Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.1
EMENTA:
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA
DIFERENÇAS DE SALÁRIO VARIÁVEL. A supressão
do pagamento habitual da parcela denominada
Remuneração Variável Incentivada (RVI), instituída
por norma regulamentar da empresa, gera redução do
salário, configurando alteração prejudicial ao
empregado, em afronta ao art. 7º, VI, da CF e ao art.
468 da CLT. Recurso desprovido.
ISTO POSTO:
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA
1. NULIDADE DO PROCESSO, POR CERCEAMENTO DE DEFESA.
INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL
A reclamada pretende ver declarada a nulidade da sentença, por
cerceamento de defesa. Insurge-se contra o indeferimento da oitiva das
testemunhas por ela convidadas, que se encontravam presentes à
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.2
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.3
produzir, nos termos da Súmula nº 74, II, do TST, assim redigida: A prova
pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a
confissão ficta (art. 400, I, do CPC), não implicando cerceamento de
defesa o indeferimento de provas posteriores. Veja-se que, no tópico
referente às horas extras, o Julgador a quo examina os registros de
horário carreados aos autos. Diante disso, nega-se provimento ao
recurso, no particular.
2. DIFERENÇAS DE SALÁRIO VARIÁVEL
O Juiz singular defere ao autor diferenças salariais a título de
Remuneração Variável Incentivada (RVI), a partir de fevereiro de 2004 até
o final do contrato de trabalho, por constatar que houve supressão do
pagamento dessa parcela, não se confirmando a versão apresentada na
defesa, de que tal verba foi incorporada ao salário do reclamante, pela
média do valor pago nos últimos seis meses. A reclamada afirma que a
parcela denominada RVI, como o próprio nome indica, foi paga
mensalmente ao autor em valores variáveis, dependendo do cumprimento
das metas estipuladas pela empresa, consoante esclarece o
Regulamento da RVI juntado aos autos. Discorda da sentença, que
considera ter ocorrido redução salarial, em afronta à norma do art. 468 da
CLT e ao art. 7º, VI, da Constituição Federal. Assevera que o reclamante
recebeu, em janeiro de 2004, R$ 1.568,12 e, no mês seguinte, R$
3.136,23, por conta da incorporação dessa parcela ao salário. Diz que, se
após janeiro de 2004, houve alguns meses em que o salário do autor foi
inferior aos anteriores, isso decorre da própria natureza variável da
parcela em questão, o que não traduz violação ao princípio da
irredutibilidade salarial. Ressalta que essa verba foi instituída por
liberalidade e que as variações nos critérios de pagamento não podem
ser confundidas com alteração contratual.
Caso mantida a condenação, requer seja autorizada a dedução do valor
pago a esse título em fevereiro de 2004, a fim de evitar o enriquecimento
ilícito do reclamante. Decide-se.
É evidente nos autos que a reclamada efetuava o pagamento mensal da
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.4
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.5
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.6
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.7
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.8
DIFERENÇAS DE COMISSÕES
O reclamante alega que a parcela denominada Remuneração Variável
Incentivada – RVI não pode ser tratada como a comissão de que trata a
norma do art. 466 da CLT, invocada na sentença para indeferir o pedido
de pagamento de diferenças de comissões. Examina-se.
Na petição inicial, o autor postula o pagamento de diferenças de
Remuneração Variável Incentivada – RVI, que também denomina de
comissões, dizendo que o recebimento dessa parcela dependia da
ativação do sistema pela área de engenharia, o que nem sempre ocorria.
Assim, afirma ser credor de diferenças de RVI. A contestação diz que
sempre pagou corretamente a parcela denominada RVI, juntando os
recibos de pagamento do reclamante, onde se verifica que, efetivamente,
o autor percebeu dita verba durante a vigência do pacto laboral.
Entende-se que a parcela em questão se trata de espécie de prêmio, pois
seu pagamento estava condicionado ao cumprimento de metas, segundo
o regulamento da empresa, que a instituiu, cuja natureza salarial decorre
da habitualidade de seu pagamento. Todavia, devem ser respeitadas as
condições estabelecidas pelo empregador, as quais não autorizam o
deferimento de diferenças, quando não atendidas tais exigências.
Outrossim, a Remuneração Variável Incentivada – RVI, paga pela
reclamada e posteriormente suprimida, é restituída ao autor, consoante os
termos desta decisão, ao julgar o recurso da demandada, não havendo o
que prover além do já deferido na origem. Apelo negado.
Ante o exposto,
ACORDAM os Magistrados integrantes da 8ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por
unanimidade, negar provimento ao recurso
ordinário da reclamada. Por unanimidade, negar
provimento ao recurso adesivo do reclamante.
Intimem-se.
Porto Alegre, 23 de julho de 2009 (quinta-feira).
ACÓRDÃO
00816-2007-002-04-00-9 RO Fl.9
\a:5