisam ter outros em posição de su- sua vida para melhor, não adianta se queixar deles, a culpa é sua, se
bordinação parra que se sintam o máximo, muitas vezes gostam de sua vida não é do jeito que você quer. As pessoas que são viciadas no
destratar e humilhar seus subordinados, eles, na verdade, não têm sentimento de vítima adoram as pessoas que são viciadas no poder
poder nenhum, são só pessoas doentes viciadas na sensação de ter (elas também adoram as pessoas que são viciadas em serem boazi-
poder sobre os outros. nhas), que dizem que vão cuidar delas, que elas não são responsá-
Os políticos, por exemplo, só aspiram aos seus cargos para veis pelo que ocorrem nas suas vidas, que são umas coitadas, tudo o
ter poder e não para ajudar ninguém. Isso é deixado bem claro nos que elas acreditam, mas, mesmo que você não seja alguém viciado
conchavos políticos, que são tão corriqueiros que são até apresenta- em se vitimar, cuidado para não cair na armadilha de ficar culpando
dos como notícias escancaradamente pelos meios de comunicação. os políticos pelo que é o seu trabalho.
Acordos para dar a um determinado partido a pasta de um Minis- Quando estamos em equilíbrio, não precisamos mais tentar
tério, ou para que o Congresso aprove medidas do interesse do go- roubar o poder dos outros, porque estamos cientes do nosso poder
verno. Você acha mesmo que estes conchavos todos são para me- pessoal que é o único que podemos lançar mão e, com isso, a com-
lhor lhe servir? Que estão pensando em você quando os fazem? Que pulsão de poder se extingue.
querem melhorar sua vida? Algum desses acordos fez isso por você?
Na verdade, só estão como um bando de tarados querendo mais Sucesso – É parecido com o vício pelo poder, mas aqui a pes-
poder, brigando para satisfazer o seu vício, o negócio é não ficar por soa (ego) não quer mandar em ninguém, ela quer se destacar, quer
baixo, não ter diminuída a sua importância, mesmo quando fazem ser vista como especial, como diferente, como melhor que esses ou-
algo positivo, o que querem é manter ou realçar o seu poder. tros, com os quais, o ego vive rivalizando, mas na verdade, o que há
O verdadeiro poder não é mandar nos outros, mas ter o poder por trás é um complexo de inferioridade, porque ninguém tenta ser
de transformarmos a nós mesmos e a nossa vida, que é o poder que algo, que acredita que é, não é á toa que a estrela de cinema mais fa-
todos temos e estas pessoas tentam roubar nos roubar, porque são mosa que já existiu Marilyn Monroe tinha tão baixa auto-estima que

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costumava ser tratada como lixo pelo próprio pessoal responsável Os Vícios e a Astrologia
pela produção dos seus filmes. Em os Homens Preferem as Loiras
seu salário era 10 vezes menos do que o da sua co-estrela e, quando
pediu um camarim decente, recebeu como resposta que ela não era
uma estrela. Até os homens da sua vida, que deveriam ter um prazer A Astrologia é um método de autoconhecimento muito antigo, tal-
enorme em ostentar que estavam dormindo com a mulher mais de- vez o mais antigo conhecido pelo homem. Muitos pensam que a
sejada do planeta, tinham vergonha dela, tudo isso acontecia porque Astrologia é um conhecimento que visa à previsão, o que não é
ela não se amava nem um pouco. Ela tentou resolver sua carência se verdade, as previsões astrológicas são feitas baseadas num conheci-
tornando famosa, mas quem conhece a história da vida dela sabe mento que nos dá informações sobre a pessoa e sobre o momento
que isso não a ajudou em nada, muito pelo contrário, os seus proble- que ela está passando e é, a partir daí, que as previsões são feitas.
mas só foram agravados com a enorme popularidade. Porque quan- Ou seja, os astrólogos fazem uma previsão porque têm informações
do famosa ela passou a chamar a atenção, mas como se considerava a seu respeito que estão descritas no mapa, e não porque adivinhem
um lixo, essa atenção a deixava em pânico, não agüentou a pressão coisas com um dom especial. Quando um astrólogo, por melhor
e morreu aos 36 anos (mesmo que sua morte tenha sido homicídio, que seja, ler o seu mapa, fá-lo de acordo com o sistema de crenças
ou suicídio acidental, ela devia estar exausta de viver). que possui. Uma previsão não é infalível, mas os erros de previsões
Não é que seja errado ser famoso (a fama, como exercer um dos astrólogos (e quando digo astrólogos, estou me referindo a as-
cargo de liderança, não é um problema em si mesma, mas viver para trólogos sérios, já que os picaretas erram mais que acertam) não
ser famoso é). Como os autores de “Quem Somos Nós” disseram, invalida a Astrologia. Ela acumula uma gama enorme de informa-
às vezes, é uma experiência que o espírito precisa passar para se de- ções a respeito de nós, seres humanos, que foram se juntando com
senvolver, volto a repetir, é sempre o vício que é o responsável por o passar dos séculos. Claro que não tenho como dar aqui todo esse
nossos problemas. Quando é nosso espírito que nos leva para viven- conhecimento, até mesmo porque eu tenho muito que aprender a
ciarmos uma determinada experiência, o nosso comportamento é respeito, mas aconselho a todos que estudem a Astrologia, mesmo
bem diferente de quando é o ego que está determinando. que sejam da opinião que as influências dos astros é uma bobagem,
Quando é uma experiência da pessoa o sucesso chega natural- você não precisa aceitar a idéia de que os astros nos influenciam
mente, não é uma luta que a pessoa tem que travar contra deus e o para estudar a Astrologia e isso não impede você de absorver todo
mundo para chegar ao topo, a motivação não é se sentir especial, de esse conhecimento.
estar à cima dos míseros mortais, a pessoa não usa o sucesso para Vamos, então, passar para a descrição dos vícios mais freqüen-
criar uma identidade. Ela sabe que não está naquela posição de des- tes encontrados nos arquétipos astrológicos.
taque porque é melhor que os outros, é somente algo pelo qual ela
tem que passar e pronto.
Quando em equilíbrio percebemos que esse desejo de ser espe-
cial, de estarmos acima dos outros, são oriundos do nosso ego, que
nosso espírito não se sente melhor, ou pior do que ninguém, mas
sim como algo que está unido a um todo maior.

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Vícios por Elementos As Qualidades

Na Astrologia, nós temos 4 elementos: o fogo, a terra, o ar e a água, As qualidades, como o próprio nome diz, indicam qualidades que
esses elementos nos fornecem características básicas, que se tornam os signos associados a elas possuem. Elas estão associadas às es-
mais atuante em nossas vidas conforme um determinado elemento tações do ano. Os signos cardeais representam o início de cada
é enfatizado no nosso mapa. estação, os fixos representam o meio da estação, quando a estação
está estabilizada e os mutáveis representam o final quando é ne-
Fogo (Áries, Leão, Sagitário) – esse elemento representa a
cessária uma adaptação da estação que está terminando para a que
energia para vivermos e aproveitarmos a vida, por tanto, dar-nos
está começando.
entusiasmo e amor pela vida. Também representa independência
para irmos atrás do que queremos. Os vícios mais comuns do fogo Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio) – é qualidade
são: gula, irritação, orgulho, ansiedade, impaciência, necessidade de que nos dá iniciativa para irmos atrás do que queremos e “vencer-
excitação física, de adrenalina, de egoísmo, se apaixonar pela idéia mos na vida”. Seus vícios: ambição, necessidade de mudanças, tédio,
de apaixonar e fantasiar/idealizar. competitividade e identificação com metas e conquistas.
Terra (Touro, Virgem e Capricórnio) – esse elemento está liga- Fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário) – esses signos nos
do ao que chamamos de realidade material, que não passa de como a dão as qualidades necessárias para perseverarmos para conquis-
nossa mente interpreta as informações recebidas pelos nossos cinco tarmos o que quisermos, pessoas com excesso dessa qualidade têm
sentidos, dá-nos capacidade de lidar com o mundo material/finan- dificuldade de se livrar de seus vícios (não só os relativos a essa qua-
ceiro e perseverarmos para atingirmos o que queremos. Seus vícios: lidade, mas de todos os vícios que possuírem). Seus vícios: preguiça,
avareza, luxúria, ganhar dinheiro, ceticismo, depressão/melancolia teimosia, orgulho, vingança, preconceito e o apego.
e o sucesso.
Mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes) – esses signos
Ar (Gêmeos, Libra e Aquário) – está relacionado a nossa ca- nos dão qualidades que nos ajudam a termos jogo de cintura para
pacidade de aprendermos e de comunicarmos conceitos abstratos, sabermos nos adaptar aos desafios da vida, bem como, quando de-
representa a nossa mente. Seus vícios são: a inveja, o medo, a de- vemos começar, perseverar e abandonar algo. Os vícios são: deso-
sonestidade, a racionalização, a dualidade, a fofoca, julgar aos ou- nestidade, ansiedade, indecisão e inconstância.
tros, se relacionar com os outros no nível mental e a identificação
com a mente.
Água (Câncer, Escorpião e Peixes) – representa as nossas emo-
ções e capacidade de sentirmos empatia com o próximo, também
está associada ao inconsciente. Seus vícios são: a inveja, a preguiça,
se fazer de vítima, precisar estar sempre amando alguém, a culpa, a
vergonha, a crueldade, a mágoa, comportamentos autodestrutivos e
a identificação com as emoções.

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Os Signos Touro – esse signo é o mais sensual do zodíaco, gosta muito de
aproveitar as coisas boas da vida. Gosta muito de dinheiro. As mu-
lheres para gastar com coisas bonitas, luxuosas, prazerosas e con-
fortáveis, os homens para poupá-lo. Gosta de fazer as coisas no seu
tempo e não gosta muito de mudanças. Tem força para conseguir o
Os signos astrológicos, ao contrário do que muitos pensam, não
que quer, mas pode ser muito parado.
são constelações, mas sim um espaço matematicamente calculado.
Os vícios de Touro são: ciúme, preguiça, gula, teimosia, violên-
É como se o mundo em que vivemos fosse composto por 12 formas
cia, avareza, luxúria e fúria.
de energia (os planetas e as casas astrológicas também estão asso-
ciados a essas energias) e cada signo representa uma dessas ener-
gias. Por isso, na verdade estas 12 energias estão atuando sobre nós Gêmeos – esse signo está associado à capacidade da nossa
o tempo todo, mas algumas delas são mais atuantes em nossas vidas mente de se adaptar a novos estímulos, sua capacidade de aprender
do que outras e é justamente a variação da forma de atuação dessas e de se comunicar. Os geminianos tendem a serem inteligentes, ner-
vosos, multifacetados, mas muitas vezes são acometidos pela duali-
energias e na quantidade que isso se dá que tornam o mundo tão
dade que esgota por completo as suas energias.
rico de nuanças e cada pessoa que existe, enquanto encarnada, num
Os vícios de Gêmeos são: a mentira, a ansiedade, o nervosismo,
ser único.
medos de todo tipo, praticar golpes, viver no mundo dos pensamen-
Cada signo, por representar uma dessas energias, tem carac- tos e a inconstância.
terísticas próprias representando a sua vibração. Não tem como se
negar que cada uma dessas vibrações energéticas está associada a
vícios que nos afligem e um estudo mais aprofundado da Astrologia Câncer – esse signo está associado a nossa necessidade de nu-
pode mesmo ajudar muito na compreensão de nossos vícios. trir, cuidar e proteger. Mas, para que os cancerianos possam cum-
Vou me apegar mais no lado negativo dos signos não para ser prir com a sua tarefa, primeiro eles têm que aprender a se nutrirem
e pararem de agir como crianças choronas, que ficam exigindo o
pessimista, ou porque esses não tenham um lado positivo, mas sim,
tempo todo para serem cuidadas e protegidas, ou seja, precisam
porque o objetivo aqui é reconhecer os vícios, que atrapalham a nos-
amadurecer emocionalmente.
sa vida de se desenvolver plenamente.
Os vícios de câncer são: a inveja, a manipulação, o apego ao
passado, à tendência a se vitimarem, a insegurança, a hipocondria
Áries – é o primeiro signo do zodíaco, representa o início da e a avareza.
primavera no hemisfério norte, que está associada a uma verdadeira
explosão de vida após o frio do inverno. Esse signo é cheio de ener- Leão – esse signo tanto rege a consciência como o ego. Os le-
gia e ardor, vai a luta pelo que quer e, por mais que apanhe da vida, oninos são extremamente egocêntricos, principalmente os homens
sempre volta para a briga. Quer o que quer na hora que quer, sendo desse signo que tendem a ser uns parasitas que querem ser servidos
portanto, muito exigente, não é fã da diplomacia e não costuma le- o tempo inteiro. São suscetíveis a elogios dos quais parecem viver
var o ponto vista dos outros em consideração. sempre atrás, sempre procurando chamar a atenção.
Os vícios de Áries são: egoísmo, impaciência, competitividade, Os vícios de Leão são: orgulho, vaidade, preguiça, necessidade
mentiras, confrontos e a ira. de brilhar e chamar atenção e o poder.

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Virgem – esse signo está ligado à necessidade que temos de Capricórnio – esse signo representa a nossa capacidade de atin-
analisar o mundo em que vivemos e de aperfeiçoá-lo. Os virginianos girmos as nossas metas. Os capricornianos tendem a ter muito medo
muitas vezes são frios e tendem ter um dificuldade muito grande de da felicidade e da sorte e levam a vida a sério de mais, as pessoas que
ver o todo, voltando sua atenção para as partes. Esse erro de per- convivem com ele na intimidade, muitas vezes acham difícil viver
cepção os leva a verem a si mesmos e tudo e todos à sua volta como com alguém que ver a vida como algo com tantas restrições.
cheios de imperfeições. Os vícios de Capricórnio são: a avareza, a crueldade, a insegu-
Os vícios de Virgem são: mentiras, frieza emocional, crítica, a hi- rança, a melancolia, o materialismo, a ambição, o poder e a frieza
pocondria, manias de todo gênero (principalmente no que se refere a emocional.
higiene, limpeza e no sexo), irritação e complexo de inferioridade.
Aquário – esse signo representa a necessidade humana de
Libra – esse signo representa a nossa necessidade de buscar- trabalhar e construir a sua individualidade, ao mesmo tempo que
mos o equilíbrio unindo os opostos. Os librianos, ou tendem a ser entende que faz parte de uma comunidade que é composta por in-
muitos estressados, ou extremamente tímidos e reservados. Po- divíduos e de buscar a verdade. No entanto os aquarianos tendem a
dem ser superficiais evitando conflitos e se preocupando mais com ser preconceituosos e cabeça-duras e a viverem criando problemas
as aparências. do nada.
Os vícios de Libra são: a indecisão, o estresse, a gula, a luxúria, Os vícios de Aquário são: a hipocrisia, a excentricidade, a rebel-
a vaidade, a dependência do outro e a reatividade. dia, a vingança, o preconceito, o medo de intimidade e a depressão.

Escorpião – esse signo representa o ciclo da vida de nascimen- Peixes – esse signo representa nosso desejo interior de su-
to e morte, os processos de transformação cabal da personalidade plantar o ego e de usarmos os nossos recursos interiores. Piscianos
(renascimento). Os escorpianos tendem a ter fortes conflitos inter- tendem a ser muito sensíveis, podem querer fugir da realidade por
nos que não conseguem expressar, por mais que sua aparência na meio de atitudes escapistas e também são enormemente influencia-
superfície pareça serena. dos pelo ambiente em que se encontram.
Os vícios de escorpião: a crueldade, o poder, a manipulação, a Os vícios de Peixes são: fazer-se de vítima, a culpa, a vergonha.
luxúria, ser compulsivo, tendência a se vitimarem, a vingança e a A idealização amor, a paranóia, querer ocultar suas ações, fantasiar
autodestruição. e a mentira.

Sagitário – esse signo representa a nossa necessidade de nos


expandirmos, para deixarmos de sermos um animal e desenvolver
ao máximo o nosso potencial humano. Os sagitarianos tendem a
querer impor o seu sistema de crença aos outros, como se fossem
missionários querendo salvar o mundo dos seus males.
Os vícios de Sagitário são: o farisaísmo, achar-se injustiçado, a
gula, necessidade constante de excitação, viver de esperança, ansie-
dade, o ascetismo e a indignação.

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O Que Faço Para Me Livrar Dos Meus Vícios? repito, seu espírito é perfeito, seu ego é que tem falhas, mas ele não
precisa evoluir, ele tem que parar de achar que é você, na verdade,
você tem que parar de pensar que é ele. Por isso, se você acredita
que seu espírito está evoluindo, deve ser seu ego que o está fazendo.
A primeira coisa é desenvolver o que é chamado de observador in- Porque seu espírito não está. Você se torna mais consciente dele a
terno, que é a capacidade de se observar de uma forma fria, desa- medida que seu ego vai se tornando mais fraco, mas seu espírito já
paixonada e sem criticar, ou julgar o seu próprio comportamento. está pronto, o seu grau de consciência é que precisa aumentar, mas
Eckhart Tolle diz que o observador é a nossa consciência (verdadei- aumento de consciência não pode ser considerado uma personali-
ro eu). Segundo o livro “Quem Somos Nós”, o observador atua por dade e sua consciência só aumenta, quando o observador interno se
intermédio do nosso lobo frontal, que em nós é mais desenvolvido torna mais forte.
que no restante dos animais. Unindo os dois pontos, podemos con- Sem o observador, você passa pela vida como se estivesse do-
cluir que há uma parte do nosso cérebro pelo qual o nosso espírito pado, não importa quão famoso, rico, poderoso você seja, que todos
pode atuar como observador do que estamos fazendo e com exceção invejem sua vida, o fato é que o seu verdadeiro eu não está no contro-
das pessoas que tenham algum problema no lobo frontal, todos nós le. Você pode até ter chegado longe, mas esse longe foi determinado
podemos fazer uso dessa faculdade imediatamente, que esta é uma pelo seu ego. Seu verdadeiro eu talvez quisesse algo completamente
habilidade da nossa espécie, como é das águias tem uma excelente diferente e, mesmo que quisesse o mesmo, ele não pode usufruir
visão, dos guepardos serem rápidos. Nós temos a habilidade de não disso, porque está inconsciente, já que não foi para satisfazer o seu
sermos robôs que são guiados por vícios, podemos observá-los e, espírito que você conquistou o que conquistou, mas para acatar as
com o tempo, ir adquirindo o controle sobre nossa vida, passando a ordens do seu ego, para satisfazer seus vícios. Um alcoólatra não
criá-la eficientemente. bebe tendo como objetivo saborear uma boa bebida. Dependendo
Por isso, se você não desenvolver o seu observador interno, do grau do vício, até álcool caseiro é ingerido sem titubear. O mes-
nunca vai ter controle de verdade sobre a sua vida e nunca vai se
mo se dá com as emoções e, se você não quer viver assim, tem que
livrar dos seus vícios e nunca vai entender realmente que o seu siste-
começar a trabalhar com o seu observador interno.
ma de crenças é apenas um amontoado de crenças, que seu ego não
Não é fácil, mas sem isso, esse livro ou qualquer livro de auto-
é você realmente, que o que há por trás deles e é o mais importante:
ajuda não poderá ajudá-lo. A idéia por trás do nome auto-ajuda, já
o seu espírito imortal.
Há muitas pessoas que vivem participando de cursos e seminá- deixa claro que é você que tem que se ajudar e, sem o observador in-
rios para se desenvolverem espiritualmente, mas não avançam 1 cm terno, essa ajuda é simplesmente impossível, quem estará tentando
nessa direção. Seus egos as convencem de que estão se desenvolven- te ajudar é o seu ego, mas se uma das coisas que você quer acabar é
do, porque o ego consegue aprender o jargão que o pessoal desta área com a ilusão de que você é o seu ego, você deve conseguir entender
usa facilmente e, por isso, começam a falar como se fossem evoluídos que esta ajuda não é muito útil, pode melhorar alguns problemas,
espiritualmente e se elas não estiverem conscientes vão aceitar essa mas não vai realmente libertá-lo.
mentira do ego e, aí, vão começar a ter uma nova personalidade (ver- Os livros “O Poder do Agora” e “O Poder do Silêncio”, de
são do ego): o ser desenvolvido espiritualmente. Eckhart Tolle, são livros excelentes para ajudar nesse processo, de
Aliás, tudo que fala em desenvolvimento e aperfeiçoamento desenvolvimento do observador interno. Já que esta é a base desses
espiritual não é verdadeiro, porque o nosso espírito já é perfeito, livros. O livro “Quem Somos Nós” fala desse processo pela ótica da

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física quântica e explica o processo do vício por meio da nossa fisio- Gosto tanto das terapias energéticas e quero tanto que todos
logia, portanto saindo, do lado místico. tenham acesso a elas, que desenvolvi uma terapia energética base-
Outra coisa que você pode fazer é tirar uma hora para ficar ada na Astrologia, que está descrita no meu outro livro: “Balancea-
consigo mesmo e começar a anotar num caderno de uma forma ho- mento Energético”. Além de um curso resumido de Astrologia, falo,
nesta os seus vícios e anotar como você costuma satisfazê-los. Por na segunda parte, sobre a terapia em si e ensino ao leitor a ser um te-
exemplo: você é viciado em culpa, percebe então que esse vício se rapeuta, pois essa terapia é muito simples e com um poder de trans-
manifesta em interpretar os comentários dos outros como acusa- formação fenomenal (mas lembrando, que nenhuma transformação
ções, fazer coisas que o fazem se sentir culpado, se sentir mal por profunda pode ser feita sem o desenvolvimento do observador) e o
coisas sem importância, se envolver com pessoas que vivem te cul- meu objetivo é que as pessoas se balanceiem constantemente, seja
pando por tudo, projetar a sua culpa nos outros, ver filmes que ali- no seio das famílias, seja nas escolas, nos locais de trabalho, na vizi-
mentam esse sentimento, etc. Mapeando os seus vícios, você está nhança e em qualquer agrupamento humano.
automaticamente desenvolvendo o observador e, quando praticar O importante é você saber que pode mudar sua vida e que
os atos que alimentam seu vício, você percebe que não vai estar mais vivemos numa época em que várias escolhas estão à sua disposição.
tão inconsciente assim e o negócio é tentar permanecer cada vez No que tange as ferramentas para ajudá-lo nesse processo, você
mais presente, para que seja seu espírito e não os seus vícios que pode optar por várias, como optar por fazer meditação e balancea-
esteja no comando. mento energético. Mas lembre-se: não adianta usar todas essas op-
Se você tiver dificuldade de reconhecer seus vícios fale, com ções, se for para criar uma personalidade de uma pessoa que busca
alguém com quem você tenha intimidade, explique que você está fa- a espiritualidade. Se estiver procurando essas coisas para criar uma
zendo um trabalho de mapear seus vícios emocionais e precisa que personalidade, isso é ego e, onde há ego, não há observador, que é a
ele seja sincero em descrever como você age (não vá bater nele por principal ferramenta para você se tornar a cada dia mais conscien-
favor, por mais irritado que você fique) e, depois, dê-se essa horinha te. Portanto, você ainda estará agindo mecanicamente controlado
e veja se seu(s) amigo(s) está(ão) certo(s). pelo seu ego.
Procure sempre dedicar 15 minutos por dia, para fazer uma
revista do seu dia: se percebeu algum novo vício, se conseguiu se
tornar consciente e em que grau e em quais momentos. É algo que
não custa muito e pode fazer muito bem no final.
Há também terapias que você pode fazer pra ajudá-lo no pro-
cesso como acupuntura, ou yoga, meditação e tai chi chuan.
Uma terapia de que eu gosto muito são as de balanceamento
energético, como o Balanceamento Muscular e o Bodytalk. Elas tra-
zem um equilíbrio que auxilia na resolução de vários problemas e
também nos ajudam a termos uma maior clareza de visão, que é es-
sencial no desenvolvimento do observador. Elas não acabam com a
ilusão que o ego tem de ser nosso verdadeiro eu, mas deixa-o menos
atuante. Com isso, torna-se mais fácil o processo de nos tornarmos
mais conscientes da influência do ego sobre nós.

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Conclusão

Espero que este livro seja de imensa ajuda para você, leitor de todo
o meu coração. Espero que lhe ajude a perceber que há um estra-
nho tentando ser você, ocupando o lugar do seu espírito, que esse
estranho se chama ego e que você se identifica com ele por causa
dos seus vícios, que o impelem a viver sempre as mesmas situa-
ções, que estes vícios limitam o seu sistema de crenças e tornam
sua vida medíocre.
Espero que você entenda que pode ser libertar desses vícios, já
que eles não representam o seu verdadeiro eu e que se fizer isso, sua
vida vai mudar mais do que pode esperar, porque todo o seu poten-
cial criativo, que você vem usando passivamente até agora, passará a
ser utilizado conscientemente.
Não digo que amanhã você vai estar completamente sem pro-
blemas, mas vai se tornar a cada dia mais sábio e, quanto mais sábio
você for, menos o seu ego terá o controle sobre você.
Portanto, que a leitura o ajude no seu processo de conscien-
tização, independente do estágio em que você já se encontre, pelo
menos no meu caso ajudou-me, porque não pude escrever este livro
sem aumentar um pouco o meu grau de consciência do grau que
possuía antes.

Um forte Abraço!
Marcelo.

Maneros@hotmail.com

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